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Fundamentos Do Direito
Fundamentos Do Direito
DE DIREITO
autor
ANDREI BRETTAS GRUNWALD
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2016
Conselho editorial jose dario menezes, roberto paes e paola gil de almeida
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2016.
isbn: 978-85-5548-303-5
Prefácio 13
1. O Direito 15
1.1 O que é Direito 16
1.2 O direito e a moral 19
1.2.1 Teoria do mínimo ético 20
1.2.2 Teoria dos círculos secantes 20
1.2.3 Teoria dos círculos independentes 21
1.2.4 Teoria tridimensional 21
1.3 Divisão do Direito 22
1.3.1 Direito natural e direito positivo 23
1.3.2 Direito Objetivo e Direito Subjetivo 24
1.3.3 O Direito Público e o Direito Privado 26
1.4 Fontes do direito e os meios de integração da norma jurídica. 27
1.4.1 Legislação 28
1.4.2 Costume 28
1.4.3 Jurisprudência 29
1.4.4 Princípios gerais do direito 30
1.4.5 Doutrina 30
1.4.6 Analogia 30
1.4.7 Equidade 30
2. Direito Constitucional 33
4. Direito do Trabalho 85
Este livro foi preparado para ajudar no seu direcionamento de estudos da disci-
plina Fundamentos em Direito.
Em inúmeras ocasiões já ouvimos o jargão “meus direitos” e exatamente o que
significa este jargão.
O direito é considerado uma ciência que busca o estudo das leis e sua aplicabi-
lidade no tempo e no espaço, levando em consideração o meio social na qual ela, a
lei, será aplicada.
O estudo de noções introdutórias ao direito é fundamental para todas as pesso-
as, pois, somente ao tomarmos conhecimento de nossos deveres é que poderemos
exigir efetivamente nossos direitos.
O seu estudo deverá iniciar-se a partir de uma noção básica sobre o direito e, pos-
teriormente, vamos navegar em diversas áreas de grande importância do nosso estu-
do, que são o direito constitucional, direito civil, direito do trabalho, direito adminis-
trativo, direito da empresa, direito do consumidor e por fim o direito tributário.
No Direito Constitucional vamos estudar os princípios que sustentam a orga-
nização do Estado e a história das nossas constituições e sua evolução, quando ob-
servaremos a evolução política e social brasileira; no Direito Civil vamos estudar os
principais conceitos das normas jurídicas, sua formação e eficácia possibilitando
ao cidadão o desenvolvimento de negócios.
O Direito do Trabalho você terá a oportunidade de aprofundar-se nos detalhes
da área trabalhista como, por exemplo, as relações jurídicas entre empregado e
empregador, princípios da relação de emprego e os diversos contratos de trabalho
reconhecidos em nossa legislação, passando sobre as formas de remuneração e adi-
cionais possibilitando uma visão bastante ampla do nosso dia a dia de labor.
As noções de Direito Administrativo que veremos neste trabalho, permitirá que
possamos observar se a administração pública atua corretamente em prol da popu-
lação, além de observar de como são feitas as aquisições e contratações que envol-
vem os órgãos públicos.
Em continuidade ao nosso estudo, vamos observar no Direito da Empresa a for-
mação dos diversos tipos de sociedades que podem ser constituídas no Brasil, bem
como a importância da recuperação extrajudicial e judicial não só para a economia,
mas também, para o fim social da comunidade; e na sequência vamos analisar as
13
relações de consumo existentes entre os fornecedores e consumidores, permitindo
uma evolução na qualidade dos produtos e serviços prestados em todo o território,
demonstrando um crescimento e maturidade da sociedade.
E, para finalizar os nossos estudos, vamos analisar a formação do orçamento
público, no qual são discriminadas as receitas e despesas públicas, e por fim, os
tributos que permitem que o Estado realize suas atribuições de manutenção e in-
vestimento nas mais diversas áreas (saúde, segurança, educação etc).
Em cada capítulo você será informado e direcionado sobre o objetivo de seu es-
tudo para facilitar o seu olhar para o aprendizado.
Aproveite o máximo deste material para complementar seu curso e o entendi-
mento das aulas.
Bons estudos!
1
O Direito
1. O Direito
As primeiras noções sobre direito deveriam ser ensinadas no ensino médio,
para que nossos jovens tenham o primeiro contato com as noções básicas dos
direitos fundamentais, consumidor, justiça e cidadania; proporcionando uma
evolução das relações políticas, de consumo e sociais.
O filósofo René Descartes em sua obra Discours de la Méthode (O Discurso
do Método), publicada em 1637, já destacava a importância da autonomia do
pensamento, do desenvolvimento cultural e da criticidade do ser humano, afir-
mando Puisque je doute, je pense; pouisque je pense, j´existe, por tradução li-
vre, quer dizer “desde que eu duvido, eu acho, porque eu acho, eu existo”.
AUTOR
René Descartes nascido na França em 31/03/1596, falecendo na
©© WIKIMEDIA.ORG
16 • capítulo 1
No primeiro momento devemos exercitar a ideia de adaptação. Qual adapta-
ção? A adaptação do homem ao meio em que vive e principalmente a si próprio
como ser social e cultural, com desejos de realizar seus ideais.
A adaptação do homem é realizada em um duplo aspecto, esclarece Fiuza
(2012, p. 1): “de um lado, o Direito ajuda o homem a se adaptar às condições
do meio; de outro, é o homem que deve adaptar-se ao Direito, preestabelecido
segundo suas próprias aspirações”.
A este processo de adaptação decorre essencialmente pelo homem ser um
ser eminentemente social, não conseguindo viver isoladamente, buscando a
convivência no grupo de forma harmônica, harmonia determinada pelas nor-
mas com base na justiça e na segurança, que geram parte do bem-estar social.
E, esta ordem social tem como “premissa o estabelecimento dessas restri-
ções, a determinação de limites aos indivíduos, aos quais todos indistintamen-
te devem se submeter”, conforme esclarece Gonçalves (2015, p.19).
Aristóteles que fora um grande pensador grego, observará que o homem é
um ser gregário e que se distingue de todos os outros animais da Terra por ser
o único a experimentar o sentimento do bem e do mal, do justo e do injusto e
das outras qualidades morais. Segundo este pensador grego, a cidade é uma
criação natural do homem, a qual precede até mesmo a família. Para sobreviver
e ser feliz, o homem, como ser gregário e racional, precisa da vida social, neces-
sita da convivência com outros seres semelhantes (viver em sociedade).1
AUTOR
©© WIKIMEDIA.ORG
1 CURIA, Luis Roberto; RODRIGUES, Thaís de Camargo. Direito Civil: parte Geral / obra coletiva de autoria da
Editora Saraiva. São Paulo: 2005. P. 16.
capítulo 1 • 17
E, portanto, para podermos conceituar o direito é de se reconhecer a sua carac-
terística básica, fundamental e essencialmente humana, necessário para uma con-
vivência harmônica e saudável, sendo muito difícil conceituá-lo de forma rigorosa.
AUTOR
Sócrates – filme de Roberto Rosselline apresenta a Grécia antiga e o início do conceito de direi-
to e justiça, através do julgamento de Sócrates pelo tribunal de Heliastas, que era composto por
um juri popular, formado por diversas pessoas escolhidas ao acaso. Sócrates defendia o poder do
povo, no exercício constante da cidadania, devendo prevalecer sempre a justiça sobre todos os
atos. O julgamento ocorreu em virtude de propor novas crenças e por questionar racionalmente o
conceito de justiça da polis, segundo eles, “por perverter a juventude e os bons costumes.
Neste mesmo sentido Limongi França citado por Gagliano (2015, p. 49) es-
tabelece que ao conceituarmos a palavra Direito encontraremos quatro aspec-
tos fundamentais:
• Conjunto de regras sociais;
• Que disciplinam as obrigações e o poder;
• O direito como justo: referente à questão do meu e do seu; e
• A sanção de direito: sancionada pela força do Estado e dos grupos internos.
Portanto, direito nada mais é do que “o conjunto das regras sociais que dis-
ciplinam as obrigações e poderes referentes a questão do meu e do seu, sancio-
nadas pela Força do Estado e dos grupos intermediários”, na visão do jurista
anteriormente citado.
18 • capítulo 1
CONCEITO
Direito é o conjunto de normas fundamentais e necessárias para a convivência harmônica do
homem em uma sociedade.
No direito, uma das questões mais complexas, cuja reflexão é constante e im-
prescindível é a relação existente entre o direito e a moral.
Nas palavras de Gagliano (2015, p. 51) “a moralidade deva ser sempre um
norte na aplicação da norma jurídica, estando, inclusive, no plano da análise
da validade de atos e negócios jurídicos, não há como, tecnicamente, confun-
di-los”, já que a moral integrou completamente a estrutura da norma jurídica,
sem impedir a autonomia do direito para a normatização das condutas huma-
nas em sociedade.
A opinião de Carnelutti citada por Gagliano (2015, p. 52) exemplifica e escla-
rece perfeitamente este binômio, cabendo a integração da ética, para formar o
tripé do que poderia ser reconhecido como justiça.
capítulo 1 • 19
No pensamento de Carnelutti está claramente visível que o direito, a moral e
a ética devem estar sempre presente, existindo regras éticas que devem ser ob-
servadas e que o campo de ação da moral é mais amplo que o campo do direito,
porém, de forma ideal deveriam eles estarem o mais próximo possível.
Os aspectos morais possuem uma preocupação maior com o foro íntimo
da pessoa, já o direito está relacionado com as ações exteriorizadas do homem,
cabendo a este a fixação de sanções concretas pela violação das normas, como
bem ensina Gonçalves (2015, p. 21) ao afirmar que “as normas jurídicas e mo-
rais têm em comum o fato de constituírem regras de comportamento. No en-
tanto, distinguem-se precipuamente pela sanção e pelo de campo de ação, que
na moral é mais amplo”.
No entendimento de João Maurício Adeodato citado por Gagliano
(2015, p.53) “a justiça moral une abstratamente os indivíduos em suas relações,
a justiça social confere a determinada situação real o caráter de bem jurídico”.
Ao analisarmos estas situações, podemos observar que existem quatro cor-
rentes voltadas a relacionar o direito e a moral.
Nesta teoria compreende-se que o direito (norma jurídica) é uma parte da mo-
ral, já que este possibilita a sanção daquele que a violou.
Direito
Moral
Figura 1.1 –
20 • capítulo 1
Moral Direito
M D
M
M D
D
M D
Figura 1.2 –
Moral Direito
M D
M M D D
M D
Figura 1.3 –
Na contramão das demais e defendida por Miguel Reale, esta teoria entende
que a moral é apenas um dos vetores que compõem o direito sendo este fato,
valor e norma, aonde o fato é o fenômeno que importa ao direito identificar,
enquanto que o valor seria aquele que abrande o conceito moral relativo àque-
le fato concreto, e a norma é como o ordenamento jurídico tratará aquele fato
relevante ao direito. 1
Nesta teoria podemos destacar como ponto em comum entre a norma jurí-
dica e a moral é que ambas constituírem regras de comportamento, e divergên-
cia entre elas está justamente na aplicação de uma sanção pelo Estado quanto
a primeira é descumprida.
1 CURIA, Luis Roberto; RODRIGUES, Thaís de Camargo. Direito Civil: parte Geral / obra coletiva de autoria da
Editora Saraiva. São Paulo: 2005. P. 17 e 18.
capítulo 1 • 21
Na teoria de Miguel Reale as normas morais são traduzidas indivíduo por
indivíduo dentro da sociedade na qual convive, sendo reconhecidas pelos cos-
tumes fixados pela sociedade; já o estudo destes valores que dão o norte ao
comportamento do indivíduo na sociedade o conhecemos como ética. A con-
duta dentro destes parâmetros éticos não viola e nem ofende os valores morais
e normativos da sociedade, proporcionando a convivência pacífica.
FATO
VALOR Normal
Figura 1.4 –
AUTOR
Miguel Reale (06/11/1910 a 14/04/2006). Nascido em São Bento do Sul, filósofo, ju-
rista, educador e poeta brasileiro. Foi um dos maiores expositores da filosofia do direito dos
séculos XX e XXI. Contribuiu significativamente com os estudos jurídicos, criador da teoria
tridimensional do direito. Autor de inúmeros livros e obras jurídicas, ocupou a cadeira 14,
tornando-se imortal da Academia Brasileira de Letras. Responsável pelo Projeto que deu
origem ao Código Civil de 2002. Sua obra foi reconhecida mundialmente e traduzida para o
italiano, o castelhano e o francês.
Por fim, não podemos deixar de citar Vazquez (2010, p.23) que esclarece
que a Ética é a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade, e
Gonçalves (2015, p. 21) que as ações humanas interessam ao direito, mas nem
sempre, podendo-se dizer que nem tudo que é moral é jurídico, pois a justiça é
apenas uma parte do objeto da moral.
22 • capítulo 1
Neste subtítulo estudaremos três das mais importantes divisões do direito,
quais sejam: natural e positivo, subjetivo e objetivo e o público e o privado.
AUTOR
Heráclito de Éfeso (535 a.C. - 475 a.C.) foi um filósofo pré-socrático considerado o " Pai da
dialética ". Recebeu a alcunha de "Obscuro" principalmente em razão da obra a ele atribuída
por Diógenes Laércio, Sobre a Natureza, em estilo obscuro, próximo ao das sentenças ora-
culares. Na vulgata filosófica, Heráclito é o pensador do "tudo flui" (panta rei) e do fogo, que
seria o elemento do qual deriva tudo o que nos circunda. De seus escritos restaram poucos
fragmentos (encontrados em obras posteriores), os quais geraram grande número de obras
explicativas.2
capítulo 1 • 23
ESCRITAS LEIS 95%
NÃO ESCRITAS COSTUMES
(5%) Ex.: cheque pré-datado,
guardador de carros,
DIREITO gorgeta
POSITIVO
OBJERIVO
Conjunto de
NORMAS
normas
vigentes na Ambos tem
Conjunto de Direitos subjuntivos
sociedade relações
todas as Devedores
normas jurídicas
que estão
em vigor na NORMAS NATURAIS
sociedade. NATURAL Não escritas, mas não são Costumes.
Direitos e São princípios antigoss de pai para
deveres filho... de geração em geração...
O direito positivo visto anteriormente, pode ser visto sob dois prismas básicos:
direito objetivo e direito subjetivo que possuem os conceitos jurídicos funda-
mentais mais importantes para o direito.
O Direito Objetivo em uma primeira análise é a norma de agir que orienta as
relações sociais entre os indivíduos, corporificando as formas e expressões nor-
mativas previstas em nosso mundo jurídico pátrio, cuja violação impõe uma
penalidade ao infrator.
Nos dizeres de Gonçalves (2015, p. 24) “esse conjunto de regras jurídicas
comportamentais gera para os indivíduos a faculdade de satisfazer determina-
das pretensões e de praticar os atos destinados a alcançar tais objetivos”, e nes-
te mesmo sentido Rodrigues ():
“O fenômeno jurídico, embora seja um só, pode ser encarado sob mais de um ângulo.
Vendo-o como um conjunto de normas que a todos se dirige e a todos vincula, temos
o direito objetivo. É a norma da ação humana, isto é, norma agendi. Se, entretanto, o
observador encara o fenômeno através da prerrogativa que para o indivíduo decorre
da norma, tem-se o direito subjetivo. Trata-se da faculdade conferida ao indivíduo de
invocar a norma em seu favor, ou seja, da faculdade ade agir sob a sombra da regra”.
24 • capítulo 1
O Direito Subjetivo segundo Nader (2008, p. 11) “consiste na possibilidade
de agir e de exigir do titular do dever jurídico uma conduta ou prestação criada
por lei ou derivada de negócio jurídico”.
Na análise do conceito de Nader podemos observar a existência de dois nú-
cleos distintos, o primeiro Licitude que está no âmbito da liberdade exercer o
direito dentro dos limites estabelecidos na lei; e o segundo é a Pretensão de
exigir do titular do dever jurídico a observância de uma determinada conduta
em face do caso concreto ou o dever jurídico de cumprir uma obrigação.
As ações são intermediadas pelos órgãos públicos competentes para fazer
o cumprimento da obrigação, porém, excepcionalmente, acata-se que o par-
ticular detentor do direito subjetivo o exerça diretamente (legítima defesa),
naquelas ocasiões em que o Estado está impossibilitado de exercer a prote-
ção imediata.
OBJETIVO X SUBJETIVO
BASEADO NA
APRESENTA-SE DA INTERPRETAÇÃO
MESMA FORMA PARA PESSOAL VARIA
TODAS AS PESSOAS DE PESSOA
PARA PESSOA
RELACIONADO AO RELACIONADO AO
OBJETO SUJEITO
capítulo 1 • 25
O direito subjetivo pode ser definido como "a faculdade ou possibilidade que tem
uma pessoa de fazer prevalecer em juizo a sua vontade, consubstanciada nun inte-
resse''. (José Cretella Júnior). Ou, ''o interesse protegido pela lei, mediante o recolhi-
mento da vontade individual.''(Ilhering).
Em outras palavras, é a capacidade que o homem tem de agir em defesa de seus in-
teresses, invocando o cumprimento de normas jurídicas existentes na sociedade onde
vive, todas as vezes que, de alguma forma, essas regras jurídicas venham ao encontro
de seus objetivos e possam protegê-los.
Ao findar do nosso estudo com relação a divisão do direito, nos deparamos com
a mais importante delas, qual seja a divisão em público e privado, que apesar
de remontar o direito romano, até os dias atuais não há um consenso sobre os
traços diferenciadores.
O dilema existente entre direito público e direito privado também remonta
do período romano de desenvolvimento das normas jurídicas, existindo três
teorias predominantes: da utilidade, do sujeito e finalístico.
A corrente que adota o critério da utilidade ou do interesse visado pela nor-
ma, estabelece que é público o direito do Estado, que diz respeito aos negócios
26 • capítulo 1
e interesse deste, já quando disciplinava as relações entre os cidadãos ou parti-
culares estávamos diante do direito privado.
Na corrente que se utiliza da natureza do sujeito ou do titular da relação ju-
rídica, público é “o direito que regula as relações do Estado com outro Estado,
ou as do Estado com os cidadãos, e privado o que disciplina as relações entre
os indivíduos como tais, nas quais predomina imediatamente o interesse de
ordem particular”, como ensina Gonçalves (2015, p.27)
E por último, existe a corrente que adota o critério finalístico que tem como
fundamento o interesse jurídico tutelado. Nesta corrente são de direito público
as normas em que existe a predominância do interesse geral, sendo de direito
privado aquelas que visam atender imediatamente o interesse individual.
Em considerando estes conceitos podemos estabelecer que o direito públi-
co abrange o direito constitucional, tributário, administrativo, penal e proces-
sual penal, internacional etc; enquanto que o direito privado abrange à solução
de conflitos entre os particulares e grupos sociais. São normas de direito priva-
do o direito civil, comercial ou empresarial.
capítulo 1 • 27
sendo identificado importantes fontes de interpretação auxiliar, como a juris-
prudência, a doutrina e a equidade.
O nosso ordenamento jurídico como espécie de fontes do direito: legisla-
ção, costume, jurisprudência, doutrina, analogia, princípios gerais do direito e
equidade, as quais passaremos a realizar breves comentários.
1.4.1 Legislação
As normas jurídicas, ou leis, são a fonte direta e primária do direito. Elas são
impostas pelo Estado organizado à obediência de todas pessoas que estiverem
sob sua soberania. Não dependem da vontade dos cidadãos, sendo impossível
alegar sua ignorância. Configura-se como fonte autêntica do direito, represen-
tada por texto expresso, escrito.3
1.4.2 Costume
3 CURIA, Luis Roberto; RODRIGUES, Thaís de Camargo. Direito Civil: parte Geral / obra coletiva de autoria da
Editora Saraiva. São Paulo: 2005. p. 19
28 • capítulo 1
Vocabulário
Praeter legem (latim) que significa “além de”
Secundum legem (latim) que significa “de acordo com a lei”
Contra legem (latim) que significa “contra a lei”
1.4.3 Jurisprudência
capítulo 1 • 29
1.4.4 Princípios gerais do direito
1.4.5 Doutrina
1.4.6 Analogia
A analogia não se trata propriamente de uma fonte do direito, mas sim de uma
forma alternativa em caso de lacuna da lei. O emprego da analogia destina-se
a suprir omissão legal, onde o juiz aplicará ao caso concreto a norma jurídica
existente para um caso concreto similar.
1.4.7 Equidade
30 • capítulo 1
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CURIA, Luis Roberto; RODRIGUES, Thaís de Camargo. Direito Civil: parte Geral / obra coletiva de
autoria da Editora Saraiva. São Paulo: 2005. P. 17 e 18.
FARIAS, Cristiano Chaves; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: Parte Geral e LINDB. ed.
São Paulo: Atlas, 2015. v. 1.
FIUZA, César. Direito Civil: Curso Completo. 15º ed. Belo Horizonte: Del Rey. 2012. v. único.
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: Parte Geral. ed.
São Paulo: Saraiva. 2015. v. 1.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Parte Geral. 13º ed. São Paulo: Saraiva. 2015.
NADER, Paulo. Curso de Direito Civil: Parte Geral. 5º ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008. v. 1.
capítulo 1 • 31
32 • capítulo 1
2
Direito
Constitucional
2. Direito Constitucional
No primeiro capítulo estudamos o conceito de direito e sua amplitude para a
pacífica convivência do ser humano, os aspectos morais e sua abrangência pe-
rante as normas jurídicas, as principais divisões do direito ressaltando a divi-
são de direito privado e público, por último identificamos as fontes das normas
jurídicas que sustentam uma sociedade de forma harmônica.
As normas jurídicas possuem uma hierarquia a qual deve ser observada para
a sua perfeita aplicação, sendo que nesta hierarquia a Constituição Federal é a
lei maior a ser observada por todos, dentro de uma sociedade politicamente
organizada, sendo que o Direito Constitucional é o ramo do direito público des-
tinado ao estudo da organização do Estado e sua funcionalidade e a defesa dos
direitos e garantias fundamentais.
A Constituição Federal como lei maior de um País é a base, é a fonte das demais
leis que regulam a vida de uma sociedade organizada, encontrando-se no topo
da hierarquia do ordenamento jurídico.
No Brasil, desde a sua independência da coroa portuguesa ocorrida em 07
de setembro de 1822, já vigoram 07(sete) constituições outorgadas ou promul-
gadas: 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e a atual de 1988.
O estudo das constituições brasileiras dará uma importante visão histórica,
contextos econômicos, político e social de cada uma das épocas, que refletem
nas linhas mestras de cada carta magna.
34 • capítulo 2
O texto constitucional é reflexo dos interesses das classes dominantes, que
efetivamente comandava o país em cada período de sua construção, estando
em sintonia com os conhecidos “fatores de poder”, que são formados pelas
classes civis e militares que possuam uma relação com o poder, certos que sem
estes fatores a constituição não teria nenhuma eficácia.
Nesta linha de pensamento conclui Marcos José Pinto (2012):
..., para Lassalle, os assuntos constitucionais possuem mais a ver com os assuntos
diretamente ligados ao poder do que a assuntos jurídicos propriamente ditos.
Assim, sua análise trata da Constituição como sendo, mais do que uma relação jurí-
dica, uma relação de poder, podendo-se afirmar que um texto que não se refira a tais
relações é um texto natimorto, que já nasce sem eficácia, nem durabilidade.
..., podemos notar que na história do Brasil, a maioria das Constituições sempre refle-
tiu somente os fatores de poder. Como exemplo, temos a Constituição de 1824, que
instituiu o Poder Moderador, o qual concedia amplos e quase que totais poderes ao
Imperador, mas possuía rol pequeno de direitos individuais. A Constituição de 1937
foi uma clara demonstração de que uma Carta Política elaborada somente com base
nos fatores reais de poder não é eficaz. Isso porque a Carta Magna de 1937 somente
refletia os interesses do Estado Novo, ditadura imposta por Getúlio Vargas, já que
seu texto possuía caráter claramente fascista e autoritário, com desrespeito comple-
to à tripartição dos poderes, tendo ainda, instituído a pena de morte para os crimes
políticos. Não estava assente com a vontade popular. Privilegiava o poder de uma
pessoa, o Presidente da República, em detrimento de toda a população. Não exprimia
a vontade popular e não possuía o reconhecimento de preservação dos direitos fun-
damentais em seu bojo.
capítulo 2 • 35
Como resultado, tal Constituição nunca chegou a viger, uma vez que dependia de um
plebiscito que jamais ocorreu. Foi substituída com a queda do Estado Novo, e a con-
sequente queda de seu maior fator de poder (o próprio Presidente Getúlio Vargas),
pela Constituição de 1946, de caráter democrático. Outro exemplo de Constituição
baseada somente nos fatores de poder é a Carta de 1967, instituída pelo Governo da
Ditadura Militar. Não é preciso mencionar que a referida Constituição possuía caráter
extremamente autoritário. Assim, reforçou os poderes do governo, mais precisamente
os poderes do Presidente da República, reduziu a autonomia individual e permitiu a
suspensão de direitos e garantias constitucionais.
A referida norma não era uma Carta baseada na vontade popular, mas simplesmente
no fator de poder do momento: o regime militar. Durou somente enquanto houve a
ditadura, enquanto o regime encontrava-se no poder.
Portanto, chegamos à inevitável conclusão que as Constituições, especialmente as
outorgadas (como as CFs brasileiras de 1824, 1937 e 1967), assim como as demais
regras que regem uma sociedade, não podem ser o reflexo somente dos fatores de
poder, sob o risco de serem institutos temporários, que privilegiam a minoria e que
necessitam de modificações permanentes, ocasionando incerteza jurídica.
Desse modo, verifica-se que a Constituição, advinda do poder soberano do povo, nos
Estados Democráticos, deve trazer em seu bojo o que há de mais precioso para o
homem. Com isso, também é papel da Magna Carta positivar os direitos fundamentais
do homem, tanto na sua esfera individual como perante a coletividade.
E os direitos fundamentais constituem a chamada “força normativa da Constituição”,
36 • capítulo 2
na medida em que, ao tentar alcançar a toda a sociedade, buscam impedir que so-
mente os interesses dos fatores de poder sejam protegidos pela Constituição. Neste
sentido, e com base na breve análise histórica do item, pode-se afirmar que o que
faltou às normas que privilegiam uns poucos em detrimento da maioria foi justamente
a força normativa, que faz, ou deveria fazer valer determinados direitos para toda a
sociedade, direito e garantias “mínimas”, como saúde, educação e moradia.
Portanto, a força normativa da Constituição deve voltar-se para o lado social, deve cui-
dar dos hipossuficientes, dos menos abastados, deve garantir a igualdade jurídica de
todos, englobando-se aqui tanto o conceito de igualdade formal quanto o conceito de
igualdade material. Só através da força normativa da Constituição, capaz de proteger
as pessoas externas aos fatores de poder é que se poderá imaginar uma sociedade
mais justa e, em consequência, mais igualitária.
capítulo 2 • 37
• Carta: outorgada, imposta pelo Imperador D. Pedro I;
• Governo: Monárquico hereditário e Constitucional;
• Estado: centralizador;
• Poderes: executivo / legislativo / judiciário / moderador (imperador);
• Eleições: indiretas com sufrágio censitário (somente os ricos) votavam;
• Religião Oficial: catolicismo;
• Quanto a alterabilidade: semi-rígida;
• Observação: Declaração de Direitos e Garantias.
38 • capítulo 2
• Estado: República Federativa;
• Poderes: executivo / legislativo / judiciário;
• Eleições: voto feminino e secreto;
• Religião Oficial: laico;
• Quanto a alterabilidade: rígida;
• Observação: mandado de segurança e ação popular.
AUTOR
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capítulo 2 • 39
noticiou-se a descoberta de um plano para a tomada do poder pelos comunis-
tas, bastando isto para que o governo decretasse um golpe de estado visando
exterminar o comunismo do território nacional.
Com o golpe Getúlio Vargas tornou-se ditador, centralizando o Poder e de-
cretou o fechamento do Congresso Nacional, implantando-se um regime com
clara inspiração fascista, inicia-se o Estado Novo.
As suas principais características são:
• Nome do País: Estados Unidos do Brasil;
• Carta: outorgada;
• Governo: art 1º estabelece que é República;
• Estado: República Federativa com poderes centralizados na União;
• Poderes: executivo / legislativo / judiciário;
• Eleições: indiretas para Presidente da República com mandato de 6 anos;
• Religião Oficial: laico;
• Quanto a alterabilidade: rígida;
• Observação: não existe mais previsão para mandado de segurança e ação
popular, direito a greve. Implanta-se a pena de morte para crimes políticos e
homicídio cometido por motivo fútil. Censura prévia a imprensa.
40 • capítulo 2
• Observação: defesa da propriedade privada; assegurado o direito a greve
e livre associação sindical; garantia da opinião e de expressão; restabelecido o
mandado de segurança e ação popular; excluída a pena de morte, o banimento
e o confisco.
capítulo 2 • 41
deu: Constituição da República Federativa do Brasil, enquanto a de 1967 se chama-
va apenas Constituição do Brasil.
42 • capítulo 2
Em já tendo estudado as Constituições do Brasil, passaremos a estudar ago-
ra a importância do Direito Constitucional para o nosso cotidiano, a organiza-
ção do Estado e os Direito Fundamentais.
MULTIMÍDIA
No filme “As 7 Constituições Brasileiras” podemos observar a formação, características e a
importância de cada uma das constituições que vigoram no Brasil. O filme encontra-se no
endereço: https://www.youtube.com/watch?v=qxlI21q5mZw . Boa diversão!
capítulo 2 • 43
2.2.1 Conceito
O conceito exposto por Moraes não seria ainda o mais importante e comple-
to, mas sim o imposto pela vitória dos constitucionalistas no século XIX, citan-
do Canotilho
A Constituição Federal como lei maior deve ser observada para a criação de
todas as demais leis, decretos, portarias etc.
A natureza jurídica das constituições pode ser analisada sobre diversos aspec-
tos, segundo Moraes (2014, p. 66) dentre eles o sociológico, político e o jurídico.
44 • capítulo 2
Está relacionada ao conjunto de forças (política, econômica e religiosa) que
SOCIOLÓGICO condicionam as leis à uma sociedade.
POLÍTICO A Constituição seria produto de uma decisão política.
JURÍDICA É a principal lei para a organização do Estado.
2.2.3 Funções
2.2.4 Objeto
2.2.5 Classificação
Materiais
QUANTO AO CONTEÚDO Formais
Escritas
QUANTO À FORMA Não escritas
Dogmáticas
QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO Históricas
Promulgadas
QUANTO À ORIGEM
Outorgadas
Imutáveis
Rígidas
QUANTO À ESTABILIDADE Flexíveis
Semirrígidas
Analíticas
QUANTO À EXTENSÃO E FINALIDADE Sintéticas
capítulo 2 • 45
2.2.5.1 Quanto ao conteúdo
Material: é o conjunto de regras constitucionais esparsas, codificadas ou não
em um único documento.
Formal: o seu conteúdo normativo é expresso, estabelecido em um docu-
mento solene que contém um conjunto de regras jurídicas estruturais e organi-
zadoras dos órgãos supremos do Estado.
46 • capítulo 2
normalmente utilizado em outras espécies normativas. Exemplo: Constituição
brasileira de 1988 (Ver artigo 60 – Emendas à Constituição).
Flexível: é aquela em regra não escrita e que pode ser alterada pelo processo
legislativo ordinário, sem qualquer outra exigência ou solenidade.
Semirrígida ou semi-flexível: é aquela que pode ter algumas de suas regras
alteradas pelo processo legislativo ordinário, enquanto outras somente podem
sê-las por um processo legislativo mais solene e com maior grau de dificuldade.
capítulo 2 • 47
estabilização constitucional’, que estabelecem formas de se estabilizar a segurança
constitucional em casos de tumulto institucional do Estado. Ex.: Art. 34 (interven-
ção federal), art. 137 (estado de sítio) e art. 136 (estado de defesa)35. Por fim, os
‘elementos formais de aplicabilidade’ estabelecem regras e orientam na própria
aplicação do texto constitucional. Ex.: preâmbulo da Constituição, disposições consti-
tucionais transitórias e Art. 5o, §1o da Constituição 36.
LEITURA
Ao efetuar a leitura dos artigos 136 a 141 da Constituição Federal de 1988 você terá uma
melhor compreensão e visualização do quanto abordado.
48 • capítulo 2
A Profa. Renata Furtado de Barros, (2016, p. 28 e 29) esclarece que elas po-
dem ser de duas formas:
As normas de eficácia limitada são aquelas que não podem ser aplicadas de for-
ma imediata, a sua aplicabilidade é indireta e reduzida, havendo a necessidade
de regulamentação própria para a sua eficácia plena.
ATENÇÃO
EFICÁCIA PLENA EFICÁCIA LIMITADA EFICÁCIA CONTIDA
Aplicabilidade Imediata Aplicabilidade Mediata Aplicabilidade Imediata
Exige a necessidade de lei
Exige a necessidade de uma lei,
Não existe necessidade de lei para sua eficácia, enquanto não
porém, mesmo sem esta tem
para sua eficácia houver esta lei a norma não tem
eficácia plena
eficácia
capítulo 2 • 49
A Organização do Estado são um conjunto de dispositivos existentes na
Constituição Federal que se destinam a fixar a organização política-administra-
tiva, estabelecendo atribuições para cada ente federado: União, Estado, Distrito
Federal e Município, tratando inclusive de situações excepcionais como a inter-
venção nos entes federados, versando inclusive sobre a administração pública
e servidores públicos civis e militares, integração nacional econômica e social
das regiões.
Na Constituição Federal o assunto está abordado no Título III –
Capítulo I – Da Organização Político-Administrativo nos artigos 18 ao 43, estando
presente o pensamento de Montesquieu, definindo a separação dos Poderes de for-
ma autônoma e harmonicamente ativos, em três: Executivo, Legislativo e Judiciário.
No Título III encontramos importantes conceitos sobre a forma de criação
de novos municípios, território e estado: a criação de novos municípios é fixada
em lei estadual e dependerá de consulta prévia às populações envolvidas, após
a divulgação de um estudo de viabilidade; os territórios pertencem à União,
sendo sua criação, transformação em estado ou reintegração depende de lei
complementar; e a criação de novos estados realizar-se-á através de um plebis-
cito específico para esta finalidade ou por lei complementar, cuja aprovação
deverá ser feita pela maioria absoluta do Congresso Nacional.
O Estado brasileiro está organizado na forma de um governo Republicano,
sistema Presidencialista e em estados Federados, sendo indissolúvel a sua
constituição conforme previsto no artigo da Constituição Federal de 1988.
AUTOR
50 • capítulo 2
2.5.1 A Federação
2.5.2 A União
capítulo 2 • 51
O artigo 24 da Constituição Federal a competência concorrente da União,
Estados e Distrito Federal para legislar sobre determinadas matérias, tais
como: produção e consumo, proteção do patrimônio histórico, assistência jurí-
dica e Defensoria Pública dentre outras.
CONCEITO
Competência concorrente está nos limites de autorização legislativa que o Estado e o Distrito
Federal possuem para legislar sobre questões específicas ou plenamente na ausência de
legislação federal.
2.5.4 O Estado
52 • capítulo 2
interesse geral, e, portanto, da União e por possuírem competências legislati-
vas e não-legislativas próprias, conforme o previsto no artigo 25, parágrafo 1º
da Constituição Federal.
Os artigos 25 a 28 da Constituição Federal trata dos estados federados.
2.5.5 O Município
capítulo 2 • 53
Os direitos fundamentais são a única estrada para alcançar os objetivos da
República, estabelecidos no art. 3º da Constituição. Não é possível construir
uma sociedade livre, justa e solidária (inciso I), por exemplo, sem respeito aos
direitos fundamentais.
54 • capítulo 2
LIBERDADE IGUALDADE FRATERNIDADE
DISPONIBILIDADE Disponíveis Indisponíveis Indisponíveis
Estado de Bem-Es- Estado socialdemocrata
MODELO DE ESTADO Estado Mínimo tar Social ou Estado ou Estado Social e De-
Socialdemocrata mocrático de Direito
capítulo 2 • 55
outros grupos sociais devem ser solidários e fraternos, acolhendo as minorias.
Por isto se criam direitos como as cotas raciais, bem como a proteção às mu-
lheres e aos homossexuais. Isto se fez punindo os crimes de racismo e violência
contra a mulher (o que já acontece no Brasil) e também o de homofobia (que
ainda não foi regulamentado em nosso país), além de reconhecer o direito das
mulheres interromperem livremente a gestação até o terceiro mês (comum em
toda a Europa e Estados Unidos, mas ainda restrito no Brasil).
56 • capítulo 2
personalizados como os espólios (bens, créditos, direitos e deveres que antes
eram de uma pessoa falecida) também são titulares de alguns direitos.
Além destes sujeitos individuais, também os grupos de pessoas têm direitos
(coletivos, como o direito de reunião) e até mesmo a sociedade como um todo
tem seus direitos (chamados direitos difusos, como o direito ao meio ambien-
te equilibrado).
LEITURA
Os direitos e as garantias fundamentais trabalhadas neste tópico estão previstas no Artigo
5º da Constituição Federal de 1988, cabendo a sua leitura para ampliação dos horizontes
aqui estudados.
ATIVIDADES
Ao responder os questionamentos que estão sendo feitos, você estará fixando melhor o
conteúdo trabalhado nesta aula. Boa sorte.
01. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberda-
de, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes
a) Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei
ou ordem de autoridade administrativa;
capítulo 2 • 57
b) São gratuitos a todos os brasileiros, na forma da lei, os registros civis;
c) É assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
d) É livre a manifestação do pensamento, não sendo vedado o anonimato;
e) Não haverá em hipótese alguma prisão civil por dívida.
04. Assinale a alternativa falsa com relação aos direitos e deveres individuais e coletivos.
a) Ninguém poderá ser submetido à tortura, mesmo se soldados de exercícios rivais, em
casos de guerra declarada;
b) A manifestação do pensamento é livre, desde que não aja a pessoa no anonimato;
c) Cabe censura, dos órgãos competentes, a expressão da atividade intelectual, artística,
científica e de comunicação, para que não ocorram em desacordo com os princípios e
garantias estabelecidas nessa Constituição;
d) Somente em virtude de lei, uma pessoa poderá ser obrigada a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, Renata Furtado de. Direito Constitucional I. 1º ed. Rio de Janeiro: SESES, 2016.
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 23ª ed. São Paulo: Malheiros. 2008.
HORTA, Raul Machado. Direito Constitucional. 5º ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2010.
MASCARENHAS, Paulo. Manual de Direito Constitucional. Paulo Mascarenhas. São Salvador-BA:
mar. 2008. Disponível em: <http://www.paulomascarenhas.com.br/manual_de_direito_constitucional.
pdf>. Acesso em: 24/03/2016
58 • capítulo 2
PINTO, Marcos José . Um breve histórico sobre as Constituições Brasileiras. Conteúdo
Juridico, Brasilia-DF: 15 mar. 2012. Disponível em:< http://www.conteudojuridico.com.
br/?artigos&ver=2.36050&seo=1>. Acesso em: 24 mar. 2016.
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso De Direito Constitucional. 6ª ed.
rev. e atual. São Paulo: Saraiva. 2011.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 28º ed. São Paulo: Atlas, 2012.
MORAES, Guilherme Peña de. Curso de Direito Constitucional. 6ª ed. São Paulo: Atlas. 2014.
MOTTA FILHO, Sylvio Clemente da. Curso de Direito Constitucional / Sylvio Motta e Gustavo
Barchet. 2ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
MOTTA FILHO, Sylvio Clemente da. Direito Constitucional: teoria, jurisprudência e 1.000 questões /
Sylvio Motta. 18º ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.
PINTO, Marcos José . Um breve histórico sobre as Constituições Brasileiras. Conteudo
Juridico, Brasilia-DF: 15 mar. 2012. Disponivel em: <http://www.conteudojuridico.com.
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SILVA NETO, Manoel Jorge. Curso de Direito Constitucional. 6ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris.
2010.
TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 12ª ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva.
2014.
VILLA, Marco Antônio. A História das Constituições Brasileiras. 1ª impressão. São Paulo: Leya.
2011.
capítulo 2 • 59
60 • capítulo 2
3
Direito Civil
3. Direito Civil
Nos capítulos anteriores estudamos o conceito de direito e sua amplitude para
a pacífica convivência do ser humano, abrangência da norma jurídica e as prin-
cipais divisões do direito; passando ao estudo da lei maior em nosso país que é
a Constituição Federal sua história e as garantias e direitos fundamentais em
sua plenitude.
Ao reconhecermos a existência do direito público, que trata das questões
envolvendo o Estado, e o direito privado, que trata das questões envolvendo
pessoas físicas e jurídicas privadas, passaremos a estudar os principais ramos,
a iniciar pelo Direito Civil, que é o mais abrangente e com isto iremos destacar
o negócio jurídico e as questões relacionadas a responsabilidade civil.
62 • capítulo 3
responder a um direito público que cada vez mais, invade a esfera privada, in-
terferindo entre as relações firmadas entre dois indivíduos.
CONCEITO
O Direito Civil pode ser conceituado como o ramo do direito que disciplina todas as relações
jurídicas da pessoa, seja uma com as outras (físicas e jurídicas), envolvendo relações familia-
res e obrigacionais, seja com as coisas (propriedade e posse), segundo Pablo Stolze (2015,
p. 77)
capítulo 3 • 63
Por fim, sendo o direito civil a excelência do direito privado, abrange as
relações entre pessoas (naturais ou jurídicas), bens patrimoniais ou não, dos
negócios e obrigações jurídicas, das empresas e principalmente das relações
familiares, porém, para delimitar o nosso estudo vamos apenas nos limitar ao
estudo dos negócios jurídicos.
3.2.1 Conceito
Ao iniciarmos o nosso estudo, observamos que o ato jurídico é toda ação decor-
rentes da vontade do ser humano, “e que essa vontade humana pode ser exte-
riorizada no sentido de aderir a efeitos jurídicos concretos previstos na norma
jurídica ou pode ser dirigida à criação de concretos efeitos jurídicos” como es-
clarece FARIAS E ROSENVALD (2015, p. 501).
O negócio jurídico por ser oriundo da autonomia da vontade do ser huma-
no, é um acordo de vontade das partes, da autonomia privada do particular que
busca regular os seus interesses específicos, gerando obrigações e direitos.
64 • capítulo 3
É bom esclarecer que a autonomia da vontade, está vinculada a personali-
dade humana que está sempre sublinhada como valor jurídico impossível de
redução, recebendo proteção eficaz e efetiva da nossa legislação, é o elemento
propulsor do ato jurídico/negocial, certos que sem ela o mesmo não existe.
O outro ponto que deve ser observado no conceito de negócio jurídico é a
autonomia privada das partes relacionada a capacidade das partes de pode-
rem livremente contratar, porém, sofre restrições decorrentes das normas de
ordem pública, que prevalecem sobre as particulares.
Em observando-se tal circunstância podemos estabelecer que o negócio ju-
rídico é muito mais amplo do que o ato jurídico, na qual a vontade das partes é
apenas para aderir aos efeitos previstos.
Neste sentido, podemos estabelecer que o melhor conceito de Negócio
Jurídico é aquele exposto por Antônio Junqueira de Azevedo citado por FARIAS
E ROSENVALD (2015, 502):
CONCEITO
“Todo fato jurídico consistente na declaração de vontade, a que o ordenamento jurídico atribui
os efeitos designados como queridos, respeitados os pressupostos de existência, validade e
eficácia impostos pela norma jurídica que sobre ele incide.”
3.2.2 Classificação
capítulo 3 • 65
doação simples); neutro (quando não existe expressão econômica envolvida,
ex.: gestão em útero alheio) e bifronte (quando pode ser oneroso ou gratuito a
depender da vontade das partes, ex.: contrato de depósito);
IV. Forma: formal (quando existe procedimentos obrigatórios a serem se-
guidos, caso contrário se tornará nulo, ex.: contrato de casamento) e informal
(quando não existe nenhum procedimento especial e sua forma é livre, ex.: con-
trato de empréstimo);
COMENTÁRIO
1. Contrato de Depósito: é aquele no qual alguém entrega um determinado objeto para
ser guardado por terceiro, de forma gratuita ou onerosa, responsabilizando este pela conser-
vação e guarda do objeto;
2. Contrato de Fiança: é aquela na qual alguém (fiador) garante que a quitação da obri-
gação por parte de afiançado. Este tipo de contrato não se aplica para títulos de crédito
(cheque, duplicatas, nota promissórias);
3. Contrato de Doação Simples: é aquele contrato no qual alguém recebe um determi-
nado patrimônio, sem nenhum ônus, ou seja, praticar qualquer tipo de ação;
66 • capítulo 3
3.2.3 Dos Planos do Negócio Jurídico
capítulo 3 • 67
Neste plano teremos a qualificação dos elementos que compõem o plano
de existência do negócio jurídico, a partir da leitura do artigo 104 do Código
Civil Brasileiro:
I. Agente capaz;
II. Objeto lítico, possível, determinado e determinável;
III. Forma adequada, podendo ser livre ou de acordo com a lei;
IV. Vontade exteriorizada conscientemente, livre e desembaraçada;
68 • capítulo 3
E, concluindo o estudo da nulidade do negócio jurídico, somente através
de uma decisão judicial meramente declaratória de que não surtira o efeito o
negócio jurídico poderá ser reconhecido a sua nulidade.
Por fim, temos os negócios jurídicos que poderão ter reconhecidos a sua
anulabilidade em virtude de vícios de natureza privada, que afetam exclusiva-
mente particulares e não o interesse público.
Os atos anuláveis permitem a sua confirmação pelo interessado de forma
expressa ou tácita, porém, sempre resguardando os direitos de terceiros que
poderão sofrer as consequências deste saneamento.
Os efeitos destes atos ou negócios jurídicos anuláveis persistirão até que
uma decisão judicial os interrompa.
No mesmo sentido dos negócios jurídicos nulos, os Profs. Cristiano Chaves
de Farias e Nelson Rosenvald (2015, p. 528) organiza as características das anu-
labilidades da seguinte forma:
I. O negócio existe e gera efeitos concretos até que sobrevenha a declara-
ção de invalidação;
II. Somente a pessoa juridicamente interessada poderá promover a anula-
ção negocial;
III. Admite ratificação;
IV. Submete-se aos prazos prescricionais;
V. O juiz não pode conhecer a anulabilidade de ofício, nem o Ministério
Público pode suscitá-la.
capítulo 3 • 69
3.2.3.3 Plano da Eficácia
E, para concluir temos o plano da eficácia do negócio jurídico, já que reconhe-
cida a sua existência e validade.
No plano de eficácia não se vislumbra somente a eficácia jurídica do negó-
cio, mas sim, se os efeitos pretendidos pelas partes se manifestaram como pre-
tendido, ou seja, de forma imediata, porém, admite-se que o negócio jurídico
poderá gerar uma eficácia pendente ou temporária.
Nesta situação surgem determinados fatores como elementos acidentais,
extrínsecos do negócio dele não participando, mas contribuindo efetivamente
para o resultado desejado.
Os elementos acidentais do negócio jurídico são:
I. Condição: o negócio jurídico terá a sua eficácia se um determinado
evento acontecer no futuro.
II. Termo: é o dia no qual começa ou extingue-se a eficácia do negó-
cio jurídico;
III. Modo ou encargo: é a imposição de uma obrigação ao beneficiário de
um ato gratuito.
LEITURA
Código Civil Brasileiro
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
...e
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
I – celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II – for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III – o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV – não revestir a forma prescrita em lei;
V – for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
70 • capítulo 3
VI – tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII – a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
...
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido na
substância e na forma.
...
3.2.4 Os Defeitos
capítulo 3 • 71
3.2.4.2 Dolo
O dolo pode ser considerado aquele defeito no qual a pessoa é induzida a se
equivocar em face das manobras ardilosas e maliciosas realizadas por outra. O
sujeito que o declara é enganado. O dolo poderá ser principal é aquele que dá
causa ao negócio jurídico ou acidental é aquele que não impede da parte rea-
lizar o negócio, não servindo para anulação do negócio jurídico, mas apenas a
indenização por perdas e danos.
As características do dolo nos moldes do ensinamento de Cristiano Chaves
de Farias (2015, p. 549), são:
I. Finalidade de conduzir à prática do outro;
II. Gravidade dos artifícios utilizados;
III. Ser a causa determinante da declaração de vontade, viciando-a;
IV. Ser realizado pela outra parte do negócio ou seu procurador e, se reali-
zado por terceiro, que a parte contrária, a quem o dolo aproveite, tenha ciência
dele ou devesse ter.
3.2.4.3 Coação
A coação é toda e qualquer pressão física ou moral externa sofrida por alguém,
que em virtude de tal ação pratica um determinado negócio jurídico contra a
sua livre vontade (interna e livre), tornando-o defeituoso.
Ao analisarmos a formação da coação e tomando por base o ensinamento
do Prof. Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2015, p. 551), podemos
estabelecer que são requisitos:
I. Que o ato ameaçado seja injusto;
II. Nexo causal entre a coação e o ato extorquido;
III. Iminência ou atualidade;
IV. Seriedade;
V. Gravidade;
E, deve ser salientado que não haverá coação naqueles casos em que a coa-
ção a ameaça de exercício regular do direito e o termo reverencial, conforme
explicita o art. 153 do Código Civil Brasileiro. Ex.: credor que ameaça protestar
título que não fora pago.
72 • capítulo 3
3.2.4.4 Lesão
A lesão pode ser considerada um prejuízo resultante da exagerada despropor-
ção das prestações existentes nos negócios jurídicos assumidos, ou, conforme
ensina Gagliano (2015, p. 410) é “o prejuízo resultante da desproporção existen-
te entre as prestações de um determinado negócio jurídico, em face do abuso da
inexperiência, necessidade econômica ou leviandade de um dos declarantes”.
O beneficiário abusa de um dolo de aproveitamento, que nada mais do que
a vantagem obtida exageradamente da hipossuficiência do lesado, e neste sen-
tido Gagliano (2015, p 414) cita SILVIO RODRIGUES que discorre das caracte-
rísticas gerais da lesão:
a) A lesão só é admissível nos contratos comutativos, porquanto nestes há
uma presunção de equivalência entre as prestações; por conseguinte, ela não se
compreende nos ajustes aleatórios onde, por definição mesmo, as prestações
podem apresentar considerável desequilíbrio.
b) A desproporção entre as prestações deve se verificar no momento do
contrato e não posteriormente. Pois, se naquele instante não houver disparida-
de entre os valores, inocorreu lesão.
c) A desproporção deve ser considerável. Aliás, a Lei Segunda falava em
diferença superior à metade do preço verdadeiro.
capítulo 3 • 73
LEITURA
Código Civil Brasileiro
Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o sim-
ples temor reverencial.
...
Art. 156. Configura-se o estado de perito quando alguém, premido da necessidade de salvar-
se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação
excessivamente onerosa.
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz deci-
dirá segundo as circunstâncias.
...
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiên-
cia, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
§ 1º Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em
que foi celebrado o negócio jurídico.
§ 2º Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se
a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
...
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
I – por incapacidade relativa do agente;
II – por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
74 • capítulo 3
a) Ação humana omissiva ou comissiva;
b) Contrariedade ao direito ou ilicitude;
c) Prejuízo material ou moral.
LEITURA
Código Civil Brasileiro
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direi-
to e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exrcê-lo, excede ma-
nifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos
bons costumes.
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I – os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II – a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover pe-
rigo iminente;
capítulo 3 • 75
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias
o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a
remoção do perigo.
ATENÇÃO
Negligência: a pessoa age sem tomar os devidos cuidados para a situação.
Imprudência: ação precipitada sem cautela, estando habilitado a executá-la.
Imperícia: executa ação que não estava qualificado.
CONCEITO
O termo responsabilidade é originário do latin “respondere”, que significa que quando uma
pessoa provoca um dano a terceiro por uma ação ou omissão, tem a obrigação de responder,
assumindo integralmente as consequências do dano causado, trazendo com isto um equilí-
brio, onde a parte lesada retornaria ao seu estado anterior.
76 • capítulo 3
3.4.1 Pressupostos da Responsabilidade Civil
EXEMPLO
Tibério discutiu com Dionízio, em decorrência desta discussão Tibério foi ferido. Sostenes
amigo de Tibério o socorre levando-o ao hospital. Ao dirigir-se para hospital em alta veloci-
dade o veículo que estavam capota e Tibério vem a falecer.
Pergunta-se: A morte de Tibério está relacionada com os ferimentos sofridos com a dis-
cussão com Dionízio? Não. Dionízio responderá tão somente pelos ferimentos sofridos por
Tibério antes do acidente, já que seu comportamento não está relacionado ao acidente.
capítulo 3 • 77
anteriormente) tendo em vista que a ação prática não se considera um ato ilíci-
to: legítima defesa ou exercício regular de um direito.
Portanto, para que seja imputada a responsabilidade de indenizar ou re-
parar o dano sofrido deverá existir os seguintes pressupostos: ação ou omis-
são e imputabilidade do agente, dano material ou imaterial e o nexo causal e
suas excludentes.
AUTOR
Imputabilidade significa atribuir a alguém a responsabilidade por uma infração. O artigo 26 do
Código Civil define imputabilidade como sendo a capacidade do agente de entender o cará-
ter ilícito do fato por ele perpetrado ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
RESUMO
Em análise do texto e do artigo 186 do Código Civil Brasileiro, podemos estabelecer como
pressupostos essenciais da responsabilidade civil:
a) Ação ou omissão do agente;
b) Culpa ou dolo do agente;
c) Relação de causalidade (nexo causal);
d) O dano experimentado pela vítima.
78 • capítulo 3
O compromisso assumido pelas partes deverá ser honrado, porém, nos ca-
sos de inadimplemento da obrigação firmada, este causará um dano que deve-
rá ser ressarcida.
EXEMPLO
No contrato de compra e venda firmado A quer vender e B quer comprar, se B paga e não
recebe o produto adquirido, temos um inadimplemento por parte de A, que não entregou o
objeto da compra e venda. Não havendo necessidade de maiores provas para demonstrar o
prejuízo causado, qual seja, a não entrega do bem adquirido por B que de direito.
EXEMPLO
O exemplo clássico da responsabilidade civil extracontratual é o acidente de trânsito no
qual aquele que bate em outro veículo provocando danos e consequentemente prejuízos
para o dono do outro veículo, fica obrigado a pagar o concerto, com a finalidade de reparar
o dano causado.
capítulo 3 • 79
No decorrer das relações, a doutrina e a jurisprudência entenderam que
este modelo de responsabilidade civil subjetiva não era suficiente para solucio-
nar as demandas existentes.
O declínio da responsabilidade civil deu-se em virtude da evolução das rela-
ções de consumo, no qual o consumidor era a parte mais frágil da relação e não
tinha condições de provar a culpa do fornecedor ou fabricante, tendo em vista
que estes detinham a maioria das provas.
Neste contexto, surgiu a responsabilidade civil objetiva que é imposta pela
nossa legislação em determinadas situações, a reparação de um dano sofrido
pela vítima, independentemente da existência de culpa ou dolo.
No ordenamento jurídico surgiram inúmeras teorias para fundamentar a
responsabilidade objetiva, mas a principal delas é a Teoria do Risco que estabe-
lece que “toda pessoa que exerce alguma atividade cria um risco de dano para
terceiros e deve ser obrigada a repará-lo, ainda que sua conduta seja isenta da
culpa” (Gonçalves, 2014, p. 55).
RESUMO
Responsabilidade Subjetiva: fundamenta-se na ideia de culpa. A prova da culpa do agente
causador do dano sofrido pela vítima é pressuposto do dano indenizável.
Responsabilidade Objetiva: independentemente de culpa. Indispensável é a relação de
causalidade entre a ação e o dano sofrido pela vítima.
3.5.1 Prescrição
O Código Civil Brasileiro trata do tema em seu artigo 190 onde estabelece que
em havendo a violação de um direito, surge o direito que o titular tem na pre-
80 • capítulo 3
tensão da reparação desta violação, observando-se os prazos previstos nos art.
205 e 206 transcritos.
O melhor e mais claro conceito é o fixado por Clóvis Beviláqua citado por
GONÇALVES (2015, P. 517) que conceitua a prescrição como sendo “a perda da
ação atribuída a um direito, e de toda a sua capacidade defensiva, em conse-
quência do não uso dela, durante determinado espaço de tempo”.
Porém, existem determinadas violações de direitos que são imprescritíveis,
ou seja, pode-se buscar a reparação dos danos sofridos pela violação destes di-
reitos a qualquer tempo, que são:
a) Direitos da Personalidade: direito à vida, à honra, à liberdade, à integri-
dade física ou moral, à imagem, ao nome etc.
b) Estado das Pessoas: filiação, qualidade de cidadania e condi-
ção conjugal;
c) Bens Públicos;
d) Direito de Propriedade que é perpétuo;
e) Direito de Reaver Bens Confiados á guarde de outrem;
EXEMPLO
Paulo é credor de Joana de uma dívida já vencida e exigível, estando em curso o prazo
prescricional (para se formular a pretensão condenatória, via ação de cobrança) de dez anos.
Cinco anos após a data de vencimento da dívida, casam-se, por força do qual o prazo pres-
cricional ficará suspenso até o divórcio. No caso, decretado divórcio, o prazo prescricional
continuará a correr, computados os cinco anos transcorridos, até que o credor atue ou seja
atingido o limite máximo da prescrição. Se, todavia, Joana, respeitado o regime de separação
de bens, contrai a dívida perante Paulo, no curso do casamento, o prazo prescricional ficará
impedido de correr até a dissolução da sociedade conjugal.
capítulo 3 • 81
3.5.2 Decadência
3.5.3 Características
PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA
A prescrição é um instituto de interesse privado; É de interesse público;
É renunciável, tácita ou expressamente; Não admite renúncia;
Os prazos prescricionais não podem ser modifi- Pode ser conhecida a qualquer tempo ou grau de
cados pela vontade das partes; jurisdição;
Pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, Os prazos decadenciais não admitem suspensão
pela parte a quem aproveita; e interrupção;
Admissibilidade de suspensão e interrupção do
O Juiz deve conhecer de ofício;
prazo prescricional;
Pode ser conhecida pelo juiz de ofício.
82 • capítulo 3
não buscou pelas vias apropriadas o direito que tinha em virtude de determina-
da ação ou omissão, dentro de um prazo fixado legalmente.
Sendo assim, temos na prescrição a perda do direito e na decadência a per-
da do exercício deste direito.
LEITURA
O texto sobre decadência e prescrição deve ser estudado juntamente com a leitura do texto
legal, sugerindo a leitura dos artigos 189 ao 211 do Código Civil Brasileiro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CURIA, Luiz Roberto e RODRIGUES, Thaís de Camargo. Direito Civil: parte geral / obra coletiva. São
Paulo: Saraiva, 2015.
FARIAS, Cristiano Chaves de, ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil. Vol. 1. 13ª ed. São Paulo:
Atlas, 2015.
FIUZA, César, Direito Civil. Curso Completo. Volume único. 15ª Ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2012.
GAGLIANO, Pablo Stolze, PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil – Parte Geral.
Vol. 1. 17ª ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro – Parte Geral. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2015.
__________. Direito Civil 3 – Responsabilidade Civil – Direito de Família – Direito das Sucessões.
Coordenador Pedro Lenza. São Paulo: Saraiva, 2014.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito Civil – Vol. 1. Introdução ao Direito Civil e
Teoria Geral do Direito Civil. 24ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002.
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2007.
capítulo 3 • 83
84 • capítulo 3
4
Direito do Trabalho
4. Direito do Trabalho
Nos capítulos anteriores estudamos o conceito de direito e sua amplitude para
a pacífica convivência do ser humano, abrangência da norma jurídica e as prin-
cipais divisões do direito; passando a estudar os principais ramos do direito,
estudo este que iniciou pelo Direito Constitucional e posteriormente pelo Di-
reito Civil.
Neste capítulo vamos estudar a importância do Direito do Trabalho e suas
repercussões em nossas vidas, além dos conceitos fundamentais que discipli-
nam a matéria.
86 • capítulo 4
Figura 4.1 –
Figura 4.2 –
capítulo 4 • 87
inicialmente pelos Mestres e Aprendizes, que deviam obediência aos mestres
e certos que ao final do seu aprendizado poderiam se tornar companheiro, po-
rém, se mantinha vinculado ao mestre, até que se tornassem mestres através de
uma prova. Os companheiros surgiram nas corporações, somente a partir do
Século XIV.
Figura 4.3 –
88 • capítulo 4
O trabalho do homem passou a ser substituído pelo trabalho da mulher e
do menor que possuía um custo economicamente inferior e trabalhavam na
mesma jornada de trabalho, ou seja, 16 horas, ou mais, diárias.
Neste cenário, surge no Século XIX o direito do trabalho como produto da
reação a crescente exploração sem limites da mão de obra humana para o tra-
balho, e suas duas ramificações: individual e coletivo.
O direito do trabalho individual preocupa-se com a proteção concreta dos
direitos sociais do trabalhador e o direito do trabalho coletivo tem a preocu-
pação abstrata e geral de proteção dos interesses do grupo de trabalhadores
(categoria) ou de empresários (CASSAR, 2011, p. 15).
©© WIKIMEDIA.ORG
©© WIKIMEDIA.ORG
©© WIKIMEDIA.ORG
Figura 4.4 –
capítulo 4 • 89
4.1.2 A Evolução Histórica do Direito do Trabalho
90 • capítulo 4
ATENÇÃO
1871 – Lei do Ventre Livre: todas as crianças nascidas de ventre de escrava já não eram
mais escravos;
1885 – Lei Saraiba Cotegibe: libertou os escravos com mais de 60 anos depois que cum-
prissem mais de três anos de trabalho espontâneo;
1888 – Lei Áurea: libertou os escravos, abolindo a escravatura.
Nos anos que se passaram inúmeras outras leis foram publicadas, estabe-
lecendo dentre outros direitos: férias anuais remuneradas de 15 dias para os
ferroviários (1890), liberdade de associação (1891), primeira norma sobre sindi-
calização (1903), locação de serviços (1916), instituição do Conselho Nacional
do Trabalho (1923), férias de 15 dias úteis para todos os trabalhadores (1925).
No ano de 1930 com a posse como Presidente da República o Sr. Getúlio
Vargas, foi criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, havendo
a partir de então uma evolução significativa da legislação, tanto trabalhista
como previdenciária.
Nos anos de 1931 regulamentou a organização sindical e em 1932 foi criada
as Juntas de Conciliação e Julgamento destinadas a apreciar os litígios existen-
tes entre empregados e empregadores.
A primeira Constituição Federal a tratar sobre direitos trabalhistas foi a
de 1934 que abordou nos art. 120 e 121 questões tais como: o salário mínimo,
jornada de oito horas, férias, repouso semanal não remunerada, pluralidade
sindical, indenização por despedida imotivada, criação da Justiça do Trabalho.
A Constituição de 1937 outorgada por Getúlio Vargas manteve os direitos
trabalhistas individuais são consagrados na carta de 1934 e garantiu direitos
coletivos como: reconhecimento dos sindicatos, imposição da contribuição
sindical e a unicidade sindical, previsão para o contrato coletivo de trabalho. A
greve e o lockout foram consideradas recursos antissociais.
As demais Cartas Constitucionais também reconheceram inúmeros direi-
tos trabalhistas individuais e coletivas, sendo que a Constituição Federal de 05
de outubro de 1988 a mais avançada e conhecida como a “Constituição Cidadã”.
capítulo 4 • 91
CURIOSIDADE
Constituição outorgada: é aquela imposta pelo executivo, não existindo a participa-
ção popular;
Constituição promulgada: é aquela elaborada pelo povo, através de seus representantes
eleitos pelo voto;
Lockout: é uma forma de greve patronal, ou seja, o patrão faz greve; na atualidade não mais
é permitido.
CONCEITO
O Direito do Trabalho é um sistema jurídico permeado por institutos, valões, regras e prin-
cípios dirigidos aos trabalhadores subordinados e assemelhados, aos empregadores, em-
presas coligadas, tomadores de serviço, para tutela do contrato mínimo de trabalho, das
obrigações decorrentes das relações de trabalho, das medidas que visam à proteção da
sociedade trabalhadora, sempre norteadas pelos princípios constitucionais, principalmente o
da dignidade da pessoa humana. Também é recheado de normas destinadas aos sindicatos
e associações representativas; à atenuação e forma de solução dos conflitos individuais,
coletivos e difusos, existentes entre capital e trabalho; à estabilização da economia social e à
melhoria da condição social de todos os relacionados. (CASSAR, 2011, p. 5)
MULTIMÍDIA
Neste vídeo “A Relação de Trabalho no Brasil”, disponível no Youtube através do link: https://
www.youtube.com/watch?v=GeKs6rjffA0, veremos a evolução do trabalho em nosso País e
vamos debater com os colegas os fatos narrados.
92 • capítulo 4
tema; o princípio está associado, às proposições ou verdades fundamentais por
onde se estudam as ciências ou artes, e as normas fundamentais que regem o
pensamento e a conduta.
Neste sentido, para o direito do trabalho possuímos os seguintes princípios:
1. Princípio da Proteção;
2. Princípio da Irrenunciabilidade de Direitos;
3. Princípio da Continuidade da Relação de Emprego;
4. Princípio da Primazia da Realidade;
5. Princípio da Inalterabilidade Contratual;
6. Princípio da Intangibilidade Salarial.
capítulo 4 • 93
4.2.1.3 Princípio da Condição mais Benéfica
O princípio da norma mais benéfica prevê que as condições mais vantajosas es-
tipuladas no contrato de trabalho ou no regulamento da empresa, terão prefe-
rência independentemente da edição de norma superveniente dispondo sobre
a mesma matéria, como ensina SARAIVA e SOUTO (2014, P. 34).
O Tribunal Superior do Trabalho estabeleceu que as cláusulas das nor-
mas coletivas (convenções ou acordos) integram o contrato individual do tra-
balho, podendo ser modificada ou suprimida mediante negociação coletiva
do trabalho.
LEITURA
Súmula 277. Convenção Coletiva de trabalho ou acordo coletivo de trabalho. Eficácia. Ul-
tratividade – (redação alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) – As
cláusulas normativas dos acordos coletivos ou convenções coletivas integram os contratos
individuais de trabalho e somente poderão ser modificadas ou suprimidas mediante negocia-
ção coletiva de trabalho.
“Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir
ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação”.
94 • capítulo 4
4.2.3 Princípio da Continuidade da Relação de Emprego
Art. 468. Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas
condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou
indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente
desta garantia.
capítulo 4 • 95
Parágrafo único - Não se considera alteração unilateral a determinação do emprega-
dor para que o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupa-
do, deixando o exercício de função de confiança.
Por oportuno, deve ser frisado que podem ocorrer pequenas alterações e
não caberia a anuência da parte, alterações estas originárias do poder diretivo
do empregador, mas, deve ser observado para sua validade, a ausência de pre-
juízo ao trabalhador.
Em Roma a atividade produtiva não era realizada por homens livres, mas sim,
por escravos, o que gerou inúmeros preconceitos. O preconceito gerado com
relação ao trabalho provocou um equívoco jurídico com relação ao trabalho dos
não escravos.
O trabalho das pessoas não escravas era denominado de locação, ou seja,
nas palavras de GOMES e GOTTSCHALK (2012, p. 119) se prometia, por certa
paga, uma coisa para fruir, um serviço para prestar, uma obra para fazer, e desta
forma, este contrato poderia ser apresentado em três formas distintas:
I. Locatio rei: umas das partes se obriga a conceder a outra o uso e gozo
de uma coisa, em troca de certa retribuição;
II. Locatio operarum: é a realização de uma atividade única, específica.
Ex.: cuidar de uma casa, cultivar um campo.
III. Locatio operis faciendi: ao contrário do operarum, neste é levado em
consideração a realização de uma coisa por inteiro. Ex.: construir uma casa.
96 • capítulo 4
4.3.1 Conceito
CONCEITO
“É um negócio jurídico expresso ou tácito mediante o qual uma pessoa natural obriga-se,
perante pessoa natural, jurídica ou ente despersonificado, a uma prestação pessoal, não
eventual, subordinada e onerosa de serviços.”
Nos artigos 442 e 443 da CLT poderemos observar que são o funda-
mento do conceito para o contrato individual do trabalho e as suas formas
de exteriorização.
capítulo 4 • 97
ATENÇÃO
Art. 442 - Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à
relação de emprego.
Parágrafo único - Qualquer que seja o ramo de atividade da sociedade cooperativa, não
existe vínculo empregatício entre ela e seus associados, nem entre estes e os tomadores de
serviços daquela.
Art. 442 - A. Para fins de contratação, o empregador não exigirá do candidato a emprego
comprovação de experiência prévia por tempo superior a 6 (seis) meses no mesmo tipo de
atividade.
Art. 443 - O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente,
verbalmente ou por escrito e por prazo determinado ou indeterminado.
§ 1º - Considera-se como de prazo determinado o contrato de trabalho cuja vigência depen-
da de termo prefixado ou da execução de serviços especificados ou ainda da realização de
certo acontecimento suscetível de previsão aproximada.
§ 2º - O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando:
a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo;
b) de atividades empresariais de caráter transitório;
c) de contrato de experiência;
CONEXÃO
A íntegra da Consolidação as Leis do Trabalho – CLT poderá ser obtida acessando o site
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm, com as devidas altera-
ções ocorridas.
98 • capítulo 4
4.3.2.1 Empregado
O conceito de empregado em um sentido mais amplo da terminologia, é aque-
le trabalhador que se encontra pregado na empresa, o que é utilizado por ela,
MARTINS (2011, P. 139), nota-se que o empregado é parte da relação de empre-
go e não o seu objeto.
O art. 3º da CLT estabelece o melhor conceito de empregado como sendo
“toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual e emprega-
dor, sob a dependência deste e mediante salário”, portanto, deve estar presen-
te a subordinação, continuidade e onerosidade características que veremos
mais adiante.
O trabalhador poderá ser considerado urbano que é aquele que desenvolve
suas atividades laborativas na região considerada urbana, podendo ser: em-
pregado em domicílio (trabalhado artesanal), aprendiz (menor de 16 anos),
doméstico (trabalho em residência), trabalhador especial (avulso, temporário,
autônomo, eventual, voluntário, estagiário, diretor);
O trabalhador rural é aquele que se dedica, em região rural, a tarefas agríco-
las ou artesanais ou a serviços similares, compreendendo não só os assalaria-
dos, mas também aquelas pessoas que trabalham por conta própria como os
arrendatários, parceiros e pequenos proprietários.
4.3.2.2 Empregador
A Consolidação das Leis do Trabalho em seu art. 2º estabelece que empregador
é a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade eco-
nômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço, equiparan-
do-se os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações
recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalha-
dores como empregados.
No tocante ao empregador é importante frisar que a lei autoriza a plena mo-
dificação do sujeito passivo da relação de emprego (empregador) e a assunção
dos riscos (alteridade) é de exclusiva responsabilidade do empregador, que as-
sume todos os riscos da empresa, do estabelecimento e do próprio contrato de
trabalho e sua execução.
capítulo 4 • 99
4.3.3 Características
COMENTÁRIO
Ao caracterizarmos o contrato de trabalho como personalíssimo, entendemos que é realizado
com pessoa física/natural, sendo assim, NÃO EXISTE contrato de trabalho firmado entre
duas pessoas jurídicas. O contrato firmado entre duas pessoas jurídicas poderá ser deno-
minado de prestação de serviço, onde não se leva em consideração as pessoas que estão
executando o contrato, mas sim, o seu objeto, a sua finalidade.
4.3.4 Classificação
100 • capítulo 4
O art. 443 da Consolidação as Leis do Trabalho classificam os contratos de
acordo com a sua forma e duração, “o contrato individual de trabalho poderá
ser acordado tácita e expressamente, verbalmente ou por escrito e por prazo
determinado ou indeterminado”.
Em virtude desta classificação, passaremos a estudar cada um deles.
capítulo 4 • 101
I. o objeto do contrato (serviço) cuja natureza ou transitoriedade justifi-
que a predeterminação da estipulação de um prazo fixo;
II. atividades empresariais de caráter transitório;
III. contrato de experiência que não seja superior à 90(noventa) dias;
102 • capítulo 4
CONEXÃO
A íntegra das normas reguladoras do trabalho rural poderá ser obtida acessando o site:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5889.htm.
capítulo 4 • 103
4.3.4.4.5 Contrato Temporário
104 • capítulo 4
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
...
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
...
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro
semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante
acordo ou convenção coletiva de trabalho;
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de reve-
zamento, salvo negociação coletiva;
...
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por
cento à do normal;
capítulo 4 • 105
4.4.1 Acordo de Prorrogação de Horas
O acordo de prorrogação de jornada em até 2 horas por dia é válido desde que
exista um contrato firmado entre empregado e empregador ou mediante acor-
do ou convenção coletiva de trabalho, conforme é estabelecido pelo art. 59 da
CLT, certos que estas horas sofrerão um acréscimo de 50% sobre a hora normal,
sendo vedado este acordo para empregados com menos de 18 (dezoito) anos
de idade.
Cumpre ressaltar que os empregados remunerados à base de comissão não
fazem jus ao pagamento das horas extras, mas tão somente ao adicional de
50%; nesta mesma linha de exclusão estão aqueles empregados enquadrados
em cargos de direção, gerência e trabalho externo por não estarem sujeitos a
controle de jornada de trabalho.
O acréscimo ao salário do adicional das horas extras realizadas, poderá ser dis-
pensado, se por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, desde que
as horas realizadas em um dia sejam compensadas pela correspondente dimi-
nuição em outro dia, de maneira que não exceda, no período máximo de um
ano, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassa-
do o limite máximo de 10 (dez) horas diárias LIMA, GALLI, CHINA e SANTOS
(2014, p.80).
O acordo de compensação poderá ser realizado por todos os empregados de
uma forma geral via convenção coletiva, excetuando-se aqueles que firmaram
contrato por tempo parcial e do aprendiz, não sendo válido o acordo individual
que as empresas continuam trazendo em juízo, neste caso as horas trabalhadas
além da oitava diária serão consideradas como extra MARTINS (2011, p. 536)
106 • capítulo 4
contínuas. A redução de jornada, nesse caso, impõe-se porque a alternância de
horário prejudica o metabolismo humano BARROS (2009).
E, por turno ininterrupto de revezamento deve-se entender o trabalho rea-
lizado pelos empregados que se sucedem no posto de serviço, na utilização
dos equipamentos, e maneira escalonada, para períodos distintos de trabalho
MARTINS (2011, p. 543).
Súmula nº 90 do TST
HORAS IN ITINERE. TEMPO DE SERVIÇO - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e
25.04.2005.
I - O tempo despendido pelo empregado, em condução fornecida pelo empregador,
até o local de trabalho de difícil acesso, ou não servido por transporte público regular,
e para o seu retorno é computável na jornada de trabalho.
II - A incompatibilidade entre os horários de início e término da jornada do empregado
e os do transporte público regular é circunstância que também gera o direito às horas
"in itinere".
III - A mera insuficiência de transporte público não enseja o pagamento de horas in
itinere.
IV - Se houver transporte público regular em parte do trajeto percorrido em condução
da empresa, as horas in itinere remuneradas limitam-se ao trecho não alcançado pelo
transporte público
V - Considerando que as horas in itinere são computáveis na jornada de trabalho, o
tempo que extrapola a jornada legal é considerado como extraordinário e sobre ele
deve incidir o adicional respectivo.
capítulo 4 • 107
No tocante as horas de sobreaviso a mesma se caracteriza pelo fato de o em-
pregado ficar à disposição em sua casa (e não em outro local) aguardando ser cha-
mado para o serviço. Permanece em estado de expectativa durante seu descanso,
aguardando ser chamado a qualquer momento. Não tem o empregado condições
de assumir compromissos, pois pode ser chamado de imediato, comprometen-
do até seus afazeres familiares, pessoais ou até seu lazer, MARTINS (2011, p. 547).
A utilização do BIP pelo empregado não caracteriza o sobreaviso, já que o
empregado não precisa permanecer em sua residência, conforme a nova orien-
tação jurisprudencial de nº 49 da Seção de Dissídios Individuais do Tribunal
Superior do Trabalho.
CONEXÃO
Para maiores informações com relação às decisões ou instruções do Tribunal Superior do
Trabalho, em especial com relação às horas in itinere e sobreaviso, o aluno poderá acessar
o site: www.tst.jus.br.
108 • capítulo 4
Os intervalos intrajornada não serão computados na jornada de trabalho,
porém, se não cumpridos serão eles computados como hora extra com os devi-
dos adicionais.
O intervalo INTERJORNADA é o intervalo previsto entre uma jornada de tra-
balho de um dia para o outro, devendo este intervalo ser de no mínimo 11(onze)
horas consecutivas para descanso. No caso de qualquer violação deste inter-
valo, será devido ao empregado o pagamento de horas extras e seus respecti-
vos adicionais.
Nos regimes de revezamento, as horas trabalhadas em seguida ao repouso
semanal de 24 horas, com prejuízo do intervalo mínimo de 11 horas consecuti-
vas para descanso entrejornadas, devem ser remuneradas como extras, inclusive
com o respectivo adicional (Súmula nº 110 do TST). A apuração desse intervalo
só terá início após o término da jornada anterior, seja normal ou extraordinária.
Esse intervalo é distinto do descanso semanal de 24(vinte e quatro) horas. Logo,
se a jornada aos sábados se estender até às 15 horas, só depois de transcorridas
35 (11 horas do intervalo e mais 24 horas do repouso) é que terá início a jornada
seguinte. Encontrando-se o empregado em regime de horas extras, o intervalo
de 11 horas, só terá início após a última hora extraordinária acaso trabalhada
(BARROS, 2009) LIMA, GALLI, CHINA e SANTOS (2014, p.84).
As horas extra laboradas pelo empregado e que não forem compensadas dentro
do período legal, em havendo acordo de compensação de horas, deverão ser
remuneradas com um adicional de no mínimo 50% (cinquenta por cento) sobre
a hora normal de trabalho, integrando este valor ao salário para apuração do
recolhimento previdenciário e depósito do FGTS dentro da competência, bem
como das férias e 13º salário.
O adicional de horas extras poderá ser em percentual superior aquele fixa-
do pela Constituição Federal desde previsto no acordo ou convenção coletiva
de trabalho.
O trabalhador urbano que desenvolve suas atividades laborais no período
compreendido entre às 22h de um dia e às 05h de outro dia, fará jus a um adicio-
nal de 20%(vinte por cento) calculados sobre a hora normal de trabalho, confor-
me previsão do art. 73 da CLT. E, devemos salientar que a hora compreendida
capítulo 4 • 109
neste período possui 52(cinquenta e dois) minutos e 30(trinta) segundos – pa-
rágrafo 1º do art. 73.
No tocante ao trabalhador rural que atua na lavoura (agricultura) a jornada
noturna é considerada entre às 22h de um dia e às 05h do outro dia, para que
laboram com a pecuária é considerada entre às 20h de um dia e ás 04h do outro
dia, fazendo jus um adicional de 25%(vinte e cinco por cento) calculados sobre
a hora normal de trabalho, em conformidade com o art. 7º da Lei nº 5.889/73.
110 • capítulo 4
III. Para os que trabalham por tarefa ou peça, ao equivalente ao salário das
tarefas ou peças feitas durante a semana, no horário normal de trabalho, divi-
dido pelos dias de serviço efetivamente prestados ao empregador;
IV. Para o empregado em domicílio, equivalente ao quociente da divisão
por seis da importância total da sua produção na semana;
V. Para o trabalhador avulso, consistirá no acréscimo de 1/6 calculado so-
bre os salários efetivamente percebidos pelo trabalhador e pago juntamente
com tais salários.
4.6 Férias
capítulo 4 • 111
é uma excepcionalidade, que não poderá ser aplicada aos menores de 18 (dezoi-
to) anos e maiores de 50(cinquenta) anos.
O direito de escolha da data para a concessão de férias é do empregador, po-
rém, quando existirem membros da mesma família laborando na mesma em-
presa ou estabelecimento, terão direito de gozar as férias no mesmo período, se
assim o desejarem e se disto não resultar em prejuízo para o serviço – art. 136,
parágrafo 1º da CLT.
Nesta linha de raciocínio, também tem direito o empregado estudante, me-
nor de 18 anos, terá direito a fazer coincidir suas férias com as férias escolares
– art. 136, parágrafo 2º da CLT.
Em via de regra, no período em que o empregado estiver em gozo de suas fé-
rias regulares, não poderá prestar serviço para outro empregador, porém, deve
ser salientado em havendo dois vínculos empregatícios, não existe obrigatorieda-
de dos empregadores concederem as férias do empregado em idêntico período.
24 dias De 6 a 14 faltas
18 dias De 15 a 23 faltas
12 dias De 24 a 32 faltas
112 • capítulo 4
FÉRIAS 30 DIAS (ATÉ 5 24 DIAS (DE 6 A 14 18 DIAS (DE 15 A 23 12 DIAS (DE 24 A 32
PROPORCIONAIS FALTAS) FALTAS) FALTAS) FALTAS)
1/12 2,5 dias 2 dias 1,5 dia 1 dia
2/12 5 dias 4 dias 3 dias 2 dias
3/12 7,5 dias 6 dias 4,5 dias 3 dias
4/12 10 dias 8 dias 6 dias 4 dias
5/12 12,5 dias 10 dias 7,5 dias 5 dias
6/12 15 dias 12 dias 9 dias 6 dias
7/12 17,5 dias 14 dias 10,5 dias 7 dias
8/12 20 dias 16 dias 12 dias 8 dias
9/12 22,5 dias 18 dias 13,5 dias 9 dias
10/12 25 dias 20 dias 15 dias 10 dias
11/12 27,5 dias 22 dias 16,5 dias 11 dias
12/12 30 dias 24 dias 18 dias 12 dias
O empregado não terá direito às férias, segundo o art. 133 da CLT, nos seguin-
tes casos:
I. deixar o emprego e não for readmitido dentro dos 60 dias subsequentes
à sua saída;
capítulo 4 • 113
II. permanecer em gozo de licença, com percepção de salários, por mais
de 30 dias;
III. deixar de trabalhar, com percepção do salário, por mais de 30 dias em
virtude de paralisação parcial ou total dos serviços da empresa; e
IV. tiver percebido da Previdência Social prestações de acidente de traba-
lho ou de auxílio-doença por mais de 6 meses, embora descontínuos.
114 • capítulo 4
atualização das importâncias pagas, mediante incidência dos percentuais dos
reajustamentos salariais supervenientes.
4.6.5 Abono
A palavra “salário” etimologicamente deriva do latim salarium, que por sua vez
tem sua origem na palavra sal (salis), utilidade fornecida pelos romanos como
pagamento aos domésticos. O sal era utilizado também como pagamento aos
soldados das legiões romanas, com o objetivo de permitir que comprassem co-
mida LIMA, GALLI, CHINA e SANTOS (2014, p. 90) citando BARROS (2009).
O salário corresponde ao valor econômico pago diretamente pelo emprega-
dor ao empregado em razão da prestação de serviços do último, destinando-se
a satisfazer suas necessidades pessoais e familiares MARTINS (2011, p. 230).
capítulo 4 • 115
A palavra remuneração, que também é derivada do latim, vem da expressão
remuneratio, do verbo remuneror, sendo ela composta de re que tem o sentido
de reciprocidade e muneror que indica recompensa.
A remuneração é o conjunto de prestações recebidas habitualmente pelo
empregado pela prestação de serviços, seja em dinheiro ou em utilidades,
provenientes do empregador ou de terceiros, mas decorrentes do contrato
de trabalho, de modo a satisfazer suas necessidades básicas e de sua família,
MARTINS (2011, p. 230).
No ensinamento de GOMES e GOTTSCHALK (2012, P. 237) esclarece que o
conceito de salário não se confunde em todos os seus efeitos com o de remune-
ração, conceituando o salário como tão só as atribuições econômicas devidas
e pagas diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, en-
quanto que a remuneração pode consistir, portanto, em salário mais gorjetas,
adicionais e demais vantagens salariais.
Na imagem abaixo percebe-se nitidamente a diferença. O salário está repre-
sentado pela rubrica 101 – Salários e a remuneração pelo total de vencimentos.
116 • capítulo 4
empregador ao empregado como contraprestação de trabalho LIMA, GALLI,
CHINA e SANTOS (2014, p. 90).
O artigo 459 da CLT estabelece que o pagamento do salário, qualquer que seja a
modalidade do trabalho, não deve ser estipulado por período superior a 1 (um)
mês, salvo no que concerne a comissões, percentagens e gratificações.
O pagamento estipulado por mês, deverá ser efetuado, o mais tardar, até o
quinto dia útil do mês subsequente ao vencido.
E, ainda, dispõe a CLT que além do pagamento em utilidades, admite-se
outras formas de pagamento, tais como:
I. O pagamento do salário poderá ser feito em espécie e na moeda nacio-
nal, sendo admitido em moeda estrangeira desde que o empregado seja um
técnico estrangeiro, mediante recibo comprovando o pagamento;
II. Crédito em conta bancária aberta com consentimento do empregado;
III. O pagamento poderá ser feito através de cheque, desde que haja anuên-
cia do empregado e o empregador encontre-se no perímetro urbano;
capítulo 4 • 117
IV. O salário in natura, previsto no art. 458 da CLT, que além do pagamen-
to em dinheiro, compreende-se no salário a alimentação, habitação, vestuário
dentre outras, não podendo o salário in natura ser superior à 70% do salário. A
habitação não poderá superar o percentual de 25% e a alimentação o de 20%.
O artigo 458 da CLT reconhece que o salário poderá ser pago de forma in natu-
ra, porém, existem utilidades concedidas pelo empregador que não possuem
natureza salarial:
I. vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos emprega-
dos e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço;
II. educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, com-
preendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e
material didático;
III. transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em
percurso servido ou não por transporte público;
IV. assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente
ou mediante seguro-saúde;
V. seguros de vida e de acidentes pessoais;
VI. previdência privada;
VII. o valor correspondente ao vale-cultura.
É bom salientar que o vale transporte não possui natureza salarial, por força
de lei. O empregado para ser beneficiado com o vale transporte, deve compro-
var a existências dos requisitos indispensáveis ao recebimento dele, podendo,
este descontar até 6% do salário do empregado, que corresponde a parte cus-
teada por ele.
Em virtude de sua natureza o salário pode ter tipificado LIMA, GALLI, CHINA e
SANTOS (2014, p. 95-97):
I. Salário Mínimo é o fixado por lei e garantido a todo o trabalhador;
II. Salário Profissional é o mínimo garantido aos ocupantes de determina-
da profissão;
118 • capítulo 4
III. Piso salarial é o mínimo a ser pago aos trabalhadores de determina-
da categoria profissional, deve ser proporcional à extensão e a complexidade
do trabalho;
IV. Salário Normativo é o equivalente ao piso salarial fixado por sentença
normativa proferida em dissídio coletivo;
V. Salário por Função é o garantido por convenção coletiva ou sentença
normativa a ser pago ao empregado em determinada função;
capítulo 4 • 119
4.7.6 Proteção do Salário
120 • capítulo 4
tivamente o pacto laboral, nem importem prejuízo ao operário. É o ius variandi,
que decorre do poder de direção do empregador, MARTINS (2011, p. 333).
Neste caso podemos citar como exemplo a alteração de horário do emprega-
do, do período noturno para o diurno, o local da prestação de serviço, etc.
4.8.1.2 Transferência
A transferência de empregado decorre do ius variandi do empregador, assim,
pode este transferir o trabalhador, desde que atendidas certas condições pre-
vistas em lei – art. 469 e 470 da CLT.
O empregador não pode transferir o empregado, sem a sua anuência, para
localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando transferên-
cia a que não acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio.
O domicílio é o lugar onde a pessoa estabelece a sede principal de seus ne-
gócios, e é bom também esclarecer que residência é onde a pessoa permanece
com habitualidade, onde dorme, faz refeições, vive.
Não estão compreendidos na proibição os empregados que exerçam cargo
de confiança e aqueles cujos contratos tenham como condição, implícita ou
explícita, a transferência, quando esta decorra de real necessidade de serviço
É licita a transferência quando ocorrer extinção do estabelecimento em que
trabalhar o empregado.
Em caso de necessidade de serviço o empregador poderá transferir o em-
pregado para localidade diversa da que resultar do contrato, não obstante as
restrições do artigo anterior, mas, nesse caso, ficará obrigado a um pagamento
suplementar, nunca inferior a 25% (vinte e cinco por cento) dos salários que o
empregado percebia naquela localidade, enquanto durar essa situação.
As despesas resultantes da transferência correrão por conta do empregador.
4.8.2 Suspensão
capítulo 4 • 121
II. Participação em curso profissionalizante (art. 476 da CLT);
III. Licenças não remuneradas;
IV. Empregado eleito para dirigente sindical (art. 543 da CLT);
V. Alistamento militar, quando há contagem do tempo de serviço e reco-
lhimento do FGTS;
VI. Auxílio-doença e acidente do trabalho a partir do 16º dia, havendo con-
tagem do tempo de serviço e recolhimentos;
VII. Faltas injustificadas;
4.8.3 Interrupção
122 • capítulo 4
I. Caducidade ocorre quando o contrato de trabalho termina com o fim
do seu prazo estipulado ou função jurídica. Ex. morte do empregado, término
do seu prazo, fim da empresa;
II. Resilição ocorre quando uma das partes resolve terminar o contrato. Ex.
dispensa sem justa causa pelo empregador, pedido de demissão do empregado;
III. Resolução ocorre quando existe a culpa ou ato faltoso do empregado,
empregador ou de ambos;
IV. Rescisão ocorre quando existe uma condição de nulidade do contrato
de trabalho. Mas equivocadamente é utilizado de forma genérica.
A dispensa sem justa causa ou arbitrária por parte do empregador é aquela que
não existe um motivo específico, técnico, econômico ou disciplinar, não haven-
do nenhuma previsão legal para a dispensa do empregado.
Nestes casos, de dispensa sem justa causa, ao empregado é devido o paga-
mento das seguintes parcelas rescisórias: saldo de salário, 13º salário propor-
cional, férias indenizadas integrais ou proporcionais, aviso prévio quando in-
denizado, autorização para levantamento do FGTS e seguro desemprego.
As parcelas rescisórias devem ser pagas ou depositadas na conta na qual o
trabalhador recebia seu salário em até 10 dias corridos, contados da ciência do
seu desligamento – art. 477, parágrafo 6º, letra B da CLT.
capítulo 4 • 123
E, os elementos objetivos são a gravidade da ação ou omissão; imediatidade
o intervalo entre a falta e a decisão de dispensa deve ser o menor possível, sob
pena de caracterizar o perdão; causalidade devendo haver um nexo de causa e
o efeito da falta imputado ao empregado e por último a singularidade o empre-
gado não pode ser punido e pelo mesmo motivo ser dispensado por justa causa.
O desligamento por justa causa deve estar previsto no art. 482 da CLT, não
havendo uma forma específica para a sua comunicação, porém, entende-se que
o adequado é a forma escrita.
Os motivos elencados o art. 482 da CLT são:
I. ato de improbidade: ato lesivo ao patrimônio da empresa (furto);
II. incontinência de conduta ou mau procedimento: comportamento ir-
regular, incompatível com a moral sexual;
III. negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do em-
pregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual traba-
lha o empregado, ou for prejudicial ao serviço;
IV. condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não te-
nha havido suspensão da execução da pena;
V. desídia no desempenho das respectivas funções: desempenho das
funções com negligência;
VI. embriaguez habitual ou em serviço: a justa causa por embriaguez
está sendo revista, tendo em vista que a alcoolismo é considerado doença pela
Organização Mundial da Saúde;
VII. violação de segredo da empresa; divulgação não autorizada de paten-
tes de invenção, métodos de execução, fórmulas, escrita comercial, etc.;
VIII. ato de indisciplina ou de insubordinação; descumprimento de or-
dens pessoais de serviço;
IX. abandono de emprego: configura-se pela ausência do trabalhador ao
local de trabalho com o ânimo de não mais trabalhar. Não existe um prazo fixo
por lei, mas a jurisprudência entende que o prazo ideal são 30 dias;
X. ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qual-
quer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legíti-
ma defesa, própria ou de outrem: é a ofensa a honra do empregador ou terceiro,
relacionado ao local de trabalho;
XI. ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas con-
tra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa,
própria ou de outrem;
124 • capítulo 4
XII. prática constante de jogos de azar: são jogos de azar somente aqueles
estabelecidos pela lei (jogo do bicho, rifas não autorizadas, etc.)
capítulo 4 • 125
4.9.4 Estabilidade
O instituto da estabilidade garante ao empregado que ele não terá o seu con-
trato de trabalho extinto de forma arbitrária, salvo por motivo de falta grave,
devidamente comprovada através de inquérito judicial.
Nesta situação encontram-se os empregados que são membros da CIPA ou
dirigentes sindicais, desde o momento da candidatura ao cargo, e, se eleitos até
um ano após o término do mandato.
A empregada gestante até 5(cinco) meses após o parto; o empregado segu-
rado, que sofreu acidente de trabalho, tem estabilidade no emprego pelo prazo
mínimo de 12(doze) meses, após a cessação do auxílio doença acidentário.
Não havendo prazo estipulado, a parte que, sem justo motivo, quiser rescindir
o contrato deverá avisar a outra da sua resolução com a antecedência mínima.
O art. 487 da CLT traz os prazos que devem ser cumpridos de aviso prévio
para os diversos tipos de contrato de trabalho, que são:
I. oito dias, se o pagamento for efetuado por semana ou tempo inferior;
II. trinta dias aos que perceberem por quinzena ou mês, ou que tenham
mais de 12 (doze) meses de serviço na empresa;
126 • capítulo 4
O horário normal de trabalho do empregado, durante o prazo do aviso, e
se a rescisão tiver sido promovida pelo empregador, será reduzido de 2 horas
diárias, sem prejuízo do salário – art. 488 da CLT.
Não obstante, é facultado ao empregado trabalhar sem a redução das 2
horas diárias previstas neste artigo, caso em que poderá faltar ao serviço, sem
prejuízo do salário integral, por um dia, nas hipóteses do inciso I e, por 7 dias
corridos, na hipótese do inciso II do artigo 487 da CLT.
O prazo do aviso prévio, que inicialmente eram de 30(trinta) dias, foi au-
mentado em 3 (três) dias para cada ano trabalhado na empresa, porém, limi-
tado ao máximo de 60(sessenta) dias, por força do parágrafo único do art. 1º
da Lei 12.506/11, e, com isto o prazo máximo do aviso prévio passou a ser de
90(noventa) dias.
MULTIMÍDIA
Ao término de nosso estudo sobre Direito do Trabalho assista ao vídeo Significado do
Trabalho nos Dias de Hoje disponível no Youtube através do link <https://www.youtube.
com/watch?v=Bd_CWwZjvS4>, que mostra a evolução das relações de trabalho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, Alice Monteiro. Curso de Direito do Trabalho. 5ª ed. São Paulo: LTr, 2009.
BRASIL. Decreto-lei nº 5.452 de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho.
Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Rio de Janeiro/RJ, 1º de Maio de
1943
BRASIL. Lei nº 5.889 de 08 de junho de 1973. Estatui normas reguladoras do trabalho rural. Diário
Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília/DF, 08 de junho de 1973.
BRASIL. Lei nº 6.019 de 03 de janeiro de 1974. Dispõe sobre o Trabalho Temporário nas Empresas
Urbanas e dá outras Providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo,
Brasília/DF, 03 de janeiro de 1974.
BRASIL. Lei nº 10.097 de 19 de dezembro de 2000. Altera dispositivos da Consolidação das Leis do
Trabalho, Poder Executivo, Brasília/DF, 19 de dezembro de 2000.
BRASIL. Lei nº 12.506 de 11 de outubro de 2011. Dispõe sobre o Aviso Prévio e dá Outras
Providências, Poder Executivo, Brasília/DF, 11 de outubro de 2011.
capítulo 4 • 127
BRASIL. Lei nº 13.105 de 15 de março de 2015. Dispõe sobre o Código de Processo Civil. Diário
Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília/DF, 15 de março de 2016.
CASSAR, Vólia Bonfim. Direito do Trabalho. 5ª Ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2011.
GOMES, Orlando. GOTTSCHAHL, Elson. Curso de Direito do Trabalho. 19º Ed. Revista e Atualizada.
Rio de Janeiro: Forense. 2012.
JORGE NETO, Francisco Ferreira. CAVALCANTE, Jouberto de Quadros Pessoa. Direito do Trabalho.
7ª Ed. São Paulo: Atlas, 2013.
LIMA, Marcelo A. de Toledo, GALLI, Rafael Altafin, CHINA, Ricardo G. C. e DOS SANTOS, Zilda
Cristina. Legislação Trabalhista e Previdenciária. Rio de Janeiro: UniSEB, 2014.
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. São Paulo: Atlas, 2011
SARAIVA. Renato. SOUTO, Rafael Tonassi. Direito do Trabalho. Série Concursos Públicos. 16ª ed.
São Paulo: Médoto, 2014.
128 • capítulo 4
5
Direito
Administrativo
5. Direito Administrativo
Nos capítulos anteriores estudamos o conceito de direito e sua amplitude para
a pacífica convivência do ser humano, abrangência da norma jurídica e as prin-
cipais divisões do direito; passando a estudar os principais ramos do direito,
estudo este que iniciou pelo Direito Constitucional, pelo Direito Civil e por úl-
timo Direito do Trabalho.
Neste capítulo vamos estudar a importância do Direito Administrativo e suas
repercussões em nossas vidas, além dos conceitos fundamentais que discipli-
nam a matéria, principalmente por envolveram a gestão da máquina pública.
130 • capítulo 5
A grande maioria dos autores têm valido de critérios de três ordens para
identificar a função administrativa. (CARVALHO FILHO 2014, p. 4):
I. Subjetivo (ou orgânico), que dá realce ao sujeito ou agente da função;
II. Objetivo material, pelo qual se examina o conteúdo da atividade;
III. Objetivo formal, que explica a função pelo regime jurídico em que se
situa a sua disciplina.
CONCEITO
O Direito Administrativo é o ramo do direito público que estuda princípios e normas regula-
dores do exercício da função administrativa.
Ou
O Direito Administrativo é o conjunto de normas e princípios que, visando sempre ao interes-
se público, regem as relações jurídicas entre as pessoas e os órgãos do Estado e entre este
e as coletividade a que devem servir.
capítulo 5 • 131
5.2 Princípios do Direito Administrativo
Em razão desta dedicação existem princípios que são expressos, aqueles que
mencionados na Constituição, e os reconhecidos que orientam a administra-
ção pública por outras diretrizes.
Os princípios expressos são:
1. Princípio da Legalidade; 4. Princípio da Publicidade;
2. Princípio da Impessoalidade; 5. Princípio da Eficiência;
3. Princípio da Moralidade;
132 • capítulo 5
coisa senão em virtude de lei”, pressuposto de que tudo o que não é proibido, é
permitido por lei.
O princípio “implica subordinação completa do administrador à lei. Todos
os agentes públicos, desde o que lhe ocupe a cúspide até o mais modesto deles,
devem ser instrumento de fiel e dócil realização das finalidades normativas. Na
clássica e feliz comparação de HELY LOPES MEIRELLES, enquanto os indivíduos
no campo privado podem fazer tudo o que a lei não veda, o administrador públi-
co só pode atuar onde a lei autoriza. (CARVALHO FILHO 2014, p. 20).
O interesse do Estado de Direito, o princípio da legalidade representa a su-
bordinação da Administração Pública à vontade popular. O exercício da fun-
ção administrativa não pode ser pautado pela vontade da Administração ou
dos agentes públicos, mas deve obrigatoriamente respeitar a vontade da lei.
(MAZZA 2015, P. 100).
capítulo 5 • 133
A legalidade e finalidade devem andar juntas na conduta de qualquer servi-
dor público, para o alcance da moralidade.
O princípio da moralidade impõe que o administrador público não dispense os
preceitos éticos que devem estar presentes em sua conduta. Deve não só averiguar
os critérios de conveniência, oportunidade e justiça em suas ações, mas também
distinguir o que é honesto do que é desonesto. (CARVALHO FILHO 2014, p. 22).
A Constituição Federal referiu-se expressamente ao princípio da legalidade
no art. 37, apesar deu que o conteúdo da moralidade seja diverso do da legali-
dade, o fato é que os dois são conexos.
A falta de moralidade do adminis-
trador público ou administrativa in- Ética
134 • capítulo 5
O conteúdo do princípio da publicidade pode ser observado em diversas
normas, principalmente na Constituição Federal de 1988 no art. 5º, XXXIII,
XXXIV, LXXII que tratam respectivamente de receber informações de órgãos
públicos, obtenção de certidões e habeas data e retificação de dados.
Ao dever estatal de garantir a publicidade de seus atos, corresponde o direito
do administrado de ter ciência da tramitação de processos administrativos em
que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter cópia de documen-
tos neles contidos e conhecer as decisões proferidas. (MAZZA 2015, P. 117).
O Princípio da Publicidade indica que os atos da administração devem merecer
a mais ampla divulgação possível entre os administrados, e isso porque constitui
fundamento de o princípio propiciar-lhes a possibilidade de controlar a legitimida-
de da conduta dos agentes administrativos. (CARVALHO FILHO 2014, P. 26).
E, por fim deve ser frisado que o princípio da publicidade não pode dei-
xar de ser harmonizado com os princípios da razoabilidade e da proporcio-
nalidade, exigindo-se práticas excessivas para a parte da administração para
esta harmonia.
capítulo 5 • 135
5.2.2 Princípio Reconhecidos
136 • capítulo 5
5.2.2.3 Princípio da Indisponibilidade
O princípio da indisponibilidade enfatiza que os bens e interesses públicos não
pertencem à administração nem a seus agentes. Cabe-lhes apenas geri-los, con-
servá-los e por eles velar em prol da coletividade, esta sim a verdadeira titular
dos direitos e interesses públicos. (CARVALHO FILHO 2014, p. 36)
capítulo 5 • 137
O princípio cuida de proteger expectativa dos indivíduos oriundas da
crença de que disciplinas jurídico-administrativas são todas de certo grau de
estabilidade.
O desenvolvimento do princípio em tela denota que a confiança traduz um
dos fatores mais relevantes de um regime democrático, não se podendo perder
de vista que é ela que dá sustentação à entrega dos poderes aos representantes
eleitos, como já registrou autorizada doutrina. (CARVALHO FILHO 2014, p. 40)
E complementa MAZZA 2015, p. 135 que o princípio da segurança jurídica
é um fundamento geral do ordenamento, sendo aplicável a todos os ramos do
direito. Seu conteúdo volta-se à garantia de estabilidade, ordem, paz social e
previsibilidade das atuações estatais.
138 • capítulo 5
5.2.2.7 Princípio da Proporcionalidade
A proporcionalidade é um aspecto da razoabilidade voltado à aferição da justa
medida da reação administrativa diante da situação concreta. Em outras pala-
vras constitui proibição de exageros no exercício da função administrativa con-
forme esclarece. (MAZZA 2015, p. 132)
Neste mesmo sentido o CARVALHO FILHO 2014, p. 43 esclarece que o gran-
de fundamento do princípio da proporcionalidade é o excesso de poder, e o fim
a que se destina é exatamente o de conter atos, decisões e condutas de agentes
públicos que ultrapassem os limites adequados, com vistas ao objetivo colima-
do pela Administração, ou até mesmo pelos Poderes representativos do Estado.
E ainda, esclarece o mesmo doutrinador para que a conduta estatal observe
o princípio da proporcionalidade, há de revestir-se de tríplice fundamento:
I. Adequação, significando que o meio empregado na atuação deve ser
compatível com o fim colimado;
II. Exigibilidade, porque a conduta deve ter-se por necessária, não haven-
do outro meio menos gravoso ou oneroso para alcançar o fim público, ou seja,
o meio escolhido é o que causa o menor prejuízo possível para os indivíduos;
III. Proporcionalidade em sentido estrito, quando as vantagens a serem
conquistadas superarem as desvantagens.
MULTIMÍDIA
Sugerimos assistir o seguinte vídeo Direito Administrativo – Noções de Direito
Administrativo que trata sobre direito administrativo, disponível no YouTube, no endereço:
https://youtu.be/vd9Ju_4i0k8;
capítulo 5 • 139
A segunda teoria é a do mandato e teria por primazia o contrato de manda-
to, onde a mandante outorga poderes para a outra pessoa, o mandatário, para
que esse pudesse exercer atos em nome do mandante sob a responsabilidade
deste, ou seja, os agentes eram mandatários do Estado. Não podia prosperar a
teoria, pois estava despido de vontade, não poderá o Estado outorgar mandato.
(CARVALHO FILHO 2014, p. 13)
A terceira teoria é a da representação influenciada pela lógica do direito ci-
vil, a teoria da representação defende que o Estado é como um incapaz, não
podendo defender pessoalmente seus próprios interesses. Assim, o agente pú-
blico atuaria exercendo uma espécie de curatela dos interesses governamentais
suprindo a incapacidade. (MAZZA 2015. P. 173)
Por fim, a quarta teoria que é a da imputação volitiva que é aceita pela una-
nimidade dos doutrinadores modernos, a teoria sustenta que o agente público
atua em nome do Estado, titularizando um órgão público (conjunto de com-
petências), de modo que a atuação ou o comportamento do agente no exer-
cício da função pública é juridicamente atribuída – imputado – ao Estado.
(MAZZA 2015. P. 173)
Os órgãos públicos possuem como características marcantes:
I. Não possuem patrimônio próprio;
II. Não possuem personalidade jurídica;
III. Não possuem autonomia;
IV. Os agentes que trabalham nos órgãos estão em imputação à pessoa ju-
rídica que estão ligados;
CONCEITO
Órgão público é o compartimento na estrutura estatal a que são cometidas funções determinadas,
sendo integrado por agentes que, quando as executam, manifestam a própria vontade do Estado.
140 • capítulo 5
5.3.1.1 Quanto a Posição Hierárquica
I. Independentes ou primários: aqueles originários da Constituição
Federal, representativos da cúpula dos Poderes Estatais, não sujeitos a qual-
quer subordinação hierárquica ou funcional. Ex.: Presidência da República.
II. Autônomo: estão situados imediatamente abaixo dos órgãos indepen-
dentes, gozando de ampla autonomia administrativa, financeira e técnica e
dotados de competências de planejamento, supervisão e controle sobre outros
órgãos. Ex.: Ministérios e Secretarias;
III. Superiores: possuem competências diretivas e decisórias, mas se en-
contram subordinados a uma chefia superior. Ex.: Gabinetes, Procuradorias
e Coordenadorias;
IV. Subalternos: são os órgãos comuns dotados de atribuições predomi-
nantemente executórias. Ex.: Repartições comuns.
Nos moldes do quanto ensinado por MAZZA 2015, p. 177, a moderna ciência po-
lítica reconhece que o Estado constitui uma entidade dotada de personalidade
capítulo 5 • 141
jurídica própria, sendo capaz de titularizar direitos e deveres. As entidades fede-
rativas são pessoas jurídicas de direito público interno. Convém lembrar que a
União Federal goza de natureza jurídica dúplice, sendo simultaneamente pessoa
jurídica de direito interno e pessoa jurídica de direito internacional público.
CONCEITO
Ato administrativo é toda manifestação expedida no exercício da função administrativa, com
caráter infralegal, consistente na emissão de comandos complementares à lei, com finalida-
de de produzir efeitos jurídicos.
142 • capítulo 5
visam a explicitar a norma legal. Exs.: Decretos, Regulamentos, Regimentos,
Resoluções, Deliberações etc.
b) Atos Ordinatórios: visam disciplinar o funcionamento da
Administração e a conduta funcional de seus agentes. Emanam do poder hie-
rárquico da Administração. Exs.: Instruções, Circulares, Avisos, Portarias,
Ordens de Serviço, Ofícios, Despachos.
c) Atos Negociais: aqueles que contêm uma declaração de vontade do
Poder Público coincidente com a vontade do particular; visa a concretizar
negócios públicos ou atribuir certos direitos ou vantagens ao particular. Ex.:
Licença; Autorização; Permissão; Aprovação; Apreciação; Visto; Homologação;
Dispensa; Renúncia;
d) Atos Enunciativos: aqueles que se limitam a certificar ou atestar um
fato, ou emitir opinião sobre determinado assunto; NÃO SE VINCULA A SEU
ENUNCIADO. Ex.: Certidões; Atestados; Pareceres.
e) Atos Punitivos: atos com que a Administração visa a punir e reprimir
as infrações administrativas ou a conduta irregular dos administrados ou de
servidores. É a APLICAÇÃO do Poder de Policia e Poder Disciplinar. Ex.: Multa;
Interdição de atividades; Destruição de coisas; Afastamento de cargo ou função.
capítulo 5 • 143
força física se preciso for para desconstituir situação violadora da ordem jurídi-
ca. Ex.: guinchamento de carro.
e) Tipicidade: diz respeito à necessidade de respeitar-se a finalidade especí-
fica definida na lei para cada espécie de ato administrativo. Dependendo da fina-
lidade que a administração pretende alcançar, existe um ato definido em eli.
b) Quanto ao destinatário:
• Atos gerais: dirigidos a coletividade em geral. Tem finalidade normativa,
atingindo uma gama de pessoas que estejam na mesma situação jurídica nele
estabelecida. Por ter natureza erga omnes (aplicabilidade coletiva) não pode
ser objeto de impugnação individual;
144 • capítulo 5
• Atos individuais: dirigidos a pessoa certa e determinada, criando situa-
ções jurídicas individuais. Por gerar direitos subjetivos (direitos individuais)
podem ser objeto de contestação por seu titular;
capítulo 5 • 145
b) Extinção Subjetiva: ocorre com o desaparecimento do sujeito que se
beneficiou do ato. É o caso da permissão.
c) Extinção Objetiva: o objeto dos atos é um dos seus elementos essen-
ciais. Ex. interdição de estabelecimento.
d) Caducidade: quando a retirada funda-se no advento de nova legislação
que impede a permanência da situação anteriormente consentida. A perda de
efeitos jurídicos em virtude de norma jurídica superveniente contrária aquela
que respaldava a prática do ato.
e) Desfazimento volitivo: a extinção deverá haver a manifestação de von-
tade do administrador. Pode ocorrer de três formas:
I. Cassação: é a forma extintiva que se aplica quando o beneficiário de
determinado ato descumpre condições que permitem a manutenção do
ato e de seus efeitos.
II. Anulação: é a forma extintiva que se aplica quanto o ato é extintivo
por ser ilegal.
III. Revogação: é a forma extintiva que se aplica quanto ato se extingue
por ser inconveniente ou inoportuno;
MULTIMÍDIA
Sugerimos assistir o seguinte vídeo Direito Administrativo – Atos Administrativos que trata
sobre os atos que a administração pública pode realizar, disponível no YouTube, no endereço:
https://youtu.be/pFnWa-XU-k4;
146 • capítulo 5
análise, seria a Administração Pública, gestora dos interesses coletivos. A licita-
ção veio contornar esses riscos. (CARVALHO FILHO 2014, p 237)
CONCEITO
A licitação como o procedimento administrativo vinculado por meio do qual os entes da Ad-
ministração pública e aqueles por ela controlado selecionam a melhor proposta entre as
oferecidas pelos vários interessados, com dois objetivos – a celebração de contrato, ou a
obtenção do melhor trabalho técnico, artístico ou científico.
MULTIMÍDIA
Sugerimos assistir o seguinte vídeo Licitação – Direito Administrativo que trata sobre os proce-
dimentos da licitação, disponível no YouTube, no endereço: https://youtu.be/7M6HaGXzjco;
capítulo 5 • 147
Data máxima vênia, o princípio da moralidade se constitui em importante
norte para o Administrador Público, pois a administração não pode tomar pos-
tura que desabone a boa conduta de seus atos.
A boa-fé deve consubstanciar os atos praticados pelo Administrador.
148 • capítulo 5
moralidade bem como com o da eficiência, este inserido no texto constitucio-
nal pela Emenda n.º 19/98.
5.5.2.1 Concorrência
É a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de
habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualifi-
cação exigidos no edital para execução de seu objeto.
5.5.2.3 Convite
É a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu obje-
to, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três)
pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do ins-
trumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na corresponden-
te especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24
(vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.
5.5.2.4 Concurso
É a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de tra-
balho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou re-
capítulo 5 • 149
muneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado
na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.
5.5.2.5 Leilão
É a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens
móveis inservíveis para a administração ou de produtos legalmente apreendi-
dos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a
quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.
5.5.2.6 Pregão
É a modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços comuns em que a
disputa pelo fornecimento é feita em sessão pública, por meio de propostas e lan-
ces, para classificação e habilitação do licitante com a proposta de menor preço.
5.5.2.7 Consulta
É um sistema criado com o objetivo de auxiliar na elaboração e coleta de opi-
niões da sociedade sobre temas de importância.
5.5.3 Limites
150 • capítulo 5
5.5.4 Dispensa e Inexigível a Licitação
LEITURA
Para um conhecimento maior e verificar os casos taxativos de dispensa e inexigibilidade de
licitação deverá ser feia a leitura da Lei 8.666/93, disponível no site: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/L8666cons.htm
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, Carlos. Direito Administrativo Parte 1. Disponível em <http://www.stf.jus.br/repositorio/
cms/portalTvJustica/portalTvJusticaNoticia/anexo/Carlos_Barbosa_Atos_administrativos_Parte_2.
pdf>. Acesso em: 23 abr. 2016.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Texto constitucional
promulgado em 05 de outubro de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 23 abr. 2016.
BRASIL. Lei 8.666 de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição
Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8666cons.htm>. Acesso em: 23 abr.
2016.
BRASIL. Lei 9. 472 de 16 de julho de 1997. Dispõe sobre a organização dos serviços de
telecomunicações, a criação e funcionamento de um órgão regulador e outros aspectos institucionais,
nos termos da Emenda Constitucional nº 8, de 1995. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/L9472.htm>. Acesso em: 23 abr. 2016.
BRASIL. Lei 10.520 de 17 de julho de 2002. Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal
e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de licitação
denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10520.htm>. Acesso em: 23 abr. 2016.
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo – Revista, Ampliada e
Atualidade até 31/12/2013. 27ª ed. São Paulo: Atlas, 2014.
FARINELI, Jéssica Ramos. Licitação. Disponível em<http://www.infoescola.com/direito/licitacao/>.
Acesso em: 23 abr. 2016.
capítulo 5 • 151
MAZZA, Alexandre. Manuel de Direito Administrativo. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo. 37ª ed. São Paulo: Malheiros, 2011.
MELLO, Celso Antônio Bandeira. Curso de Direito Administrativo. 28º ed. São Paulo: Malheiros,
2011.
PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. Direito Administrativo. 24ª ed. São Paulo: Atlas, 2011.
VERISSIMO, Dijonilson Paulo Amaral. Princípios Gerais e Específicos da Licitação. Disponível
em<http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12955>
Acesso em: 23 abr. 2016.
152 • capítulo 5
6
Direito da Empresa
6. Direito da Empresa
Nos capítulos anteriores estudamos o conceito de direito e sua amplitude para
a pacífica convivência do ser humano, abrangência da norma jurídica e as prin-
cipais divisões do direito; passando a estudar os principais ramos do direito,
estudo este que iniciou pelo Direito Constitucional, Direito Civil, Direito do
Trabalho e Direito Administrativo.
Neste capítulo vamos estudar a importância do Direito da Empresa suas
repercussões em nossas vidas, além dos conceitos fundamentais que discipli-
nam a matéria, principalmente por envolveram questões sociais quando fala-
mos em recuperação judicial.
A empresa possui uma grande relevância para economia política em face do seu
papel de organização de todos os fatores da produção, constituída em virtude
de princípios técnicos e leis econômicas, combinado com os elementos pes-
soais e reais colocados em função de um resultado econômico.
Na conceituação econômica da empresa, nos transportamos para o âmbito
jurídico, por ser a mais adequada para o nosso estudo, analisando os elemen-
tos constitutivos da empresa e examinando as regras em seu interior, verifican-
do-se a sua natureza jurídica.
No conceito de empresa para o direito nem todos os elementos constitu-
tivos são relevantes, tais como a produção em si e a técnica de transformação
da matéria-prima, mas outros aspectos são de suma importância tais como o
registro dos atos constitutivos e as condições de funcionamento, devendo ser
lembrado que a disciplina jurídica da empresa é orientada pela atividade do
empresário, da mesma forma que a tutela jurídica da empresa é a tutela jurídi-
ca da atividade dela.
E deve-se considerar também a natureza jurídica da empresa não pode ser
a de sujeito de direito por se tratar de uma atividade. Remetendo à lição de Ruy
de Souza, assinala Maria Helena Diniz:
154 • capítulo 6
Empresa é uma instituição jurídica despersonalizada, caracterizada pela atividade
econômica organizada, ou unitariamente estruturada, destinada à produção ou circu-
lação de bens ou de serviços para o mercado ou à intermediação deles no circuito
econômico, pondo em funcionamento o estabelecimento a que se vincula, por meio
do empresário individual ou societário, ente personalizado, que a representa no mundo
negocial.
CONCEITO
A empresa é a atividade do empresário, e não se confunde com o seu estabelecimento, com
a pessoa jurídica, com a sociedade, ponto comercial ou com os seus sócios. A empresa não
é dotada de personalidade jurídica, nem considerada sujeito de direitos. Quem exerce direi-
tos e contrai obrigações é o empresário, e não a empresa. A empresa é a atividade por ele
desenvolvida. GUSMÃO.
6.2 O Empresário
capítulo 6 • 155
literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, sal-
vo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.
É salutar salientar que o empresário pode ser pessoa física ou jurídica, no
primeiro caso é chamado de empresário individual e no segundo de socieda-
de empresária.
6.2.1 Individual
156 • capítulo 6
terizar como atividade de natureza empresarial, muito embora possam consis-
tir em uma atividade de cunho econômico. (CAMPINHO 2016. P. 14)
Neste sentido, estão incluídos no conceito aqueles que exercem atividades
intelectuais, de natureza científica, literária ou artística, mesmo que contando
com o apoio e suporte de colaboradores.
CONEXÃO
O aprofundamento do estudo deste tema deve ser feito através da leitura dos artigos 966 a
980 do Código Civil Brasileiro.
capítulo 6 • 157
6.3 Das Sociedades
158 • capítulo 6
Em tendo sido traçadas estas primeiras linhas vamos agora ver apenas três
tipos de sociedades, as mais comuns em nosso cotidiano, iniciando pela socie-
dade limitada unipessoal.
capítulo 6 • 159
A responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos
respondem solidariamente pela integralização do capital social.
O contrato social poderá prever a regência supletiva da sociedade limitada
pelas normas da sociedade anônima.
O contrato social mencionará, os tópicos abaixo, se for o caso, a firma social.
I. nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se
pessoas naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios,
se jurídicas;
II. denominação, objeto, sede e prazo da sociedade;
III. capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo com-
preender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária;
IV. a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la;
V. as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista
em serviços;
VI. as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus
poderes e atribuições;
VII. a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;
VIII. se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obriga-
ções sociais.
O Código Civil incluiu a sociedade limitada no rol daquelas que se faz neces-
sário um contrato por escrito, portanto, deve ser constituída por duas ou mais
pessoas naturais ou jurídicas, que subscreverão o contrato social.
No tocante ao capital social da sociedade limitada a nossa legislação não
estabeleceu um valor mínimo, cabendo aos sócios o estipularem, devendo ser
compatível com a atividade que será desenvolvida pela sociedade limitada,
e da mesma forma o valor da cota, que é a representação do capital social de
cada sócio.
O capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou
diversas a cada sócio e pela exata estimação de bens conferidos ao capital social
respondem solidariamente todos os sócios, até o prazo de cinco anos da data
do registro da sociedade (art. 1055 do Cód. Civil).
O nome da sociedade empresarial é aquele empregado pelo empresário
para identificar-se, enquanto sujeito que desempenha uma atividade econômi-
ca, e sob a qual o empresário assume obrigações e exerce direitos.
160 • capítulo 6
A nossa legislação faculta as sociedades limitadas a utilização da firma
(composta pelo nome de um ou mais sócios, desde que pessoas físicas) ou de-
nominação (deverá obrigatoriamente designar o objeto da sociedade), integra-
das pela palavra limitada, por extenso ou abreviadamente ao final do nome. Ex.
João Carlos da Silva Ltda. ou Silva Varejo de Peças Automotores Ltda.
A sociedade limitada poderá ser dissolvida pela falência ou quando:
I. o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposi-
ção de sócio, não entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará
por tempo indeterminado;
II. o consenso unânime dos sócios;
III. a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de pra-
zo indeterminado;
IV. a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e
oitenta dias;
V. a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar.
capítulo 6 • 161
6.3.3.1 Estatuto Social
Na sociedade anônima os atos constitutivos são denominados de estatuto so-
cial, que constará o objeto da companhia de modo preciso e completo, não con-
trário a lei, à ordem pública e aos bons costumes. Qualquer que seja o objeto, a
companhia é mercantil e se rege pelas leis e usos do comércio.
A companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades; ainda que
não prevista no estatuto, a participação é facultada como meio de realizar o ob-
jeto social, ou para beneficiar-se de incentivos fiscais.
O nome da sociedade será designado por denominação acompanhada das
expressões "companhia" ou "sociedade anônima", expressas por extenso ou
abreviadamente, mas vedada a utilização da primeira ao final, podendo o nome
do fundador, acionista, ou pessoa que por qualquer outro modo tenha concor-
rido para o êxito da empresa, poderá figurar na denominação.
O estatuto social da companhia fixa o valor do capital social, expresso em
moeda nacional, cujo valor será corrigido anualmente, e será formado com
contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de ava-
liação em dinheiro. O valor nominal (valor expresso na ação) ou não (não consta
o valor da ação), e o número de ações, no qual se divide o capital social, será
fixado pelo estatuto social.
As sociedades anônimas podem ser classificadas como “abertas” quando
os valores mobiliários (ações etc) de sua emissão são negociados na bolsa de
valores, ou seja, a formação do seu capital social são captados junto ao público;
“fechadas” quando o capital social for formado por recursos dos próprios só-
cios que a constituíram.
6.3.3.2 Ações
A ação é o valor mobiliário que representa uma parcela do capital social da so-
ciedade anônima emissora que atribui ao seu titular a condições de sócio desta.
O estatuto social estabelecerá a espécie das ações que compõem o seu capi-
tal social, que a depender da natureza dos direitos ou vantagens que confiram a
seus titulares poderão ser ordinárias, preferenciais, ou de fruição.
As ações ordinárias são aquelas que conferem ao seu titular os direitos de
um sócio comum, sendo que o acionista que detiver mais da metade desse tipo
de ações é o controlador da companhia, podendo eleger os administradores,
aprovar a maior parte de alterações estatutárias, dentre outras deliberações.
162 • capítulo 6
As ações ordinárias de companhia fechada poderão ser de classes diversas,
em função de: conversibilidade em ações preferenciais, exigência de naciona-
lidade brasileira do acionista; ou direito de voto em separado para o preenchi-
mento de determinados cargos de órgãos administrativos.
As ações preferenciais são aquelas de que dá ao seu detentor um tratamento
diferenciado em relação ao acionista possuidor de ação ordinária, cuja defini-
ção deve se fazer presente no estatuto da sociedade, fixando a preferência nesse
tipo de ação.
As ações preferenciais concedem a seu titular preferências ou vantagens
que podem consistir: em prioridade na distribuição de dividendo, fixo ou mí-
nimo; em prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou sem ele ou na
acumulação das preferências e vantagens de que tratam os incisos I e II.
No tocante a forma as ações podem ser:
ATENÇÃO
Em virtude do tema ser bastante dinâmico e complexo, sugere um visita ao site do instituto
Educacional BM&FBovespa: <https://educacional.bmfbovespa.com.br/home>, para
conhecer melhor este conteúdo e outros pertinentes as sociedades anônimas.
capítulo 6 • 163
6.3.3.3 Administração da Sociedade
A administração da sociedade anônima será de acordo com quanto for estipu-
lado no seu estatuto social, sendo de competência do conselho de administra-
ção e da diretoria.
A Lei 6.404/76 estabelece a existência de quatro órgãos com competências
próprias, que são: assembleia geral, conselho de administração, diretoria e
conselho fiscal:
164 • capítulo 6
O conselho de administração será composto por, no mínimo, 3 (três) mem-
bros, eleitos pela assembleia-geral e por ela destituíveis a qualquer tempo, de-
vendo o estatuto estabelecer: o número de conselheiros, ou o máximo e mínimo
permitidos, e o processo de escolha e substituição do presidente do conselho
pela assembleia ou pelo próprio conselho; o modo de substituição dos conse-
lheiros; o prazo de gestão, que não poderá ser superior a 3 (três) anos, permi-
tida a reeleição; as normas sobre convocação, instalação e funcionamento do
conselho, que deliberará por maioria de votos, podendo o estatuto estabelecer
quórum qualificado para certas deliberações, desde que especifique as
matérias.
O estatuto poderá prever a participação no conselho de representantes dos
empregados, escolhidos pelo voto destes, em eleição direta, organizada pela
empresa, em conjunto com as entidades sindicais que os representem.
A competência do conselho de administração está descrita no art. 142 da Lei
das Sociedades Anônimas: fixar a orientação geral dos negócios da companhia;
eleger e destituir os diretores da companhia e fixar-lhes as atribuições, observa-
do o que a respeito dispuser o estatuto; fiscalizar a gestão dos diretores, exami-
nar, a qualquer tempo, os livros e papéis da companhia, solicitar informações
sobre contratos celebrados ou em via de celebração, e quaisquer outros atos;
convocar a assembleia-geral quando julgar conveniente, ou no caso do artigo
132; manifestar-se sobre o relatório da administração e as contas da diretoria;
manifestar-se previamente sobre atos ou contratos, quando o estatuto assim o
exigir; deliberar, quando autorizado pelo estatuto, sobre a emissão de ações ou
de bônus de subscrição; autorizar, se o estatuto não dispuser em contrário, a
alienação de bens do ativo não circulante, a constituição de ônus reais e a pres-
tação de garantias a obrigações de terceiros; escolher e destituir os auditores
independentes, se houver.
6.3.3.3.3 Diretoria
A Diretoria será composta por 2 (dois) ou mais diretores, eleitos e destituíveis
a qualquer tempo pelo conselho de administração, ou, se inexistente, pela as-
sembleia-geral, devendo o estatuto estabelecer: o número de diretores, ou o
máximo e o mínimo permitidos; o modo de sua substituição; o prazo de gestão,
que não será superior a 3 (três) anos, permitida a reeleição; as atribuições e po-
deres de cada diretor.
capítulo 6 • 165
O estatuto pode estabelecer que determinadas decisões, de competência
dos diretores, sejam tomadas em reunião da diretoria.
166 • capítulo 6
que ocorrerem motivos graves ou urgentes, incluindo na agenda das assem-
bleias as matérias que considerarem necessárias;
VI. analisar, ao menos trimestralmente, o balancete e demais demonstra-
ções financeiras elaboradas periodicamente pela companhia;
VI. examinar as demonstrações financeiras do exercício social e sobre
elas opinar;
VIII. exercer essas atribuições, durante a liquidação, tendo em vista as
disposições especiais que a regulam.
6.3.3.4 Dissolução
A sociedade anônima ou companhia poderá ser dissolvida nas seguin-
tes hipóteses:
I. de pleno direito:
a) pelo término do prazo de duração;
b) nos casos previstos no estatuto;
c) por deliberação da assembleia-geral (art. 136, X);
d) pela existência de 1 (um) único acionista, verificada em assembleia-
geral ordinária, se o mínimo de 2 (dois) não for reconstituído até a do ano
seguinte, ressalvado o disposto no artigo 251;
e) pela extinção, na forma da lei, da autorização para funcionar.
6.4 Recuperação
capítulo 6 • 167
operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de
capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.
Portanto, a recuperação é a reestruturação financeira compreende a adoção
pelos credores de medidas tendentes a alterar a situação do passivo da expressa
em recuperação ou modificar seu capital, de forma a assegurar a superioridade
do ativo obre o passivo FAZZIO JUNIOR (2012, p. 631).
168 • capítulo 6
da publicação do edital, para impugnarem o plano, juntando a prova de seu
crédito, impugnação esta que só poderá versar sobre não preenchimento do
percentual mínimo previsto na Lei; prática de qualquer dos atos previstos no
inciso III do art. 94 ou do art. 130 desta Lei, ou descumprimento de requisito
previsto nesta Lei e descumprimento de qualquer outra exigência legal.
Em sendo apresentada a impugnação será concedido o prazo de 5(cinco)
para o devedor se manifeste sobre a impugnação, cabendo ao Juiz decidir sobre
as impugnações no prazo de 5(cinco) dias.
A sentença homologatória do plano independe de que os credores e o
Ministério Público se pronunciem.
A recuperação judicial tem por meta sanear a situação gerada pela crise econô-
mico-financeira da empresa devedor, onde o devedor postula um tratamento
especial, justificável, para remover a crise econômico-financeira de que padece
sua empresa. (FAZZIOJUNIOR 2012, p. 637)
A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação
de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da
fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores,
promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à
atividade econômica (art. 47 da Lei 11.101/05).
A lei estabelece que é impeditivo o pedido de recuperação judicial do deve-
dor, senão cumpridos os seguintes requisitos: não ser falido e, se o foi, estejam
declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades
daí decorrentes; não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de re-
cuperação judicial; não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de
recuperação judicial com base no plano especial de que trata a Seção V deste
Capítulo; não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio con-
trolador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei.
O processamento da recuperação judicial será realizado através de petição
instruída com a exposição das causas concretas da situação patrimonial do de-
vedor e das razões da crise econômico-financeira; as demonstrações contábeis
relativas aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as levantadas especialmente
para instruir o pedido; a relação nominal completa dos credores; a relação
integral dos empregados, em que constem as respectivas funções, salários,
capítulo 6 • 169
indenizações e outras parcelas a que têm direito, com o correspondente mês de
competência, e a discriminação dos valores pendentes de pagamento; certidão
de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas, o ato constitutivo
atualizado e as atas de nomeação dos atuais administradores; relação dos bens
particulares dos sócios controladores e dos administradores do devedor; os ex-
tratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas eventuais aplica-
ções financeiras de qualquer modalidade, inclusive em fundos de investimen-
to ou em bolsas de valores, emitidos pelas respectivas instituições financeiras;
certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio ou sede
do devedor e naquelas onde possui filial e a relação, subscrita pelo devedor, de
todas as ações judiciais em que este figure como parte, inclusive as de natureza
trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores demandados.
O plano de recuperação será apresentado pelo devedor em juízo no prazo
improrrogável de 60 (sessenta) dias da publicação da decisão que deferir o pro-
cessamento da recuperação judicial, sob pena de convolação em falência, e de-
verá conter:
I. discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a ser
empregados;
II. demonstração de sua viabilidade econômica; e
III. laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e ativos do devedor,
subscrito por profissional legalmente habilitado ou empresa especializada.
170 • capítulo 6
6.4.3 Recuperação Especial
6.4.4 Falência
capítulo 6 • 171
A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a
preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produti-
vos, inclusive os intangíveis, da empresa.
Considerar-se-ão habilitados os créditos remanescentes da recuperação ju-
dicial, quando definitivamente incluídos no quadro-geral de credores, tendo
prosseguimento as habilitações que estejam em curso.
No tocante aos créditos na falência obedecem a seguinte classificação e
pela ordem: os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150
(cento e cinquenta) salários-mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes
de trabalho; créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado;
créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo de constitui-
ção, excetuadas as multas tributárias; créditos com privilégio especial; créditos
com privilégio geral; créditos quirografários; as multas contratuais e as penas
pecuniárias por infração das leis penais ou administrativas, inclusive as mul-
tas tributárias.
A falência será decretada nos moldes do art. 94 da Lei 11.101/05 quando
o devedor:
I. sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação
líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma
ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido
de falência;
II. executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não
nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal;
III. pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de
recuperação judicial:
a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de
meio ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos;
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de re-
tardar pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação
de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não;
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consenti-
mento de todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver
seu passivo;
d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o obje-
tivo de burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor;
172 • capítulo 6
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormen-
te sem ficar com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar
seu passivo;
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos
suficientes para pagar os credores, abandona estabelecimento ou ten-
ta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu princi-
pal estabelecimento;
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no
plano de recuperação judicial.
capítulo 6 • 173
VIII. ordenará ao Registro Público de Empresas que proceda à anotação
da falência no registro do devedor, para que conste a expressão "Falido", a data
da decretação da falência e a inabilitação de que trata o art. 102 desta Lei;
IX. nomeará o administrador judicial;
X. determinará a expedição de ofícios aos órgãos e repartições públicas e
outras entidades para que informem a existência de bens e direitos do falido;
XI. pronunciar-se-á a respeito da continuação provisória das atividades do
falido com o administrador judicial ou da lacração dos estabelecimentos;
XII. determinará, quando entender conveniente, a convocação da assem-
bleia-geral de credores para a constituição de Comitê de Credores, podendo
ainda autorizar a manutenção do Comitê eventualmente em funcionamento
na recuperação judicial quando da decretação da falência;
XIII. ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por
carta às Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que
o devedor tiver estabelecimento, para que tomem conhecimento da falência.
174 • capítulo 6
As contas sendo julgadas deverá o administrador judicial apresentar o re-
latório final da falência no prazo de 10(dez) dias, indicando o valor do ativo e o
do produto de sua realização, o valor do passivo e o dos pagamentos feitos aos
credores, e especificará justificadamente as responsabilidades com que conti-
nuará o falido.
A processo falimentar encerrar-se-á quando o juiz sentenciar o processo
após ter recebido o relatório final do administrador judicial
As obrigações do falido se extinguiram quando pago todos os créditos; o pa-
gamento, depois de realizado todo o ativo, de mais de 50% (cinquenta por cen-
to) dos créditos quirografários, sendo facultado ao falido o depósito da quantia
necessária para atingir essa porcentagem se para tanto não bastou a integral
liquidação do ativo; o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado do encerra-
mento da falência, se o falido não tiver sido condenado por prática de crime
previsto nesta Lei; o decurso do prazo de 10 (dez) anos, contado do encerramen-
to da falência, se o falido tiver sido condenado por prática de crime previsto
nesta Lei.
E por fim, a sentença que decreta a falência, concede a recuperação judicial
ou concede a recuperação extrajudicial é condição objetiva de punibilidade das
infrações penais descritas na norma jurídica, sendo seus efeitos: a inabilitação
para o exercício de atividade empresarial; o impedimento para o exercício de
cargo ou função em conselho de administração, diretoria ou gerência das so-
ciedades sujeitas a esta Lei; a impossibilidade de gerir empresa por mandato
ou por gestão de negócio.
FAZZIO JUNIOR 2012, p. 668 salienta que em nossa legislação pátria, inexis-
te a possibilidade de o juiz decretar ex officio a falência do devedor. Admite-se
que o juiz convole a recuperação judicial em falência. Não se trata de falência
sentenciada de ofício porque, nessas hipóteses, a insolvência do devedor está
confessada, ínsita no pedido de recuperação inviável ou no descumprimento
da recuperação em curso.
LEITURA
A leitura da Lei nº 11.101 de 09 de fevereiro de 2005 é fundamental para melhor interpre-
tação e conhecimento aprofundado do assunto.
capítulo 6 • 175
6.4.5 Dispositivos Aplicáveis a Recuperação e a Falência
176 • capítulo 6
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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promulgado em 05 de outubro de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 23 abr. 2016.
BRASIL. Lei de nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Publicado no Diário Oficial
em 10 de janeiro de 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.
htm>. Acesso em: 24 abr. 2016.
BRASIL. Lei de nº 11.101 de 09 de fevereiro de 2005. Regula a recuperação judicial, a extrajudicial e
a falência do empresário e da sociedade empresária. Publicado no Diário Oficial em 09 de fevereiro de
2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm>.
Acesso em: 24 abr. 2016.
BRASIL. Lei Complementar de nº 123 de 14 de dezembro de 2006. Institui o Estatuto Nacional da
Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; altera dispositivos das Leis no8.212 e 8.213, ambas
de 24 de julho de 1991, da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no
5.452, de 1o de maio de 1943, da Lei no 10.189, de 14 de fevereiro de 2001, da Lei Complementar
no 63, de 11 de janeiro de 1990; e revoga as Leis no 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e 9.841, de 5
de outubro de 1999. Publicado no Diário Oficial em 14 de dezembro de 2006. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp123.htm>. Acesso em: 24 abr. 2016.
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RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Curso de Direito Empresarial 4ª ed. Salvador: Juspodivm, 2010.
ISBN 9788577612987.
capítulo 6 • 177
178 • capítulo 6
7
Direito do
Consumidor
7. Direito do Consumidor
Nos capítulos anteriores estudamos o conceito de direito e sua amplitude para
a pacífica convivência do ser humano, abrangência da norma jurídica e as prin-
cipais divisões do direito; passando a estudar os principais ramos do direito, es-
tudo este que iniciou pelo Direito Constitucional, passando pelo Direito Civil,
Direito do Trabalho, Direito Administrativo e por último o Direito de Empresa.
Neste capítulo vamos estudar a importância do Direito do Consumidor a
partir da Constituição Federal de 1988 e o Código de Defesa do Consumidor,
seus conceitos, pressupostos e suas repercussões em nossas vidas pessoais
e profissionais.
180 • capítulo 7
MULTIMÍDIA
HISTORY CHANNEL: A história da humanidade – Cap. 10 (Máquina, Capitalismo industrial,
doença e droga). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=cAkH4L2hpH8>.
(...) o princípio da força obrigatória das convenções, pelo qual o juiz estava obrigado
a fazer cumprir os efeitos do contrato, quaisquer que fossem as circunstâncias ou
as consequências, está abalado. O legislador intervém, a cada instante, na economia
dos contratos, ditando medidas que, tendo aplicação imediata, alteram os efeitos dos
contratos anteriormente praticados, e vai se admitindo o poder do juiz de adaptar seus
efeitos às novas circunstâncias (cláusula rebus sic stantibus), ou de exonerar o
capítulo 7 • 181
devedor do seu cumprimento, se ocorrer imprevisão. Por fim, desde que os contratos
são fonte de obrigações e estas importam limitação da liberdade individual, entendia-
se que os seus efeitos não deveriam atingir a terceiros. O contrato era res inter alios
acta. Mas as necessidades sociais impuseram a quebra, ainda que excepcional, desse
princípio da relatividade dos efeitos do contrato, para a satisfação de certos interesses
coletivos privados.
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indeter-
mináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. (BRASIL. Lei nº 8.078, 1990).
182 • capítulo 7
Habitualmente, os dicionários conceituam consumidor como aquele que
compra para gastar em proveito próprio. O Código de Defesa do Consumidor
cuja finalidade é regular as relações qualificadas pelo desequilíbrio fático entre
os seus sujeitos, preferiu adotar um conceito econômico de consumidor, como
sendo, em regra, o sujeito que adquire ou utiliza os bens disponibilizados pelo
fornecedor como destinatário final.
Chama-se de destinatário final a pessoa física ou jurídica que adquire os
produtos e serviços ofertados no mercado para seu benefício próprio ou de
outrem, desde que não os reinsira na cadeia produtiva a fim de produzir mais
utilidades para consumo. Ressalta-se, portanto, que os bens adquiridos sejam
destinados ao atendimento de necessidades próprias do sujeito ou de outrem,
e não para o desenvolvimento de uma atividade negocial (MARQUES, 1995).
Se, por exemplo, eu compro um celular para uso particular, com certeza me
caracterizo como um consumidor. Quando compro o celular para presentear
um amigo, embora somente este possa desfrutar do bem, nós dois somos con-
siderados consumidores, pois eu adquiri o bem, mas meu amigo é o destina-
tário final. É isso que o legislador quer dizer quando afirma ser consumidor
quem “adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”.
Entende-se que a pessoa jurídica também possa ser classificada como con-
sumidora em algumas relações econômicas. Nesse sentido é necessário em
primeiro lugar que a mesma adquira os produtos e serviços como destinatária
final, não lhe sendo garantida a proteção do Código de Defesa do Consumidor
quando adquire bens de capita. Em segundo lugar, entende a doutrina que a
pessoa jurídica consumidora deve apresentar-se em uma posição de subordi-
nação em face do fornecedor (FILOMENO, 2010).
O Superior Tribunal de Justiça inicialmente reconhecia à pessoa jurídica a
qualidade de consumidora apenas quando presente a qualidade de destinatá-
ria final, ou seja, quando o objeto da relação de consumo destinava-se à utiliza-
ção não negocial, afirmando a teoria denominada de finalista ou minimalista,
seus adeptos defendem que o consumidor será apenas aqueles que se enqua-
drem estritamente nessa caracterização (MARIMPIETRI, 2008). Pode-se citar
como exemplo o fato de uma empresa de produtos químicos adquirir frutas
e legumes para abastecer a cantina que alimenta os seus empregados. Nesse
caso, não há dúvida de que se trata de uma pessoa jurídica consumidora.
A corrente oposta à finalista ou minimalista é chamada de maximalista para
a qual a figura do consumidor existiria sempre que houvesse uma relação de
capítulo 7 • 183
consumo, independentemente da destinação que fosse atribuída aos produtos
e serviços adquiridos, de tal maneira que a expressão destinatário final se refe-
riria ao destinatário fático. Segundo Cláudia Lima Marques (1999): “Já os maxi-
malistas vêem nas normas do CDC o novo regulamento do mercado de consu-
mo brasileiro, e não normas orientadas para proteger somente o consumidor
não-profissional. O CDC seria um Código geral sobre o consumo (...)”.
Faz-se necessário assinalar que, atualmente, o Poder Judiciário (sob a in-
fluência da doutrina francesa e belga), reconhecendo a fragilidade de uma pe-
quena empresa ou profissional que adquire no mercado de consumo utilidades
que fogem a sua área de conhecimento, passou analogicamente a aplicar a eles
as normas consumeristas. É o caso das pequenas e micro empresas cuja ativi-
dade fim consista, por exemplo, na venda de alimentos, muitas delas de caráter
familiar (ANDRADE, 2006), quando adquirem um computador de uma fabri-
cante multinacional para gerenciamento de sua atividade e de seus clientes. É
o chamado finalismo aprofundado ou teoria finalista mitigada que é a adotada
pelo Superior Tribunal de Justiça.
O parágrafo único do artigo 2º destaca a figura do consumidor por equipa-
ração referindo-se a uma coletividade de consumidores, trata-se das universali-
dades ou conjunto de pessoas (massa falida, condomínio ou etc), engloba tanto
as vítimas do evento (artigo 17) quanto às pessoas expostas as práticas comer-
ciais (artigo 29) ainda que indeterminadas. Tem-se como exemplo a hipótese
de alguém dirigir-se ao supermercado para fazer uma tomada de preço em rela-
ção a alguns produtos e caminhando pelos corredores escorrega em uma poça
d’água não sinalizada e fratura o braço. Embora a vítima do acidente (também
chamado de “consumidor bystander”) não tenha adquirido quaisquer dos pro-
dutos ofertados e nem ter a intenção inicial de fazê-lo, ainda assim é conside-
rada consumidora para fins de indenização dos prejuízos sofridos, isto porque
foi atingida pela falta de cuidado do fornecedor no desempenho de sua ativida-
de lucrativa.
ESTUDO DE CASO
CONSUMIDOR. DEFINIÇÃO. ALCANCE. TEORIA FINALISTA. REGRA. MITIGAÇÃO. FINA-
LISMO APROFUNDADO. CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO. VULNERABILIDADE. 1. A
jurisprudência do STJ se encontra consolidada no sentido de que a determinação da qualida-
184 • capítulo 7
de de consumidor deve, em regra, ser feita mediante aplicação da teoria finalista, que, numa
exegese restritiva do art. 2º do CDC, considera destinatário final tão somente o destinatário
fático e econômico do bem ou serviço, seja ele pessoa física ou jurídica. 2. Pela teoria finalis-
ta, fica excluído da proteção do CDC o consumo intermediário, assim entendido como aquele
cujo produto retorna para as cadeias de produção e distribuição, compondo o custo (e, por-
tanto, o preço final) de um novo bem ou serviço. Vale dizer, só pode ser considerado consu-
midor, para fins de tutela pela Lei nº 8.078/90, aquele que exaure a função econômica do
bem ou serviço, excluindo-o de forma definitiva do mercado de consumo. 3. A jurisprudência
do STJ, tomando por base o conceito de consumidor por equiparação previsto no art. 29 do
CDC, tem evoluído para uma aplicação temperada da teoria finalista frente às pessoas jurídi-
cas, num processo que a doutrina vem denominando finalismo aprofundado, consistente em
se admitir que, em determinadas hipóteses, a pessoa jurídica adquirente de um produto ou
serviço pode ser equiparada à condição de consumidora, por apresentar frente ao fornecedor
alguma vulnerabilidade, que constitui o princípio-motor da política nacional das relações de
consumo, premissa expressamente fixada no art. 4º, I, do CDC, que legitima toda a proteção
conferida ao consumidor. 4. A doutrina tradicionalmente aponta a existência de três modali-
dades de vulnerabilidade: técnica (ausência de conhecimento específico acerca do produto
ou serviço objeto de consumo), jurídica (falta de conhecimento jurídico, contábil ou econô-
mico e de seus reflexos na relação de consumo) e fática (situações em que a insuficiência
econômica, física ou até mesmo psicológica do consumidor o coloca em pé de desigualdade
frente ao fornecedor). Mais recentemente, tem se incluído também a vulnerabilidade infor-
macional (dados insuficientes sobre o produto ou serviço capazes de influenciar no processo
decisório de compra). 5. A despeito da identificação in abstracto dessas espécies de vul-
nerabilidade, a casuística poderá apresentar novas formas de vulnerabilidade aptas a atrair
a incidência do CDC à relação de consumo. Numa relação interempresarial, para além das
hipóteses de vulnerabilidade já consagradas pela doutrina e pela jurisprudência, a relação
de dependência de uma das partes frente à outra pode, conforme o caso, caracterizar uma
vulnerabilidade legitimadora da aplicação da Lei nº 8.078/90, mitigando os rigores da teoria
finalista e autorizando a equiparação da pessoa jurídica compradora à condição de consumi-
dora. 6. Hipótese em que revendedora de veículos reclama indenização por danos materiais
derivados de defeito em suas linhas telefônicas, tornando inócuo o investimento em anúncios
publicitários, dada a impossibilidade de atender ligações de potenciais clientes. A contrata-
ção do serviço de telefonia não caracteriza relação de consumo tutelável pelo CDC, pois o
referido serviço compõe a cadeia produtiva da empresa, sendo essencial à consecução do
seu negócio. Também não se verifica nenhuma vulnerabilidade apta a equipar a empresa à
capítulo 7 • 185
condição de consumidora frente à prestadora do serviço de telefonia. Ainda assim, mediante
aplicação do direito à espécie, nos termos do art. 257 do RISTJ, fica mantida a condenação
imposta a título de danos materiais, à luz dos arts. 186 e 927 do CC/02 e tendo em vista
a conclusão das instâncias ordinárias quanto à existência de culpa da fornecedora pelo de-
feito apresentado nas linhas telefônicas e a relação direta deste defeito com os prejuízos
suportados pela revendedora de veículos. 7. Recurso especial a que se nega provimento.
(STJ - REsp: 1195642 RJ 2010/0094391-6, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de
Julgamento: 13/11/2012, T3 - TERCEIRA TURMA, )
186 • capítulo 7
LEITURA
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira,
bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem,
criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização
de produtos ou prestação de serviços.
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração,
inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes
das relações de caráter trabalhista.
capítulo 7 • 187
de transporte), ao passo que consideram-se duráveis aqueles que perdurarem
no tempo por determinação contratual ou que deixarem como resultado um
produto.
Existe produto ou serviço gratuito? A regra é que o objeto da relação con-
sumerista exija uma contraprestação em dinheiro, mas o legislador reconhece
excepcionalmente a aplicação de do Código de Defesa do Consumidor à aquisi-
ção de produtos ou prestação de alguns serviços “gratuitos”. Aquele cafezinho
que o restaurante oferece ao cliente ao final de sua refeição como cortesia, bem
como os estabelecimentos comerciais que ainda garantem ao consumidor a
comodidade do estacionamento sem cobrar qualquer taxa por isso, podem ser
considerados como gratuitos? Na verdade não. Entende-se que em tais hipó-
teses o serviço já foi embutido no valor dos produtos ou serviços adquiridos
(ANDRADE, 2006). Caso o objeto da prestação seja realmente gratuito, a relação
jurídica deverá submeter-se ao regramento do Código Civil.
Não obstante a observância da regra que exige a remuneração (direta ou in-
direta) na aquisição de produtos ou serviços, o legislador consumerista admite
excepcionalmente a aplicabilidade do Código em dois momentos. O primei-
ro diz respeito aos consumidores vítimas de acidente de consumo ou bystan-
ders (artigo 17), bem como aqueles atingidos pelas práticas comerciais nocivas
(BRASIL. Lei nº 8.078, artigo 29, 1990), dos quais não se exige de fato a aquisi-
ção de produtos ou serviços. Isso acontece também quando o fornecedor dispo-
nibiliza ao consumidor produtos ou serviços não solicitados, a sanção imposta
nessa situação é a de equipará-los a amostras grátis, isentando o adquirente do
seu pagamento (BRASIL. Lei nº 8.078, artigo 39, parágrafo único, 1990).
ESTUDO DE CASO
CONSUMIDOR - SERVIÇOS DE "900" - "DISQUE PRAZER" - COBRANÇA - NECESSIDA-
DE DE PRÉVIA SOLICITAÇÃO - CDC, ART. 39, III. - A cobrança de serviço de "900 - disque
prazer" sem a prévia solicitação do consumidor constitui prática abusiva (CDC, art. 39, III).
Se prestado, sem o pedido anterior, tal serviço equipara-se às amostras grátis, inexistindo
obrigação de pagamento (CDC, art. 39, parágrafo único). - Recurso provido. (STJ - REsp:
318372 SP 2001/0044423-7, Relator: Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, Data
de Julgamento: 27/04/2004, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: <!-- DTPB:
20040517<br> --> DJ 17/05/2004 p. 213<BR>RSTJ vol. 192 p. 330)
188 • capítulo 7
Os serviços prestados pela Administração Pública direta ou indireta, ou
ainda por suas concessionárias ou permissionárias também se submetem à re-
gulação do Código de Defesa do Consumidor, o qual consigna que devem ser
adequados, eficientes, seguros e contínuos.
A relação de consumo, portanto caracteriza-se pelo liame que une consumi-
dores e fornecedores, tendo por objeto produtos e serviços disponibilizados no
mercado de consumo, em regra, mediante uma remuneração.
LEITURA
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou
sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados,
eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas
neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causa-
dos, na forma prevista neste código.
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as
pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.
O Código de Defesa do Consumidor é uma norma jurídica que tem base cons-
titucional, foi previsto no inciso XXII do art. 5º (o legislador constituinte de-
clara que o Estado promoveria, na forma da lei, a defesa do consumidor). Mais
adiante a Constituição Federal consagra, no art. 170, V, a defesa do consumidor
como um princípio geral da ordem econômica, o que nos dá uma ideia da sua
relevância no cenário jurídico (SOARES, 2008).
Embora a sua nomenclatura possa levar à conclusão equivocada de que se
trata de norma com a finalidade única de conferir direitos ao consumidor. É
bem verdade que a lei confere ao consumidor uma série de prerrogativas, as
quais têm por finalidade equilibrar as relações econômicas, concedendo à par-
te mais frágil da relação consumerista condições de empoderamento necessá-
rias para poder dialogar em posição de igualdade com os fornecedores, posto
que tem como objetivo a harmonização dos interesses dos participantes dessas
relações.
capítulo 7 • 189
O artigo 4o da referida Lei esclarece os princípios que devem nortear as rela-
ções de consumo, como a transparência, a vulnerabilidade, a igualdade, a boa-
fé objetiva, a repressão eficiente a abusos, a harmonia do mercado, a equidade
e a confiança nas relações de consumo.
A presunção de vulnerabilidade do consumidor não profissional e do con-
sumidor pessoa física justifica a necessidade de normas protetivas, pois reco-
nhece que esse agente econômico não pode satisfazer as suas necessidades
mais básicas senão atuando no mercado de consumo. Reconhece o legislador
que o consumidor pode apresentar uma vulnerabilidade de três ordens: técni-
ca, jurídica e fática.
Na vulnerabilidade técnica, o comprador não possui conhecimentos especí-
ficos sobre o objeto que está adquirindo e, portanto, é mais facilmente engana-
do quanto às características do bem ou quanto à sua utilidade, o mesmo ocor-
rendo em matéria de serviços. A vulnerabilidade técnica, no sistema do CDC,
é presumida para o consumidor não-profissional, mas também pode atingir o
profissional, destinatário final fático do bem, como vimos no exemplo da juris-
prudência francesa.
Já a vulnerabilidade jurídica ou científica é a falta de conhecimentos jurídi-
cos específicos, conhecimentos de contabilidade ou de economia. Esta vulne-
rabilidade, no sistema do CDC, é presumida para o consumidor não-profissio-
nal, e para o consumidor pessoa física. Quanto aos profissionais e às pessoas
jurídicas vale a presunção em contrário, isto é, que devem possuir conhecimen-
tos jurídicos mínimos e sobre a economia para poderem exercer a profissão,
ou devem poder consultar advogados e profissionais especializados antes de
obrigar-se.
Mas há ainda a vulnerabilidade fática ou sócio-econômica, onde o ponto de
concentração é o outro parceiro contratual, o fornecedor que por sua posição
de monopólio, fático ou jurídico, por seu grande poder econômico, impõe sua
superioridade a todos que com ele contratam. Em se tratando de vulnerabili-
dade fática, o sistema do CDC a presume para o consumidor não-profissional,
mas não a presume para o profissional(MARQUES, 1995).
LEITURA
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das ne-
cessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de
190 • capítulo 7
seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência
e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: (Redação dada pela
Lei nº 9.008, de 21.3.1995)
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:
a) por iniciativa direta;
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;
c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, seguran-
ça, durabilidade e desempenho.
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compa-
tibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e
tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art.
170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre
consumidores e fornecedores;
IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e
deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo;
V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade
e segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de
conflitos de consumo;
VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de
consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações in-
dustriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos
aos consumidores;
VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos;
VIII - estudo constante das modificações do mercado de consumo
capítulo 7 • 191
A oferta consiste num negócio jurídico unilateral através do qual o forne-
cedor anuncia os seus produtos e serviços, bem como a sua forma de aquisi-
ção, chamando o público para com ele contratar. O legislador consumerista a
considera como parte integrante do contrato, mesmo que não esteja expresso
no mesmo, atribuindo-lhe força vinculante. Isso significa que a recusa no seu
cumprimento, autoriza o consumidor a exigir, alternativamente, a execução
forçada da oferta; aceitar produto ou serviço equivalente; ou rescindir o contra-
to sem qualquer ônus e com direito a uma indenização pelos prejuízos origina-
dos pela conduta do fornecedor (CARVALHO, 2008).
Já a Publicidade tem os seus princípios fundamentais fixados na
Constituição Federal, os artigos 220 e 221 estabelecem um modela a ser segui-
do, determinando restrições aos anúncios de produtos e serviços nocivos à saú-
de ou segurança do consumidor, além de proibirem a violação de valores éticos
e sociais da pessoa e da família (NUNES, 2011). Seguindo essa linha, o Código
de Defesa do Consumidor veda a publicidade clandestina (artigo 36), aquela em
que a pessoa aceita o que lhe é sugerido sem a devida reflexão, o que pode lhe
trazer prejuízos. Acrescenta ainda a proibição do uso de publicidade enganosa
(no anúncio tudo é perfeito, mas não corresponde à realidade) ou abusiva (dis-
criminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a
superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança,
desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se
comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança).
O princípio da não abusividade no mercado de consumo explicitado pelo
inciso VI do artigo 4o encontra seu reflexo no artigo 39 que trata das práticas
abusivas. Ressalte-se que a enumeração das condutas é apenas exemplificativa,
o que significa que outras ações ou omissões podem, no caso concreto, serem
consideradas lesivas e, portanto, violadoras dos deveres de boa-fé, devendo ser,
igualmente, coibidas.
As mencionadas práticas quando incorporadas à relação contratual podem
converter-se em cláusulas abusivas. O artigo 51 do Código de Defesa do consu-
midor enumera os preceitos considerados antiéticos ou lesivos, fulminando-os
com a penalidade de nulidade absoluta. Frise-se que não se trata da nulidade
total do pactuado, pois aplica-se aqui o princípio da conservação dos contra-
tos, posto que são instrumentos importantes para a circulação de riqueza, esse
desfecho somente é necessário caso não seja possível a sua manutenção com a
extirpação cláusula lesiva.
192 • capítulo 7
A proteção consumerista aplica-se também à fase pós-contratual, motivo
pelo qual o Código de Defesa do Consumidor, ainda que reconheça ao credor
o direito de servir-se de todos os meios legítimos para exigir seu crédito, veda
qualquer espécie de cobrança vexatória ou violenta. A manutenção de um ca-
dastro de consumidores inadimplentes deve observar o princípio da transpa-
rência e boa-fé, nesse sentido, exige-se que o devedor seja comunicado da ano-
tação do débito com antecedência, identificando o credor, o seu valor e a sua
origem, a fim de permitir a quitação antes do apontamento. O consumidor tem
o direito de ter acesso aos apontamentos realizados em relação ao mesmo, bem
como o direito de retificar as informações ali constantes caso encontre alguma
informação equivocada (BENJAMIN, 2001).
Tais dispositivos reafirmam os princípios e os direitos básicos do consumi-
do, seu objetivo é criar uma cultura de relações equilibradas e éticas no merca-
do de consumo.
LEITURA
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas:
I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produ-
to ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;
II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas dis-
ponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes;
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou for-
necer qualquer serviço;
IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade,
saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços;
V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do
consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes;
VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no
exercício de seus direitos;
VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com
as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não exis-
tirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo
Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro);
capítulo 7 • 193
IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se dis-
ponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação
regulados em leis especiais;
X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços.
XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação
de seu termo inicial a seu exclusivo critério.
XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente
estabelecido.
Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao con-
sumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obri-
gação de pagamento.
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que:
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de
qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos.
Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização
poderá ser limitada, em situações justificáveis;
II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos pre-
vistos neste código;
III - transfiram responsabilidades a terceiros;
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor
em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;
V - (Vetado);
VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;
VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem;
VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico
pelo consumidor;
IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando
o consumidor;
X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de manei-
ra unilateral;
XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito
seja conferido ao consumidor;
XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem
que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor;
194 • capítulo 7
XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do
contrato, após sua celebração;
XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais;
XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;
XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias.
§ 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:
I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence;
II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato, de tal
modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual;
III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza
e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.
§ 2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quan-
do de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer
das partes.
§ 3° (Vetado).
§ 4° É facultado a qualquer consumidor ou entidade que o represente requerer ao Mi-
nistério Público que ajuíze a competente ação para ser declarada a nulidade de cláusula
contratual que contrarie o disposto neste código ou de qualquer forma não assegure o justo
equilíbrio entre direitos e obrigações das partes.
MULTIMÍDIA
Neste vídeo disponível no Youtube você aprenderá noções básicas do direito consumidor
sobre propaganda enganosa, inversão do ônus da prova, dentre outros conteúdos. Vamos
assistir e depois comentar. <https://www.youtube.com/watch?v=z-azJ7JjdVA>
capítulo 7 • 195
sumidor prejudicado nas relações de consumo poderá socorrer-se do Poder Ju-
diciário1 individual ou coletivamente.
O Código de Defesa do Consumidor garante ao agente econômico vulne-
rável a facilitação de sua defesa, permitindo, inclusive, a inversão do ônus da
prova2 no curso de um processo judicial (CARVALHO, 2008). O que significa
a expressão “ônus da prova”? Primeiro, deve-se entender que se trata de um
instrumento de direito processual, sua finalidade é determinar ao autor e ao
réu quais fatos devem comprovar perante o juiz para que sua pretensão seja
acolhida. A regra geral é que cada parte precisa demonstrar a veracidade dos
acontecimentos que sustentam o seu direito. Entretanto, reconhecendo a fragi-
lidade de consumidor, permite-se a inversão dessa regra quando o magistrado
convencer-se da veracidade de suas alegações ou quando for ele hipossuficien-
te, aspecto processual da vulnerabilidade (NUNES, 2011).
Desse modo, o conceito de hipossuficiência vai além do sentido literal das
expressões pobre ou sem recursos, aplicáveis nos casos de concessão dos bene-
fícios da justiça gratuita, no campo processual. O conceito de hipossuficiência
consumerista é mais amplo, devendo ser apreciado pelo aplicador do direito
caso a caso, no sentido de reconhecer a disparidade técnica ou informacional,
diante de uma situação de desconhecimento, conforme reconhece a melhor
doutrina e jurisprudência (TARTUCE e NEVES, 2013).
Uma das maiores inovações do Código de Defesa do Consumidor na seara
processual foi, indubitavelmente, a proteção dos interesses coletivos. A ideia é
bem simples, ao invés de cada consumidor individualmente acionar o Poder ju-
diciário na solução de problemas que atingem muitas pessoas ao mesmo tem-
po, ou, até mesmo, sujeitos indeterminados, permitiu-se que essa defesa fosse
feita por um único sujeito que materializasse a coletividade. Além de tornar o
processo judicial mais barato e célere, o dispositivo possibilita que, em caso
de acolhimento do pedido, os efeitos possam ser estendidos aos consumido-
res que fazem parte de um grupo de interesses, ou que, mesmo sendo inde-
terminados, estão ligados por circunstâncias de fato, ou, ainda, que detenham
1 XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito (artigo 5o da Constituição
Federal). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm.
2 Art. 6º São direitos básicos do consumidor:(...)
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil,
quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias
de experiências;
196 • capítulo 7
interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorren-
tes de origem comum3.
Além disso, outros institutos também favorecem o acesso do consumidor
em Juízo, a exemplo da criação dos Juizados Especiais de Defesa do Consumidor
(Lei 9.099/95), os quais trazem um procedimento mais célere para solução de
conflitos de menor complexidade.
Finalmente, observa-se que a via de solução judicial de conflitos não pode
estar aberta indeterminadamente sob pena de gerar uma instabilidade nas re-
lações econômicas, a insegurança jurídica. Estabelece a Lei consumerista que
é de cinco anos o prazo para a pretensão à reparação pelos danos causados por
fato do produto ou do serviço (TARTUCE e NEVES, 2013).
COMENTÁRIO
A inversão do ônus da prova significa garantir ao consumidor a defesa ao consumidor a
defesa dos seus direito e garantir a efetividade dos direitos do indivíduo e da coletividade.
O direito difuso é aquele que protege os interesses que não encontram respaldo na
relação de consumo bem definida, reduzindo-se a um vínculo entre fatores genéricos as
pessoas (residir na mesma região, consumir um mesmo produto). Ex.: ação judicial movida
contra fabricante de um determinado produto, donde os beneficiários desta ação serão todos
os consumidores.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, Ronaldo Alves de. Curso de direito do consumidor. Barieri, SP: Manole, 2006.
BENJAMIN, Antônio H. de Vasconcellos et al., Código brasileiro de Defesa do Consumidor
comentado pelos autores do anteprojeto. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2001.
BRASIL. STJ - REsp: 1195642 RJ 2010/0094391-6, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data
de Julgamento: 13/11/2012, T3 - TERCEIRA TURMA, Disponível em: <http://stj.jusbrasil.com.br/
3 Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo
individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza
indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza
indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma
relação jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum.
capítulo 7 • 197
jurisprudencia/22829799/recurso-especial-resp-1195642-rj-2010-0094391-6-stj>. Consulta em:
17 abr. 16.
198 • capítulo 7
8
Direito Tributário
8. Direito Tributário
Nos capítulos anteriores estudamos o conceito de direito e sua amplitude para
a pacífica convivência do ser humano, abrangência da norma jurídica e as prin-
cipais divisões do direito; passando a estudar os principais ramos do direito,
estudo este que iniciou pelo Direito Constitucional e passando posteriormente
pelo Direito Civil, Trabalho, Direito Administrativo, Direito da Empresa, Direi-
to do Consumidor e agora vamos nos dedicar ao Direito Tributário.
Neste capítulo vamos estudar a importância do Direito Tributário e suas reper-
cussões em nossas vidas, além dos conceitos fundamentais que disciplinam a
matéria, principalmente porque é através dos tributos que as contas públicas
são liquidadas.
O direito tributário poderá ter tido o seu nascedouro nas pressões realizadas
pelo povo e burguesia sobre o rei, afim de que ele não tirasse sem qualquer cri-
tério ou limites as riquezas daquelas para o seu sustento.
O estudo da definição do que seja o Direito Tributário deve ser realizado
para que se compreenda que o início do estudo de uma ciência se dá a partir do
domínio de seus conceitos e princípios.
O Estado necessita, em sua atividade financeira, captar recursos materiais
para manter sua estrutura, disponibilizando ao cidadão-contribuinte os ser-
viços que lhe compete, como autêntico provedor das necessidades coletivas.
SABAG (2015, p. 35)
A ciência do direito tributário somente se dará de forma plena, após o es-
tudo do conceito deste ramo do direito que é um conjunto sistematizado de
normas, que servem para controlar a ação do Poder Público sobre as riquezas
individuais, a titulação de tributação, ou seja, a arrecadação suficiente visando
a sua existência econômica e o seu próprio sustento.
Em considerando o todo podemos conceituar Direito Tributário como sen-
do um conjunto de normas jurídicas que regulam a ação estatal de tributar.
200 • capítulo 8
CONCEITO
O Direito Tributário é o conjunto das leis reguladoras da arrecadação dos tributos (taxas, im-
postos e contribuição de melhoria), bem como de sua fiscalização. Regula as relações jurídi-
cas estabelecidas entre o Estado e contribuinte no que se refere à arrecadação dos tributos.
CONCEITO
O Direito Financeiro é o conjunto e normas que regulam as atividades financeiras do Estado
(receita, gestão e despesa) de acordo com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
O Sistema Tributário Nacional tal como existe atualmente, foi criado buscando
harmonizar as relações da sociedade de forma a se atender aos seus princípios
fundamentais, como também de forma a se respeitar o pacto federativo sob o
qual vivemos.
A expressão STN serve para designar o conjunto de todos os tributos cobra-
dos no País, sem distinguir os da competência Federal, Estadual ou Municipal,
e, bem assim, todas as regras jurídicas com relações entre si que disciplinam a
arrecadação desses tributos. SILVA (2015).
capítulo 8 • 201
8.2.1.1.1 Receita Originária
202 • capítulo 8
III. Despesa Pública: definições e limites;
IV. Endividamento: limites;
V. Gestão patrimonial;
VI. Transparência na Gestão Fiscal;
capítulo 8 • 203
Nos Estados democráticos, o orçamento é considerado ato pelo qual o
Poder Legislativo prevê a autoriza ao Poder Executivo, por certo período e em
pormenor, as despesas destinadas ao funcionamento dos serviços públicos e
outros fins adotados pela política econômica ou geral do país, assim como a
arrecadação das receitas já criadas em lei.
O artigo 165 da Constituição Federal estabelece leis de iniciativa do Poder
Executivo, que estabelecerão:
I. O Plano Plurianual: estabelecerá, de forma regionalizada, as diretri-
zes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de
capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de dura-
ção continuada;
II. As diretrizes orçamentárias: compreenderá as metas e prioridades da
administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercí-
cio financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual,
disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de
aplicação das agências financeiras oficiais de fomento
III. Os orçamentos anuais: é o que abrange o orçamento fiscal, referente aos
três poderes da União, fundos, órgãos e entidades de administração direta e in-
direta. Fundações instituídas e mantida pelo poder público, além do orçamen-
to de investimento das empresas estatais, bem como o orçamento da segurida-
de social.
204 • capítulo 8
8.2.1.7 Preços Administrativos
O Estado ao conceder ou autorizar particulares a explorar serviços que, por sua
natureza essencial, são públicos permite que estes particulares cobrem preços
por estes serviços dos administrados, que são chamadas de tarifa, certos que
estas tarifas necessitam de autorização do ente federado concedente do serviço.
8.2.2 Tributo
capítulo 8 • 205
Art. 16 Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação indepen-
dentemente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.
O tributo vinculado é aquele instituído por lei e devidos apenas quando houver
alguma atividade estatal ou colocado à disposição do contribuinte.
8.2.2.1.3 Taxas
206 • capítulo 8
biliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o
acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.
A contribuição de melhoria observará os seguintes requisitos mínimos:
Em SIMÕES E GUIDO (2015), citando Paulo Ayres Barreto diz que as contribui-
ções sociais gerais se destinam ao financiamento das demais áreas de atuação
da União, no campo social, que, como dissemos tem grande abrangência. A or-
dem social é fundada no primado do trabalho e objetiva o bem estar e a justiça
social. Engloba o direito à educação, cultura e habitação.
capítulo 8 • 207
8.2.2.1.7 Contribuições de Intervenção no domínio econômico
Os tributos com relação à pessoa que suporta o ônus da carga tributária, classi-
ficam-se em diretos e indiretos.
208 • capítulo 8
8.2.3.2 Tributos Indiretos
Os tributos indiretos são aqueles que incidem sobre a produção e a circulação
de bens e serviços e são repassados para o preço, pelo produtor, vendedor ou
prestador de serviço. Os encargos tributários recaem sobre preço da venda de
mercadorias ou serviços prestados, razão pela qual o consumidor final é o con-
tribuinte de fato. FABRETTI (2009, P. 57)
ATENÇÃO
O fato gerador do tributo é a ocorrência, em si, que traz a tona a exigência do respectivo
ônus para o contribuinte. A lei descreve situações que, ao ocorrerem na vida real, fazem com
que se fixe o momento do nascimento da obrigação tributária. Essa definição, contida na lei,
das hipóteses em que o tributo incide ou em que o tributo deva ser cobrado, que denomi-
namos de fato gerador da obrigação tributária. O fato gerador é, assim, a situação de fato,
prevista na lei de forma prévia, genérica e abstrata, que, ao ocorrer na vida real, faz com que,
pela materialização do direito ocorra o nascimento da obrigação tributária, seja esta principal
ou acessória. Disponível em: http://www.portaltributario.com.br/tributario/fato_gerador.htm.
Acessado em 25/04/2016).
capítulo 8 • 209
e) Residual: diz-se da competência atribuída a união atinente aos outros
impostos que podem ser instituídos sobre situações não previstas.
f) Extraordinária: é o poder de instituição, pela União por lei ordinária
federal, do imposto extraordinário de guerra.
DENOMINAÇÃO DA
TRIBUTOS ENTIDADES POLÍTICAS
COMPETÊNCIA
Impostos, como regra. Outros tributos, União, Estados, Municípios e
PRIVATIVA inclusive. Distrito Federal
União, Estados, Municípios e
COMUM Taxas e Contribuições de Melhoria
Distrito Federal
Tributos em geral (o art. 147 da CF
CUMULATIVA menciona impostos)
União e Distrito Federal
210 • capítulo 8
A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídi-
cos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do
tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, ob-
servados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária.
Nos estudos de FABRETTI (2009, p. 81) define obrigação tributária como sendo
a relação jurídica que se estabelece entre um sujeito ativo (credor), que pode
exigir de um sujeito passivo (devedor) uma prestação de caráter patrimonial
(objeto), em virtude de uma causa que poder ser a vontade da parte (ex voluntate)
ou a vontade da lei (ex lege).
capítulo 8 • 211
8.2.6.2 Sujeitos
O Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público, titular da
competência para exigir o seu cumprimento. Salvo disposição de lei em contrá-
rio, a pessoa jurídica de direito público, que se constituir pelo desmembramen-
to territorial de outra, subroga-se nos direitos desta, cuja legislação tributária
aplicará até que entre em vigor a sua própria.
O sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento
de tributo ou penalidade pecuniária, e pode se diz:
I. contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que
constitua o respectivo fato gerador. Ex. proprietário de imóvel urbano - IPTU;
II. responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua
obrigação decorra de disposição expressa de lei. Ex.: empregador que recolhe
o IRPF.
CONEXÃO
O aprofundamento do sujeito e responsabilidade tributária deve ser feito com a leitura dos
artigos 119 à 138 do Código Tributário Nacional, disponível no site http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/Leis/L5172.htm
212 • capítulo 8
8.2.8 Lançamento Tributário
capítulo 8 • 213
IX. quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou
falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autorida-
de, de ato ou formalidade especial.
214 • capítulo 8
8.2.9 Extinção, Suspensão e Modificação do Crédito Tributário
8.2.9.1 Extinção
8.2.9.2 Suspensão
A suspensão do crédito tributário ocorre quando suspendem a exigibilidade do
crédito tributário: moratória (prazo maior para pagamento); o depósito do seu
montante integral (deposito para garantir a discussão em juízo do valor devi-
do); as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do proces-
so tributário administrativo (realizado pelo sujeito passivo que deseja discutir
perante a autoridade competente a validade da exigência efetuada); concessão
de medida liminar em mandado de segurança (ação judicial); a concessão de
medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial;
o parcelamento.
O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações as-
sessórios dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou
dela consequentes.
8.2.9.3 Exclusão
O crédito tributário pode ser excluído através da isenção e anistia. A crédito tri-
butário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes
da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela consequente.
A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei
que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tri-
butos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração.
A isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade
tributante, em função de condições a ela peculiares.
capítulo 8 • 215
A anistia é um benefício estipulado em lei, que exclui a possibilidade de o
contribuinte ter que pagar as penalidades pecuniárias devida por irregularida-
de ou pagamento de sua obrigação tributária.
A anistia abrange exclusivamente as infrações cometidas anteriormente à
vigência da lei que a concede, não se aplicando: aos atos qualificados em lei
como crimes ou contravenções e aos que, mesmo sem essa qualificação, sejam
praticados com dolo, fraude ou simulação pelo sujeito passivo ou por terceiro
em benefício daquele; e salvo disposição em contrário, às infrações resultantes
de conluio entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas.
A anistia pode ser concedida em caráter geral ou limitadamente conforme
texto legal.
CONEXÃO
O aprofundamento das modalidades de extinção do crédito tributário deve ser feito com a
leitura dos artigos 139 a 174 do Código Tributário Nacional, disponível no site: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5172.htm
216 • capítulo 8
8.3.2 Princípio da Anterioridade (Art. 150, III, “b”, CF/88)
Não se pode cobrar tributo relativo a situações ocorridas antes do início da vi-
gência da lei que as tenha definido, ou seja, a lei sempre se aplicará a fatos gera-
dores ocorridos após o início da sua vigência.
A regra geral é da irretroatividade da lei, sendo exceção a ocorrência de leis
retroativas, tais como as leis interpretativas, a lei penal mais benigna, etc.
A igualdade jurídica dos cidadãos é proclamada no art. 5º, I da CF, que afirma "to-
dos são iguais perante a Lei, sem distinção de qualquer natureza...", vemos assim
que a isonomia ou igualdade tributária não é nada mais que uma confirmação de
um princípio constitucional básico: a igualdade de todos perante a lei.
Os poderes tributantes não poderão tratar os iguais de forma desigual, inde-
pendentemente do nome que tenham os rendimentos, títulos ou direitos dos
indivíduos, a lei tributária não poderá ser imposta de forma diferenciada em
função de ocupação profissional ou função exercida.
O princípio da igualdade tributária proíbe distinções arbitrárias, entre con-
tribuintes que se encontrem em situações semelhantes.
capítulo 8 • 217
8.3.6 Princípio da Liberdade de Tráfego (Art. 150, V, CF/88)
O tráfego de pessoas ou de bens não pode ser limitado pela cobrança de tribu-
tos, quando estas ultrapassam as fronteiras dos Estados ou Municípios. Este
princípio tributário está em consonância com o artigo 5º, LXVIII, CF/88, direito
à livre locomoção. A cobrança de pedágios pela utilização de vias conservadas
pelo Poder Público, é considerada pela doutrina exceção ao princípio.
Este princípio proíbe que a União institua tributo de forma não uniforme em
todo o país, ou dê preferência a Estado, Município ou ao Distrito Federal em
detrimento de outro ente federativo. Permite-se, entretanto, a diferenciação, se
favorecer regiões menos desenvolvidas. Visa promover o equilíbrio sócio-eco-
nômico entre as regiões brasileiras. Exemplo tradicionalmente citado é a Zona
Franca de Manaus.
O artigo 150, § 5º, CF/88, reza que a lei determinará medidas para que os consu-
midores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercado-
218 • capítulo 8
rias e serviços. As denominações deste princípio são utilizadas, respectivamen-
te, pelos mestres Luciano Amaro e Ricardo Lobo Torres, segundo magistério de
Fábio Periandro.
8.3.11 Princípio da não Cumulatividade (Arts. 155, §2º, I; art. 153, §3º, II,; art. 154,
I, CF/88)
capítulo 8 • 219
cos, as entidades sindicais de trabalhadores, as instituições de educação ou de
assistência social sem fins lucrativos, desde que observados os requisitos legais
(art. 150, VI, ”c”, CF) e os livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua
impressão(art. 150, VI, ”d”, CF).
MULTIMÍDIA
Sugerimos assistir o seguinte vídeo Princípios Constitucionais Tributários que trata do tema
deste tópico, porém, sugerimos somente assistir aos vídeos dos principais princípios, dispo-
nível no YouTube, nos endereços:
Aula 1: https://youtu.be/r2daUbElPl0;
Aula 2: https://youtu.be/gnrk2Hm69wM;
Aula 3: https://youtu.be/wH9tIgg_RP8;
Aula 4: https://youtu.be/951OFzv_uSo;
Aula 5 https://youtu.be/uQHf6P5kmJQ;
A Constituição Federal de 1988 como lei básica para todas as demais em nosso
território nacional, estabeleceu as competências para criar, modificar e extin-
guir os tributos, não serão exclusivas.
O Regime de governo vigente é a República, em que vigora a tripartição de
poderes, composta pelos poderes Legislativo, que elabora as leis; Executivo que
coloca as leis em vigência prática e o Judiciário que, por sua vez, julga os confli-
tos, originados ou não das leis, na conformidade dos dispositivos constitucio-
nais FABRETTI, (2009, p.57).
Os entes federativos têm, em cada uma das esferas de sua administração
descentralizada, a adoção dos mesmo três poderes independentes e harmô-
nicos. Não há superioridade hierárquica entre União, Estado, Municípios e
Distrito Federal, não podendo, portanto, ocorrer interferência de uns sobre os
outros FABRETTI (2009, P. 58)
E, neste sentido a Constituição Federal distribui a competência tributária
dos entes federativos da seguinte forma:
220 • capítulo 8
8.4.1 Compete a União
capítulo 8 • 221
II. transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens
imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto
os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição;
III. serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, defi-
nidos em lei complementar
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário – Esquematizado. 8ª ed. rev. atual. e ampliada. São Paulo:
Método, 2014.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Texto constitucional
promulgado em 05 de outubro de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em 24 abr. 2016.
BRASIL. Lei 5.172 de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui
normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5172.htm>. Acesso em: 24 abr. 2016.
BRASIL. Lei Complementar 101 de 04 de maio de 2000.
Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras
providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp101.htm>. Acesso
em: 24 abr. 2016.
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 25ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
CASSONE, Vittorio. Direito Tributário. 13º ed. São Paulo: Atlas, 2001.
COELHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário Brasileiro. 13ª ed. ver. atual. e ampl.
Rio de Janeiro: Forense, 2014.
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capítulo 8 • 223
ANOTAÇÕES
224 • capítulo 8