DOM24JAN

Domingo
24 de Janeiro de 2021
Ano 45 • N.º 16243

Kz 45,00
Director: VÍCTOR SILVA
Adjuntos: CAETANO JÚNIOR e CÂNDIDO BESSA
www.jornaldeangola.co.ao

TRABALHOS CONCLUÍDOS NO CUANZA-NORTE

NESTA EDIÇÃO
Desminagem permite instalação
de projectos de água e energia
VICTOR SILVA
Jogar a democracia
A PALAVRA DO DIRECTOR • 2

REUNIFICAÇÃO E OUTROS
Estão concluídos os trabalhos de desminagem nas zonas indicadas
para a instalação de projectos de água e energia em algumas
localidades da província do Cuanza-Norte. O ministro da Energia
e Águas, João Baptista Borges, recebeu, ontem, em Ndalatando,
os certificados que confirmam a conclusão dos trabalhos. Nas
zonas agora livres de minas vai ser construído o novo sistema
de captação e distribuição de água à cidade de Ndalatando, a
partir do rio Lucala, 36 quilómetros a Leste, além de receber
os traçados para a montagem das torres de energia eléctrica
para abastecer as sedes municipais de Bolongongo, Banga e
Ngonguembo. O ministro garantiu que os trabalhos já tiveram
início, com estudos e projectos executivos, faltando apenas o
arranque da montagem do estaleiro e outros arranjos, que devem
começar no próximo mês. SOCIEDADE • 9

PRESIDENCIAIS
Os sete desafios do HÁ 25 MIL RECLUSOS EM TODO O PAÍS
Presidente Joe Biden
ESPECIAL • 7
Portugal vai
NO HOSPITAL DE KAPALANGA
Homem esfaqueado por
menor recebe alta médica
SOCIEDADE • 8
Estado gasta hoje a votos
MUNDO • 10
DR

BASQUETEBOL
Usd 750 mil
por dia com
as cadeias FIM DO NAMORO
1º de Agosto e Interclube O Estado gasta, por dia,
jogam final do Torneio cerca de 750 mil dólares
Cidade de Luanda
DESPORTO • 29
com as cadeias em todo
o país. De acordo com
Questões
o porta-voz do Serviço
Penitenciário, Menezes
passionais
Cassoma, há o registo
de 25 mil reclusos e a des- levam jovem
pesa com cada um equivale a
30 dólares por dia. POLÍTICA • 2 ao suicídio
ÚLTIMA • 32

ÚLTIMAS 24 HORAS Voos suspensos desde a madrugada de hoje

98 infectados, 5 mortes e 26 recuperados DESTAQUE • 4 A 5

Mais oito angolanos infectados em Portugal
Desrespeito às medidas é constante no Zaire

ARÃO MARTINS | EDIÇÕES NOVEMBRO | HUÍLA CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO DR

BANCADAS PORTARIA DA RNA JOZEF SMETS

Projecto no Lubango
dá qualidade à venda
de produtos na rua Embaixador
belga
encantado
Sessão concorrida com as belezas
para obter autógrafo
de uma zungueira de Luanda
SOCIEDADE • 9 ENTREVISTA • 20 | 21
FIM-DE-SEMANA • 24
2 OPINIÃO Domingo
24 de Janeiro de 2021

PALAVRA
DO DIRECTOR IMAGEM DO DIA
DIRECTOR:
Víctor Silva Gesto nobre de um motoqueiro que se predispôs a ajudar um regulador de trânsito cuja
Víctor Silva DIRECTORES-ADJUNTOS:
Caetano Júnior e Cândido Bessa motorizada necessitava de algum tipo de assistência
DIRECTOR EXECUTIVO:
Guilhermino Alberto
DIRECTOR EXECUTIVO CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO
DE ACOMPANHAMENTO

Jogar a democracia ÀS EDITORIAS PROVINCIAIS:

Drumond Jaime

EDITOR EXECUTIVO:
Diogo Paixão

A Assembleia Nacional retomou esta semana os debates temáticos GRANDE REPÓRTER:

Luísa Rogério
depois de um longo período de hibernação, que coincidiu, pasme-se,
EDITORIAS:
com o início da actual legislatura, declaradamente reconhencida de POLÍTICA:
Bernardino Manje (Editor-chefe),
maior abertura política e de afirmação da democracia. Fonseca Bengui (subeditor)
e Santos Vilola (Subeditor)
Os debates parlamentares eram como que o bálsamo encontrado para Adelina Inácio, Edna Dala, Gabriel Bunga,
Garrido Fragoso e César Esteves
aliviar a falta de escrutínio directo dos deputados à acção do Executivo,
por força de um acórdão, à medida, do Tribunal Constitucional. Acredi- OPINIÃO:
Ambrósio Clemente (Editor-chefe),
tava-se que enquanto não se reaprecie a polémica decisão judicial a Faustino Henrique (Subeditor)
SOCIEDADE:
Assembleia Nacional regressasse aos debates como expediente para discutir Nhuca Júnior (Editor),
Alberto Pegado (Editor),
assuntos que têm a ver com o dia-a-dia dos cidadãos, as suas preocupações José Meireles (Editor),
Rodrigues Cambala, André da Costa,
e as grandes causas nacionais, e até mesmo internacionais. Kilssia Ferreira, Manuela Gomes,
Augusto Cuteta, Alexa Sonhi, César André,
A expectativa era maior porque este novo ciclo político está a ser Edivaldo Cristóvão,
Carla Bumba e Mazarino da Cunha
marcado por uma maior abertura democrática, onde o respeito pelas
REGIÕES:
liberdades tem sido um dos pilares de que todos, sem excepção, temos Sérgio Chivaca (Editor-chefe),
Béu Pombal (Subeditor),
beneficiado, incluindo aqueles que as usam exactamente para a maledicência
e porem em marcha os seus planos de subversão da democracia que ECONOMIA:
Cristóvão Neto (Editor-chefe),
fingem defender. E é esta nova realidade que possibilitou que fossem Armando Estrela (Subeditor),
Ana Paulo, Kátia Ramos, Madalena José e
ultrapassadas as barreiras que impediam que as principais sessões Victorino Joaquim
MUNDO:
plenárias do Parlamento tivessem transmissões radiofónicas e televisivas Bernardino Fançony (Editor-chefe),
António Canepa(Subeditor)
em directo, o que, além de possibilitar aos interessados o acompanhamento
DESPORTO:
das discussões, também ajuda a mudar a imagem dos próprios deputados, Amândio Clemente (Editor-chefe),
Anaximandro Magalhães (Subeditor),
mais conotada com as suas benesses e mordomias pessoais.
Era, pois, natural que se visse o retorno dos debates como mais
António Cristóvão, Armindo Pereira,
Teresa Luís, Vivaldo Eduardo,
António de Brito, Honorato Silva, Job
REVISTA DA SEMANA
Franco
uma forma de ampliar a interacção entre governantes e governados, CULTURA:
entre deputados e eleitores e de melhor conhecer o posicionamento António Bequengue (Editor-chefe),
Adriano Melo (Subeditor),
Sábado, 16 de Janeiro da Piedade Dias dos Santos.
das várias correntes de opinião reunidas nos grupos parlamentares Francisco Pedro, Amilda dos Santos,
Manuel Albano,
O Chefe de Estado angolano, João Lourenço, O desaparecimento, há 16 dias, do cadáver de
dos partidos ou coligações políticas. Mário Cohen e Roque Silva recebeu ontem, em audiência, a ministra da De- um idoso, na Morgue Central de Luanda, juntou,
GENTE E FIM-DE-SEMANA:
Lá diz o ditado que antes tarde do que nunca pelo que saudamos o António Cruz (Editor-chefe), fesa e da Reconstrução do Exército da República ontem, alguns familiares em frente à instituição,
Isaquiel Cori (Editor)
regresso dos debates à casa das leis onde, além dos deputados, podem Edna Cauxeiro (Subeditora), Centro-Africana, Marie Noelle Koyara, que foi a exigirem a entrega do corpo para realizarem
Ferraz Neto (Subeditor) e Pereira Dinis
também participar os membros do Executivo, num salutar exercício demo- portadora de uma mensagem do Presidente o funeral.
EDIÇÕES ESPECIAIS:
crático que, no actual contexto, tem de ser adaptado às exigências Adalberto Ceita, André dos Anjos, Faustin-Archange Touadéra. . O Ministério da Acção Social, Família e Promoção
Domingos dos Santos,
impostas pelas medidas de prevenção contra a pandemia que está a Leonel Kassana e Yara Simão A partir de Abril, as empresas já não podem da Mulher (Masfamu) realizou, ontem, em Luan-
mudar tudo e todos. enviar os dados dos seus funcionários ao Ins- da, um encontro de concertação com as igrejas,
FOTOGRAFIA:
E o tema escolhido - o combate à impunidade como factor primordial Kindala Manuel (Editor-chefe), tituto Nacional de Segurança Social (INSS) de com vista à colaboração das mesmas na reac-
José Cola (Editor),
da boa governação - não podia ser melhor talvez só ultrapassado, em Dombele Bernardo, Eduardo Pedro, forma manual, de modo a evitar fraudes no tivação do programa "Bolsa de Solidariedade
João Gomes,
termos de actualidade, pela discussão dos efeitos da crise sanitária e Maria Augusta, Miqueias Machangongo, sistema Social", que visa ajudar e combater a pobreza
Mota Ambrósio,
como o país tem estado a geri-la, quase um ano depois de declarada. Paulo Mulaza, Santos Pedro, das famílias vulneráveis.
Esse terá de ser, pensamos, o próximo debate. No fundo, os dois temas Agostinho Narciso,
Vigas da Purificação, Contreira Pipas Domingo, 17 de Janeiro
até se complementam porque só combatendo vícios e práticas que vêm e Alberto Pedro
O novo Parque Gráfico da Edições Novembro vai, Quarta-feira, 20 de Janeiro
do passado recente se pode augurar dar a volta por cima o mais breve CORRESPONDENTES PROVINCIAIS:
Adão Diogo (Lunda-Sul),
nos próximos tempos, editar manuais escolares OPresidente da República, João Lourenço,
possível ao impacto negativo que a pandemia está a ter nos planos da Bernardo Capita (Cabinda),
Jaquelino Figueiredo (Zaire),
e livros, no quadro da estratégia do Executivo, abordou ontem, por telefone, com o Secretá-
governação e na vida das populações. Vladimir Prata (Namibe), com vista à redução dos custos de produção rio-Geral da Organização das Nações Unidas,
Isidoro Natalício (Cuanza-Norte),
São muitas as provas que evidenciam estarmos a viver um ciclo político Luís Pedro (Cuanza-Sul), destes materiais e para incentivo à leitura, anunciou, António Guterres, a situação de segurança na
Pedro Bica (Bengo),
diferente daquele que a memória, sempre mais selectiva e mediática, às Francisco Curinhingana (Malanje) na sexta-feira, em Luanda, o presidente do Con- Região dos Grandes Lagos (CIRGL), principal-
Miguel Ângelo (Huambo),
vezes ignora. E se outras provas mais não existissem, o facto do tema do João Constantino (Bié), selho de Administração da empresa pública mente na República Centro-Africana.
José Chaves (Andulo),
retorno dos debates, afinal, ter a ver com a impunidade e a boa governação Jaime Azulay (Benguela), O Banco Nacional de Angola (BNA) prometeu Palata Cassanda, o homem mais velho de
Jesus Silva (Lobito),
é, em si, uma demonstração destes novos tempos. Sobretudo, mas não Estanislau Costa (Huíla), a um grupo de representantes da Associação Angola e eventualmente do mundo, faleceu,
Armando Sapalo (Lunda-Norte),
só, por ter sido proposto pelo grupo parlamentar do partido no poder, a Silvino Paulo (Uíge), Industrial de Angola (AIA) que reforça, este segunda-feira, aos 120 anos, no município de
Lourenço Manuel (Cuando Cubango),
quem são assacadas muitas responsabilidades pelo (des) caminho que Quinito Kanhamei (Cunene), ano, a aplicação de medidas para estabilizar Mavinga, província do Cuando Cubango.
Samuel António (Moxico),
levou o país ao descrédito e à ruína, em benefício de uns quantos e poucos o câmbio, bem como para viabilizar o acesso Um total de 192 pedidos de crédito foi registado
privilegiados, alguns dos quais seus membros e dirigentes. PAGINAÇÃO E ARTE: ao crédito junto dos bancos comerciais. na primeira quinzena do corrente mês, o que
Salvador Escórcio (Editor-chefe), Soares
Já na campanha eleitoral que precedeu a actual legislatura o MPLA Neto (Subeditor), Eugénia Victor, Augusta O antigo presidente do Conselho de Adminis- representa mais de 10 por cento das operações
Lucéu, Tomás Cruz, Noé Pungue, Evaristo
tinha tirado do baú o tabu da corrupção, facto que muitos consideraram Sacupalica, João Augusto, Maria Messeles, tração da TCUL Abel António Cosme, prófugo em relação ao ano passado.
tratar-se apenas de uma manobra de propaganda, para conquistar votos, Alberto Bumba, Inês Quingando,
Margarida Zilungo, Maria da Silva, António
no “Caso CNC”, no qual seria julgado por en-
retirando argumentos e protagonismo à oposição. Saldanha, Henrique Faztudo, António volvimento em supostos desvios de fundos en- Quinta-feira, 21 de Janeiro
Quipuna, Raúl Geremias, Ana Paula Dias,
Iniciada a cruzada contra a corrupção e a impunidade logo surgiram as Isabel Fragão, Manuel Cassenda, Bruno quanto gestor da Unicargas, está detido, desde OPresidente da República, João Lourenço, en-
Bernardo, Luquemba Pedro,
primeiras reacções, de surpresa, de espanto e de encorajamento, dependendo Damião Cavinda quinta-feira, em Lisboa, Portugal. viou, esta quinta-feira, mensagens aos homó-
do lado do qual se observavam os factos, a começar por alguns dos visados CARTOON E ILUSTRAÇÃO: logos do Congo Brazzaville, República Centro-
que se julgavam intocáveis, mas que ficaram a saber, da pior forma, que,
Armando Pululo e Casemiro Pedro
Segunda-feira, 18 de Janeiro Africana e Rwanda, respectivamente Denis Sas-
afinal, a impunidade não era institucional e que a campanha pela moralização COPY DESK: Oito delegações provinciais da Inspecção Geral sou Nguesso, Faustin-Archange Touadéra e
Rui Ramos, Luciano Rocha,
da sociedade não era um slogan panfletário. Arlindo Soares da Administração do Estado (IGAE) entram hoje Paul Kagame, refere uma nota do Ministério
Daquilo que desde então se passou, desde a aprovação de legislação O Jornal de Angola
utiliza os serviços da ANGOP, AFP,
em funções, com a tomada de posse dos dele- das Relações Exteriores (MIREX).
que deveria ter sido entendida como uma amnistia, que entretanto Reuters, EFE e Prensa Latina gados de Luanda, Benguela, Bengo, Cunene, As mulheres representaram, no período entre
muitos ignoraram, até aos dias de hoje, quando se somam os processos O Jornal de Angola Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Huambo e Huíla, 1992 e 2019, 13 por cento dos negociadores
utiliza os serviços da ANGOP, AFP,
judiciais e contabilizam os elevados valores de activos recuperados, Reuters, EFE e Prensa Latina anunciou, ontem, Daniel João, consultor do ins- dos processos de paz e resolução de conflitos
muito se ouviu e se tem ouvido. PUBLICIDADE:
pector-geral do Estado no mundo, revelou, ontem, em Luanda, a mi-
O Parlamento não é nenhum tribunal e por isso não se podia esperar (+244) 937 550 262 A historiadora Rosa Cruz e Silva defendeu, na nistra de Estado para a Área Social, Carolina
(+244) 949 770 006
que o debate fosse para julgar e condenar quem quer que fosse. Até as e-mail: última quinta-feira, no município do Quela, pro- Cerqueira.
acusações mais evidentes devem respeitar o princípio da presunção da publicidade@jornaldeangola.com víncia de Malanje, uma maior promoção e di- Quatro partidas assinalam o arranque da Taça
inocência. Muitos deputados, inflamados pelo impacto do tema, não quiseram vulgação da história do bárbaro massacre da Cidade de Luanda em basquetebol sénior, em
perder o seu momento de glória para disparar toda a artilharia contra alvos Baixa de Cassanje, ocorrido a 4 de Janeiro de ambos os sexos, hoje, a partir das 14h00, com
bem definidos, alimentando a teoria da selectividade da campanha, quando 1961. a participação de seis equipas, em cada classe,
no seu início não apostavam uma ficha na sua concretização. Crianças e adolescentes, sem meios de pro- numa organização da Associação Provincial
PROPRIEDADE
As novas alianças que entretanto se estão a forjar, exactamente para Edições Novembro, E.P. tecção individual à Covid-19, dedicam-se dia- (APBL).
travar o combate à corrupção e à impunidade, podem explicar uma boa riamente à recolha de garrafas plásticas em
parte deste comportamento de quem , nunca tendo aprovado um orçamento SEDE: contentores de lixo, na centralidade do Mus- Sexta-feira, 22 de Janeiro
E-mail: redaccao@jornaldeangola.ao
de Estado, reclama da transparência, enquanto toma parte, nos bastidores, Morada: Rua Rainha Ginga, 12-26
Caixa Postal 1312 - Luanda, Angola
sungue, Lunda-Norte, para vender às mulheres O antigo capitão dos Palancas Negras Pedro
em jogos de cartas viciadas, prática que contradiz o discurso prolixo com Redacção: +244 222 020 174
Telefone geral (PBX): 244 222 036 578
que se dedicam à comercialização de óleo de Garcia garantiu, ontem, ao Jornal de Angola,
que procura seduzir os mais incautos. + 244 222 036 579
Publicidade: +244 937 550 262 |
cozinha. que foi nomeado presidente da Mesa da As-
Ao trazer o tema à debate, ficou mostrado, uma vez mais, que não publicidade@jornaldeangola.ao sembleia-Geral da Associação dos Antigos
haverá complexos nem receios de que a campanha contra a corrupção
Website: www.jornaldeangola.ao
Terça-feira, 19 de Janeiro Futebolistas de Angola sem ter conhecimento.
possa fazer maior mossa nas fileiras de quem governa, consciente, pelo Os deputados à Assembleia Nacional aprovaram, Dois mil e 416 casos de fuga à paternidade
contrário, que a sua salvação reside exactamente no reconhecimento dos CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
Víctor Silva (presidente)
ontem, a Lei sobre o Regime Jurídico da Recu- foram registados, em Luanda, no ano passado,
erros e na sua renovação, não se confundindo a árvore com a floresta. A ADMINISTRADORES EXECUTIVOS peração de Empresas e de Insolvência, por 177 revelou, quarta-feira, o director-geral do Ins-
Caetano Pedro da Conceição Júnior
sua implosão, alvitrada e desejada por alguns, poderá vir a revelar-se uma Gilson dos Santos Antunes Carmelino votos a favor, nenhum contra e nenhuma abs- tituto Nacional da Criança (INAC) e não apenas
Rui André Marques Upalavela
defraudação quando chegar a hora da verdade, que se aproxima vertigi- Eunice Carla Teixeira Moreno tenção, durante o processo de votação final 416 como grafou, por lapso, o Jornal de
nosamente e que parece tirar o sono aos aspirantes a salvadores da pátria ADMINISTRADORES NÃO EXECUTIVOS
Drumond Alcides Jaime Mafuta
global, na 3ª reunião plenária, orientada pelo Angola, no título da matéria publicada na
do que aos que apostam na mudança iniciada em Setembro de 2017. Cândido Bessa Receado Presidente da Assembleia Nacional, Fernando edição de ontem.
OPINIÃO Domingo
24 de Janeiro de 2021
Vacina anti-ignorância
1 - A morte do jornalista e escritor Leonel
Cosme ocorrida no dia14, foi comentada
na pequena comunidade das letras an-
golanas e da literatura nacional. Circu-
laram mensagens nas redes sociais, das
quais destaco a nota biográfica assinada,
a partir do Brasil, pelo professor Pires
Laranjeira, e posteriormente publicada
na íntegra pelo jornal “O País”. Nessa
nota foi contada brevemente uma história
de vida digna e bonita, de amor a Angola
e à sua cultura. Um percurso que será,
decerto, desconhecido por muitos.
Na incerteza das coisas, corre-se o risco
da omissão de verdades, do cometimento
de erros graves. Perante a eventualidade,
sujeito-me desde já à penitência, res-
guardando-me no facto da informação
não me ter chegado, ou se chegou ou
vier a chegar, ter sido fora de tempo. Es-
tou em crer que outros órgãos e entida-
des se terão referido ao infausto acon-
tecimento. Ainda assim, penso que muito
terá ficado por dizer desse homem ínte-
gro, um português que viveu grande
parte da sua vida entre nós, e mostrou
com trabalho, ser mais amigo de Angola
que muitos angolanos. Sobre ele e à sua
magnífica obra, poderia, se não o foi,
ter sido dito muito mais. Porque nestas
ocasiões fica sempre alguma coisa por
dizer. Outras pessoas e entidades tinham,
provavelmente, o dever e a obrigação
de o fazer na hora certa, tal como é cos-
tume fazer-se sempre nestes momentos
em que a pessoa parte para sempre. Na
área da cultura, nestes dias angustiantes
e de tragédia, testemunhamos um nú-
mero impressionante de casos fatais.
Uns atrás de outros, foram-nos deixando
muitos com quem nos entendíamos. Fa-
lávamos, e alguns de nós ainda vamos
falando numa linguagem que tem como
factor de união a cultura. E a importância
cultural da linguagem que é importante
e nos distingue, se não está, deverá sem-
pre estar nestes gestos simples, princi-
palmente em momentos tristes mas sim-
bólicos, como é este que se relata. Que
é em tudo idêntico ao passamento de
um artista de enorme grandeza ou de
um simples ou anónimo bailarino. É sem-
pre mais um valor que se perde e, por,
isso, tem e deve ser lembrado. Espero
que não se tenham esquecido de Leonel
Cosme.
Aproveito para recordar que o conheci
já depois da Independência Nacional,
quando pela primeira vez na vida, visitei
o Lubango. Já não se chamava Sá da
Bandeira. E foi através de Angerino de
Sousa, meu colega na actividade segu-
radora que, por altura da criação da EN-
SA-Empresa Nacional de Seguros e Res-
seguros de Angola, se apresentou a mim
como sendo mais um da comunidade.
Angerino, prematuramente desaparecido,
era um fanático por teatro. Guardo dele
um pequeno livro de capa amarela, au-
tografado, cujo título “O Laço Vermelho”,
dá vida a uma farsa em um acto. Um
título lançado pela Imbondeiro, uma pe-
quena editora criada no Sul de Angola,
na primeira metade da década de ses-
senta do século passado, precisamente
por Leonel Cosme e pelo também escritor
Garibaldino de Andrade.
2 – O mundo está perante uma situação
angustiante. Em Angola, em Portugal e
em todo o lado. Os governos andam sem
saber o que fazer em relação à pandemia,
3
DO PICO DO MOCO
crónicas do tempo
Apusindo Nhari
CITAÇÕES
“Ele esta já preso
(desde quinta-feira
da semana
passada), em
"Eu queria escrever-te
Portugal, na
sequência de um
mandado de uma carta...
captura que
a quem atender primeiro, que decisões solicitámos à Mas ah meu amor, eu não sei compreender
a tomar. Abre-se o comércio e fecham- Interpol, que só por que é, por que é, por que é, meu bem
se as escolas? Alguns professores, a di- conseguiu executá- que tu não sabes ler
zerem que sim, muitos pais a dizerem la agora. Neste e eu - Oh! Desespero! - não sei escrever também…”*
que não. Abrem-se essas e fecham-se Bom dia, leitor. Não estaríamos aqui a conversar se não soubéssemos escrever e
as lojas? Um dilema! É difícil decidir
momento, estamos
você não soubesse ler. Então, já que temos essa faculdade, fazemos-lhe um convite:
quando se tem de um lado, o problema a tratar de todo o pense, imagine – por uns breves minutos – que a pessoa angolana que você é não
que vem propriamente da pandemia e, processo necessário tivesse tido, nem em criança, nem em toda a sua vida, a possibilidade de aprender
de outro, multidões que ainda não con- para a sua a ler e a escrever. Que nunca tivesse frequentado a escola, sobretudo a primária.
seguem entender que o mal resulta pre- extradição, no Faça um esforço!, sabemos que o exercício não lhe custa – intelectualmente – nada.
cisamente da forma como a população sentido de, no Faça essa simulação e imagine o como teria sido a sua vida, a da sua família, que
a encara. Em Lisboa, perante uma im- processo que existe, poderia não ter chegado onde chegou hoje. Não, não considere que tenha sido um
pressionante pressão política, Presidente caso isolado, uma "rebeldia individual" ou um caso excepcional na família... Imagine
e Primeiro-Ministro assumiram as suas
podermos trabalhar
aquilo que se passa com milhões de angolanos e africanos: que os seus pais ou
culpas. E a meio delas, chegam-nos, da- com isso” mentores não tivessem tido a possibilidade de o/a mandar prá escola nem capacidade
qui e do resto do mundo, as mais absur- Hélder Pitta Groz de – eles próprios, porque analfabetos – lhe ensinar a ler e a escrever. Sim, essa
das opiniões em relação ao fenómeno. Procurador-geral da República, fatalidade. Não deve custar muito simular essa eventualidade: até porque já todos
Vêm até de cientistas que guerreiam as sobre o caso de Abel Cosme, viajámos país adentro e nos cruzámos com as crianças descalças e descuidadas que
descobertas da cura feitas por outros arguido no processo que levou à carregam baldes de água e lenha (se não quiser ser demasiado cruel, imagine que
que não eles, de profetas e curandeiros condenação do ex-ministro dos
até tenha sido uma daquelas que, pequenina, ainda levava a cadeira de plástico na
Transportes, Augusto Tomás
que se opõem à ciência e de gurus que cabeça e caminhava, tantas vezes com fome, quilómetros para chegar à escola;
afirmam estar acima de tudo e vaticinam, mas que – para o azar deste exercício de imaginação – não foi muito longe, porque
inclusive, o fim do mundo. “Ele (Ivo São aos 13 anos é engravidada, ou porque a guerra
Mas a verdade é que, a Covid-19 e as de- Vicente) não está cá, interrompeu a escolaridade, para não evocar
está fora do país!
mais variantes do vírus que surgiram
após o seu trágico aparecimento em Portanto, foram Sem esquecer outros exemplos; e há tantos...).
“(...) Não era isto
2020, está aí e, pelos vistos, para durar elaboradas cartas de garantir o que nós queríamos, bem sei”
algum tempo mais e a fazer um estrago rogatórias, para que como versejava, angustiado, já há tantos anos
tremendo à humanidade. Não apenas seja interrogado lá. a merenda escolar, o poeta da Sagrada Esperança ao seu Mussunda
aos corpos, onde a perda da vida de mi- Estamos à espera amigo de infância, que não o podia entender,
lhões de seres humanos, é inegável tes- que a tramitação particularmente que não o podia ler...
temunho. Actua igual e perigosamente
sobre as mentes que se perturbam e ali-
necessária se nas zonas mais "Promover políticas que assegurem o acesso
universal ao ensino obrigatório gratuito", é
realize”
mentam o pensamento de que a cir-
cunstância da pandemia só permite que Hélder Pitta Groz
pobres (que obrigação do nosso Estado, estabelecida pela
alínea g) do artigo 21º da Constituição.
sejam dizimadas pessoas, salvaguar-
dando os irracionais, que é um aviso
Procurador-geral da é muito do país!), Que tipo de medidas tem o país (e não apenas
República, sobre o o Governo) que adoptar para resolver este do-
do outro mundo. Na sua visão, cães, ga- processo que envolve o
filho do empresário Carlos
pois todos temos loroso atraso histórico que nos flagela? O que
tos, cavalos, moscas e mosquitos, todos tem falhado?
os bichos, estão libertos do mal, vivem São Vicente consciência Sabemos o que é indispensável: começar por
a vida numa boa, não têm que se preo-
cupar. E chegam ao cúmulo de afirmar “A impunidade das consequências baixar as taxas de natalidade; criar mais
locais onde se aprende (sejam jangos ou
que o que acontece não é mais nem me-
nos do que um castigo vindo do além,
floresceu no seio da da sub-nutrição outros edifícios...); formar mais e melhores
professores; e garantir que o sistema funcione
superstrutura do
para maltratar os homens e as mulheres
que foram responsáveis por tudo quanto
sistema nas nossas crianças, para que as crianças tenham condições para
crescer de forma completa e harmoniosa, em
de mal aconteceu ao mundo e às pessoas, monopartidário,
enriqueceu de forma
de como ela afecta instituições que sejam espelho da sociedade
ao longo dos anos. A ignorância, tal que almejamos.
como a pandemia, espalhou-se pelo ilícita uma minoria o seu desempenho E queremos, com urgência, um país com 100%
mundo, afectando políticos e simples de angolanos e
cidadãos. E todos a pensarem que têm criou, durante
na escola e durante de escolaridade infantil e sem adultos analfa-
betos (nem que sejam só analfabetos funcio-
a razão do seu lado.
E quando os mais altos responsáveis da
décadas, forte toda a sua vida nais)!
Qualquer solução que adoptemos só o é, de forma
OMS afirmam que “o mundo está à beira
tentáculos no durável, se envolver e transformar as pessoas re-
de uma crise moral catastrófica”, e em exterior e levantes (neste caso os estudantes, os professores,
cada esquina encontramos gente a de- cumplicidades os pais e a comunidade...). As soluções copiadas de outros podem aparente e rapidamente
bitar palermices de todo o género, fica- internas na base de ser aplicáveis a nós mas, como os sapatos que não são do nosso número, podem criar
mos sem moral para afirmar categorica- interesses pessoais” mais problemas do que resolvem. Factores intangíveis como a cultura, a organização, o
mente o que quer que seja, uma vez que, Alcides Sakala conhecimento, a cooperação, estão frequentemente na base do sucesso –e na educação
em todo o mundo, prevalece a verdade não é diferente.
Deputado à Assembleia
de ninguém saber o que fazer para se Porque não disseminar magistérios primários por todo o país, em vez de deixarmos
salvar a vida das pessoas. Perante a crise Nacional pela UNITA pulular universidades com qualidade insuficiente? Apostando verdadeiramente num
generalizada da política e da saúde pú- programa específico para a melhoria da qualidade dos professores primários, com
blica que muitos líderes já assumem, “O tratado toda a tecnologia que permitisse o máximo de ajuda à sua formação. Incluindo o ensino
resta-nos esperar que os nossos as as- representa uma à distância, onde especialistas de alto nível pudessem ministrar – aos professores –
sumam também sem qualquer tipo de etapa importante no aulas baseadas em programas curriculares que tivessem em conta a realidade do país,
complexos. Errámos redondamente, é caminho para um para que sejam entes completos, preparados para formar cidadãos auto-confiantes e
preciso trabalhar melhor! E o melhor conscientes. Com um plano de acompanhamento e pós-formação dos professores em
remédio, enquanto não há vacina, não
mundo livre de
que os pais e tutores participassem, para evitar o "abandono escolar"....
tenhamos dúvidas, está na capacidade armas nucleares e Dotar as escolas do país com um novo conceito de bibliotecas e ludotecas específicas
de fazer entender o povo que é no dis- atesta o apoio para as crianças – de baixo custo – para estímulo à leitura e à criatividade.
tanciamento, no uso da máscara, na la- determinado que as Sem esquecer de garantir a merenda escolar, particularmente nas zonas mais pobres
vagem das mãos e no ficar em casa o iniciativas (que é muito do país!), pois todos temos consciência das consequências da sub-
mais tempo que for possível. É aí que multilaterais de nutrição nas nossas crianças, de como ela afecta o seu desempenho na escola e
está a solução. E enquanto não chegam desarmamento durante toda a sua vida. E fazemos questão de insistir: estes programas deveriam
as vacinas, as que atacam a doença, que começar logo com a gestante, pois sabemos o quão graves (e irreversíveis) são as
venham outras que acabem com tanta
nuclear provocam ” consequências para quem dela padece, logo nos primeiros anos de vida.
ignorância. António Guterres Seria bom que se criasse – de uma vez por todas – um consenso quanto às opções que
Sempre com a esperança de dias melho- Secretário-Geral da 0NU, queremos adoptar para o ensino primário e puséssemos todas as nossas mãos à obra...
res, despeço-me. Até ao próximo domin- sobre o Tratado de armas * - tirado de "Carta de um contratado", de António Jacinto, publicado pela primeira
go, à hora do matabicho. nucleares vez na revista Mensagem da CEI, em 1959.
4 DESTAQUE
REGISTO DE 98 NOVAS INFECÇÕES E 26 RECUPERAÇÕES EM 24 HORAS
Mortes por Covid-19
no país sobem para 457
Xavier António
O número de mortes pro-
vocado pelo novo corona-
vírus, em Angola, subiu,
ontem, para 457 com o registo
de mais cinco óbitos, dos
quais quatro na província
de Luanda e um no Moxico.
De acordo com os dados
divulgados pela Direcção
Nacional de Saúde Pública
(DNSP), nas últimas 24
horas foram registadas 98
novas infecções, das quais
47 no Huambo, 27 em
Luanda, 12 no Cuanza-Sul,
cinco na Huíla, quatro na
Lunda-Sul, enquanto Ben-
MEDIDA VISA TRAVAR A ENTRADA DAS NOVAS VARIANTES DO VÍRUS SARS-COV-2
Voos de Portugal, Brasil e África do Sul
suspensos a partir de hoje
Xavier António
A partir da meia-noite de
hoje, entrou em vigor a medida
sobre a suspensão das viagens
aéreas de e para Portugal,
Brasil e África do Sul, uma
medida temporária para travar
a entrada e circulação das
novas variantes do novo coro-
navírus em Angola.
A decisão faz parte de um
conjunto de medidas pontuais
adoptadas pelo Executivo para
conter a propagação da Covid-
19 e manter o máximo controlo
da situação epidemiológica
no país, tendo em conta a exis-
tência de vários países que já
declararam a circulação das
novas variantes do vírus, que
tem uma propagação maior
em relação à versão original.
O Executivo justifica ainda
que as vias aéreas constituem
a principal fonte de circulação
do vírus, por isso, urge a adop-
ção de algumas medidas, por
esta via, e outras que existem
para diminuir o máximo pos-
sível o potencial de contágio.
Trata-se de uma suspen-
são temporária, mas ainda
não está definido o período
de duração. A ideia é que
guela, Namibe e Moxico
registaram um caso cada.
Os casos positivos têm
idades compreendidas entre
oito meses e 87 anos, sendo
55 do sexo masculino e 43
do sexo feminino. Com mais
estes números, o total de
pessoas infectadas no país
subiu para 19.367 casos con-
firmados, até à data presente.
Dados das autoridades
sa n itá r i a s i n d i ca m q u e
Luanda continua a ser a única
região do país com a trans-
missão comunitária do vírus
Sars-CoV-2. A capital do país
concentra ainda o maior
número de mortes com 314.
regularmente as instituições
competentes façam a ava-
liação da situação e em fun-
ção do resultado decidir-se-á
sobre que alterações devem
ser feitas. Por outro lado, no
âmbito da testagem obrigatória
pós-desembarque no Aero-
porto Internacional 4 de Feve-
reiro, de 16 a 21 de Janeiro
foram testados 4. 920 passa-
geiros, dos quais 12 foram
positivos e 4. 908 negativos,
com uma taxa de positividade
de 0.2 por cento.
A estimativa do Executivo
é de que mais de 11 mil pes-
soas, entre nacionais e estran-
geiros residentes, tenham
regressado ao país.
Medida estratégica
Na opinião do mestre em
Saúde Pública, Geremias
Agostinho, é importante a
realização de um sequencia-
mento genético para identi-
ficar se já há circulação da
nova variante do vírus no país.
“Nós vamos encerrar as
fronteiras, mas a África do
Sul, por exemplo, notificou
os primeiros casos da nova
estirpe em Dezembro. O
Reino Unido também”, escla-
DR
No mesmo período,
foram registadas 26 recu-
perações, das quais 21 na
província de Luanda e cinco
no Huambo, com idades
entre q uatro e 7 2 ano s .
Agora, o número de recu-
perados é de 17.249, desde
que surgiram os primeiros
casos da doença.
Quanto ao número de
p e s s o a s a c t iva s c o m a
doença, subiu para 1.661,
destas, cinco críticos, sete
graves 83 moderados, 96
leves e 1.470 estão assin-
tomáticos. Nas unidades de
saúde estão em tratamento
191 doentes com Covid-19.
receu Geremias Agostinho.
Depois da notificação da
nova variante nestes países,
afirmou, muitos passageiros
entraram em Angola e não
fizeram o teste pós-desem-
barque. Apenas realizaram o
teste obrigatório para viajar
de um país para o outro.
Para o especialista em
Saúde Pública, pode dar-
se o caso de fecharmos as
fronteiras com estes países,
mas a nova variante do
vírus já circula em Angola,
o que não ajudaria muito
do ponto de vista técnico,
mas pode prejudicar ainda
mais a economia.
O médico adiantou ainda
que, nos outros países, foi feito
o sequenciamento dos casos
notificados e só depois encer-
raram as fronteiras. Sublinhou
que esta nova estirpe aumenta
o potencial de causar infecção,
mas não causa tantas mortes
em relação às variantes ante-
riores, de acordo com estudos
avançados até à data.
Testes pós-desembarque
A realização do teste pós-
desembarque é uma boa estra-
tégia e vai identificar os
Amostras processadas
Nas últimas 24 horas, as auto-
ridades sanitárias processa-
ram 1.904 amostras por
RT-PCR. O total de amostras
processadas aumentou para
349.729, até à data, cuja taxa
de positividade aponta para
5,5 por cento.
Dados das
autoridades
sanitárias indicam
que Luanda
continua a ser a
única região do
país com a
transmissão
comunitária do
vírus SArs-CoV-2.
A capital do país
concentra ainda o
maior número de
mortes com 314
Quando à quarentena
institucional, estão a ser
controladas 127 pessoas.
Por outro lado, um total
de 2.471 contactos está a
ser vigiado do ponto de
vista epidemiológico.
Em relação ao ponto de
situação nas fronteiras,
foram testadas por teste
rápido serológico 691 pes-
soas, sendo 584 do sexo
masculino e 107 do sexo
feminino. Deste número,
70 resultaram reactivo.
Foram ainda detectadas
35 pessoas com o biomar-
cador IGG, 26 IGM e nove
com a combinação IGG/IGM.
Após a testagem na base do
teste rápido antígeno, foram
encontrados três casos posi-
tivos, no posto de testagem
da Maria Teresa, noCu-
anza-Norte.
chamados falsos negativos,
que fizeram teste no exterior
e aqui testam positivo e ficam
em isolamento. Para Geremias
Agostinho, é uma medida que
visa conter a entrada de casos
das novas variantes, mas não
vai impedir a 100 por cento.
O especialista justificou que
os testes feitos no Aeroporto,
também não são 100 por
cento fiáveis. Pelo contrário,
o teste de RT-PCR que é feito
para quem quiser entrar no
país é mais fiável do que o
teste rápido de antigénio.
“Muitos casos que são
positivos podem passar por
causa do teste rápido, por
não ser muito específico.
Há ainda o risco de algumas
pessoas com a infecção nova
variante passarem", subli-
nhou o médico.
Apesar disso, disse, é o
facto de as pessoas ficarem
em quarentena por 10 dias e
depois são novamente sub-
metidas a um novo teste para
se verificar a existência do
vírus. Para o especialista, é
necessário que os vigentes
cumpram com todas as medi-
das e regras da quarentena
domiciliar e institucional.
DADOS DA COMISSÃO PROVINCIAL
Uíge notifica 190 casos
e 15 óbitos por Covid-19
Silvino Fortunato | Uíge
A província do Uíge notificou,
até sexta-feira, 190 casos de
Covid-19, que resultaram em
15 óbitos, desde que em Março
do ano passado foram con-
firmados os primeiros casos
da pandemia em Angola.
Os dados, que o Jornal de
Angola teve acesso, constam
do relatório divulgado pela
Comissão Técnica Provincial
de Combate à Pandemia. O
mesmo documento aponta
para a recuperação de 156
pacientes e 19 casos activos
sob controlo das autoridades.
Até à data acima referenciada
167 cidadãos encontravam-
se em quarentena, perfa-
EM LOCAIS PÚBLICOS
Desrespeito às medidas
tem sido uma constante
em Mbanza Kongo
Jaquelino Figueiredo |
Mbanza Kongo
Apesar do aumento de casos
positivos e o surgimento em
alguns países das novas
variantes da Covid-19, vários
cidadãos residentes na cidade
de Mbanza Kongo, província
do Zaire, continuam a des-
respeitar, de forma reiterada,
as medidas de prevenção
contra o Sars-CoV-2.
Numa ronda realizada
pelo Jornal de Angola foi
possível constatar enchentes
nos postos de abastecimento
de combustíveis e mercados,
dois locais onde a maioria
dos cidadãos não usava más-
cara facial, nem observava
o distanciamento social.
Manuel Ndongala Júnior,
18 anos, que pretendia com-
prar combustível num dos
postos de abastecimento
local, afirmou que não faz
uso da máscara por não acre-
ditar na existência da Covid-
19. “Para mim, a doença não
existe, por isso não uso más-
cara. Como muitos, deixei
de usar”,justificou.
Miguel António, 45 anos,
o único cidadão presente
na multidão que fazia uso
correcto da máscara, lamen-
tou o comportamento
daqueles que não cumprem
as medidas de biossegu-
Domingo
24 de Janeiro de 2021
zendo um acumulado de
15.146 cidadãos atendidos
em quarentena.
O relatório diário da auto-
ridade sanitária destaca o
município do Uíge, sede
capital da província, com
142 casos confirmados e oito
óbitos, seguido do Negage,
com 13 casos e quatro mortes
por Covid-19.
O município de Quitexe,
com seis casos e um óbito,
Songo quatro casos e dois
óbitos, são citados como os
mais endémicos da provín-
cia, enquanto o Bembe,
Bungo, Buengas e Milunga
constam entre os municípios
sem qualquer situação rela-
cionada com a pandemia.
rança por falta de consciên-
cia do perigo que a doença
representa. “Muitos duvi-
dam da existência do vírus,
mas já presenciei casos de
mortes por Covid-19.
Miguel António,
45 anos, o único
cidadão presente
na multidão que
fazia uso correcto da
máscara, lamentou o
comportamento
daqueles que não
cumprem as
medidas
de biossegurança
por falta de
consciência do
perigo que a doença
representa
O meu primo morreu há
duas semanas de Covid-19,
por isso faço questão de uti-
lizar correctamente a más-
cara em locais públicos,
sobretudo onde é difícil
manter o distanciamento
físico”, afirmou.
Miguel António considera
que as autoridades devem
redobrar o controlo das medi-
das de prevenção e lamentou
o comportamento reiterado
dos cidadãos que actuam em
sentido contrário.
DESTAQUE Domingo
24 de Janeiro de 2021
Mais oito angolanos testa-
ram, ontem, positivo à Co-
vid-19 em Portugal, no dia
em que o país europeu re-
gistou um novo número
máximo de mortes e infec-
ções pela doença.
Entre a comunidade an-
golana registaram-se até
agora 118 casos de Covid-
19. Destes, 33 continuam ac-
tivos e 85 já recuperaram,
havendo ainda a referir a
ocorrência de oito óbitos.
Entretanto, nas últimas 24
horas foram registados mais
274 mortes e 15.333 novos
casos de infecção pelo vírus
da Covid-19 em Portugal,
dois novos máximos.
Portugal encontra-
se debaixo de novo
confinamento
geral, depois da
sucessão de
recordes de novos
casos confirmados
e de óbitos da
última semana
Os números, avançados
no boletim epidemiológico
da Direcção-Geral de Saúde
(DGS), referem que na vés-
pera o país registou 234 óbi-
tos, o valor máximo até então,
e 13.987 novos diagnósticos
positivos (o segundo pior dia
em número de casos, ultra-
passado apenas pelos 14.647
casos de 20 de Janeiro).
Portugal encontra-se de-
baixo de novo confinamento
geral, depois da sucessão de
recordes de novos casos con-
firmados e de óbitos da última
semana ter obrigado a uma
revisão das medidas de con-
tenção. As escolas encerra-
ram sexta-feira por decisão
do Governo. O país atingiu
igualmente o valor mais alto
no mundo para a média mó-
vel a sete dias de novas in-
Sustento familiar motiva criação de aulas ao “ar livre”
Alexa Sonhi
Afinal, nem tudo está per-
dido em tempo de pande-
mia. Apesar de um número
significativo de cidadãos es-
tar obrigado a passar mais
tempo em casa, enquanto
outros perderam o emprego
devido à crise financeira
que assola muitas empresas,
os mais ousados, diante das
dificuldades, têm estado a
se reinventar para manter
o sustento da família, pagar
as contas de casa e dar azo
aos seus sonhos.
Foi com este propósito
que Emanuel Cassule, 25
anos, pensou em transfor-
mar as aulas de explicação,
que, anteriormente, eram
feitas ao domicílio, para ex-
plicação ao “ar livre”, de mo-
do a continuar a ensinar as
crianças, mas sempre res-
peitando as normas de bios-
segurança definidas pelas
autoridades para travar a
propagação da Covid-19.
Antes do surgimento da
pandemia em Angola, Ema-
nuel Cassule leccionava au-
las da primeira até a nona
Mais oito angolanos testaram
positivo à Covid-19 em Portugal
Depois do crescimento da variante proveniente do Reino Unido,
na última sexta-feira foi identificada a variante sul-africana
fecções confirmadas, fruto
da aceleração que a doença
registou recentemente. As
preocupações com a pande-
mia em território português
prendem-se igualmente com
as novas variantes em cir-
culação, que apresentam for-
tes indícios de serem mais
contagiosas, havendo mes-
mo suspeitas de que possam
classe num dos comparti-
mentos do apartamento on-
de reside com os pais, na
Centralidade do Sequele.
A procura pelo serviço
que prestava era tanta, que
chegou a ter aproximada-
mente 120 alunos e teve de
contactar mais dois profes-
sores para auxiliá-lo. Porém,
a situação inverteu quando
o crescente registo de casos
da Covid-19 em Angola le-
vou a que as autoridades to-
massem medidas excepcio-
nais de biossegurança para
conter a doença.
“Na antiga modalidade,
cobrava valores que ron-
dam entre 1.500 a cinco mil
kwanzas”, disse.
Embora obrigado a dei-
xar de dar aulas de expli-
cação, evitando assim aglo-
merações que pudessem
contribuir para a propaga-
ção da doença, com o de-
correr dos meses, e fruto
das dificuldades familiares,
decidiu recuperar os alu-
nos, mas, desta vez, optou
em dar explicação ao “ar
livre” no jardim do prédio
onde reside.
REGISTO TOTAL DE 118 CASOS
acarretar uma maior mor-
talidade.
Depois do crescimento
da variante proveniente do
Reino Unido, que tem vindo
a representar uma percen-
tagem cada vez maior dos
novos casos detectados, so-
bretudo na região de Lisboa,
na última sexta-feira foi
identificada a variante sul-
EM TEMPO DE PANDEMIA
Encarregados satisfeitos
Aplaudida pelos encarrega-
dos de educação, muitos dos
quais consideram a inicia-
tiva do jovem explicador ou-
sada, Emanuel Cassule tem
agora sob sua responsabili-
dade 40 alunos subdivididos
em três turnos, para permi-
tir o afastamento físico
africana em Portugal.
Igualmente na região de
Lisboa, a infecção foi diag-
nosticada num cidadão sul-
africano residente na capital
portuguesa. As informações
relativamente a esta nova
estirpe são ainda escassas,
mas levantam preocupações
dos vários institutos médi-
cos nacionais e centros eu-
que a pandemia exige.
Carina Matos, mãe de
uma aluna de sete anos,
disse que estava cansada de
ver a filha em casa sem
quase nada para fazer. Ape-
sar do retorno às aulas de
explicação, lamentou que,
por enquanto, a pequena
não pode ir à escola devido
DR
ropeus de controlo de doen-
ças. Tudo isto ocorre na vés-
pera de Portugal ir a votos
numa eleição presidencial
que deve ser marcada por
elevada taxa de abstenção.
Além da Covid-19, também
o mau tempo que se faz sen-
tir em todo o país pode con-
dicionar a intenção de votar
por parte da população.
às medidas definidas no
Decreto sobre o Estado de
Calamidade.
“Quando me apercebi que
o explicador Emanuel está
a dar aulas no jardim, res-
peitando as medidas de se-
gurança, então fui matricular
a menina. Todos os dias ela
fica empolgada por saber que
vai ter aulas num jardim”,
disse. Lemos dos Santos, ou-
tro encarregado de educação,
conta que ficou maravilhado
depois de visitar o espaço.
Referiu que verificou os alu-
nos devidamente distancia-
dos, inclusive o próprio pro-
fessor, e sentiu-se seguro
para matricular os dois fi-
lhos, ambos alunos do en-
sino primário.
“Apesar de ser fora de
uma casa, é um lugar se-
guro e, por saber que é ao
ar livre, onde tem muitas
árvores, fico mais tranquilo
porque o ar circula muito
bem e permite aos meninos
estarem em contacto di-
recto com a natureza. Acho
que o jovem já devia ter
feito isso há mais tempo”,
considerou.
5
LUNDA-NORTE
Educação
disponibiliza
verbas para
“travar”
a pandemia
Armando Sapalo | Dundo
A Lunda-Norte conta com
um fundo de 54 milhões 788
mil e 400 kwanzas destinado
à aquisição de materiais de
limpeza e de biossegurança
para as escolas da província,
visando fazer face à pande-
mia da Covid-19, apurou,
ontem, no Dundo, o Jornal
de Angola, de fonte oficial.
O apoio insere-se no
âmbito do Projecto Apren-
dizagem Para Todos (PAT),
financiado pelo Banco
Mundial, cuja gestão está
sob responsabilidade do
Gabinete Provincial da
Educação local e prevê,
fundamentalmente, a cria-
ção de condições para o rei-
nício das aulas no ensino
primário, previsto para o
dia 10 de Fevereiro.
O apoio insere-se
no âmbito do
Projecto
Aprendizagem
Para Todos (PAT),
financiado pelo
Banco Mundial,
cuja gestão
está sob
responsabilidade
do Gabinete
Provincial da
Educação
Segundo a fonte acima
citada, além do ensino
primário, a distribuição
dos materiais deve be-
neficiar ainda as escolas
do II ciclo.
Entretanto, a entrega
simbólica dos meios
acontece na segunda-fei-
ra, 25, no município do
Chitato, no pátio da escola
dos Ex-Cavalos, em ceri-
mónia a ser presidida pelo
governador provincial Er-
nesto Muangala.
Segundo apurou ainda o
Jornal de Angola, em termos
globais, a quantidade dos
materiais varia entre 19.284
a 168 unidades a ser repar-
tida entre todas as escolas
sediadas nos 10 municípios
que compõem a província
da Lunda-Norte.
ARMANDO SAPALO | EDIÇÕES NOVEMBRO
6 POLÍTICA
Reclusos do Namibe, Cunene, Huambo, Bengo, Malanje e Bié vão dedicar-se à agricultura
Cadeias gastam por dia
cerca de 750 mil dólares
Porta-voz do Serviço Penitenciário revelou que, desde 2012,
as despesas com um recluso equivalem 30 dólares do por dia
Cerca de 750 mil dólares são
gastos diariamente pelo
Estado angolano, em todas
as cadeias do país, que aco-
lhem, actualmente, 25 mil
reclusos, dos quais 14 mil
condenados e 11 mil detidos,
revelou, sexta-feira, no Cuito,
o porta-voz do Serviço Peni-
tenciário, Menezes Cassoma.
Em declarações presta-
das à imprensa, durante
uma visita de dois dias do
director-geral do Serviço
Penitenciário à Cadeia de
Capolo, Menezes Cassoma
informou que, desde 2012,
as despesas com um recluso
equivalem a 30 dólares por
dia, valor que, actualmente,
pode ser superior, em fun-
ção da desvalorização da
moeda nacional.
Anteriormente, 30 dólares
equivaliam três mil kwanzas,
que eram gastos nas três
refeições diárias (pequeno-
almoço, almoço e jantar).
Para reverter esta situação,
o Serviço Penitenciário vai
apostar, a partir deste ano,
num programa para a pro-
dução, em grande escala,
nas províncias do Namibe,
Cunene, Huambo, Bengo,
Malanje e Bié.
Citado pela Angop, Mene-
zes Cassoma disse que a inten-
ção é estender a produção a
todo o território nacional, mas,
nesta primeira fase, foram
seleccionadas as seis provín-
cias, por serem potencial-
mente agrícolas.
O Serviço Penitenciário,
disse, conta com o apoio dos
Ministérios da Agricultura e
Pescas e da Energia e Águas,
entre outros, que estão a
identificar as áreas agricul-
táveis daquelas províncias,
a fim de se cultivar milho,
SERVIÇO PENITENCIÁRIO
feijão, batata-doce e rena,
mandioca e hortícolas.
Excesso de prisão preventiva
S em adiantar números,
Menezes Cassoma reconhece
haver ainda casos de excesso
de prisão preventiva em todas
as cadeias do país, que resulta
da pouca celeridade proces-
sual dos órgãos de Justiça.
Para se ultrapassar o pro-
blema, disse, os responsáveis
do Serviço Penitenciário têm
estado a concertar com a Pro-
curadoria-Geral da República
e com os tribunais, o que tem
resultado na solução pontual
de muitos casos.
Menezes Cassoma infor-
mou que estão a ser erguidos
dez novos estabelecimentos
prisionais, nas províncias
do Cuanza-Sul, Huambo,
Luanda, Moxico e Bié, com
vista à redução da superlo-
tação nas cadeias.
Não avançou o período
de entrada em funciona-
mento das novas cadeias,
nem o grau de execução física
e financeira, mas admitiu
que algumas obras tiveram
uma ligeira paralisação,
devido à crise económica
que o país enfrenta. Mas as
mesmas obras já retomaram
o ritmo normal.
Os estabelecimentos pri-
sionais de todo o país têm
capacidade para 21 mil reclu-
sos, mas actualmente estão
com 25 mil.
Promoção dos efectivos
Durante o ano de 2020, foram
promovidos, em diversos
escalões, 1.500 efectivos,
mesmo número que se pre-
tende atingir em 2021, com
vista a melhorar as condições
salariais dos agentes prisio-
VIGAS DA PURIFICAÇÃO | EDIÇÕES NOVEMBRO
nais, informou o director-
geral do Serviço Penitenciário.
Bernardo Gourgel, que falava
no acto de patenteamento de
nove efectivos da Cadeia de
Capolo, cerca de 60 quiló-
metros a sudoeste do Cuito,
assegurou que, ontem, mais
30 seriam graduados na capi-
tal da província.
Para este ano, disse, prevê-
se a melhoria de condições
de trabalho dos efectivos,
assim como a implementação
de distintos programas que
visem contribuir no bem-
estar, quer dos reclusos, quer
dos funcionários dos esta-
belecimentos penitenciários.
Cadeia de Capolo
Com uma capacidade para
250 pessoas, a cadeia de
Capolo alberga 300 reclusos,
todos homens, na maioria
entre os 18 aos 40 anos.
A maior parte dos reclusos
dedica-se à produção agrí-
cola, estudo e aprendizagem
de artes e ofícios.
Apesar de grande parte da
alimentação ser fornecida
pelo Estado, a cadeia tem
preparados na presente época
agrícola 52 hectares, para
colher cem toneladas de
milho, feijão, mandioca,
melancia, soja, massambala,
hortaliças e maracujá, para
garantir alimentação à popu-
lação carcerária.
A cadeia do Capolo, antes
Colónia Penal do Bié, foi
construída em 1950. Albergou
muitos presos políticos, entre
os quais Agostinho Mendes
de Carvalho, Adriano Sebas-
tião “Kiwima” e Joaquim
Kapango. A rua principal do
Cuito e o aeroporto daquela
cidade receberam o nome
de Joaquim Kapango.
DIREITOS HUMANOS
Angola destaca importância
do Mecanismo de Revisão
Angola considera o Meca-
nismo de Revisão Periódica
Universal (UPR) uma ferra-
menta de extrema impor-
tância para o monitoramento
da situação dos direitos
humanos em todos os países
que compõe o sistema inter-
nacional dos direitos huma-
nos, especialmente pela
criação do Conselho dos
Direitos Humanos, em 2006.
O posicionamento do país
foi feito pela representante
de Angola junto do Escritório
das Nações Unidas e demais
Organizações Internacionais
em Genebra, Margarida Izata,
que falava, sexta-feira, por
videoconferência, na 37ª ses-
são do grupo de trabalho da
UPR, que decorre naquela
cidade, de 18 a 29 deste mês.
Citada pela missão diplo-
mática angolana junto dos
Escritório da ONU em Gene-
bra, Margarida Izata disse
que os princípios de igual-
dade entre as nações, sobe-
rania e, sobretudo, a não
selectividade no tratamento
das questões relativas aos
direitos humanos nos diver-
sos países, representam
marcos significativos, que
Angola compartilha e apoia,
desde o início do estabeleci-
mento do mecanismo, como
membro fundador.
Angola, referiu, congra-
tula-se com os esforços envi-
dados pela Áustria na prepa-
ração e apresentação do seu
relatório e felicita-a pelo forte
empenho no reforço das ins-
tituições internacionais de
direitos humanos e no papel
dado à participação activa
das mulheres e dos jovens na
vida pública.
RELATÓRIO APRESENTADO NO PARLAMENTO
Combate à impunidade foi tema de debate na Assembleia
Apesar do aumento, número
de médicos ainda é irrisório
Garrido Fragoso
O número de médicos no país
aumentou de 704, em 2002,
para 4.165, em 2019, e de enfer-
meiros de 16.037 para 33.043,
mas ainda é insuficiente para
atender a população.
De acordo com um rela-
tório do MPLA que serviu de
base para o debate mensal da
Assembleia Nacional, cujo
Margarida Izata assegurou
que “Angola recomenda a
implementação de uma
estratégia abrangente para
combater os estereótipos
discriminatórios relativa-
mente aos papéis e respon-
sabilidades das mulheres e
dos homens nas famílias
austríacas, e os esforços para
proibir a caracterização racial
pela Polícia e continuar a
proporcionar formação de
sensibilização para o racismo
a todos os funcionários res-
ponsáveis pela aplicação da
lei e tomar medidas espe-
cíficas para aumentar a visi-
bilidade das comunidades
de minorias raciais”.
A Avaliação Periódica
Universal (UPR) é um pro-
cesso criado em Abril de
2008 pelo Conselho de
Di re ito s Hu m a n o s pa ra
melhorar a situação dos
direitos humanos em cada
um dos Estados-membros
das Nações Unidas.
A UPR foi concebida para
preservar a independência,
transparência, integridade
e a objectividade do Con-
selho de Direitos Humanos
na verificação da situação
dos direitos humanos em
todos os Estados-membros,
sem qualquer politização
e selectividade.
Angola foi membro do
Conselho de Direitos Huma-
nos das Nações Unidas no
período de 2018 a 2020. Já
tinha sido membro nos perío-
dos 2007-2010 e 2010-2013.
Angola foi avaliada duas
vezes no Conselho de Direitos
Humanos, relativamente à
situação de promoção e pro-
tecção dos direitos humanos.
VIGAS DA PURIFICAÇÃO | EDIÇÕES NOVEMBRO
tema foi "O combate à impu-
nidade como factor para a
boa governação, actualmente
existe um médico para 7.245
habitantes e um enfermeiro
para 913 pessoas.
Em relação aos serviços
de saúde, o relatório, apre-
sentado pelo deputado Paulo
de Carvalho, do MPLA, aponta
que, de 2002 ao ano passado,
foram construídos 173 hos-
Domingo
24 de Janeiro de 2021
KWATA KANAWA
MPLA está
consciente
do impacto
da crise
Venâncio Victor | Malanje
O MPLA está consciente da
situação socio-económica
que prevalece desde 2014 no
país, que tem criado inúmeras
dificuldades com incidência,
directa e indirecta, na vida
das famílias e das empresas,
afirmou, ontem, em Malanje,
o primeiro secretário provin-
cial do MPLA.
Norberto dos Santos “Kwata-
Kanawa” falava na abertura
da 10ª assembleia de balanço
e renovação de mandatos da
OMA, que elegeu Ana da Puri-
ficação a primeira secretária
provincial.
Kwata Kanawa disse que
uma série de medidas eco-
nómicas estão em curso para
minimizar os efeitos desta
crise, bem como da pandemia
da Covid-19, que tem vindo
a atrapalhar os programas
aprovados para o período
2017-2022, nos domínios polí-
ticos, económico e cultural.
Afirmou que “o Executivo
tem vindo a implementar
enormes reformas adminis-
trativas, políticas e econó-
micas para a melhoria das
condições de vida das popu-
lações, principalmente na
redução dos preços da cesta
básica, criação de postos de
trabalho e do auto emprego,
com vista a mitigar os índices
de desemprego, principal-
mente na juventude”.
Para a concretização destes
objectivos, Kwata Kanawa
disse ser “imperiosa a união
de esforços de todos na luta
contra os grandes males”.
pitais, 326 centros e 1.434
postos. O número de camas
hospitalares, que em 2002
era de 11.293, passou para
20.297, em 2019, o que cor-
respondeu a um aumento na
ordem dos 79,7 por cento.
A malária é a enfermidade
que mais mata no país. De
um total de 5.928.260 doentes
registados há três anos, 11.814
perderam a vida. A segunda
doença com maior mortali-
dade no país é a Sida, com
1.561 mortes no mesmo ano,
seguindo-se a malnutrição
em menores de cinco anos
(1.282), tuberculose (1.152),
pneumonia (936), hiperten-
são (828), insuficiência renal
aguda (731), diabetes (517),
doenças diarreicas (444) e
febre tifóide (227).
A exemplo de muitos paí-
ses, também em Angola a
doença associada ao novo
coronavírus (Covid-19)
trouxe à tona as debilidades
do sistema sanitário.
O relatório refere-se, tam-
bém, à pobreza no país. De
acordo com o Instituto Nacio-
nal de Estatística, a pobreza
era de 36,6 por cento, em
2009. Em cada oito angola-
nos, três eram pobres naquele
a n o . A p o b re z a u r b a n a
situava-se em 18,7 por cento.
No meio rural atingia 58,3
por cento dos cidadãos.
ESPECIAL Domingo
24 de Janeiro de 2021 7
DR

REUNIFICAR A AMÉRICA E OUTROS

Sete desafios
do Presidente
Biden
Ao meio-dia de Washington (18 em Angola),
Joe Biden tomou posse, na quarta-feira,
como o 46º Presidente dos EUA, numa
Washington com segurança máxima e quase
vazia de gente, por causa da pandemia. Pela
frente, desafios perfilam-se, à espera do
novo morador da Casa Branca. O artigo é do
jornal Diário de Notícias

Em Janeiro de 1989, Ronald Sob ameaça

Reagan estava de saída da
Casa Branca, mas não o quis
fazer sem deixar um bilhete
ao seu sucessor. O actor tor-
nado político pegou, por-
tanto, no que estava mais à
mão - um bloco de papel
decorado com um cartoon
da humorista Sandra Boyn-
ton, composto por uma série
de perus a subir para cima
de um elefante deitado (sím-
bolo do Partido Republicano
de ambos) e a frase "Não
deixe que os perus o der-
rubem". E escreveu: "Caro
George, vai haver momentos
em que vais querer usar este
papel. Então, fá-lo." Sau-
dando as memórias que
tinha com o seu Vice-Pre-
sidente, Reagan despedia-
se, garantindo: "Vou ter
saudades dos nossos almo-
ços de quinta-feira. Ron."
Passadas três décadas, a
última coisa que se esperava
era que Donald Trump dei-
xasse um bilhete de despe-
dida a Joe Biden, quebrando
assim uma tradição que se
manteve em todas as pas-
sagens de poder em Was-
hington, entre derrotado e
vencedor, como Bush e Bill
Clinton, em 1993.
O republicano não deixou
de desejar sorte ao demo-
crata, escrevendo: "O seu
Ao m e i o - d i a e m p o n t o
(18.00 de Angola), Joe Biden
prestou juramento na esca-
daria do Capitólio, tor-
nando-se no 46º Presidente
dos Estados Unidos. Seguiu-
se o tradicional discurso e
depois o caminho até a Casa
B r a n c a . Tu d o n o r m a l ,
excepto, talvez, o cenário
à sua volta. Depois do
assalto ao Capitólio, por
apoiantes de Trump, a 6 de
Janeiro, que terminou com
cinco mortes, as autorida-
des federais aumentaram
ainda mais a segurança em
torno da cerimónia de
posse. As ameaças suce-
deram-se, com grupos de
ext re m a - d i re ita e p ró -
Trump a prometerem
acções armadas.
Da responsabilidade do
Secret Service, a agência
que garante a segurança
dos Presidentes e altos qua-
dros do Estado americano,
a operação contou, desta
vez, com o apoio da Polícia
de Wa shington D C e da
Guarda Nacional. Foram 25
mil os guardas nacionais,
que na última semana che-
garam à capital federal -
e m 2 0 1 7 f o ra m 8 . 0 0 0 a
garantir a segurança na
posse de Trump.
O Pentágono deu ordem
Responder à pandemia
Mal se declarou vencedor das
presidenciais de 3 de Novem-
bro, Joe Biden logo começou
a trabalhar, para encontrar
uma solução para a pandemia
de Covid-19. Criou uma “Força
Tarefa” para gerir aquela que
muitos consideram ter sido a
pior resposta dada pela Admi-
nistração Trump. O Presidente
cessante começou por negar
os efeitos do que chamou de
"gripe da China", recusando
usar máscara em público e
continuando com os comícios,
mesmo quando as autorida-
des de saúde recomendavam
distanciamento social. E nem
quando ele próprio ficou
infectado pareceu recuar.
DR
Agora, organizar a campanha
de vacinação é a prioridade
de Biden, empenhado em
gerir a produção, distribuição
e administração das centenas
de milhões de doses capazes
de proteger os americanos.
Os EUA são o país com
mais casos, no total, no
mundo: perto de 25 milhões
de infectados. E para tentar
cumprir a sua promessa de
cem milhões de vacinados,
nos primeiros cem dias da
sua Administração, a equipa
d e B i d e n va i ga sta r m i l
milhões de dólares, numa
campanha publicitária para
convencer os americanos a
se vacinarem.
Salvar a economia
E se a saúde é a primeira a
sofrer com a Covid-19, a eco-
nomia vem logo a seguir. Para
tentar amenizar os efeitos da
pandemia, Biden já anunciou
um ambicioso plano de recu-
peração de 1,9 biliões de dóla-
res, que inclui 400 mil milhões,
para acelerar o plano de vaci-
nação, aumentar os subsídios
de desemprego e expandir
os orçamentos dos estados
e das cidades mais afectadas
pela pandemia.
Com maioria em ambas
as câmaras do Congresso -
depois de uma espectacular
vitória dos dois candidatos
democratas ao Senado,
numa segunda volta na
Geórgia -, o Presidente
democrata tem agora mais
hipóteses de ver os seus
planos aprovados. Mesmo
se as margens mínimas - no
Senado a maioria democrata
depende do voto da vice-
presidente Kamala Harris -
podem deixar o sucesso ou
fracasso da Administração
Biden nas mãos de alguns
senadores moderados, que
podem não concordar com
medidas mais radicais. Os
números do desemprego
mostram bem o impacto da
pandemia na economia ame-
ricana. Em Janeiro de 2020,
andavam pelos 3,6%, em
Julho chegaram a um
recorde de 14,7% e o ano
termina com 6,7% de desem-
pregados. Apesar de tudo,
a e co n o m i a a m e r i ca n a
parece estar a recuperar
mais rapidamente do que
muitas das europeias. E as
previsões para 2021 são de
um crescimento de cerca
de 4%, depois da contração
de 2,5% em 2020.
A manter-se este cenário,
e se uma terceira vaga de
Covid-19 não estragar os pla-
nos, o Presidente Biden
espera mesmo apresentar
um pacote de recuperação
a longo prazo, logo em Feve-
reiro ou mais para meio do
ano, que vai investir na
reforma da saúde, mas tam-
bém na educação, infra-estru-
turas e energias limpas, tudo
financiado pelo aumento
dos impostos às empresas
e aos mais ricos.

Uma América mais verde

sucesso é agora o sucesso do
país. Estou a torcer por si.
Boa sorte. George." Quando,
quarta-feira, o democrata
Biden jurou sobre a Bíblia,
o antecessor republicano
nem sequer esteve no Capi-
tólio a assistir à cerimónia.
É esta América, mais divi-
dida do que nunca, que
Biden, o segundo católico
Presidente, herda, tornando
os seus primeiros meses na
Casa Branca um desafio
ainda maior do que é habi-
tual. Ou vários desafios, que
começaram pela própria
tomada de posse.
para que alguns militares
estivessem armados, como
se viu pelas imagens de
homens com espingarda e
semiautomáticas em torno
do Capitólio. Uma das prin-
cipais tarefas das forças de
segurança era garantir que
as restrições à circulação
fo ss e m re sp e itad a s . Os
americanos foram acon-
selhados a não se deslocar
para a capital e o próprio
Joe Biden, que, na segunda-
feira, devia fazer a viagem
de comboio desde o seu
estado do Delaware (como
fez todos os dias nas longas
décadas em que foi sena-
dor) acabou por desistir,
por motivos de segurança.
No Capitólio e no Mall,
o cenário foi muito diferente
das tomadas de posse ante-
riores. As cadeiras estive-
ram espaçadas, os rostos
cobertos de máscaras e a
multidão de apoiantes que
se costuma juntar na
imensa alameda, que vai
do Capitólio ao monumento
a Lincoln, não se viu.
Afinal, estamos em
plena pandemia de Covid-
19, que já fez mais de 400
mil mortos nos EUA.
Voltar a colocar os Estados
Unidos no Acordo de Paris,
logo no primeiro dia como
Presidente. Esta foi uma das
promessas de Joe Biden
durante a campanha, com
o novo Presidente democrata
a fazer do ambiente e da luta
contra as alterações climá-
ticas uma das bandeiras da
sua presidência. Aqui, não
podia estar mais em con-
traste com Trump. Após qua-
tro anos de Administração
Trump, "o impacto nas emis-
sões foi significativo, mas
os decretos presidenciais
(que anularam várias medi-
das de protecção ambiental)
foram apenas uma parte",
explicou à Axios Trevor Hou-
ser, especialista da empresa
de investigação Rhodium
Group. Para ele: "O maior
impacto foram quatro anos
de políticas federais desper-
diçadas." Para Biden, o objec-
tivo imediato é conseguir uma
rede eléctrica livre de carbono,
até 2035 - actualmente, dois
terços da electricidade dos EUA
provém de fontes como o gás
natural e o carvão. A mais longo
prazo, o objectivo seria uma
economia 100% livre de car-
bono, até 2050. Hoje, 80% da
energia consumida nos lares
americanos é produzida através
de gás natural ou carvão. São
medidas radicais que terão de
enfrentar a fúria de lóbis pode-
rosos para se concretizarem.
8 SOCIEDADE Domingo
24 de Janeiro de 2021

ONTEM, NO HOSPITAL DO KAPALANGA, EM VIANA

Homem esfaqueado por menor

sofreu 37 lesões e já teve alta
Além das 28 lesões profundas, havia outros ferimentos leves na cabeça, orelhas e rosto que totalizaram 37 lesões, feitas
por arma branca, o que causou ao homem a perda de muito sangue e obrigou a transfusão sanguínea em três ocasiões
Alexa Sonhi|
O homem de 55 anos, esfa-
queado por uma menor de
17 anos, a 11 do corrente mês,
na residencial Pátio de Viana,
até então internado no Hos-
pital do Kapalanga, recebeu,
ontem, alta médica, 12 dias
depois de suturadas as 37
lesões e não apenas 28, como
foi anunciado, provocadas
por arma branca, apurou o
Jornal de Angola.
O director-geral do Hos-
pital do Kapalanga, Luís
Domingos, disse, ao Jornal
de Angola, que o indivíduo
chegou ao Banco de Urgência
em estado crítico, devido às
profundas e várias lesões que
teve no corpo, que chegaram
a comprometer o coração e
o pulmão do lado esquerdo.
Especialista em Cirurgia
geral, que tratou do paciente,
informou que, além das 28
lesões profundas, havia
outros ferimentos leves na
cabeça, orelhas e rosto, que
totalizaram 37 lesões, o que
causou a perda de muito san-
gue e obrigou à transfusão
em três ocasiões.
O paciente fez duas para-
gens respiratórias, disse o
médico, sublinhando que o
coração encheu-se de sangue
na sua bolsa pericardiáca,
o que estava a causar algu-
mas paragens cardíacas.
Deste modo, fez-se a dre-
nagem do sangue, suturou-
se a lesão, tendo culminado
com o controlo do funcio-
namento cardíaco.
Já em relação ao pulmão,
o cirurgião explicou que
como este órgão foi profun-
damente comprometido,
levou mais tempo para ser
suturado, o que criou muitas
dificuldades respiratórias ao
paciente, superadas com a
Fachada principal do Hospital do Kapalanga e o seu director-geral, o médico Luís Domingos
ajuda de ventilador mecânico
e fortes drogas vasuativas.
O atendimento ao paciente
foi garantido por três espe-
cialistas que participaram na
cirurgia complexa, nomea-
damente o cirurgião geral, um
técnico instrumentista e téc-
nica anestesista, cujo trabalho
no bloco operatório durou pelo
menos quatro horas.
Ao longo de 12 dias que
esteve internado, de acordo
com o director-geral do Hos-
pital do Kapalanga, o paciente
teve uma boa evolução e
durante esse tempo foi sub-
metido a sessões de fisiote-
rapia respiratória, com recurso
à administração de antibió-
ticos de largo espectro.
Psicólogo forense garante à adolescente consultas grátis
A adolescente de 17 anos, acusada de
esfaquear Jacinto Keta Macanga, 55
anos, com 37 golpes em várias partes
do corpo, vai beneficiar de acompanha-
mento psicológico, garantiu ao Jornal
de Angola o especialista em Psicologia
forense, Fernando Manuel.
O também subcomissário do Serviço
Penitenciário disse que a adolescente
precisa de acompanhamento especia-
lizado e o seu consultório, composto
por vários especialistas em Psicologia,
está disponível para proporcionar con-
sultas grátis.
Fernando Manuel predispõe-se a
ajudar a adolescente por forma a que
possa ver minimizados eventuais trans-
tornos mentais resultantes da agressão
EDIÇÕES NOVEMBRO Mãe diz que a menor foi de violação sexual é punido,
desflorada pelo agressor nos termos da lei, com uma
Contactada pelo Jornal de pena de prisão que vai de dois
Angola , a mãe da adoles- a oito anos. Jacinto Macanga
cente, acusada de esfaquear pode responder criminal-
o homem de 55 anos, disse mente perante o tribunal,
que a filha não namorava pelo crime de violação sexual
com o agressor e desconfiava de forma continuada.
que ela não estava bem psi- O jurista sublinha que pelo
cologicamente, na medida facto de a menina ter o martelo
em que em algumas ocasiões e a faca como instrumentos
alegava sentir dores, mas para se defender, pode ser
longe de pensar que sofria considerado como uma causa
abusos sexuais. que exclui a ilicitude e a culpa
“Uma miúda de 17 anos a da menina. Automaticamente,
namorar com um homem de a lesão corporal infringida ao
55?. Ainda bem que o pior não seu agressor, como está acom-
aconteceu. Este senhor tirou panhada de um facto justi-
a virgindade da minha filha”. ficável, não será classificado
Uma amiga da adolescente como crime .
disse, ao Jornal de Angola, O porta-voz do Comando
que no ano passado, tomou Provincial de Luanda da Polí-
conhecimento através da cia Nacional, inspector-chefe,
vítima que ela sofria abusos Nestor Goubel, garantiu que
sexuais, mas solicitou silên- o caso está a ser investigado
cio com medo do agressor pela corporação e apelou aos
que, em várias ocasiões, pro- familiares no sentido de con-
meteu matar a sua mãe, caso versarem de forma regular
fosse denunciado. com os filhos e tentarem
O jurista Alberto Tchi- saber junto destes as suas
tunda considera que o crime preocupações.
e do homicídio frustrado que cometeu períodos vividos com o agressor sexual.
sobre a vítima. Na perspectiva psico-forense, disse,
O especialista em Psicologia forense pode-se estar perante um caso de sín-
disse que a adolescente apresenta um drome de mulher espancada, ou seja,
comportamento carregado de ódio vis- espancamento psicológico e sexual,
ceral. O alto nível de descontrolo emo- onde durante muito tempo foi vítima
cional ficou reflectido no número de de várias sevícias, tendo causado trans-
facadas desferidas no corpo do suposto torno de personalidade.
agressor sexual, após alteração do estado A vítima esquece todos os momentos
emocional. “Por isso, partiu para agressão bons passados e disparou com todas as
física”, ilustrou. armas que possuía, passando de vítima
Fernando Manuel explicou que os actos à ofensora, na medida em que os abusos
humanos são sempre resultados de pro- sexuais constantes levaram a adolescente
cessos mentais, alterações emocionais, a desenvolver um comportamento psico-
desejos e ambições, destacando que a patológico que carece de avaliação
adolescente estava desesperada porque forense, vaticinou o especialista.
suportou vários abusos sexuais e foi acu-
mulando ódio decorrente dos vários André da Costa

EMPRESA DE RESÍDUOS NO HUAMBO lhadora da empresa (FEAF), FEAF, prometeu falar sobre privada, contratada pela
disse não compreender a o assunto dentro de dias, Administração Municipal do
situação, por isso apela ao mas informou que a situação Huambo. Presta serviço de

Trabalhadores sem bom senso do proprietário

da empresa no sentido de
efectuar o pagamento dos
salários. Sublinhou que ,
está a ser regularizada. “Re-
conhecendo estar em falta
para com os trabalhadores
há três meses".
limpeza e recolha de resíduos
sólidos. O administrador do
município, João Calão Figuei-
redo, descartou qualquer res-

salários há três meses

Justino Victorino | Huambo
Em declarações à imprensa,
honrar os seus compromissos,
apesar do atraso do orde-
nado, os trabalhos de lim-
peza e recolha de lixo da
cidade do Huambo conti-
nuam a ritmo normal.
A FEAF é uma empresa ponsabilidade sobre o assunto.

DR

os funcionários disseram que sobretudo de pagamento da “Estamos totalmente dis-

Os trabalhadores da empresa
FEAF, prestadora de serviço
de manutenção e sanea-
mento básico da cidade do
Huambo, não recebem os
salários desde Outubro do
ano passado e ponderam
paralisar a actividade, mas
tudo dependerá do pronun-
ciamento da entidade empre-
gadora acerca do assunto.
tem sido uma constante o
atraso de pagamento de salá-
rios, advertindo que, desta
vez, o nível de saturação atingiu
o limite, por estar a causar
“enormes constrangimentos
no seio das famílias.
Os trabalhadores, em jeito
de súplica e desespero, pedem
que a entidade empregadora
pague os meses em atraso,
para que possam, também,
renda de casa e propinas nas
escolas dos filhos nas escolas
co-participadas.
“Há colegas com dívidas
até nas cantinas, que estão a
passar por humilhação. Infe-
lizmente, até ao momento,
não há pronunciamento da
direcção da empresa. O que
dizem sempre é que temos
que aguardar e nada mais”.
Clementina Pires, traba-
poníveis para trabalhar, mas
precisamos, também, de ser
compensados pelo esforço,
que passa pelo pagamento
do salário. Temos família
para sustentar”, desabafou
um dos trabalhadores, que
preferiu não se identificar.
Situação será regularizada
Em contacto com um dos
responsáveis da empresa Recolha de resíduos sólidos no Huambo corre o risco de parar
SOCIEDADE Domingo
24 de Janeiro de 2021
CUANZA-NORTE
A existência de áreas minadas tem sido um entrave para a implementação de projectos
Desminagem permite instalação
de projectos de água e energia
Ministro da Energia e Águas recebeu, ontem, em Ndalatando,
certificados que confirmam a conclusão dos trabalhos de
desminagem nas zonas indicadas
Manuel Fontoura | Ndalatando
O ministro da Energia e
Águas, João Baptista Borges,
recebeu, ontem, em Ndala-
tando, os certificados que
confirmam a conclusão dos
trabalhos de desminagem
nas zonas indicadas para a
instalação de projectos de
água e energia em algumas
localidades da província do
Cuanza-Norte.
Trata-se da zona onde
vai ser construído o novo
sistema de captação e dis-
tribuição de água para a
cidade de Ndalatando, a par-
tir do rio Lucala, 36 quiló-
metros a Leste, assim como
os traçados para a montagem
das torres de energia eléctrica
para abastecer as sedes
municipais de Bolongongo,
Banga e Ngonguembo.
O traçado da conduta adu-
tora entre Lucala e Ndalatando,
propriamente na Montanha
da Santa Isabel, tem uma
extensão de 42,570 quilóme-
tros. A equipa de desminagem
recolheu dois engenhos
explosivos não detonados e
4.347 metais diversos.
De acordo com João Bap-
tista Borges, para o abaste-
cimento de água à cidade de
Ndalatando, é necessário
tirar a água do rio Lucala, à
luz de um projecto que está
a ser desenvolvido pelo
REFORMAS PRESIDIDAS PELA COMISSÃO DE GESTÃO
62 pastores entram em acção na IURD
Alberto Quiluta
Ao todo, 62 pastores e 23
conselheiros da Igreja Uni-
versal do Reino de Deus em
Angola entraram em funções,
a partir de ontem, em Luanda,
depois da cerimónia de
tomada de posse, orientada
pela Comissão de Reforma,
Banco Mundial, com prazo
de execução de 30 meses e
que segue o curso normal.
Devido à escassez deste
bem na Estação de Trata-
mento, em Ndalatando, disse,
o actual sistema de abaste-
cimento, a partir do rio
Mucari, com capacidade de
cerca de 30 metros cúbicos
por segundo, deverá ser
reforçado para 80, com base
na construção de furos arte-
sianos e da limpeza do leito
do rio Mucari.
Segundo o ministro, este
começa a ser desenvolvido
nas próximas semanas, mas
disse tratar-se de uma solu-
ção intermédia que possa
minimizar a escassez de água
em Ndalatando, até que o
projecto de captação no
Lucala seja concluído.
Neste momento, disse,
para além da montagem do
estaleiro por parte do emprei-
teiro, deverão, igualmente,
ser adiantadas algumas fases
do projecto, como a insta-
lação da conduta adutora,
que pode ser feita o mais
rapidamente, enquanto se
constroem as estações de
captação e tratamento.
Para o ministro, embora
ainda não se note, no terreno,
os trabalhos já tiveram início,
do ponto de vista de estudos
e de projectos executivos,
faltando apenas o arranque
que neste momento controla
mais de 200 templos em todo
o país.Na ocasião em que
foram também empossados
os pastores das outras pro-
víncias, ausentes devido à
Covid-19, o bispo Valente
Bizerra Luís disse ser algo
que nunca aconteceu a nível
da IURD, tendo anunciado
EDIÇÕES NOVEMBRO
da montagem do estaleiro e
os outros trabalhos comple-
mentares que, tudo indica,
acontecerão em Fevereiro.
Electricidade nos
municípios
João Batista Borges informou
que os trabalhos para a elec-
trificação da sede municipal
de Bolongongo deverão ter-
m i n a r e m Feve re i ro ,
enquanto para a Banga e
Ngonguembo estão previstos
para até final do ano.
O principal constrangi-
mento, disse, tem sido a des-
minagem, que tem que ser
feita, uma vez que as linhas
passam em zonas que podem
estar minadas.
Orçado em 22,6 milhões
de dólares e co-financiado
pelo Banco Mundial, o pro-
jecto para a construção do
novo sistema de abasteci-
mento de água potável à
cidade de Ndalatando, a partir
do rio Lucala, enquadra-se
no Programa de Investimen-
tos Públicos (PIP) do Minis-
tério da Energia e Águas.
O lançamento da pedra
para a sua construção, em
Agosto do ano passado, coube
ao governador da província
do Cuanza-Norte, Adriano
Mendes de Carvalho.
A empreitada está a cargo
da empresa chinesa Qingdao
Installation Co.Ltd.
para o mês de Fevereiro a rea-
lização da Assembleia-Geral
Ordinária da congregação.
No evento, a Comissão de
Gestão cessará as suas funções
e deverá ceder a responsa-
bilidade dos destinos da ins-
tituição religiosa aos órgãos
sociais que serão eleitos, à
luz do estatutos da IURD.
“ZUNGA PÃO RIMA COM ASFALTO”
Livro em homenagem
às zungueiras à venda
Manuel Albano
Uma sessão de autógrafos e
venda do livro intitulado
“Zunga pão rima com asfalto”,
produzido e editado por um
grupo de jornalistas ligados
ao Jornal de Angola, em home-
nagem às mulheres zunguei-
ras, realizou-se, ontem, na
portaria da Rádio Nacional
de Angola (RNA).
Cinco das oitos zungueiras,
nomeadamente, Fernanda
Narciso, Serafina Chilombo,
Juliana Lucas, Júlia Chipuka
e Fernanda Migi, cuja história
de vida foi retratada no livro,
fizeram-se presente na sessão,
assim como o coordenador-
geral do projecto, o jornalista
Luís Fernando. O livro está a
ser comercializado ao preço
de cinco mil kwanzas.
Em formato de revista e
com recurso intensivo à foto-
grafia, como modo de expres-
Livro está a ser comercializado ao preço de cinco mil kwanzas
DENOMINADO “PROCURA”
Criado aplicativo para busca
de pessoas desaparecidas
João Pedro
Um aplicativo criado pela
empresa Zulumukainvest,
denominado “Procura”, com
intuito de localizar pessoas
desaparecidas, sobretudo
crianças e adolescentes, está
disponível para download
gratuito na Play Store e com
uma página no Facebook.
O dispositivo foi criado com
base em várias denúncias diá-
rias de pessoas desaparecidas
que aparecem nas redes sociais.
A responsável do projecto,
Madalena Miguel, disse que a
ideia surge para promover e
divulgar informações úteis,
ajudar a solucionar os casos
de desaparecimento para,
depois, actuar em parceria
com as autoridades policiais.
Considerou o projecto uma
mais-valia visto que, cada vez
mais, as pessoas ultimamente
utilizam as redes sociais e com-
partilham informações ao se
aperceber de algo que acon-
tece na comunidade. Subli-
nhou que o aplicativo pode
são, a obra é o resultado do
trabalho de uma equipa inte-
grada por 23 profissionais do
Jornal de Angola, entre repór-
teres, editores de arte, desig-
ners e fotógrafos.
O livro viaja pelo quoti-
diano de oito mulheres de
diferentes idades, locais de
nascimento e sonhos de vida,
irmanadas no propósito de
garantir a própria sobrevi-
vência e a dos seus, através
da venda ambulante de pro-
dutos diversos, na agitada e
superpovoada Luanda.
Um milhão de kwanzas
foi o valor atribuído a cada
uma das oitos zungueiras
retratadas no livro “Zunga
pão rima com asfalto”.
Em declarações ao Jornal
de Angola, as ex-zungueiras
agradeceram o gesto do patro-
cinador, e esperam que exem-
plos similares se estendam a
outras instituições.
CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO
ser utilizado a nível nacional
e torna-se fácil a localização
da pessoa perdida.
“É fácil utilizar o aplica-
tivo e cada utilizador pode
inserir ou fazer uma denún-
cia da pessoa desaparecida
ou encontrada. A plataforma
vai permitir criar uma rede
de cooperação e solidarie-
dade com as famílias e víti-
mas na busca de solução
para este mal”, precisou
Madalena Miguel, responsável pelo projecto informático
9
DETIDO
DR
Igreja demarca-se do homem
que está a contas com a Justiça
Pastor violador
sem vínculo
com a IMUT
O suposto pastor que abusou
sexualmente uma criança de
quatro anos, no passado dia
13, no bairro Kiwica, arredores
da cidade do Soyo, na província
do Zaire, cuja matéria foi dada
à estampa na edição do Jornal
de Angola do dia 20, não é da
igreja “Mensagem do Último
Templo, segundo informou,
a instituição religiosa visada.
De acordo com o docu-
mento, a Igreja “Mensagem do
Último Tempo” (IMUT) escla-
rece que no município do Soyo
apenas existem oito paróquias
e que estão devidamente cadas-
tradas pela Direcção Municipal
da Cultura.
A IMUT está implantada
em todo o território nacional,
desde 1986 e conta, actual-
mente, com mais de 80 mil
fiéis, tendo sido reconhecida
pelo Estado angolano em
1996, mediante o Decreto
Executivo número 40/96 de
19 de Julho.
Ao asseverar que muitas
famílias angolanas enfrentam
este problema, Madalena
Miguel disse que o dispositivo
surge como solução que vai,
de certo modo, aliviar a dor
de muitas famílas.
Para melhor articulação
de casos de desaparecimento,
a empresa Zulumukainvest
pretende estabelecer parceria
com a Polícia Nacional e o
Instituto Nacional da Criança
(INAC), instituições que, dia-
riamente, lidam com muitos
destes casos.
Através deste aplicativo,
os agentes podem fazer uma
busca rápida no banco de
dados existente.
CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕESNOVEMRO
10 MUNDO
ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS
Portugueses escolhem
hoje o Chefe de Estado
Marcelo Rebelo de Sousa tenta a reeleição em tempo de pandemia da Covid-19,
frente a sete candidatos ao Palácio de Belém
Os portugueses vão hoje às
urnas para eleger o Chefe de
Estado, entre sete candidatos.
O Presidente Marcelo Rebelo
de Sousa surge como favorito
e tem praticamente garantida
a eleição mesmo que a abs-
tenção possa chegar, como
se prevê, a uns impressio-
nantes 60 por cento, de
acordo com a mais recente
sondagem da Aximage para
o DN, JN e TSF.
Diante da explosão de
casos da Covid-19, que fez
Portugal ocupar o primeiro
lugar no mundo em novos
casos no que diz respeito à
p o p u l ação , n ão h o uve
nenhuma manifestação na
sexta-feira, último dia da
campanha eleitoral.
O Estado de Emergência
sanitária instalado em
Novembro e o segundo con-
finamento geral, decretado
há uma semana, não per-
turbaram o calendário elei-
toral do país, fixado em lei
e inalterável.
O Ministério da Adminis-
tração Interna reiterou, sexta-
feira, que estão garantidas
para o exercício do direito de
voto nas eleições presidenciais
todas as condições sanitárias
impostas pelas autoridades
da Saúde e de fiabilidade do
sistema eleitoral.
Em comunicado, o Minis-
té r i o d a Ad m i n i st ração
Interna refere que no actual
contexto de pandemia da
Covid-19 e de Estado de
Emergência em Portugal
“não tem precedentes” na
história da democracia por-
tuguesa o planeamento deste
acto eleitoral.
Comissão Nacional Eleitoral garante segurança da votação
O presidente da Comissão
Nacional de Eleições (CNE)
considerou que votar nas elei-
ções presidenciais “é seguro”
e pediu aos eleitores que se
informem antecipadamente
em que local exercem o direito
de voto.
As posições foram trans-
mitidas pelo juiz conselheiro
Soreto de Barros, durante
uma conferência de imprensa,
que se realizou quinta-feira,
na Assembleia da República,
e que se destinou a dar garan-
tias de condições de segurança
em relação ao acto eleitoral
de hoje.
“Num ambiente de justo
receio e também de medo,
por vezes pouco racional,
vamos pela décima vez ele-
ger o Presidente da Repú-
blica. É seguro votar, desde
que se cumpram as regras
já conhecidas de distância
física, uso de máscara, desin-
fecção e etiqueta respirató-
Grupo de eleitores votou em antecipação devido ao Estado de Emergência e confinamento
Um planeamento que
visou manter “os níveis de
fiabilidade que caracterizam
o sistema eleitoral português,
ao mesmo tempo que asse-
gura o cumprimento de
todas as regras sanitárias
impostas pelas autoridades
de Saúde”, salienta.
Em relação às condições
para o exercício do direito
de voto, o Governo aponta
que, na sequência de alte-
ra ç õ e s l e g i s l at iva s q u e
e n t ra ra m e m v i g o r e m
Novembro passado, há agora
a possibilidade “de desdo-
bramento das assembleias
de voto das freguesias com
um número de eleitores sen-
sivelmente superior de mil
eleitores, quando anterior-
mente eram 1.500”. “Serão
constituídas 12.450 secções
ria”, declarou.
O presidente da CNE defen-
deu depois que o acto de votar
“não tem os riscos da ceia de
Natal ou de outras confrater-
n i za çõ e s , co m p o r ta n d o
mesmo menos riscos do que
ir às compras”.
“O minutinho em frente
ao presidente da mesa de
voto, perto de dois metros de
distância, parece bem mais
seguro do que os muitos minu-
tos em frente à caixa depois
de se ter tocado em bens já
manuseados. Mesmo assim
tem receios de contágio por-
que, apesar da desinfecção
das mãos, o presidente da
mesa toca no seu cartão de
cidadão, então pode levar
uma saqueta plástica trans-
parente e fechar nela o seu
cartão”, sugeriu.
O presidente da CNE deixou
também algumas recomen-
dações aos cidadãos, dizendo
que “votar é ainda mais seguro
de voto, 12.273 em território
nacional e 177 no estrangeiro,
o que corresponde ao empe-
nhamento de 62.250 mem-
bros de mesa”, aponta-se
no comunicado.
Neste ponto, o Ministério
da Administração Interna
recorda que, no passado
domingo, para o voto ante-
cipado em mobilidade, foram
constituídas 675 secções de
voto. No plano da segurança
sanitária do acto eleitoral,
o G ove r n o a d i a n ta q u e
“foram adquiridos e distri-
buídos equipamentos de
protecção individual num
total de 120 toneladas de
material profilático”.
As autoridades advertem,
ainda, que os eleitores deve-
rão adoptar quatro medidas
essenciais: utilizar máscara;
se todos não forem ao mesmo
tempo”, ou seja, se for possível
“evitar ajuntamentos”.
“Ajuntamento é igual a
espera, espera é igual a impa-
ciência e impaciência leva à
imprudência”, advertiu.
O juiz conselheiro apelou
ainda para que os eleitores
se assegurem previamente
onde vão votar, “uma vez que
houve algumas mudanças
com o aumento substancial
do número de mesas”.
Naconferência de
imprensa, o presidente da
CNE sustentou também que
as diferentes candidaturas
presidenciais, “vencendo as
dificuldades impostas pela
pandemia, puderam apre-
sentar sem qualquer outro
constrangimento os seus pro-
gramas, sendo de relevar neste
ponto o insubstituível papel
da comunicação social”.
“A circunstância da eleição
se realizar na data prevista é,
DR
manter a distância de segu-
rança enquanto aguardam
pela sua vez de votar; desin-
fectar as mãos; e utilizar
caneta própria.
Cerca de 9,8 milhões de
eleitores foram cadastrados,
1,5 milhão deles no exterior.
Concorrem às eleições
presidenciais sete candidatos,
Marisa Matias (apoiada pelo
Bloco de Esquerda), Marcelo
Rebelo de Sousa (PSD e
CDS/PP), Tiago Mayan Gon-
çalves (Iniciativa Liberal),
André Ventura (Chega), o
ex-militante do PS Victorino
Silva, mais conhecido por
Tino de Rans e presidente
do RIR - Reagir, Incluir, Reci-
clar, João Ferreira (PCP e
PEV) e a militante do PS e
e x - e u ro d e p u t a d a A n a
Gomes (PAN e Livre).
em si, um valor”, frisou, antes
de fazer uma referência aos
poderes da CNE perante os
actos eleitorais.
“A CNE não faz as regras
da eleição, nem as organiza.
A Assembleia da República
tem o exclusivo da feitura
dessas regras. As câmaras
municipais e as juntas de Fre-
guesia asseguram a sua orga-
nização prática. É um trabalho
exigente”, disse.
Por isso, a CNE, “embora
valorizando as opiniões nega-
tivas e queixas dos cidadãos,
já teve a oportunidade de
chamar a atenção para o
enorme esforço de todos
quantos contribuíram para
pôr de pé esta eleição, com
destaque para os presidentes
de câmaras e de juntas de fre-
guesia, bem como para os
demais eleitos dos órgãos de
autarquias locais e os traba-
lhadores que os coadjuvaram”,
acrescentou.
NORTE DA ETIÓPIA
Casos de violência sexual
denunciados em Tigray
As Nações Unidasdeclararam,
sexta-feira, que receberam
“relatos perturbantes” de vio-
lência sexual e de abuso na
região de Tigray, no Norte da
Etiópia, onde uma operação
militar foi lançada pelo Governo
em Novembro último. Segundo
a Efe, os relatos incluem tes-
temunhos de pessoas que
foram forçadas a violar mem-
bros da família e mulheres que
foram forçadas a ter relações
sexuais para obterem “bens
de primeira necessidade”.
“Estou muito preocupada
com as alegações graves de
violência sexual na região de
Tigray, na Etiópia, nomea-
damente com um grande
número de presumíveis vio-
lações”, na zona de Mekele,
a capital regional, declarou
a representante especial do
Secretário-Geral da ONU para
a Violência Sexual em Con-
flitos, Pramila Patten. “Apelo
a todos os actores envolvidos
nas hostilidades em Tigray
para que adoptem uma polí-
tica de tolerância zero em
relação aos crimes de vio-
lência sexual”, afirmou.
O Governo etíope, lide-
rado pelo Prémio Nobel da
Paz de 2019, Abiy Ahmed,
lançou no passado dia quatro
de Novembro uma ofensiva
militar contra as autoridades
dissidentes em Tigray, da
Frente de Libertação Popular
de Tigray (TPLF), com as
quais as tensões vinham a
aumentar há largos meses.
Abiy Ahmed declarou a vitó-
ria em 28 de Novembro, após
a tomada a capital regional,
Mekele.
A Organização Interna-
tional Crisis Group (ICG)
comunicou a ocorrência de
“vários milhares de mortes
em combate”, mas não há
PÂNICO NO CENTRO DE MOÇAMBIQUE
Ciclone Eloise causa
três mortos na Beira
Pelo menos três pessoas
morreram durante a passa-
gem do ciclone Eloise pela
cidade da Beira, no Centro
de Moçambique, disseram,
ontem, à Lusa, moradores
de um dos bairros da cidade.
Duas pessoas foram atin-
gidas por paredes de habitações
que desabaram no bairro da
Munhava, enquanto um segu-
rança foi atingido por material
ferroviário arremessado pelo
vento, explicaram no local.
O levantamento dos pre-
juízos causados ainda não
estava concluído pelas auto-
ridades, uma tarefa dificultada
pelos cortes de electricidade
e telecomunicações em muitos
locais da cidade e arredores.
As empresas fornecedoras
dos serviços enviaram equi-
pas para o terreno para repor
as ligações. Sinais de des-
truição eram visíveis em
todas as ruas e vários bairros
alagados, com os residentes
Domingo
24 de Janeiro de 2021
números precisos disponíveis
e o Governo de Addis Abeba
mantém fortes restrições no
acesso à região.
Patten salientou na sua
declaração que “os centros
mé dico s enfrentam um
aumento na procura de con-
traceptivos de emergência
e de testes para doenças
sexualmente transmissíveis,
que são frequentemente indi-
cadores de violência sexual
em situações de conflito”.
A responsável apelou ao
pleno acesso humanitário à
região de Tigray, incluindo
aos campos de deslocados
e “campos de refugiados,
onde os recém-chegados
parecem ter denunciado
casos de violência sexual”.
O apelo diz respeito, em
particular, a “mais de cinco
mil refugiados eritreus no
Shire (localidade onde estão
localizados há anos campos
de refugiados do país vizi-
nho) e arredores, pessoas
que vivem em condições
ex t re m a s , m u i to s d o r -
mindo, de acordo com algu-
mas fontes, ao relento, sem
água ou comida”.
Patten referiu-se ainda
às condições de vida dos
mais de 59 mil etíopes que
se refugiaram no vizinho
Sudão. A administração pro-
visória em Tigray não esteve
imediatamente disponível
para comentários.
No início de Janeiro, a
estação de televisão estatal
etíope transmitiu um vídeo
de uma reunião em que um
homem não identificado,
com uniforme militar, se
manifestava preocupado com
as violações sexuais em
Mekele, não obstante a forte
presença “tanto da Polícia
federal, como local”.
a circularem com a água pela
cintura nalguns pontos, tes-
temunhou a Lusa.
Os estragos são imensos:
há destroços de diversos
materiais pelas ruas, por
causa dos telhados que foram
arrancados, árvores, postes
e estruturas de maior dimen-
são que tombaram.
Depois de entrar em terra
junto à cidade da Beira,
oriundo do Canal de Moçam-
bique, no Oceano Índico, o
ciclone Eloise perdeu inten-
sidade e regrediu para o grau
de tempestade moderada,
mas arrastava precipitação
muito intensa, avançando em
direcção ao Sul do Zimbabwe.
Depois de ter sido atingida
pelo ciclone Idai, em 2019 –
um dos mais devastadores
desde que há registo no Hemis-
fério Sul, provocando 603 mor-
tos em Moçambique -, a cidade
da Beira volta a estar no cami-
nho de intempéries.
Domingo
24 de Janeiro de 2021 11

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12
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REPÚBLICA DE ANGOLA
MINISTÉRIO DAS OBRAS PÚBLICAS E ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO
INSTITUTO GEOGRÁFICO E CADASTRAL DE ANGOLA
DEPARTAMENTO PROVINCIAL DO BENGO
EDITAL N.º 06/DPIGCA/BO/2021
Tendo, a Empresa SOCINIR – Comércio Geral & Prestação de Serviços, Lda., requerido uma parcela
de terra de (700 ha) SETECENTOS HECTARES, onde desenvolve a actividade Agricultura, localizada
na zona da Kicanga Tunga, Comuna do Quicabo, Município do Dande, Província do Bengo.
A parcela em causa tem as seguintes confrontações: a NORTE: com o rio Lifune; SUL: com terreno
de terceiro cadastrado; ESTE: terreno de terceiro não cadastrado; OESTE: o riacho Canguele.
São, por este meio, convocadas todas as pessoas singulares ou colectivas, que se julgarem com direito
sobre o mesmo terreno a virem comprová-lo neste Departamento do Instituto Geográfico e Cadastral
de Angola, no prazo de (30) Trinta dias a contar da data da publicação deste Edital.
DEPARTAMENTO PROVINCIAL DO INSTITUTO GEOGRÁFICO E CADASTRAL DE ANGOLA DO
BENGO, em Caxito, aos 16 de Dezembro de 2020.
O CHEFE DO DEPARTAMENTO
Eng.º ELIAS FRANCISCO DA SILVA
«Assistente de Investigação»
(1073)-D/2-1/1
REPÚBLICA DE ANGOLA
MINISTÉRIO DAS OBRAS PÚBLICAS E ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO
INSTITUTO GEOGRÁFICO E CADASTRAL DE ANGOLA
DEPARTAMENTO PROVINCIAL DO BENGO
EDITAL N.º 05/DPIGCA/BO/2021
Tendo, o Sr. JAIME KIALA SESSA, requerido uma parcela de terra de (1.438 m2) MIL QUATROCEN-
TOS E TRINTA E OITO onde pretende Construir uma Residência, localizada na Zona do Muceque
Quicoca, Comuna da Barra do Dande, Município do Dande, Província do Bengo. A parcela em causa
tem as seguintes confrontações: a NORTE: com picada de acesso; SUL: com terreno de terceiro;
ESTE: com terreno de terceiro; OESTE: com terreno de terceiro.
São, por este meio, convocadas todas as pessoas singulares ou colectivas, que se julgarem com direito
sobre o mesmo terreno a virem comprová-lo neste Departamento do Instituto Geográfico e Cadastral
de Angola, no prazo de (30) Trinta dias a contar da data da publicação deste Edital.
DEPARTAMENTO PROVINCIAL DO INSTITUTO GEOGRÁFICO E CADASTRAL DE ANGOLA DO
BENGO, em Caxito, aos 22 de Janeiro de 2021.
O CHEFE DO DEPARTAMENTO
Eng.º ELIAS FRANCISCO DA SILVA
«Assistente de Investigação»
(1073)-D/2-1/2
REPÚBLICA DE ANGOLA
MINISTÉRIO DAS OBRAS PÚBLICAS E ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO
INSTITUTO GEOGRÁFICO E CADASTRAL DE ANGOLA
DEPARTAMENTO PROVINCIAL DO BENGO
EDITAL N.º 04/DPIGCA/BO/2021
Tendo, o Sr. TIMÓTEO MATEUS DIOGO, requerido uma parcela de terra de (4 ha ) QUATRO HECTARES onde de-
senvolve a actividade Agropecuária, localizada na Zona do Wezo, Comuna do Tabi, Município do Ambriz, Província
do Bengo. A parcela em causa tem as seguintes confrontações: a NORTE: com terreno de terceiro; SUL: com terreno
de terceiro; ESTE: com terreno de terceiro; OESTE: com terreno de terceiro.
São, por este meio, convocadas todas as pessoas singulares ou colectivas, que se julgarem com direito sobre o
mesmo terreno a virem comprová-lo neste Departamento do Instituto Geográfico e Cadastral de Angola, no prazo de
(30) Trinta dias a contar da data da publicação deste Edital.
DEPARTAMENTO PROVINCIAL DO INSTITUTO GEOGRÁFICO E CADASTRAL DE ANGOLA DO BENGO, em Ca-
xito, aos 22 de Janeiro de 2021.
O CHEFE DO DEPARTAMENTO
Eng.º ELIAS FRANCISCO DA SILVA
«Assistente de Investigação» (1073)-D/2-1/3
NECROLOGIA Domingo
24 de Janeiro de 2021 13
RECORDAÇÃO CONDOLÊNCIAS FALECEU FALECEU

SONNY ANTONY DOWBOR

FÁTIMA JUNQUEIRA
DE CARVALHO
As pessoas especiais nunca nos deixam
por completo. Só quem conhece a dor
percebe o quanto é difícil. Tu partiste e
nos nossos corações nasceu um vazio,
uma dor sem fim. Que a tua alma descanse
em paz. Recordam-te Pedro de Carvalho
(esposo), Suzi, Dadinho, Zelí , Elsa,Hélio,
Pendinho, Cláudia (filhos), netos e bis-
netos. (1013)NMI-2/3
MÁRIO DOMINGOS PITRA
A Direcção da Smartchoice, Lda. comunica
o falecimento do Sr. Eng.º MÁRIO DOMIN-
GOS PITRA, sócio-fundador e Director
Comercial, ocorrido no dia 19/1/2021.
Neste momento de dor e luto, a Smart-
choice e todos os seus colaboradores
apresentam à família enlutada as suas
mais sentidas condolências.
(1021)NMI-2/2
AMÉRICO FISCHER
Foi com profunda mágoa, que Álvaro
Cardoso (Varito), Euclides de Brito, Jówil-
son, Victor Hugo, António Clara, Luís
Mascarenhas e demais amigos tomaram
conhecimento do passamento físico de
AMÉRICO FISCHER, companheiro de
longa data e de todas as horas. Neste
momento de luto, dor e tristeza apresentam
as mais sentidas condolências à família
enlutada. Que a sua alma descanse em
paz. (1087)NMI-1/1
Wojtek e Margarida Dowbor (pais) e demais familiares cumprem
o doloroso dever de comunicar o falecimento de SONNY ANTONY
DOWBOR, ocorrido no dia 17/1/2021, na África do Sul. O velório
teve lugar ontem, sábado, dia 23/1/2021. O funeral realiza-se
hoje, domingo, 24/1/2021, antecedido de Missa de corpo presente,
na Urbanização Boa Vida, às 9h00, seguindo para o cemitério
do Benfica, pelas 11h00. (823)NMII-56/6
RECORDAÇÃO
MARIA NGUDIANKAMA PEDRO (Edith)
Há um mês que partiste, a saudade não cabe em nossos corações, tudo
ficou cinzento. O teu sorriso, o teu abraço caloroso, a tua voz e a bondade
sem igual, foram das qualidades mais genuínas que tivemos oportunidade
de conhecer, mas tudo acabou. Tu nunca serás esquecida pelo teu
marido, irmãos, filhos, sobrinhos, netos e demais familiares, que te
vão amar para sempre. Mamã Edith! Que a tua alma descanse em paz,
ao lado do Senhor. (1009)-NMII-2/2

CONDOLÊNCIAS FALECEU FALECEU FALECEU

JOAQUIM PEDRO PAÍS CARLOS DA FONSECA

MENDES RIBEIRO
A ti amigo Mendes Ribeiro, colega e com-
panheiro, rendo a mais sigela homenagem,
pelos momentos por nós vividos, pelos
teus ensinamentos desta vida bela que
acabas de deixar, provocando-nos dor e
consternação. Neste momento de luto
Álvaro Cardoso (Varito) e família apresentam
as mais sentidas condolências à tua querida
e prestimosa família. Que a tua alma des-
canse em paz. (1085)NMI-1/2
MISSA
FIRMINO ANTÓNIO MENDES
RIBEIRO (Nito)
A família Mendes Ribeiro, Flora (esposa)
Marco, Cláudio, Tuka e Ary (filhos) têm
o doloroso dever de comunicar o pas-
samento físico do seu parente FIRMINO
ANTÓNIO MENDES RIBEIRO, (Nito)
ocorrido ontem, 22/ 01/2021, às 13h30,
por doença. O funeral será anunciado
em data oportuna. Paz à sua alma.
(1076)NM1-1/2
MISSA
AMÉRICO TOMÁS MENDES
FISCHER
Joana de Brito (tia), Tomásia de Brito,
Euclides de Brito, Elisabeth de Brito,
Júlia de Brito, Antero de Brito, Josefa de
Brito, Paula de Brito, Manuel de Brito
(primos) e de mais familiares participam
o falecimento de seu ente querido AMÉ-
RICO TÓMAS MENDES FICHER, ocorrido
no dia 21/01/2021, cujo funeral se realizará
em data a anunciar. Paz à sua alma.
(1075)NM1-1/2
FALECEU
Foi com profundo pesar e consternação que o Banco Millennium Atlântico
tomou conhecimento do falecimento do colaborador Joaquim Pedro País
Carlos da Fonseca. O colega Pedro Fonseca será sempre lembrado pelo
seu sentido de missão, entrega e forte compromisso institucional. A
Administração e colaboradores do Banco Millennium Atlântico apresentam
à família enlutada os mais profundos sentimentos de pesar.
RECORDAÇÃO FALECEU
ADELAIDE JOSÉ BUNGA CARLOS JAMBA CHIVEMBE
CABUNDI (Tia Anita)
Querida esposa, hoje faz 1 ano desde que A ADRA Antena Huambo comunica o
partiste. O teu esposo Pedro Sabino Cabundi, falecimento do seu trabalhador CARLOS
os teus pais, irmãos, filhos e netos sentem JAMBA CHIVEMBE, ocorrido no dia
a tua falta. O meu consolo é saber que estás 20/01/2021, por doença. O funeral rea-
em paz ao lado do Altíssimo, e que um dia lizou-se ontem, dia 23/01/2021, no cemi-
havemos de nos encontrar. (1046)NMI-1/1 tério de São Pedro. (1098)NMI-1/1

FALECEU FALECEU

MANUEL DIOGO FAUSTINO MANUEL DIOGO FAUSTINO ANTÓNIO GARRIDO

LOURENÇO(GENERAL KWANZA)
As famílias Lourenço, Chiandanda, e
Cerqueira comunicam que será rezada
Missa de 30 Dias, em memória do seu
querido MANUEL DIOGO FAUSTINO
LOURENÇO (General Kwanza), dia
25/01/2021, segunda-feira, às 08h00,
na Igreja São Carlos de Lwanga, sita no
Projeto Nova Vida. (500.0100)NMI-1/1
FALECEU
LOURENÇO(GENERAL KWANZA)
Rita Clementina Cerqueira Lourenço (esposa),
Emanuel Cassessa Cerqueira Lourenço, Sara
Aminata Cerqueira Lourenço Manuel, José Ale-
xandre Cerqueira Lourenço, e Diogo Norman
(Filhos), comunicam que será rezada Missa de
30 Dias, em memória do seu querido MANUEL
DIOGO FAUSTINO LOURENÇO (General
Kwanza), dia 25/01/2021, segunda-feira, às
8h00, na igreja São Carlos de Lwanga, sita no
Projecto Nova Vida.
(500.0100a)NMI-1/1
RECORDAÇÃO
FERREIRA
Esposa, filhos, sobrinhos, netos, noras
e demais familiares comunicam o fale-
cimento de seu ente querido ANTÓNIO
GARRIDO FERREIRA, ocorrido no dia
22/01/2021, por doença. O funeral rea-
lizar-se-á em data e local a anunciar.
(1084)NMI-1/2
FALECEU
FERNADO RAMOS TAVARES
FERREIRA
Teresa de Jesus Tati Ferreira (esposa),
Núria, Odair, Amélia, Jennifer e Olgário
(filhos) e netos e demais familiares cum-
prem o doloroso dever de comunicar o
falecimento do seu esposo, pai e avô
FERNANDO RAMOS TAVARES FERREIRA,
ocorrido no dia 22/01/2021, por doença,
cujo funeral se realizará em data a anunciar
oportunamente. (1082)NMI-1/2
FERNADO RAMOS TAVARES
FERREIRA
Ezequiel Almeida, Lindalva Almeida
(compadre e cunhada), Cesária, Stésio
e Yurik, cumprem o doloroso dever de
comunicar o falecimento do seu Esposo,
Compadre, Cunhado e Tio, FERNANDO
RAMOS TAVARES FERREIRA, ocorrido
no dia 22/01/2021 por doença, cujo o
funeral realizar-se-á em data a anunciar
oportunamente. (1082)NMI-1/4

FALECEU FALECEU

JOÃO MANUEL LOURDES TÂMARA CORREIA FERNADO RAMOS TAVARES

Ângela Maria (esposa) Alice, Luísa, Durão,
Magalhães, Yolanda, Dadinho e Vivi
(filhos) Gonçalves, Fátima, Maria e Dudu
( irmãos) comunicam o falecimento de
JOÃO MANUEL (Man Bata), cujo funeral
se realiza hoje, dia 24/1/2021, às 16 h00,
no cemitério do Benfica. O óbito decorre
no Bairro Popular, Rua do Pisca, Casa
n.º 112. Paz à sua alma. (1079)NM1-1/1
SERVIÇO NECROLÓGICO: DIAS ÚTEIS DAS 8H00 ÀS 15H00, SÁBADOS, DOMINGOS E FERIADOS DAS 900H ÀS 14H00
DA SILVA
LOURDES TÂMARA CORREIA DA SILVA,
os nossos corações choram a sua des-
pedida, viveremos em luto para sempre
e, sem medida. Ficam as lembranças
para contar como foi a tua vida, e restam
saudades para relembrar a falta que você
fará para a nossa família. Lembranças
dos pais , irmãos, avós, tios, primos,
sobrinhos e amigos.
(1045)NMI-1/1
FERREIRA
Cesária Almeida José, Adérito José e
filhos cumprem o doloroso dever de
comunicar o falecimento do seu tio,
padrinho e avô FERNANDO RAMOS
TAVARES FERREIRA, ocorrido no dia
22/01/2021, por doença, cujo funeral se
realizará em data a anunciar oportuna-
mente. (1082)NMI-1/8
FERNADO RAMOS TAVARES
FERREIRA
Ezequiel, Tino e Gugu (A Chefia) cumprem
o doloroso dever de comunicar o falecimento
do seu amigo FERNANDO RAMOS TAVARES
FERREIRA, ocorrido no dia 22/01/2021, por
doença, cujo funeral se realizará em data a
anunciar oportunamente. (1082)NMI-1/10
FERNADO RAMOS TAVARES
FERREIRA
Cesária Almeida, Stésio Almeida e Yurik
Almeida cumprem o doloroso dever de
comunicar o falecimento do seu tio, FER-
NANDO RAMOS TAVARES FERREIRA,
ocorrido no dia 22/01/2021, por doença,
cujo funeral se realizará em data a anunciar
oportunamente. (1082)NMI-1/6
14 NECROLOGIA Domingo
24 de Janeiro de 2021

FALECEU FALECEU FALECEU FALECEU

FERNANDO RAMOS TAVARES FERREIRA

Foi com profunda dor e consternação, que a Direcção de Admi-
nistração e Finanças da Marinha de Guerra Angola tomou o
conhecimento do passamento físico de Sr. Capitão de Mar e
Guerra FERNANDO RAMOS TAVARES FERREIRA, ocorrido no
dia 22 de Janeiro de 2021, por doença. Nesta hora de dor e luto,
os Oficiais Almirantes, Superiores, Tenentes de Navios, Subalternos,
Sargentos, Praças e Trabalhadores Civis inclinam-se perante a
memória do malogrado e apresentam à família enlutada, as mais MBIAVANGA ROGÉRIO MBALA AMÉRICO TOMÁS MENDES MARIA INÊS DE ALMEIDA
sentidas condolências. Que a sua alma descanse em paz. O funeral EMANUEL FISCHER MOREIRA
realizar-se-á em data a anunciar oportunamente.
(1092)-NMI-1/1 A família do malogrado Dr. MBIAVANGA Jovita, Lúcia, Isabel, António (Tony), Eurits, Victor, Alice e Pedro (filhos) cum-
ROGÉRIO MBALA EMANUEL informa Filomena (Mena), Fernando (Nando), prem o doloroso dever de comunicar o
que o seu funeral se realiza-se amanhã, Virgínia (Gina) e Pedro (Néné) comunicam falecimento de sua querida MARIA INÊS
segunda-feira, dia 25 de Janeiro de 2021, o falecimento do seu mui amado cunhado, DE ALMEIDA MOREIRA, ocorrido no
FALECEU às 12h00, no cemitério do Benfica. O AMÉRICO TOMÁS MENDES FISCHER, dia 22/01/2021, por doença. O funeral
velório realiza-se no espaço Maitete, ocorrido em Luanda. A data do funeral realiza-se no dia 26/01/2021, partindo
ELOY MIGUEL ANTÓNIO LUCAS bairro Patriota, (após as 3 casas gêmeas), será anunciada oportunamente. o préstito de sua residência, sita no
rua Vetangola. (1100)-NMI-1/2 (1099)-NM1-1/1 Gamek, para o cemitério do Camama,
Carlos Lucas, Irene Lucas, Isabel Lucas, Dulce Lucas, Odeth às 10h00. (1097)NMI-1/2
Lucas, Rosária Lucas, Filomena Lucas, Arlete Lucas, Eunice Lucas
(filhos), Conceição Lucas, Miguel Lucas, Joana Lucas, Domingas
Lucas, Fátima Lucas (irmãos), sobrinhos, sobrinhas, genros,
noras, netos e demais familiares cumprem o doloroso dever de FALECEU FALECEU RECORDAÇÃO
comunicar o passamento físico de ELOY MIGUEL ANTÓNIO
LUCAS, ocorrido no dia 21/ 01/2021, por doença. O óbito decorre
em sua residência, no Zango 1. O seu funeral realizar-se-á em
data a anunciar oportunamente. (1089)-NMII-1/1

RECORDAÇÃO
FIRMINO ANTÓNIO MENDES FIRMINO ANTÓNIO MENDES MANUEL MIRANDA
AMÉRICO TOMÁS MENDES FISCHER RIBEIRO (Nito Mendes Ribeiro) RIBEIRO (Nito Mendes Ribeiro)
A vida significa tudo, o que ela sempre
Um pai, um tio-avô e um amigo. Foste tudo isso para nós. Sempre
A família Mendes Ribeiro Flora (esposa), Flora Xavier Ribeiro (esposa), Marco, significou. Para nós o fio de amor não foi
alegre, sempre presente, sempre disposto e disponível. Não há
Marco, Cláudio, Petruska e Ary (filhos), Cláudio, Petruska e Ary (filhos) cumprem cortado. Não estás longe pai, estás somente
palavras para descrever o choque e a dor causados pela tua tão
Manico e Suzi (irmão e cunhado) e Mena o doloroso dever de comunicar o pas- do outro lado do caminho. O que eras
prematura partida. A angústia é imensurável. Como queríamos
(nora) cumprem o doloroso dever de samento físico de FIRMINO ANTÓNIO para nós, continuarás sendo. Seis meses
poder ver-te outra vez, ouvir a tua gargalhada e ouvir as histórias
comunicar o passamento físico de FIR- MENDES RIBEIRO (Nito Mendes Ribeiro), se passaram e nós recordar-te-emos
que tão entusiasmado contavas. As lembranças são muitas e
MINO ANTÓNIO MENDES RIBEIRO (Nito ocorrido no dia 22 de Janeiro de 2021. sempre com o melhor sorriso e a melhor
agora mais preciosas ainda. Que sejas recebido com uma salva
Mendes Ribeiro), ocorrido no dia 22 de O funeral realizar-se-á em data a anunciar das lembranças. Amamos-te para além
de palmas e que o teu lugar ao lado do Senhor seja tudo aquilo
Janeiro de 2021. O funeral realizar-se- oportunamente. (1094)-NM1-1/1 da vida. Da tua esposa Maria Isabel
que soubemos que mereces. Amamos-te. Mariko, Laura e Caly.
á em data a anunciar oportunamente. Miranda, os teus filhos, genros, noras e
(1099)-NMII-1/1
(500.0098)-NMI-1/1 netos. (500.0098)NM1-1/1

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REPÚBLICA DE ANGOLA
MINISTÉRIO DO INTERIOR
SERVIÇO DE PROTECÇÃO CIVIL E BOMBEIROS

COMUNICADO DE IMPRENSA
O Comando do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros comunica a todos os proprietários, gestores ou detentores de estabelecimentos, abrangidos pelo Decreto Presidencial 195/11, de 08 de Julho (Regime
Jurídico de Segurança Contra Incêndios) que, está em curso a substituição dos actuais Certificados de Segurança Contra Incêndios em uso, por outros com características e elementos de segurança que
visam evitar a sua falsificação.
Não obstante a pretensão manifestada no parágrafo anterior, informa-se às entidades abrangidas pelo presente comunicado que os Certificados de Segurança Contra Incêndios que ainda não tenham vencido
o prazo de validade, serão, para todos os efeitos, considerados conformes, até ao prazo referido no mesmo, data em que serão substituídos pelos novos modelos, após inspecção e confirmação da manutenção
das condições de segurança contra incêndios.
Salientamos, de igual modo, que o pagamento de taxas pelos serviços prestados ou de multas aplicadas por incumprimento das normas de segurança contra incêndios, bem como a entrega de quaisquer
outras gratificações financeiras, a qualquer título, ao Inspector de Prevenção em serviço, devem, unicamente, ser feitos na Conta Única do Tesouro (CUT), mediante apresentação de uma nota de pagamento
à ser emitida pelos órgãos de planeamento e finanças do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros, a distintos níveis, ficando proibido a entrega de valores, directamente ao agente actuante.
Por outro, para efeito de admissão à realização de inspecção em quaisquer instalações, o Bombeiro em serviço, deverá exibir uma notificação de inspecção ou documento equivalente e estar devidamente
fardado com colete ou farda de campanha e braçal, conforme imagens ilustrativas em anexo, que o identificam como Inspector de Prevenção.

O Comando do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros, de antemão agradece a colaboração de todos, mantém total disponibilidade para prestar esclarecimentos adicionais através do E-MAIL: direccao-
prevencao@gmail.com e, exorta aos detentores de estabelecimentos (armazéns, farmácias, lojas de conveniências, cantinas, fábricas, escola, hotéis e similares e demais estabelecimentos que exercem
actividade comercial e de prestação de serviços), a apresentarem as suas necessidades de renovação de documentos técnicos aos órgãos competentes do Serviço, sob pena de incorrerem em práticas que
poderão lesar os seus interesses patrimoniais.

SERVIÇO DE PROTECÇÃO CIVIL E BOMBEIROS, Luanda, aos 20 de Janeiro de 2021

O COMANDANTE
BENSAU MATEUS
*** COMISSÁRIO B. PRINCIPAL***
(500.0096)MPP/C-2/4
 Domingo
24 de Janeiro de 2021

(800.006)-MPP/C-2/2 (800.009)-MP/PB
15
16 Domingo
24 de Janeiro de 2021

(800.006)-MPP/C
COMUNICADO

Revogação da licença da sociedade Garantia Seguros, S.A.

A Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG) comunica ao público em geral

que, ao abrigo do Despacho n.º 5701/20 de 29 de Dezembro, de Sua Excelência Senhora Ministra
das Finanças, foi revogada a licença n.º 07/ISS/MF/08 emitida aos 5 de Agosto, para o exercício
da actividade seguradora da sociedade GARANTIA SEGUROS, S.A., nos termos das disposições
combinadas da alínea b), e) e f) do n.º 1 do artigo 29.º da Lei de Bases das Instituições Financeiras
e das alíneas b) e c) do n.º 1 do artigo 16º da Lei n.º 1/00, de 3 de Fevereiro, Lei Geral da Activi-
dade Seguradora.

A referida revogação resultou da inexistência de garantias financeiras por parte da empresa, asso-
ciada à indisponibilidade dos accionistas para a injecção de recursos financeiros necessários para
a satisfação dos requisitos mínimos de solvabilidade, deixando a mesma de reunir as condições ne-
cessárias para o exercício da actividade. Também esteve na base da medida aplicada a redução
em mais de 80% da actividade da empresa e o número de reclamações dos segurados, acumuladas
ao longo de vários anos, relativamente à dificuldade da empresa indemnizar os sinistros que lhes
eram apresentados.

Nestes termos, a referida sociedade entra imediatamente em liquidação, em conformidade com o

disposto na alínea b) do n.º 1 do artigo 39.º da Lei Geral da Actividade Seguradora, tendo a ARSEG,
nos termos do n.º 1 do artigo 135.º da supracitada Lei de Bases das Instituições Financeiras, tomado
as medidas cabíveis para que o Procurador Geral da República requeira a declaração de falência
da referida instituição junto do Juiz da Comarca Provincial de Luanda.

A Arseg, ao abrigo do respectivo processo, diligenciará no sentido de assegurar a transferência das

carteiras activas, bem como o tratamento dos processos de sinistro e indemnizações junto dos to-
madores e beneficiários.

“ARSEG - Supervisão Credível, Protecção Garantida: Angola Segura“

AGÊNCIA ANGOLANA DE REGULAÇÃO E SUPERVISÃO DE SEGUROS, em Luanda, aos 12 de

Janeiro de 2021.

CONTACTOS
Telefone: 222 760 130 | 222 444 084
Correio electrónico: geral@arseg.ao | DSI_SMS@arseg.ao
correspondencias@arseg.ao
Página web: www.arseg.ao
(500.0062)2/4P-4/10 (700.003)1/4P
Domingo
24 de Janeiro de 2021 17

(500.0097)PI/C-1/3
18 ECONOMIA
ENTREVISTA AO “DIÁRIO DE NOTÍCIAS”
Líder da Sonangol realça estratégia
verde e de luta contra a corrupção
Sebastião Gaspar Martins declara entrada da companhia nas energias renováveis
e aponta progressos na adopção das práticas internacionais de conformidade legal
A Sonangol impulsiona o pro-
cesso de diversificação da
matriz energética nacional,
depois de ter dado os primei-
ros passos para a entrada no
segmento de energias reno-
váveis, anunciou o presidente
do Conselho de Administração
da companhia numa entre-
vista publicada na edição de
ontem do português “Diário
de Notícias”.
Sebastião Gaspar Martins
afirmou que a petrolífera vai
“posicionar-se exactamente
como as grandes empresas”
internacionais do sector, ins-
tituindo na nova macroes-
trutura uma unidade de
negócios dedicada ao gás e
às energias renováveis.
O responsável lembrou
o decurso de dois projectos
de energia solar, um no
Namibe e outro na Huíla,
em parceria com dua s
Presidente do Conselho de Administração da Sonangol reconhece más-práticas de gestão no passado
FINANÇAS PÚBLICAS
Moxico arrecadou mil milhões
de kwanzas em taxas e impostos
José Rufino | Luena
A província do Moxico arre-
cadou cerca de mil milhões
de kwanzas de receitas fis-
cais e aduaneiras durante
o exercício económico de
2020, segundo dados avan-
çados sexta-feira, no Luena,
pelo director do Gabinete
Provincial de Desenvolvi-
mento Económico Inte-
grado, Guimarães Luís.
Falando num encontro
metodológico de Alinhamento
Estratégico do Financiamento
empresas internacionais (a
Total e a Eni, de acordo com
informações disponíveis no
Jornal de Angola), revelando
o curso de discussões com
as autoridades para a criação
das melhores condições que
concorram para a materia-
lização de tais projectos.
O Ministério da Energia e
Águas foi parte integrante da
assinatura do primeiro acordo
e é parte fundamental para o
desenvolvimento e a conclu-
são dos projectos, estando a
ser tratada com o Governo,
a questão do quadro fiscal
adequado para este tipo de
investimento, apontou.
“Diligência e seriedade”
Sebastião Gaspar Martins
declarou, indagado sobre o
que o jornal português afirma
ser “a imagem de corrupção”
da companhia, que a Sonangol
à Economia Local e Melhoria
do Ambiente de Negócios,
Guimarães Luís defendeu o
aperfeiçoamento da estrutura
de arrecadação de receitas,
com a verificação do proce-
dimento da legalização de
mais empresas como uma
estratégia para o aumento da
arrecadação de receitas.
Explicou que, durante o
ano passado, foram licencia-
das 921 empresas, cujos ser-
viços permitiram um encaixe
de quatro milhões de kwanzas
para os cofres do Estado e que
“tem os pés assentes na terra”
e não tenta “esconder que
erros diversos foram come-
tidos” nesse domínio.
Mas, advertiu, “o que não
nos parece justo e aceitável
é ver o nome desta grande
empresa envolvido em his-
tórias contadas (quase sempre
infundadas ou envolvidas em
romances e mistérios criados
em função dos interesses de
alguém) e deixar que isso
passe em claro”.
A f o n t e p re f e r i u n ã o
comentar uma pergunta que
coloca o antigo presidente do
Conselho de Administração
da Sonangol Manuel Vicente
a acusar o ex-Presidente da
República, José Eduardo dos
Santos, como o cérebro por
detrás de várias operações
com fundos da companhia
petrolífera nacional.
“Não somos a origem
CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO
a estratégia seguida pelo
Governo para o embolso de
mais receitas passa, também,
por levar os operadores eco-
nómicos da informalidade
para a formalidade.
Guimarães Luís destacou
que, das 11 empresas cadas-
tradas, no ano passado, para
a compra de produtos do
campo, apenas cinco foram
apuradas: “pretendemos ter,
com essas empresas, uma
base de dados que representa
a produção agrícola local”,
referiu Guimaráes Luís.
desta afirmação e tão-pouco
temos qualquer evidência
sobre a veracidade da sua
genuinidade, pelo que nos
abstemos de quaisquer outros
comentários a respeito”,
disse, acrescentando ser
papel da companhia “tratar
de todos os assuntos ligados
à Sonangol, mas com dili-
gência e seriedade. E estamos
a fazê-lo”.
Em oposição às tentativas
de realçar os factos ligados
à corrupção, Sebastião Gas-
par Martins lembrou que, ao
longo do tempo, a Sonangol
teve “um papel cimeiro no
desenvolvimento económico
e social do nosso país, prin-
cipalmente nos momentos
mais difíceis da nossa história
re cente ” , s endo “ uma
empresa com uma história
de grandes realizações e de
ensejos de grande orgulho
para os angolanos”.
Além disso, adiantou, o
Conselho de Administração
está a regenerar a companhia
e voltar a colocá-la nos
padrões internacionais exi-
gíveis, alinhando-a às melho-
res práticas de governação,
tal como definido no sistema
instituído de “compliance”
e controlo interno.
Apontou, como parte desse
processo, a actualização do
código de ética da compa-
nhia, bem como a criação
de uma Direcção de “Com-
pliance” e Controlo Interno
encarregue da prevenção e
identificação de comporta-
mentos desviantes, “evi-
tando, de forma mais eficaz,
a ocorrência do mesmo tipo
de erros cometidos no pas-
sado ou de quaisquer outros”.
De tal forma que, “a
empresa já está admitida nas
plataformas mundiais de aná-
lise de transparência e boa
governança e começa a recu-
perar e ganhar os créditos
nessa matéria”, tendo “o reco-
nhecimento dos seus pares
em todo o mundo”.
No âmbito do PRODESI,
36 empresas do Moxico
concorrem para o finan-
ciamento de vários projec-
to s , u m n ú m e ro q u e a s
autoridades consideram
“bastante reduzido” para
as metas do Governo. Para
uma linha de financiamento
do Banco Angolano de
Investimentos (BAI), con-
correram 22 empresas, 12
da Indústria, quatro da Agri-
cultura, igual número das
Pescas e duas do sector da
Energia e Águas.
Segundo Guimarães Luís,
entre 2019 e 2020 foram for-
mados 3 337 jovens empreen-
dedores, dos quais 119 foram
apurados para concorrerem
à linha de financiamento do
Plano de Acção e Promoção
de Empregabilidade (PAPE),
criado pelo Ministério da
COMBUSTÍVEIS
Precificação dos combustíveis feita à semelhança da aplicada ao Jet A1
Governo estuda ajuste
mensal dos preços
Quando forem liberalizados,
os preços dos combustíveis
vão ter ajustamentos mensais,
à semelhança do que acon-
tece desde há cerca de um
ano aos preços do Jet A1,
anunciou o director-geral
do Instituto Regulador dos
Derivados do Petróleo (IRDP).
Albino Ferreira proferiu
estas declarações no “Mata-
bicho com a Media”, um
encontro de periodicidade
anual em que a liderança do
sector institucional dos
Recursos Minerais, Petróleo
e Gás fornece informações
aos representantes da opi-
nião pública, realizado na
última terça-feira.
Segundo a fonte, as variá-
veis do mecanismo de pre-
cificação aplicadas ao Jet A1
incidem sobre a taxa de câm-
bio e o preço dos combustíveis
no mercado internacional,
ao contrário do regime de
preços vigiados que actual-
mente rege esse mercado.
Esta s de claraçõ e s de
Albino Ferreira foram pro-
feridas em resposta a uma
pergunta colocada durante
aquele encontro, sobre a
abertura do sector angolano
do downstream (logística e
distribuição de combustí-
veis), diante dos preços
vigiados e pouco atractivos
que, em Angola, imperam
sobre esse mercado.
Receitas aduaneiras influenciaram a cobrança fiscal no Moxico
Administração Pública, Tra-
balho e Segurança Social.
O vice-governador do
Moxico, Víctor Silva, destacou,
no encontro, as acções do
Domingo
24 de Janeiro de 2021
CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO
No país, operam pelo
menos quatro distribuidoras,
Sonangol, Pumangol, Sonan-
galp e Total, além de 533 dis-
tribuidores de “bandeira
branca”, geralmente insta-
lados em contentores, de
acordo com dados do IRDP
relativos a Fevereiro de 2020.
No fim de Dezembro de
2020, os ministérios das
Finanças e dos Recursos
Minerais, Petróleo e Gás
aprovaram, em Decreto Con-
junto, regras para a fixação
e alteração dos preços dos
produtos derivados de petró-
leo bruto e gás natural, no
quadro das variações no
mercado internacional.
O Executivo considera
que os preços dos derivados
do petróleo bruto e do gás
natural em Angola carecem
de um melhor enquadra-
mento legal, para melhorar
a eficiência do mercado a
médio prazo, decidindo ins-
tituir um modelo de actua-
lização mais eficaz, tendo
como referência as práticas
do mercado internacional.
O Decreto Executivo Con-
junto estabelece um regime
de preços fixados para o gás
de petróleo liquefeito (GPL)
e o petróleo iluminante,
enquanto que a gasolina,
gasóleo e o Jet A1 ficam
sujeitos a um regime de pre-
ços vigiados.
VIGAS DA PURIFICAÇÃO | EDIÇÕES NOVEMBRO
Governo para a promoção do
desenvolvimento equilibrado
em todas as províncias, sobre-
tudo, nos domínios agrícola
e industrial.
 REFLEXÕES
24 de Janeiro de 2021
Esquemas conceptuais
africanos
Luís Kandjimbo |*
“Omunu”, “Mutu”, “Muntu” são uni-
dades lexemáticas de três línguas na-
cionais angolanas, nomeadamente,
Umbundu, Kimbundu e Kikongo. Têm
o mesmo significado e os mesmos re-
ferentes no mundo empírico: ser hu-
mano e pessoa. Do ponto de vista
morfológico, “-Nu”; “-Tu”; “-Ntu”
são os radicais e “Omu-” e “Mu-” são
os prefixos. Estas unidades lexicais
distinguem-se entre si pelo facto de
três elementos constituintes de cada
uma delas – os morfemas, o-; n-; t-
,– estarem, respectivamente, presente
no prefixo da primeira e omissos no
radical das duas seguintes.
As três unidades lexemáticas constituem
conceitos vinculados a conteúdos cuja
formulação obedece a determinados
esquemas que permitem identificar o
objecto epistémico e respectivas pro-
priedades, no contexto das respectivas
línguas e culturas. Isto quer dizer que
em análise está a existência de esquemas
conceptuais nas culturas e as línguas
nacionais angolanas. De resto, há aí
conotações com um debate actual sobre
o relativismo cognitivo ou conceptual,
universalismo/relativismo que, com
as suas singularidades, vai mobilizando
a reflexão filosófica no nosso continente.
Mas, na presente conversa, pretendo
convidar o leitor para a reflexão centrada
na dimensão descritiva ou metafísica
do conceito de pessoa, afastando por
enquanto a dimensão normativa.
Sobre o tema mencionado, foi o filósofo
ganense Kwame Gyekye (1939-2018)
que em 1978 chamou a atenção para
a necessidade de se avaliar o esquema
conceptual de pessoa na língua Akan
do Ghana. Nessa década, o debate no
contexto filosófico anglo-americano
tomava um novo impulso com um texto
do filósofo norte-americano Donald
Davidson, “On the Very Idea of a Con-
ceptual Scheme” (Sobre a própria ideia
de um esquema conceptual), publicado
em 1974. Ele considera que os “esque-
mas conceptuais” são entendidos como
formas de organizar a experiência, sis-
temas de categoria através dos quais
se dá forma aos dados dos sentidos,
pontos de vista a partir dos quais os
Domingo
DA PESSOA HUMANA
indivíduos e as culturas examinam a
realidade. Admite que as realidades
sejam relativas a um determinado es-
quema conceptual. Por essa razão, pa-
rece travar um diálogo com os cultores
da filosofia analítica que revelam uma
particular paixão pelos debates sobre
o conteúdo e o conceito de pessoa ou
a distinção entre o analítico e o sintético.
É o caso dos ingleses Peter. F. Strawson
e Alfred J. Ayer que à análise conceptual
do indivíduo e da pessoa dedicaram
importantes textos.
Na verdade, as concepções de ser hu-
mano, pessoa e identidade pessoal,
bem como os respectivos esquemas
conceptuais, são igualmente temas
bastante debatidos pelos linguistas,
antropólogos e filósofos africanos.
Deste modo, qualquer abordagem sobre
esta matéria requer a elaboração de
mapas historiográficos, entre os quais
do campo filosófico, compreendendo
as diferentes regiões e línguas do con-
tinente, bem como as inscrições de
autores representativos e suas posições
nos debates. Por exemplo, Kwasi Wiredu
é um dos autores que avalia bem os
problemas relativos aos esquemas con-
ceptuais africanos. A ilustrá-lo estão
dois textos: “Canons of Conceptuali-
zation”, (Cânones da conceptualização)
e “Formulating Modern Thought in
African Languages” (Formulando o
pensamento moderno em língas afri-
canas), revistos e publicados como ca-
pítulos do seu livro “Cultural Universals
and Particulars. An African Perspective”
(Universais e Particulares Culturais.
Uma Perspectiva Africana,1996).
Historiografia dos discursos
A este propósito, há uma historiografia
dos discursos filosóficos africanos que
remontam ao período faraónico, tal
como o demonstra o professor Théo-
phile Obenga com a sua obra monu-
mental “La Philosophie Africaine de
la Période Pharaonique – 2780-330
a.C.” (A Filosofia Africana do Período
Faraónico). Mas são os debates resul-
tantes de controvérsias registadas no
século XX que adquiriram notoriedade
e trouxeram a filosofia africana e os
filósofos africanos ao espaço académico
da república global da filosofia. Portanto,
a injustiça metafilosófica que se abate
sobre o continente africano, já denun-
ciada pelo filósofo francês Émile Bréhier,
está na origem de uma história da fi-
losofia africana truncada cujas fun-
dações são lançadas com a filosofia
contemporânea produzida em línguas
europeias. O filósofo queniano Dismas
Masolo resume a questão nos seguintes
termos. O nascimento do debate sobre
a filosofia africana está historicamente
associado a dois acontecimentos his-
tóricos: o discurso ocidental sobre a
África e o contra-discurso africano.
No entanto, tudo começa no século
XVIII quando na história da filosofia
ocidental se institucionaliza a legiti-
mação da ignorância que conduz à ra-
sura da presença africana na república
global da filosofia e respectivo cânone.
Data daí a deslocalização do berço da
filosofia que, na história da filosofia
europeia se situava em África, espe-
cialmente no Egipto, onde Tales de Mi-
leto aprendeu com os grandes mestres.
Além disso, nessa altura já a história
arquivada da Alemanha registava a
presença do primeiro africano a obter
um doutoramento em filosofia numa
universidade europeia, a Universidade
de Wittenberg, tendo em Abril de 1734,
defendido teses que refutavam as ideias
e inconsistências lógicas do francês
René Descartes. Trata-se de Anton Wi-
lhelm Amo (c. 1700 - c. 1750), nascido
na África Ocidental, actual Ghana, que
lecionou filosofia nas universidades
alemãs de Halle e Jena.
Conceito de pessoa
Na referida historiografia dos discursos
filosóficos africanos, a publicação de
“La Philosophie Bantu” (A Filosofia
Bantu), o tão debatido livro do padre
belga Placide Tempels em 1945, constitui
um marco, no que diz respeito à te-
matização do conceito de pessoa. Uma
década depois, as vozes endógenas,
inicialmente, com o filósofo ruandês
Alexis Kagamé (1912-1981) “La Phi-
losophie Bantu-rwandaise de l'être”
(A Filosofia bantu-ruandesa do ser,
1956) e “La Philosophie Bantu Com-
parée” (A Filosofia Bantu Compara-
da,1976). Seguir-se-á a obra do filósofo
e teólogo queniano John Mbiti (1931-
2019), publicada em 1969,
“African Religions and Phi-
losophy” (Religiões Afri-
canas e Filosofia). Entre
outras formulações, tais co-
mo a questão do tempo, Mbiti
dá um contributo relevante
ao tematizar igualmente uma
ontologia africana antropo-
cêntrica.
O malawiano Didier Njira-
ya m a n d a Kap h agawa n i
(1944-2000) é um daqueles
profissionais que se ocupa-
ram da elaboração do inven-
tário das concepções
africanas de pessoa no pen-
samento filosófico contem-
p o râ n e o n o s é c u l o X X .
Organiza o seu trabalho par-
tindo do pressuposto se-
gundo o qual a África
Ocidental é a região com o
maior número de trabalhos
sobre o tema do conceito da
pessoa humana. Por isso,
desloca a atenção para a zona
civilizacional bantu da África
Oriental e Austral onde a
produção reflexiva vai sendo
de igual modo apreciável.
Na senda das obras de Placide
Tempels sobre os Baluba,
Alexis Kagamé, sobre os Ban-
yarwanda, e John Mbiti, os
Akamba, o contributo pessoal
de Kaphagawani focaliza a
cultura e língua Chichewa
do Malawi. A ele vem jun-
tar-se outro malawiano, Gri-
vas Muchineripi Kayange e
os sul-africanos Mogobe Ra-
mose, Bernard Matolino e
Motsamai Molefe.
Efectivamente, ao passar em
revista a totalidade das re-
flexões africanas inscritas
no domínio da metafísica,
conclui-se que tem razão
Kwame Gyekye, quando re-
conhece a existência de uma
ontologia africana em cujo
campo é possível tratar do
“ser”, da “causalidade”, de
conceitos de “pessoa”, “des-
tino” e “problema do mal”.
A reflexão desenvolvida por
Kwame Gyekye sobre o es-
quema conceptual africano
tem a dignidade que merece
no título de um dos seus mais
importantes livros, “An Essay
on African Philosophical
Thought. The Akan Concep-
tual Scheme”, (Ensaio sobre
o Pensamento Filosófico
Africano. O Esquema Con-
ceptual Akan). Mas esse es-
quema conceptual Akan de
pessoa apresenta isomor-
fismos com o de outras lín-
guas e culturas africanas.
Ao proceder à análise do es-
quema conceptual Akan do
Gana, Gyekye trata-o como
expressão do modo de or-
ganizar a cultura e as expe-
riências africanas, tendo em
conta a complexidade das
ideias, crenças, valores, vi-
sões do mundo, práticas e
instituições geradas endo-
genamente, sem perder de
vista a apropriação de ele-
mentos exógenos. Na filosofia
Akan, a pessoa estrutura-se
em “okra”, alma, “sunsum”,
espírito, e “honam”, corpo.
Portanto, o conceito de pes-
soa é rigidamente dual. A
alma é a parte imaterial do
corpo. Devido à sua mate-
rialidade, o corpo não so-
brevive após a morte da
pessoa. Ao invés, é a alma
que perpetua a memória da
pessoa e estabalece a conexão
com o mundo dos antepas-
sados. Estamos perante um
dualismo que nada tem a ver
com o que emana do pen-
19
samento do francês René
Descartes.
Alguns dos isomorfismos do
esquema conceptual Akan
com o de outras línguas e
culturas africanas são ob-
serváveis, por exemplo, na
ontologia e na filosofia moral
Umbundu, em Angola. Em
língua Umbundu, o ser hu-
mano, “omunu”, é a criatura
de “Suku” ou “Kalunga”,
Deus. É a pessoa cuja exis-
tência assenta na sua relação
com “Suku” através de di-
versas entidades hierofânicas
e intermediárias. Por isso,
diz-se: “Omunu okwete
etimba, omuenyo, utima
kwenda ocilelembyia”, a
pessoa é constituída por cor-
po e alma, mantendo estas
duas dimensões da existência
humana uma relação incin-
dível. “Etimba” é o elemento
biológico e material da pes-
soa. “Etimba” é o corpo hu-
mano cujo conhecimento
ocorre através da sua des-
crição anatómica. “Ocile-
l e m by i a ” c o n s t i t u i u m
universo espiritual, podendo
significar a sombra que
acompanha o corpo da pes-
soa, sob a luz do dia. “Oci-
lelembyia” é o elemento
imaterial em cujo campo
ocorre a tensão dialéctica
permanente entre os espíritos
do bem, “olosande”, asso-
ciados aos antepassados e
os espíritos do mal, “olon-
dele”, associados à prática
do mal. Portanto, em torno
da pessoa gravitam três mun-
dos: o mundo dos antepas-
sados mortos, o mundo dos
espíritos e o mundo dos vivos.
O mundo dos vivos é um
universo dominado por ou-
tras forças do bem e do mal
que se confrontam, igual-
mente. De um lado, o “ngan-
g a ” , o a r t í fi c e d o m a l ,
desenvolve práticas de “wan-
ga”. De outro lado, o “utahi”,
responsável pelo diagnóstico
do mal, e o “cimbanda”, o
fitoterapeuta e fisioterapeuta
que restitui o bem-estar e a
saúde. A pessoa pode ser ví-
tima de doenças causadas
pelas forças do mal e seus
agentes. Mas, por outro lado,
pode ser protegida pelas for-
ças do bem que podem evitar
as doenças e permitir o seu
tratamento. Se a doença
triunfa, sobrevém a morte.
É a oposição do par dialéctico
“omuenyo” / “olofa”, vida
e morte. “Olofa” é um subs-
tantivo que deriva do verbo
“okufa”. Extingue-se a vida,
“omuenyo”, sobrevive a al-
ma, “ocilelembyia”. A pessoa
tem vida além da morte.
Transitará para o outro mun-
do, o mundo dos antepas-
sados mortos. Terá aí o seu
lugar garantido porque, en-
quanto uma pessoa, tem uma
identidade, pertence a uma
comunidade humana fun-
dada em gerações e relações
de parentesco. Progressiva-
mente, este procedimento
analítico que nos leva à com-
preensão da história indivi-
dual permite realizar uma
transição para a dimensão
normativa ou moral do con-
ceito de pessoa. Mas aí es-
tamos já em presença de uma
problemática que mereceria
uma outra conversa.
.
* Ensaísta e professor
universitário
 20 ENTREVISTA
JOZEF SMETS, EMBAIXADOR DO REINO DA BÉLGICA Analtino Santos
Há quanto tempo está em
Luanda e como recebeu a
proposta para representar o
“Luanda é uma seu país em Angola?
Estou desde Setembro de
2019 em Angola, depois de
ter recebido uma proposta
mistura única
do Ministério das Relações
Exteriores da Bélgica para
trabalhar em Luanda como
Embaixador. Como é de pra-
de agitação e caos”
xe na diplomacia, a Bélgica
pediu então às autoridades
angolanas o “agrément”, a
autorização formal para acre-
ditar um novo Embaixador.
Só depois de tudo estar re-
solvido comecei a empacotar
Jozef Smets é o embaixador do Reino da Bélgica em Angola. as coisas e a organizar o con-
Amante das artes e da cultura, gosta de conhecer novos tentor para fazer a mudança.
Mas na vida diplomática es-
lugares. O diplomata chegou a Luanda em Setembro de 2019. tamos acostumados com
Em Fevereiro de 2020 promoveu a realização de concertos de isso, principalmente porque
rumba congolesa, onde demonstrou as suas habilidades de se trata do sétimo país onde
trabalho.
dançarino. Quando começava já a apreciar e a habituar-se ao
frenesim de Luanda, a pandemia da Covid-19 veio parar O que esperava encontrar
em Luanda?
tudo, ou melhor, quase tudo, porque quando surge alguma Conhecer novos lugares é
abertura o belga vai-se aventurando a conhecer os vários uma paixão minha, mas devo
cantos da cidade. Desafiámos o diplomata para uma admitir que não tinha uma
ideia clara do que Luanda
conversa informal, sem protocolos, centrada na sua vivência tem para oferecer. Porém,
em Luanda, cidade que amanhã completa 446 anos não tenho medo de morar
numa cidade grande e mo-
vimentada, pois também
morei em cidades como Cai-
ro (Egipto) e Lagos (Nigéria),
que não são exactamente ci-
dades pequenas...
Estou
agradavelmente
surpreso por
descobrir muitos
bons restaurantes
aqui, encontrar
verdadeiras
avenidas com belas
árvores antigas na
cidade velha
Quais as principais
surpresas que encontrou em
Luanda?
Estou agradavelmente sur-
preso em descobrir muitos
bons restaurantes aqui, en-
contrar verdadeiras avenidas
com belas árvores antigas
na cidade velha. A Marginal,
onde gosto de passear à noite,
Domingo
24 de Janeiro de 2021
EDIÇÕES NOVEMBRO
é uma localização privile-
giada e não tinha a menor
noção da existência da “Ilha”,
um local com um potencial
turístico incrível, onde pas-
samos, no dia 1 de Janeiro,
muito simbolicamente, o
Reveillon. Tomei uma cerveja
fresca numa simples espla-
nada. Dirijo muitas vezes
para Talatona e Viana, e de-
pois, claro, passo por todo
o tipo de bairros operários,
onde sempre me impressiono
com os vendedores de frutas
e legumes: no meio da azá-
fama e do caos, permanecem
determinados e concentrados
e, por isso, simbolizam o po-
der da economia informal.
O que acha que Luanda tem
de semelhante e diferente
em relação às outras
cidades de Angola?
Já visitei várias capitais de
província, mas quando nos
aproximámos de Luanda dá
para sentir tudo: este é o cen-
tro, esta é a sede política e
económica, é aqui que de-
corre a maior parte das ac-
tividade s culturai s . Em
Luanda existe uma mistura
única entre agitação e caos,
por um lado, e planeamento
e renovação urbana, por ou-
tro. Esta cidade tem uma
 ENTREVISTA
24 de Janeiro de 2021
forte componente africana,
latina e mesmo europeia.
Espero que alguns edifícios
muito charmosos da era co-
lonial sejam preservados e
que haja árvores e vegetação
suficientes.
Tem algum local especial
que aprecia em Luanda?
Gosto de visitar um moderno
centro comercial em Tala-
tona, bem como a bela Igreja
do Carmo ou o Palácio de
Ferro. A Fortaleza de Luanda
é certamente um destaque
turístico desta cidade, mas
um dos edifícios mais bonitos
é o do Museu de Antropo-
logia. Lembro-me de uma
noite encantadora com rum-
ba num clube na Baixa da
cidade, o “Sete e Meio”, e de
um festival de música e dança
Semba na Ilha, mas isso foi
na era pré-Covid. No sábado
de manhã gosto de tomar
um café ao lado da piscina
do Hotel Trópico… antes de
ir ao cabeleireiro de lá.
Fale-nos da gastronomia e
de outros aspectos culturais
que encontrou em Luanda?
Adoro pratos de peixe e ma-
risco, que são muito mais
baratos aqui do que no meu
país. Os belgas gostam de
comer batatas fritas e me-
xilhões e eu encontro tudo
isso aqui. Conheci alguns
novos tipos de frutas e hor-
taliças, como beldroega e
múkua. A fruta aqui é de ex-
celente qualidade.
O que acha estranho e
curioso em Luanda?
Estranho ver o grande con-
traste entre os bairros pobres
da classe operária e os bairros
ricos da cidade e também a
proliferação de prédios de
apartamentos de grande al-
tura, muitos dos quais estão
vazios e por terminar. As
longas filas para as agências
dos bancos continuam a me
surpreender e também o
facto de que em tudo isso a
espera parece não fazer per-
der o bom humor e a disci-
plina. As pessoas costumam
ser corteses e educadas. Co-
mo estrangeiro você não é
olhado fixamente e é deixado
em paz. Os residentes de
Luanda estão habituados a
nós e sentimo-nos bem com
eles. Às vezes somos abor-
dadas por crianças de rua e
até elas dizem educadamente
“obrigado” se você oferecer
algo. O trânsito em Luanda
é uma aventura e tanto, toda
a gente parece encontrar o
seu caminho e apesar dos
cruzamentos e das multi-
dões, há sempre progresso
e movimento.
Uma mensagem para os
luandenses na véspera de
mais um aniversário da
cidade de Luanda?
Espero sinceramente que
2021 seja um ano melhor
para todos os residentes de
Luanda, que restaurantes,
lojas e negócios voltem a
funcionar melhor e que se
envidem mais esforços, não
só pelas autoridades mas
também por todos nós, para
melhorar a higiene e a clas-
sificação de resíduos. Eu
também espero que haja
mais oportunidades para
desfrutar das festas, dança
e música, afinal 2020 foi
Domingo
21
LIVRO DE DANIEL RIBANT
“Angola para Todos”
Em Dezembro do ano passado a Embaixada
da Bélgica em Angola lançou o livro “Angola
para Todos”, do escritor belga Daniel Ribant.
O evento aconteceu online e teve como an-
fitrião Jozef Smets. No webinar o diplomata
revelou que a apresentação do livro marcava
uma nova fase da cooperação com Angola,
a cultural, com vista ao estreitamento do
intercâmbio entre os fazedores de arte. Par-
ticiparam no painel de lançamento do livro,
entre outras personalidades, o autor Daniel
Ribant, Pepetela na qualidade de prefaciador
e a secretária de Estado para a Cultura Maria
da Piedade de Jesus.
Em “Angola para Todos” Daniel Ribant faz
um convite aos leitores para um melhor co-
nhecimento de Angola, apresentando um
país 45 anos depois de se ter libertado de
um dos mais longos períodos de colonização
da história mundial. O autor prossegue
abordando as fases de construção e recons-
trução do país, na sequência da luta pela
independência e da guerra civil. A obra se
propõe a abranger os múltiplos aspectos de
um país complexo, muitas vezes encarado
apenas através dos seus recursos minerais,
o petróleo e os diamantes. A sua realidade
profunda desvenda-se na leitura dos setenta
e seis temas cuidadosamente escolhidos
pelo autor para destacar as diversas carac-
terísticas do país, os constrangimentos de
uma história particularmente pesada e os
muitos desafios que continua a enfrentar.
Daniel Ribant nasceu na Bélgica, em 1953.
Estudou Economia e Ciência Política no
ICHEC, Bruxelas, e no Instituto de Estudos
Políticos em Paris. Ex-banqueiro, o autor
ocupou o cargo de Assessor em Diplomacia
Económica na Embaixada da Bélgica
em Luanda.
Quem é Jozef Smets
Representante máximo da diplo-
macia belga em Angola desde Se-
tembro de 2019, pela quarta vez
exerce o cargo de Embaixador.
Antes passou pelo Brasil, Burundi
e Nigéria. Foi cônsul-geral na RDC.
E também director para África do
Ministério das Relações Exteriores
do Reino da Bélgica. Há 30 anos
que está na carreira diplomática.
Formado em História, Línguas
Orientais e Ciências da Comuni-
cação, Jozef Smets tem uma paixão
por história, artes, cultura e por
África. Adora passear na natureza
e conhecer novos lugares. Em 15
meses de mandato em Angola já
visitou a maioria das províncias
mas reconhece que ainda tem mui-
to para descobrir. O facto de falar
português tem-no ajudado na co-
municação com as pessoas comuns
e garante mesmo que já sabe dizer
algumas coisas na linguagem
mwangolê. E saca deste exemplo:
“Ele é um wi bué fixe”.
 22 VIDA
Vidas de mulheres sofridas e resilientes
Manuel Albano |
O que aconteceu a cada um
dos protagonistas desta his-
tória em livro pode bem dar
lugar a uma nova e substan-
tiva narrativa, bastando que
os nossos colegas no activo
saibam espreitar as oportu-
nidades do jornalismo das
boas notícias. Estão aqui os
que têm o dever e a ciência
de continuarem o que ini-
ciaram os agora ‘veteranos’,
que se afastaram das redac-
ções e dos cenários das no-
tícias e reportagens
Respondendo a este desafio
“Quem sabe se a minha filha não realizará o meu sonho”
Manuel Albano
Fernanda Narciso, 31 anos, na-
tural de Banza Polo, a 500 metros
da localidade de Tomessa, na
província do Uíge, onde nasceu
o jornalista Luís Fernando, que
por coincidência da vida é seu
tio da parte materna, aparece
no livro como a “Nandinha dos
Bolos”. Depois do lançamento
da primeira edição do livro Fer-
nanda nunca mais foi às ruas.
Aquele momento transformou
a vida da zungueira. Foi o im-
pulso para outras aventuras.
“Nandinha dos Bolos” provou
o gosto da fama e não mais vol-
tou a zungar. Surgiram-lhe pro-
postas de emprego.
Foi trabalhar no Hoje-ya-Henda,
num snack-bar, em 2005. No
ano seguinte ficou grávida e
teve que abandonar o emprego.
Fernanda Narciso lembra com
nostalgia e guarda até hoje a
primeira edição do livro, que só
lhe traz boas lembranças. Con-
fusa, já não sabe exactamente
quem lhe conseguiu o “primeiro”
emprego. Sabe apenas que con-
tou com a ajuda de um jornalista,
provavelmente do Jornal de An-
gola, ou de um escritor que
“ZUNGA PÃO RIMA COM ASFALTO” 15 ANOS DEPOIS
lançado há cerca de uma
semana, na sede União dos
Escritores Angolanos (UEA)
por Luís Fernando, no acto
da apresentação da segunda
edição do livro “Zunga pão
rima com asfalto”, propu-
semo-nos a dar continui-
dade à obra iniciada pelos
“agora veteranos” que deram
corpo ao livro. Espreitando
“a oportunidade do jorna-
lismo das boas notícias”,
como dito pelo coordena-
dor-geral da obra supraci-
tada, fomos à procura das
protagonistas das histórias
contadas no livro. Locali-
zamos duas: Nandinha dos
esteve presente no lançamento
do livro.
Com o nascimento da sua pri-
mogénita - Larissa Narciso - as
coisas complicaram-se. O pai
da criança não assumiu a pa-
ternidade. Desempregada, o
“calvário” retornou à sua vida,
fazendo-lhe relembrar o quoti-
diano penoso da zunga. Ela pas-
sou então a depender dos irmãos,
primos e da tia com quem vivia.
A sua filha necessitava de quase
tudo e a condição de dependente
a incomodava. Decidiu se re-
compor e ir à luta. Conseguiu
emprego como caixa na loja de
um cidadão guineense, no Ca-
lemba 2, onde permaneceu dois
anos, até que o patrão emigrou
para Espanha.
“Nandinha dos Bolos” decide
não olhar parada para as ma-
lambas da vida e pôs-se acti-
va m e n te a p ro c u ra r n o va
ocupação.
Com a experiência adquirida
nos ofícios anteriores foi mais
fácil conseguir um novo em-
prego, como caixa no bairro
Cantinton, no estabelecimento
de um “mamadú”, como usual-
mente são designados os co-
merciantes oriundos de países
Bolos e Juliana. Elas conta-
ram-nos as suas histórias
de vida, quinze anos depois
de terem prestado o teste-
munho constante do livro
“Zunga rima com pão e as-
falto”.
Oito mulheres de diferentes
idades, locais de nascimento
e sonhos de vida, irmanadas
no propósito de garantir a
própria sobrevivência e a
dos seus através da venda
ambulante de produtos di-
versos, na agitada e super-
povoada Luanda - da fruta
ao material escolar, da água
aos bolinhos de confecção
caseira, foram entrevistadas
Fernanda Narciso
oeste-africanos. Com um salário
de 20 mil kwanzas, tinha que
ajudar nas despesas na casa da
tia e pagar os estudos da filha.
Conhece a palavra de Deus e
converte-se, renovando a es-
perança em dias melhores. Na
sua humildade, foi fazendo o
seu percurso.
Insatisfeita com a remuneração,
uma irmã da igreja Assembleia
de Deus Pentecostal sugere-lhe
a inscrição numa agência de re-
crutamento de babás. Nesta al-
tura já tinha o curso profissional
de educadora de infância, feito
entre 2008 e 2009. “Nandinha
dos Bolos” uma semana depois
foi chamada, por solicitação de
uma cliente na Centralidade do
Kilamba. O salário que auferia
era de 50 mil kwanzas. Anos de-
pois, as crianças que cuidava já
estavam na idade de ir a creche,
pelo que os seus serviços foram
dispensados.
Novamente desempregada Fer-
nanda Narciso, que veio do Uíge
para Luanda com a tia, irmã da
mãe, quando tinha apenas três
anos, não atirou a toalha ao ta-
pete. Ergueu-se e foi à luta. A
sua realidade já era outra, porque
decidira arrendar um espaço
há década e meia por re-
pórteres do Jornal de Angola,
a quem contaram, de cora-
ção aberto, os planos, o que
gostariam de ter sido, as
suas frustrações e lutas, mas,
essencialmente, o seu su-
premo compromisso exis-
tencial : não deixar q ue
faltasse à mesa o pão de cada
dia. Quinze anos passados,
o que aconteceu na vida
dessas guerreiras? O que é
feito delas? Por onde an-
dam? Para obter respostas
a essas e outras perguntas,
a equipa de reportagem do
Jornal de Angola localizou
e foi à fala com duas delas.
próprio, onde vivia com a filha
e uma sobrinha. Solicitou ajuda
a um amigo, que lhe arranjou
emprego numa loja de perfumes
e cosméticos, onde ganhava 15
mil kwanzas.
“Nandinha dos Bolos”, conta
que através do colega tomou
conhecimento que seria des-
pedida e decidiu antecipar o
despedimento abandonando o
emprego. Ela diz não entender
as razões de tanta reclamação
por parte do seu chefe, se até
desempenhava com zelo e de-
dicação as tarefas que lhe eram
incumbidas. Fernanda Narciso
desconfia que o chefe gostava
dela mas não tinha coragem de
se declarar. Como sempre, Nan-
dinha não desistiu. Ficou feliz
da vida quando a prima-irmã
lhe deu a boa nova: arranjara-
lhe um emprego na empresa de
material de construção civil
onde trabalhava. Mas, por um
“defeito” que ela tem na dentição
frontal, não foi admitida. Puro
preconceito. A informação foi-
lhe transmitida por um primo
que também trabalhava na em-
presa, na área dos Recursos Hu-
manos. Sem saber o que fazer
Nandinha decidiu vender a arca
frigorífica, no valor de 25 mil
kwanzas, para pagar a renda de
casa. Mesmo assim não chegou,
porque tinha uma dívida acu-
mulada de seis meses.
O ano era 2019. Desempregada
e sem dinheiro, a solução foi
regressar a casa da tia. “Já es-
tava acostumada com a minha
privacidade, tinha a vida mi-
nimamente organizada. Foi
duro regressar à minha tia, mas
não tinha alternativa”, recorda.
Ela lembra que nessa época o
apoio financeiro e logístico da
prima-irmã Felícia Ricardo foi
determinante.
Contrariamente aos outros
empregos, ser babá dava al-
guma dignidade financeira,
mas o horário de entrada e saí-
da) era um obstáculo para ela
que queria estudar. Mas quan-
do surgiu-lhe uma nova pro-
posta para ser babá, também
no Kilamba, com um salário
de 52 mil kwanzas, não teve
alternativa senão aceitar.
Coincidências da vida
O cenário da vida de Fernanda
Narciso mudou quando recebeu
a notícia da patroa, de que se
mudaria para o centro da cidade.
Do Calemba 2 para a centrali-
dade do Kilamba o percurso
estava facilitado, mas do Ca-
lemba 2 para o centro da cidade
era diferente. O gerente da agên-
cia de recrutamento chegou a
aconselhá-la a ponderar. Nan-
dinha não recuou da decisão
de trabalhar no centro da cidade.
“Deus tem sempre um propósito
para cada coisa. A minha tra-
jectória de vida é um plano do
Senhor”, disse ela ao seu chefe
na agência, inspirada no seu
credo religioso.
No dia 26 de Dezembro de 2019
começou a trabalhar como babá
em casa da dona Isabel, sobrinha
da secretária administrativa da
Edições Novembro Teresa Ale-
xandre. Na primeira semana de
trabalho reencontrou, coinci-
dentemente, na casa da sua nova
patroa, a dona Teresa Alexandre.
Fernanda Narciso, como não foi
reconhecida, preferiu manter-se
calada. Foi no ano passado, já
com o projecto em andamento
da reedição do livro, que Teresa
Alexandre descobriu que, afinal,
a babá da sobrinha era a “Nan-
dinha dos Bolos” de há 15 anos.
Teresa Alexandre teve contacto
com as fotografias das zungueiras
porque precisava de as fazer che-
gar ao coordenador do projecto.
A sua filha rapidamente identificou
a “Nandinha dos Bolos” como
sendo a babá dos filhos da prima.
Teresa Alexandre telefonou para
a sobrinha (patroa da “Nandinha
dos Bolos”) para se certificar. Foi
uma alegria total, porque a equipa
de produção do livro estava a
procura das zungueiras. Nandinha
lembra-se como se fosse hoje.
“Recebi uns ralhetes em tom de
alívio da dona Teresa, pelo facto
de me manter calada esse tempo
todo” (risos).
Domingo
24 de Janeiro de 2021
JOÃO GOMES
“Minha mãe é guerreira”
A vida de esforços e sacrifícios
tornou-se um grande obstáculo
para o sonho de Fernanda Nar-
ciso, que queria ser engenheira
de petróleos para um dia tra-
balhar na Sonangol. Este sonho
está cada vez mais distante. O
curso da vida levou-a para outras
realidades. Hoje ela deseja ser
“apenas uma simples” secretária
ou recepcionista. “Quem sabe
se a minha filha não realizará o
meu sonho”, desabafa, com op-
timismo. Depois de ter termi-
nado, com muito sacrifício, o
curso de Ciências Exactas do
Puniv de Luanda, Fernanda Nar-
ciso sonha agora fazer faculdade.
“Como já me apaixonei a cuidar
de crianças, pretendo futura-
mente abrir o meu espaço e dar
continuidade ao curso superior
na área de educadora de infân-
cia”, precisou.
O seu velho sonho da casa pró-
pria pode vir a ser concretizado
em breve. Com o montante de
um milhão de kwanzas, ofertado
pelo patrocinado do livro “Zunga
pão rima com asfalto”, a jovem
pensa comprar um terreno e lá
erguer a sua casinha. Franzina
e meio tímida, mas com a co-
ragem e determinação da mãe,
Larissa Fernanda Narciso, pri-
mogénita e única filha de “Nan-
dinha dos Bolos”, que em
Setembro deste ano completa
15 anos de idade, estuda a 7ª
classe numa escola pública no
Calemba 2. A pequena sonha
um dia ser médica, como ela
disse, “para cuidar e ajudar as
pessoas necessitadas”.
Larissa Narciso expressou-se
finalmente nos seguintes ter-
mos: “A minha mãe é uma guer-
reira, uma rainha. Ela não mede
esforço para me proporcionar
uma vida de princesa”.
Como os leitores devem ima-
ginar, e é o que aconteceu, a
mãe Fernanda Narciso, a “Nan-
dinha dos Bolos”, desabou de
emoção, com as lágrimas a ma-
rejarem, como descreveu Luís
Fernando, os seus “olhinhos
achinesados”.
 VIDA Domingo
24 de Janeiro de 2021
Do azul ao verde da esperança
Manuel Albano|
No roteiro cinematográfico
do quotidiano pintado de cor
azul um pormenor nos es-
capou. Há 15 anos a cor azul
permanece intensa na vida
da ex-zungueira Juliana Chi-
tengue Lucas, agora com 32
anos. Juliana preserva a ami-
zade de longa data com Fer-
nanda Narciso, retratada no
livro como a “Nandinha dos
Bolos” no livro “Zunga pão
rima com asfalto”. Torna-
ram-se amigas inseparáveis
e vizinhas. “O senhor jorna-
lista não reparou que estive
vestida de azul na cerimónia
da reedição do livro?”, in-
dagou Juliana Lucas, com um
sorriso. Tivemos uma con-
versa descontraída em casa
da sogra de Juliana, onde ac-
tualmente ela vive com o ma-
rido e os três filhos Lisboa
Lucas de Jesus Dias (16 anos),
Igor Lucas de Jesus Dias (12)
e Etiela Lucas de Jesus Dias
(5). A sua paixão pelo azul
permanece. Deste ponto de
partida, o diálogo fluiu e ga-
nhou outros contornos sobre
o seu passado. Juliana conta
que amadureceu muito com
o nascimento do primogénito,
numa fase de descoberta dos
segredos da vida.
Tentativa de suicídio
Aos 15 anos Juliana engra-
vidou pela primeira vez e a
sua rotina mudou drastica-
mente, porque não encontrou
o amparo desejado nos fa-
miliares. Os prazeres da me-
ninice, incluindo as
brincadeiras e a escola tive-
ram de ficar para trás. Teve
de virar os holofotes para o
ser que carregava no ventre
e que, em breve, chegaria
ao mundo. “Fui humilhada,
sofri bullyng por engravidar
cedo, ainda na flor da idade”.
Como se não bastasse, re-
cebeu também as críticas e
o desprezo dos familiares.
Assim como o azul representa
a expansão do céu, a pro-
fundeza do mar e a espiri-
tualidade, esta cor também
está associada à monotonia
e a depressão. Aos oitos me-
ses de gestação Juliana Lucas
estava decidida a tirar a pró-
pria vida. “Peguei numa cor-
da e quis cometer o suicídio
porque já não aguentava mais
a pressão familiar e da so-
ciedade”, precisou.
Nos últimos instantes, feliz-
mente, acendeu-se-lhe uma
luz e vingou na sua mente o
ditado que diz que “a espe-
rança é a última a morrer”.
Conseguiu vencer a tentação.
Lutar pela vida do filho que
carregava no ventre foi a re-
solução que a salvou. A es-
perança renasceu em si.
Como o marido não traba-
lhava e só fazia uns biscates
como distribuidor de enco-
mendas, dona Maria (sogra
de Juliana, que várias gerações
de trabalhadores da Edições
Novembro conhecem como
a Tia Maria), vendedora de
refrigerantes e bebidas al-
cóolicas na rua Rainha Njinga,
bem junto a sede da Edições
Novembro, a aconselhou a
fazer “alguma” coisa. Essa
“alguma” coisa acabou por
ser a zunga. Com a morte do
sogro, em 2008, o marido de
Juliana recebeu de herança
30 mil dólares, dinheiro que,
entretanto, por causa da inex-
periência do casal, foi mal
canalizado e gerido. Mas en-
quanto o dinheiro durou a
vida correu-lhes bem e deu-
se o nascimento do segundo
filho, em 2014. Juliana deixara
a zunga para se dedicar in-
teiramente à família. Com o
dinheiro da herança com-
praram um terreno, mas,
mais tarde, descobriram que
tihnam sido burlados. Sem
experiência de vida marital
o casal começou a ter desa-
venças, tendo mesmo um
período curto de separação.
Quando se fizeram as demo-
lições dos casebres na zona
da Boavista os familiares de
Juliana, que lá moravam e
que beneficiaram de uma
casa no Zango, aconselharam
o casal a se mudar também
para aquele distrito de Viana.
Puxa daqui, puxa dali o di-
nheiro da herança acabou.
Começou então o calvário.
Juliana lembra que trabalhou
numa cozinha na Chicala,
mas, “por causa das humi-
lhações da patroa”, desistiu.
“Ela mandava limpar o chão
com água quente que me
queimava o joelho”. Poste-
riormente, o marido arran-
jou-lhe emprego na
esplanada de um casal an-
golano, na zona da antiga
Angoship. Juliana Lucas re-
corda que inicialmente a vaga
era para engomadeira em
casa da empresária. O marido
e a própria Juliana sabiam
das suas debilidades a engo-
mar roupa. Dado que possuía
a experiência de engomar
adquirida em solteiro na vi-
vência com o pai e a madrasta,
o marido tirou dois dias de
folga para ensinar a mulher
JULIANA LUCAS
a passar a ferro. Com dedi-
cação “Juliana do Azul”, como
também é conhecida, supe-
rou-se e “agarrou” o emprego.
Rapidamente passou para
balconista do estabelecimento
comercial. Fez um curso in-
tensivo de operadora de caixa.
O salário inicial de 15 mil
kwanzas chegou a 30 mil
kwanzas com o passar dos
anos. A remuneração das ho-
ras extras ela usava para pagar
uma educadora de infância
que cuidava dos seus filhos.
Tudo corria bem a Juliana,
que até já fazia planos para
casar com o marido, o amor
da sua vida. Os elogios que
lhe chegavam dos amigos,
colegas e familiares a deixa-
vam envaidecida. Passou a
comprar roupas, sapatos da
moda e bijuterias. E até o fa-
moso cabelo brasileiro.
Assédio do patrão
“Alegria do pobre dura pou-
co”, diz o ditado. “Juliana do
Azul” era uma mulher feliz
e radiante, humilde e res-
peitosa, que construiu a sua
modesta carreia profissional
na dignidade, alicerçada na
observância dos valores mo-
rais e cívicos. Como estava
numa área privilegiada do
restaurante, conseguia ter
acesso aos compartimentos
internos. Foi aí que descobriu
que o seu patrão cometia
adultério com uma amiga da
patroa. Muitos antes disso,
segundo contou ao Jornal de
Angola, ela já notara os olhares
e as insinuações maliciosas
do patrão dirigidos à sua pes-
soa. Ante uma clara e explícita
proposta indecente do patrão
Juliana deixou claro que a
sua dignidade não tinha preço
e que não se venderia por
nada. Essa resposta não foi
suficiente. As investidas do
chefe continuaram. Num dia
normal de trabalho o chefe
chamou-a e declarou-se
apaixonado por ela. Deu um
mês para que Juliana pensasse
no “assunto” e ao mesmo
23
JOÃO GOMES
tempo prometeu fazer-lhe Angola, não disse a verdade. do senhorio”. Juliana Lucas:
um aumento salarial e dar- “Contei apenas ao meu ma- “Ele tomava banho no quin-
lhe dinheiro para tratar a rido, que ficou muito zan- tal, drogava-se e fazia muita
carta de condução. Além de gado. Chegamos mesmo a confusão”.
outros mimos. Juliana rejeitou ir fazer uma queixa às au- Sem alternativa vão morar
a proposta e foi despedida toridades, mas desisti de dar numa das residências da so-
“sem justa causa”, para es- continuidade ao processo gra, no Calemba 2, onde per-
panto de todos os funcioná- para evitar problemas na manecem actualmente.
rios. Com receio de vida do casal”. Juliana tentou mais alguns
represálias Juliana preferiu Em 2014 Juliana mudou-se empregos em esplanadas,
não contar a verdade à patroa. para o Zango, onde arranjou fez uma formação de edu-
Mesmo ainda a trabalhar no um emprego numa espla- cadora social, que a habilitou
restaurante Juliana recebera nada, que depois foi trans- a trabalhar como babá no
várias propostas de emprego, formda numa padaria. Com Kilamba e numa creche que
com salários melhores, mas um salário de 28 mil kwan- viria a fechar por culpa da
declinara. “Ganhava 30 mil zas, trabalhou lá dois anos. Covid-19. Com filhos para
kwanzas e nos finais de se- Grávida e dada a natureza sustentar e marido desem-
mana recebia um adicional do emprego desistiu, dei- pregado, Juliana aceitou o
da minha patroa, pelas horas xando a vaga para uma pri- convite de uma amiga para
extras, de cinco mil, com ma. Para desgraça do casal, ser intermediária de compra
direito a compras. Sentia- a dona da casa onde viviam e venda de casas, actividade
me estável”. na renda decidiu vendê-la que exerce até hoje. Com o
Depois de alguns meses a com eles lá dentro. Com pou- prémio de um milhão ganho
patroa contactou-a para sa- cos recursos, decidiram pro- por constar do livro “Zunga
ber das verdadeiras razões curar um outro espaço. No pão rima com asfalto” ela
pelas quais foi despedida novo lar, antes de terminar pretende comprar um terreno
pelo marido, mas Juliana, a renda foram “esforçados” e construir uma residência,
“por consideração a ela”, a abandonar a residência “para dar melhor dignidade”
segundo disse ao Jornal de por “mau comportamento aos seus filhos.
Estímulo
Um milhão de kwanzas é o valor atribuído e escritores. O livro foi produzido em formato
a cada uma das oitos zungueiras retratadas de revista, com recurso intensivo à fotografia
no livro “Zunga pão rima com asfalto”, uma como modo de expressão, sendo o resultado
oferta do patrocinador. Mas até aqui apenas do trabalho de uma equipa integrada por
quatro das oito zungueiras foram localizadas. 23 profissionais do Jornal de Angola, entre
(Grafamos acima zungueiras entre aspas repórteres, editores de arte, designers e fo-
porque decorridos 15 anos, e extrapolando tógrafos. Participaram do projecto Luís Fer-
o exemplo de “Nandinha dos Bolos” e “Juliana nando (coordenação editorial e textos),
do Azul”, elas muito provavelmente terão Caetano Júnior (revisão editorial e textos),
deixado de exercer essa actividade) Luísa Rogério, Altino Matos, Josina de Carvalho,
Ao apresentar o livro em homenagem “às Francisco Pedro, Graciete Mayer, Mateus Ca-
mulheres do asfalto e do areal” o ministro vumbo, António Cassoma, Fátima Gougel e
da Cultura, Turismo e Ambiente Jomo For- Vladimir Prata (textos). A edição e a capa es-
tunato, na qualidade de crítico de arte, des- tiveram sob a responsabilidade do jornalista
tacou o pendor humanista da colecção de Luiz António Bastos. Como paginadores par-
textos, que “descrevem situações inusitadas ticiparam Noé Pungue, Alcreto Abílio, Arlete
para explicar o quotidiano das zungueiras”. Messele, Pedro Simões, Vasco Guiwho, Albino
O acto de apresentação contou com a presença Jorge, Adilson Santos e Miguel Manuel. A
do ministro dos Recursos Minerais, Petróleos área da fotografia esteve a cargo de Francisco
e Gás Diamantino de Azevedo, do presidente Bernardo e Rogério Tuti. Teresa Alexandre
do Conselho de Administração da Edições encarregou-se da produção.
Novembro Victor Silva, além de jornalistas
 24 VIDA
Bancadas atenuam sofrimento
Duzentas zungueiras beneficiaram de bancadas de madeira para venda de frutas em diversos bairros da cidade do
Lubango. O projecto está a ser implementado pela Administração Municipal do Lubango em parceria com o Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento, que disponibilizou 8 milhões de kwanzas
Arão Martins | Lubango
De segunda a sábado Cata-
rina João, 30 anos, apanha
o táxi em direcção ao mer-
cado do Mutundo para com-
prar abacate que vende nas
ruas do Lubango. Com a sua
voz de soprano Catarina João
facilmente atrai a clientela.
Mãe de cinco filhos, ela con-
sidera que ser zungueira “é
uma tarefa difícil”, mas ape-
sar disso nunca desistiu. Tu-
do, segundo ela, porque tem
de alimentar a si e aos seus.
“É desta actividade que tiro
dinheiro para sustentar os
meus filhos. Meu marido foi
militar e perdeu o braço di-
reito na guerra. Tenho que
ajudá-lo”, explicou à repor-
tagem do Jornal de Angola.
Mesmo em período de ges-
tação, a rotina de Catarina
João é a mesma. A acção dos
fiscais é o pior incómodo.
Rosalina Ngueve, 38 anos,
é zungueira há 20 anos. Na-
tural do município da Caála,
província do Huambo, reside
no bairro Nambambe, arre-
dores do Lubango. Ela vende
banana e tomate oriundos
da comuna do Bentiaba, pro-
víncia do Namibe. Vende
também melancia, pêssego,
pêra, tangerina, banana pão
e manga. Todos os dias per-
corre os bairros João de Al-
meida, Laje, Santo António,
Bula Matadi, Joaquim Ka-
pango e Santo António, uma
actividade que requer sa-
crifício e determinação.
Feliciana Chimbinha, 40
anos, diz que começou a
vender frutas no antigo mer-
cado do bairro Santo Antó-
nio, hoje desactivado. “O
mercado estava localizado
na zona onde foi construído
o hospital da Machiqueira.
Depois da mudança optei
por vender na zunga. É uma
actividade que me deu fa-
mília”, disse.
Através da zunga, revelou,
sustentou os estudos dos
seus filhos, que hoje são
maiores de idade e exercem
cargos em diversas áreas.
“Para levar uma bacia na ca-
beça é preciso ter força e de-
terminação. É preciso superar
a vergonha e os maus tratos
de alguns clientes”, contou.
Caty Antunes, 28 anos, outra
vendedora, confessou que
várias vezes caiu com a ba-
cia na cabeça. “As quedas
foram ao tropeçar quando
fugia dos fiscais da Admi-
nistração Municipal. Graças
a Deus, nunca aconteceu o
pior”, afirmou, acrescen-
tando que é na zunga “onde
obtemos algo para nos ali-
mentar e comprar material
escolar dos filhos. A rotina
é diária”.
Feliciana Chimbinha expli-
cou que “nenhum ser hu-
mano é capaz de percorrer
longa distância com peso na
cabeça” e que é no momento
do descanso que as zunguei-
ras aproveitam para vender
em qualquer lugar. “É nessa
ocasião que tem havido de-
ZUNGUEIRAS DO LUBANGO
sentendimento com os fis-
cais”, disse.
Oferta de bancas
Mais de duzentas zungueiras
beneficiaram de bancadas
feitas de madeira para vender
fruta em diversos bairros da
cidade do Lubango. O ad-
ministrador municipal do
Lubango, Armando Vieira,
disse que o projecto está a
ser implementado em par-
ceria com o Programa das
Nações Unidas para o De-
senvolvimento (PNUD), que
disponibilizou 8 milhões de
kwanzas.
Armando Vieira informou
que a acção denominada
“Minha bancada, meu ne-
gócio” visa atenuar o sofri-
mento das zungueiras, que,
para obter dinheiro para o
sustento, são obrigadas a cir-
cular longas distâncias pela
cidade. “A mulher zungueira
quando circula pelas ruas
da cidade nem sempre con-
segue vender. Com a entrega
das bancadas a venda é feita
em locais fixos, o que facilita
a sua localização”, disse. As
bancadas que estão a ser en-
tregues servem para vender,
exclusivamente, frutas.
Segundo o administrador
foram fixados postos de ven-
da de fruta nos bairros Laje,
junto a igreja Católica, Mitcha,
Nambambe e na margem do
rio Mukufi. O objectivo, ex-
plicou, é construir 400 es-
truturas do mesmo tipo.
Armando Vieira deu a co-
Domingo
24 de Janeiro de 2021
nhecer que a Administração
Municipal, que controla, ac-
tualmente, mais de 300 zun-
gueiras, numa primeira fase
produziu 100 bancadas para
beneficiar 200 mulheres.
Cada bancada serve para
duas vendedoras.
Armando Vieira lembrou
que no âmbito do Plano In-
tegrado de Intervenção nos
Municípios (PIIM) recente-
mente foi construída uma
nave junto ao mercado mu-
nicipal, que está a albergar
um número considerável de
antigas zungueiras. “O ganho
permitiu enquadrar mulhe-
res que vendiam peixe e fru-
tas nas ruas da cidade”, disse.
“Queremos também inserir
as mulheres na Segurança
Social”, adiantou, salien-
tando que a Administração
Municipal está a incentivar
e a ajudar as mulheres a ob-
terem o Bilhete de Identidade
e a abrirem conta bancária.
Maria João, uma das bene-
ficiárias, explicou ao Jornal
de Angola que a iniciativa é
louvável, pois reduz o so-
frimento da mulher zun-
gueira. “Circulando pelas
ruas nem sempre tínhamos
sucesso. Com a entrega das
bancadas e fixação dos pon-
tos de venda, a população,
seja lá onde for, tem onde
se dirigir”, afrimou, subli-
nhando que a criação dos
pontos de venda facilita não
só a actividade das vende-
doras, mas também da pes-
soa que procura frutas.
 CRÓNICAS
Do velho para a diáspora
Augusto Cuteta |
Bom dia, filho. Como estão
aí na França das europas?
Estou a escrever essa men-
sagem porque neste ano ain-
da não falamos. Não ligaste
e fiquei preocupado. Sabe
que não posso te ligar, por
causa dos nossos saldos ca-
ríssimos. Cinco minutos aca-
ba 'mbora já a pensão do
antigo combatente.
Cá, estamos bem. Pedi ao
filho da tua irmã para dar
e-mail dele para te escrever.
O miúdo está a estudar bem
no ensino médio e diz que
não é e-mail. É endereço
electrónico. E-mail é a men-
sagem que mandamos. Aí,
nas europas, os teus brancos
também dizem isso como
ele? Se for verdade, como é
que nossos doutores e tudo
andam a confundir e-mail
e endereço electrónico?
Apesar dos pesares, estamos
bem. Tua irmã ainda está a
ganhar lá um pouco de juízo.
Os teus sobrinhos também
estão com saúde. Maka são
mesmo só as mesmas makas
que temos como sempre.
Falha na energia, lixo sem
recolha, buracos nas estra-
das, obras começam e não
terminam, muita poeira, de-
linquência, gatunagem dessa
miudagem, falta de água,
enfim. Até a chuva também
Domingo
24 de Janeiro de 2021
quer parar de nos dar con-
fiança. Este ano, em Luanda
e em muitas outras provín-
cias São Pedro ainda não fez
sentir o ar da sua graça. É
bom, em parte, pois, sabe
que cá, quando chove, é um
“Deus nos acuda”. Mas, por
outra, precisamos de água
para molhar os campos. Na
verdade, meu filho, é só ver-
gonha de te escrever isso e
depois teus brancos aí lerem
isso, mas a água da chuva,
cá entre nós, serve para mui-
tos como água mineral!
Meu filho, envia alguns eu-
ros. Minha miséria dos an-
tigos combatentes é só Jesus!
É só luta à toa nos bancos,
nem vai meia semana, di-
nheiro já voou. Sem cabaz,
tua irmã, também com as
makas com o marido, nem
nos trouxe o bacalhau. Pra-
ticamente, não comemos
o Natal.
Todas as famílias só estive-
ram a lutar para chegar neste
2021. A Covid-19 tirou a ban-
ga às pessoas. Compramos
lá qualquer roupita, mas era
mesmo só de se enfeitar aqui
no quintal. Música alta estava
proibida. Dançar não se po-
dia, para evitar encostar nas
pessoas. Até aqueles meus
toques que você me deixou
com ele, meu filho, vou es-
quecer só. Então, aquela
miúda, filha da vizinha coisa,
não estava a vir me convidar
MUKANDA
para dançar! Queria tarra-
xinha, sacana d’um raio!
Me viu sair do banco buscar
essa miséria que nos dão.
Lhe dei um bom “dibabelo”
e sumiu das minhas vistas.
Essas mijonas estão peri-
gosas! Te sopram nos ouvidos.
Te chulam todo o “kitadi” e
vai gastar com miúdo dela
igual. O miúdo é o namorado
e você, mais velho, é o pa-
póite do arraso, que paga
tudo e, por isso, te dão uns
beijinhos e umas “agora
aguenta” e pronto.
A propósito, mano, andas
a ver os noticiários daqui?
Então, estão a se esfaquear.
Meninas pequenas é que
estão a deixar dezenas de
buracos em homens com
idade de avôs nas pensões!
Não é essa miséria que nos
dão nos antigos combaten-
tes. É pensão dessas aí de
dormir lá. Mas, aqui servem
para irem se fazer só os
suadores!
Os táxis, também, andam
a sair das estradas para ma-
tar e ferir pessoas nos pas-
seios. E nas pensões é se
matarem. Agora, aquele
que fala pelos “poliang” -
não estás a ver esses que
falam o que o chefe manda
ou quer ouvir, tipo é pa-
pagaio? - está a recomendar
que se mostre bilhetes de
clientes antes desses en-
trarem para avançar com
as “coisas”! E a população
estava a acusar de “ngom-
birito” da menina senhor
general alheio morto que
faleceu já no ano passado!
Mano, aqui tem conversas.
Ouviste do caixão? Foram
depositar junto ao Manguxi,
ali no Largo da Dipanda. Es-
ses “monandengues” estão
a perder o medo! Também
os polícias estão só lhes olhar.
Não lhes dão porretes para
serem notícias nas europas,
onde lhes transformam em
verdadeiros heróis. Estão a
andar ‘mbora tipo são amigos
que estão a fazer caminhada
para queimar calorias.
Não sei aí vocês, mas aqui
confusão nos bancos para
tirar dinheiro acabou. Nem
mesmo nos tais multicaixas!
O miúdo está a me corrigir
para escrever caixa auto-
mático. Disse que multicaixa
é o cartão. Esse teu sobrinho,
também! Mas, verdade é que
esquecemos 'mbora que
Janeiro é mês pesado.
Você, cuidado com esse co-
rona vírus. Aí, nas europas
está duro. Na nossa África,
principalmente, na terra de
Mandela, não está nada bom,
também. Mas, “Nzambi mu-
kua Ngola”. Cá, na banda,
estamos com técnicas tão
avançadas, que só curamos
já acima dos 500 por dia. Há
dias seguidos que ninguém
morre dessa doença!
Não estamos a dar mimos
no vírus. Aqui, forma de
correr com a Covid-19 está
parece é o desrespeito das
normas, acho! Essa nossa
gente teimosa não escuta
bons conselhos e, por isso,
não usa bem as máscaras.
As pessoas estão aos montes
nas ruas, nos mercados, nas
paragens, nos autocarros,
nos candongueiros. Todos
misturados, porque acham
que são protegidos de Deus.
Antes, a polícia dava “tungo”,
mas se cansaram, filhos
alheios. Também as multas
ninguém está a pagar. Assim,
cabrito amarrado come em
qual capim?
Os “poliang” não querem
mais aparecer nas rádios e
nas TV a lhes acusarem de
violar direitos humanos!
Mano, o menino quer com-
putador dele, onde anda me
ensinar lá a dominar essas
novas tecnologias. Também
só uso ainda um dedo de
uma mão, mas vou melho-
rar. O mundo está a evoluir
mesmo. A tal net, desde que
se meteram nos jindungos,
é que anda só mal aqui. Ora
cai, ora levanta. Teríamos já
nosso Angosat 1, mas, deixa
só. Pai alheio, que lhe man-
daram nos fazer negócio lá
nas rússias, para termos sa-
télite, foi aceitar trabalho de
estar no sítio dos bagos ver-
melhos. Não sei se o bocado
25
de café e o feitiço vão sumir,
também!
Fica já bem, mano. Espero
que respondas. Na próxima
semana, teu sobrinho vai
me instalar Facebook e
WhatsApp no celular. Assim,
não chateio mais teu sobri-
nho, que vai andar a levar
já o irmão dele pequeno para
a escola. As aulas dos mais
pequenos vão retomar já,
em Fevereiro.
E, não esqueça de tratar aí
o BI. O Governo já vai instalar
aí, em França, postos para
tratar documentos. Fica
atento, mano. Não vai pre-
cisar vir aqui. E, se vier, vai
‘mbora ficar no Sumbe. Dis-
seram que vão acabar com
a poeira.
Pronto. Estou já sair, para o
miúdo enviar o e-mail. Aí,
usa ainda os teus amigos das
europas para nos encontrar
aqueles milhões de dólares
e de ouros escondidos lá
fora. Nem sabemos se é nosso
ou não. As nossas procura-
dorias e os sics ainda não
nos sabularam nada! Esta-
mos nas especulações.
Também, mano, aqui temos
já importação de bons há-
bitos das europas. Se acusam,
se falam mal, ministro estão
a dizer que vai pensar já pôr
cargo à disposição. Estamos
sempre a subir!
Vamos manter contactos,
em breve. Beijos e fica bem.

Filho do deputado
Pereira Dinis
Há dikas que os candengues fazem
quando alguns dos seus direitos
estão em causa. É assim que o de-
putado que nasceu no Mbilá (Sam-
bizanga) e passou no Nzengá
(Cazenga) e noutros bairros como
Rangel, Marçal, e Cassoneca, não
aceita que o seu filho de 13 anos
vai visitar os seus avôs, os seus
primos e amigos, tudo isto dito
pelo Kinama.
Com o confinamento o candengue,
o filho do deputado, na sexta-feira
passada, quando lhe deram os mil
kwanzas para ir comprar tomate e
cebola, porque a empregada estava
dispensada, decidiu utilizar o valor
para pegar táxi para ir no Mbilá ver
o avô Zé Dya Louje (Zé Feiticeiro),
porque se sentia oprimido. Porque
isto de todos os dias ver bonecos
na televisão já estava a aborrecer.
O candengue, mesmo sem conhecer
Luanda, conseguiu pegar um táxi
e chegar ao mercado do S. Paulo.
Daí pediu explicação de onde é o
mbanji do avô Zé Dya Louje. Muitas
pessoas estavam com receio de in-
dicar, segundo o Kinama, pensando
que o candengue estava a ir pedir
pau (feitiço) para engatar as caçulas
do bairro.
Felizmente, o candengue cruza-se
com a sua avó-tia (linguagem que
os do Norte, Centro e Sul não gostam
de usar, mas os crioulos, os que
vivem há mais de 40 anos em Luanda,
utilizam). Sem saber que é seu so-
brinho lhe explica da seguinte forma,
isto segundo o Kinama: “aqui nessa
rua, vai sempre em frente, depois
da escola nova curva, vai dar com
um beco, vai sempre em frente. Vai
dar com o Sumba Fuba e vai sempre
em frente. Aí vai encontrar a mana
Fefa Dya Cuidia e lhe pergunta onde
é que fica a casa do Zé Dya Louje”.
O candengue agradeceu e seguiu e
acompanhou o mapa tim-tim por
tim-tim. E chegou lá. Como na zona
qualquer candengue que passa sem
saudar é suspeito, por instinto o
miúdo foi saudando. Só que chegou
na hora errada no balandi (casa) do
avô Zé Dya Louje. Porque este estava
a tratar os jogadores da equipa
DIKAS DE BAIRRO
juvenil do Baião - onde o Progresso
Associação do Sambizanga (PAS)
nasceu – que ia defrontar o Viemos
para Ensinar. Equipa que deu alguns
jogadores ao PAS.
Como Zé Dya Louje trabalha com
espírito, segundo o Kinama, assim
que o massambissambi (espírito)
lhe subiu abanou a cabeça e disse
: “hum hum hum, vamos ganhar
esse jogo e não vamos descer. E
o Viemos para Ensinar não vai
ser campeão”.
Kinama, como acompanhou o mi-
longo, conta que ninguém estava
a acreditar. Porque se o Viemos para
Ensinar ganhasse o jogo seria o cam-
peão e o Baião descia de divisão. A
verdade é que o milongo foi feito.
Mas faltavam três grandes reforços
que a equipa do Baião contratou
no bairro Palanca. Estes não puderam
comparecer por conta da Covid-19.
No bairro Palanca saíram bons jo-
gadores, como o Balongá Alonga,
Nguto e Mampanela.
O jogo ia decorrer no campo do Bu-
cavú. Como o candengue, o filho
do deputado, nunca tinha treinado
e nunca ninguém lhe viu a jogar, os
dirigentes do Baião entraram em
pânico. Falam com o mestre e este
diz que vai falar com o filho dele, o
pai do candengue, para autorizar
o miúdo a jogar. Zé Dya Louje fez,
segundo o Kinama, várias chamadas.
O deputado não atendeu. O avô
preparou o neto, mas só para jogar
na segunda parte. E qual foi o tra-
tamento? Esfregar bastante dendém
no esquedelo (sapatilhas ou ténis)
e ficar com uma vela vermelha acesa
durante 45 minutos no banco dos
suplentes. Como os mbilas gostam
nomes especiais, o candengue foi
alcunhado como Quifumbi, porque
nas suas jogadas inesperadas con-
seguiu marcar quatro golos. Zezinho
marcou três.
A verdade é que o Baião estava a
perder 5 a 0 com o Viemos para
Ensinar. Também, de acordo com
o Kinama, quando mandaram o
candengue aquecer todos estavam
a rir e não contavam com a revi-
ravolta. O certo é que o miúdo,
quando entrou no jogo, conversou
com o Zezinho, grande esquerdinho
como ele. Depois da conversita
Zezinho lhe passou a bola e ele
marcou de cabeça. Minutos depois
recebeu um passe, disparou mas
bateu na barra.
O Baião começou mais animado.
Das Panelas, jogador do Baião, re-
cebeu a bola do guarda-redes, atirou
e a bola bateu na barra, mas na re-
carga marcou o golo de bica (ponta
do pé). O Panhanha, que estava a
acompanhar a conversa, também
deu o seu mujimbo. Agora, se ele
falou bem ou mal, o certo é que ele
disse que o deputado devia libertar
o seu filho da “cuzueira” (casa). Mas
o miúdo tem de saber donde saiu:
do Marçal, Zengá e Mbilá.
Foi um jogo de futebol do bairro no
campo do Bucavú, onde as equipas
jogavam sete contra sete. O resultado
deste trumunu faz lembrar o embate
entre Petro de Luanda e 1º de Maio,
Não sei quem foi o cronista que es-
creveu a matéria sobre esse jogo,
mas o título foi este: “Jogo de futebol
com resultado de andebol”. Esta
matéria saiu no “Jornal Desportivo
Militar” (JDM).
 26 LEITURAS
Livro analisa estratégia militar sul-africana
“A Guerra na África Austral. Análise da estratégia total nacional da África do Sul – 1948-1994”, editado pela Mayamba, é um
estudo sobre a Estratégia Total da África do Sul, que no contexto da Guerra Fria visava legitimar internacionalmente o
Proença Garcia*
Miguel Júnior é um General,
um combatente das lutas pela
independência e depois das
guerras civis, tendo também
vivenciado a luta contra o
poder sul-africano. Mas, ape-
sar desta sua longa e rica ex-
periência consegue dar-nos
uma visão distanciada e isen-
ta sobre as guerras que vi-
venciou. Visão a que nos foi
habituando nos seus já muitos
escritos anteriores, em que
nos presenteou com uma das
mais importantes e recentes
interpretações da história de
Angola, que recordamos co-
nheceu uma longa guerra,
muito diversa ao longo de 30
anos (1961-1991), onde os
combates regulares e irre-
gulares se misturaram e onde
tivemos guerra de guerrilha
ou o maior combate de blin-
dados de toda a história da
África Subsaariana.
Este interessante livro tem
essencialmente duas gran-
des partes e começa por nos
caracterizar o contexto es-
tratégico em que a África
do Sul começa a esboçar a
sua estratégia total. O pe-
ríodo da ordem dos Pactos
Militares, da Destruição Mú-
tua Assegurada e das guerras
por procuração nas periferias
de desempate bem como do
importantíssimo período
anticolonial no seio das Na-
ções Unidas.
Nesta primeira parte Mi-
guel Júnior procura os fun-
damentos políticos da estra-
tégia total e remonta ao pe-
ríodo da colonização Afri-
cander e britânica, nas lutas
de ambos para a afirmação
da soberania e pela posse da
terra, bem como as lutas con-
tra os reinos locais, como o
regime de apartheid
Reino Zulu. Este era um pe-
ríodo onde já se esboçavam
as divisões raciais, que se fo-
ram incrementando com o
crescimento económico.
Depois o autor aborda um
pouco as guerras anglo-boers
e a sequente incorporação
forçada dos Africanders no
Império britânico, mas que
apesar de tudo viriam a go-
vernar regiões como o Trans-
val e as colónias de Orange
e do Cabo. Mas foi por ne-
gociação entre os colonos
que acabaria por ser criada
em 1909 a União Sul-Afri-
cana, tendo os autóctones
sido excluídos da governação;
estes, no entanto, em 1912
viriam a criar o Congresso
Nacional Africano (ANC).
Depois veio a I Guerra Mun-
dial e as Forças de Defesa da
União passaram a controlar
o Sudoeste Africano alemão,
dando início às suas inter-
venções além-fronteiras.
Miguel Júnior analisa su-
mariamente as evoluções
económicas, sociais e polí-
ticas entre as duas Grandes
Guerras, período onde se
acentuaram a discriminação
e a segregação racial, vindo
a partir de 1948 a ser imposto
o domínio do Poder African-
der, que implantou um largo
programa de engenharia so-
cial, o apartheid, empurrando
para a clandestinidade as
forças políticas da oposição.
Esta situação força a uma
mudança de atitude da opo-
sição, que envereda em 1960
por uma, segundo Nelson
Mandela, desejável luta ar-
mada. O autor mostra-nos
de uma maneira magistral
os antecedentes internos e
externos, os factores condi-
cionadores e potenciadores
da definição da estratégia
sul-africana, resultante da
DO HISTORIADOR MIGUEL JÚNIOR
vontade do Partido Nacional,
que a partir do famigerado
ano anti-colonial das Nações
Unidas, 1961, converteu a
União Sul Africana numa
República.
O regime não mais parou
de ser contestado e condenado
nos fóruns internacionais. No
contexto regional destaca ain-
da os desafios estratégicos
provocados pelas lutas ar-
madas e posterior indepen-
dência em Angola e em
Moçambique, bem como o
derrube dos regimes brancos
na África Austral. Neste ca-
pítulo, Miguel Júnior, com
base nos White Papers on De-
fence, analisa ainda as linhas
de força da Estratégia Total
Nacional sul-africana, dando
ênfase à considerada neces-
sária intervenção em Angola,
onde soviéticos e cubanos in-
tervinham na guerra civil.
Os preciosos documentos
analisados identificam cla-
ramente as metas e os objec-
tivos nacionais sul-africanos,
onde são consideradas as es-
tratégias gerais político-di-
plomática, sócio-económica,
militar e psicológica.
Na segunda parte do seu
livro, Miguel Júnior dedica-
se à análise das duas estra-
tégias fundamentais: Política
Externa e Política de Defesa.
Na primeira análise salienta
a Diplomacia de Desafio ou
coerciva e as suas diversas
fases ao longo do período em
análise no livro, que recordo
vai de 1948 a 1994, do acto
de equilíbrio de Malan, pas-
sando pela Política de retirada
de Verwoerd, e pela árdua
luta pelo compromisso de
Vorster, salientando o novo
compromisso externo mus-
culado de Pick Botha, que
veio a privilegiar as inter-
venções externas no contexto
regional e impulsionar o pro-
grama nuclear, passando as-
sim a Forças de Defesa a
assumir papel preponderante
na Política Externa, num
contexto em que o isolamento
internacional se acentuava,
mantendo no entanto o apoio
dos EUA, apoio que Miguel
Júnior, com recurso a diver-
sificadas fontes, analisa de
forma transversal.
Também internamente a
situação se deteriorava le-
vando ao declarar do estado
de emergência nacional em
1986, demonstrativo que al-
guma coisa teria de mudar
nas políticas e no modelo
social do regime vigente. No
fundo, como conclui o Ge-
neral Júnior, na era do apar-
theid a política externa foi
dominada pela geopolítica
da guerra, uma virtual ex-
tensão e uma exportação da
política interna.
Depois o autor analisa a es-
tratégia da Política de Defesa
e caracteriza os seus variados
períodos desde a II Guerra
Mundial e a criação das Forças
de Defesa da União - as South
African Defence Forces (SADF),
bem como a transição das tác-
ticas e estratégias convencionais
para as de contra-insurreição,
explicando a evolução da es-
tratégia genética dos orça-
mentos e da mobilização, até
à estratégia estrutural com
vista a melhorar os níveis de
prontidão, numa situação fluída
em que era essencial para o
Poder preparar-se para todas
as contingências.
Curioso notar que as SADF
passaram nos anos oitenta
a integrar mulheres brancas
e outros grupos étnicos, in-
cluindo negros. Esta segunda
parte do livro finda com um
capítulo que descreve as
doutrinas estratégicas adop-
tadas: a Postura de Defesa,
a Dissuasão, a Contra-in-
surreição e a Assistência às
autoridades civis.
Aqui nós destacamos um
aspeto particular e original
da estratégia total sul-afri-
cana: o desenvolvimento do
programa nuclear limitado
como parte da estratégia da
dissuasão, procurando man-
ter a ameaça externa longe
das suas fronteiras.
Não sendo novidade que
os sul-africanos tinham,
desde o 25 Abril em Portugal,
decidido por uma capacidade
nuclear, aprendemos com
a leitura deste livro que De
Klerk confirmou a existência
de seis ogivas nucleares, e
que apesar da intenção do
seu emprego nunca ter sido
oficial, sendo apenas passada
indirectamente e de forma
subliminar, sabemos hoje
que chegaram a analisar a
modalidade de acção do em-
prego táctico deste tipo de
armamento sobre uma ca-
pital africana, Luanda em
1987, pois a sua situação mi-
litar em Angola era já de
grande desespero, sendo esta
a primeira vez que em África
se colocou ênfase na dissua-
são nuclear.
No fundo a estratégia sul-
africana procurava ganhar
tempo para a manobra po-
lítica e o alcançar de um acor-
do que também lhe permitiria
uma evolução interna rumo
ao fim do apartheid.
Com o fim da Guerra Fria
o contexto estratégico alte-
ra-se substancialmente e a
Paz chega a Angola, retiran-
do-se os cubanos e concre-
tizando-se a independência
da Namíbia.
Por fim, o livro analisa a
evolução da guerra e as mu-
danças que se operaram no
Domingo
24 de Janeiro de 2021
EDIÇÕES NOVEMBRO
interior da África do Sul, co-
meçando pela descrição da
Modalidade de Ação Estra-
tégica directa, interna e ex-
terna, em que a estratégia
militar ofuscou as demais
estratégias, e em que a pos-
tura de guerra estava inti-
mamente associada ao seu
objectivo político-estratégico
- a defesa do sistema do apar-
theid, tendo as campanhas
militares a finalidade de de-
sarticular as forças militares
oponentes da região, de mo-
do a facilitar a sobrevivência
do regime sul-africano que
remava contra a corrente
internacional.
O Poder sul-africano co-
metera no entanto vários
erros na análise, não só da
evolução do contexto estra-
tégico global, mas no contexto
regional não perceberam que
à sua estratégia total se opu-
nha ao mesmo tempo outra
estratégia total, não assumida,
a do Poder em Luanda e que
acabou por sair vitoriosa.
As mudanças viriam fi-
nalmente a ocorrer no seio
de uma sociedade fracturada,
onde era cada vez mais difícil,
senão impossível, o Poder
articular a sua estratégia total
nacional. A alternativa era
negociar o conflito regional-
mente e encetar uma tran-
sição política interna, pondo
fim ao Regime de apartheid.
Para concluir, considero
que todos aqueles que apre-
ciam os estudos da Estratégia,
das Relações Internacionais
e da História Militar devem
ler este precioso livro em
que o General Michel mostra
toda a sua maturidade aca-
démica e científica afirman-
do-se como Historiador
Militar de primeira linha.
*Doutor em História
GENTE domingo
24 de Janeiro de 2021 27
CAZENGA - LUANDA
dr

A justa homenagem
ao mestre Kituxi
O músico e compositor Miguel Francisco
dos Santos rodolfo, conhecido por Mestre
Kituxi, líder do emblemático grupo "Kituxi e
os seus acompanhantes", foi alvo de uma
homenagem pela Administração Municipal
do Cazenga, no quadro do reconhecimento
das individualidades da zona que se
notabilizaram nos vários sectores. Homem
de cultura, durante o acto e visivelmente
emocionado, Mestre Kituxi sublinhou que na
sua idade já não olha para a dimensão de
um acto de homenagem e agradeceu o
privilégio de assistir o reconhecimento do
seu trabalho enquanto vivo. Na cerimónia,
que aconteceu numa das salas anexa do
Marco Histórico do Cazenga, o administrador
do Município do Cazenga, Tomás Bica
Mumbundo, disse que a iniciativa faz parte
de um projecto que visa valorizar de forma
individual ou colectiva os filhos do Cazenga.
A reportagem da Gente esteve no local e
captou um dos momentos que marcaram a
cerimónia. A imagem e o texto são de
autoria de Kindala Manuel.

PROGRAMA TV dr

CHONGORÓI - BENGUELA
dr

O exemplo de
Yonara Tchissola
Yonara Tchissola é uma jovem cujos
feitos granjeiam a atenção e aplausos da
sociedade. A beldade tem vindo a realizar
várias acções de formação no âmbito do
projecto “Minha Água, Minha Vida”, uma
iniciativa do grupo de trabalho
denominado “Química Verde”. Formada
em engenharia de petróleos, Yonara

“O Bar do Gilmário” de volta Tchissola, participou da montagem de 50

biofiltros, um sistema de filtragem e
purificação de água, no bairro de Upindi,

ao Mundo FOX município do Chongorói, província de

Depois de um período no defeso, o
humorista Gilmário Vemba está de regresso ao
canal Mundo FOX. Fonte próxima do humorista
revelou à reportagem da Gente que Gilmário
Vemba tem agendado, para o próximo dia 5 de
Fevereiro, o seu regresso aos ecrãs com o
programa denominado “O Bar do Gilmário”,
uma combinação entre o stand-up comedy e a
“PRO EVOLUTION 3 (GAME OVER)”
Prodígio lidera Top da Apple Portugal
ficção, que contará com a participação de
Érica Chissapa, Ciomara Morais, Anilson
Eugénio e Sabri Lucas. Gente apurou que a
acção deste novo programa do Mundo FOX se
passa num bar de Luanda, onde Gilmário, o
proprietário, actua todas as noites dissertando
sobre os mais diversos temas, sob o olhar mais
ou menos atento dos seus funcionários.
dr
Benguela. A acção de Yonara Tchissola e
equipa contou com os préstimos das
empresas Angoil Bumi, Standard Bank –
Heróis de Azul, Change 1’s Life e
individuais. Gente louva a iniciativa de
Yonara Tchissola.
CARREIRA ARTÍSTICA
Maya Zuda lança logotipo
A cantora Maya Zuda lançou o seu logotipo. A autora do trabalho discográfico “Minha
Bênção” disponibilizou para os seus seguidores e admiradores o seu logotipo do qual
passará a exibir. O logotipo, que é antecedido de uma coroa que simboliza reinado e
NOME OMMO MOOOM
sucedido dos dois nomes da cantora (Maya Zuda), pode ser visualizado na sua página
oficial na rede social Instagram. Maya Zuda é autora de um “best of”, foi Miss Maianga,
em Luanda, em 2011, e Miss Fotogenia. depois, decidiu seguir carreira musical. dr

Momom omom
omo momomo
Simporios molupta qui blandae officidus rem
vel et mo tet est volupta voluptatem remo odit
reratem labore, nit evellup taerunt eatiam
assitiorpora eaque sum invenim olores cuptae
nis incti offictur aut volore sanditi ssitis estiis
asperum volum et pedianim que vellaborum
intinctum volupta nobiti dollorum quid
quiaspe lliqui aciisti qui sus aut eos ellate
optatur? ra volorer ferciae nes serovidem et
endae. Otas arum ene coritat. Cusciliqui
delende molest, suntotat maio intioribus, nimi,
alit, sam ant pa nonsedi ssuntibus quam
O músico Prodígio tem motivos para festejar. As músicas do rapper angolano fazem sucesso iuscimus inum fuga. Cumquam debiste
fora do país. O seu mais recente álbum intitulado “Pro Evolution 3 (Game Over)” lidera a lista dos mpernatati ommolup tatiis vellest ionsequi
100 discos mais consumidos na plataforma digital Apple Music de Portugal. A última obra remos sam autem est earchit assinto blatecat
discográfica do cantor e compositor radicado em Portugal, e que tem a participação de Paulo id quis molentia consequiate .
Flores, foi disponibilizada no início da semana em várias plataformas digitais, inclusive na Apple
Music Portugal. No Portugal Apple Music Top Albums, designação específica da competição, o
álbum do rapper do grupo Força Suprema está à frente de trabalhos inéditos de estrelas mundiais,
entre as quais Miley Cyrus, sétimo lugar, The Weeknd (8º), Taylor Swift (14º), drake (23º) e Lady
Gaga (36.º). Constam ainda no Top, que se refere aos discos mais ouvidos e baixados na referida
plataforma com representação em Portugal, os mais recentes trabalhos discográficos dos
angolanos TrX Music “Midnight Club”, na 11ª posição, e Paulelson “Novo Messi 2”, na 32ª.
28 GENTE Domingo
24 de Janeiro de 2021

DR

ALEMANHA LIVRO
Ondjaki e o músico A "Sexta Festa"
Toty Sa’Med em festival de João Rosa Santos
de livro e música O escritor João da Rosa Paulo dos Santos, ou simplesmente
João Rosa Santos, está de regresso às lides literárias. Fonte
O escritor Ondjaki e o músico Toty Sa’Med estão entre os artistas próxima do escritor e autor do livro "Etu Mu Dietu, Crónicas
convidados para participar no African Book Festival 2021, na ao Acaso", revelaram à reportagem da Gente que a sessão de
Alemanha, que explora a conexão da música com a literatura, cuja apresentação e de autógrafos do seu mais recente livro
transmissão será via Internet, nos dias 28 e 29, nas cidades de Leipzig intitulado "Sexta Festa - Crónicas ao Acaso", acontece no
e Munique. A actividade alberga dois eventos, nomeadamente próximo dia 29 de Janeiro, na sede da União dos Escritores
“Voices From The Beginning” e “Books Born From Songs”, incluídos Angolanos (UEA). Natural de Malanje, nasceu aos 28 de Maio
no festival literário africano que na sua génese apresenta músicas de 1961. João Rosa Santos tem no mercado obras literárias
como componente poética influenciadora para o nascimento de como "Quando o Coração Chora", "Contornos da Vida", "Que
obras literárias. Sob curadoria do músico, cronista, editor Mal Fizemos Nós?", "Croningolando", "Preta Fula", "Ndolo",
discográfico e escritor Kalaf Epalanga, os angolanos foram "Balabina" e “Kubanza, Crónicas ao Acaso”. É jornalista e foi
convidados para falar sobre os seus trabalhos, das suas inspirações e durante anos o director do Gabinete de Comunicação e
de como chegaram a formar as suas obras. José Eduardo Agualusa, imagem da Sonangol.
Telma Tvon e Yara Monteiro também constam entre os convidados na
actividade cujas transmissões serão feitas na língua inglesa.
DR
ANIVERSÁRIO DR

Norberto de Castro
sopra 60ª vela
Meio afastado dos holofotes, depois do que foi o
desfecho do processo eleitoral na Federação
Angolana de Futebol, em que viu a sua lista
impugnada, Norberto de Castro, diz, de viva voz,
não andar escondido, como muitos podem supor.
Comemorou no passado dia 18 mais uma risonha
primavera. Ao estilo que lhe é característico, bom
anfitrião, chamou alguns amigos em sua residência
para cantar os parabéns da ordem. A coisa, em face
do contexto, que recomenda distanciamento social,
não foi de pompa e circunstância, como seria em
condições normais. Mas deu para juntar alguma
malta. Houve comidos e bebidos à fartura, e ao
lugar da música, muita conversa sobre futebol. Ao
aniversariante aqui vão os nossos parabéns...

CONCURSO DE IMITAÇÃO
Ady Cudz e Amélia
Madaleno são os rostos
do Estrelas ao Palco
O músico Ady Cudz e Amélia Madaleno são
os rostos do concurso de imitação musical
Estrelas ao Palco, hoje a noite. Em nota
endereçada à Gente, a organização do
Estrelas ao Palco realça que Ady Cudz e
Amélia Madaleno receberam o voto de
confiança da equipa que coordena a terceira
temporada do Estrelas ao Palco. A terceira
edição denominada “Vencedores” terá a
participação de 12 concorrentes. Michael
Jackson, Shakira e Gatho Rivens serão os
concorrentes que o país terá novamente a
oportunidade de ver actuar. Ady Cudz e
Amélia Madaleno farão a apresentação de um
programa sem público, por conta da
pandemia Covid-19. As galas serão sempre
aos sábados à noite, em directo, no ZAP Viva.
DR
BASQUETEBOL
Victor de Carvalho
presenteia Carlos Morais
O veterano basquetebolista Víctor de Carvalho demonstrou o seu afecto e admiração
pelo jovem Carlos Morais. Víctor de Carvalho, treinador dos escalões de formação de
basquetebol do Petro Atlético de Luanda e uma das lendas da modalidade na década de
90, ofereceu uma camisola grafada com o seu nome ao base-extremo do Petro de Luanda
Carlos Morais. O momento foi partilhado pelo basquetebolista na sua conta oficial do
Instagram com a seguinte legenda: “Quando recebes um presente de uma das maiores
lendas do basquetebol africano”... Com uma carreira ligada cem por cento ao Petro de
Luanda, Víctor de Carvalho chegou ao clube no ano de 1985, jogou por todas as camadas
de formação e a sénior e representou a Selecção Nacional.
DR

PRODUTORA MUSICAL
DR

Milionário Records
apresenta hino oficial
A produtora musical Milionário Records,
propriedade do empresário Horácio Mosquito, tem
agendada a apresentação pública, no dia 25 de Janeiro,
segunda-feira, do seu hino oficial, denominado "Quem
mais", cuja cerimónia se realiza no restaurante Clube S,
localizado no embarcadouro do Mussulo. Em nota, a
produtora Milionário Records revela que o momento
será aproveitado para a apresentação das músicas
inseridas no projecto artístico "Prenda de Natal", que
integra 12 cantores, apresentado no passado mês de
Dezembro. Entre os músicos filiados na Milionária
Records constam nomes como Dino Ferraz, Miguel
Buila e Liriani.
DESPORTO
NAMIBE
Associação necessita
de Akz 1 milhão e meio
Gaudêncio Hamelay / Lubango
A direcção da Associação
Provincial de Andebol do
Namibe, necessita de mais
de um milhão e meio de
kwanzas para fazer face às
dispensas correntes durante
a época desportiva.
Em declaração ao Jornal
de Angola no Lubango, o pre-
sidente da Associação de
Andebol do Namibe, Jujú
Alberto, disse que o referido
montante é para custear todos
os encargos administrativos
do órgão que dirige.
“Estamos a precisar para
uma época desportiva apro-
ximadamente um milhão e
meio de kwanzas para gerir
todas as nossas despesas.
Este é um valor irrisório.
Mas é necessário para supor-
tar as despesas administra-
t iva s d a a s s o c i a ç ã o ” ,
prognosticou.
Jujú Alberto revelou que
a quota mensal na associação
os membros é que fazem con-
tribuição. Exemplificou que
quando participaram recen-
temente na acção de refres-
camento promovida pela
Condição financeira tem sido o entrave no plano de realização
PALESTRA
Viana celebra Dia
Nacional do Desporto
Uma palestra sobre a Lei
das Associações Desporti-
vas, enquadrada nos festejos
do Dia Nacional do Des-
porto, assinalado ontem,
realizou-se no anfiteatro
da Casa da Juventude de
Viana, em Luanda.
O director provincial de
Luanda do Turismo, Juven-
tude e Desportos, Manuel
Gomes, descreveu a temática
sobre os princípios da auto-
nomia, descentralização, ética,
segurança social e seguro para
os desportistas.
Durante o debate, que
durou aproximadamente 45
minutos, o responsável des-
creveu também os caminhos
a seguir para a criação de um
clube e associação até atingir
uma federação.
Considerou a data de capital
Domingo
24 de Janeiro de 2021
Federação Angolana de Ande-
bol no âmbito do estágio efec-
tuado pela Selecção Nacional
sénior masculina no Lubango,
à deslocação do Namibe para
Huíla “tivemos que fazer uma
contribuição”.
Acrescentou que a BCA
ajudou no combustível, o
clube do Atlético do Namibe
no transporte e outras pessoas
de boa-fé da associação tam-
bém tiveram que contribuir
com um valor. “É mesmo
assim porque fazer desporto
nesta fase é difícil. Então, o
pouco que temos, vamos tra-
balhar”, aclarou.
Jujú Alberto informou que
os novos membros de direc-
ção da Associação Provincial
de Andebol no Namibe,
foram eleitos recentemente
e não encontram nenhum
valor quanto à recepção de
pastas. “Por isso, vamos tirar
dos nossos próprios bolsos
para apoiar o desporto”,
lamentou.
Cada clube, salientou o
dirigente, tem o seu orça-
mento, mas a nível da asso-
ciação é o tal “calcanhar de
Aquilles”.
AFONSO COSTA | EDIÇÕES NOVEMBRO
importância, já que o desporto
é símbolo de unidade que
congrega vários atletas, téc-
nicos, dirigentes, auxiliares
sem escolha de filiação polí-
tica, religiosa, discriminação
racial ou tribal.
O director municipal de
Viana dos Tempos Livres
Juventude e D e sp ortos,
Manuel Bessa, também assis-
tiu ao acto, testemunhado
igualmente por outros res-
ponsáveis locais, atletas e
estudantes de distintos níveis
de ensino.
O Dia Nacional do Des-
p o r t o , q u e s e c e l e b ro u
(sábado) 23 de Janeiro, é
uma data estabelecida pelo
Governo angolano em con-
sideração ao papel que as
modalidades desportivas
assumem na sociedade.
CIDADE DE LUANDA
1º de Agosto
e Interclube
confirmam
final da prova
Juscelino da Silva
O 1º de Agosto e Interclube
disputam amanhã, às 17h00,
no pavilhão principal da
Cidadela a grande final da
primeira edição do torneio
Cidade de Luanda, prova
que visa saudar os 446 anos
da cidade capital.
Os agostinos dominaram
toda a fase regular da prova
não dando oportunidades aos
seus adversários e em três
partidas disputadas os mili-
tares despacharam a formação
do Vila Clotilde na ronda inau-
gural por 90-67, e voltaram
a se superiorizar diante da
formação do Petro de Luanda
(B) por 91-65.
Manuel Sousa "Necas" e
seus pupilos fecharam a fase
regular com triunfo diante
da formação do CFDK. As três
vitórias obtidas permitiram
que a turma do "Rio Seco"
lograsse o primeiro lugar na
final. Necas aproveitou os
jogos do torneio para rodar o
plantel. Hoje a equipa apro-
veita a folga para retemperar
as energias para a final.
Já o Interclube bem orien-
tado por Raul Duarte apro-
veitou as folgas de ontem e
hoje para corrigir alguns
aspectos com vista à disputa
da final da prova diante dos
militares. Os polícias em duas
partidas realizadas no torneio
obtiveram o mesmo número
de triunfos, resultado que
lhes garantiu o segundo lugar
e consequente disputa da final
diante do 1º de Agosto.
Raul Duarte e sua rapaziada
bateram na jornada inaugural
o CFDK por 93-66, e derro-
taram o 1º de Agosto Academia
na segunda jornada desta feita
por 92-87.
Ontem no encerramento
da fase regular o 1º de Agosto
(A) bateu o CFDK por 80-67
ao passo que o Petro de
Luanda B suplantou o Futebol
Clube Vila Clotilde 80-78.
Ricardo Rodrigues treinador
principal do Futebol Clube
Vila Clotilde valorizou os jogos
que a sua formação realizou
no torneio Cidade Luanda,
"Está de parabéns a asso-
ciação por colocar as equipas
a jogar este torneio, para nós
enquanto treinadores os jogos
serviram para tirarmos algu-
mas ilações do que está mal
e o que está bem. Vamos con-
tinuar a trabalhar para fazer-
mos um bom campeonato"
Feminino
No sector feminino, polícias
e militares decidem o troféu,
as duas formações passea-
ram classe na prova termi-
nando a fase regular de
forma invicta. O Interclube
(A) orientado por Apolinário
Paquete derrotou na pri-
meira jornada a formação
do 1º de Agosto Academia
por 78-53, as meninas do
Rocha Pinto voltaram a
superiorizar-se, desta feita
diante dos Formiguinhas
do Cazenga 90-40 foi o
resultado final.
CAMPEONATO DO MUNDO DE ANDEBOL
Angolanos acertam detalhes para encarar o último jogo da sua participação no campeonato
Guerreiros afinam táctica
para ultrapassar a Tunísia
Técnico José Pereira” Kidó” espera vencer adversário de amanhã
para quebrar “enguiço” verificado nos quatro jogos já disputados
António de Brito | Cairo
Digerida a derrota com o
Congo Democrático, a Selec-
ção Nacional sénior masculina
de andebol realiza, hoje, o
derradeiro ensaio tendo em
vista o jogo frente à Tunísia,
a disputar-se amanhã, às
17h00, no Hassan Moustafa
Sports Hall, relativo à terceira
jornada do Grupo A, para as
classificativas do 25º ao 32º
lugares do Campeonato do
Mundo, a decorrer no Egipto.
Antes de iniciar a pre-
paração, a equipa técnica
efectua a habitual minicon-
ferência com os jogadores,
para abordar o plano de
treino, bem como a neces-
sidade imperiosa de vencer
o conjunto adversário.
No último treino, o técnico
José Pereira “Kidó” trabalha
com maior ênfase as situações
de ataques planeados, ensaio
de livres dos sete metros e o
posicionamento defensivo.
O seleccionador nacional
reconhece que a equipa tem
falhado muito nesses aspec-
tos, daí o interesse em corrigir
as imperfeições, para que à
CRENÇA DOS ATLETAS
Edvaldo e Muachissengue
estão confiantes na vitória
António de Brito | Cairo
Edvaldo Ferreira, pivô da
S ele cção Nacional , não
esconde o desejo de vitória,
apesar de antever um jogo
difícil diante da experiente
Selecção tunisina.
Em declarações ao Jornal
de Angola, a estrela do com-
binado angolano realçou o
espírito que norteia à equipa
antes da partida com a Selec-
ção árabe.
“Penso que será um jogo
de vida ou morte para ambas
as selecções, porque pre-
vitória sorria no confronto
frente aos tunisinos.
Para aferir se atletas per-
ceberam a mensagem, José
Pereira opta por um jogo-
treino na parte final dos tra-
balhos. Os atletas que se
destacaram durante o apronto
entram de início diante do
conjunto magrebino.
No seio dos jogadores e
corpo técnico, a vontade é
de vencer pela primeira vez
nesta edição da prova mun-
dial. Kidó que sucedeu no
comando técnico a Nelson
Catito, não quer ser o primeiro
treinador, que passou pela
Selecção Nacional e não ven-
ceu qualquer jogo.
Mais utilizados
Dos eleitos para o Campeonato
do Mundo, os atletas com
mais minutos e participaram
dos quatro, sobressaem Geo-
vani Muachissengue, Cláudio
Chicola, Manuel Nascimento,
Adilson Pestana, Jaroslav
Aguiar, Adilson Maneco,
Romé Hebo, Gabriel Teka e
Feliciano Couveiro.
Por opção técnica, o pivô
Edvaldo Ferreira só falhou
tendem evitar os últimos
lugares da classificação,
depois do fracasso na fase
regular. Quer Angola quer
a Tunísia não venceram
qualquer partida. Temos
consciência de que será um
jogo intenso do primeiro ao
último minuto. Vencerá,
obviamente, a equipa que
cometer menos erros”, disse
o jogador.
Abordado sobre o que
esteve na origem dos maus
resultados da equipa nacio-
nal, Edvaldo Ferreira referiu
“ que a falta de jogo de con-
29
DR
o jogo de estreia diante do
Qatar. Dos três encontros
realizados, o craque angolano
teve um desempenho bas-
tante aceitável.
O guarda-redes Ariel da
Silva, Edgar Abreu e Mayo-
mona Panzo são os únicos
que não saíram do banco de
suplentes. Deste lote de atletas
quatro se estreiam na com-
petição, casos de Ariel da
Silva, Edgar Abreu, Ruben
José e Mayomona Panzo.
Para “Operação Egipto”,
o treinador dos guerreiros
tem à sua disposição 20 joga-
dores, nomeadamente Geo-
vani Muachissengue, Custódio
Gouveia e Ariel da Silva
(guarda-redes); Cláudio
Lopes, Manuel Nascimento,
Romé Hebo e Edgar Abreu
(centrais); Edvaldo Ferreira,
Mário Tati e Ruben José (late-
rais esquerdos); Adelino Pes-
tana, Elias António e Feliciano
Couveiro (laterais direitos);
Gabriel Teka, Agnelo Quitongo
e Jaroslav Aguiar (pivôs);
Cláudio Chicola e Otiniel Pas-
coal (pontas direitos) e Adilson
Maneco e Mayomona Panzo
(pontas esquerdos).
trolo durante a preparação
pode ser um dos factores.
Mas, isso não serve de des-
culpa, porque houve jogos
em que não vencemos por
culpa própria. Vale apenas
chorar pelo leite derramado.
Temos de levantar a cabeça
e seguir em frente”, frisou,
a c re s c e n t a n d o q u e “ o
d e s e mp e n h o d a e q u ipa
nacional seria outra, se não
fosse a pandemia da Covid-
19, que nos remeteu em con-
fi n a m e n t o , f o r ç a d a
suspensão das actividades
desportivas no país”.
30 DESPORTO
ASSOCIATIVISMO
Lubango quase sem terrenos para a prática do desporto comunitário em face da onda de construções ilegais e desordeiras
Construções ilegais invadem
espaços desportivos na Huíla
Existem terrenos no município do Lubango que podem ser aproveitados
pela massa juvenil para a prática e massificação do desporto comunitário
Gaudêncio Hamelay | Lubango
As construções ilegais de
residências em espaços reser-
vados para a prática do des-
porto comunitário preocupam
a direcção dos Tempos Livres
da Juventude e Desportos da
Administração Municipal do
Lubango, na província da
Huíla. O seu director muni-
cipal Henriques Domingos,
disse que o índice de invasão
está a aumentar e preocupa.
Henriques Domingos infor-
mou que efectuou-se o levan-
ONLINE
Adiado africano individual de xadrez
António Cristóvão
O Campeonato Africano de
xadrez individual online foi
adiado para 1 de Fevereiro,
devido ao atraso do registo
individual dos atletas e para
garantir a transferência eficaz
do pagamento das taxas de
inscrições dos desportistas.
"O evento foi adiado por-
que os anfitriões da plata-
forma informaram que o
modo de pagamento deve
ser feito por meio de um link
em nosso site como titular
de conta corporativa", lê-se
no documento a que o Jornal
de Angola teve acesso.
A prova vai ser disputada
nas categorias de idosos
(mais de 50 anos), juvenis
(menos de 20 anos), junio-
res e participantes de todas
i d a d e s . O t o r n e i o s e rá
jogado no sistema suíço de
nove jornadas para todas
as categorias.
tamento das infra-estruturas
desportivas sediadas no mu-
nicípio do Lubango no sentido
de se avaliar os espaços exis-
tentes para massificar o des-
porto nas comunidades.
“Existem terrenos baldios
no município do Lubango
que podem ser aproveitados
para a prática do desporto
comunitário. O objectivo é
salvaguardar essa compo-
nente”, referiu.
Disse que existem espaços
que podem ser revertidos em
campos para a prática do fute-
bol 11 e não só. “O que acontece
A fiscalização de tempo
deve ser de 25 minutos + 10
segundos, por movimento
desde a primeira deslocação,
cujos atletas estão impedidos
de oferecer a igualdade antes
do 30º lance das peças pretas.
Antes da competição, na
próxima sexta-feira, a orga-
nização realiza, às 16h00,
um encontro com todos os
árbitros da prova, seguindo-
se no mesmo período e data
uma reunião técnica com os
jogadores. No dia 31, às
16h00, o Comité Organizador
programou um torneio de
preparação com os atletas.
Para o africano, Angola
estará representada com os
xadrezistas Pascoal Eduardo,
David Silva, Sérgio Miguel,
Manuel Alberto, Avelino Fer-
nandes, Luciano Oliveira,
Cambando José, Ricardo
Joelson e João Simões, Espe-
rança Caxita e Delfina João.
Márcio Filipe, Lutuima
é o facto de que os cidadãos
estão a invadir os espaços onde
os jovens deviam praticar o
desporto”, revelou.
Segundo adiantou, nas
reservas existentes nas zonas
urbanísticas do Kuawa e
Tchavola, quando foram con-
cebidas, havia áreas desti-
nadas à reserva desportiva,
mas, “fomos notando que os
cidadãos estão a erguer casas
nesses espaços”, lamentou.
Henriques Domingos de-
fendeu a denúncia de qualquer
prática do género e impedir
que os referidos espaços sejam,
Atraso no registo individual de atletas forçou o adiamento
Amaro, Júnior Domingos,
Franklim António Daniel,
José Borges, Honorato Pungo,
Edinásia Júnior, Jemima
Paulo e Luzia Pires foram
ARÃO MARTINS | EDIÇÕES NOVEMBRO | LUBANGO
de forma ilícita, ocupados
pelos cidadãos. O director
municipal dos Tempos Livres,
Juventude e Desportos do
Lubango reconheceu que o
desporto move multidões. Daí,
destacou que não se pode con-
tinuar a assistir a situações
dessa natureza. “No centro da
cidade, principalmente onde
a juventude jogava bola de
saco, actualmente, os espaços
desapareceram”, salientou.
Para os espaços que exis-
tem a sua direcção está a tra-
balhar junto das instâncias
competentes para a legaliza-
ção. O objectivo, frisou Hen-
riques Domingos, visa impedir
a expropriação indevida.
A direcção municipal dos
Tempos Livres, Juventude e
Desportos do Lubango foi
criada no âmbito do processo
de descentralização admi-
nistrativa e completa um
ano de existência no próximo
mês de Fevereiro.
ALBERTO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO | LUBANGO
registados para o torneio de
jogadores abaixo de 20 anos.
Francisco Flora inscreveu-
se para a prova de idosos
acima dos 50 anos.
NATAÇÃO
Prova de Mar marca
abertura da época
Armindo Pereira
A realização da Prova de Mar
no próximo dia 6 de Março,
na Ilha do Cabo, em Luanda,
marca a abertura da época
2020/2021 na Federação
Angolana de Natação (FAN),
depois da divulgação do
calendário oficial de provas,
quarta-feira última.
Nesta altura o elenco pre-
sidido por Joaquim dos San-
tos trabalha para a criação
de condições, tendo em conta
as medidas exigidas pela
Comissão Multissectorial
para Prevenção e Combate
à Covid-19, e deste modo
garantir o retorno seguro da
competição.
O primeiro evento do
calendário comporta um
total de sete provas, evento
organizado pelo órgão reitor
em parceria com o Clube
Naval de Luanda (CVL).
No encontro do dia 19 do
corrente para abordar o
arranque da época, além dos
membros de direcçao e do
Conselho Técnico da FAN,
participaram representantes
da Associação Provincial de
Natação de Luanda, 1º de
Agosto, Club Náutico da Ilha
de Luanda e Recreativo Clau-
barto Iofina de Natação.
A segunda prova do calen-
dário é o Torneio de Fundo,
agendado para 20 de Março,
na Piscina do Alvalade, em
Luanda, sob a égide da FAN.
O provincial da modalidade
está aprazado para Abril, ao
passo que os nacionais de
todos os escalões e categorias,
EM CABINDA
Ex-praticantes solicitam
intervenção do Governo
Joaquim Suami|Cabinda
Os antigos praticantes de
diversas modalidades des-
portivas da província de
Cabinda defenderam, sexta-
feira, nesta cidade, maior
intervenção do governo local
no desenvolvimento do des-
porto na região.
A preocupação foi mani-
festada durante o encontro
que os antigos desportistas
mantiveram com o secretário
provincial da Juventude e
Desportos, José Cumbo, no
Pavilhão Multiusos do Tafe,
que serviu de auscultação
para traçar as melhores estra-
tégias para o desporto local.
O antigo desportista Fran-
cisco Banganga disse durante
o encontro que a secretaria
provincial da Juventude e
Desportos deve colaborar
com os ex- praticantes para
servirem como conselheiros
e juntos traçarem os melhores
modelos para o desenvolvi-
mento da prática desportiva
na província de Cabinda.
De acordo com Francisco
Banganga, a actual direcção
da Juventude e Desportos
Domingo
24 de Janeiro de 2021
bem como a Taça de Angola,
acontecem em Maio.
O Torneio Nadador Com-
pleto e o Campeonato Nacio-
nal Absoluto são disputados
nos meses de Junho e Julho,
por esta ordem. Na semana
passada, Joaquim dos Santos
apresentou o plano de acção
da FAN à titular da Juventude
e Desportos, Ana Paula do
Sacramento Neto, tendo rei-
terado o foco na massificação
por todo o país e reforço da
capacidade técnica e admi-
nistrativa, como forma de
melhorar os resultados des-
portivos.
Os cuidados para o regresso
das competições, apesar de
a natação ser considerada
pela OMS uma modalidade
com baixo risco de contágio,
mereceram igualmente aten-
ção no encontro. Santos com-
prometeu-se em seguir à
risca o protocolo de biosse-
gurança traçado pelas auto-
ridades sanitárias.
JOÃO GOMES | EDIÇÕES NOVEMBRO
deve igualmente indicar
alguns antigos praticantes
para serem gestores das
infra-estruturas desportivas
existentes na região, que
estão subaproveitados, como
acontece em outros pontos
do país.
“Queremos participar no
desenvolvimento do des-
porto de Cabinda, mas, para
isso, é necessário que todos
estejamos unidos para con-
seguirmos resgatar a mística
que Cabinda já teve nos anos
passados no que ao desporto
diz respeito”, disse.
O presidente da asso-
ciação provincial de ande-
bol, Buanga Jean Mari, e
antigo praticante da moda-
lidade, referiu que, para que
o ritmo competitivo da prá-
tica desportiva em Cabinda
volte como no passado, é
necessário que os actuais
dirigentes dos clubes te-
nham, em primeiro lugar,
o amor pelo desporto, para
que as diversas modalidades
praticadas nas agremiações
desportivas contribuam no
desenvolvimento físico-
motora dos atletas.
DESPORTO Domingo
24 de Janeiro de 2021
MANDATOS
Artur de Almeida
viaja para o Cairo
na quarta-feira
António Cristóvão
O presidente da Federação
Angolana de Futebol (FAF),
Artur de Almeida e Silva, deve
viajar, na quarta-feira, para
o Cairo, onde vai participar
dia seguinte no processo de
verificação e confirmação
adicional da candidatura para
membro do Comité Executivo
da Confederação Africana de
Futebol (CAF), no âmbito da
renovação de mandatos.
O director do gabinete do
presidente da FAF, Paulo
Neto, disse ontem, ao Jornal
de Angola que aguarda pelas
passagens aéreas e as coor-
denadas dos voos para o diri-
gente federativo embarcar.
Além do dirigente ango-
lano, foram também con-
vocados Mamadou António
Souaré, da (Guiné Conacry)
e Seidou Mbombo Njoya
(Camarões), ambos presi-
dentes das federações locais.
Os três têm problemas inter-
nos nos respectivos países ,
com os processos eleitorais.
CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO
A CAF vai eleger no pró-
ximo dia 12 de Março, para
um mandato de quatro anos,
o sucessor do malgaxe, Ahmad
Ahmad, durante a 43ª Assem-
bleia-Geral Ordinária, na
cidade de Rabat, Marrocos.
O prazo limite para a apre-
sentação das candidaturas do
sucessor de Ahmad Ahmad
encerrou no dia 16 de Novem-
bro, com a elegibilidade de
cinco concorrentes.
De acordo com documen-
tos da CAF, a que o Jornal de
Angola teve acesso, para os
candidatos ao Conselho da
FIFA, a verificação de elegi-
bilidade está em marcha no
nível dos órgãos da entidade
do futebol mundial e vai ser
comunicado oportunamente.
A CAF anunciou, também
no princípio deste mês, a lista
dos candidatos elegíveis para
membros do Comité Execu-
tivo no sufrágio de 12 de Março.
Trata-se de Feizal Ismael Sidat,
presidente da Federação
Moçambicana de Futebol
(FMF), Elvis Raja Chetty (Sey-
chelles), Maclean Cortez Lets-
hwithi (Botswana), Kanizat
Ibrahim (Ilhas Comores),
Patrícia Rajeriarison (Mada-
gáscar), Lawson Hogban-
Latré-Kayti Edzona (Togo).
Integram ainda dos ele-
gíveis Wadie Jary (Tunísia),
Mustapha Ishola Raji (Libé-
ria), Djibrilla Hima Hamidou
(Níger), Edwin Simeon-
Okraku (Ghana), Adoum
Djibrine (Chade), Suleiman
Waberi (Djibouti) e Isayas
Jira (Etiópia).
PROSSEGUIMENTO DA 6ª RONDA
Petro visita hoje Wiliete
com cautelas redobradas
O líder entra em jogo com total favoritismo, embora em casa
de um adversário também com objectivos a defender na prova
Petrolíferos vão a Benguela tentar um resultado que permita consolidar a liderança da prova
Jorge Neto
A modesta formação do
Wiliete de Benguela recebe,
hoje, às 15H30, no Estádio
de Ombaka, o líder Petro de
Luanda, no destaque dos três
desafios reservados para esta
tarde, no complemento da
6ª jornada do Girabola, que
fica desde já incompleta
devido ao adiamento de dois
jogos, um deles envolvendo
candidatos ao título.
Os petrolíferos entram
para a partida com total favo-
ritismo, embora joguem em
casa do adversário que luta
pela permanência na com-
petição, e por outro lado, os
pupilos de Toni Cosano já
provaram o sabor amargo da
derrota, diante de um opositor
com os mesmos objectivos
que a formação benguelense
na competição, daí a atenção
redobrada para evitar dissa-
bores imprevistos.
O desafio é aguardado
com enorme expectativa
pelos aficionados do des-
porto-rei e certamente a
jogar no seu reduto e diante
TONI COSANO
Foco na primeira vitória fora de casa
Edvaldo Lemos.
O treinadordo Petro de Luanda
espanhol Toni Cosano, está
focado em conquistar os pri-
meiros três pontos fora de casa,
quando medir forças com o
Wiliete. "Vamos para Benguela
com a ideia de fazermos bem
o nosso trabalho, para conti-
nuarmos com essa dinâmica.
Somos uma equipa que inde-
pendentemente de jogar fora
ou em casa tem de ganhar. É
do seu público, ainda que
em número reduzido, em
função das medidas de pre-
venção contra a propagação
da Covid-19 estabelecidas
pelas autoridades do país,
têm uma palavra a dizer,
nem que for apenas para
complicar a vida ao actual
líder do Girabola.
Sem atravessar um bom
momento neste início da
prova o Recreativo da Caála
e Progresso do Sambizanga
sobem ao relvado do Está-
dio Mártires da Canhala, às
15H30, para discutir os três
pontos em disputa, onde o
técnico David Dias ambiciona
a vitória, tendo consciência
de que terá de ultrapassar a
jovem dupla técnica formada
por Paulo Dias e Diogo Pedro
"Dione". À formação do
Huambo é atribuído um
ligeiro favoritismo.
Com apenas dois jogos
d i s p u ta d o s e u m p o n to
somado o Recreativo do
Libolo mede forças com o
Cuando Cubango FC, às
15H30, no Estádio de Calulo,
com o objectivo de conquistar
a segunda vez que vamos jogar
fora de casa, vamos ver como
reage a equipa, pois o nosso
foco são os primeiros pontos
fora de casa" proferiu.
O líder do balneário tricolor
garantiu que a equipa não vai
sofrer grandes mudanças em
relação a equipa que defron-
tou com vitória de 1-0 o Inter-
clube. Toni Cosano está con-
formado com as baixas que
tem dos seus principais ati-
radores e aposta em outras
peças. "Temos muitas bai-
EDIÇÕES NOVEMBRO
a primeira vitória sob a lide-
rança do técnico Romeu File-
mon, mas sabem que terão
diante de si um adversário
disposto a contrariar ao
máximo o factor casa e quiçá
sair da Vila de Calulo com
algum ponto na bagagem.
Sagrada Esperança - 1º de
Agosto e Bravos do Maquis
- Desportivo da Huíla são os
desafios adiados, que con-
sequentemente deixam
incompleta esta ronda da
competição.
JOGOS DE ONTEM
Ontem na abertura da ronda,
a Baixa de Cassanje conse-
guiu o primeiro triunfo na
competição, ao derrotar a
sensacional equipa do Fer-
rovia do Huambo, por 2-1,
no Estádio 1º de Maio, em
Malanje, com bis de Mavambo
e Valente marcou o golo dos
forasteiros.
Para a mesma jornada, o
Santa Rita de Cássia venceu
com imensas dificuldades o
Sporting de Cabinda, por 1-
0, no Estádio Municipal 4 de
Janeiro, no Uíge.
xas claro, mas temos bons
jogadores para substituir.
A mesma equipa que per-
deu no Uíge é que venceu
o Interclube com excepção
de Tiago Azulão."
Apesar de garantir tran-
quilidade o técnico espanhol
sabe das dificuldades que
possa encontrar do adversá-
rio, que para o técnico merece
muito respeito, porque tam-
bém luta com raça, mas o
importante é fazer aquilo que
fez na última jornada.
31
Classificação 2020
1º
CLUBES
Petro
TOTAL CASA
PT J V E D +G- J PC V E D +G- J PF V E D +G-
FORA
12 05 04 00 01 13-02 04 12 04 00 00 12-01 01 00 00 00 01 01-02
2º
3º
4º
5º
Ferrovia 09 06 02 03 01 05 04 02 06 02 00 00 02 04 03 00 03 01 04
A. Lobito 08 05 02 02 01 03-02 04 05 01 02 01 02-02 01 03 01 00 00 00- 01
Santa Rita 08 06 02 02 03 03-04 04 08 02 02 00 03-0302 00 00 00 02 00-02
Interclube 07 05 02 0102 04-04 02 06 01 0000 01-00 03 01 00 01 02 02-04
6º B. Maquis 07 04 02 0101 01-05 01 01 00 01 00 00-00 03 06 02 00 01 03-03
7º R. Caála 05 04 01 02 01 06-03 02 04 01 01 00 06-02 02 01 00 01 01 00- 01
8º Williete 04 03 01 01 01 02-02 01 03 01 00 00 01-00 02 01 00 01 01 01-02
9º Progresso 04 03 01 01 01 01-01 02 04 01 01 00 01-00 01 00 00 00 01 00-01
10º Sagrada 04 03 01 01 01 04-02 01 03 01 00 00 03-00 02 01 00 01 01 01 02
11º B. Cassanje 04 05 01 01 03 03-11 02 03 01 00 01 00-03 04 01 00 01 02 01-07
12º 1º de Agosto 03 01 01 00 00 01-00 01 03 01 00 00 01-00 00 00 00 00 00 00-00
13º D Huíla 02 02 00 02 00 04-04 01 01 00 01 00 02-02 01 01 00 01 00 02-02
14º C. Cubango 02 03 00 02 01 03-06 02 02 00 02 00 03-03 01 00 00 00 01 00-03
15º R. Libolo 01 02 00 01 01 00-03 00 00 00 00 00 00-00 02 01 00 01 01 00-03
16º S. Cabinda 00 02 00 00 02 00-03 01 00 00 00 01 00-02 00 00 00 00 01 00-01
V - VITÓRIA E - EMPATE D - DERROTA +G- GOLOS (MARCADOS-SOFRIDOS) J - JOGOS P - PONTOS
* 6 Pontos retirados pela FIFA ** Desistente
6ª Jornada 7ª Jornada
JOGOS JOGOS Data
1 B. Cassanje-Ferrovia 2-1 1 Sagrada-B Maquis 30.01
2 Santa Rita-Sporting 1-0 2 Sporting-Interclube 30.01
3 Interclube-A. Lobito Hoje 3 Petro-R Caála 30.01
4 R. Libolo.C. Cubango Hoje 4 C Cubango-B Cassanje 31.01
5 R. Caála-Progresso Hoje 5 D Huíla-R Libolo 31.01
6 Williete-Petro Hoje 6 Ferrovia-Santa Rita 31.01
7 Sagrada-1º de Agosto Terça-Feira 7 A Lobito-Wiliete 31.01
8 B. Maquis-D. Huíla Adiado 8 1º de Agosto-Progresso 31.01
Melhores marcadores
Jogador Clube Golos
1 Picas Petro 04 Golos
2 Valente Ferrovia 04 Golos
3 Depô R.Caála 03 Golos
4 Mano Calesso Interclube 02 Golos
5 Coche C. Cubango 02 Golos
DESAFIO AMISTOSO
FAFUSA sem condições
para jogar com o Brasil
António Cristóvão ceira classificada no Cam-
peonato Africano das Nações
A Federação Angolana de (CAN), depois de ter vencido
Futsal (FAFUSA) está sem a Líbia, por 2-0, na luta pelo
condições financeiras e de terceiro lugar na cidade de
biossegurança para a orga- Laayoun, Marrocos.
nização de três jogos amistosos Os brasileiros tinham a
nos dias 7, 8 e 9 de Março, no chegada prevista para 1 de
país entre a Selecção Nacional Março, com uma delegação
e a similar brasileira, no qua- desportiva de 26 membros
dro da Data FIFA. entre atletas e oficiais. O
A informação foi avan- Brasil, penta campeão mun-
çada, ontem, ao Jornal de dial, conquistou o título pela
Angola pelo presidente da última vez em 2012, dispu-
FAFUSA, Manuel Patrício, tado de 1 a 18 de Novembro
para agradecer o convite feito na Tailândia, ao derrotar na
pela Confederação Brasileira final a Espanha, por 3-2, no
de Futsal (CBFS). Estádio Indoor Huamark,
"Da análise que fizemos, na cidade de Bangcoc.
vimos que não há condições
para a realização do jogo no Conferência de imprensa
momento actual. Vamos Manuel Patrício anunciou,
estender o convite para apro- também, a realização na pró-
veitarmos a próxima Data xima quinta-feira, às 10h00,
FIFA", disse o dirigente de uma conferência de im-
depois de rejeitar o convite prensa no Complexo da Cida-
brasileiro.
Para acrescentar a CBFS
dela, para a apresentação
pública do novo seleccionador
mostrou o interesse de dis- nacional e do relatório de
putar os jogos particulares, recepção das pastas do elenco
com o "Cinco" nacional, tam- anterior da FAFUSA.
bém no âmbito da preparação CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO
para o Campeonato do Mundo,
de 12 de Setembro a 3 de Outu-
bro na Lituânia.
"As nossas fronteiras aéreas
estão encerradas devido à
pandemia da Covid-19. Tería-
mos que criar as condições
para fazermos uma recepção
à altura, ou para um outro
local", justificou.
A Selecção Nacional, que
se estreia na prova, foi ter- Presidente da FAFUSA

DOM24JAN
ALTO
PIIM
Capacidade e seriedade
Cada vez fica mais evidente que
o Plano Integrado de Intervenção
nos Municípios (PIIM) está a servir
para avaliar a seriedade e orga-
nização dos envolvidos. Não só
das autoridades, mas, também,
das empresas e dos funcionários.
Até dos deputados (uns a recla-
marem impedimento da acção
fiscalizadora do Parlamento),
que têm a oportunidade de fa-
zerem diferente e irem verificar
se as obras existem, de facto, e
estão a ser executadas dentro
das normas. E é bom verificar
que a população, os verdadeiros
beneficiários, agora começa,
também, a questionar a quali-
dade e os prazos. A capacidade
de todos está a ser posta à prova,
num bom ensaio para as futuras
autarquias. Seriedade é o que
se pede a todos os envolvidos,
para que não se prejudique ainda
mais a população, que necessita,
urgentemente, dos serviços bá-
sicos a serem proporcionados
pelas obras do PIIM.
BAIXO
Luanda
Semáforos desorientados
Já é tempo de as autoridades
que tratam da mobilidade urbana
na capital porem ordem na de-
sordem estabelecida nos semá-
foros. Primeiro, é preciso perce-
ber o verdadeiro objectivo destes
sinais de iluminação. Não podem
estar apenas para decoração da
cidade. Não é normal que, em
vias movimentadas, num dia fun-
cionam e em outros já não; numa
estrada está operacional e na ou-
tra, transversal, as luzes apagadas
ou intermitentes. Isto confunde
o automobilista, que fica sem sa-
ber se tem ou não prioridade. Já
agora, falta saber o que se passa
com os sinais do Largo da Inde-
pendência, que há anos deixaram
de funcionar. A solução encon-
trada, de colocar agentes ao lon-
go da rotunda, nem sempre tem
valido ao trânsito. Além de nem
todos os dias estarem nos locais
onde devem estar, às vezes, mais
atrapalham do que facilitam. Em
2019, o Ministério do Interior
anunciou o retorno dos sinais na
capital, depois de regularizado
o pagamento de uma dívida de
13 milhões de dólares a uma em-
presa gestora dos semáforos.
Mas, de lá para cá, o que se vê
são alguns a funcionar (muito
poucos), outros intermitentes e
outros ainda apagados.
CENTRO CULTURAL BRASIL-ANGOLA
Festival de curta-metragens
abre as portas em Luanda
Amilda Tibéria
A realizadora angolana
Maria João Ganga é a home-
nageada da segunda edição
do Festival Internacional
de Curta - Metragen s da
Kianda “Fesc-Kianda”, que
decorre, até terça-feira, no
Centro Cultural Brasil-
Angola, em Luanda.
Para a organização, a
homenagem é o reconheci-
mento devido ao êxito do
filme “Cidade Vazia”. Para
a realizadora, o Fesc-Kianda
demonstra que o cinema
angolano ainda está vivo.
“Os jovens estão a fazer um
trabalho com muita dedi-
cação. Fico satisfeita por ser
a escolhida. Tenho esperança
que ainda vão haver grandes
feitos no cinema angolano”,
disse.
A secretária do Estado para
Cultura, Maria da Piedade de
Jesus, que fez a abertura do
festival, prometeu maior aten-
ção do Executivo às activi-
dades cinematográficas feitas
no pais e divulgação destes
projectos, através de palestras
com realizadores de curtas e
longas-metragens.
O responsável do Fesc-
Kianda, Vânio Luís, explicou
que durante sete dias haverá
oportunidade de interacção
com o público, através da
SUICÍDIO FRENTE A EDIÇÕES NOVEMBRO
Desentendimento amoroso terá
levado jovem a pôr fim à vida
Desentendimento com a
namorada pode estar na base
do suicídio do cidadão de 31
anos, ocorrido, sexta-feira,
à noite, frente à sede da Edi-
ções Novembro, na Baixa de
Luanda. De acordo com ami-
gos, o homem, conhecido
apenas por Agostinho, de-
sentendeu-se com a namo-
rada, que, ao perceber que
este continuava com a esposa,
que está grávida, decidiu pôr
fim à relação.
Amigos contam que a
namorada sentiu-se traída,
porque Agostinho sempre
disse que estava separado
da mulher. No fatídico dia,
contam os amigos, o jovem,
que vivia no bairro Kikolo,
deslocou-se à Ilha de Luanda,
para convencer a namorada
a recuar na decisão. Diante
da recusa, prometeu à namo-
Realizadora Maria João Ganga foi a principal homenageada
criação de canais de expo-
sição dos produtos e marcas,
de modo a recolher o melhor
“feedback” da parte dos par-
ticipantes.
Durante a cerimónia de
abertura do festival, realizada
quinta-feira, actuou o grupo
de teatro Twana Twa Ngola.
Na mesma foram exibidas
algumas das curtas-metra-
gens que concorrem este
ano, como “A testemunha”,
de Ngouabi Silva, “Com
vida”, de Manuel Narciso
(Tonton), “Jesus”, de José
rada que poria fim à vida,
caso ela não recuasse reatar
a relação.
Ao notar a seriedade das
ameaças, a namorada, depois
de Agostinho abandonar o
local, ligou para os amigos
deste, dando conta da intenção
do jovem, já que estava a con-
duzir e, por isso, desconfiava
que tentasse um acidente.
Segundo ainda os amigos,
Agostinho não atendeu o
telefone. Perto das 20h00,
estacionou o carro na Rua
Rainha Ginga, em frente ao
Edifício do Ministério da Eco-
nomia e Planeamento, e diri-
giu-se à sede da Edições
Novembro, onde estava um
sargento da Polícia com uma
pistola no coldre.
Depois de uns 30 minutos
no local, Agostinho dirigiu-
se, então, ao polícia, apa-
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LUTO NA TELEVISÃO
Apresentador americano
Larry King morre de Covid-19
O famoso apresentador de depois de uma batalha contra
televisão americano Larry um cancro no pulmão.
DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO
King morreu, ontem, aos 87 Com mais de 60 anos de
anos, num hospital em Los carreira, King começou
Angeles, onde foi internado como locutor de rádio na
após um exame positivo para Florida. A estrela da tele-
Covid-19. visão começou a sua carreira
Numa carreira que come- nos anos 1950, como jor-
çou há mais de seis décadas nalista e DJ em Miami, antes
e à qual nunca pôs oficial- de começar como apresen-
mente um ponto final, apre- tador, entrevistador e locu-
sentou durante 25 anos a tor. Desde que se afastara
emissão “Larry King Live” da CNN, em 2010, tinha pas-
e entrevistou todos os Pre- sado a fazer entrevistas nos
sidentes norte-americanos canais Hulu e RT America.
desde 1974, líderes mundiais DR
e estrelas internacionais.
Larry King tinha já um longo
historial de problemas de saúde:
era diabético, sofreu vários
ataques cardíacos e um AVC,
teve cancro da próstata e, em
2017, foi-lhe diagnosticado
cancro do pulmão (que acabou
por combater).
No ano passado, perdeu
Santana, e o “O cache”, de dois filhos: Andy, de 65 anos,
José Kitembo. morreu em Julho vítima de
O Fesc-Kianda é o primeiro ataque cardíaco, e Chaia, de
festival internacional de 52, morreu no mês seguinte
cinema que premeia as cur-
tas-metragens produzidas de
PUBLICIDADE
Janeiro a Novembro de cada
ano. O evento anual está inse-
rido nas festividades da cidade
de Luanda. Ao longo do evento
ocorrem mostras de curtas-
metragens da Comunidade
dos Países de Língua Portu-
guesa, palestras, debates e
mesas-redondas sobre o
estado do cinema angolano.
rentemente como se pre-
tendesse uma informação
ou usar o multicaixa ao
lado. Aproveitando-se da
desatenção da autoridade,
agarrou-o pela cintura e
retirou-lhe a arma, tendo
de seguida disparado contra
a própria cabeça.
A tragédia ocorreu numa
altura em que a rua estava
movimentada, o que levou
as pessoas a correrem dis-
persas, tendo muitos buscado
refúgio no edifício da Edições
Novembro, empresa pro-
prietária do Jornal de Angola,
onde ainda se trabalhava. O
corpo acabou por ser reti-
rado do local cerca de 40 mi-
nutos depois do incidente.
O sargento desarmado pelo
homicida levado para inter-
rogatório. Até ontem, con-
tinuava detido.