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Instituto superior de ciências e educação a distância (ISCED)

Departamento de ciências sociais e humanas

Cadeira de direito fiscal e aduaneiro

2º ANO, 2020

Tema
Teoria geral do imposto: conceito, objetivos, elementos subjetivos, teleológica,
características, momentos de vida do imposto.

Aramando Gota.

Quelimane 2020

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Instituto superior de ciências e educação a distância (ISCED)

Departamento de ciências sociais e humanas

Curso de licenciatura em direito

2º ANO, 2020

Tema:

Teoria geral do imposto: conceito, objetivos, elemento subjetivo, teleológica,


características, momento de vida imposto.

O presente trabalho da cadeira de direito fiscal e aduaneiro, a ser apresentado ao


(ISCED) como requisito de avaliação para obtenção de grau académico de licenciatura.

Discente: Tutor:

Armando Samuel Gota

Quelimane 2020

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Índice

Introdução………………………………………………………………. 4

Imposto…………………………………………………………………. 5

Objetivos dos impostos …………………………………………………. 6

Classificação dos impostos ……………………………………………… 8

Elementos da Relação Jurídico-Fiscal…………………………………… 10


Características do imposto………………………………………………. 11

As fases da vida do imposto…………………………………………….. 12

Conclusão………………………………………………………………. 16

Referências bibliográfica………………………………………………… 17

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Introdução

O presente trabalho faz uma análise da teoria geral do imposto, tem como objetivo primordial a
avaliação dos objetivos gerais de imposto sobre o benefício de pessoas singulares assim como
pessoas coletivas.

O impacto dos impostos no contexto geral é um tema muito pertinente e, principalmente nesta
fase de crise económica, financeira e saúde que o país atravessa, onde o Estado procura medidas
que visem contribuir para a diminuição das receitas públicas e o sistema fiscal tem sido uma das
áreas estratégicas.

O presente trabalho tem como objetivo avaliar a influência dos impostos no contexto Geral, de
forma a compreender o impacto dos impostos e obrigações fiscais nas decisões de gestão, bem
como a influência decorrente do atual regime fiscal e exigências tributárias.
Neste trabalho apresentar-se a revisão da literatura teórica, empírica e focalizada. Na revisão da
literatura teórica foi feito o levantamento da teoria existente relacionada com o tema em questão
de modo a facilitar a compreensão do enquadramento teórico por parte dos leitores. A revisão da
literatura empírica tem a ver com o levantamento de estudos similares ao tema estudo, realizados
em outros países que direta ou indiretamente podem ajudar a resolver o problema do estudo. A
revisão da literatura focalizada corresponde ao levantamento de estudos similares ao tema em
estudo, tal como a revisão da literatura empírica, no entanto, a revisão focalizada são estudos
realizados no pais na qual esta a ser realizada a pesquisa.

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Desenvolvimento.

Teoria geral do imposto.

 Imposto

Não existe uma definição constitucional do imposto, limitando-se a lei fundamental a afirmar no
seu artigo 100 CRM que: “os impostos são criados ou alterados por lei, que os fixa segundo
critérios de justiça social”, ou ainda no artigo 127, nºs 2 e 3 que:

Os impostos são criados ou alterados por lei, que determina a incidência, a taxa, os benefícios
fiscais e as garantias dos contribuintes.
Ninguém pode ser obrigado a pagar impostos que não tenham sido criados nos termos da
Constituição e cuja liquidação e cobrança não se façam nos termos da lei.

A Lei nº 2/2006 de 22 de Março, vem, no nº a do artigo 3, definir o imposto do seguinte modo:


Impostos são as prestações obrigatórias, avaliáveis em dinheiro, exigidas por uma entidade
pública, para a prossecução de fins públicos, sem contraprestação individualizada, e cujo facto
tributário assenta em manifestações de capacidade contributiva, devendo estar previstos na lei.

 Objetivos dos Impostos e das Politicas Tributárias

Como já é sabido, os impostos são criados para a satisfação de fins públicos e necessidades
coletivas dos cidadãos, expressão que engloba objetivos fiscais (obtenção de receitas publicas) e
extrafiscais (sociais, económicas, etc.). Segundo (IBRAIMO 2002), Os impostos foram criados
com vista a atender os seguintes objetivos:

 Objetivos Fiscais
 Objetivos sociais
 Objetivos Económicos

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 Objetivos Fiscais
De acordo com este objetivo os impostos visam a obtenção de receitas para
financiamento de despesas públicas, isto é, satisfação das necessidades financeiras do
Estado.

 Objetivos sociais
Os impostos visam a repartição justa da riqueza e dos rendimentos, a diminuição das
desigualdades, tendo em conta as necessidades e rendimentos do agregado social, operando-se
assim uma verdadeira redistribuição de riqueza.

 Objectivos Económicos
Os impostos podem combater a inflação (reduzindo o rendimento disponível e,
consequentemente, o consumo), obter a seletividade do consumo (tributando mais pesadamente
os consumos nocivos e supérfluos, como o tabaco, o jogo, certas bebidas e as antiguidades),
proteger as indústrias nacionais (estabelecendo direitos aduaneiros protetores durante um certo
período), incentivar a poupança e o investimento (indiretamente através dos desagravamentos
fiscais).

Segundo IBRAIMO, 2002, o objetivo principal da política tributária é o estabelecimento de um


mecanismo efetivo gerador de receitas, que seja justo, simples, previsível e economicamente
eficiente.
Um mecanismo efetivo gerador de receitas permite atingir as metas de receita do governo, para
se obter uma distribuição adequada dos recursos nacionais pelos serviços públicos essenciais.
Um sistema tributário eficaz é estruturado de tal forma que as receitas aumentam
automaticamente ao longo do tempo sem que sejam necessárias mudanças frequentes na lei
tributária ou aumentos nas taxas dos impostos.
Um sistema tributário justo é geralmente definido com base em dois critérios: equidade vertical e
horizontal. Equidade vertical significa que o sistema tributário minimiza a carga sobre os pobres,
enquanto cobra maiores pagamentos daqueles que têm maior capacidade para pagar. Equidade
horizontal implica que, contribuintes com capacidade similares de pagamento são tratados
imparcialmente e enfrentam as mesmas obrigações fiscais (IBRAIMO, 2002).

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Uma questão importante é que, um sistema tributário justo, deve ser bem administrado para
minimizar a evasão fiscal, uma vez que, ao se permitir que alguns contribuintes escapem às suas
responsabilidades, isto causará que os restantes contribuintes tenham que suportar uma parte
adicional e não devida de carga tributária. Ao alargar-se o mais possível o sistema tributário, o
Estado (governo) pode de forma justa distribuir a carga por todos os contribuintes. Finalmente,
um sistema tributário justo evita a existência de taxas de impostos excessivamente altas.

Os objetivos da política tributária podem ser melhor alcançados através do estabelecimento de


um sistema tributário estável e bem administrado, que se caracterize por:

 Base tributária o mais ampliada possível – mantendo constantemente um controle


sobre a minimização da carga fiscal sobre os pobres;
 Taxas de impostos o mais baixas possível – com um mínimo de complexidade na
estrutura de impostos;
 Imposto sobre consumo nas condições atuais de muitos países em
desenvolvimento, o imposto sobre o consumo é uma ótima opção porque é um
imposto que tem uma base ampla de aplicação e é de relativamente fácil de
administração.

A existência de uma base tributária ampliada (em vez de impostos especiais) pode gerar receitas
maiores e crescentes sem requerer taxas altas. Impostos que se apliquem igualmente a grandes
categorias de atividades económicas minimizam também as distorções induzidas pelos impostos
sobre as decisões económicas que o sector privado venha a fazer. No entanto, alguns impostos
especiais têm um papel a desempenhar, tal como um imposto sobre bens de luxo, imposto
especial sobre petróleos para pagamento pela utilização das estradas e impostos retidos na fonte
para capturar rendimentos que de outra forma seria difícil de cobrir pelo sistema tributário.

No campo da equidade, a isenção de impostos é necessária para a equidade vertical, ou seja, para
proteger os mais pobres. De outro modo, a equidade horizontal requer que os benefícios fiscais
sejam eliminados ou usados em raras ocasiões. Há diversas razões para isto. Primeiro que tudo,
conceder benefícios fiscais a certos grupos, significa diminuir a base tributária, o que implica
maiores impostos para os restantes contribuintes. Segundo, os benefícios fiscais permitem
manipulações políticas, favoritismo e corrupção, todos eles violando os princípios da tributação e

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prejudicando o desenvolvimento económico. Em terceiro lugar, os benefícios fiscais estabelecem
precedentes para que outros contribuintes solicitem um tratamento similar; muitas vezes, o
processo conduz a uma menor base tributária, e a um sistema tributário que é flagelado por
distorções e iniquidades. Finalmente, atividades produtivas que são fundamentalmente viáveis,
não precisam de benefícios fiscais; as atividades económicas só podem fazer sentido por mérito
próprio (IBRAIMO, 2002).

O principal objetivo da cobrança de impostos é a obtenção de receitas necessárias ao


financiamento das despesas do sector público, segundo Lopes (2008: 25). Desta forma, a
imposição fiscal representa uma transferência de recursos dos contribuintes, individuais e
coletivos, para o Estado.

 Classificação dos impostos


Os impostos são classificados da seguinte maneira:

 Impostos diretos e Impostos indiretos;


 Impostos de quota fixa e Impostos de quota variável;
 Impostos periódicos e Impostos de obrigação única;
 Impostos gerais e Impostos especiais;
 Impostos sobre o rendimento, património e consumo.

A classificação em impostos diretos e impostos indiretos é uma das classificações mais utilizadas
e a que regula a classificação orçamental dos impostos. É uma distinção generalista e que tem
gerado muita discussão quanto à sua natureza. Quanto à distinção esta nem sempre se apresenta
com precisão, mas incontestável em vários domínios. Assim, a distinção entre impostos diretos e
indiretos que vai se efetuar é com base no critério da repercussão económica.

 Impostos diretos
Os impostos diretos são os que tributam as manifestações diretas ou medidas de riqueza. Nestes
termos são considerados os que incidem diretamente sobre o rendimento, capital ou património
de uma pessoa singular ou pessoa coletiva e têm como referência um período de tempo
delimitado, normalmente um ano.

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 Impostos indiretos.
Os impostos indiretos são os que incidem indiretamente sobre a riqueza ou rendimento, ou seja,
incidem sobre a utilização desse rendimento, porque se evidenciam através do ato de consumir.
Outro aspeto a considerar em relação a estes é a possibilidade de serem repercutidos entre os
agentes económicos ao longo do circuito económico até ao consumidor final. Deste facto resulta
que, o pagamento dos impostos indiretos seja efetuado no momento da operação de consumo que
lhe dá origem. Deste modo, podemos dizer que os impostos diretos não são repercutidos, porém
os impostos indiretos são repercutidos. A principal diferença entre estes é o seu objeto de
tributação.
Os principais impostos diretos são o Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares, o
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas, o Imposto Municipal sobre Imóveis,
Imposto Municipal sobre Transmissões de Imóveis e o Imposto Municipal sobre Veículos. Por
sua vez, integram os impostos indiretos, os impostos sobre o consumo, nomeadamente o Imposto
sobre o Valor Acrescentado, Imposto sobre os Produtos Petrolíferos, Imposto Automóvel,
Imposto de Consumo sobre o Tabaco e o imposto do Selo.

 Impostos de quota fixa e Impostos de quota variável


Os impostos podem ser de prestação fixa ou de prestação variável. Nos primeiros, o imposto a
pagar por cada contribuinte pode ser fixado na lei através da indicação de uma importância fixa.
Nos segundos, vai-se indicando uma taxa ou taxas expressas em percentagem, que aplicadas à
matéria coletável determinam o imposto a pagar. Nos impostos de quota variável a taxa pode ser
proporcional, progressiva ou regressiva.

 Impostos periódicos e Impostos de obrigação única


Nos impostos periódicos o pressuposto de tributação apresenta uma certa característica de
estabilidade ou continuidade, ou seja, a obrigação de imposto é relativa a situações estáveis que,
normalmente se prolongam no tempo, com uma periodicidade regular.
Nos impostos de obrigação única esse pressuposto apresenta-se isolado e mesmo quando se pode
repetir é tomado isoladamente. Estes caracterizam-se por não serem susceptíveis de uma

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ocorrência tendencialmente regular e previsível, porque o facto que a determina se traduz na
prática de um ato instantâneo.

 Impostos gerais e Impostos especiais


Os impostos também podem ser classificados em impostos gerais e em impostos especiais.
Enquanto, que os impostos gerais estão previstos na lei de forma a aplicarem-se a uma
determinada categoria de situações análogas, os impostos especiais, não obstante dizerem
respeito a factos ou situações abrangidos nos impostos gerais, são objeto de uma disciplina
jurídica especial.
De acordo com Martins “os impostos especiais de consumo apresentam características comuns,
ou seja, são todos impostos monofásicos, sujeitos ao princípio da equivalência ou beneficio, em
que o facto gerador se verifica, como regra, na data de introdução no consumo”.
Contudo, no contexto da União Europeia tem-se assistido a um reforço financeiro destas como
seguimento do compromisso, assumido quando se implementou o Mercado Interno.

 Impostos sobre o rendimento, património e consumo


Esta classificação atende à natureza económica e o critério subjacente sucede da natureza da base
sobre que incide a tributação. Segundo Pereira (2009: 57) “atualmente é esta a classificação que
tende a assumir maior importância, desde logo no recorte constitucional do sistema fiscal”.

 Elementos da Relação Jurídico-Fiscal


A relação jurídica fiscal comporta os sujeitos passivo e ativo. Considera-se sujeito ativo, aquele
sujeito dotado de personalidade jurídica que a lei fiscal atribui a prestação do imposto, como por
exemplo, o Estado, as Autarquias e os Institutos Públicos que assumem o papel de credores, em
matéria de impostos. O sujeito passivo compreende, a pessoa singular ou coletiva que a lei fiscal
obriga a efetuar a prestação de imposto ou outros deveres acessórios, isto é, o devedor efetivo do
imposto (MATIMBE, 2008 apud MARTINEZ, 1995).

De acordo com (IBRAIMO, 2002), o sujeito ativo é o credor, o titular do direito de exigir a
prestação tributária. O sujeito ativo não é a entidade que cria o imposto, e não também a entidade
que realiza as operações de lançamento e cobrança do imposto, mas aquela pessoa de direito

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público em benefício da qual é estabelecido o imposto e que tem o poder de exigir ou pretender o
seu pagamento. O sujeito passivo, ou devedor do imposto, é a pessoa a quem pode ser exigido o
cumprimento da prestação tributária.
Por vezes, depois de nascida a obrigação do imposto, vêm outras pessoas a ocupar o lugar do
sujeito passivo (sucessão fiscal), ou, a par dele, a reforçar a garantia de cumprimento da
obrigação (responsabilidade fiscal). O substituto tem o direito e por vezes o dever de exigir ao
contribuinte a importância do imposto ou de lhe descontar tal importância nos rendimentos que
lhe paga. A título de exemplo temos as entidades públicas ou privadas que descontam todos os
meses diretamente do salario bruto dos seus trabalhadores inclusos no regime de IRPS uma
quantia a título de retenção na fonte.

 Características do imposto.

 Prestação coativa: imposta pelo Estado;

 Prestação pecuniária ou patrimonial: avaliável em dinheiro

 Prestação definitiva: sem direito a restituição, reembolso, retribuição ou indemnização;

 Prestação unilateral ou não sinalagmática: sem contraprestação específica, individual,


imediata e direta (ao contrario da taxa, não dá ao devedor o direito de exigir qualquer
contraprestação imediata);

 Prestação estabelecida por lei: de acordo com o princípio da legalidade, isto é, todos os
imposto devem ser estabelecidos por lei através da Assembleia da República, para o caso
de Moçambique;

 Prestação sem caracter de sansão: sem fins sancionatórios

 Prestação a favor do Estado: em sentido muito amplo, equivalente aqui a qualquer


entidade que exerça funções públicas;

 Prestação para realização de fins públicos: regra geral, o imposto pago pelos
contribuintes é usado para a materialização das despesas públicas.

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Com uma definição similar, WATY (2002), define o imposto como, uma prestação coativa,
patrimonial, positiva, definitiva, não sinalagmática, sem carácter de sanção, estabelecida por lei,
a favor de uma entidade pública, ou com funções públicas para a satisfação de necessidades
públicas e redistribuição de riqueza, independentemente de qualquer vínculo anterior.

As duas anteriores definições são bastante similares, no entanto, o autor da segunda definição,
veio acrescentar um novo tópico, a redistribuição da riqueza.
De acordo com NABAIS (2003), o imposto é uma prestação pecuniária, unilateral, definitiva e
coactiva.
De uma forma simples e clara, pode-se definir o imposto como, o valor pago pelas pessoas
físicas ou coletivas (empresas), a título obrigatório, a favor do Estado ou entidades públicas para
financiar as despesas e investimentos de carácter público.

 As Fases da Vida do Imposto


Os diversos momentos da vida do imposto passam necessariamente por três ou quatro fases,
conforme os casos (IBRAIMO, 2002), nomeadamente:

 Incidência
 Lançamento
 Liquidação
 Cobrança

 Incidência
O imposto nasce quando surge uma norma legal que confere ao Estado a posição de credor do
imposto e ao cidadão a situação de devedor do mesmo. Compete à Lei definir, embora de modo
genérico e abstrato, o que é passível de imposto.
A incidência é a definição geral e abstrata, feita pela lei, dos atos ou situações sujeitas a imposto
e das pessoas sobre as quais recai o dever de prestar. Sendo assim, existem dois aspetos sob os
quais pode ser encarada a incidência: o que está sujeito a imposto (incidência real ou material) e
quem está sujeito a imposto (incidência pessoal ou subjetiva). Deste modo, haverá sempre lugar
a imposto quando se mostrem reunidos todos os pressupostos de incidência referidos na lei.
Pode, no entanto, o legislador abrir, por vezes, excepções às regras de incidência, isto é, perante

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uma situação em que estejam reunidos todos os pressupostos da incidência, a própria lei
determine que determinados sujeitos ou certa matéria coletável não seja tributada. Estas
excepções às regras de incidência chamam-se de isenção. A isenção fiscal pode ser objetiva (no
caso de ser em função do objeto) ou subjetivo (se for em função dos sujeitos). A isenção pode ser
ainda total ou parcial.

 Lançamento
Nascida a obrigatoriedade do imposto, até este ser pago, desenrola-se um processo
administrativo que inicia justamente na fase de lançamento. No lançamento identifica-se o
sujeito passivo do imposto e fixa-se a matéria coletável sobre a qual recairá o imposto. Existem
dois momentos importantes da fase do lançamento:
 A identificação do contribuinte que se pode fazer com base na declaração do
próprio (que é a forma mais frequente), por declaração de terceiros, por simples
atividade do fisco ou mesmo por indicação de certos serviços públicos;

 A fixação da matéria coletável, que pode ser feita também com base na declaração
do contribuinte, por fixação direta pela administração fiscal, por fixação feita por
comissões específicas estabelecidas na lei e, algumas vezes, por acordo.

A fase de lançamento é feita pela entidade devedora de rendimentos. Esta, identifica o sujeito
passivo de imposto e fixa a matéria coletável sobre a qual incide a taxa do imposto, determina o
imposto a reter e canaliza-o ao Estado através do preenchimento e entrega mensal da guia de
pagamento Modelo 19 (M/19) à DAF.
A determinação do imposto é feita de acordo com as taxas constantes das tabelas de retenção na
fonte aprovadas pela lei 20/2013 de 23 de Setembro. As tabelas estão separadas em rendimentos
do sector privado e da função pública, situação familiar.
Para além das taxas constantes das tabelas de retenção na fonte, é também aplicada a taxa
liberatória (20%) constante do art.º 67 do CIRPS que se refere aos rendimentos de trabalho
dependente e de pensões obtidos em território moçambicano por não residentes em Moçambique.

 Liquidação

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A fase da liquidação consiste no cálculo da coleta do imposto, aplicando-se a matéria coletável a
taxa de imposto. A liquidação está sujeita a caducidade. Ocorrido o facto gerador do imposto, ela
só poderá ter lugar dentro de um prazo de cinco anos, para o caso dos impostos sobre o
Rendimento.

A fase da liquidação de liquidação ocorre de Janeiro a Março do ano seguinte a que o imposto
diz respeito. A liquidação do imposto é feita pela administração tributária com base no
certificado de rendimentos passado pela entidade pagadora de rendimentos, onde constam os
rendimentos auferidos durante o ano, as contribuições obrigatórias e as retenções realizadas na
fonte. No ato da declaração de rendimentos o sujeito passivo entrega na DAF o modelo M/10
preenchido, acompanhado do certificado de rendimentos passado pela entidade pagadora dos
rendimentos. Reunidos estes requisitos, a DAF procede a liquidação do imposto que consiste em
preencher o modelo M/10 em versão eletrónica no Sistema Interino de Cobrança e Receitas
(SICR) (SITOE, 2008).
Este processo envolve preencher os campos do M/10 relativo ao rendimento bruto do trabalho
dependente e ou rendimento bruto de pensões, e se houver lugar, as contribuições obrigatórias do
INSS ou de funcionários do Estado, as quotizações sindicais, as indemnizações por rescisão
unilateral do contrato de trabalho, as retenções na fonte de trabalho dependente e as deduções
dos rendimentos brutos de pensões. Depois de deduzir aos rendimentos os elementos acima
referidos, obtém-se o rendimento liquido que são sujeitos a abatimentos de encargos com
pensões de sentença ou acordo judicial e do mínimo não tributável.

 Cobrança
Esta fase corresponde ao momento final da vida do imposto. A cobrança é a operação
administrativa que visa a entrada do imposto nos cofres do Estado (IBRAIMO, 2002).
Determinado o montante do imposto a pagar, através das operações de liquidação, seguem-se as
operações com vista à arrecadação do imposto.
A cobrança e pagamento são expressões que traduzem a mesma realidade jurídica. A primeira é
assumida do ponto de vista da administração fiscal, que cobra o imposto e a segunda é encarada
do ponto de vista do contribuinte, que o paga (Da Silva, 2010).
O pagamento do imposto pode ser voluntário ou coercivo. O pagamento voluntário é em
princípio, efetuado dentro do prazo estabelecido na lei e processa-se de acordo com os regimes

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previstos para cada imposto. É, ainda, considerado pagamento voluntário, o efetuado fora do
prazo previsto na lei fiscal, obrigando, no entanto, ao pagamento de juros de mora.
O pagamento coercivo verifica-se nos casos de incumprimento total ou parcial por parte do
devedor. Neste caso abre-se um processo de execução fiscal, com a finalidade de garantir o
pagamento do imposto em falta.

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Conclusão

Com a elaboração deste trabalho foi possível concluir que, apesar da harmonização fiscal ser um
dos objetivos em moçambique, este será um trabalho complexo e árduo, que se pode prolongar
no tempo, dadas as diferentes políticas fiscais em moçambique. Particularidades ainda existentes
nos diversos sistemas fiscais constituem, na minha opinião, entraves na formulação de projetos
que visam a harmonização fiscal integral, porque na verdade implica a perda de soberania
política. Concluí que a carga fiscal é repartida de forma muito semelhante pelos impostos diretos
e indiretos.
Qualquer que seja o sistema fiscal caracterizado por taxas altas, penalidades pouco gravosas,
legislação fiscal complexa e inexistência de possibilidades técnicas e humanas de inspeção, a
propensão à fraude será elevada. Na verdade, na mentalidade do contribuinte persiste um
objetivo, encontrar uma forma de contornar a legislação, lícita ou ilicitamente. Sou da opinião
que, independentemente do sistema fiscal que possa estar em vigor, torna-se necessário a
existência de eficientes mecanismos de controlo.
Este trabalho teve como objetivo, analisar de que forma os impostos influenciam na sua
generalidade, e o estudo empírico demonstrou que apesar de tamanha reclamação no círculo
singular assim como coletiva, os impostos e o rigor no sistema de fiscalização incentivam a
organização e despertam a necessidade de organização e responsabilidade social.

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Referências bibliográficas

CARVALHO, Paulo de Barros (2004). Curso de Direito Tributário. 16ª. Ed. São
Paulo: Saraiva.
NABAIS, José N. (2011). Direito Fiscal, Edições Almedina.
SANTOS, J. A. Teoria fiscal. Instituto Superior de Ciências Sociais e Política, 2003.
SITOE, I.I.A. Constrangimentos no Processo de Reembolso em Sede do Imposto sobre
Rendimento de Pessoas Singulares.
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE. Decreto- Lei que Aprova o Código do Imposto sobre
Rendimento de Pessoas Singulares. Boletim da República: 33/2007 de 31 de Dezembro de 2007.
CASALTA NABAIS, José (2005) - Direito Fiscal, S/ Ed., Coimbra.
GUIMARÃES, Vasco Branco. Manual de Direito Fiscal Moçambicano. Maputo, Chitlango
Editora.

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