Você está na página 1de 13

FACULDADE UNIFTC CURSO DE DIREITO

Jeiza Régis Vieira Silva

FICHAMENTO DO LIVRO IDENTIDADE VS ALTERIDADE (2018)

Trabalho de fichamento do livro identidade vs


alteridade apresentado como requisito parcial de
avaliação da disciplina de direitos humanos e
fundamentais, ministrada ao 4º semestre, noturno, no
curso de Direito, da Faculdade UniFTC.

Docente: Cae Matos Teixeira de Almeida

JEQUIÉ
2021
INTRODUÇÃO

O objetivo desse texto é se questionar sobre a identidade e suas implicações éticas que são
abordados pelo debate sobre os Direitos Humanos. E também falar sobre as grandes questões que
Emmanuel Levinas defende como a construção da subjetividade e do sentido ético da alteridade
diante da totalidade, que por muitos discursos acabam colaborando com um mesmo núcleo
paradigmático do qual se tem todas as disputas e conflitos.
Observando que alguns grupos de pessoas ainda passam por violências baseadas
simplesmente por sua cor, raça, credo, orientação sexual, gênero e etc. Essas violências são
impostas por identidades a eles projetadas, pelos quais são eliminados em seus próprios direitos.
A identidade nos remete a uma grande problemática referente aos conceitos fundamentais
da filosofia onde nos coloca diante da questão do ser. Com isso estamos frente ao tema de maior
importância de toda filosofia ocidental que é sobre o racionalismo e o empirismo, que são os
questionamentos sobre se a identidade é algo que se descobre – a priori – ou algo que se inventa
– a posteriori.
Para Platão a identidade é algo que se descobri a priori, contendo três tipos de almas
distintas, as almas de bronze, as almas de prata, e por fim as de ouro, deixando claro que no seu
pensamento quem nasce em alma de prata, nunca se tonará uma alma de ouro, pois já nasceu
preestabelecido nele, é da sua natureza. E foi com esse pensamento de identidades que surgiram
diversos discursos que fundamentam as exclusões.
Tanto que Aristóteles na Grécia Antiga dizia que haviam pessoas que olhando por sua
natureza isso as discriminavam que eram escravas. Como também na cultura ocidental que
defendeu por muito tempo de que por natureza a mulher era mais afetuosa, más não tinha
disposição para racionalidade.
Surge aí o problema pois nem tudo pode ser reduzido ao fenômeno que se apresenta para
estudo da ciência. A ideia de identidade humana no sentido ocidental tradicional foi construída
de maneira excludente, fazendo com que na medida em que o sujeito maior de direitos humanos
seja o homem racional, branco e europeu isso se tornou um meio de excluir o outro. Desta forma
enquanto a Europa moderna se desenvolvia nos seus discursos dos direitos humanos, a escravidão
africana, os Índios eram exterminados e esses atos eram tidos como justificáveis pela razão de que
esses seres eram tidos como distintos da humanidade plena.
Analisando todo o texto podemos dizer que ele se discute saber a identidade, porém
atendendo a parte de identidade como Direitos Humanos que guarda uma estreita relação com o
princípio da dignidade da pessoa humana. Levinas criticou todo o sentido da totalização e dedicou
a sua vida aos estudos da ética e da alteridade que é um questionamento crítico racional e sólido
dentro da filosofia da totalidade que são identidades com fundamentos.
1. A problemática da razão que rege a identidade

Está problemática vem desde os primeiros filósofos até a data da tecnologia


contemporânea, no qual demonstra o grande interesse do ocidente sobre controlar e dominar o
universo. Nós herdeiros desse pensamento ocidental vivemos a fazer indagações sobre todas as
coisas, tendo uma grande ansiedade em querermos saber o que vai acontecer, neste caminho da
história ocidental, fazemos muitos questionamentos que é a pergunta pelo ser, que nos leva a dá
identidade e definição ao objeto de questionamento. Sendo assim tudo que pensamos, submetemos
a uma avaliação, delimitando que estabelece o que algo é, ao qual chamamos de ontologia.
Levando em conta que o objetivo deste estudo é a compreensão do “objeto de
investigação”, pois esse foi o ponto inicial dos primeiros filósofos. Tendo em vista que essa
compreensão das coisas do mundo, nos dá possibilidades de lhes dominar.
A filosofia ocidental sempre buscou evidenciar a ontologia como filosofia primeira, ou
seja, como base indiscutível da reflexão filosófica. Más no final da idade moderna e até os tempos
que estamos, começou a se perceber um enfraquecimento desses sentidos ontológicos. Começando
em 1844 com o filosofo Friedrich Nietzsche um dos primeiros filósofos e pensadores a denunciar
a “ilusão” que era o pensamento filosófico daquela época, com sua notícia ele não só atacou a
religião, más a todos os valores tidos por supremos e elevados no pensamento tradicional europeu.
Já nas palavras de Enrique Dussel, ele acredita que Nietzsche criou uma grande
problemática sobre ética, mal, moral, entre outros valores metafísicos. Esse sim foi um dos
esgotamentos do sentido da ontologia. E com isso mergulharmos no ceticismo, para muitos até
sedutor.
Para o pensador Martin Heidegger 1889, este ceticismo foi o fim inevitável do pensamento
ocidental. No qual Levinas recusou-se a sucumbir o discurso dos céticos e começa a fazer críticas
por sua matriz: a antologia. No seu pensamento crítico a identidade ele buscar romper como
pensamento tido como melhor “razão”. Expondo sua história de vida pessoal ao qual ajudou com
isto, levando a sociedade a consideráveis avanços, a cegueira da tal “razão” mais prejudicava do
que ajudava. Por isso seu trabalho buscou romper com a filosofia da totalidade, a tal racionalidade
que foi construída ao decorrer da história do pensamento ocidental. Essa totalização Levinas
chamou de maneira de pensar a partir de perspectivas completamente ontológicas, ao qual esse
posicionamento terminou dentro da ideia de todos os sentidos metafísicos que não passaram de
enunciados e não comportam o sentido lógico.
O filosofo alemão Rudolf Carnap defensor assíduo do positivismo lógico defendeu o seu
posicionamento de que as suas afirmações sobre a metafísica seriam sem nenhum significado e
aqueles que os apoiavam teria um doloroso sentimento de estranheza: onde muitos homens de
todas as épocas e nações dispuseram de tanta energia sobre a metafísica para nada. Carnap em seu
artigo explica com clareza como os sentidos metafísicos não “cabem dentro” dos sentidos
ontológicos. No qual isso não é uma falha da metafísica onde Carnap não percebeu e sim uma
falha da ontologia, e é sobre isso que Levinas irá questionar.
A forma na qual irá categorizar objetos, para que demonstre sua “essência” é um problema
quando se busca totalizar a sua definição, dentro das categorias de objetos propriamente ditos,
sendo que coisas comuns tendem a ser facilmente categorizadas a lógica da totalização. Levinas
por sua vez abrangendo seus estudos assistiu as últimas aulas de Edmund Husser 1859, sobre
fenomenologia onde percebeu que havia uma outra dimensão de sentido onde não era capaz de
simplesmente apresentar como fenômeno e que assim não era capaz de ser categorizado a um ser
“objeto” a está outra dimensão Levinas chamou de Alteridade, se fazendo indagações sobre onde
ela estaria e como resposta diz: Está no outro humano, no ser humano além de mim.
Percebendo Levinas que não se deve tratar o ser humano igual a um objeto qualquer, o seu
estudo irá buscar essa defesa, pois não foi só por um exercício racional e sim por ter vivido durante
o século XX, onde teve sua família assassinada pelo regime Nazista, foi aí que percebeu que tinha
algo errado com o sistema ontológico. Levinas a partir desse momento começou a questionar
profundamente a ontologia como filosofia primeira, onde se legitimou/justificou “horrores éticos-
morais” como o Holocausto.
Nestes seus questionamentos ele defendeu uma revolução pragmática onde a filosofia
primeira não deveria ser a ontologia e sim a ética, fazendo sentido ao qual se possa socorrer o
outro sem ter qualquer questionamento prévio sobre seu ser. É com esse pensamento que surge o
conceito de “ética da alteridade” onde se tem sustento toda a obra de Levinas.
No mundo antigo somente os cidadãos eram titulares de direitos e os estrangeiros eram
excluídos de qualquer deles, e se algum conseguisse era depois de muita luta.
O povo que foi mais perseguido foi o povo judeu, foram escravizados no Egito, onde depois
de muito tempo conseguiram fugir, sendo libertados por Moisés, com esse episódio ficou previsto
duas leis que são “leis sociais” e “o exercício da justiça”, são por esses motivos que Levinas
considera a filosofia da totalidade insuficiente para dar conta da dimensão humana e defende a
ética como ocupante desta posição, ele sustenta a ética como filosofia primeira que introduz os
conceitos de totalidade e infinito, sendo que a totalidade corresponde ao sentido ontológico, más
a alteridade corresponde a um sentido que ultrapassa da totalidade, no sentido que mesmo que
tente lhe dar uma identidade ele sempre será maior do que essa limitação.
Vislumbrando assim que a alteridade em sua infinitude faz com que a ação ética se volte
para alteridade antes de voltar-se para totalidade e sendo que a razão ética não necessita de
qualquer razão que a mova além dela mesma.

1. O preconceito “não matarás”: O Rosto e a identidade

Neste texto nos deparamos com uma dúvida de que o outro é impossível de ser conhecido
totalmente ou é possível que se tenha uma ideia de que há realmente um outro? Com isso temos
um conceito de Rosto.
Quando falamos em Rosto nos vem a relação de face na qual as pessoas tem umas com as
outras, más para Levinas não seria exatamente isso, e sim o confronto do Eu com as necessidades
dos outros seres humanos, não querendo dizer que o rosto revelaria o outro, más o Rosto do outro
“dá sinais” de sua existência, deixando pistas destes. Levinas o chamou assim de “presença
ausente” pois o Rosto está para os sentidos físicos, e não só ao que esses sentidos podem obter,
tendo assim que o conceito de Rosto não se limita a aparência.
O Rosto não quer dizer que seja a identidade d o outro. Ele está longe em sua alteridade,
com isso “matar” o outro é impor a ele uma identidade. Este conceito de Rosto Levinasiano é o
mais difícil de se entender, como também é o mais importante pois sem ele não teríamos como
revelar a razão e ética da alteridade.
O Rosto do outro vem ao encontro do Eu e diz “não matarás” essa relação direta é
realmente ética. Está percepção pura e simples da intencionalidade que se caminha a adequação
se fazendo com que se o outro mim olha tenho por ele uma responsabilidade mesmo sem ter que
assumir essa responsabilidade a seu respeito. Este é o chamamento ético do Rosto é o sentimento
que temos de atendermos a uma dificuldade do outro, mesmo que esse outro seja uma pessoa
estranha.
Está relação com o Rosto vem até a mim e me torna responsável por ele, mesmo não
querendo, por esse motivo nos sentimos obrigados a socorrer o outro. O Rosto do outro anseia
para não o matar que quer dizer não o oprimir, desrespeitar e até mesmo ignorar a sua dor. Esse
ato impensado de socorrer o outro de imediato sem questionar o ser, Levinas chama de amor.
Segundo Levinas diante da alteridade, do Rosto do outro, a atitude humana deve ser um
“Eis-me aqui” no qual se resume em responder por tudo e por todos, ele chamou esse ato de
assimetria fundamental. No qual, eu e o outro não estamos em “grau de paridade” pois o outro me
toma e me faz responsável por ele, mesmo que eu não queira, o Rosto do outro fica sempre como
uma ordem que impõe ao eu, diante do outro, uma responsabilidade gratuita como se eu fosse
escolhido e único.
A relação com o outro não se deve do que o outro possa fazer futuramente por você e sim
pela ética do não esperar nada em troca, porque se fosse ao contrário poderia ser justificável poder
escolher entre socorrer o outro ou não, com isso Levinas diz que se eu sou responsável pelo outro
independente do que o outro responda, na pratica, em relação a mim, essa situação ele chamou de
“Refém” que diz eu sou refém do outro. Deparando-me com a necessidade do outro, isso quer
dizer diante do Rosto do outro eu não poderia e não teria o direito, de negar-lhe ajuda. Levinas
também defende a “bondade desinteressada” onde não se pode esperar reciprocidade, tem que se
fazer o bem sem esperar nada em troca. No qual para Levinas a condição de Refém é fundamental
porque através dela que pode existir no mundo piedade, compreensão, perdão e proximidade que
são fatores indispensáveis para se viver em sociedade e em paz.
Levinas portanto era questionado se sua exigência de um agir sem esperar retorno, não
seria uma “exigência louca para si”. E então ele responde: É louca sim, e ela não pode dispensar
a justiça porque minha relação com outros homens não é a relação com um homem só. Há sempre
o terceiro, o quarto... Porque, de fato, somos uma sociedad e múltipla em que, na relação
fundamental com outrem, se superpõe todo o saber da justiça, que é indispensável. Ele fala da
responsabilidade a qual não está relacionada também com culpa, pois essa culpa não depende da
minha ação ou omissão, porque a responsabilidade já é minha, é muito importante essa
reponsabilidade sem culpabilidade.

2. Identidade e violência: O mal da identidade

De acordo com o pensamento filosófico tradicional podemos afirmar que o bem é um sentido
ontológico positivo que está ligado diretamente a lógica do ser. Não esquecendo que o mal existe
a partir do momento que nos afastamos da excelência, de perfeição.
Para Levinas o mal é o “não despertar para o outro”. Sendo que ele não compreendeu os
sentidos de bem e mal, Levinas burlou a ordem dos sentidos de bem e mal em seu pensamento no
qual tomou outra perspectiva, já a filosofia tradicional teve sua compreensão a partir da lógica da
totalidade.
Com a sua perspectiva, Levinas diz que a alteridade é o sentido que se liga à ordem da
infinitude enquanto identidade é um sentido ligado à ordem da totalidade sendo assim o bem é
“despertar para o sentido de alteridade”, enquanto o mais é “Sopitar para a alteridade”. Deste modo
quando se nega ao outro é o primeiro passo para violência.
Dentro da lógica totalizadora, a das identidades, a alteridade é o desconhecimento
assustador, por não ser algo de dominação plena é tipo como o mal a ser combatido. Seguindo por
esse pensamento a lógica da identidade gera violência.
O conceito que a razão totalizadora criou com ideia de mal é tudo aquilo que se afasta da
noção de excelência, de virtude. Já para o pensamento ocidental tradicional algo é mal tanto quanto
se afaste da perfeição. E o bom é tanto quanto dela se aproxime.
Estes modelos são ditados pelas classes dominantes e aqueles que não seguirem sofrerão
violência e opressão.
A identidade está na aparência, ou na ideia, más para Levinas essas não podem ditar a
identidade do outro, pois os mesmos são vias da totalização e o outro da infinitude. Então Levinas
nos diz que o bem é saber se curvar a esta infinitude enquanto o mal é força-la a totalização, com
isso podemos dizer que “toda identidade é um mal”.
Toda identidade é violentadora da alteridade, uma vez que totaliza aquilo que é infinitude.
Temos dois tipos de identidade construídas, uma que é a identidade socialmente imposta e uma
identidade pessoalmente escolhida.
Seguindo este contexto, todos nós temos o direito de escolher nossas identidades, no entanto
como o conceito de liberdade também a identidade pessoal tem que passar pelo crivo da ética. Pois
esta identidade que o indivíduo busca e aceita/escolhe para si é claramente um direito ligado à sua
liberdade individual. Não esquecendo que também existe o modo como os outros nos identificam
nos cercando de expectativas e por várias vezes com limitações e sanções a quem não atender às
tais expectativas.
Esta é a chamada violência da identidade a qual não escolhi, e sim pelas circunstâncias
sociais me impuseram.

3. A identidade e liberdade: a identidade justificada

Essa ideia de ética da alteridade nos leva ao pensamento ocidental que é a questão da
liberdade. Se somos obrigados a socorrer o outro, qual o sentido dessa “liberdade”.
Seguindo ainda pelo pensamento ocidental temos vários questionamentos todos
relacionados a liberdade como “o que é liberdade”, “O ser humano é livre ou não”, entre outros.
No pensamento ocidental existe três entendimentos sobre o sentido da liberdade. O
primeiro que ser livre é não ter qualquer limite, o segundo ser livre é autodeterminação, tendo
algumas ressalvas relacionadas à totalidade a qual o ser humano pertence, com as leis naturais, o
Estado e etc. Ficando a liberdade como uma necessidade. O terceiro é a liberdade de escolha
mesmo que seja condicionada a alguns requisitos.
Analisando as três situações ficamos com a terceira onde cada pessoa tem seu direito de
escolha, isso já foi ilustrado desde Platão.
No início da idade moderna, com o Iluminismo a liberdade já foi tratada de uma forma
mais humanista, como uma liberdade individualista, onde todo ser humano tinha liberdade para
possuir, acumular e trocar sem intervenções propriedades que adquirir sem violência, sem má-fé/e
ou a partir do seu trabalho.
Ainda assim Levinas tem um pensamento crítico sobre o entendimento tradicional da
liberdade, ele diz que a liberdade não é só uma dimensão de individualidade, más responde a um
sentido de intersubjetividade. Esse pensamento levinasiano se refere ao sentido de liberdade que
não se preocupa com a liberdade do outro, que tem como suposta “liberdade de eliminar o outro”,
sendo assim o sentido da liberdade é posterior ao de responsabilidade ética”.
Existe, vários exemplos a serem observados, como a de alguns grupos de pessoas que
tornam outras tão desiguais, que distorcem ao pleno exercício da liberdade, fazendo que a ideia de
individualidade acima de qualquer outra coisa, seja egoísta, pois se mostra completamente
indiferente ao outro.
Levinas questiona sobre o conceito de liberdade dizendo “justificar a liberdade é torna-la
justa” e defende que da responsabilidade assimétrica se segue que ninguém é livre para ser
indiferente ao outro.
Após o iluminismo o pensamento ocidental tradicional entend eu a liberdade como ausência
de qualquer submissão e de servidão aos governos e as pessoas. Sendo que o sentido de liberdade
desse movimento social burguês e europeu foi o iluminismo de liberdade econômica e político,
que se deu sentido a ideia de “Condição humana”. Todas essas ideias de liberdade como condição
humana também é o questionamento nos tempos atuais de crise onde se coloca em dúvida se essa
ideia de liberdade é um sentido absoluto incontestável.
Por esse motivo que levinas diz que a liberdade precisa ser justificada, apoiada na ética da
alteridade. É imatura – e até arcaica – a ideia de liberdade não pautada na responsabilidade uma
liberdade absoluta, justificada por si própria. Com isso não podemos dizer que o ser humano é
livre para agir de maneira positiva ou negativa frente ao problema do outro, pois renunciar a
responsabilidade seria simplesmente agir segundo a prática do mal.
4. A identidade e os Direitos Humanos

Todos nós temos o direito de sermos livres de descriminação de qualquer espécie, isso quer
dizer não sermos reduzidos ou aumentados por qualquer razão identitária.
A declaração Universal dos Direitos Humanos tem no seu artigo segundo esse direito
explícito acerca da não descriminação. Eles defendem que o ser humano tem o direito de escolher
sua própria identidade de ordem estritamente pessoal. Pois no conceito existe dois tipos de
identidades que é a identidade socialmente imposta e a identidade pessoalmente escolhida, na qual
essa identidade imposta pela sociedade se torna uma forma de violência que será sempre um mal.
Já a identidade que a pessoa escolhe é um direito ligado à sua liberdade individual, que chamamos
de princípio da dignidade humana.
Todo o direito sobre a identidade pessoal se trata de um direito que se segue como um
desdobramento do exercício da liberdade – más precisamente das liberdades individuais. Desta
forma o pensamento de Levinas acerca do exercício da liberdade pode se dizer o mesmo com
relação ao pleno exercício das identidades pessoais.
A sociedade constrói as identidades seja elas culturais, religiosas, nacionais, de gênero, de
raça entre outras possibilidades pelas quais iremos pleitear por direitos, por isso fazemos uma
crítica a identidade não buscamos negar as ações com todo esse esforço de demandas dos grupos
socialmente oprimidas que buscam reconhecimento de lesões aos seus direitos.
Tínhamos que repensar a forma de construir essas identidades, para que consigamos acabar
com a violência das identidades às alteridades. Pois ainda encontramos d iscursos de eliminação
até nos grupos que buscam direitos fundamentais.
A cultura totalizadora tradicional teve medo da alteridade, pois afinal, a alteridade é o
desconhecimento e isso dá medo. O medo do outro é a razão que dá abertura às diversas formas
de ódio exercidas por motivo de fobias, transfobias, homofobias, xenofobia, todos modos que vão
contra à alteridade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante de todo o exposto com relação aos direitos humanos e fundamentais, à identidade,
à alteridade e à cultura, o momento é de reflexão, para poder visualizar-se um caminho que seja
de diálogo entre as mais diversas culturas, o que implica a aceitação da diversidade e a
compreensão da humanidade do ser. Tanto a identidade individual quanto a ideia de alteridade e
cultura sofrem mudanças constantes, variando consideravelmente seus conceitos e concepções
nesse novo modelo de mundo.
O interessante neste momento de fragilidade da vida humana é que o indivíduo entenda
seu papel no mundo, como parte integrante de um todo e não como dono do mesmo e nisso o
direito tem um papel fundamental – de auxiliar na concretização da cidadania étnica para o
desenvolvimento do direito destas populações que pode e deve ser favorecido pela abertura
efetivamente democrática e participativa para que estas minorias sociais desenvolvam estruturas
necessárias para a organização e abertura da esfera pública de direitos.
Em outras palavras, é preciso fornecer razões que permitam colocar os diferentes saberes
em debate, ouvir os argumentos, repensar as próprias razões e delas extrair elementos que possam
contribuir para reduzir as diferenças.
Referências

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Marins Fontes, 2007.

BAUMN, Zygmunt. Modernidade e Holocausto. Rio de Janeiro: Zahar, 1998. Tradução: Marcus
Penchel.

____. Identidade. Rio de Janeiro: Zahar, 2005. Tradução: Carlos Alberto Medeiros.

BUTLER, Judith. A Filósofa que Rejeita Classificações. São Paulo: 2013. Cult, São Paulo, n. 06,
ano 19, p.46-50, 14 jan. 2016. Entrevista concedida a Carla Rodrigues. Tradução: Cadu Ortolan.

CASTRO, Fabio Caprio Leite de. O Outro e a Justiça. Do eudaimonismo à ética da alteridade. In:
SAYÃO, Sandro Cozza (Org.). Levinas: Entre Nós. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2013. P.
167-202.

CARRARA, O zanan Vicente. A Responsabilidade Ética em Jonas e Levinas. In: SAYÃO, Sandro
Cozza (Org.). Levinas: Entre Nós. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2013. P. 225-236.

CHALIER, Catherine, Levinas: a utopia do humano. Lisboa – Portugal: Instituto Piaget, 1993.

LEVINAS, Emmanuel. Entre Nós: ensaios sobre a alteridade. 5. ed. Petrópolis-RJ: Vozes, 2010.
Tradução de Pergentino Pivatto (coordenador), Evaldo Antônio Kuiava, José Nedel, Luis Wagner
e Marcelo Luiz Pelizzoli.

______. Ética e Infinito. Lisboa – Portugal: Edições 70, 1982. Tradução: João Gama.

______. Totalidade e Infinito. Lisboa – Portugal: Edições 70,1980. Tradução: José Pinto Ribeiro.

ONU, [1948]. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Disponível em:


<https://www.unicef.org/brazil/pt/resources_10133.htm>. Acesso em 29 abr. 2017.

PLATÃO. A República. 2. ed. São Paulo: Edipro, 2012. Tradução, textos complementares e notas:
Edson Bini.

POIRIÉ, François. Emmanuel Levinas: Ensaio e Entrevistas. São Paulo: Perspectiva, 2007.
Tradução J. Guinsburg, Mario Honorio de Godoy e Thiago Blumenthal - [Debates; 309 / dirigida
por J. Guinsburg].

SEN, Amartya. Identidade e Violência: A ilusão de destino. São Paulo: Iluminuras; Itaú Cultural,
2015. Tradução: José Antônio Arantes; Coleção: Os Livros do Observatório.

TODOROV, Tzvetan. Os inimigos íntimos da democracia. São Paulo: Companhia das Letras,
2012. Tradução: Joana Angélica D’avila Melo.
Relação entre Direitos Humanos e o Livro

O livro aborda algumas reflexões sobre a relação entre direitos humanos e fundamentais,
identidade, alteridade e cultura nas sociedades contemporâneas. Procura por meio dessas
categorias refletir sobre o processo de globalização e das inúmeras facetas e complexidades vindas
de um processo incerto, ambíguo, marcado por incertezas sociais, econômicas, culturais e
existenciais.
Ganha destaque nesta abordagem a questão da identidade, da alteridade, cultura e direito,
sendo que em tempos de globalização as identidades surgem com novas roupagens, num processo
de amplas mudanças, impossibilitando, assim, uma visão única sobre essa temática. Centrado na
questão da identidade cultural, o trabalho reflete sobre a necessidade de se trabalhar as diferenças,
estimulando a integração e a mudança da forma de pensar e de ver a vida, rompendo com o
pensamento padronizado e introduzindo a necessidade de compreensão da alteridade diante de
contextos e realidades complexas.
Trabalhar com a noção de conhecimento confiável, confrontando modelos explicativos,
pode contribuir para tornar o professor mais aberto e receptivo à pluralidade de saberes e,
inclusive, levá-lo a compreender melhor porque muitos alunos têm grandes dificuldades em
aprender o que parece simples e óbvio.

Você também pode gostar