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ÍNDICE

1.1. Introdução........................................................................................................................................2
1.2. Objectivos........................................................................................................................................3
1.2.1. Objectivo geral........................................................................................................................3
1.2.2. Objectivos específicos.............................................................................................................3
1.3. Metodologia.....................................................................................................................................4
2. CAPITULO II......................................................................................................................................5
2.1. Tete e o País: Mercado Interno e Externo de Bens e Serviço...........................................................5
2.1.1. Considerações Iniciais.............................................................................................................5
2.1.2. O País (Moçambique)..........................................................................................................6
2.1.3. Economia do País.................................................................................................................7
2.1.4. Tete (Província)...................................................................................................................9
2.1.4.1. Economia e mineração de Tete........................................................................................9
2.2. Evolução histórica da economia de Moçambique......................................................................10
2.2.1. Formação da economia colonial: indústria de exportação (agro-industriais)......................10
2.2.2. Economia colonial tardia: indústria de substituição de importações e bens intermediários11
2.2.3. Independência: colapso económico e economia de ajuda...................................................12
2.2.4. Recuperação económica: economia de ajuda e indústria de exportação (indústrias de
recursos naturais)...............................................................................................................................13
2.3. Perspectiva Económica Actuais.................................................................................................14
2.3.1. Desafios ao Desenvolvimento Económico Actual.............................................................15
2.3.2. Estratégias de Desenvolvimento Económico.....................................................................15
2.4. Mercado Interno e Externo de Bens e Serviços..........................................................................16
2.5. Principais Importações e Exportações (2015)........................................................................20
2.6. Principais Parceiros Comerciais de Importações e Exportações (2015).................................21
3. CAPITULO III..................................................................................................................................22
3.1. Conclusão......................................................................................................................................22
3.2. Referências Bibliográficas.............................................................................................................23

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1. CAPITULO I

1.1. Introdução

Economia é a ciência que estuda a produção, distribuição e consumo de bens e serviços, e a


repartição de rendimentos. A economia é/ou está dividida em duas partes: Microeconomia e
Macroeconomia. Microeconomia é a ciência que estuda as características e comportamentos dos
indivíduos (produtores e consumidores) a nível económico, bem como os diversos tipos de
mercado. Macroeconomia é a ciência que estuda os aspectos económicos globais de um país ou
região como um conjunto, os aspectos económicos globais mais abrangentes são: primeiramente
as medidas de renda como (o produto interno bruto (PIB), o produto nacional liquido (PNL), o
produto nacional bruto (PNB), etc.), a inflação, o deflector implícito do produto interno bruto e o
índice do preço ao consumidor. O PIB é a totalidade da renda obtida internamente, inclui renda
ganha pelos estrangeiros que moram no país, mas não inclui a parcela ganha pelos nacionais que
vivem no exterior, incluem-se como componentes do PIB: o consumo agregado das famílias, o
investimento agregado: consiste nos bens adquiridos para o uso futuro., o gasto agregado do
governo e (exportações e importações), que leva em consideração o comércio com outros países.
Um mercado, em economia é o grupo de vendedores e compradores (vice-versa) de um
determinado bem e/ou serviço. Os compradores, como um grupo determinam a procura pelo
produto e os vendedores, também como um grupo, determinam a oferta do produto. Mercado
interno é o comércio de bens e mercadorias praticado no território nacional. Mercado externo é o
que envolve países estrangeiros, como é o caso das exportações, que é o que vai para fora do
país. A abordagem do trabalho que se segue tem como objectivo dar uma visão geral da evolução
da economia moçambicana e situar o mercado interno e externo de bens e serviços no contexto
desse desenvolvimento histórico.

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1.2. Objectivos
1.2.1. Objectivo geral:
 Analisar o Mercado Interno e Externo de Bens e Serviços Moçambicano.
1.2.2. Objectivos específicos:
 Conceituar mercado externo e interno de bens e serviços;
 Descrever o mercado de bens e serviços internos de Moçambique
 Identificar os principais parceiros do mercado de bens e serviços externos Moçambicano;
 Explicar o efeito da província de Tete sobre o mercado de bens e serviços Moçambicano.

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1.3. Metodologia
Para a concretização dos objectivos deste trabalho utilizamos como metodologia a pesquisa
bibliográfica. Pois o presente trabalho de pesquisa foi meramente de revisão de literatura. Esta
pesquisa bibliográfica assentou-se também em artigos técnicos e científicos. O tipo de pesquisa
utilizado neste presente trabalho foi o descritivo, pois o que se pretende é apresentar o mercado
de bens e serviços internos (nacional) e externos (internacionalmente). A técnica de pesquisa
adoptada neste trabalho foi a seguinte: efectuou-se uma pesquisa bibliográfica, através da
consulta de manuais, que abordam assuntos ligados à economia, finanças e mercado de bens e
serviços moçambicano, fez-se também a consulta de artigos científicos, teses, dissertações,
monografias, pesquisas científicas, e algumas explanações ou definições de conceitos
importantes utilizados durante a pesquisa desse trabalho, e por outro lado foi feita a pesquisa na
internet como forma de conhecer as actuais abordagens acerca do mercado externo e interno de
bens e serviços moçambicano.

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2. CAPITULO II
2.1. Tete e o País: Mercado Interno e Externo de Bens e Serviço

2.1.1. Considerações Iniciais


2.1.1.1. Economia

Economia é a ciência que estuda a produção, distribuição e consumo de bens e serviços, e


a repartição de rendimentos. A economia é/ou está dividida em duas partes: Microeconomia e
Macroeconomia. Microeconomia é a ciência que estuda as características e comportamentos dos
indivíduos (produtores e consumidores) a nível económico, bem como os diversos tipos de
mercado. Macroeconomia é a ciência que estuda os aspectos económicos globais de um país ou
região como um conjunto.

2.1.1.2. Mercado

Em economia designa-se por mercado, o local no qual agentes económicos procedem à


troca de bens por uma unidade monetária ou por outros bens. Segundo a teoria Liberal os
mercados tendem a chegar ao equilíbrio baseada na lei da oferta e demanda 1, que defende que os
preços serão condicionados a quantidade de pessoas que desejam o produto versus a quantidade
desse produto em stock. Em função do local onde os bens ou mercadorias e serviços estão sendo
adquiridos, ou de suas origens, o mercado pode ser classificada como: mercado interno (local) e
mercado Externo.

2.1.1.3. Mercado Interno e Mercado Externo

Mercado interno, na economia, é um mercado que opera dentro de limites territoriais


demarcados, e que por sua vez está rodeado por um mercado maior. O caso mais habitual é
constituído por um mercado nacional (interno) comparado com o mercado internacional
(externo; envolve as importações, que é o que costuma ser comprado de fora do pais e as
exportações, que é o que costuma ser vendido fora do pais).

2.1.1.4. Bens e Serviços

1
Lei da oferta e da demanda, é a lei que, para os economistas clássicos, determina o valor de troca ou preço
das coisas, segundo a qual o preço varia na razão directa da procura e na razão inversa da oferta.

5
Em economia, um bem é tudo o que tem utilidade, podendo satisfazer uma necessidade.
Tipicamente, um bem económico é algo tangível, em contraste com os serviços, que são
intangíveis. Como tal, pode ser comprado e vendido. Por exemplo, uma maçã é um bem tangível,
enquanto um corte de cabelo é um serviço intangível.

2.1.2. O País (Moçambique)


Moçambique tem fronteiras com a Tanzânia, Malawi, Zâmbia, Zimbabué, África do Sul e
Suazilândia. A sua longa costa do Oceano Índico (com 2.500 quilómetros) está voltada para Este,
para Madagáscar. Cerca de 70% da sua população de 28 milhões (2016) vive e trabalha em áreas
rurais. Dispõe de amplas terras aráveis, água, energia, assim como recursos minerais e gás
natural recentemente descoberto offshore, três portos marítimos profundos, e uma potencial
grande reserva de mão-de-obra. Também está estrategicamente localizado, pois quatro dos seis
países com que faz fronteira não têm acesso ao mar, dependendo portanto de Moçambique como
uma rota para os mercados globais. Os fortes laços de Moçambique com o motor económico da
região, a África do Sul, sublinham a importância do seu desenvolvimento económico, político e
social para a estabilidade e crescimento da África Austral como um todo.
Https://www.worldbank.org/pt/country/mozambique/overview

Moçambique está dividido em 11 províncias 2 nomeadamente: Niassa (capital: Lichinga),


Cabo Delgado (capital: Pemba), Nampula (capital: Nampula), Tete (capital: Tete), Zambézia
(capital: Quelimane), Manica (capital: Chimoio), Sofala (capital: Beira), Gaza (capital: Xai-Xai),
Inhambane (capital: Inhambane), Maputo Cidade (capital: Maputo) e Maputo Província (capital:
Matola). A capital e maior cidade do país é Maputo, anteriormente designada de Lourenço
Marques, durante o período colonial de domínio português.
Https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Moçambique

As províncias estão divididas em 154 distritos, os distritos 3 subdivididos em 419 postos


administrativos4 e este em 1052 localidades5, o nível mais baixo da administração local
(indirecta) do Estado. Em Moçambique foram criados até o momento, 53 municípios, 33 criados

2
Província é a designação dada a maior divisão administrativa de um país.
3
Distrito é a divisão administrativa territorial imediatamente inferior a província.
4
Posto administrativo é a divisão administrativa territorial imediatamente inferior à de distrito.
5
Localidade é a divisão administrativa territorial mais baixa da administração local do estado imediatamente inferior
à de posto administrativo.

6
originalmente em 1997, mais 10 em Abril de 2008 e mais 10 em Maio de 2013.
Https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Moçambique

2.1.3. Economia do País


Moçambique independente herdou uma estrutura económica colonial caracterizada por uma
assimetria entre o Norte e o Sul do País e entre o campo e a cidade. O Sul mais desenvolvido que
o Norte e a cidade mais desenvolvida que o campo. A ausência duma integração económica e a
opressão extrema da mão-de-obra constituíam as características mais dominantes dessa
assimetria. Http://www.portaldogoverno.gov.mz/por/Mocambique/Economia

A moeda oficial é o metical, que substituiu a moeda antiga a uma taxa de mil para um. O
metical antigo foi retirado de circulação pelo Banco de Moçambique até o final de 2012. O dólar
estadunidense, o rand sul-africano e, recentemente, o euro também são moedas amplamente
aceitas e utilizadas em transacções comerciais no país. O salário mínimo legal é de cerca de 60
dólares por mês. Moçambique é membro da Comunidade para o Desenvolvimento da África
Austral (SADC - sigla em inglês).

O protocolo de livre comércio da SADC visa tornar a região da África Austral mais
competitiva, ao eliminar tarifas e outras barreiras comerciais. Em 2007, o Banco Mundial falou
sobre o "ritmo de crescimento económico inflado" de Moçambique e um estudo conjunto do
governo e de doadores internacionais no mesmo afirmou que "Moçambique é geralmente
considerado como uma história de sucesso na ajuda humanitária". Também em 2007, o Fundo
Monetário Internacional (FMI) disse que "Moçambique é uma história de sucesso na África
subsaariana." No entanto, apesar deste aparente sucesso, tanto o Banco Mundial quanto a
UNICEF usaram a palavra "paradoxo" para descrever o aumento da desnutrição infantil crónica
em face ao crescimento do PIB moçambicano.

Entre 1994 e 2006, o crescimento médio do PIB foi de aproximadamente 8% ao ano, no


entanto, o país continua sendo um dos mais pobres e subdesenvolvidos do mundo. Em uma
pesquisa de 2006, três quartos dos moçambicanos afirmaram que nos últimos cinco anos a sua
situação económica permaneceu a mesma ou tornou-se pior.
Https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Moçambique

7
O reassentamento de refugiados da guerra civil e reformas económicas bem sucedidas
levaram a uma alta taxa de crescimento: o país teve uma recuperação económica notável,
atingindo uma taxa média anual de crescimento do PIB de 8% entre os anos de 1996 e 2006 e
entre 6% e 7% no período entre 2006 e 2011. As devastadoras inundações do início de 2000
desaceleraram o crescimento económico para 2,1%, mas uma recuperação completa foi
alcançada em 2001, com um crescimento de 14,8%. Uma rápida expansão no futuro dependia de
vários grandes projectos de investimento estrangeiro, o prosseguimento das reformas económicas
e a revitalização dos sectores de turismo, agricultura e transportes.

Em 2013, cerca de 80% dos habitantes do país estava empregada no sector agrícola, a
maioria dos quais dedicado à agricultura de subsistência em pequena escala, que ainda sofre com
uma infra-estrutura, redes comerciais e níveis de investimento inadequados. Apesar disso, em
2012, mais de 90% das terras cultiváveis de Moçambique ainda não tinham sido exploradas. Em
2013, um artigo da BBC informou que, desde 2009, portugueses estão a voltar para Moçambique
por causa do crescimento da economia local e pela má situação económica de Portugal, devido a
crise da dívida pública da Zona Euro. Https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Moçambique

Mais de 1.200 empresas estatais (principalmente pequenas) foram privatizadas no país. Os


preparativos para a privatização e/ou liberalização do sector estão em andamento para as
restantes empresas estatais, como as dos sectores de telecomunicações, energia, portos e
ferrovias. O governo frequentemente selecciona um investidor estrangeiro estratégico quando
quer privatizar uma empresa estatal. Além disso, os direitos aduaneiros foram reduzidos e a
gestão aduaneira foi simplificada e reformada. O governo introduziu um imposto sobre valor
agregado, em 1999, como parte de seus esforços para aumentar as receitas internas. Em 2012,
grandes reservas de gás natural foram descobertas em Moçambique, receitas que podem mudar
drasticamente a economia do país. Https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Moçambique

No entanto, a economia de Moçambique tem sido abalada por uma série de escândalos de
corrupção política. Em Julho de 2011, o governo propôs novas leis anticorrupção para
criminalizar o peculato, o tráfico de influência e a corrupção, depois de inúmeros casos de desvio
de dinheiro público. Esta legislação foi aprovada pelo Conselho de Ministros do país.
Moçambique condenou dois ex-ministros por corrupção desde 2011. Moçambique foi
classificado no 123º lugar entre 174 países no Índice de Percepção de Corrupção de 2012 feito

8
pela Transparência Internacional. De acordo com um relatório de 2005 feito pela Agência dos
Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID - sigla em inglês), "a escala e o
âmbito da corrupção em Moçambique constituem um motivo de alerta."
Https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Moçambique

2.1.4. Tete (Província)


Tete é uma província da região central de Moçambique, A sua capital é a cidade de Tete,
localizada a cerca de 1570 km a norte da cidade de Maputo, a capital do país. Com uma área de
100 724 km² e uma população de 2 764 169 habitantes de acordo com o censo realizado em
2017, esta província está dividida em 15 distritos e possui, desde 2013, 4 municípios: Moatize,
Nhamayábué, Tete e Ulongué. A província é atravessada pelo rio Zambeze e é na sua parte
média que se encontra a barragem de Cahora Bassa, uma das maiores do continente africano.
Https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Tete_ (província)

A província de Tete está dividida em 15 distritos, os 12 já existentes quando foi realizado


o censo de 2007 mais o distrito de Tete, estabelecido em 2013 para administrar as competências
do governo central, e que coincide territorialmente com o município do mesmo nome, e os novos
distritos de Dôa e Marara. Os distritos que se seguem constituem a província de Tete: Angónia;
Cahora-Bassa; Changara; Chifunde; Chiuta; Dôa; Macanga; Magoé; Marara; Marávia; Moatize;
Mutarara; Tete; Tsangano; e Zumbo. Https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Tete_ (província)

Esta província possui 4 municípios: Moatize (vila); Nhamayábué (vila); Tete (cidade);
Ulongué (vila). De notar que a vila de Ulongué se tornou município em 2008 e a de Nhamayábué
em 2013. Https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Tete_ (província)

2.1.4.1. Economia e mineração de Tete


A província de Tete tem cerca de 23 biliões de toneladas de reservas de carvão, na sua
maioria inexploradas e ainda está nos estágios iniciais de um enorme desenvolvimento de
recursos naturais. De acordo com os dados de 2012 do governo, as concessões e licenças de
exploração mineiras cobrem aproximadamente 3,4 milhões de hectares, ou 34 por cento da área
da província de Tete. Cerca de um terço destas são de mineração de carvão.
Https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Tete_ (província)

9
1,429 Famílias foram reassentadas para abrir caminho para as operações mineiras
internacionais da Vale (Brasil) e da Rio Tinto (UK) na província de Tete, em Moçambique, e têm
enfrentado perturbações sérias no seu acesso à alimentação, à água e ao trabalho, segundo
relatório da ONG internacional Human Rights Watch. A velocidade a que o governo
Moçambicano aprovou licenças de mineração ultrapassou a criação de salvaguardas adequadas
para a protecção das populações directamente afectadas. Em 5 anos, da descoberta da reserva até
atingir alta velocidade de extrativismo, o país saltou para o 10º lugar mundial de maior produtor
de carvão mineral, e a oferta de voos para a região passou de 2 para 12 semanalmente.
Https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Tete_ (província)

A promessa inicial de geração de emprego, renda e desenvolvimento foi frustrada em parte


pela maciça presença de empregados estrangeiros, sobretudo brasileiros e portugueses, em
detrimento da contratação de moçambicanos. Isto aconteceu em parte pela falta de vontade das
empresas, pela falta de mão-de-obra local qualificada, pela deficiente produção alimentar local
que ainda requer a importação de comida (produtos básicos ou pré-preparada) para alimento de
seus funcionários. A indústria extractiva foi prejudicada pela falta de infra-estrutura do país, com
uma única ferrovia no início, a linha de Sena, conectando a zona mineira ao litoral, distante mais
de 500km. Esta ferrovia, que tinha sido abandonada durante a guerra civil, continuou a sofrer de
frequentes descarrilamentos ou interrupção por cheias depois de uma reabilitação problemática.
A capacidade de exportação de carvão aumentou depois da entrada em serviço do Corredor de
Nacala. Outros problemas continuam, como a não concretização de promessas como a
construção de escolas ou asfaltamento de estradas, bem como o agravamento de problemas de
saúde causados pela poeira das minas. Https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Tete_ (província)

2.2. Evolução histórica da economia de Moçambique

2.2.1. Formação da economia colonial: indústria de exportação (agro-industriais)


O primeiro período (Brito 2009, p.149-150), desde os finais do século XIX até ao fim da
segunda guerra mundial, é caracterizado por duas dinâmicas paralelas: por um lado, a integração
de Moçambique na economia capitalista6 regional cujo centro é a indústria mineira7 sul-africana

6
Economia capitalista é um sistema económico e uma ideologia baseada na propriedade privada dos meios de
produção e sua operação com fins lucrativos.
7
Indústria designa a actividade económica que se baseia numa técnica, dominada, em geral, pela presença de
máquinas ou maquinismos, para transformar matérias-primas em bens de produção e de consumo, também refere ao

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(que se desenvolve a partir da segunda metade do século XIX com a descoberta de diamantes e
ouro na região do Transval 8), e, por outro, a relação clássica das economias coloniais, que faz de
Moçambique fornecedor de matérias-primas para as indústrias metropolitanas. Neste período,
desenvolvem-se as agro-indústrias viradas para a exportação, nomeadamente do açúcar, algodão,
copra, madeiras, sisal e chá, que em princípios dos anos 1940 representam dois terços do valor
total das exportações de Moçambique. Existe ainda um pequeno sector industrial de bens de
consumo para o mercado interno, nomeadamente no ramo alimentar, dos sabões e óleos. No que
se refere a indústria extractiva, deve-se registar que nesta fase e até quase ao fim da época
colonial ela é marginal, resumindo-se a pequenas explorações de sal, ouro, pedra para construção
e mármores. Porém, a característica principal da economia moçambicana, que vai marcar todo o
período colonial, é a sua orientação para uma economia de serviços Ferro-Portuários dirigidos
para os países vizinhos (a África do Sul, mas também a Rodésia e a Niassalândia) e de trabalho
migratório (particularmente importante nas regiões do Sul do Save), sectores cujas receitas
permitem um certo equilíbrio na balança de pagamentos, dado que a balança comercial é
sistematicamente deficitária.

2.2.2. Economia colonial tardia: indústria de substituição de importações e bens


intermediários
O segundo período (Brito 2009, p.150-151), que se estende desde a segunda metade dos
anos 1940 até a independência, é caracterizado pelo desenvolvimento de indústrias de
substituição de importações e de bens intermediários destinados ao mercado interno
moçambicano. Este desenvolvimento está intimamente ligado a opção tomada pelas autoridades
coloniais de promover a emigração portuguesa para as colónias e de construir o chamado
“espaço económico integrado português”. Com o crescimento da população colona, desenvolve-
se um mercado interno e, com este, um crescente sector industrial de bens de consumo (bebidas,
produtos alimentares, têxteis e vestuário, etc.) e de bens intermediários (principalmente cimento,
produtos da refinação de petróleo, tintas, produtos metalúrgicos e material para os caminhos de
ferro). Assim, a estrutura da produção industrial que era ainda no início dos anos 1950 dominada
pelas indústrias de exportação, que representavam 60% do valor da produção, contra 40% para as
conjunto de empresas industriais.
Indústria mineira é um termo que abrange as actividades e os processos industriais cujo objectivo é a extracção de
substâncias minerais a partir de depósitos ou massas minerais. Podem incluir-se a exploração de petróleo, gás e até
de água.
8
Região Transval é como se chama a região da África do sul situada acima do rio vaal, no nordeste do país.

11
indústrias destinadas ao mercado interno, encontra-se invertida nas vésperas da independência,
tendo passado estas últimas a representar 60% do valor da produção industrial total. Para além
desta inversão da posição das indústrias, é de sublinhar que o caju, que se vai tornar o principal
produto de exportação deste período, deixa de ser exportado em bruto (castanha) para dar lugar a
um sector industrial relativamente importante, nomeadamente do ponto de vista da sua
distribuição geográfica e do emprego, passando a maior parte deste produto a ser processado
antes da exportação (amêndoa). No sector da indústria extractiva, que continua marginal, é de
notar o início da prospecção de petróleo e da exploração do carvão de Moatize no final dos anos
1940 e princípios da década seguinte, assim como a descoberta de gás natural em Inhambane nos
anos 1960 (mas que não é explorado nessa altura). Em termos de exportações, os seis produtos
agrícolas do período anterior mais o caju ainda continua a representar no final do período
colonial cerca de dois terços do valor total.

2.2.3. Independência: colapso económico e economia de ajuda


O terceiro período (Brito 2009, p.151-152), da independência até ao momento em que as
primeiras eleições multipartidárias9 confirmaram o fim do conflito armado e deixaram antever
uma situação de estabilidade política, é um período de colapso económico, ou seja, de crise
profunda da economia resultante de vários factores, nomeadamente do impacto da
descolonização, do conflito com os poderes “brancos” da região e da guerra civil. O primeiro
factor de crise foi a saída do país da grande maioria dos colonos, incluindo a quase totalidade dos
gestores e quadros qualificados, o que desarticulou todo o sistema produtivo nacional. O segundo
factor foi a confrontação com os regimes da Rodésia e da África do Sul que resultou numa queda
brusca e importante do rendimento dos serviços, que tradicionalmente permitia o equilíbrio da
balança de pagamentos. O terceiro factor foi o prolongamento do conflito regional numa guerra
civil, que a partir dos anos 1980 atingiu a totalidade do território, impediu o funcionamento
normal da economia e provocou imensa destruição humana e material. Todos estes factores
agiram no contexto de uma política de inspiração marxista-leninista, que procurava estabelecer
uma economia planificada onde o Estado devia desempenhar um papel central, o que por si só
criava uma situação problemática, agravada ainda mais pela falta de quadros qualificados. No
entanto, desde cedo, o colapso económico do país levou a negociações com o FMI 10 e Banco
9

10
FMI é um organismo intergovernamental criado pela ONU, cujos objectivos são promover políticas cambiais
sustentáveis a nível mundial, facilitar o comércio internacional e reduzir a pobreza a nível mundial.

12
Mundial11, a adesão de Moçambique a estas organizações (1984) e a um processo de
liberalização económica, que produziu poucos efeitos devido a situação de guerra, tendo o país
passado a viver essencialmente da ajuda externa. É neste período que se inicia a exploração
intensiva e exportação de um recurso natural, o camarão, cuja extracção não era afectada pela
guerra, o que fez dele o principal produto de exportação a partir de meados dos anos 1980 até
finais dos anos 1990. Este é um período que se pode considerar de “desindustrialização” na
medida em que uma parte da produção industrial desapareceu, ao mesmo tempo que as indústrias
sobreviventes registam baixos níveis de produção.

2.2.4. Recuperação económica: economia de ajuda e indústria de exportação (indústrias


de recursos naturais)
O quarto período (Brito 2009, p.152), que se iniciou com a perspectiva de estabilidade
aberta pelo acordo de paz e pelas primeiras eleições multipartidárias, é caracterizado por uma
recuperação económica baseada no desenvolvimento de actividades extractivas de recursos
naturais para exportação.
Embora haja alguns sinais de desenvolvimento de indústrias de substituição de
importações e de bens intermediários, a dinâmica principal é de novo a da indústria de
exportação, mas agora de recursos naturais não agrícolas. Para além do camarão, passam a ter
destaque como principais produtos de exportação o gás e as madeiras, havendo grandes projectos
em curso para a exploração do carvão e de areias pesadas, para além de continuar a prospecção
de petróleo. Não considerando o alumínio que representa por si só a volta de 60% do valor das
exportações moçambicanas, os produtos energéticos (gás e electricidade), o camarão e as
madeiras contribuem actualmente para mais de metade do valor das exportações moçambicanas.
Ao mesmo tempo, apesar de uma certa recuperação, o sector de serviços não consegue equilibrar
a balança de pagamentos como no passado e o Orçamento do Estado continua a depender
fortemente dos fundos provenientes da ajuda externa.
A consolidação de uma economia de renda, inaugurada no período anterior com a
exploração intensiva do camarão, parece ser a tendência principal do desenvolvimento actual da
economia moçambicana; uma economia de renda que não se baseia simplesmente na exploração
de recursos, mas tem a particularidade de depender ainda de uma outra “renda”, a ajuda externa.

11
Banco Mundial é uma instituição financeira internacional que efectua empréstimos a países em
desenvolvimento. É o maior e mais conhecido banco de desenvolvimento do mundo.

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A análise esboçada com esta periodização oferece um ponto de partida e de discussão para uma
necessária investigação mais aprofundada sobre as tendências actuais de evolução da economia
moçambicana, que não é certamente linear nem isenta de contradições, e sobre os desafios que se
colocam ao desenvolvimento do país, dados os diferentes e por vezes conflituais – interesses
sociais e económicos que nele coexistem.

2.3. Perspectiva Económica Actuais


Moçambique continua a sofrer os efeitos da crise da dívida oculta de 2016. O crescimento
real do produto interno bruto (PIB) desacelerou para 3,7% em 2017, inferior aos 3,8% em 2016 e
bem inferior à taxa de crescimento de 7% do PIB alcançada em média entre 2011 e 2015. As
pequenas e médias empresas tiverem um recuo e a sua capacidade de gerar empregos foi ainda
mais reduzida. Prevê-se que o crescimento permaneça relativamente estável em torno de 3% a
médio prazo. Https://www.worldbank.org/pt/country/mozambique/overview

A inflação baixou para 7%, apoiada por uma moeda, o metical, mais estável, e a queda dos
preços dos bens alimentares. O crescimento da produção agrícola após o El Niño contribuiu para
essa tendência, assim como a menor inflação no preço dos bens alimentares.
Https://www.worldbank.org/pt/country/mozambique/overview

Os níveis de endividamento continuam elevados e a um nível insustentável. A dívida externa


desceu de 103,7% do PIB no final de 2016 para cerca de 85,2% no final de 2017, principalmente
devido à valorização do metical. Entretanto, os níveis da dívida interna do governo central
aumentaram devido às necessidades de financiamento do orçamento. Moçambique continua a
estar em incumprimento do seu Eurobond e nos dois empréstimos anteriormente não revelados.
O governo iniciou conversações com os credores sobre uma possível reestruturação da dívida,
mas esse processo levará provavelmente algum tempo até dar frutos.
Https://www.worldbank.org/pt/country/mozambique/overview

2.3.1. Desafios ao Desenvolvimento Económico Actual


Os principais desafios são o restabelecimento da estabilidade macroeconómica e o
restabelecimento da confiança através de uma melhor Governança económica e mais
transparência, incluindo o tratamento transparente da investigação sobre dívidas ocultas. Além

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disso, são necessárias reformas estruturais para apoiar o sector privado que enfrenta actualmente
dificuldades. Https://www.worldbank.org/pt/country/mozambique/overview

Outro grande desafio para a economia é a sua diversificação em relação ao actual foco
em projectos de capital intensivo e agricultura de subsistência de baixa produtividade, para uma
economia mais diversificada e competitiva, fortalecendo ao mesmo tempo os principais
impulsionadores da inclusão, como a melhoria da qualidade da educação e da prestação de
serviços de saúde, o que poderá, por sua vez, melhorar os indicadores sociais.
Https://www.worldbank.org/pt/country/mozambique/overview

2.3.2. Estratégias de Desenvolvimento Económico


A estratégia de desenvolvimento formulada para inverter esta assimetria apostou numa
economia socialista centralmente planificada. No entanto, as conjuntura regional e internacional
desfavorável, as calamidades naturais e um conflito militar interno de 16 anos inviabilizaram a
estratégia. O endividamento externo (cerca de 5,5 biliões em 1995) obrigou o País a uma
mudança radical para uma estratégia de desenvolvimento do mercado filiando-se nas Instituições
de Bretton Woods e a consequente adopção dum Programa de Ajustamento Estrutural, a partir de
1987. Desde então, o País tem estado a registar um notável crescimento económico.

O Produto Interno Bruto (PIB) tem estado a crescer numa média acima de 7-8% ao ano,
chegando mesmo a atingir níveis de 2 dígitos. A inflação está abaixo de 10%. A tendência é
mantê-la em um dígito. Em termos monetários, Moçambique possui um dos regimes cambiais
mais liberalizados de África. Os parceiros comerciais externos têm motivos suficientes para
inspirarem uma grande confiança pelo País face à capacidade que as autoridades monetárias têm
conseguido manter volumes adequados de meios de pagamento sobre o exterior. As reservas
externas do Banco Central têm estado a situar-se acima dos seis meses de importação de bens e
serviços. Http://www.portaldogoverno.gov.mz/por/Mocambique/Economia

O Estado, através da execução da sua política orçamental regula e dinamiza as áreas


socioeconómicas mais importantes e cria um bom ambiente de negócios muito favorável ao
desenvolvimento da iniciativa privada. As reformas jurídicas no âmbito da legislação financeira,
fiscal, laboral, comercial e da terra levadas a cabo pelo Governo contribui significativamente

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para fortalecer esse bom ambiente com a respectiva atracção do investimento privado nacional e
externo. Http://www.portaldogoverno.gov.mz/por/Mocambique/Economia

O potencial económico do País para a atracção de investimentos na agro-indústria,


agricultura, turismo, pesca e mineração é enorme. Projectos como o da Mozal, Barragem de
Cahora Bassa, Corredores Ferro-Portuários e Complexos Turísticos ao longo de todo o País têm
contribuído significativamente para colocar Moçambique na rota dos grandes investimentos
regional e internacional. Http://www.portaldogoverno.gov.mz/por/Mocambique/Economia

Apesar do notável crescimento económico que o País vem registando, muitos


moçambicanos continuam vivendo abaixo da linha da pobreza. O combate à pobreza absoluta
constitui uma das grandes prioridades do Governo para o quinquénio 2005-2009. Para o efeito
foi traçado a segunda fase do Plano de Acção da Redução da Pobreza Absoluta (PARPA II).
Http://www.portaldogoverno.gov.mz/por/Mocambique/Economia

2.4. Mercado Interno e Externo de Bens e Serviços


A economia colonial gerou estruturas produtivas dualistas, em resposta a diferentes pressões
socioeconómicas e políticas.
Primeiro, emergiu um sector exportador, focado no semi-processamento de produtos
primários para exportação (chá, sisal, açúcar, copra, algodão, caju, entre outros), pois o primeiro
objectivo da economia colonial era a extracção. Em relação a este sector, e com a prestação de
serviços de transporte aos países da hinterland, desenvolveram-se os caminhos-de-ferro e os
serviços adjacentes de manutenção (como as oficinas gerais, que marcaram o início da metalo-
mecânica pesada em Moçambique, e os da construção e manutenção naval e das linhas, que
lançaram a metalurgia e a produção de cimento).
As indústrias de substituição de importações, para consumo doméstico, receberam um
impulso com a II Guerra Mundial, por causa da ruptura dos circuitos comerciais internacionais,
mas, foi com a migração de colonos portugueses em massa, nos anos 1950-1960, que estas
indústrias se expandiram e se diversificam rapidamente.
Entre outros, foram seis os principais motivos do desenvolvimento da indústria para o
mercado interno: a expansão da procura de bens pelos colonos, a necessidade de criar mais
empregos urbanos, a pressão política para gerar capitalistas portugueses nas colónias, a redução
dos custos da modernização da indústria portuguesa, conseguida, em parte, por via da venda do

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equipamento obsoleto para as colónias, a abertura de mercados para aplicações financeiras e
industriais pelos capitalistas monopolistas portugueses, e as pressões políticas internacionais
sobre Portugal, que se intensificaram com o surgimento dos movimentos de libertação nacional e
o desencadeamento das lutas de libertação nacional. Esta indústria de substituição de
importações era, ironicamente, dependente de importações, pois não resultava de ligações a
montante e a jusante dentro da economia e substituía as importações apenas na fase final do
processo produtivo.
Portanto, as indústrias assentes em recursos locais exportavam; as que produziam para o
mercado doméstico importavam até 85% dos equipamentos, peças, matérias-primas e materiais
auxiliares, e os combustíveis. As indústrias exportadoras expandiam mais lentamente por causa
da rigidez na procura mundial de produtos primários, da tendência para a volatilidade nos
mercados internacionais e do declínio secular dos termos de troca. As de substituição de
importações expandiam mais depressa, pois respondiam a pressões e incentivos políticos,
estavam ligadas a mercados domésticos em rápido crescimento e beneficiavam de protecção.
Porém, esta estrutura dualista continha factores de crise que reflectiam a sua estrutura: a
produção era dependente de importações, porque era débil a substituição efectiva de
importações; as exportações eram concentradas em produtos primários com mercados e preços
voláteis; portanto, sempre que a economia expandia mais rapidamente que as receitas de
exportação, ou sempre que os preços internacionais dos produtos primários baixavam, a
economia entrava em crise relacionada com a sua incapacidade de importar, a redução das
receitas do Estado e, portanto, a contracção da capacidade de endividamento.
O padrão da actual elevada taxa de crescimento económico em Moçambique, cerca de 7% de
1994 a 2015, revela uma concentração excessiva e depende de um conjunto limitado de produtos
de exportação, entre os quais “recursos territorialmente bem circunscritos numa região
limitada”31 e investimentos em mega-projectos, especificamente no sector energético e no sector
extractivo.
Diversos estudos sobre vários aspectos da economia política de Moçambique mostraram que
esse impressionante crescimento económico esconde o facto de que não só a estrutura económica
como também o modelo de acumulação de capital não mudaram muito ao longo do tempo
(Castel-Branco, 2012; 2015a, b; Mosca, 2011; 2013; Weimer et al., 2012). Os principais factores
estruturantes da economia são:

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 Uma orientação da economia para o crescimento baseado nos bens de consumo interno
(mercado interno) e nas importações e exportações (mercado externo) de bens e serviços,
sem uma importante industrialização domestica dirigida para dentro e fortes ligações
intersectoriais a montante e a jusante. Isto conduz a um tipo de economia extractiva, não
apenas no sector da mineração e energia, mas também em todos os outros sectores ligados a
recursos naturais, como a silvicultura, a agricultura de grande escala, a fauna, etc.
 Uma economia extremamente aberta e “permeável” (Castel-Branco, 2015a), em que a quota
de exportações e importações em relação ao PIB sempre foi muito elevada (acima de 80%) e
em que o investimento estrangeiro de grande escala, especialmente no sector extractivo (no
sentido mais lato) não só beneficia de incentivos fiscais e outros acordos favoráveis, como
também pode repatriar capital para os países de origem. Por exemplo, a receita de carvão na
província de Tete permaneceu abaixo de 0,5% do PIB entre 2012 e 2015 (Vines et al., 2015,
p.5). A abertura da economia moçambicana torna-a particularmente vulnerável a choques
externos e a volatilidade dos mercados globais, como demonstram a crise financeira de 2008,
e a actual queda dos preços da energia e a desvalorização do metical face ao dólar norte-
americano.
 A economia permeável produz lucros limitados para o Estado (receita), para a economia
doméstica (diversificação, industrialização interna) e para as comunidades locais. Para estas,
o lucro líquido da extracção mineral e energética (carvão em Tete, gás na província de
Inhambane) e de apenas 2,75% dos pagamentos de direitos em 2013 e 2014 (Nombora, 2014;
Vines et al., 2015: 70). As elites políticas e económicas obtêm os seus benefícios e
rendimentos não da produção, mas da procura de rendimentos improdutivos associada a
aquilo que Castel-Branco refere como uma “economia de bolha” de expectativas e
especulações ligadas a terra e a indústria extractiva (Castel-Branco, 2015a). Embora as
exportações (crescentes) de alumínio, carvão e energia eléctrica dominem a balança
comercial, a sua contribuição para o PIB e baixa. E não compensam o aumento das
importações (combustível, maquinaria, bens de consumo e alimentos), deixando
Moçambique numa posição de importador líquido estrutural de bens e serviços desde meados
do século passado. Existem algumas excepções, como o ano de 2006, em que Moçambique
registou, pela primeira vez em décadas, um excedente da balança comercial, devido a

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exportação de alumínio e gás, juntamente com os produtos clássicos, castanha de caju,
algodão, madeira e peixe, que estão em declínio.
Em relação ao segundo factor, vários autores destacaram a necessidade de uma política
económica alternativa a da abordagem predominante de exploração de recursos, orientada para a
exportação e que produz crescimento sem desenvolvimento (Castel-Branco, 2010, 2015a;
Hanlon & Smart, 2008; Mosca, 2005, 2013).
A economia moçambicana é uma economia de consumo típica e não uma economia baseada
em investimentos para produção e nos mercados interno e externo. Tanto o consumo privado
como o publico continua a dominar a composição do PIB, com uma maior despesa de consumo
das famílias em relação ao consumo público, o que tem consequências negativas para a
poupança.
Em parte, por isso, o investimento medido pela formação bruta de capital manteve-se
estruturalmente baixo, embora tenha mais do que duplicado desde a década de 1970 ate ao
presente. Continuara a aumentar com o investimento em grande escala no gás natural liquefeito
(GNL), mas e improvável que produza efeitos sobre a industrialização, dada a baixa propensão
desses projectos em criar ligações económicas a montante e a jusante. Esta e uma lição clara
aprendida com a escala de investimento na indústria do carvão na província de Tete (Langa,
2015).
• A economia continuou a ser uma economia de serviços. O sector dos serviços,
nomeadamente os sistemas ferroviários e portuários utilizados pelos países vizinhos, tem
dominado o PIB com um peso superior a 30% nas décadas de 1970 e 80, subindo para mais de
50% a partir de 1994. Também sofreu, porem, mudanças estruturais dramáticas no sentido em
que já não são as receitas ferroviárias e portuárias do subsector de transportes orientado para a
região que dominam o sector de serviços, mas sim o crescimento dos sectores bancário, de
seguros e telecomunicações, bem como as viagens aéreas, o turismo e o transporte doméstico.
• A agricultura e marginalizada, nomeadamente o sector dos pequenos produtores e o
sector familiar, que e a base do sustento de cerca de 70% da população e absorve cerca de 80%
da mão-de-obra. A sua contribuição para o PIB, em cerca de 30%, e superior à da indústria em
cerca de 24% (KPMG, 2013). Os pequenos agricultores continuam pobres e não tem voz (por
exemplo nas assembleias e nos partidos políticos), pouca segurança de posse de terra e falta de
acesso a crédito, a tecnologias e serviços de extensão a medida do seu potencial produtivo, dos

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seus recursos e das suas necessidades. A alocação em grande escala de terra aos investidores
globais, para agricultura de plantação e silvicultura, e as políticas comerciais estabelecidas,
associadas a poderosas elites do comércio de produtos alimentares, juntamente com a
deterioração dos termos comerciais reais entre a produção agrícola e os insumos (importados),
funcionam como desincentivos a produção e diversificação na agricultura de pequena escala, não
obstante algumas, poucas, louváveis excepções, como os esquemas de produção sob contrato na
indústria do açúcar e do tabaco (Buur et al., 2011; Smart & Hanlon, 2014).

2.5. Principais Importações e Exportações (2015)


Código Descrição Valor (mM$) Peso (%)
Principais Exportações (2015)
76 Artigos em alumínio 1,074 33,6
27 Combustíveis minerais, óleos e produtos de 0,971 30,4
destilação
24 Tabaco e produtos derivados do tabaco 0,293 9,2
26 Minérios, escórias e cinzas 0,147 4,6
17 Açúcares e doces de confeitaria 0,123 3,9
Outros produtos 0,587 18,4
Principais Importações (2015)
27 Combustíveis minerais, óleos e produtos de 1,027 13,0
destilação
84 Máquinas, reactores nucleares e caldeiras 0,950 12,0
87 Comboios e veículos eléctricos 0,725 9,2
85 Equipamento eléctrico e electrónico 0,611 7,7
89 Embarcações e outras estruturas flutuantes 0,535 6,8
Outros produtos 4,059 51,3
Fonte: International Trade Centre (ITC) - Nações Unidas
2.6. Principais Parceiros Comerciais de Importações e Exportações (2015)
País Valor (mM$) Peso (%)
Holanda 1, 552 13,9 %
África do Sul 2, 965 26,6
Singapura 0, 145 1,3 %
Itália 0, 100 0,8 %
Bélgica 0, 089 0,7 %
China 0, 987 8,8 %
Portugal 0,457 4,1 %
Bahrein 0,411 3,6 %
Outros países 4,422 39,7 %
Fonte: International Trade Centre (ITC) - Nações Unidas

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3. CAPITULO III
3.1. Conclusão
Mercado interno, na economia, é um mercado que opera dentro de limites territoriais
demarcados, e que por sua vez está rodeado por um mercado maior. O caso mais habitual é
constituído por um mercado nacional (interno) comparado com o mercado internacional
(externo; envolve as importações, que é o que costuma ser comprado de fora do pais e as
exportações, que é o que costuma ser vendido fora do pais). O crescimento é baseado nos bens
de consumo interno (mercado interno) e nas importações e exportações (mercado externo) de
bens e serviços, sem uma importante industrialização domestica dirigida para dentro e fortes
ligações intersectoriais a montante e a jusante. Isto conduz a um tipo de economia extractiva, não
apenas no sector da mineração e energia, mas também em todos os outros sectores ligados a
recursos naturais, como a silvicultura, a agricultura de grande escala, a fauna, etc. O potencial
económico do País para a atracção de investimentos na agro-indústria, agricultura, turismo, pesca
e mineração é enorme. Projectos como o da Mozal, Barragem de Cahora Bassa, Corredores

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Ferro-Portuários e Complexos Turísticos ao longo de todo o País têm contribuído
significativamente para colocar Moçambique na rota dos grandes investimentos regional e
internacional. Continuara a aumentar com o investimento em grande escala no gás natural
liquefeito (GNL), mas e improvável que produza efeitos sobre a industrialização, dada a baixa
propensão desses projectos em criar ligações económicas a montante e a jusante, como a escala
de investimento na indústria do carvão na província de Tete. A abertura da economia
moçambicana torna-a particularmente vulnerável a choques externos e a volatilidade dos
mercados globais, como demonstram a crise financeira de 2008, e a actual queda dos preços da
energia e a desvalorização do metical face ao dólar norte-americano. Os principais parceiros
comerciais do mercado moçambicanos são: África do Sul, Holanda, Itália, Singapura, Bélgica,
china, Portugal, Bahrein e outros países. A principal influência de Tete para o Mercado Externo e
interno Pais reside sobre a indústria extractiva de Carvão mineral, o lucro líquido da extracção
mineral foi 2,75 do pagamento de direitos em 2013 e 2014. A receita de carvão na província de
Tete permaneceu abaixo de 0,5% do PIB entre 2012 e 2015.

3.2. Referências Bibliográficas


BRITO, Luís de. Moçambique: de Uma economia de serviços a Uma economia de renda -
IDeIAS Nº13. (pdf). Parte II - Crescimento Económico, Investimento Privado e dinâmicas De
acumulação. Maputo – 2009.
Http://www.portaldogoverno.gov.mz/por/Mocambique/Economia.
Https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Moçambique.
Https://www.worldbank.org/pt/country/mozambique/overview. Última actualização: 19 de Abril
de 2018.

IESe- A Economia Política da Descentralização em Moçambique: Dinâmicas, Efeitos, Desafios.


Maputo, Mozambique. 2017
Montepio-research-internacional-mocambique. (Pdf). MONTEPIO - Departamento de Estudos / /
Moçambique - Abril 2016.

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