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Antes Do Ide
Antes Do Ide
- .,JUERP
Joed Venturini de Souza
Antes do ide
o que vocêprecisa saber
antes de irpara o campo missionário
à. JUERP-
Rio de Janeiro
© Joed Venturini de Souza, 2005
Direção Geral
Almir dos Santos Gonçalves Júnior
Coordenação Editorial
Solange Cardoso A. d'Almeida (RP/16897)
Produção Editorial
Arte Sette Marketing e Editorial
Produção Gráfica
Willy Assis Produção Gráfica
Distribuição
EBD I - Marketing e Consultoria Editorial LIda.
Te!. - OXX (21) 2104-0044
Fax - 0800 216 768
pedidos@ebd-l.com.br
ISBN 85-350-0251-0
ide, Antes do - O que você precisa saber antes de ir para o campo missionário -
Missões - I. Título
CDD 250.266
Este livro é mais um resultado do convênio firmado entre a JUERP e a JMM
para a promoção da obra de missões mundiais pelas igrejas batistas do Brasil
Sumário
Apresentação 7
Agradecimentos 9
Introdução 11
Conclusão 223
Eis um livro que vem na hora certa. Não estava em nosso planejamento
editorial para este ano, mas quando chegou-nos às mãos resolvemos,
como toda editora moderna tem que fazer, atropelar no bom sentido, o
nosso programa de edição, e dinamicamente, colocar aquilo que veio ao
encontro de seu objetivo maior, em regime de prioridade.
O Editor
Agradecimentos
Às colegas, Analita Dias dos Santos e Edna Ferreira Dias, que têm
rido e chorado conosco em Bafatá e visto a obra crescer. Elas têm sido
colegas e irmãs em mais de um sentido e abençoado nossa família e
trabalho grandemente.
OAutor
Introdução
Ao seu lado uma mulher obesa juntava as muitas bagagens de mão para
garantir que não esquecia nada enquanto a aeromoça em vão lhe explicava
que precisava ficar sentada até o avião descer. A aterrisagem foi mais como
uma queda controlada, mas ali estava, finalmente. João agradecia a Deus
por ter conseguido chegar inteiro ao campo missionário.
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Introdução
sinceridade entre eles, mas também invejas, competição e, por vezes, até
falsidade. A cultura local, que a princípio parecera tão rica e bonita, era na
verdade uma teia demoníaca de superstições e algemas espirituais contra
as quais era preciso lutar até o sangue. As paisagens belas e exóticas
escondiam malária, febre tifóide, amebíase e outras doenças; calor e
umidade que exauriam as forças e uma alimentação pobre e repetitiva.
******************
É provável que esta fama não seja merecida, mas como já diziam os
antigos, "onde há fumaça, deve haver fogo". Com base numa pesquisa
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Antes do ide
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Capítulo I
Prepare-se, prepare-se, prepare-se!
Seu oponente era Henry Morton Stanley, filho de irlandeses. Ele fora
rejeitado na infância e criado num orfanato de onde fugira para embarcar
rumo aos Estados Unidos. Na América ele fez amizade com um rico
mercador inglês que o adotou, ajudou a completar sua educação e se tomou
o pai que nunca tivera. Stanley adotou o nome do seu remidor (à nascença ele
fora batizado John Rowlands) e veio a se tomar o jornalista correspondente
do New York Herald que, numa missão ousada, encontrou o desaparecido
Livingstone, num dos episódios mais conhecidos da vida do missionário. O
encontro com Livingstone mudou a vida de Stanley que passou a se dedicar
à África e à sua exploração. Ele ansiava pela aprovação inglesa, mas foi o rei
Leopoldo da Bélgica que o financiou na corrida pelo Congo.
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Capítulo I -Prepare-se, prepare-se, prepare-se!
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que permaneça. O pastor Edson Queirós comenta: "Creio que com todo o
empenho missionário da América latina, muitos têm se disposto à missão
por motivações errôneas: uns motivados por emoções, outros por um
espírito aventureiro, alguns por curiosidade, outros por desejo de ver o
reino de Deus se espalhar, mas sem a capacidade de executar a obra. Por
isso creio que os candidatos à obra missionária deveriam ser submetidos
a uma seleção forte e estrita"2. Neste capítulo pretendemos pensar
exatamente sobre essa seleção e a preparação para a missão. Trataremos
da preparação antes de ir para o campo em suas várias vertentes.
1. Convicção de chamada
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Capítulo I -Prepare-se, prepare-se, prepare-se!
Nesta sociedade das coisas instantâneas há cada vez menos ênfase nas
disciplinas espirituais. A simples menção do tema traz arrepios na coluna
de muitos. Mas a vida de comunhão, que vem sobretudo da oração e
do estudo da Palavra, será fundamental na sobrevivência e eficiência
missionária. Deus falou no passado e fala hoje. Creio que o Espírito
sussurra mais do que grita. Para ouvi-lo é preciso tempo. Não se pode
buscar Deus esporadicamente e pensar que vamos entender sua voz. O
Senhor está mais preocupado com o nosso caráter do que com nosso
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serviço. Quando somos o que ele quer, mediante uma vida de comunhão
ativa, não temos dificuldade em saber os planos de Deus. O ser deve
preceder o fazer e o falar.
2. Preparação acadêmica
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Capítulo I -Prepare-se, prepare-se, prepare-se!
valor? Tenho como contatar antigos alunos a fim de saber como avaliam
a formação que tiveram?
Regra geral, o aluno se forma e segue para o campo sem que haja
qualquer ligação à sua escola. Mas essa ligação com os ex-alunos poderá
ser uma grande fonte de beneficio para a escola e o missionário. Seria
uma forma de fornecer apoio pastoral e técnico ao obreiro no campo e
receber informações da linha de frente que podem revolucionar a forma
de ensinar. Poderiam ser testadas teorias e confirmar regras numa
relação que beneficiaria a todos.
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3. Sustento financeiro
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Capítulo I -Prepare-se, prepare-se, prepare-se!
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4. Agência missionária
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Capítulo I -Prepare-se, prepare-se, prepare-se!
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Capítulo I -Prepare-se, prepare-se, prepare-se!
saúde vai se tornar de ferro por alguma ação especial do Senhor. Não
tenho dúvida de que Deus protege e pode curar. Todos conhecemos as
recomendações claras que foram dadas a Willian Carey no sentido de
desistir de sua missão à Índia, pois sua saúde não suportaria o clima. Ele
foi e viveu na Índia por décadas. Conheço uma candidata a missões que,
confrontada com crises epilépticas, orou ao Senhor de forma clara: "Se
devo ser missionária então me cure deste problema..." e dizendo isso
jogou fora a medicação e nunca mais teve nenhum ataque, embarcando
numa vida de mais de 30 anos de trabalho missionário valoroso.
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6. Apoio pastoral
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Capítulo I -Prepare-se, prepare-se, prepare-se!
Sei que muito do que temos feito aqui na Guiné-Bissau foi resultado
da oração de nossos intercessores. Nas guerras é muito maior o número
de pessoas de apoio que o de soldados. Na primeira guerra do Golfo
havia nove pessoas no apoio para cada soldado na linha de frente 5. Fazer
missões é fazer guerra espiritual. Não vá para a batalha sem apoio.
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Capítulo I -Prepare-se, prepare-se, prepare-se!
Concluindo
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Senti grande empatia com sua preocupação, mas não pude evitar
responder com um sorriso largo: as três coisas são: prepare-se, prepare-
se e prepare-se!
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Capítulo II
~ sab"la... "
"Mas eu nao
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Capítulo 11- "Mas eu não sabia..."
da nossa? Por isso mesmo, nesta fase em que ainda estamos falando sobre
preparação, queremos abordar a preparação no campo. Há coisas a fazer
antes de ir para o campo, como vimos no capítulo anterior. Mas, quando
se chega ao campo missionário, há também aspectos importantes de
preparação antes de iniciarmos propriamente a obra de evangelização.
1. Aprendizado da língua
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Muitas vezes não vai haver nenhum material escrito que ajude no
aprendizado da língua escolhida, nem dicionários ou mesmo gramáticas.
Há, no entanto, excelentes manuais ensinando técnicas de aprendizagem
de línguas que o obreiro deve levar para o campo. Uma vez no país, deve
procurar manuais das respectivas línguas, se existirem. Não se deve
esquecer de pedir ajuda a outras missões mais antigas no campo e aos
missionários experientes que poderão dar sugestões e emprestar material
útil para essa tarefa. Um obreiro consciente deve colocar a possibilidade
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Capítulo 11 - "Mas eu não sabia..."
Pode ser que o leitor candidato a missões já tenha uma etnia ou povo
em mente, mas também pode ser que, tal como eu fiz, julgue que é
só chegar e ir pregando. David Hesselgrave nota que "(...) a estratégia
sadia talvez dite que a abordagem inicial seja feita a membros de um
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3. Conhecimento da cultura
3.1 - Convivência
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Capítulo II - "Mas eu não sabia..."
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Onde morar é uma questão crucial para muitos. Concordo com Phil
Parshall quando afirma que "cada família deve ser franca com o Senhor
neste assunto. Deve avaliar com oração as suas próprias necessidades
fisicas e emocionais. O alvo é viver o mais próximo possível do estilo
de vida do povo a ser alcançado sem que haja resultados adversos para
algum membro da família. O equilíbrio é uma palavra-chave"4.
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Capítulo 11 - "Mas eu não sabia... "
4. Integração
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línguafula. Tratava-se das calças dos uniformes das tropas coloniais que
dominaram essas terras. Dá para imaginar o que essa conotação faz pela
identificação dos missionários.
Aprender a lidar com isso nem sempre é fácil. Vai passar pela
capacidade do missionário se dar a conhecer. Não se pode presumir
que isso aconteça rapidamente. Serão precisos meses ou mesmo anos
para que as pessoas comecem a entender um pouco melhor as razões
verdadeiras do missionário. Paciência e perseverança são palavras-
chave. Lembremos que durante décadas os missionários na China eram
conhecidos como "Diabos estrangeiros". Mesmo assim foram capazes de
ganhar os corações de muitos para o Senhor de amor.
5. Choque cultural
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Capítulo II - "Mas eu não sabia..."
a ver com sexo e sim com economia e status. Se o homem tem poder e
dinheiro, seria considerado falta de generosidade ter apenas uma mulher.
Inclusive, tendo em conta que no Islão é o homem que fica responsável
pela salvação da mulher, seria antiético e contra a religião um homem
rico não aproveitar a oportunidade de salvar várias mulheres. Por outro
lado, a questão econômica está sempre presente. Mais esposas significa
mais mão de obra e mais terras cultivadas, mais filhos e novamente mais
mão de obra. Trata-se de um investimento. E pensando bem, será que,
em certo sentido, não é melhor a forma de poligamia oriental, em que
o indivíduo assume a mulher e os filhos, do que a poligamia ocidental
em que ele tem casos, amantes e namoradas, filhos ilegítimos, mas
só assume a mulher oficial? Há em toda incompreensão cultural uma
certa hipocrisia que complica ainda mais as coisas. No Brasil há muitos
polígamos não assumidos...
Mas se nós não vamos entender muita coisa deles, também eles não
entenderão muitas coisas nossas. Lembro-me da expressão de espanto
de um africano em visita à nossa casa ao olhar para uma embalagem de
adoçante. Tentamos explicar que era uma substância que adoçava sem
engordar. Para o nacional em causa não fazia sentido. Qual a utilidade de
uma coisa que adoça e não engorda? Não são eles adeptos de mulheres
mais fortes? Não é a gordura sinal de beleza e prosperidade? Não vêm
as mulheres deles ao consultório pedir medicamentos para ganhar peso?
Por que alguém gastaria dinheiro numa substância que adoça e não
engorda? Ele simplesmente não entendia...
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e vão acontecer episódios como os narrados acima e ele entra na fase que
chamaria de Avestruz. Tenta se esconder, recua frente à cultura local, fica
desorientado sem saber o que se espera dele. Normalmente é nessa fase
que começa o afastamento e isolamento do missionário. Procura ficar
mais e mais tempo em lugares que lembrem sua cultura e costumes. A
tendência é fechar-se e começar a fazer comparações entre a sua terra e os
costumes locais. Se esta fase não for vencida, o missionário acabará num
período de autodestruição. Os sentimentos hostis vão crescer, o medo e a
desilusão também. Vai ter receio de contatar o povo ou, pior ainda, pode
ficar com raiva por sentir que de alguma maneira eles têm culpa por seu
fracasso. Estes casos mais agudos costumam terminar em rejeição do
trabalho e fuga do campo. Mas, de volta à sua terra, o indivíduo se sentirá
frustrado e fracassado.
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Capítulo 11 - "Mas eu não sabia... "
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Concluindo
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Capítulo III
O propósito da missão
"O homem sem um propósito é como um barco sem leme"
Thomas Carlyle
Joseph Lister foi um médico inglês que sonhou com cirurgias seguras
numa época em que mais de 50% dos operados morria de infecção
hospitalar. Contra tudo e todos desenvolveu os princípios de assepsia que
se usam até hoje e que tornaram as cirurgias seguras em nossos dias.
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Capítulo III - O propósíto da míssão
Esta verdade, como não podia deixar de ser, está também nas Escrituras
porque toda a verdade provém de Deus. Assim, desde o início vemos que
Deus criou o mundo com um propósito. Depois criou o homem com
um propósito e deu ao homem uma visão clara de sua missão. O plano
da salvação também estava estabelecido desde tempos imemoráveis.
Podemos notar com facilidade que o padrão na Palavra é que Deus dá
propósitos bem definidos a seus servos. Noé deveria construir uma arca
para escapar do dilúvio. Abraão deveria ir para Canaã a fim de iniciar um
novo povo. Moisés deveria libertar o povo do Egito e guiá-los até a terra
prometida. Josué deveria derrotar os povos cananitas e instalar o povo na
terra. O Senhor chamava e dava a visão. Não havia dúvida quanto ao que
deveriam fazer.
Jesus sabia qual era sua missão de forma clara. Ele a declarou no
início do ministério citando Isaías: "evangelizar os pobres, proclamar
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Capítulo III - O propósito da missão
"O propósito claro não define somente o que devemos mas também o
que não devemos fazer" diz Rick Warren7 • Ter um propósito vai facilitar
e orientar o trabalho missionário. Vai dar uma base para avaliar se
estamos ou não avançando. Vai dar uma visão de futuro ao trabalho por
mais árduo que seja.
1. Visão divina
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2. Escrita
3. Realizável
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Capítulo III - O propósito da missão
está entrando num caminho difícil, pois não tem como controlar a
execução do plano. Se o propósito depende de extensas verbas que
você ainda espera angariar pode ser que tenha dissabores. Comece
por algo que depende de você e concentre-se em seus pontos fortes.
Quais são seus dons? Que talentos tem? Quais foram suas experiências
prévias? De quantos membros consta a equipe missionária? O que
podem fazer bem juntos? Será mais fácil definir propósitos que têm
a ver com seus pontos fortes, pois será muito mais natural ter vitória
nessa área.
5. Flexível e adaptável
6. Avaliável
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o que queremos fazer? Como diz Rick Warren, mais uma vez "o
segredo de ser eficiente é saber e fazer o que realmente deve ser feito e
não se preocupar com o que não pode ser feito"". Periodicamente será
preciso parar e avaliar o progresso. Pitágoras, um dos pais da filosofia
grega, dizia: "não adormeça sem rever as transações do dia", e Jeremy
Taylor, um conhecido autor inglês do século 17, afirmava: "Examine a
si mesmo como se estivesse examinando seu pior inimigo e assim será o
melhor amigo de si mesmo".
7. Metas
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Capítulo III - O propósito da missão
8. Ação
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9. Perseverança
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Capítulo III - O propósito da missão
Concluindo
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Capítulo IV
"Pecha tua porta "
"Aquele que foge de Deus pela manhã,
dificilmente o encontrará no resto do dia"
John Bunyan
Lá do outro lado do jardim estava a outra árvore. Não era tão bonita.
Não chamava tanto a atenção. Não era a favorita das pessoas. Mas tinha
raízes profundas e o máximo que a tempestade pôde fazer foi lhe tirar
algumas folhas.
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Capítulo IV - "Fecha tua porta!"
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1. Oração
Devemos começar por esta atividade que é tão falada e tão pouco
praticada - a oração. E falamos aqui da oração particular. Jesus nos
ensinou que "quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore
a seu Pai que está em secreto" (Mateus 6.6 - NVI). O Mestre chamava
a um contato íntimo e reservado, quando, fechando a porta, deixamos de
fora o mundo, suas interrupções e preocupações. Um ato secreto, pois só
nesse secretismo temos a coragem de ser totalmente abertos e conversar
com o Pai sobre tudo que nos aflige. Sabemos da necessidade desse
tempo de oração, sabemos até que é fatal espiritualmente passarmos
sem ele. Mas, mesmo assim, quantos dias se passam sem que separemos
tempo efetivo para essa devoção?
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Capítulo IV - "Fecha tua porta!"
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Use algum tipo de sistema para iniciar seus devocionais. Pode ser um
livro de meditações que vai ajudá-lo a focalizar verdades bíblicas diárias.
Pode ser uma leitura sistemática da Bíblia. O grande Jorge Müller contava
que de manhã cedo começava pela leitura da Palavra e cada trecho lido o
levava a um ou mais assuntos de oração. Quando terminava de orar por
aquilo, lia mais um pouco e assim sucessivamente. Outros gostam de
usar a oração do "Pai Nosso". O pastor Larry Lea, por exemplo, sugere
essa oração como um circuito com os seguintes passos 10:
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Capítulo IV - "Fecha tua porta!"
2. Meditação bíblica
"A Bíblia é para nós o que a estrela foi para os magos; mas se
passarmos todo o nosso tempo só olhando para ela, observando seus
contornos e admirando seu esplendor, sem deixar que nos leve a Cristo,
a sua utilidade será perdida para nós", escrevia Thomas Adams l2 • Aqui
também entramos em território sensível. Qual a necessidade de se falar
em leitura da Bíblia num livro dedicado a futuros missionários? Muita!
Porque temos aprendido a usar a Bíblia como um manual de estudos e
uma fonte de sermões, mas não como nossa fonte de alimento espiritual.
Ficamos tão preocupados em tirar lições e esboços que não chegamos a
nos alimentar. Pregamos e ensinamos, mas aquilo que transmitimos não
foi provado por nós. Como uma cozinheira que prepara um belo prato
sem saber se tem ou não sal suficiente ou se carregou demais em algum
condimento.
3. Jejum
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Capítulo IV - "Fecha tua porta!"
4. Adoração
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Capítulo IV - "Fecha tua porta!"
5. Contrição
Por último, nesta avaliação da vida devocional, quero tocar numa área
delicada e muito pessoal, mas que precisa ser mencionada. Uso o termo
contrição aqui para falar de auto-análise, introspecção com vista a uma
vida de santidade diante de Deus. Falo aqui daquele "examine-se cada
um a si mesmo" que é tão pouco popular.
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Baxter passa então a referir que devemos ter esse cuidado de nos
avaliarmos por dentro porque somos mais visados pelo inimigo,
somos mais visados pelos homens, crentes e descrentes, e porque as
conseqüências de nossa queda são mais graves. Faz lembrar o sol. Brilha
todos os dias e ninguém se lembra dele. Mas num dia raro em que haja
eclipse, o mundo inteiro quer vê-lo. Precisamos desenvolver o hábito da
contrição perante Deus para não corrermos o grave risco de desenvolver
pecados secretos que vão destruir nossa vida e ministérios.
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Capítulo IV - "Fecha tua porta!"
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Concluindo
Para ter raízes fortes que lhe permitam ser frutífero no Senhor e
enfrentar as tempestades, desenvolva uma vida devocional ativa e intensa.
Diariamente amanheça com oração e meditação da Palavra abrindo-se à
voz e orientação de Deus. Pratique a adoração em base permanente e fuja
da murmuração. Seja honesto diante de Deus lidando com cada pecado
que surja sem lhe mudar o nome, mas buscando libertação por meio do
arrependimento e abandono e, se preciso for, procure ajuda espiritual
madura para o acompanhar nesse processo.
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Capítulo IV - "Fecha tua porta!"
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Capítulo V
"Eu te amo, querida!"
"Uma família feliz é como um céu antecipado"
Sir John Bowring
Vejo aqui uma metáfora para as famílias dos missionários nos campos
de atividade. Muitas vezes ouvimos de casamentos que fracassam, de
filhos que se revoltam, de problemas familiares graves que se levantam
e ficamos admirados. Não são eles missionários? Não são servos
mais dedicados e consagrados? A família não parecia tão ajustada e o
casamento tão certinho aqui no Brasil? Pois é! Parecia e talvez até fosse
mesmo. Era uma família e um casamento bem estruturado e alicerçado,
mas para os tipos de agressões que encontravam no Brasil. No campo
missionário as agressões são outras, as dificuldades são diferentes e, de
repente, como o prédio de Alfama, a família e o casamento caem. Os
alicerces não estavam preparados para estes novos embates.
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Capítulo V - "Eu te amo, querida!"
educação dos filhos que é uma causa importante de retorno dos campos
mais isolados e dificeis. Precisamos repensar as famílias missionárias
para o bem destas e da obra.
1. Casamento
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Capítulo V - "Eu te amo, querida!"
marido deve saber que vai precisar ter paciência e ajudar mais em
casa e com as crianças do que fazia antes, se quiser ser um bom
companheiro.
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1. 7 - Decisões participativas
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2. Filhos
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Capítulo V - "Eu te amo, querida!"
dificeis. Era tímido e fechado. Tinha o cabelo bastante loiro, o que era
contrastante com as crianças do local. Logo de cara, chamei a professora,
como era comum no Brasil... "Tia!" Foi uma gargalhada geral na classe.
Em Portugal só se chama de "Senhora Professora". A gozação foi geral
e no recreio ganhei o apelido de "tia" para meu horror e desgosto. Voltar
à escola nos dias seguintes foi uma tortura. Todos riam de meu sotaque
e a professora brigava dizendo que eu não "sabia falar direito" e ainda
tinha o maldito apelido. Isso tudo numa cultura próxima à nossa, agora
imagine uma criança num contexto totalmente diferente.
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Todo mundo sabe que filhos precisam de tempo por parte dos pais.
Mas se todo mundo sabe parece que também é verdade que quase todo
mundo ignora. A tendência cada vez maior de nossa sociedade é ter
filhos para satisfazer a sociedade e a família ou projetar-se de alguma
forma no futuro. As crianças vão para creches quando ainda têm poucos
meses, aos 3 ou 4 anos vão para a escola. Em casa, a TV e o computador
substituem os pais na maioria do tempo. Não admira que estejamos
criando verdadeiros monstrinhos sem respeito e sem valores claros.
Quando as dificuldades surgem é muitas vezes tarde demais.
Novamente temos que bater em teclas muito usadas mas nem por
isso respeitadas. Precisamos de falar e ouvir nossos filhos. Crianças em
campos missionários passam por experiências diferentes. Elas precisam
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Capítulo V - "Eu te amo, querida!"
de pais que estejam dispostos a ouvir o que pensam. Elas percebem o que
está acontecendo à família e ao ministério. Ouvir suas opiniões por vezes
nos assusta, pois sua compreensão é bastante diferente da realidade.
Precisam de ajuda para realmente entender o que está se passando. Por
outro lado suas percepções podem ser também auxílio aos pais. Podem
estar bem mais avançados na contextualização e dar contribuições
inestimáveis aos pais em suas conversas.
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Capítulo V - "Eu te amo, querida!"
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Escola em casa - Esta opção tem sido usada principalmente por aqueles
que estão em áreas remotas, sem acesso a nenhuma escola, mas começa
a ser mais difundida mesmo em lugares onde há acesso a alguma escola.
Permite a utilização da língua materna e de um currículo do Brasil, mas
exige muito tempo dos pais ou de pelo menos um deles (em geral a mãe).
Exige também que um dos pais tenha formação no magistério, pois, caso
não tenha, o método não é indicado. Este método cria também dificuldades
na disciplina dos horários e na avaliação. São problemas que podem ser
ultrapassados, mas será preciso muita força de vontade e disciplina para
consegui-lo. Deve haver muita convicção e preparo para optar por esta
solução. É sempre bom recordar que, mesmo optando por ministrar
o ensino em casa, os filhos precisarão ter momentos de socialização
com outras crianças. Muitas atitudes não podem ser aprendidas sem a
convivência com outras crianças de sua idade.
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Capítulo V - "Eu te amo, querida!"
3. Orçamento familiar
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Capítulo V - "Eu te amo, querida!"
Concluindo
Quando a cidade percebeu que já não dava para suportar mais a fome,
e antes que se tornasse insuportável a vida, foi tentada uma nova ronda
de negociações com os invasores. Dariam eles alguma condição para a
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Capítulo VI
Febre e Cia.
"Acaso não sabem que o corpo de vocês é o santuário do
Espírito Santo que habita em vocês, que lhes foi dado por Deus
e que vocês não são de si mesmos?"
1Coríntios 6.19
tão grande deles mostrou problemas de saúde, o que podemos dizer dos
missionários que estão indo cada vez em maior número para as regiões
inóspitas da "Janela 10/40"7
África:
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Capítulo VI - Febre e Cia.
Américas:
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Ásia:
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Capítulo VI - Febre e Cia.
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Antes do ide
vai durar dias. Estar avisado e preparado será importante para não chegar
ao campo já estressado. Saber antecipadamente da possibilidade de
gastar horas em filas de bagagem e passaporte pode por si só amenizar
a espera.
Será útil andar um pouco durante a viagem para evitar inchaço nos
pés, principalmente nos vôos mais longos. Beber líquidos auxilia na
sensação de secura da boca causada pela atmosfera seca da cabine. Ter à
mão alguma coisa para distrair as crianças, como pequenos brinquedos
ou livros de colorir, pode "salvar" uma mãe aflita.
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Capítulo VI - Febre e Cia.
Tratar a água com cloro é uma opção, mas nem sempre garantida,
até porque o sabor é desagradável. Ferver por 5 minutos seria melhor,
mas dá muito trabalho e consome bastante gás ou lenha. O uso de filtros
é uma saída bastante razoável. No entanto, deve-se lembrar de lavar as
velas com freqüência e trocá-las com assiduidade. Em muitos lugares
não vai haver velas disponíveis para utilização nos filtros pelo que
devem ser levadas do Brasil ou arranjar quem os envie com regularidade.
Bebidas como chá e café, ou bebidas engarrafadas e enlatadas são, regra
geral, seguras. Mesmo nos restaurantes é bom evitar o gelo se não houver
garantia de sua procedência.
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Colocar telas nas janelas c ter portas de tela nos acessos principais à casa
reduzem bastante a entrada de insetos. Em alguns casos, será preciso
usar mosquiteiro nas camas, de preferência impregnados de inseticida.
O uso de mosquiteiros impregnados tem reduzido o número de casos
de malária em famílias que os usam corretamente. Um estudo da OMS
mostrou uma redução de 25% da mortalidade por malária com o uso
desses mosquiteiros impregnados. Usar inseticidas nos quartos à noite,
antes de deitar, sobretudo no tempo das chuvas em que os insetos são
mais abundantes, também ajuda. É bom ter à mão pomada antialérgica,
sobretudo para as crianças que fazem lesões, por vezes grandes, ao
coçarem as picadas.
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Capítulo VI - Febre e Cia.
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Todavia, mesmo com todos os cuidados, não vai ser possível evitar, de
forma cabal, o surgimento de problemas de saúde no campo. Passamos a
falar de alguns dos principais e de sua prevenção e tratamento.
5.1 - Malária
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Capítulo VI - Febre e Cía.
Outra doença provocada por picada de inseto com altos riscos à saúde
é a febre amarela. Existem duas formas da doença, uma urbana e outra
selvática. Ambas são problemas graves em extensas áreas do globo.
Felizmente neste caso já temos uma vacina bastante eficaz que é mesmo
obrigatória para a entrada em muitos países. Logo, toda a família deve
ser vacinada. Crianças podem receber a vacina a partir dos seis meses,
no entanto, imunodeficientes e grávidas não podem tomá-la, bem como
pessoas com alergia a ovolbumina.
A vacina deve ser tomada num centro reconhecido pela OMS e deve-
se exigir o certificado internacional que será obrigatório para se tirar o
visto em muitas embaixadas. A vacina passa a ser válida dez dias depois
de tomada e é eficaz por dez anos quando deve ser repetida. Crê-se que
após a segunda dose a validade é vitalícia.
5.3 - Diarréias
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Capítulo VI - Febre e Cía.
7. Farmácia familiar
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Artigos farmacêuticos:
8. Cuidando de outros
lOS
Capítulo VI - Febre e Cia.
Concluindo
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Capítulo VII - Fogo amigo
Este não é o relato de uma guerra do golfo que não deu certo. É
o relato das atividades no campo missionário. Temos enviado forças
em número e em capacidade bastante razoáveis, mas a total falta de
coordenação e unidade nos têm impedido de ser mais eficazes. Stott
refere que "a nossa desunião continua sendo um grande empecilho
para o nosso evangelismo"'. Não somente a falta de estratégias comuns
tem prejudicado a obra e levado muitos ao desânimo, como temos tido
também muitas baixas por "fogo amigo". Durante a recente guerra pela
derrubada do regime de Saddan Hussein, os americanos e britânicos
tiveram muitas baixas por fogo amigo. São situações em que tropas
amigas acertam por engano os seus próprios soldados ou aliados. Pode
ser fogo amigo, mas é fatal. Desejamos por isso abordar as relações no
campo com os demais companheiros missionários.
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Antes do ide
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Capítulo VII - Fogo amigo
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Antes do ide
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Capítulo VII - Fogo amigo
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Antes do ide
Muitos jovens são criados sem os dois pais em casa e não chegam a
aprender os conceitos de autoridade em casa. Quando se tornam adultos
estão acostumados a fazer tudo o que lhes agrada e no campo missionário
não querem se submeter à autoridade estabelecida. Isso vai criar rupturas
na equipe e conflitos que muitas vezes paralisam a obra.
118
Capítulo VII - Fogo amigo
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Antes do ide
disso que falou? Por que será que isso acontece tanto? Talvez porque a
comunicação não seja tão fácil assim.
120
Capítulo VII - Fogo amigo
3.5 - Ouvirás duas vezes - Parece que este tema ainda está dentro do
anterior, mas é tão importante que precisa ser realçado, afinal alguém já
disse que "ouvir diminui a distância entre as pessoas". Ouvir é mesmo
tão importante que hoje existem profissões cuja principal função é ouvir,
e as pessoas despendem muito dinheiro para que estranhos as ouçam.
I) Não julgar. Sua função é tentar entender o outro e não criar juízos.
Lembre-se que "da mesma forma que julgarem, vocês serão julgados"
(Mateus 7.2 - NVI).
2) Não condene. "A condenação sempre implica algum grau de
hipocrisia e de distanciamento daquele que condenamos (00') Só em
casos extremamente raros a pessoa condenada reagirá mudando a sua
conduta", escreve Dallas Willard8 •
3) Não se precipite nas conclusões pois "na vida real as respostas
rápidas quase sempre estão erradas", comenta a advogada Jo-Ellan
Dimitrius9 •
4) Não fique preparando uma resposta. Todos já experimentamos
a sensação irritante de estar falando e perceber que o outro estava
matutando numa resposta em vez de nos ouvir.
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Antes do ide
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Capítulo VII - Fogo amigo
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Antes do ide
acontece está na hora de tcr paciência e ser tolerante. Temos que deixar
de lado a hipocrisia que se escandaliza com facilidade e a intransigência
que quer exigir dos outros o que não pede de si mesmo. A paciência
numa hora dessa pode fazer toda a diferença. Afinal, "cabeças quentes e
corações frios nunca resolveram nada", segundo Billy Graham.
124
Capítulo VII - Fogo amigo
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Antes do ide
Algo que pode ser fatal para uma equipe são calúnias ou ofensas. A
calúnia dificilmente se resolve. Como a história de certo bom homem que
se encontrava moribundo. Ele fora cruelmente caluniado por um suposto
amigo. Este, arrependido, veio visitá-lo no leito de morte pedindo perdão.
O homem achou o pedido estranho, mas como não se deve negar nada
a um moribundo, ele foi e fez tudo conforme requisitado.
126
Capítulo VII - Fogo amigo
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Antes do ide
Nunca esquecerei aquele domingo. Era dia dos pais, tinha apenas 21
anos e fora convidado para pregar na Igreja Batista do Rocha. A igreja
do Pastor José dos Reis Pereira. Ele era um dos grandes pastores da
denominação. Uma verdadeira lenda viva. Crescera admirando-o e ter
a chance de pregar em seu púlpito era uma tremenda responsabilidade.
Tremia quando subi a plataforma. Falei pouco, uns 20 minutos e foi
bastante simples. Contei experiências e fiz aplicação. No fim do culto
sentia um alívio enorme. Foi então que aconteceu. Estávamos na fila de
cumprimentos e o Pro Reis me disse de forma bem audível:
Concluindo
Para que a relação entre mlssoes seja melhor, temos que vencer
preconceitos e aprender que nas coisas fundamentais devemos manter a
verdade, nas supérfluas, permitir liberdade mas, sobretudo, não esquecer
a caridade. Nas relações dentro das equipes missionárias lembremos de
estar comprometidos com Deus, com a equipe e com a missão. Vamos
colocar as pessoas certas nos lugares certos, respeitando a autoridade,
comunicando eficazmente e ouvindo mais que falando. Vamos resolver
os conflitos de forma eficaz, aprender a interceder pelos outros, ser
128
Capítulo VII - Fogo amigo
129
Capítulo VIII
Construindo pontes
"A única forma de ter amigos é sendo amigo"
Ralph Waldo Emerson
o que aconteceu naquela manhã, longe de ser algo feio de que devia me
envergonhar, era algo bonito e deveria ter me sentido contente. É muito
natural ver homens de mãos dadas no interior da Guiné-Bissau. Trata-se
Antes do ide
Você já viu uma criança pregando? Por que será que isso não
é comum? Porque a criança não tem maturidade para pregar. Suas
palavras não teriam valor nem profundidade e os adultos nem sequer
a ouviriam. Ora, os missionários recém-chegados a uma nova cultura
são como crianças. Não sabem ainda as coisas mais elementares, como
podem então pregar e esperar ter bons resultados? Provavelmente
132
Capítulo VIII - Construindo pontes
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Antes do ide
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Capítulo VIII - Construindo pontes
2. Comunicando a Palavra
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Antes do ide
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Capítulo VIII - Construindo pontes
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Antes do ide
afinal, estão no campo e não podem fazer o que pensavam, mas têm que
estar sob a orientação e mesmo direção de líderes locais.
Mais uma vez essa pode ser uma experiência humilhante ou não. Na
verdade, é assim que as coisas devem ser. O trabalho tem que ser dirigido
é pelos nacionais. Isso revela que houve progresso nesse campo, estamos
numa fase mais avançada. Isso não quer dizer que o missionário não é
bem-vindo, apenas que já não é o líder ou o mestre e, sim, o cooperador.
Se houver esse entendimento tudo ficará mais fácil e as relações podcrão
se estabelecer de uma forma cordial e produtiva para os dois lados.
138
Capítulo VIII - Construindo pontes
o interessante disso tudo é que, passados meses, foi exatamente esse irmão
a primeira pessoa que me convidou para pregar na Guiné. Desenvolvemos
uma boa amizade e ele chegou a me prestar homenagem com suas palavras
de apreço pelo trabalho que estávamos realizando em Bafatá, terra que ele
conhecia bem, pois ali trabalhara em sua juventude. Moral da experiência
- ganhar respeito leva tempo. Saiba disso, lute por isso.
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Antes do ide
Inspire com sua vida, com suas orações, com seu apoio e amor. Dê
espaço para a criatividade. Não queremos robôs que fazem só o que
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Capítulo VIII - Construindo pontes
141
Antes do ide
O que deve ser então pedido dos autóctones? Ou, colocando a questão
de outro modo, o que devemos ter o cuidado de passar adiante no
desenvolvimento dos obreiros nacionais? Devemos priorizar o essencial
e o bíblico. Devemos ter o cuidado de não exportar nossa própria forma
de fazer as coisas. O modo de fazer as coisas na igreja brasileira não é
necessariamente o certo para o campo onde estamos. Vincent Donovan
lembra que "construímos uma poderosa instituição a partir de umas
poucas referências"13. E é verdade que criamos organizações, diretorias,
comissões e muitas vezes não sabemos viver e funcionar sem elas. Nossa
tendência natural é levar para o campo o nosso modo de fazer as coisas.
Isso vai desvirtuar o trabalho e exigir o que é desnecessário para as
igrejas e para os nacionais.
142
Capítulo VIII - Construindo pontes
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Antes do ide
144
Capítulo VIII - Construindo pontes
Concluindo
Um dia ele descobriu uma outra igreja cristã. O templo era redondo
conforme os membros tinham decidido construir, dando ao local um ar
bem africano. O teto era de palha, como a maioria das casas. Na entrada
145
Antes do ide
ele teve que tirar os sapatos, o que indicava a qualquer muçulmano que
aquele era um local de culto. Na adoração os cânticos eram em tons
menores mais parecidos com a música de sua etnia e não se usavam
tambores, apenas violão ou teclado ocasionalmente. O tempo de cânticos
era limitado, pois a ênfase era dada na pregação da Palavra e oração. Ele
saiu dali muito contente. Encontrara um lugar onde podia se sentir bem
na adoração e onde poderia levar seus amigos muçulmanos que estava
evangelizando. Hoje ele é membro dessa igreja.
146
Capítulo IX
Resistir ou atacar?
"Portanto, tomai toda a armadura de Deus para
que possais resistir no dia mal e depois de terdes
vencido tudo, permanecer inabaláveis"
Efésios 6.13
o trabalho diário era árduo. O simples viver na aldeia era tarefa dura.
Pegar água no poço, arranjar o que comer, suportar o calor, a sujeira, os
mosquitos, ver os doentes, enterrar os mortos, dar aulas às crianças em
casa. Mas havia alegria e boa vontade e, inclusive, bastante bom humor.
Antes do ide
148
Capítulo IX - Resistir ou atacar?
Muito se tem falado sobre guerra espiritual nos últimos anos. Tornou-
se verdadeira moda no meio evangélico. Os livros sobre o assunto
enchem as prateleiras de nossas livrarias e cada um parece ter as respostas
certas para a questão da batalha espiritual. Acontece que na maioria
desses livros não se fala sobre derrotas ou lutas perdidas. Parece que
todos os aconselhados são sempre libertos, todos os casamentos acabam
sendo salvos, todos os doentes são curados milagrosamente e todos os
problemas são resolvidos. O leitor fica então com um gosto amargo na
boca porque seu "currículo" não é tão bom assim. Será que o de alguém
chega a ser? Na vida real sabemos que nem todos os doentes são curados,
nem todos os casamentos são salvos e nem todos os endemoninhados
querem ser libertos.
1. Batalha pessoal
149
Antes do ide
1.2 - Vida devocional- Repetimos aqui este ponto por causa de sua
importância. Uma vida de comunhão íntima com Deus é fundamental
para a vitória. A vida e o trabalho no campo missionário podem ser
tão absorventes que não sobra tempo para a vida devocional. E aí
reside o problema. Não "sobrar" tempo. Porque devoção não pode
ser sobra, tem que ser essência. A tendência de achar que "estamos na
obra", e isso basta, leva-nos para longe de Deus e então somos presas
fáceis do inimigo. Nunca será demais repetir que manter uma vida
de comunhão será fundamental para a vida e sucesso missionário.
Aqui poderíamos relembrar o que já foi dito no capítulo 4 sobre
leitura bíblica, oração, jejum, adoração e contrição. Cada um desses
pontos são armas que Deus colocou à nossa disposição. Esta batalha
é a mais dura que existe. Não podemos nos dar ao luxo de desprezar
nenhuma das armas que recebemos. Temos que conhecê-las e usá-las
ao máximo de seu potencial.
150
Capítulo IX - Resistir ou atacar?
Por isso não temos medo de repetir que todo missionário deve procurar
angariar um apoio em intercessão antes de seguir para o campo e manter
esse grupo bem informado para serem mais efetivos. A intercessão pode
fazer muita diferença.
151
Antes do ide
conquistada por Jesus na cruz. Temos, porém, que entender quem somos
em Cristo para melhor podermos lidar com as mentiras do inimigo.
Sua estratégia vai passar por tentar nos incutir medo e dúvida sobre
nossa chamada e estado espiritual. Se ele puder nos fazer duvidar de
nossa posição estaremos em situação complicada, porque, como lembra
Neil Anderson, "todos nós vivemos de acordo com a concepção que
formulamos de nossa própria identidade. Na verdade ninguém consegue
comportar-se coerentemente de um modo que seja incoerente com a
imagem que faz de si próprio"6.
152
Capítulo IX - Resístir ou atacar?
afirmarem algo "no nome de Jesus" faz com que Deus tenha a obrigação
de agir de acordo com o falado. Esse engano é antigo. Já os filhos de
Ceva caíram nele com conseqüências desastrosas (Atos 19.13-17).
Outros têm cometido erro semelhante em nossos dias julgando parecer
espirituais, mas negando na prática a sua espiritualidade e trazendo,
inclusive, vergonha ao evangelho.
Uma das áreas que o inimigo mais ataca na vida dos missionários é
o casamento e afamília. Ele sabe que um casamento desajustado tira as
153
Antes do ide
154
Capítulo IX - Resistir ou atacar?
Por último, sem querer ser exaustivo, preciso ainda dizer que "a
maior vantagem que satanás tem sobre nós, os filhos de Deus, é o fato
de que ele é persistente, enquanto nós somos muito instáveis", como
escreve Dean Sherman l2 • Devemos saber, e nunca esquecer, que a luta
é constante. O diabo não precisa dormir, não precisa de férias e não
respeita feriados. Estar em guerra contra ele é estar sempre em guerra.
Pode parecer exaustivo, mas é a verdade. Só no Senhor podemos ter a
alma renovada diariamente para essa luta. Nele temos um lugar seguro,
de descanso e refrigério. Nele podemos estar sempre em luta e ser sempre
vitoriosos. Mas apenas no Senhor. Por isso precisamos tanto dessa vida
devocional diária de que tanto falamos.
2. Batalha ministerial
155
Antes do ide
1) Não agir sozinho, mas ter sempre apoio espiritual de outros crentes
maduros.
156
Capítulo IX - Resístír ou atacar?
157
Antes do ide
nos fazer crer que esta é uma forma revolucionária de ganhar terreno
para o reino de Deus e muitos têm procurado aplicar esses princípios. Por
vezes parece haver certo resultado, mas raramente se ouvem de números
sequer próximos dos relatados por Silvoso.
158
Capítulo IX - Resistir ou atacar?
Deus é soberano. Ele sabe tudo. Como alguém disse bem: "Ele
sabe o que está depois da curva". Gostamos de falar de métodos de
guerra espiritual que derrubam potestades e libertam milhares. Isso é
avivamento. Nem todos podem ver avivamentos. Será que nós estaríamos
preparados se um avivamento viesse? O que aconteceria se as barreiras
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Antes do ide
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Capítulo IX - Resistir ou atacar?
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Antes do ide
Concluindo
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Capítulo IX - Resistir ou atacar?
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Antes do ide
164
Capítulo X
Informando as bases
Na noite do evento dava para sentir a tensão no ar. Tudo estava bem
organizado. Cada pessoa sabia o que fazer, desde os introdutores aos
conselheiros e músicos. Chegamos um pouco antes da hora e oramos com
o grupo de louvor. A ansiedade e animação enchiam os corações e me
deixei contagiar. Tudo começou de forma excelente. Os instrumentistas
eram bons, as músicas foram bem escolhidas e o grupo vocal convidado
era excelente.
166
Capítulo X - Informando as bases
167
Antes do ide
Tudo isso faz parte do conhecimento do seu auditório. Tudo isso vai
ajudar a adaptar a sua mensagem e o tipo de ênfase que vai dar. É possível
obter informações olhando o prédio da igreja, o tipo de bancos que usa,
as instalações de educação religiosa. Faça perguntas ao pastor da igreja
ou aos crentes: Qual é o envolvimento da igreja com missões? Sustenta
algum missionário? Como foi a última visita de um missionário? Como
correu essa visita? Como está a igreja? Quais são seus pontos fortes? O
que é realmente importante para essa igreja? Estas e outras perguntas não
demoram muito tempo para serem feitas e lhe darão recursos importantes
para conhecer o auditório que vai ouvi-lo. Uma vez conhecido o auditório,
você poderá de forma mais clara definir o que vai ser sua intervenção.
Se precisar, mude seu sermão ou palestra, mas sempre respeite o tipo de
auditório que tem se quiser realmente comunicar bem.
168
Capítulo X - Informando as bases
Ao falar devemos dar o nosso melhor. Afinal, esta igreja ainda não
ouviu nosso testemunho. Quantas vezes o missionário já repetiu o mesmo
testemunho e se sente cansado e desmotivado. Acaba repetindo tudo de forma
mecânica e transmite falta de fervor. O auditório não sabe quantas vezes ele
já contou o mesmo testemunho e vai se desiludir. Devemos pedir, ao Senhor,
forças para dar a cada oportunidade o mesmo calor da primeira vez. Certa vez
estava me preparando para falar àquela que seria a quinta igreja no mesmo
domingo e meu rosto mostrava claramente os sinais de exaustão. Sentei-me no
meu lugar na plataforma clamando a Deus por forças para continuar. Graças a
Deus, o pastor dessa igreja era um missionário americano que entendia minha
sensação e em sua oração disse tudo o que eu estava sentindo e pediu forças a
Deus para mim. Foi um bálsamo. Mas mesmo que não tenhamos esse tipo de
apoio, lembremos de pedir a Deus forças para dar sempre o máximo.
169
Antes do ide
170
Capítulo X - Informando as bases
171
Antes do ide
Neste ponto ainda devo referir alguns aspectos negativos que devemos
evitar a todo custo ao fazer uma palestra missionária. Primeiro e muito
importante: Não fale mal do seu campo missionário. Todos sabemos que
o missionário vive em condições difíceis. Muitas vezes o país ou a região
onde habitamos é deveras complicada. Pode ser que o povo seja terrível
e cheio de defeitos, mas na hora de falar de missões não fale mal de sua
terra de trabalho ou do povo. As razões são múltiplas: não vai ajudar na
sua palestra, vai desabonar seu caráter, vai dar uma imagem negativa de
seu trabalho e pode ofender algum nacional presente.
172
Capítulo X - Informando as bases
Diga a verdade toda, mas seja positivo. Há obreiros que dão tanta
ênfase no lado negativo da vida missionária que o público sai pensando:
"Que coitado!" Ora, isso não é verdade. Não é verdade porque se você está
no campo é porque quer, logo, não é um coitado, pois escolheu esta vida.
Não é verdade porque, por maior que sejam suas dificuldades, seu trabalho
é glorioso e Deus o recompensará. Conte as dificuldades, mas não pare aí.
Conte as dificuldades, mas não faça delas o assunto central de sua palavra.
Seja positivo, conte o lado das bênçãos, trabalhe as vitórias.
173
Antes do ide
tolas, podemos ser bem mais úteis ao trabalho e fazer uma promoção da
obra de missões que engrandeça o Rei da obra.
2. Comunicação escrita
2.1 - Carta de oração - Esta é aquela carta que deve ser enviada
periodicamente para as igrejas e intercessores. Há missões que
estabelecem a periodicidade, outras não. Pode se dar o caso de o
missionário nem sequer ter uma obrigatoriedade de fazer isto. Nesse
ultimo caso, aconselharia a que estabelecesse um prazo para si mesmo,
pois esta carta é fundamental para manter o interesse das bases de apoio
e intercessão.
174
Capítulo X - Informando as bases
175
Antes do ide
176
Capítulo X - Informando as bases
2.3 - Cartas gerais - Sobre este título pretendemos falar das respostas
que temos que dar às inúmeras cartas recebidas do Brasil. Aqui também
haverá diferenças. Há missionários que recebem pouca correspondência
e não têm muita dificuldade nessa área. Há, porém, casos em que os
missionários recebem dezenas de cartas, principalmente por ocasião de
seus aniversários ou gincanas nas igrejas. Todo mundo parece que quer
ter uma resposta e poder dizer que se corresponde com tal missionário,
em tal lugar. A internet também facilita bastante levando o obreiro a ficar
sobrecarregado de trabalho para responder a tantas solicitações. Como
fazer?
Para começar, deveria ser feita uma triagem do que é mais importante.
Há correspondência que não parece esperar resposta. Há contactos
que são formais e não exigem um atendimento imediato. Há, porém,
aqueles que necessitam de resposta. O missionário deve se lembrar que
nesses casos ele não está falando por si só. Uma falta de resposta ou
uma resposta negativa irá refletir em todo o interesse dessa pessoa por
missões. Vivemos num mundo com muitas solicitações. Há centenas de
concorrentes pela atenção dos jovens e se um deles mostra interesse em
missões, e nós não valorizamos, podemos estar perdendo para sempre
um possível obreiro.
177
Antes do ide
3. Artigos missionários
3.1 - Propósito - Sobre o que será o artigo? Pode ser que você
simplesmente vá contar uma experiência, mas tenha um objetivo em
mente. Essa experiência é para quê? Despertar vocações? Mostrar a
dificuldade do campo? Levantar intercessores? Pedir ofertas? Saiba o
que deseja com o artigo. Se lhe deram um tema, então seja fiel a ele. Se
for livre, então use de sabedoria e aproveite a oportunidade, mas não
deixe de saber o que deseja despertar nos leitores.
178
Capítulo X - Informando as bases
Concluindo
179
Antes do ide
No fim do dia havia mais de dez mil franceses mortos, entre os quais
muitos nobres, enquanto os ingleses perdiam apenas mil e seiscentos
homens (menos de dez por cento, segundo Shakespeare) e somente
um nobre de valor, que pedira a honra de liderar o ataque. Tudo porque
um homem conhecia o poder da palavra e usara a comunicação para
inspirar, motivar e levar os seus à ação. Nunca desprezemos o valor da
comunicação.
180
Capítulo XI
E agora?
"O Senhor é a minha rocha, a minha fortaleza, o meu libertador;
o meu Deus é o meu rochedo, em quem me refugio. Ele é o meu
escudo e o poder que me salva, a minha torre alta"
Salmo 18.2
Dizem que foram apenas uns trinta e poucos segundos, mas para
nós aqueles momentos pareceram horas. O prédio de apartamentos de
apenas três andares tremia como se fosse um brinquedo nas mãos de
uma criança raivosa. Tinha a certeza que era o fim. Estávamos no meio
de algo aterrador e íamos morrer. Ninguém teve capacidade de reação.
Apenas meu avô se deslocou para debaixo do arco na entrada da sala
que era um local realmente mais seguro. Tão misteriosamente como
começara, o terremoto terminou e papai calmamente entoou o coro do
hino "Vencendo vem Jesus". Depois, com voz firme, ele fez uma oração
de louvor e gratidão por nossa vida. Só então saímos de casa.
182
Capítulo XI - E agora?
roupa. Podíamos ver o interior das casas, muitas delas com os enfeites de
Natal ainda no lugar ou as mesas postas para a refeição.
183
Antes do ide
• doenças graves;
• assaltos violentos;
• ataque sexual e violações;
• rapto e assassinato;
• revoltas civis e guerras;
• catástrofes naturais como terremotos, enchentes,
furacões, epidemias ou secas;
• acidentes de aviação e outros;
• morte do missionário.
Alguns pensam que seria bom não pensar nessas coisas. Afinal,
somos missionários e o Senhor mandará seus anjos para nos proteger. Não
tenho dúvida da ação dos anjos em nosso favor. Também não questiono a
capacidade do Senhor de livrar milagrosamente ou não os seus enviados.
A questão é que, apesar disso tudo, as coisas desagradáveis também
acontecem com missionários. Anualmente lemos de raptos, assassinatos,
assaltos, violações, catástrofes naturais, acidentes e guerras onde
missionários foram vítimas. Coisas ruins acontecem a pessoas boas. Isto
é um fato da vida. Coisas ruins acontecem a missionários. Isso também é
um fato. Estar ciente e preparado para lidar com as crises é o verdadeiro
caminho para a solução.
184
Capítulo XI - E agora?
1.4 - Rádio - Ter um meio de ouvir notícias pode ser crucial numa
crise. Para se saber o que está acontecendo no país, muitas vezes vai ser
preciso ouvir rádios internacionais como a BBC de Londres, a RFI de
Paris ou a Voz da América. Ter um bom rádio de ondas curtas ou FM (se
for o caso de ter emissões em FM na sua região) é importante. Habitue-se
a ouvir essas rádios. Normalmente têm emissões também em português
em alguns horários.
185
Antes do ide
para crises mais ligeiras como doenças familiares, mas pode vir a ser
fundamental numa crise maior também.
186
Capítulo XI - E agora?
2.3 - Saco de viagem - Caso conclua que uma evacuação vai ser
preciso, prepare uma mochila ou saco de viagem com os seguintes itens:
187
Antes do ide
creme dental, guarda-chuva que pode ser também guarda-sol, roupa íntima
sobressalente);
- medicamentos (se possível, leve toda a farmácia familiar, ou pelo
menos um kit de primeiros socorros, remédio para dor e febre, medicamentos
que toma habitualmente, protetor solar, repelente de insetos, tesoura,
bandagens);
- comida e água (comida instantânea, bolachas e chocolates, água
limpa, tabletes de purificação de água, talheres essenciais, abridor de
latas, fósforos, copos de plástico);
- outros (Bíblia, rádio, pilhas, velas, lanternas, caneta, bloco de notas,
faca de mato, agulha e linha).
188
Capítulo XI - E agora?
que vai ficar. Dar bases espirituais e esperança será importante. Deixar
as portas abertas, também.
Deve haver humildade para reconhecer que, por vezes, não temos os
conhecimentos e a experiência necessária a estas situações. Pedir auxílio
nessa área a uma missão mais antiga e com mais tempo de trabalho não
é vergonha e pode facilitar bastante as coisas. Preparar e editar um plano
de contingência para as urgências é importante de maneira a lidar com
os problemas assim que surgem.
189
Antes do ide
Concluindo
190
Capítulo XI - E agora?
191
Antes do ide
Hoje, olhando para trás, vemos que o Senhor teve muita misericórdia.
Não estávamos preparados e ele nos guiou e poupou apesar de todas as
dificuldades. Ficou também a lição de que é preciso outro tipo de atitude
se quisermos enfrentar de forma mais positiva e produtiva as crises que
surgem na obra missionária e que estão fora do nosso controle. Por isso,
prepare-se e não terá que ficar perguntando: E agora?
192
Capítulo XII
Está na hora!
"A sucessão é uma das principais
responsabilidades da liderança"
Max Dupre
- Não sei como pode faze-lo. Ele deve saber que a igreja vai sofrer
muito. Pode mesmo ruir. Como sobreviveremos sem o apóstolo? Ele é
nosso mestre, nossa base, nosso alicerce.
- A igreja não está fundada em Paulo, refletiu Policrates tentando
manter a calma. Não foi em Paulo que cremos, foi em Jesus. Não foi
Paulo que morreu por nossos pecados e ressuscitou. Se cremos que Jesus
é o Cristo, então essa é a nossa base com ou sem Paulo.
194
Capítulo XII - Está na hora!
tem muitos dons, mas não é o único que os tem. Outros também serão
bênção para a igreja.
- Outros quem? - quis saber Andrônico.
- Não sei exatamente, disse Policrates. Talvez Crispo, ele está com
Paulo desde o início. Talvez Estefanas. Toda sua família é da igreja. Ou
talvez Tício Justo em cuja casa a igreja começou.
195
Antes do ide
Pode parecer estranho falar de saída do campo num livro que pretende
preparar candidatos antes de irem para o campo. Alguém pode objetar:
"Falar de saída antes de chegar?" Mas é exatamente aí que reside nossa
tese. Se o candidato tiver uma visão clara de sua tarefa, então deve
também planejar a saída. "A estratégia sadia para a plantação de igrejas
transculturalmente deve incluir planos para a retirada e a nova alocução
do obreiro pioneiro. Na maioria dos casos, é quase tão importante que
os pioneiros saibam quando e como deixar uma obra nova, como saber
quando e como empreendê-la no início", escreve Hesselgrave 3 •
1. Trabalho missionário
196
Capítulo XII - Está na hora!
Tudo o que for feito nesse sentido será entendido como missões.
Sendo assim, evangelização pode ser missões se contribuir para a igreja.
Do mesmo modo projetos sociais serão válidos, desde que não percam
de vista que estão a serviço do estabelecimento de igrejas e não subsistem
por si só. Ganhar pessoas e multiplicar convertidos sem uma igreja onde
possam ser inseridos é, em grande parte, improdutivo. E, infelizmente,
temos visto esse princípio vigorar na prática em muitos campos.
197
Antes do ide
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Capítulo XII - Está na hora!
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Antes do ide
200
Capítulo XII - Está na hora!
201
Antes do ide
Será interessante notar aqui que Jesus apenas ficou três anos em ministério
público, mas desde o princípio esse ministério passou pelo treinamento de
seus discípulos de forma intensiva. Mais ainda, Jesus delegou autoridade a
esses discípulos com pouco mais de um ano de treinamento. Poderíamos
mesmo discutir qual era o estado espiritual dos discípulos quando Jesus os
enviou a pregar. Saberiam eles bem quem era Jesus? Poderíamos considerá-
los crentes? Sabemos que o Espírito ainda não descera, mas mesmo assim
foram enviados. Diz-se que só os líderes fortes têm coragem para delegar.
Jesus era o líder perfeito; ele treinou e delegou.
202
Capítulo XII - Está na hora!
203
Antes do ide
2.5 - Ano sabático - Uma outra forma de saída que deve ser
considerada aqui é a saída estratégica. Creio que o conceito de ano
sabático tem a ver com o conceito de retirada estratégica nas batalhas.
Muitas vezes batalhas importantes foram ganhas porque um general
soube retirar-se estrategicamente e reagrupar para a vitória. Na Bíblia
vemos que o ano sabático deveria permitir que a terra tivesse descanso,
o que mais tarde resultaria em maior produção (Levítico 25.4). A idéia
é descansar para não exaurir a terra. Descansar antes de esgotar os
recursos. Esse é o conceito para o missionário também.
Esse período que pode ser de um ano mais ou menos, será para descanso,
mas também, e sobretudo, para reforço da visão, refrigério espiritual,
reciclagem intelectual. Se o missionário é profissional de alguma área,
é provável que precise de reciclagem como será o caso de professores,
enfermeiras, médicos, engenheiros e outros profissionais. Fazer um curso
ou ampliar conhecimentos poderá ajudar. Tudo com moderação e com o
objetivo de dar ao missionário mais força e vontade no regresso ao campo.
Esse período deve ser negociado com a missão ou a igreja sustentadora.
Há que fazer preparativos sobre onde ficar, onde as crianças vão estudar, se
houver crianças, e que cursos ou reciclagens fazer. Esta saída "estratégica"
pode ser muito útil e, em muitos casos, salvadora porque vai permitir ao
missionário continuar na obra. Infelizmente muitos têm aberto mão dessa
estratégia e diminuído seu tempo de serviço no campo. Trata-se de um
conceito a ter em conta com muito carinho.
204
Capítulo XII - Está na hora!
Concluindo
205
Antes do ide
ia ficando claro que os que comiam dos peixes estavam mais fortes e
dispostos, não ficavam doentes e pareciam mais espertos. Finalmente
um deles encheu-se de coragem e embarcou com o estranho. Voltou
entusiasmado falando das maravilhas do mar e outros resolveram sair
com o estrangeiro.
206
Capítulo XIII
Sucesso ou fracasso?
dito dele que "até o fim de sua vida oscilou entre a serena confiança cristã
e uma mórbida introspecção acompanhada de um estado depressivo que
quase atingia o desespero"2.
208
Capítulo XIIl- Sucesso ou fracasso?
Por outro lado, a avaliação numérica não é aquela que a Bíblia nos diz
que o Senhor fará. Nas parábolas sobre o trabalho dos servos o Senhor
avaliou resultados numéricos diferentes com a mesma aprovação (Mateus
25.14-30) e igualmente. Ele valorizou tempos diferentes de trabalho com o
mesmo prêmio (Mateus 20.1-16). O Senhor tinha um método de avaliação
diferente do nosso. Talvez por isso David Wilkerson escreva que:
209
Antes do ide
210
Capítulo XIII - Sucesso ou fracasso?
Não queremos dizer com isso que não importa o tempo que passamos
em oração, apenas que generalizar e tirar conclusões rápidas só serve
211
Antes do ide
212
Capítulo XIII - Sucesso ou fracasso?
213
Antes do ide
julgando que ninguém pode fazer tão bem quanto você. No princípio isso
pode até ser verdade, mas lembre-se que você também não começou no
nível que está hoje. Alguém confiou em você e lhe deu a oportunidade.
Estabeleça prioridades. Faça apenas o que realmente só você pode fazer.
Aprenda a delegar ou, se não, prepare-se para naufragar.
214
Capítulo XIII - Sucesso ou fracasso?
Reconhecer que nossa ira está sendo injusta é meio caminho para a
vitória. Thomas Jefferson escreveu: "Quando zangado conte até dez antes
de falar" e meu avô acrescentou: "Quando muito zangado, conte até cem
e não diga nada". É um bom princípio. Algo que parece insuportável num
momento pode se mostrar uma tolice no dia seguinte. A única ira justa é
a que se levanta contra o pecado e não contra o pecador. A vingança é de
Deus. Alguém reparou bem que "ficar com raiva é vingar as faltas dos
outros em você mesmo".
215
Antes do ide
216
Capítulo XIII - Sucesso ou fracasso?
do inimigo. O missionário tem que tomar uma decisão. Pode deixar que
o amargo dessa experiência o deixe sem condições de trabalhar ou pode
vencer a situação, perdoar e seguir em frente para novos horizontes.
William Barclay conta a história de um homem durante a segunda guerra
mundial na Alemanha que foi preso e torturado pelos nazistas, mas
resistiu bravamente. Finalmente libertado, ele se suicidou passadas poucas
semanas. Descobrira que fora seu próprio filho quem o traíra. A traição de
um ente chegado o quebrara mais que as torturas do inimigo. 9 E quando
isso acontece, só o perdão pode libertar.
Certa aldeia alemã, perto de uma montanha famosa, vivia sob o medo
de um gigante que habitava numa gruta no cume do monte. Geração após
geração se passavam as histórias sobre o terrível monstro. Não era visível
217
. .
dificilmente pode ser avaliado durante o tempo em que o obreiro está no
campo. Mesmo que ele tenha a fortuna de presenciar um avivamento ou
um movimento popular para Jesus, a grande questão é o que acontece
depois que ele sai. Coloquei esta questão a vários missionários: Como
é que sabemos se um ministério foi bem-sucedido? Uma missionária
respondeu: "Se passados dez anos o trabalho continua crescendo". Essa
é uma boa percepção. Afinal, se aquilo que pensamos ter realizado se
desmancha com nossa saída, qual era a verdade de nosso "sucesso"?
219
Antes do ide
Antes do ide
Concluindo
220
Capítulo XIII - Sucesso ou fracasso?
221
Antes do ide
222
Conclusão
Eis a boa nova para a igreja brasileira. O nosso povo tem uma aceitação
nos países de terceiro mundo que europeus e norte-americanos não têm.
Nós somos vistos como irmãos de sofrimento que também passamos
pelas dores da colonização, que também vivemos a escravatura, que
também sabemos o que é pobreza. Essa identificação com o Brasil por
parte do terceiro mundo é uma porta para as missões brasileiras.
1. Atenção à preparação
Devemos entender de uma vez por todas que missões é trabalho duro
e que para fazê-lo bem precisamos de gente preparada. Quanto mais
224
Conclusão
Temos que alertar os nossos jovens que missões não é uma saída para
aqueles que não conseguiram lugar no Brasil ou estão tendo dificuldade em
entrar na faculdade ou querem conhecer o mundo. Não devemos permitir
que a fama de nossos missionários passe a ser a de que não possuem
formação e pouco sabem fazer. Devemos incentivar os melhores a ir. Se
missões é parte da guerra espiritual então as "tropas" para esse ministério
devem ser de elite. Quando Deus deu, ele deu o seu melhor, ele deu a
si mesmo. Por que é que na santa senda de missões vamos agir de forma
diferente?
225
Antes do ide
2. Contextualização cuidadosa
Acontece que aquele traje tradicional pode ser particular de uma etnia
e excluir todas as outras, limitando bastante meu trabalho. Pode ser que
essa roupa seja o traje usual dos jovens, o que me exclui da pregação aos
adultos e coloca desde o início uma tremenda barreira à evangelização.
Pode ser que naquela cultura só tenham permissão para tocar o tambor
aqueles que têm acesso aos espíritos. Assim estarei dando a impressão
de que sou uma espécie de feiticeiro, o que vai tornar minha pregação
algo muito confuso. Ou ainda, a etnia para qual estou ministrando pode
ser islamizada. Nesse caso, usar o tambor na adoração será considerado
blasfêmia e eu ficarei marcado como um homem sem seriedade.
226
Conclusão
3. Ministério social
227
Antes do ide
228
Conclusão
229
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230
Notas bibliográficas
Introdução
Capítulo I
5 Ibid. p. 262.
Antes do ide
Capítulo 11
Capítulo IH
p.45.
7 WARREN, Rick. Uma Igreja com Propósitos. São Paulo: Editora Vida,
1997, p. 107.
8 HAGGAI, John. Seja um Líder. Belo Horizonte: Editora Betânia, 1998,
p.34.
9 NEE, Watchman. A Vida Normal da Igreja Cristã. Campinas: Editora
provas e concursos e nunca teve a quem perguntar. 7" ed. Rio de Janeiro:
Impetus, 2000, p.127.
11 WARREN, Rick. Uma Igreja Com Propósitos. São Paulo: Editora
232
Notas bibliográficas
Capítulo IV
Inc.1948,p.17.
8 WILLARD, Dallas. A Conspiração Divina. São Paulo: Mundo Cristão,
2001, p.l3.
9 Ibid . p. 269.
2001.
12 The New Dictionary ofThoughts. New York: Standard Book, 1971.
1998, p. 80 e 81.
16 NEE, Watchman. Lições para o viver cristão. São Paulo: Árvore da
233
Antes do ide
Capítulo V
3 TUCKER, Ruth. A. Até os Confins da Terra ... São Paulo: Vida Nova,
1989, p. 158.
4 Ibid. p. 159.
Cristão, 1997.
7 SPRAGGET, Daphne e JOHNSTONE, JilI. Você Pode Mudar o Mundo.
Capítulo VI
1991.
6 WERNER, David. Onde não há médico. São Paulo: Edições Paulinas,
1989.
234
Notas bibliográficas
Capítulo VII
1998, p. 23.
5 ALDAG, Ramon 1. Liderança e Visão - 25 princípios para promover
1998, p. 249.
9 DIMITRIUS, Jo-Ellan. Decifrar Pessoas - Como entender e prever o
Capítulo VIII
the Masai. 63 ed. Londres: SCM Press Ltd. 1989, prefácio VI.
2 CASTRO, Cláudio de Moura. Revista Veja, 26 de março de 2003, p. 20.
3 RICHARDSON, Don. O Fator Melquisedeque - O testemunho de Deus
235
Antes do ide
2000, p. 217.
8 Ibid. p. 206, 207.
11 lbid . p.345.
12 NEIL, Stephen. História das Missões. São Paulo: Vida Nova, 1989,
p.293.
13 DONOVAN, Vincent 1. Christianity Rediscovered - An Epistle from
Capítulo IX
1994, p. 24.
3 PICKERING, Gilberto. Guerra Espiritual- Estratégias Missionárias
236
Notas bibliográficas
1995, p. 176.
16 PICKERING, Gilberto. Guerra Espiritual- Estratégias Missionárias
Capítulo X
p.129.
2 WILKINSON, Bruce. As 7 Leis do Aprendizado. Venda Nova: Editora
237
Antes do ide
Capítulo XI
I TUCKER, Ruth A. Até os Confins da Terra ... São Paulo: Vida Nova,
1989. p. 276.
2 CARD, Michael. Soul Anchor. Myrrh Records, 2000. Faixa 4.
Capítulo XII
4 Ibid. p.19.
5 Ibid. p. 21.
Capítulo XIII
ITUCKER, Ruth A. Até os Confins da Terra ... São Paulo: Vida Nova,
1989, p. 136.
238
Notas bibliográficas
1989, p. 192.
4 WILKERSON, David. David Wilkerson exorta a igreja. São Paulo:
K Ibid.
Redenção,2001,p.91.
13 HUGHES, Selwin. Pocket Encourager for Leaders. Surrey: Crusade
Conclusão
239
Este livro foi impresso em fevereiro de 2005,
composto na tipologia Times New Romam 11/13.
Os fotolitos foram feitos por Arte Sette Marketing e Editorial.
O papel do miolo é Offset 75gr/m 2 e o da capa Cartão supremo 250gr/m 2