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A IGREJA NA IDADE MÉDIA

A Igreja Católica constituiu-se a mais poderosa instituição da Idade Média na Europa


Ocidental. Assim, como a sociedade feudal, a Igreja também se ruralizou, pois bispos,
arcebispos e abades tornaram-se senhores feudais tão poderosos quanto os elementos da
chamada nobreza leiga.

Além disso, essa instituição detinha o monopólio do conhecimento e participava de


órgãos das administrações dos reinos.

Organização da Igreja na Idade Média


Na organização da Igreja Católica, o papa, os cardeais, os bispos, os arcebispos e os
padres formavam o clero secular, isto é, que vive no mundo dos homens (saeculum =
mundo), pois estavam ligados às coisas terrenas. Monges e abades compunham o
chamado clero regular (regula = regras), aquele que está mais ligado à vida espiritual e
isolado nos mosteiros.

O clero regular nasceu como uma reação de setores da Igreja à vida profana do clero
secular, que, segundo alguns, tinham se afastado da vida espiritual para apegar-se às
coisas materiais. Por isso, os monges viviam fechados em mosteiros e faziam votos de
isolamento, castidade, caridade e pobreza. Os abades tinham o comando sobre os
monges.

Os mosteiros dedicavam-se a seguir as regras das Ordens Religiosas, como a Ordem


Beneditina, criada pelo monge italiano São Bento. Assim, os monges dedicavam-se,
dentro dos mosteiros, ao trabalho de preservação, recuperação e reprodução de obras
religiosas e até filosóficas da Antiguidade, além dos trabalhos artesanais junto com os
servos, ou ainda a fazer a conversão dos camponeses pagãos.

Havia os chamados monges copistas, responsáveis pela confecção dos poucos livros
existentes, que eram cópias, feitas à mão, de obras escritas na Antiguidade,
principalmente as filosóficas. Perceba que estas obras eram monopolizadas pelos
mosteiros. Até a invenção da imprensa com tipos móveis feita por Gutenberg no século
XV, os monges copistas foram os únicos a desenvolver a pequena produção de livros.

Por volta do século X, a Igreja já era uma instituição hegemônica dentro da Europa, só
encontrando resistência em Constantinopla, onde, por questões relativas aos interesses
do imperador bizantino, ocorreu, em 1054, o chamado Cisma do Oriente.

A Igreja de Roma esteve bastante ativa no trabalho de conversão dos povos bárbaros ao
cristianismo. Em decorrência disso, os elementos ligados ao clero secular passaram a
envolver-se com frequência em questões políticas e administrativas dos reinos
medievais. Dentre os vários problemas criados por esse envolvimento destaca-se
a Querela das Investiduras.

Inquisição
Desde o início da Idade Média, após a expansão do cristianismo, era frequente o
surgimento de heresias, ou seja, doutrinas que contrariavam os dogmas (verdades
inquestionáveis) estabelecidos pela Igreja Católica. Para coibir as heresias, o papa
Gregório IX criou, em 1231, os Tribunais de Inquisição, cuja função era descobrir e
julgar os casos de heresia.

Após descobertos os heréticos, os inquisidores os entregavam às autoridades do Estado


para que fosse executada a sentença. As penas iam desde a perda dos bens materiais até
a condenação à morte na fogueira. As mulheres foram muito perseguidas pelos
Tribunais de Inquisição, frequentemente acusadas de bruxaria, o que levou milhares
delas a serem condenadas.

Os Tribunais de Inquisição atuaram em vários países da Europa e, após a expansão


marítimo-comercial, também em áreas coloniais. Destacaram-se Itália, Sacro Império,
França, Portugal e, principalmente, a Espanha, onde a Inquisição foi mais atuante.
Nesse país, a máquina burocrática inquisitorial chegou a contar com mais de vinte mil
funcionários.

O tempo a Deus pertence


Durante toda a Idade Média, mas especialmente na Alta Idade Média, a Igreja Católica
exerceu uma espécie de controle sobre o imaginário do homem europeu, fazendo com
que este vivesse dentro de uma concepção de tempo que era totalmente voltada para
cumprir à vontade e as determinações de Deus, sendo a Igreja a intermediária entre o
homem e o Ser Divino.

O próprio desenvolvimento da filosofia e da ciência esteve condicionado àquilo que a


Igreja pregava como sendo a verdade, ou seja, à vontade de Deus. A esse tipo de
comportamento damos o nome de teocentrismo, isto é, Deus como centro de tudo e
todos.

Ainda sobre o tempo, há uma questão importante a ser ressaltada: a Igreja Católica
condenava a prática de cobrança de juros (usura), alegando justamente que o tempo a
Deus pertence. Portanto, o homem não poderia “cobrar” juros por um dinheiro ou
mercadoria emprestados a alguém, pois estaria cobrando pelo tempo, ou seja, por uma
coisa que não lhe pertence. É de se imaginarem os problemas acarretados por essa visão
da Igreja sobre a usura quando a burguesia começou a se desenvolver com o
Renascimento Comercial da Baixa Idade Média.

Setores das artes, como escultura, pintura, arquitetura e música, assim como a filosofia,
também estiveram a serviço da Igreja Católica durante praticamente toda a Idade Média.

Por: Wilson Teixeira Moutinho

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