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TA 2008 05 Forense 05 1 Antropologia Criminal
TA 2008 05 Forense 05 1 Antropologia Criminal
realizado no âmbito da cadeira de Antropologia Biológica do curso de
Biologia da FCUL pelos alunos Mauro Silva, Márcia Vieira e Pedro Rodrigues
A Antropologia Criminal começa com Cesare Lombroso. Este médico, cirurgião e cientista
italiano morreu aos 74 anos e durante a sua vida publicou
várias obras que abrangem áreas como a antropologia,
sociologia criminal, psicologia, criminologia, filosofia e
medicina, para além de também ter sido fundador do curso
de Psiquiatria (que depois transforma em “Clínica das
Doenças Mentais e de Antropologia”) numa faculdade de
Itália. Os estudos de Cesare Lombroso ficaram conhecidos
como Antropologia Criminal.1
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Cesare Lombroso. Para Lombroso
a lésbica era uma delinquente.
Lombroso fazia parte ou iniciou a escola antropológica que estuda o criminoso nos seus
aspectos anatómicos, fisiológicos, como o formato do crânio e o uso excessivo da mão
esquerda e em aspectos psicológicos o criminoso era definido como alguém sem
consciência e por isso não se arrepende dos seus actos.
Em Portugal no final do século XIX ocorreram nas cadeias de Lisboa e Porto medições do
corpo (antropometria) para testar a veracidade das teorias de Lombroso e dos seus
seguidores. No relatório de uma medição efectuada a uma reclusa no Porto são descritos os
instrumentos e aparelhos utilizados pelos cientistas que realizaram a antropometria. Aqui fica
um excerto do relatório: “uma espécie de tenaz formada por duas varetas de ferro em forma
de semicírculo; uma balança quase do tamanho de um homem; um espaldar térreo com uma
haste comprida cravada na extremidade anterior, onde se vê uma sucessão de números e
pela qual desliza uma peça de madeira e ferro; um sem-número de outros objectos
desproporcionados e esquisitos.”. Com uma precisão milimétrica medem a altura,
comprimento dos braços em cruz, altura sentada, comprimento da orelha direita, dedo médio
esquerdo, dedo mínimo esquerdo, antebraço esquerdo, comprimento do pé esquerdo, três
medições da cabeça e ainda tomam nota da cor da pele e dos olhos.
Estas ideias ganham adeptos na década de 1880 através de obras de autores portugueses e
difunde-se a ideia de que o crime não é um acto consciente e de livre escolha, mas uma
herança biológica patente em certas características físicas e psicológicas. As obras
publicadas têm uma argumentação frágil e um tom de adesão dogmático à teoria do
criminoso nato para além de não existir grande suporte demonstrativo, algo que os
experimentalistas da época denotam. Há o exemplo da obra de Basílio Freire, publicada em
1889, com o título Os Criminosos, onde o autor reconhece a dificuldade na definição de um
tipo físico comum aos delinquentes. Freire lamenta que, depois de um “improbo trabalho de
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http://www.arteastral.com/files/arteastral/pdfs/sujeitocriminoso.pdf
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http://www.historiaecultura.pro.br/cienciaepreconceito/agenda/tresescolaspenais.pdf
observação e crítica”, a investigação internacional não tenha sido capaz de estabilizar um
padrão fixo de caracteres válido para a identificação fisionómica e somática dos
delinquentes. No entanto, estes pressupostos não impedem o autor de concluir, mais à
frente, que “o crânio criminal é inferior ao do homem honesto, mormente na zona anterior,
depositária das actividades reflexivas e ponderadoras”. Ou seja, não se sabe exactamente
qual a craniometria do criminoso nato, mas deduz-se que esse elemento desconhecido deve
ser inferior ao da restante população.
A anatomia da cabeça torna-se o objecto de estudo mais importante pois através desse
conseguimos distinguir com clareza os diferentes tipos humanos, descobrir as anomalias
biológicas das raças e revelar grandes linhas da psicologia étnica. A ideia da descrição de
traços morfológicos que distinguem um determinado tipo humano de outro, através de
medições pormenorizadas da cabeça e dos ossos, torna-se fulcral na compreensão das
origens do homem e do próprio ser.
O uso desta comparação utilizando a tabela começa a dar grande importância aos tipos
antropológicos degenerados, isto é, aos criminosos, separando-os e isolando-os nas mais
diversas categorias de marginalidade isto porque começa-se a temer a possibilidade de os
caracteres selvagens, dos seres inferiores e dos homens atávicos sobreviverem na
sociedade contemporânea.
Aparência dos criminosos, segundo
Lombroso.
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http://images.google.pt/imgres?imgurl=http://www.crimeculture.com/images/Vict‐
lombroso.jpg&imgrefurl=http://www.crimeculture.com/Contents/VictorianCrime.html&h=261&w=407&sz=19
&hl=pt‐
PT&start=3&tbnid=P4OUrEE5KBDDBM:&tbnh=80&tbnw=125&prev=/images%3Fq%3DCesare%2BLombroso%2
6gbv%3D2%26hl%3Dpt‐PT
O estudo do crime transforma-se no estudo físico dos criminosos, epilépticos e prostitutas, e
a prisão passa a ser o laboratório uma vez que isola grupos biologicamente coerentes.
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http://ceas.iscte.pt/etnografia/docs/vol_07/N2/vol_vii_N2_283‐304.pdf
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http://www.pgjdf.gob.mx/periciales/especialidades/Antrop_Forense.htm
Comentários dos colegas
Considerando o aspecto global, o tema do trabalho é sumariamente
abordado, de forma sintetizada e de fácil leitura. Porém, a linguagem é
também demasiado simples, verificando-se que algumas expressões estão
escritas em português do Brasil, revelando pouco cuidado na tradução da
informação. Em relação à apresentação estética, é de referir que o texto é
um pouco denso, além de não cumprir os 30% de imagens exigidos. No
entanto, estas apresentam legenda e referências cujos sites estão
correctamente indicados. As diferentes partes do texto são igualmente
referenciadas e quase todos os links nos direccionaram para páginas
relevantes. O trabalho possui também apenas as 5 páginas de texto
pretendidas e respeita o número de palavras.
Em relação aos pontos positivos é de indicar que o texto está
exposto de forma interessante, apelativa e de modo a tornar-se acessível a
quem não disponha de conhecimentos referentes ao tema tratado. É
ainda importante evidenciar a análise efectuada à situação em que se
encontrava a antropologia criminal em Portugal durante aquela época e a
apresentação de um exemplo concreto para o demonstrar (linhas 22 - 34,
página 2).
Negativamente, existem algumas incongruências a nível da
organização textual, com desconexões em partes sequenciais do texto.
Além do mais, o tema não é concluído e não é colocado o título do
trabalho. O texto poderia também ter sido justificado, para melhor aspecto
estético, e as imagens numeradas. (4/6)
Inês Silva, Leonor Lopes e Sara Carona
As referências foram convertidas para notas de rodapé nas páginas a que dizem respeito.