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Trabalho 

realizado no âmbito da cadeira de Antropologia Biológica do curso de  
Biologia da FCUL pelos alunos Mauro Silva, Márcia Vieira e Pedro Rodrigues

A Antropologia Criminal começa com Cesare Lombroso. Este médico, cirurgião e cientista
italiano morreu aos 74 anos e durante a sua vida publicou
várias obras que abrangem áreas como a antropologia,
sociologia criminal, psicologia, criminologia, filosofia e
medicina, para além de também ter sido fundador do curso
de Psiquiatria (que depois transforma em “Clínica das
Doenças Mentais e de Antropologia”) numa faculdade de
Itália. Os estudos de Cesare Lombroso ficaram conhecidos
como Antropologia Criminal.1
2

Cesare Lombroso. Para Lombroso 
a lésbica era uma delinquente.

Tendo sido psiquiatra e director de um manicómio, Cesare teve a oportunidade de realizar


exame a centenas de doentes mentais e criminosos e chegou à conclusão que o criminoso é
formado por alguma tendência básica inerente ao seu destino e que as “sementes de uma
natureza criminal” podem ser muitas vezes identificadas na criança.

Lombroso fala em cinco tipos de criminosos:


• “Criminoso nato”- constituía a maioria dos criminosos e onde mais incidiam os
estudos de Lombroso. É aquele que transporta consigo um património genético que o
marca para o crime, poderia ser reconhecido pelas características físicas que
apresentava. Ele representa o vestígio do “homem selvagem”; ou então um
“degenerado”, apresentando os estigmas biológicos definidos por Lombroso.

• “Criminoso louco” - comportamento criminoso está associado a uma perturbação


mental.

• “Criminoso de hábito ou profissional” - não possui os estigmas biológicos inatos, mas


são criminosos pela pressão do seu meio. Repetir o mesmo crime para o mesmo
efeito (coisa que começou por ser ocasional devido à pressão do meio) fará com que
adquira a degeneração mental e até orgânica dos criminosos natos.

• “Criminoso de ocasião ou primário” - poderá cometer um ou outro acto criminoso por


força de um determinado conjunto de factores do meio, mas não de forma
permanente. De acordo com Lombroso são ainda sujeitos com predisposição para o
crime por hereditariedade, não possuindo, no entanto, uma clara tendência activa
para ele.

• “Criminoso por paixão” vítima de um humor exaltado, de uma sensibilidade


exagerada, indivíduo “sanguíneo e nervoso”, irreflectido, e a quem a contrariedade
dos sentimentos leva por vezes a cometer actos criminosos, em geral violentos,
como solução para as suas crises passionais (muito comuns em Portugal). Ele é
considerado geralmente um criminoso por questões amorosas e de ciúme, embora
                                                            
1
 http://pt.wikipedia.org/wiki/Cesare_Lombroso
2
http://images.google.pt/imgres?imgurl=http://www.evolutionnews.org/lombroso.jpg&imgrefurl=http://www.
evolutionnews.org/materialists/&h=211&w=250&sz=25&hl=pt‐
PT&start=2&tbnid=ytGJjc45paQpwM:&tbnh=94&tbnw=111&prev=/images%3Fq%3DCesare%2BLombroso%26g
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se saiba que questões como a honra, a avareza, os aspectos políticos e religiosos
possam conduzir ao mesmo tipo de actos apaixonados e irreflectidos. No entanto,
para Lombroso, estes sujeitos não degeneram mentalmente nem se estigmatizam
organicamente.3

Lombroso fazia parte ou iniciou a escola antropológica que estuda o criminoso nos seus
aspectos anatómicos, fisiológicos, como o formato do crânio e o uso excessivo da mão
esquerda e em aspectos psicológicos o criminoso era definido como alguém sem
consciência e por isso não se arrepende dos seus actos.

Definição da escola antropológica – há criminosos natos, que agem instintivamente, e que


são 25% ou 40% dos delinquentes. A propensão para o crime não se resume a factores
antropológicos e físicos como as características somáticas, é algo que também é
influenciado pelos aspectos psicológicos e sociais. Reúne os criminosos num grupo.4

Partindo da observação sistemática de medições de crânios, Lombroso chega à conclusão


de que há semelhanças entre o cérebro dos criminosos e o cérebro dos homens primitivos.
Baixa capacidade encefálica, retraimento da testa, frontais desenvolvidos, orelhas largas,
caninos proeminentes, maxilar protuberante e outros traços tornam-se características físicas
identificadoras da predisposição para a delinquência. Estes sinais fisionómicos demonstram
a origem primitiva e a derivação de fases ancestrais de desenvolvimento mental e físico: a
aparência primitiva e idiota do delinquente é interpretado como um determinismo biológico,
concluindo-se que as pessoas nascem criminosas. Traços psicossomáticos, como a
epilepsia, a loucura patológica e as pessoas que têm uma aparência diferente do padrão
normal fazem também parte da bagagem biológica dos delinquentes e constituem marcas
identificadoras.

Em Portugal no final do século XIX ocorreram nas cadeias de Lisboa e Porto medições do
corpo (antropometria) para testar a veracidade das teorias de Lombroso e dos seus
seguidores. No relatório de uma medição efectuada a uma reclusa no Porto são descritos os
instrumentos e aparelhos utilizados pelos cientistas que realizaram a antropometria. Aqui fica
um excerto do relatório: “uma espécie de tenaz formada por duas varetas de ferro em forma
de semicírculo; uma balança quase do tamanho de um homem; um espaldar térreo com uma
haste comprida cravada na extremidade anterior, onde se vê uma sucessão de números e
pela qual desliza uma peça de madeira e ferro; um sem-número de outros objectos
desproporcionados e esquisitos.”. Com uma precisão milimétrica medem a altura,
comprimento dos braços em cruz, altura sentada, comprimento da orelha direita, dedo médio
esquerdo, dedo mínimo esquerdo, antebraço esquerdo, comprimento do pé esquerdo, três
medições da cabeça e ainda tomam nota da cor da pele e dos olhos.

Estas ideias ganham adeptos na década de 1880 através de obras de autores portugueses e
difunde-se a ideia de que o crime não é um acto consciente e de livre escolha, mas uma
herança biológica patente em certas características físicas e psicológicas. As obras
publicadas têm uma argumentação frágil e um tom de adesão dogmático à teoria do
criminoso nato para além de não existir grande suporte demonstrativo, algo que os
experimentalistas da época denotam. Há o exemplo da obra de Basílio Freire, publicada em
1889, com o título Os Criminosos, onde o autor reconhece a dificuldade na definição de um
tipo físico comum aos delinquentes. Freire lamenta que, depois de um “improbo trabalho de

                                                            
3
 http://www.arteastral.com/files/arteastral/pdfs/sujeitocriminoso.pdf
4
 http://www.historiaecultura.pro.br/cienciaepreconceito/agenda/tresescolaspenais.pdf
observação e crítica”, a investigação internacional não tenha sido capaz de estabilizar um
padrão fixo de caracteres válido para a identificação fisionómica e somática dos
delinquentes. No entanto, estes pressupostos não impedem o autor de concluir, mais à
frente, que “o crânio criminal é inferior ao do homem honesto, mormente na zona anterior,
depositária das actividades reflexivas e ponderadoras”. Ou seja, não se sabe exactamente
qual a craniometria do criminoso nato, mas deduz-se que esse elemento desconhecido deve
ser inferior ao da restante população.

A anatomia da cabeça torna-se o objecto de estudo mais importante pois através desse
conseguimos distinguir com clareza os diferentes tipos humanos, descobrir as anomalias
biológicas das raças e revelar grandes linhas da psicologia étnica. A ideia da descrição de
traços morfológicos que distinguem um determinado tipo humano de outro, através de
medições pormenorizadas da cabeça e dos ossos, torna-se fulcral na compreensão das
origens do homem e do próprio ser.

É considerado que os caracteres físicos são transmitidos relativamente inalterados através


do tempo e que a reconstituição dos tipos humanos, com base em cruzamentos e
mestiçagens, é a chave para desvendar os segredos da história natural. Em vez de se
realizar um estudo de um ser humano em particular adopta-se uma perspectiva mais geral
de forma a agrupar o Homem em diferentes tipos como “tipos naturais”, “tipos étnicos” ou
“raças” acreditando-se que formam uma matriz biológica estável. Para ter essa matriz é
necessário realizar a medição dos caracteres físicos individuais e agregar estatisticamente
os resultados e assim se inicia a distinção entre dois ou mais agrupamentos humanos, como
por exemplo, a comparação entre os caracteres físicos dos minhotos e dos açorianos, ou os
caracteres dos presos e da população “normal”.

O uso desta comparação utilizando a tabela começa a dar grande importância aos tipos
antropológicos degenerados, isto é, aos criminosos, separando-os e isolando-os nas mais
diversas categorias de marginalidade isto porque começa-se a temer a possibilidade de os
caracteres selvagens, dos seres inferiores e dos homens atávicos sobreviverem na
sociedade contemporânea.

Aparência dos criminosos, segundo 
Lombroso. 

                                                            
5
 http://images.google.pt/imgres?imgurl=http://www.crimeculture.com/images/Vict‐
lombroso.jpg&imgrefurl=http://www.crimeculture.com/Contents/VictorianCrime.html&h=261&w=407&sz=19
&hl=pt‐
PT&start=3&tbnid=P4OUrEE5KBDDBM:&tbnh=80&tbnw=125&prev=/images%3Fq%3DCesare%2BLombroso%2
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O estudo do crime transforma-se no estudo físico dos criminosos, epilépticos e prostitutas, e
a prisão passa a ser o laboratório uma vez que isola grupos biologicamente coerentes.

Nesse mesmo ano, no 2.º Congresso de Antropologia Criminal, reunido em


Paris, Ferraz de Macedo, expoente dos estudos realizados em Portugal,
contraria a ideia da existência de caracteres específicos do delinquente,
demonstrando nomeadamente que os criminosos portugueses têm uma
capacidade craniana superior à dos homens normais, ao contrário do que
Lombroso supunha. Macedo segue a metodologia convencional da antropologia
criminal italiana, agrupando as observações antropométricas em
categorias cujo sentido é dado como adquirido: “homens normais”, “ladrões”,
“assassinos”, “negros”. A comparação das medições nestas quatro classes de
indivíduos mostra, no entanto, que não há uma distinção física entre delinquentes
e pessoas normais.
A visão de categorias humanas pré-definidas não permite mudar o ponto de
perspectiva e o autor descarta desde início a hipótese de que o crime é um
“produto sociológico”, influenciado pelo meio e pelas circunstâncias sociais.

A antropologia criminal preocupa-se em decifrar o código dos delinquentes,


fazendo medições dos corpos e registando sinais particulares, como as
tatuagens ou as alcunhas e o calão dos presos.
Setembro de 1901 sugere-se que seja também acrescentado um novo tipo de sinal: as
impressões digitais.6

A antropologia criminal, com todos os conceitos de Lombroso e seguidores, caiu em desuso


e hoje em dia é comparado com nazismo ao diferenciar e julgar alguém pelo seu aspecto.
No entanto esta disciplina, que desde do inicio causou bastante controvérsia, foi precursora
de antropologia forense, antropometria e outros que tais.
A antropologia forense identifica os restos dos ossos e de cadáveres nos distintos estados
de conservação e dá resposta a perguntas como a origem biológica dos restos, se os restos
correspondem a um ou a diversos indivíduos, quais as características individuais (sexo,
idade, grupo humano, estatura, condições de saúde, variantes anatómicas normais ou
anomalias anatómicas), identificação de lesões localizadas principalmente nas estruturas
ósseas, o mecanismo ou objecto que produziu as lesões assim como a sua correlação com
a morte. Estabelece a antiguidade, a data da morte e correlaciona as características de
conservação dos restos analisados com o do meio ambiente. Correlaciona as alterações
observáveis em restos ósseos e/ou cadáveres com factores de produção origem natural,
acidental ou intencional e estabelece a individualização e identificação de restos cadavéricos
ou sujeitos vivos através de analises morfocomparativas7.
No caso da antropometria, essa também é muito utilizada hoje em dia. No caso dos
criminosos, quando são presos têm que dar a sua impressão digital que é um exemplo de
antropometria. Para além desta aplicação a impressão digital e a altura são requisitos
obrigatórios para fazermos o respectivo documento de identificação, algo que todos nós
precisamos.

                                                            
6
 http://ceas.iscte.pt/etnografia/docs/vol_07/N2/vol_vii_N2_283‐304.pdf

7
 http://www.pgjdf.gob.mx/periciales/especialidades/Antrop_Forense.htm
Comentários dos colegas
Considerando o aspecto global, o tema do trabalho é sumariamente
abordado, de forma sintetizada e de fácil leitura. Porém, a linguagem é
também demasiado simples, verificando-se que algumas expressões estão
escritas em português do Brasil, revelando pouco cuidado na tradução da
informação. Em relação à apresentação estética, é de referir que o texto é
um pouco denso, além de não cumprir os 30% de imagens exigidos. No
entanto, estas apresentam legenda e referências cujos sites estão
correctamente indicados. As diferentes partes do texto são igualmente
referenciadas e quase todos os links nos direccionaram para páginas
relevantes. O trabalho possui também apenas as 5 páginas de texto
pretendidas e respeita o número de palavras.
Em relação aos pontos positivos é de indicar que o texto está
exposto de forma interessante, apelativa e de modo a tornar-se acessível a
quem não disponha de conhecimentos referentes ao tema tratado. É
ainda importante evidenciar a análise efectuada à situação em que se
encontrava a antropologia criminal em Portugal durante aquela época e a
apresentação de um exemplo concreto para o demonstrar (linhas 22 - 34,
página 2).
Negativamente, existem algumas incongruências a nível da
organização textual, com desconexões em partes sequenciais do texto.
Além do mais, o tema não é concluído e não é colocado o título do
trabalho. O texto poderia também ter sido justificado, para melhor aspecto
estético, e as imagens numeradas. (4/6)
Inês Silva, Leonor Lopes e Sara Carona

O trabalho apresenta-se muito pouco apelativo. Imagens e citações


estão devidamente legendadas e referenciadas. Todos os websites
indicados estão de acordo com o trabalho.
O tema do trabalho é exposto de forma original e simples. O
trabalho preenche quase todos os requisitos estipulados quanto à forma,
número de páginas e palavras. Apresenta ainda grande fidelidade as
fontes e rigor cientifico.
Consideramos que o trabalho apresenta uma percentagem muito
reduzida de imagens e que as legendas das imagens não são as mais
apropriadas. A inexistência de um titulo é também de se referenciar. (3/6)
Bárbara Vinhas, João Nunes e Ricardo Coutinho

Neste trabalho é-nos apresentado a ligação estabelecida entre as


características morfológicas e o comportamento humano, nomeadamente
é discutida a tendência para a criminalidade tendo por base a fisionomia
de um determinado indivíduo. Esta matéria surge com os trabalhos de
Cesare Lombroso e é discutida por vários autores até ao século XX. O
trabalho possui rigor nas referências e apresenta imagens adequadas, no
entanto, o trabalho poderia ter sido mais enriquecido neste aspecto, pois
as imagens ajudam bastante a complementar o texto e até mesmo para a
compreensão do leitor. O trabalho foi escrito de forma simples e concisa,
permitindo uma visão geral do tema e a sua compreensão. O tema é
interessante e os dados disponibilizados pertinentes, havendo uma boa
ligação entre a psicologia e a antropologia forense, no entanto, talvez
devessem existir mais referências a dados biológios.
Há que referir que alguns dos links mencionados na bibliografia não
estão activos, tal como, não foram referenciados devidamente, isto é, não
é referenciado título/autor nem a data em que consultaram os sítios da
Internet. Em termos bibliográficos deveria ter havido mais pesquisa a nível
de livros e de artigos, uma vez que este tipo de formato está sujeito a mais
revisões.
É de salientar que o trabalho não está formatado – não está
paginado nem justificado – sendo, isto, o básico de qualquer trabalho ou
texto. Deveria ter havido ainda o cuidado de indicar o título do trabalho,
bem como, de fazer uma breve introdução e contextualização do tema
escolhido.
Este trabalho, para o nosso grupo, encontra-se em 5º lugar, sendo
esta opção justificada pela falta de preocupação na apresentação do
trabalho, o que o torna pouco apelativo, para além do trabalho ter poucos
exemplos dentro da antropologia biológica propriamente dita. (2/6)
Fábio Pereira, Mª Teresa Marmota e Mónica Eusébio

Em geral, podemos dizer que o tema do trabalho é interessante,


porém apresenta muitas lacunas.
Relativamente às referencias bibliograficas exitem dois sites que não
apresentam ligação a páginas da Internet.
Existem vários pontos que deveriam ter tido em conta, como por
exemplo, apresentarem o texto justificado, apresentarem parágrafos e
dividirem o texto em subtítulos, de forma a separar os conteúdos e a ter
mais lógica, isto porque há partes em que muda ligeiramente o tema.
Também podia apresentar mais figuras, visto que desta forma ficava muito
mais atractivo. Devia ainda apresentar uma capa ou uma introdução ao
tema. (1/6)
Cátia Gonçalves, Miguel Landum e Nádia Pedroso

Relativamente ao aspecto geral do trabalho, nota-se a falta de


cuidado na formatação do texto (não se encontra justificado, diferenças
entre o espaçamento nos vários parágrafos), ausência de uma divisão em
sub-temas do assunto abordado, a falta de numeração das páginas, de
uma capa ou de um título (caso não fosse de agrado do grupo fazer uma
capa para o trabalho).
É um tema interessante, no entanto, mal abordado. As referências
das imagens estão correctas.
No que respeita aos aspectos negativos, pensamos que o grupo não
se terá esforçado o suficiente para elaborar um trabalho com qualidade, o
que é pena. A falta de um título no trabalho é o que mais o desqualifica,
seguindo-se o facto de não parecer haver uma forte coerência entre
alguns parágrafos. O texto está um pouco confuso e apenas são
apresentadas duas imagens (quando possuem quatro páginas de texto).
As legendas das figuras não têm uma numeração relativa e em uma delas
(a primeira), a segunda parte da legenda encontra-se desadequada. Há
também um dos sites da bibliografia que não conduz a informações
relevantes. (1/6)
Ana Almeida e César Esteves

Do ponto de vista formal, o trabalho não apresenta uma estrutura


que denuncie um fio condutor e, muito menos, um fluxo estável de ideias.
Aliás, elas confundem-se, contradizem-se, misturam-se, perdem-se, dão
saltos para a frente e para trás. Os conceitos do autor referenciado
(Lombroso) são apresentados de uma forma insípida e muito pouco clara.
As referências bibliográficas e as citações não falham apenas a
apresentação tipográfica como também violam as mais elementares
normas, nomeadamente do sistema de referência bibliográfica de uma
página da Internet. Do ponto de vista da apresentação, é flagrante o
descuido quanto à formatação e à justificação do texto. Não há título. Não
há paginação. Além da correcção gramatical, esperava-se que o texto
fosse objectivo, rigoroso, conceptualmente coerente e sóbrio. Nada disto
se verificou.
Na nossa opinião, um dos aspectos mais negativos prende-se com o
facto de a pesquisa se ter limitado a páginas da Internet, o que origina não
somente um problema de fontes (p.e., não recorreram a qualquer fonte
primária) mas também um problema de ausência de análise crítica. E
quando existe, na forma de tentativa, o resultado é indesejável (p.e., o
último parágrafo daquilo que se pressupõe ser a conclusão do trabalho é
absolutamente inverosímil). Na verdade, a ausência de rigor na selecção
das fontes bem como de análise crítica faz-se notar ao longo de todo o
texto. Veja-se, a título de exemplo, o que dizem os autores a páginas
tantas: «A antropologia criminal, com todos os conceitos de Lombroso e
seguidores, caiu em desuso e hoje em dia é comparado ao nazismo ao
diferenciar e julgar alguém pelo seu aspecto». Apetece perguntar. E
porque caiu em desuso? E quem o comparou ao nazismo? E porquê? E que
«hoje em dia» é esse? Será o mesmo «hoje em dia» que substituiu as toscas
avaliações do índice craniano pela complexidade dos testes de
inteligência? Vale a pena citar Stephen Jay Gould: «Os sinais de
criminalidade inata já não são procurados em estigmas anatómicos mas
em critérios próprios do século XX: nos genes e nas delicadas estruturas
cerebrais». É preciso parcimónia. Hoje não sabemos tudo. (1/6)
Luís Dias, Ricardo Santos e Sónia Antunes

As referências foram convertidas para notas de rodapé nas páginas a que dizem respeito.

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