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Restaurativa
Nesta aula, serão abordados breve comentários acerca das principais classificações existentes dos delinquentes
tratados na Criminologia e, dentre elas, destacaremos as Teorias adotadas por Lombroso, Ferri e Garofalo.
Classificar os delinquentes, ressaltando as Teorias de Lombroso, Ferri e Garofalo e, ainda, dos Professores Hilário
Veiga de Carvalho e Cândido Motta.
INTRODUÇÃO
Em razão de fatores familiares, sociais, psicológicos e até mesmo patológicos, a delinquência pode ter diferentes
formas dentro da Criminologia. Por meio das classificações dos criminosos, podemos compreender melhor tais
fatores que levam um individuo a delinquir.
Ao classificar os criminosos, permite-se planejar e desenvolver meios mais eficazes na ressocialização desses
criminosos, além de aprimorar as medidas de combater o aumento da criminalidade ao detectar e eliminar aquilo que
possa contribuir em uma eventual prática delituosa.
Desde a época de Lombroso, que se estudava o criminoso a partir do seu aspecto físico, compreendendo a
importância da biopatologia durante o estudo e o desenvolvimento das teorias sobre os criminosos.
Assim, para melhor estudar o criminoso, de forma didática, dividiu-se a Criminologia em Geral e Clínica.
Sobre o estudo da hereditariedade para o desenvolvimento do perfil do criminoso, foi realizado um estudo estatístico
em que se considerou um grupo de delinquentes em comparação com seus antecedentes, considerando três aspectos:
Há correlação entre a delinquência dos pais e os criminosos, tanto nos reincidentes quanto nos primários.
Quanto ao biotipo do criminoso, são considerados os aspectos da Biopatologia e Endocrinologia, onde se trata da face
externa do delinquente, sua estrutura física e corporal.
O transtorno mental do criminoso está completamente interligado com a Psiquiatria forense e se divide em:
Psicose;
Esquizofrenia;
Ciclofrenia;
Epilepsia;
Psicose alcoólica;
Toxicomania;
Neurose;
Oligofrenia;
Psicopatia.
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Teoria de Enrico Ferri
Para Ferri, a pena é, por si só, ineficaz, se não vem precedida ou acompanhada das oportunas reformas sociais
orientadas por uma análise científica e etiológica do delito. Por isso, é que ele propugna, como instrumento de luta
contra o delito, não o Direito Penal convencional, mas sim uma Sociologia Criminal integrada, cujos pilares seriam a
Psicologia, a Antropologia Criminal e a Estatística Social.
Criminoso nato
É o tipo instintivo, descrito por Lombroso, com seus estigmas de degeneração. Ferri
vislumbra, como traço característico essencial e dominante do criminoso, a completa atrofia
do senso moral (Macbeth, de Shakespeare, por exemplo).
Criminoso louco
Criminoso habitual
Criminoso passional
É aquele que age pelo ímpeto. Comete o crime na mocidade; próximo do louco, tempestade
psíquica (Otelo, de Shakespeare, por exemplo).
Os delinquentes passionais são indivíduos de vida até então sem manchas, de um temperamento sanguíneo ou
nervoso e de uma sensibilidade exagerada; ao inverso dos criminosos ocasionais ou habituais, eles têm alguma coisa
de louco.
Para Lombroso:
Após necropsiar 383 cadáveres, deparou-se com o defunto do famoso facínora Milanês Vilela, que ao dissecá-lo teve a
grata supressa de encontrar em seu crânio a fosseta occipital média que era característica do homem primitivo.
Tal vestígio fez Lombroso concluir que havia uma relação entre o instinto sanguinário e a regressão atávica. Também,
após estudar os soldados durante a guerra, entre enfermos mentais e presos, minuciosamente examinados, publicou a
sua obra O homem delinquente em 1876.
Seu trabalho teve grande importância à obra de Charles Darwin, A origem das espécies. A obra retrata o delinquente e o
delito, considerando-os advindos do atavismo, herança da idade selvagem, da idade animal e até da infância, e o delito
é uma consequência da organização física e moral do criminoso.
Lombroso visava ao método orgânico para estudar os criminosos, preocupava-se quase que exclusivamente com o
contingente pessoal, com os fatores endógenos. Deu grande valor às formações cranianas, classificando em fosseta
occipital, braquicéfalo, plagiocéfalo, e examinou as deformidades fisionômicas como o tamanho das orelhas,
mandíbulas etc.
Criminoso nato
Influência biológica, estigmas, instinto criminoso; um selvagem da sociedade; o degenerado
(cabeça pequena, deformada, fronte fugidia, sobrancelhas salientes, maças afastadas,
orelhas malformadas, braços cumpridos, face enorme, tatuado, impulsivo, mentiroso e
falador de gírias etc.);
Criminoso louco
Perverso, louco moral, alienado mental que deve permanecer no hospício. É a pessoa que
detém, aparentemente, íntegra a sua inteligência, mas sofre de profunda falta de senso
moral.
É um homem perigoso pelo seu terrível egoísmo. É capaz de praticar um crime pelo mais
ínfimo dos motivos. A explicação da criminalidade do louco moral também é dada pela
Biologia, é congênita, mas pode aflorar ou não de acordo com o meio no qual o indivíduo se
desenvolve;
Criminoso de ocasião
Raffaele Garofalo foi o criador do termo Criminologia. Imaginou-a e construiu-a com a tríplice preocupação de torná-la
uma pesquisa antropológica, sociológica e jurídica.
Segundo ele, a Criminologia é a ciência da criminalidade,
do delito e da pena.
Por sua orientação naturalista e evolucionista, o ponto de partida de sua doutrina é a conceituação do que chamou de
delito natural.
Elaborou sua concepção de delito natural partindo da ideia lombrosiana do criminoso nato e argumentava que, se
existia um criminoso nato, deveria necessariamente, existir delitos que fossem considerados como tal, em qualquer
lugar ou época.
Para chegar à definição de delito natural, Garofalo procurou a parte mais profunda e essencial dos sentimentos
humanos e com relação a isso, se perguntou:
Quais desses instintos morais de que temos de ocupar-nos? Será a honra, o pudor, a
religião, o patriotismo?
E respondeu:
Estranho que possa parecer, a verdade é que nas nossas investigações poremos de lado
sentimentos desta ordem.
Patriotismo
Religião
As mesmas conclusões.
Pudor
Refere-se às tribos “em que a completa nudez era habitual”. “Do que havemos dito se conclui
que o sentimento do pudor não é senão artificial e de convenção”.
Honra
É impossível achar nela a mínima uniformidade: “cada associação, cada classe social, cada
família, cada indivíduo tem o seu especial ponto de honra. E em nome deles se tem
praticado as melhores e piores ações”.
Segundo Garofalo, os positivistas, até então, haviam se esforçado para descrever as características do delinquente, do
criminoso, em lugar de definir o próprio conceito de crime como objeto específico da nova disciplina (Criminologia).
Ele pretendeu criar uma categoria, exclusiva da Criminologia, que permitisse delimitar autonomamente o seu objeto
mais além da exclusiva referência ao sujeito ou às definições legais.
Referida categoria consiste no “delito natural”, com o qual se distingue uma série de condutas nocivas por ser, em
qualquer sociedade e em qualquer momento, com independência, inclusive das próprias valorações mutantes.
Garofalo propugnava pela pena de morte sem nenhuma compaixão e, no que se refere à expulsão, considerava que
esta deveria se revestir de abandono total do indivíduo. Para ele, os criminosos são enquadrados em quatro categorias:
Violentos ou enérgicos
Assassinos
São delinquentes típicos, egoístas, seguem o apetite instantâneo, apresentam sinais
exteriores e se aproximam dos selvagens e das crianças.
Ladrões ou neurastênicos
Faltam-lhes o instinto de probidade que pode ser diretamente hereditário. À herança direta,
juntam-se os exemplos do ambiente da infância ou adolescência. Nos ladrões, notam-se
frequentemente, anomalias cranianas atípicas, tais como submicrocefalia, a oxicefalia, a
scaphocephalia, a trococephalia.
Cínicos
São os criminosos que praticam crimes contra os costumes como, por exemplo, os sexuais,
principalmente, quando forem crimes sexuais ligados a menores.
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Biocriminoso puro
Unicamente impulsionado por fatores internos e biológicos (fatores endógenos). É pseudocriminoso
(falso criminoso), por ser inimputável. É reincidente em potencial e precisa de tratamento psiquiátrico
ou tratamento em manicômio judicial. É o indivíduo que comete ato ilícito, porém não tem capacidade
de entendê-lo por falha psíquica. É o psicopata.
Ex.: O indivíduo sonha com uma pessoa que o ataca a facadas. Ao acordar, apanha uma arma e
“procura” a pessoa com quem sonhou e o “atacou”, fruto de sua imaginação. Daí vem a ação violenta
contra uma vítima que sequer fez alguma coisa contra o agressor.
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Mesocriminoso puro
É unicamente impulsionado pelo meio exterior (fatores exógenos). É considerado “criminolóide” e são
altamente recuperáveis. Em geral, recebem penas alternativas ou comutação da pena em multa.
Há fatores ou valores do meio cultural, social, que irão influenciar na conduta, mas é inimputável por
ter agido de acordo com esses valores.
Ex.: Em uma aldeia, quando um índio tem fome, ele pesca no rio o necessário para satisfazê-lo. Caso
esse mesmo índio seja retirado de sua aldeia e levado à cidade e lá tenha fome, ao ver uma carpa
ornamental — cujo valor é em torno de R$ 400,00, na chácara do criador, logicamente, sem conhecer
valores — resolve pescá-la para se alimentar. Neste caso, o proprietário poderá processá-lo pela
indenização de seu prejuízo, mas a atitude do índio foi coerente com sua cultura. O ilícito é
compreensível.
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Biocriminoso preponderante
Ocorre quando, mesmo tendo pouca influência externa, as fortes tendências internas do indivíduo o
levam a praticar um delito. É altamente reincidente e de difícil recuperação. Há sempre um fator
biológico preponderante em sua atitude, embora isso não queira dizer que seja o único fator.
Ex.: Um indivíduo foi agredido e ameaçado de morte. Com receio do ameaçador invadir sua casa para
matá-lo, resolveu comprar uma arma. Certo dia, durante seu sono, foi surpreendido por um barulho na
maçaneta da porta da sala. Resolve, então, atirar naquela direção, matando o indivíduo, mas, para sua
infeliz surpresa, era seu filho que chegava a casa.
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Mesocriminoso preponderante
Ocorre quando o indivíduo por si só não cometeria um crime, mas o meio externo acaba sendo
superior a sua tendência, derrubando sua oposição. Tem uma reincidência esperada. Predomina neste
tipo, o fator social.
Ex.: Sem ter condições de comprar um celular, um garoto pobre resolve furtar um aparelho de uma loja
para satisfazer sua vontade.
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Biomesocriminoso
Recebe influência de fatores internos e externos. Pode ser reincidente, mas possui grande potencial
para sua recuperação. Fator biológico e social concorrendo.
Ex.: Com muita dificuldade, um indivíduo compra seu primeiro carro, porém, sem condições de colocá-
lo no seguro por falta de dinheiro, instalando apenas um alarme. Certo dia, no estacionamento de seu
prédio, o alarme tocou em razão de alguém estar tentando abrir seu carro. Imediatamente, pega sua
arma e atira no suposto bandido, mas na verdade era o seu sobrinho.
O fato de ter uma arma mostra que o sujeito está disposto a fazer justiça com as próprias mãos, pois
não confia na ação eficaz da polícia.
Ocasionais
São aqueles que decorrem da influência do meio, isto é, pessoas que acabam caindo em
tentação devido a alguma circunstância facilitadora, ou seja, são levados pelas condições
pessoais. Os crimes mais comuns desse tipo de delinquente são o furto e o estelionato. Em
geral, mostram arrependimento posterior e tendem a não reincidir.
Habituais
Impetuosos
São aqueles que cometem crimes movidos por impulso emotivo, sem premeditação.
Cometem crimes impelidos por paixões pessoais, fanatismo político e social. Os principais
exemplos desse tipo são os que se envolvem em crimes passionais ou crimes que ocorrem
em uma discussão de trânsito. Em geral, são criminosos honestos, principalmente quando
se trata de um delito passional.
Fronteiriços
Loucos criminosos
São pessoas com doença mental que compromete completamente sua autodeterminação.
Em geral, agem sozinhos, impulsivamente, sem premeditação ou remorso. Em face da lei
penal, são considerados inimputáveis.
I - aqueles que agem graças a um processo lento e reflexivo. A ideia surge do nada,
inesperadamente, é a obsessão doentia e invencível;
II - aqueles que agem por impulso momentâneo. A deliberação do crime é fruto de uma
impulsão momentânea; é seguido de imediata execução. O ato é em curto-circuito, reação
primitiva, sem motivo algum que possa justificar o tipo de atitude.
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ATIVIDADE
A fim de contextualizar a matéria, leia o artigo e reflita:
PAINI, Isabel. Adolescência e delinquência: um estudo de caso. Disponível em: https://goo.gl/iL3UNK (glossário).
Acesso em 26 out. 2017
Resposta Correta
EXERCÍCIOS
Questão 1: PC-SP. 2014 - Assinale a alternativa correta em relação a Enrico Ferri:
Foi filósofo, sustentou que a criminologia é fruto da disparidade social; portanto, riqueza e pobreza estão ligadas ao crime.
Foi escritor, criou a teoria da escola clássica da Criminologia; utilizou o método lógico dedutível.
Publicou o livro O homem delinquente, em 1876, descrevendo o determinismo biológico como fonte da personalidade
criminosa.
Foi jurista, afirmou que o crime estava no homem e que se revelava como degeneração deste.
Foi autor da obra Sociologia criminal; para ele a criminalidade deriva de fenômenos antropológicos, físicos e social.
Justificativa
Questão 2: PC-SP. 2014 Nos crimes de extorsão mediante sequestro, por exemplo, pode ocorrer a chamada Síndrome
de Estocolmo, que consiste:
Justificativa
Questão 3: PC-SP. 2014 Um dos primeiros autores a classificar as vítimas de um crime foi Benjamin Mendelsohn, que
levou em conta a participação das vítimas no delito. Segundo esse autor, as vítimas classificam–se em: __________;
menos culpadas que os criminosos; __________; mais culpadas que os criminosos e __________.
vítimas tão participativas quanto os criminosos … vítimas passivas … vítimas colaborativas quanto aos criminosos
vítimas passivas em relação ao criminoso … vítimas prestativas … vítimas ativas em relação aos criminosos
Justificativa
Glossário
FÍSICO
SOCIAL
O tipo de sociedade na qual o criminoso está inserido; as pessoas que fazem parte de sua
convivência.