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RESENHA CRÍTICA: FILME CISNE NEGRO

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Jeane Reis Morgado Argolo

O fime a ser resenhado tem como titulo original “Black Swan”. O seu
ano de produção foi 2010. Teve a direção de Darren Aronofsky, o roteiro de
Andres Heinz, John J. McLaughlin e Mark Heyman; contando ainda com o
seguinte elenco: Natalie Portman, Mila Kunis, Vincent Cassel, Barbara
Hershey, Benjamin Millepied, Ksenia Solo, Sebastian Stan, Toby Hemingway,
Sergio Torrado e Winona Ryder.
Inicialmente o filme parece inofensivo, justamente por se tratar de balé.
Parecia aqueles enredos voltados para meninas delicadas, sonhadoras e que
vêem no balé a representatividade da pureza e da plena feminilidade, mas
diferente do que parece inicialmente o filme vai muito mais além do que
aparenta, pois neste filme a realidade do balé pode não ser tão belo!
No cinema dos dias de hoje, um dos últimos filmes de Robert Altman,
“De Corpo e Alma”, mostrava de forma clara que para o resultado de uma
apresentação de balé ser espetacular é necessário passar por sofrimento
exagerado nos bastidores. Apesar de parecer algo meramente normal, nesta
realização Neve Campbell, que antes de atriz foi bailarina, protagoniza de
forma a reviver situações de esforço físico constante e exagerado, pois
diversas garotas se degradavam em desgastes constantes ao realizarem
movimentos que a faziam todas elas parecerem leves como pena.
Apesar de Darren Aronofsky ter descrito seu “Cisne Negro” como a
irmã de “O Lutador“, ele foi capaz de revelar caracteres deste e de muitos
outros exemplares similares. Além disso é preciso dizer que o filme “Cisne
Negro” é, na verdade, um drama psicológico onde diversos os tormentos são
apresentados ao longo do enredo para se alcançar a perfeição. Estes
tormentos e reações psíquicas são expostos em sua grande maioria de
maneira muito assustadora e sombria. Por isso que o filme não passa a
parecer tão inifensivo assim, porque engloba vários elementos de drama,
suspense e uma leve sensação de terror (por que não dizer assim?!)

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Discente do curso de Formação em Psicanálise Clínica pelo CEPP – Centro de Estudos em Psicanálise e
Psicoterapias.
A personagem denominada de Nina Sayers vivida pela atriz renomada
Natalie Portman é a protagonista sensível que vive na pele as inúmeras e
infidáveis durezas que por sua vez deverá superar assim que é anunciada
como a substituta da prima ballerina Beth Macintyre, vivida pela atriz Winona
Ryder – que por sua vez é um pouco desprezada ao encenar “O Lago dos
Cisnes”.
Apesar de Nina aparentar uma imensa felicidade ao finalmente ter sua
dedicação como bailarina reconhecida, nada a ajuda superar um impasse. Este
impasse a persegue ao longo do filme. Nina tinha objetivos tão reais que chega
a viver momentos em que ela deixa de ter atitudes equilibradas e normais
somente para fazer este papel.
Ela é notável para incorporar a Cisne Branca, mas para protagonizar
esse balé dramático com composição de Tchaikovsky foi ncessário ter o
convencimento ao tentar seduzir a sua aparição artística vivendo também como
Cisne Negro. Trata-se de um papel duplo que confundiu drasticamente o
psicológico de Nina. Foram criados delírios de diversas espécies e o lado negro
de sua personalidade veio à tona, mais precisamente quando se tratava da
presença de uma concorrente em potencial chamada Lily, vivida pela atriz Mila
Kunis, sem deixasr de lado a influência e interferências constantes de sua mãe
que se mostrava superprotetora. Tratava-se nada mais, nada menos do que a
ex-bailarina Erica, vivida pela atriz Barbara Hershey.
O filme foi considerado pela crítica do cinema de longe como o maior
sucesso comercial de Darren Aronofsky, pois a obra “Cisne Negro” revela um
filme feito com economia e muito talento. Ele teve um reconhecimento
considerável na socidade, por entender que rapidamente caiu nas graças de
todos.
Isto porque Aronofsky tratou em sua obra a respeito de um pesadelo
delirante. Tinha características tão incomuns que podem ser consideradas
como “maravilhas” que surgem até mesmo nos maiores horrores formulados e
trazidos pela mente de Nina.
No filme foi possível assistir a sua degradação física, que no nosso
ponto de vista passa a ser insuportável. Nina se arranha pelo corpo e dedos
com unhas que caem e sua pele fica ligeiramente dilacerada.
Pode-se dizer ainda que nem sempre todo o potencial foi aproveitado,
uma vez que os primeiros dois atos também caracterizam outros delírios bem
óbvios, a exemplo de reflexos de espelhos, sósias de Nina aparecem por onde
ela está e alguns passam a expor e evidenciar a questão da repressão sexual
que também é exposta.
Assim, entende-se que “Cisne Negro” reflete que a loucura que busca
retratar de Nina não almeja a complexidade desejada. Somente quando a
personagem se liberta de suas próprias amarras que o suspense atinge altos
picos de arrepio e fascínio, o que vem a interferir de forma positiva na atuação
de Natalie Portman. Sinaliza o momento mais sublime da atriz a partir do
momento em que o “lado negro” por fim a domina, retratando uma expressão
marcada de elevada excitação.
Em outras palavras, é importante colocar ainda que o clássico "O Lago
dos Cisnes", de Tchaikovsky, no filme se tornou um grande desafio para a
bailarina principal. Coube a ela fazer a interpretação das duas facetas
principais, tratando-se mais precisamente de personalidades distintas.
Se por um lado o cisne branco é puro e imaculado (de forma a mostrar
a ingenuidade da personagem), por outro lado o cisne negro possuía a malícia
no olhar e o desejo retratado claramente no corpo. O fato de fazer ambas
interpretações passou a exigir alta dedicação e admiração aos personagens,
que por sua vez passou a “cair nas graças” do público. Se este desafio de
interpreação em regra já se torna uma tarefa complicada para bailarinas
experientes, ainda mais para uma caloura! É esta a situação dramática e
desafiadora vivencuada por Nina, que reitera-se foi divinamente interpretada
com grande maestria pela atriz Natalie Portman.
Em relação à principal personagem do filme (a protagonista) é possóvel
colocar que Nina mostra em sua conjuntura a imagem de uma jovem frágil,
cheia de medo, e grandes de traumas.
Nina como toda bailarina não tinha aparentemente nada do que
reclamar da vida, porque além de bonita era bem sucedida em sua profissão.
Todos os desafios que a ela foram entregues ao longo de sua vida foram
alcançados.
Vivia aparentemente bem com a sua mãe onde ambas tinham uma
relação saudável e amorosa de mãe e filha. Nina carregava em sua história
uma pessoa independente, cheia de sonhos e planos, mostrava-se ambiciosa
ao tentar conseguir o que sempre desejava.
Estava alí a todo o tempo, sem titubear… comparecendo aos ensaios,
aprendendo os novos passos do balet, se relacionando com as demais colegas
e professores… nunca se imaginaria que Nina pudesse desenvolver qualquer
tipo de patologia psíquica e emocional, justamente pelo histórico de vida que a
personagem possuía; mas diferente do que as pessoas geralmente pensam…
os problemas patológicos de ordem psicológica atingem quaisquer pessoas,
sem olhar sexo, idade, cor, orientação sexual, religião ou classe social.
Pode-se dizer ainda que a personagem Nina fazia parte da Companhia
de balé do rigoroso professor e orientador Thomas Leroy, vivido pelo ator
Vincent Cassel. Ele tinha um perfil convincente e muito ditador. Achei ele um
pouco prepotente e pretensioso em suas ações, apesar de se mostrar
sonhador em relação à vaga que foi aberta em função da aposentadoria da
estrela Beth MacIntyre vivida por Winona Ryder, que por sua vez se encontrava
irreconhecível em sua aparência física.
O clima do filme estava envolvido diante de várias piadas de mau gosto
a respeito da idade de Beth, além de tratar do clima competitivo e acirrado
entre as bailarinas.
Apesar de todo este clima, a protagonista procura ter o equilíbrio em
ambos aspectos: Físico (quando ela se preocupa em cuidar do corpo para o
rigor exigido pelo balé) e também mental, de maneira a se mostrar focada e
determinante para alcançar o seu objetivo, ou seja ela anseia por ocupar a
vaga disponível e se mostra disposta a lutar por ela. Mas para isso, tem um
desejo que sobressai de forma intensa, que nada mais é do que alcançar a
perfeição.
Existe um momento do filme em que Nina se mostra abatida e triste,
mais precisamente no momento em que Thomas lhe diz que ela representaria
o cisne branco perfeitamente, pois ela sabe executar com louvor os
movimentos precisos e calculados, mas que atuando como cisne negro ela
apresenta imperfeições e não encaizaria bem neste papel.
O perfil de Nina é de uma jovem dotada de pureza. Ela não tem a
malícia e nem ao pouco ela se desprende necessariamente, de forma a não
fazer a menor ideia de como adquirir estes requisitos do cisne negro. A partit
de então ela se submete a uma espécie de terapia de choque. Nessa “terapia”
o sexo entra em confronto com sua personalidade pura e imaculada. Ela passa
a ser estimulada a descobrir o mundo do sexo paulatinamente, o que mostra ao
mesmo tempo um misto de medo, curiosidade, e porque não de um certo
prazer?!
Este é o momento do filme em que Nina deixa de ser uma menina para
se tornar mulher. Ela passa por uma grande transformação que trará
consequências, não somente de forma pessoal, mas especialmente no
relacionamento com sua mãe Érica, vivida pela atriz Barbara Hershey, que por
sinal apresenta a característica de superprotetora, cuja atuação merece
destaque pela qualidade em que foi interpretada.
Além disso, Nina sempre aparece no filme com uma marca nas costas,
caracterizando uma cacarterística relacionada ao seu passado. Essa marca
demonstra o nível de seu estado emocional, pois seus nervos ficam “à flor da
pele”. Esta sensibilidade não é em vão, pois, ela precisa lidar com pressões de
todos os gêneros em todos os momentos, seja pelo fato de ter o papel
conquistado, seja também por ter que mostrar que além de poder, merece
interpretar o cisne negro; seja também pela rivalidade constante em relação às
demais bailarinas, o medo da sua substituição, a opressão oriunda de sua mãe
e não menos importante o esperado momento da sua estreia como estrela
principal da companhia de ballet.
Diante de diversos temores, existe ainda as pegadinhas que sua mente
provocava e ela por sua vez ficava em uma constante dúvida, sem saber o que
é verdade ou não. Nina se encontra a todo momento do filme com o fato de
necessidade de mexer com seus medos interiores que vão à tona diante de si,
muitas vezes de forma grotesca e assustadora.
Os sintomas apresentados ao longo do filme a partir de então serão
elencados, quais sejam: Falta de autoestima e coragem são alguns dos
sintomas da depressão que estão relatados no filme e mais precisamente na
personagem Nina.
Em algumas situações é possível ver claramente que ela teve sintomas
graves da depressão. O assédio vivido por ela com outras situações
acometidas no caso gerou essas várias complicações, envolvendo bulimia,
depressão, angústia, ansiedade, boderlaine, surtos psicóticos, criptomania,
frigidez ou DSH, édipo da mãe com uma educação represora e até mesmo
suicídio.
Esse assédio pode se encaixar como um dos fatores procativos dos
sintomas de angústia, surtos psicóticos, ansiedade, boderlaine, além de
vários outros fatores vistos no filme.
Em relação à frigidez DSH etc., pode ser de ordem Psíquica ou
fisiológica a ser investigada pelo profissional, que poderá ser acometivo por
excesso de tarefas. Esse acúmulo de atividades aumenta a produção de
adrenalina cortisol, hormônios que causam estresse e reduzem a libido,
educação repressora, entre outros.
Houve uma cena em que Nina roubou um batom e esta ação pode ser
tachada como transtorno criptomaníaco que é um distúrbio psicológico que
faz com que a pessoa sinta a necessidade incontrolável de roubar inclusive
objetos sem valor.
Reitera-se que a protagonista do filme tinha crises psicóticas: Durante
o episódio psicótico os pensamentos e percepções de uma pessoa são
perturbados e o indivíduo pode ter dificuldade de entender o que é real e o que
não é.
Os sintomas da psicose incluem delírios (falsas crenças) e alucinações
( ver e ouvir coisas que os outros não vêem ou ouvem). Nina no decorrer do
filme tinha alucinações horríveis!

REFERÊNCIA:

Cisne Negro. Direção: Darrem Aronofsky. Produção de Brian Oliver; Mike


Medavoy; Arnold Messer e Scott Franklin. Local - EUA: Columbia, ano de
lançamento - 2010. Netflix.

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