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XXXVII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

“A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens
avançadas de produção”

Joinville, SC, Brasil, 10 a 13 de outubro de 2017.

ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO EM


FARMÁCIA DE MANIPULAÇÃO: UM ESTUDO
EMBASADO EM DEMANDAS POSTURAIS

WANDERSON LOMBARDY PEREIRA (UNIPAMPA)


wandersonlombardy@hotmail.com
CARLA BEATRIZ DA LUZ PERALTA (UNIPAMPA)
carlablp@gmail.com

As farmácias de manipulação encontram-se no mercado atuando com a


preparação de produtos específicos geralmente individuais a cada usuário.
Os trabalhadores deste setor têm uma relação direta com produtos químicos,
o que pode ser grande causador de acidentes de trabalho, porém este estudo
direciona o foco para outro fator importante, a demanda postural dos
colaboradores, que muitas vezes acaba esquecida, mas também é causadora
de problemas de saúde e pode levar a afastamentos de trabalho. Realizou-se
uma análise ergonômica do trabalho (AET) em uma farmácia de manipulação
e utilizando-se de um software aplicou-se o método de avaliação de postura
RULA. A partir da análise foi possível identificar a necessidade de
implementação de mudanças para agir na fonte dos possíveis problemas de
saúde que as colaboradoras podem desenvolver com o tempo em caso de má
postura durante o turno de trabalho.

Palavras-chave: Farmácia de manipulação, rula, análise ergonômica, envase


XXXVII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens

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Joinville, SC, Brasil, 10 a 13 de outubro de 2017.

1. Introdução
Diversos são os acidentes causados no ambiente de trabalho, porém, nem sempre estes são
associados a quedas e incidentes com equipamentos, muitas vezes o problema encontra-se na
demanda postural adotada pelos funcionários durante o expediente de trabalho. O trabalho
com movimentos repetitivos ou que exige esforços elevados, é capaz de influenciar
diretamente no aparecimento de dores e desconfortos corporais devido a sobrecarga
musculoesquelética, o que pode levar o funcionário a desenvolver problemas mais graves de
saúde, responsáveis pela maioria dos afastamentos de funcionários de sua rotina de trabalho.

Segundo SANTOS (2015, p.02), “Em muitas dessas indústrias, a prescrição rígida de
procedimentos passou a exigir maior destreza das mãos, que apesar de demandar um esforço
relativamente leve, seus movimentos rápidos e repetitivos, aliados a uma postura estática por
tempo prolongado e a sobrecarga dos segmentos do corpo, contribuem significativamente
para o desenvolvimento de distúrbios osteomusculares relacionadas ao trabalho (DORT)”.

Por meio da ergonomia pode-se identificar quais os maiores riscos e quais os setores que
demandam maior atenção dentro de uma empresa, riscos ergonômicos estes, que podem ser
encontrados em diversos campos de trabalho envolvendo trabalhador em seu ambiente e
rotina diária.

De acordo com Iida:

A ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem. O trabalho aqui


tem uma acepção bastante ampla, abrangendo não apenas aquelas máquinas e
equipamentos utilizados para transformar os materiais, mas também toda a
situação em que ocorre o relacionamento entre o homem e seu trabalho.
(IIDA, 1997, p.01)

Esforços estáticos, que segundo Grandjean (2005) caracterizam-se por um estado de


contração prolongada da musculatura e exigem manutenções na postura, são os tipos de
esforços que a ergonomia busca evitar através da avaliação dos trabalhos que exigem muito
tempo em pé ou sentado.

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Este trabalho teve como objetivo utilizar a Análise Ergonômica do Trabalho (AET) no setor
industrial de uma farmácia de manipulação localizada na região central da cidade de Bagé no
Rio Grande do Sul, onde são preparados shampoos e cremes hidratantes para cabelos a serem
comercializados em estabelecimento próprio e para terceirização. Esta análise baseou-se no
acompanhamento de rotina de uma das colaboradoras em um dos processos desenvolvidos em
eu turno de trabalho, o envase.

Um trabalho que exige postura sentada e estática por longo período tem uma carga cumulativa
nas estruturas musculoesqueléticas, incluindo a coluna vertebral e refletindo na forma de
grande prevalência de desconforto e dor em partes diferentes do corpo. (FONSECA DE
PAULA et all. 2016)

Existem métodos de avaliação de postura que se aplicam na área de ergonomia, dentre eles
destacam-se: OWAS, RULA e NIOSHI. Neste estudo aplicou-se o método RULA através do
software Ergolândia, que possibilita uma análise baseada em pontuações para os movimentos
de membros superiores do corpo.

A proposta de melhorias através de estudos ergonômicos tem a finalidade de minimizar os


riscos aos quais os trabalhadores são submetidos, proporcionando a eles uma melhor condição
de trabalho, satisfação e incentivo no que se refere aos níveis de produtividade. (FLAVIO et
all, 2015)

2. Referencial Teórico

2.1 Ergonomia

“A ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem. O trabalho aqui tem uma


acepção bastante ampla, abrangendo não apenas aqueles executados com máquinas e
equipamentos, utilizados para transformar os materiais, mas também toda a situação em que
ocorre o relacionamento entre o homem e uma atividade produtiva” (IIDA,2005, p.02).

As contribuições da ergonomia para as situações de trabalho, nas quais busca-se melhorias,


podem ser abordadas de diversas formas. Iida (1997) destaca dentre as abordagens:
concepção, correção e conscientização, conforme apresenta a figura 1 abaixo.

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Figura 1 - Abordagens da
ergonomia

Fonte: Adaptado de IIDA (1997)

A ergonomia é regulamentada por uma norma específica, a NR17 que segundo seu item 17.1,
visa a estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às
características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de
conforto, segurança e desempenho eficiente. Estes parâmetros são estabelecidos com base em
uma análise ergonômica do trabalho. A NR17 vem apresentada no próximo tópico deste
trabalho.

2.2. Análise Ergonômica do Trabalho

Iida (2005) aborda que a análise ergonômica do trabalho (AET) tem como foco a aplicação
dos conhecimentos da ergonomia para analisar, diagnosticar e corrigir uma situação real de
trabalho.

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Másculo e Vidal (2011) afirmam que esta análise tem ligação direta com as demandas de que
se originam as ações ergonômicas necessárias, que buscam, já na fase inicial, definir a
natureza do problema a partir dessa demanda, e constituir-se em referenciais uteis para a
formulação de um diagnóstico.

“O método AET desdobra-se em cinco etapas: análise da demanda; análise da tarefa; análise
da atividade; diagnóstico; e recomendações (Guérin et al., 2001). As três primeiras constituem
a fase de análise e permitem realizar o diagnóstico para formular as recomendações
ergonômicas” (IIDA, 2005, p.60).

2.3. Método RULA (Rapid Upper Limb Assessment)

Segundo VIGNAIS et al. (2012 apud SANTOS et al., 2015), “O método RULA foi
desenvolvido por Lynn McAtamney e Nigel Corlett da University of Nottinhgham’s Institute
of Occupational Ergonomics e publicado em 1993, na revista científica Applied Ergonomics.
Este método estima a exposição dos membros superiores ao risco de perturbações
musculoesqueléticas em tempo real, computando uma pontuação de risco global. Esta
pontuação é baseada na observação discreta de posturas, no uso da musculatura, peso de
cargas, duração da tarefa e repetitividade”.

A vantagem desta ferramenta é que permite uma análise rápida de grande número de
trabalhadores e sua análise pode ser feita antes e depois de uma ação para verificar sua
eficiência no processo.

3. Procedimentos Metodológicos

O estudo foi baseado em pesquisa bibliográfica e estudo de caso através da utilização de


fotografias registradas pelo acompanhamento in loco do serviço realizado pelas colaboradoras
da empresa. Em sua fase inicial, foram realizadas visitas pré-agendadas a empresa para
conhecimento de suas instalações e processos.

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Baseado na definição de análise ergonômica do trabalho, a figura 2 abaixo apresenta a ideia


central de cada uma das etapas a serem aplicadas.

Figura 2 – Etapas da

AET

Fonte: Adaptado de Guérin et al., (2001)

Após a de coleta dos dados, realizou-se aplicação do método RULA. “O método foi
desenvolvido para investigar a exposição dos trabalhadores aos fatores de risco associados aos
distúrbios dos membros superiores” (CARDOSO JUNIOR, 2006).

O método avalia as demandas posturais baseado em tabelas e diagramas, e para a aplicação do


mesmo utilizou-se a ferramenta computacional “Ergolândia” que ao receber os dados
coletados apresenta baseada em um score qual o grau de atenção necessária para a atividade
em questão. A tabela 1 abaixo apresenta os níveis de ação em função das medidas que devem
ser tomadas conforme os resultados.

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Tabela 1 – Medidas conforme nível de ação

Nível de ação Descrição

1 Valores entre 1 e 2. Postura aceitável, se não mantida ou repetida por longos


períodos.

2 Valores entre 3 e 4, indicam a necessidade de investigação mais detalhada e


mudanças podem ser necessárias

3 Valores entre 5 e 6, indicam que a investigação e mudanças devem ocorrer


brevemente.

4 Valor 7, indica que investigação e mudanças são requeridas imediatamente.

Fonte: Adaptado McAtamney, & Corlett (1993 apud CARSOSO JUNIOR, 2006).

4. Resultados e Discussões

A coleta de dados iniciais e avaliação dos postos de trabalho, possibilitou identificar que o
processo de envase receberia a aplicação do estudo, por ser a atividade que mais demanda
tempo entre os processos rotineiros, e também pelo fato de que a colaboradora realiza
movimentos repetitivos com a parte superior do corpo, desta forma tornou-se possível aliar a
esta atividade o uso ferramenta RULA, de forma que seu desenvolvimento é apresentado
junto com os devidos resultados nesta seção.

4.1. Análise da Demanda

A etapa de análise da demanda refere-se à identificação do problema ou da situação


problemática para justificar a necessidade de aplicação de uma ação ergonômica no final do
estudo. (IIDA, 2005)

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Após o conhecimento de todos os setores da farmácia, identificou-se que o que envolve o


processo de produção é o que pode apresentar maiores riscos ao trabalhador, e através de
acompanhamento de rotina foi possível identificar estes e avaliar a relação das colaboradoras
com os equipamentos e seu ambiente de trabalho.

O processo produtivo divide-se em: pesagem, produção, quarentena para envase, envase,
rotulagem e loteamento. A preparação dos produtos leva mais que um dia de trabalho devido
a alguns passos que devem ser seguidos, como por exemplo a quarentena para envase, após a
pesagem e produção, o produto fica contido em baldes e permanece em repouso por pelo
menos 48h antes de seguir para o envase, que é o processo no qual este trabalho foi focado.

4.2. Análise da Tarefa

Segundo Iida (2005), a análise da tarefa “corresponde a um planejamento do trabalho e pode


estar contida em documentos formais”.

Esta etapa é melhor descrita ao analisar o processo de pesagem, que antecede o envase, pois
neste há um procedimento padrão escrito com as medidas e pesagens dos reagentes a serem
seguidas segundo a composição química de cada produto formulado. De forma ampla pode-se
dizer que o conhecimento dos procedimentos a serem realizados em qualquer um dos
processos é o que diz respeito a tarefa. No que se refere ao processo de envase, que é o foco
deste estudo, toda a tarefa a ser realizada é conhecida pela responsável a realiza-la, nenhum
papel descreve passo-a-passo pois a tarefa é simples e exige apenas agilidade para
movimentar as embalagens até a máquina de envase, e tampá-las ao fim.

4.3. Análise da Atividade

A análise da atividade é referente ao comportamento do trabalhador no desempenho de sua


tarefa, trata do procedimento utilizado pelo mesmo para alcançar os objetivos que lhe cabem.
(IIDA, 2005).

O processo de envase é realizado em um local amplo e higienizado, onde é obrigatório o uso


de luvas, máscara e touca para inicio do desenvolvimento da atividade na máquina de envase.

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O primeiro passo, é o preenchimento da máquina com o produto anteriormente preparado e


que aguardou em quarentena. O balde com o conteúdo (shampoo ou condicionador) é fixado
em um suporte elevador para atingir a altura do funil da máquina e uma das colaboradoras
fica sobre uma escada, responsável por despejar no funil o produto a ser envasado. Na
sequência são realizados ajustes e o equipamento se encarrega de preencher os frascos com a
medida certa. Duas funcionárias trabalham, já que a máquina contém duas espécies de
torneiras para a saída do produto, fazendo com que a produção seja mais rápida e eficiente.
Este processo para preencher os frascos, contando com o tempo de ajustes de maquinário,
conferências aleatórias de qualidade e tapagem, dura em média 2 horas para um lote de 300
produtos. A figura 3 abaixo apresenta as posições adotadas pela funcionária durante o
acompanhamento deste processo.

Figura 3 – Colaboradora em processo de envase

Fonte: Autor

Na análise desta atividade pode-se destacar que as colaboradoras são totalmente instruídas e
corretas quanto ao uso dos equipamentos de proteção, estes que são obrigatórios.

4.4. Diagnóstico

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Iida (2005) afirma que “ diagnóstico procura descobrir as causas que provocam o problema
descrito na demanda”.

A proposta para este trabalho é a aplicação do método RULA, que investiga a exposição dos
trabalhadores aos fatores de risco associados ao membro superior, tais como postura,
contração muscular estática, repetição, força e alcance.

Através de um controle de tempos foi possível identificar, contando apenas os tempos de


atividade real, que pelo menos 39% do tempo total do processo, a posição adotada é a
mostrada na figura 3 acima, o que levou a um estudo dos movimentos baseado nesta
atividade.

A partir da análise das imagens obtidas no processo de coleta de dados, selecionou-se no


software “Ergolândia” cada parte do corpo a ser avaliada. Baseando-se na figura 3, as partes
do corpo selecionadas no software “Ergolândia” podem ser visualizadas na figura 4.

Figura 4 – Avaliação corporal através do software

Fonte: Adaptado de Ergolândia (software).

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A figura 4 representa as partes do corpo avaliadas e divide-se em 6 partes tratando-se de:


braço (1), antebraço (2), punho (3), tronco (4), pescoço (5) e rotação do punho (6). Para os
itens antebraço (2), tronco (3) e pescoço (5), foram adicionados respectivamente movimentos
opcionais representados como A, B e C na figura 5, estes somam-se na formulação do score.

Figura 5- Movimentos adicionais

Fonte: Adaptado de Ergolândia (software)

Na última etapa de análise do software, divide-se a atividade em dois grupos, e para cada
grupo verifica-se o peso das cargas suportadas (figura 6).

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Figura 6 – Análise da atividade em

grupos

Fonte: Adaptado de Ergolândia (software)

Os resultados obtidos podem ser verificados na figura 7. O score obtido para o estudo é 4,
representando que devem ser necessárias algumas mudanças na atividade analisada.

Figura 7 - Resultados

Fonte: Adaptado de Ergolândia (software)

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4.5. Recomendações Ergonômicas

As recomendações ergonômicas referem-se às providências a serem tomadas para resolver o


problema diagnosticado. Estas recomendações devem ser claramente especificadas,
descrevendo-se todas as etapas necessárias para resolvê-lo. (IIDA, 2005)

A funcionária permanece em pé durante todo o período de trabalho, porém variando as


atividades ao decorrer do turno.

A NR17 apresenta na seção 17.3.5, que para as atividades em que os trabalhos devam ser
realizados de pé, devem ser colocados assentos para descanso em locais em que possam ser
utilizados por todos os trabalhadores durante as pausas, a partir desta norma pode-se sugerir
neste tópico para a prevenção de problemas por trabalho do tipo, que ao trabalhar no envase a
colaboradora tenha um banco ajustado e alto que permita o controle da máquina e não
prejudique na agilidade dos braços para a pega das embalagens a serem levadas até a máquina
e que estes ainda sirvam para uma pausa de 10 minutos de descanso a cada 50 minutos
trabalhados.

5. Conclusões

O estudo aplicou uma análise ergonômica no processo de envase e através do método RULA
e identificou-se que se faz necessária uma intervenção ergonômica na empresa. O tópico 4.5
deste artigo apresenta sugestões de melhorias baseadas na NR17, com o objetivo de evitar
problemas causados pelo tipo de atividade realizada.

Avaliações ergonômicas podem ser facilmente realizadas com o auxílio do software


Ergolândia utilizado neste estudo, pois o mesmo aplica de forma simples os métodos
anteriormente citados e ferramentas como esta são úteis na orientação do trabalho a ser
desenvolvido, bem como na priorização das ações a serem tomadas pela empresa em questão.
Conclui-se que é importante um estudo de demandas posturais nas empresas para evitar
possíveis problemas e doenças que o colaborador pode vir a desenvolver. Quanto a empresa,
com a aplicação destes métodos na busca de eficiência de seus processos, os benefícios
estarão refletidos em melhorias na produtividade.

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6. REFERÊNCIAS
NR, Norma Regulamentadora Ministério do Trabalho e Emprego. NR-17 - Ergonomia. 2009

IIDA, Ítiro. Ergonomia Projeto e Produção. São Paulo: Edgard Blucher, 1997.

IIDA, Ítiro. Ergonomia: Projeto e Produção. São Paulo - Editora Blucher (2005). 2ª edição.

KROEMER, K. H. E. Manual de Ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. Porto Alegre: Bookman,


(2005). 4ª edição.

MÁSCULO, Francisco Soares; VIDAL, Mario César (orgs). Ergonomia: Trabalho adequado e eficiente. Rio
de Janeiro: Elsevier / ABEPRO, 2011.

CARDOSO JUNIOR, Moacyr Machado; Avaliação Ergonômica: Revisão dos Métodos para avaliação Postural.
Revista Produção Online, Florianópolis, v.6, n.3, p133-154, set/dez.,2006.

SANTOS, Viviana Maura; SANTOS, Jose Wendel; ALSINA, Odelsia Leonor Sanchez; MONTEIRO, Luciano
Fernandes. Análise de fatores de riscos para distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho no setor de
envasamento de uma indústria química. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO,
35, 2015, Fortaleza, CE. Anais do XXXV ENEGEP.

PAULA, Adma Jussara Fonseca; SILVA, José Carlos Plácido; SILVA, João Carlos Ricco. Avaliação de risco
ergonômico em indústria de confecção através do método de análise postural RULA Rapid Upper Limb
Assessment. In: SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 2016, Bauru, SP. Anais do XXIII
SIMPEP.

FLAVIO, P. C. F; RAFIH, N; BANDEIRA, D. F; ZANATTA, T. F; CIONEK. C. A. Avaliação dos movimentos


posturais de operadores de uma produção de blocos de concreto pelo método RULA. In: ENCONTRO
NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 2015, Fortaleza, CE. Anais do XXXV ENEGEP.

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