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HIDRÁULICA URBANA

I – SISTEMAS DE DRENAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS. ORIGEM E CARACTERÍSTICAS

0. INTRODUÇÃO
O entendimento da natureza das características físicas, químicas e biológicas das águas residuais é essencial para o
projecto e operação das instalações, para sua recolha, tratamento e disposição final e para o gestão da qualidade
ambiental.

1 – ORIGEM
A palavra esgoto tem sido amplamente usada para definir tanto a tubagem condutora das águas servidas de uma
comunidade, como também o próprio líquido (que terá como designação mais correcta, de águas residuais) que flui
por estas canalizações (de designação mais correcta, colectores, interceptores ou emissários terrestre e
submarinos).
Assim sendo, este termo será usado indistintamente, mas com maior frequência para definir os despejos
provenientes das diversas modalidades do uso e da origem das águas, tais como:

- o uso doméstico;
- o de utilidades públicas;
- o comercial;
- o industrial;
- as águas de superfície;
- as águas de infiltração (subsolo).

1.1 Águas residuais domésticas


As águas residuais domésticos provêm de residências, edifícios, instituições ou quaisquer edificações que
contenham instalações de banheiros, lavandarias, cozinhas ou qualquer dispositivo de utilização da água para fins
domésticos.
Compõem-se essencialmente da água de banho, urina, fezes, papel, restos de comida, sabão, detergentes, águas de
lavagem.

1.2 Águas residuais industriais


As águas residuais industriais, extremamente diversos, provêm de qualquer utilização da água para fins industriais e
adquirem as características próprias em função do processo industrial empregado. Assim sendo, cada indústria
deverá ser considerada isoladamente.

2 – CARACTERÍSTICAS
As características das águas residuais variam quantitativa e qualitativamente com a sua utilização.
Em geral, tomando-se como exemplo uma comunidade provida de costumes que possam representar tipos de
despejos com características médias, podemos considerar como característica das águas residuais domésticas as
seguintes:

2.1 Características Físicas


As características físicas de um “esgoto” podem ser interpretadas pela obtenção das grandezas correspondentes às
seguintes determinações: teor de matéria sólida, temperatura, odor, turbidez e variação de vazão.

O teor de matéria sólida é de maior importância, em termos de dimensionamento e controle de operações das
unidades de tratamento. Os dados típicos de sólidos no esgoto bruto são (M.S.: - matéria em suspensão):

Esgoto forte Esgoto médio Esgoto fraco


M.S.Total 1000 500 200
M.S.Volátil 750 350 120
M.S.Fixa 300 150 80
M.S.Susp. Total 500 300 100
M.S.Susp. Volátil 400 250 70
M.S.Susp. Fixos 100 50 30
M.S.Diss.Total 500 200 100
M.S.Diss. Volátil 300 100 50
M.S.Diss. Fixa 200 100 50

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A matéria em suspensão, para efeito de controlo da operação de sedimentação, costuma ser classificada em:

• sedimentável, aquela que sedimenta num período razoável de tempo (1 ou 2 horas), e


• Não sedimentável, finamente dividida, e que não sedimenta no tempo arbitrário de 2 horas; em termos -
práticos, a matéria não sedimentada só será removida por processos de oxidação biológica, e de coagulação
seguida de sedimentação.

A concentração típica de sólidos no esgoto de condição média pode ser representada por:

S. Orgânicos 90
S.Sedimentáveis 120
S. Minerais 30
S. em Suspensão 200
S. Orgânicos 55
S. Não Sedimentáveis 80
S. Minerais 25
Sólidos totais 600
S. Orgânicos 30
S. Coloidais 40
S. Minerais 10
S. Dissolvidos 400
S. Orgânicos 125
S. Dissolvidos 360
S. Minerais 235

A temperatura dos esgotos é em geral, pouco superior à das águas de abastecimento. Em relação aos processos de
tratamento sua influência dá-se, praticamente, nas operações de natureza biológica (a velocidade de decomposição
do esgoto é proporcional ao aumento da temperatura) e nas operações que ocorre o fenómeno da sedimentação (o
aumento da temperatura faz diminuir a viscosidade melhorando as condições de sedimentação).

Os odores característicos dos esgotos são causados pelos gases formados no processo de decomposição. Há dois
tipos principais de odores, bem característicos: odor de mofo, razoavelmente suportável, típico de esgoto fresco e
odor de ovo podre, "insuportável", típico do "insuportável", típico do esgoto velho ou séptico, que ocorre devido à
formação de gás sulfídrico proveniente da decomposição do lodo contido nos despejos.

A cor e a turbidez indicam de imediato e aproximadamente, o estado de decomposição do esgoto, ou sua "condição".
A tonalidade acinzentada, acompanhada de alguma turbidez, é típica de esgoto fresco, e a cor preta é típica do
esgoto velho, e de uma decomposição parcial.

As variações de vazão do efluente de um sistema de drenagem de águas residuais é função dos costumes dos
habitantes e das características do sistema adoptado, esta variação processa-se a cada instante e poderá ter
observação horária, semanal ou mensal, de acordo com a finalidade da determinação.

Para as grandes cidades esta variação é amortecida devido à diversidade de costumes e ao volume distribuído ao
longo da rede. Quanto menor for a comunidade maior será variação apresentada pelo fluxo. Os sistemas de
drenagem têm influência, na variação da vazão, através dos seguintes factores:
a - tipo de rede
b- tipo dos despejos admitidos
c - existência de estações elevatórias
d - declive dos colectores
e - qualidade do material empregue
f - qualidade de execução da obra
g - existência de indústrias.

2.2 Características Químicas


A origem dos esgotos permite classificar as características químicas em dois grandes grupos, a saber: matéria
orgânica e matéria inorgânica.

Cerca de 70% dos sólidos no esgoto são de origem orgânica.


Geralmente estes compostos orgânicos são uma combinação de carbono, hidrogénio e oxigénio, algumas vezes com
nitrogénio.
Os grupos de substâncias orgânicas nos esgotos são constituídos principalmente por:
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- compostos de proteínas (40% a 60%);


- carbohidratos (25% a 50%);
- gordura e óleos (10%);
- ureia, sulfatantes, fenóis, etc.

A forma mais utilizada para se medir a quantidade de matéria orgânica presente é através da determinação da
Demanda Bioquímica de Oxigénio - DBO. Esta determinação padronizada, mede a quantidade de oxigénio
necessária para estabilizar biologicamente a matéria orgânica presente numa amostra, após um tempo dado
(normalmente 5 dias) e a uma temperatura dada (normalmente 20 ºC).

A matéria inorgânica contida nos esgotos é formada, pela presença de areia e de substâncias minerais dissolvidas.
A areia é proveniente de águas de lavagem das ruas e de águas do subsolo, que chegam às galerias de modo
indevido ou que se infiltram através das juntas das canalizações.

2.3 Características biológicas


Os principais organismos encontrados nos rios e nos esgotos são: as bactérias, os fungos, os protozoários, os vírus,
as algas, e os grupos de plantas e dos animais.
As bactérias constituem o elemento mais importante deste grupo de organismo, responsáveis que são pela
decomposição e estabilização da matéria orgânica, tanto na natureza como nas unidades de tratamento biológico.

2.4 Indicadores de poluição


Há vários organismos cuja presença num corpo de água indica uma forma qualquer de poluição. Para indicar no
entanto a poluição de origem humana, e para medir a grandeza desta contribuição, usa-se adoptar os organismos do
grupo coliforme como indicadores.

As bactérias coliformes são típicas do intestino do homem e de outros animais de sangue quente, e justamente por
estarem sempre presentes no excremento humano (100-400 biliões de coliforme por habitante dia) e ser de simples
determinação são adoptados como referência para indicar e medir a grandeza da poluição. A bactéria coliforme,
sozinha, não transmite qualquer doença, mas se excretada por um indivíduo doente, portador de um organismo
patogénico, ela virá acompanhada deste organismo podendo trazer as doenças conhecidas como de veiculação
hídrica. Seria por demais trabalhoso e anti-económico se realizar análises para determinar a presença de
patogénicos no esgoto; ao invés disto se determina a presença de coliformes e por segurança se age como se os
patogénicos também estivessem presentes.

A medida dos coliformes é dada por uma estimativa estatística da sua concentração, conhecida como o Número Mais
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Provável de coliformes (NMP/100ml). O esgoto bruto contém cerca de 10 a 10 NMP/100 ml.

II - SISTEMAS DE ESGOTOS SANITÁRIOS

1. INTRODUÇÃO
A distribuição de água através de rede pública, teve como consequência a necessidade de colectar e afastar as
águas servidas.
Nas cidades beneficiadas pelo serviço de água potável e ainda carentes de sistemas de esgotos, as águas servidas
acabam poluindo o solo, contaminando as águas superficiais e freáticas e frequentemente passam a escoar pelas
sarjetas e valas, constituindo perigosos focos de disseminação de doenças.
A interdependência dos serviços de água e de esgotos é tanto mais pronunciada quanto maior for a urbanização de
uma determinada área e quanto mais avançado for o seu desenvolvimento sanitário.
A colecta e o afastamento das águas servidas faz-se pelos sistemas de esgotos sanitários.
As águas pluviais são colectadas e conduzidas pelos sistemas de águas pluviais (galerias de águas pluviais).

2. HISTÓRICO
No início do Século XIX não se conheciam os sistemas de esgotos, tais como são hoje concebidos.

Em 1815, pela primeira vez, foi autorizado em Londres, o lançamento de efluentes domésticos nas galerias de
águas pluviais da cidade.

Em 1847, tornou-se compulsório o lançamento de todas as águas residuais das habitações nas galerias públicas
daquela capital.

Assim foi que surgiu o sistema unitário de esgotamento.

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O sistema separativo absoluto foi inventado mais tarde, em 1879, e aplicado pela primeira vez na cidade de
Memphis, Tennessee, USA.
O sistema urbano de esgotos sanitários é um melhoramento que se impõe como sequência lógica da implantação do
serviço de abastecimento de água.

Enquanto não é feita a distribuição de água, as condições de vida são precárias e a população sente-se obrigada a
adoptar soluções mais simples ou elementares para a disposição dos esgotos. A própria falta de água restringe os
efeitos dessa condição.

3. ASPECTOS SANITÁRIOS
Sistemas de drenagem devem ser entendidos como o conjunto de canalizações, instalações e equipamentos
destinados à colecta, transporte, condicionamento e disposição final conveniente das águas residuais.

Os sistemas de drenagem devem ser considerados requisitos básicos de infra-estrutura das comunidades. Eles
possibilitam:

- O controle e a prevenção de muitas doenças;


- Condições de higiene que promovem a saúde;
- Condições de segurança e de conforto; e
- O desenvolvimento de actividades comerciais e industriais.

4. OBJECTIVOS
Os objectivos a serem atingidos com os sistemas públicos de esgoto sanitário são de três naturezas:

Sanitários, Sociais e Económicos.

Objectivos sanitários: controlo e prevenção de doenças;

Objectivos sociais: com o afastamento conveniente dos esgotos (mal aspecto, odores), permite-se um uso mais
sobre dos cursos de água naturais como a recreação.

Objectivos económicos: com a melhoria da qualidade de vida, sob o ponto de vista da saúde, aumenta-se a
qualidade de vida da população e o período de vida dos cidadãos. Também a implantação de novas indústrias
poderá ocorrer, se os corpos de águas naturais forem protegidos contra a poluição causada pelo lançamento
inadequado dos esgotos domésticos.

5. CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS DE ESGOTO SANITÁRIO


De acordo com a espécie de líquido a esgotar.

- Sistema unitário;
- Sistema separativo; e
- sistema misto.

5.1. Sistema Unitário


Neste sistema, as águas residuais e as águas pluviais são recolhidos e conduzidas pela mesma canalização-
colector. Em consequência, as canalizações têm grandes dimensões. O custo inicial da obra é elevado. Instalações
de bombagem são de difícil operação, em função das grandes variações de vazão, principalmente nos países
tropicais, as sarjetas são sifonadas, as canalizações têm de ser resistentes à elevada agressividade dos esgotos
domésticos, as redes são mais extensas, pois os esgotos unitários são podem ser lançados perto dos centros
urbanos, as estações de tratamento são mais caras por terem maior capacidade, etc.

5.2. Sistema Separativo


Canalizações distintas são utilizadas na condução dos esgotos sanitários e das águas pluviais (rede de
drenagem de águas residuais e sistema de drenagem de águas pluviais). Neste sistema as condutas de grande
diâmetro para transportar as águas pluviais são baratas pois não estão sujeitas a acções agressividade, as redes de
águas pluviais são menos extensas, pois as águas pluviais podem ser lançadas directamente nas linhas de água
mais próximas, as estações elevatórias e as estações de tratamento são mais baratas por terem menor capacidade
instalada, as sarjetas são mais baratas por não serem sifonadas, a implantação do sistema de drenagem de águas
pluviais pode ser é feita por etapas, etc.

5.3. Sistema Misto


Admitem-se na rede de drenagem de águas residuais parte das águas de chuva (aquelas que caem nos
telhados das construções, pátios internos e de edifícios). Os sistemas de drenagem prediais são mais

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dificilmente separativos, pelo que os pátios interiores as coberturas, etc., podem ser drenadas conjuntamente com as
águas residuais resultando um ramal domiciliário unitário. Desta forma apenas as águas pluviais das zonas não
edificadas são drenadas pela rede de drenagem de águas pluviais, apesar de tudo, a grande maioria da área global,
mas não a totalidade.

6. ELEMENTOS CONSTITUINTES DE UM SISTEMA DE DRENAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS

Basicamente, a rede de drenagem é integrada por um conjunto de canalizações dispostas ao longo de todos os
arruamentos, normalmente designados por colectores, elementos de colecta de águas residuais através da ligação
contínua dos ramais domiciliários; por interceptores, quando os caudais de águas residuais são preponderantemente
resultantes de ligações de colectores laterais, para além dos mesmos ramais domiciliários; por emissários,
praticamente sem ligações de percurso, que transportam os esgotos directamente para um meio recepção fora da
zona urbana (situação desaconselhável) ou para uma estação de tratamento (situações desejável).

Os emissários podem ainda ser terrestres ou submarinos, estes últimos com desenvolvimento perpendicular à linha
de costa e até batimétricas compatíveis com o lançamento submerso dos esgotos, em mar alto. Se seguida são
definidos os principais elementos integradores de um sistema de drenagem de águas residuais domésticas e pluviais:

Ramal predial - canalização que conduz as águas residuais dos edifícios aos colectores existentes nos
arruamentos;

Câmaras de visita - ou câmaras de inspecção, que possibilitam o acesso ao interior dos colectores, interceptor e
emissários, para controlo ou limpeza. As câmaras de visita também são utilizados como elementos para a junção
de colectores, mudança de declividade de colectores, mudança de direcção em planta de colectores, etc.

Estações elevatórias - instalações para sobreelevar as águas drenadas, evitando, dessa maneira, o
aprofundamento excessivo das canalizações e, em outros casos, para possibilitar a entrada do esgotos nas
estações de tratamento, construídas a cotas menos profunda, ou de descarga final no corpo de água receptor.

Sifões invertidos - canalizações rebaixadas, funcionando sob pressão, destinadas à travessia de linhas de
água, canais de rega, estradas, ou outros obstáculos transversais ao longo do colector, e implantados a cotas
mais baixas que este elementos.

Tanques de descarga - dispositivos geradores de descargas periódicas de água limpa para o interior dos
colectores, para provocar a sua limpeza interna, em locais ou trechos onde não houver possibilidade de manter
condições de escoamento compatíveis com o estabelecimento das necessárias condições de auto-limpeza
hidráulica.

Estação de tratamento de águas residuais – ETAR – instalações destinadas ao tratamento dos caudais
drenados, através da remover os sólidos e da matéria orgânica e inorgânicos em suspensão e em solução no
esgoto, a níveis suficientes para evitar a poluição e a contaminação do meio receptor ou destino final.

III - ÁGUAS RESIDUAIS A COLECTAR

1. Introdução
O projecto de um sistema de esgoto sanitário depende fundamentalmente dos volumes líquidos que serão recebidos
na rede de esgotos ao longo do tempo.
Esses volumes, crescentes no tempo, à medida que o aglomerado urbano se desenvolve, aumentando sua
população e as suas capitações respectivas, e progredindo industrialmente, afectam o dimensionamento de todos os
órgãos constitutivos do sistema.

As dimensões das obras ou infra-estruturas necessárias são estabelecidas após o estudo de numerosas questões,
entre as quais: período para o qual se projectam as obras, período de projecto, fases ao etapas de construção,
evolução população, as capitações e dos caudais, estimativa das vazões ou dos caudais de projecto, estudo do meio
receptor conjuntamente com a definição do grau de processo de tratamento decorrente.

2. Período de projecto
O estabelecimento do período ou alcance do projecto e de cada conjunto de obras que se pretende realizar, depende
da consideração de numerosos factores, a saber:

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a. A vida útil das estruturas e dos equipamentos tendo-se em conta a sua obsolescência, a sua utilização e seu
desgaste;
b. A facilidade ou dificuldade de ampliação das obras.
c. As tendências de evolução da população com especial atenção ao desenvolvimento das necessidades comerciais
e industriais, e, naturalmente dos respectivos valores de caudais a colectar, transportar e tratar;
d. O comportamento das obras durante os anos iniciais quando as vazões são inferiores às do dimensionamento;
e. As disponibilidades financeiras;
f. etc.

São comummentemente sugeridos para as obras de esgotos os seguintes períodos de projecto:

• Canalizações de pequeno diâmetro, canalizações secundárias: para a população de saturação da área de


esgotamento correspondente.
•Canalizações principais, emissários, interceptores, obras de lançamento: 30-40 anos.
•Estações de tratamento:
1. aglomerados com crescimento rápido ou com taxa de juros elevadas: 10 a 15 anos
2. aglomerados com crescimento lento ou com taxa de juros baixa : 20 a 25 anos.

3. Etapas da construção
A fixação das etapas de construção depende da vida útil das diversas partes do sistema, da maior ou menor
facilidade de ampliação e do desenvolvimento da cidade. A rede de esgotos é estabelecida em função dos recursos
disponíveis e da dificuldade de financiamento e quando a ocupação da área permitir funcionamento eficiente dos
condutos.
Emissários, interceptores e obras de lançamento são construídos com ampla previsão, devido ao seu maior custo e à
dificuldade de execução.
A estação de tratamento poderá ser executada em duas ou mesmo em três etapas, podendo o plano prever no
tempo, a construção de unidades que elevem o grau de tratamento (primário, secundário ou terciário), como também
de grupos de unidades para manter desde o início um grau de tratamento pré-fixado.

Os projectos devem incluir o estudo das etapas de construção de cada um dos órgãos constitutivos do sistema de
esgotos (rede, emissários, lançamentos, estações de tratamento).

4. Previsão da população
A determinação dos esgotos domésticos depende fundamentalmente: da população, da capitação e da sua
distribuição espacial.
Em relação à população de projecto são dois os problemas que se apresentam: a previsão da população e a
distribuição dessa população pela área de aglomerado.

A previsão da população é feita com o emprego de métodos que utilizam dados conhecidos (actuais e passado
próximo) e determinam por extrapolação os valores futuros. Devido à complexidade dos fenómenos relacionados
com o crescimento das populações, os valores obtidos nas previsões devem sempre ser considerados como
aproximados.

5. Capitações de água e de esgoto


A contribuição de esgotos depende normalmente do abastecimento de água.
Há uma correlação entre a quota "per capita" do abastecimento de água e a contribuição líquida para a rede de
esgotos.
A quantidade de esgotos que é recebida na rede de esgoto não é igual ao volume de água fornecida.
Do volume de água fornecido deve-se deduzir a que não chega à rede de esgotos como por exemplo, a água de rega
de jardins, a água de lavagem dos arruamentos, a água consumida nos processos industriais, a água de alimentação
de caldeiras, a água de combate a incêndios, etc.
Por outro lado o volume dos esgotos pode ser aumentado por águas residuais de diversas origens:
• indústrias com sistema privados de abastecimento;
• instalações particulares com abastecimento próprio
• ligações legais ou clandestinas de sistemas de drenagem de águas pluviais à rede de esgotos;
• caudais de infiltração, provenientes de elevados níveis freáticos e falta de estanquicidade doas instalações
de drenagem, etc.

A relação entre o volume de esgotos recebidos na rede e o volume de água fornecido pode variar entre 0,70 e 1,30
tendo em conta todos os tipos de abastecimento (públicos e particulares).

O regulamento propõe a adopção de um valor entre 0,70 e 0,90, para o chamado coeficiente de afluência à rede de
drenagem, relação entre os caudais de consumos de água de abastecimento e os correspondentes caudais de águas
residuais.
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6. Perdas e infiltrações
A água penetra nas canalizações e restantes infra-estruturas, como câmaras de visita, através de juntas defeituosas,
tubos quebrados, paredes das câmaras de visita, orifícios dos tampas das câmaras, etc.
Durante a estiagem somente a água que é perdida por vazamentos na rede de distribuição de água potável é
parcialmente recebida na rede de esgotos por infiltração.
Durante a época das chuvas, quando os lençóis subterrâneos tem sua superfície próxima à superfície do solo as
canalizações de esgoto em grande extensão podem estar imersas durante muito tempo. Esta ocorrência dá-se
principalmente nas áreas planas e baixas. A quantidade de água infiltrada depende, principalmente das
características do solo (permeabilidade principalmente), da posição do nível do lençol de água relativamente à
canalização de esgotos, dos materiais das canalizações, do tipo de juntas utilizados, da estruturas das câmaras de
visita, e do tipo de passa-muros aplicados nas ligações às câmaras. O regulamento recomenda que o caudal de
infiltração seja:
1. Igual ao caudal médio anual, nas redes de pequenos aglomerados com colectores a jusante até 300 mm;
2. Proporcional ao comprimento e diâmetro dos colectores, nas redes de médios e grandes aglomerados; neste
último caso, quando se trate de colectores recentes ou a construir, podem estimar-se valores de caudais de
infiltração da ordem de 0,5 m3/dia, por centímetro de diâmetro e por quilómetro de comprimento da rede,
podendo atingir-se valores de 4,0 m3/dia, por centímetro e por quilómetro, em colectores de precária
construção e conservação; e
3. Os valores referidos nas alíneas a) e b) podem ser inferiores sempre que estiver assegurada uma melhor
estanquicidade da rede, nomeadamente no que respeita aos colectores, juntas e câmaras de visita.

7. Estimativa de vazões
Os caudais de águas residuais domésticas e industriais que serão escoadas pelas canalizações de esgotos
compreendem três parcelas:
- contribuição do esgoto doméstico;
- contribuição das instalações industriais; e
- contribuição das infiltrações.

Definida a área a drenar, determina-se, em primeiro lugar, o caudal de esgotos doméstico. Este depende da:
- população no fim do período de projecto;
- valores de capitações;
- variações do consumo de água; e
- existência de instalações de abastecimento de água particulares.

Os caudais de águas residuais industriais dependerá de:


- instalações de abastecimento de água;
- regime de trabalho da indústria;
- quantidade e regime de descarga de esgotos; e
- existência de instalações de tratamento e de regularização.

Do ponto de vista exclusivo das vazões, portanto sem considerar os aspectos relativos à qualidade, podem-se
considerar dois casos:
- Vazões baixas compatíveis com as vazões de esgotos domésticos;
- Vazões elevadas.

No primeiro caso, a vazão de lançamento concentrada poderá ser aceita na rede sem maiores exigências.
No segundo caso, é necessário atender às condições de ordem económica. Os volumes de resíduos líquidos
produzidos pela indústria deverão ser estudados, e fixado um regime de lançamento, tanto quanto possível, com
vazão regularizada, de preferência ao longo das 24 horas do dia. A vazão de infiltração ao longo dos colectores de
esgoto deve ser estimada.

8. Variações de vazão, Factor de ponta de projecto


As vazões de contribuição de esgotos variam sensivelmente em função dos mesmos factores que presidem as
variações de vazões de abastecimento de água.
Os principais factores que afectam o consumo de água são: o clima, o padrão de vida, os hábitos da população, o
custo da água, a qualidade da água, a pressão na rede de distribuição, o tipo e a qualidade dos aparelhos sanitários,
a extensão da rede de esgotos, a continuidade dos abastecimentos de água, etc.

As variações de vazão dos esgotos são menores do que as correspondentes variações no abastecimento de água,
devido a diversas razões:
• Parte da água fornecida ao consumo da população não é recebida na rede de esgotos;
• A infiltração ao longo dos colectores atenua as variações de vazão;
• O tipo de escoamento, com superfície livre;
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• O efeito do escoamento ao longo dos condutos livres regulariza as vazões diminuindo os máximos e
elevando os mínimos.

O factor de ponta instantâneo é o quociente entre o caudal máximo instantâneo do ano e o caudal médio anual das
águas residuais domésticas, sendo influenciado pelo consumo de água, pelo número de ligações e pelo tempo de
permanência dos efluentes na rede de colectores.

O factor de ponta instantâneo, f, deve ser determinado com base na análise de registos locais e, na ausência de
elementos que permitam a sua determinação, pode ser estimado pela expressão:

60
f = 2+
P
sendo P a população de projecto.

9. Cálculo das redes


Os caudais de cálculo das redes de esgotos são usualmente referidos à unidade de comprimento dos colectores (m)
ou à unidade de área drenada (ha).

O caudal específico, colectado por unidade de comprimento de colector, ou por unidade de área drenada, é calculado
pelas expressões:

Pop.Cap.f .Cf Pop.Cap.f .Cf


qE = ou qE =
86400.L 86400.A
onde:

Cf = coeficiente de afluência à rede;


Cap = consumo "per capita" de abastecimento de água, em L/(hab.dia);
F = coeficiente de ponta instantânea ou horária;
Pop = população de projecto, em hab;
L = comprimento da rede de drenagem, em metros;
A = área abrangida pelo projecto, em ha;
q E = caudal de esgotos domésticos em L/(s.metro de colector) ou em L/(s.metro de colector).

O valor global para o cálculo das redes será:

qT = q E + q I ou q t = q e + qi

onde:
q T = caudal total em L/(s.metro de colector) ou L/(s.ha)
q I = caudal de infiltração em L/(s.metro de colector)
q t = vazão total em litros por segundo e por hectare de área esgotada;

A estas vazões devem ser acrescentadas as do esgoto industrial que são valores concentrados em determinados
pontos de um trecho da rede de drenagem.

10. Escoamento
Os colectores de esgotos domésticos são condutas que recebem os colectores prediais ao longo do seu traçado. O
escoamento nestas condutas é extremamente irregular não só quanto às vazões como aos intervalos de tempo de
funcionamento ao longo do dia.

O escoamento nos colectores de esgotos nos trechos iniciais é extremamente irregular, mas, à medida que se
consideram trechos cada vez mais à jusante, ele vai se tornando contínuo e regular podendo mesmo ser considerado
como constante, em cada secção para limitados intervalos de tempo.

Em uma mesma secção ao longo do tempo, a vazão é bastante variável. Nestas condições o regime de escoamento
é em realidade variado. A necessidade de determinar a dimensão do conduto faz com que, estudada a variação dos
caudais ao longo do tempo, se escolham valores máximos para possibilitar a segurança do sistema.

O escoamento no interior dos colectores é com superfície livre, com excepção dos sifões invertidos e das condutas
elevatórias com escoamento em pressão.

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Os caudais de projecto são concretamente dois: o chamado caudal de dimensionamento que será efectivamente o
caudal de ponta horária no ano de horizonte de projecto acrescido da parcela correspondente ao caudal de
infiltração; e o caudal de verificação das condições de auto-limpeza, que será o caudal de ponta horária no ano
de início de exploração.

Os colectores de esgotos são calculados para escoarem à meia secção o caudal de dimensionamento para condutas
até 500 mm de diâmetro. Para dimensões superiores, o caudal de dimensionamento poderá escoar-se até 7/10 do
valor do diâmetro.

11. Hidráulica do escoamento


11.1 - Leis gerais
O escoamento é admitido ser em regime uniforme sendo desprezadas no cálculo, em cada trecho do colector, as
variações de caudal devido à contribuição recebida ao longo dele. Desta forma o caudal de cálculo de um troço será
o caudal estimado a jusante do troço, ou seja, para o valor correspondente à área da bacia contributiva.

O escoamento permanente uniforme satisfaz as duas equações gerais: a de Bernoulli e a da continuidade:

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VA V
ZA + = ZB + B + h e A = S AV A = S BV B
2g 2g

Num escoamento com superfície livre, todos os pontos da superfície líquida estão à pressão atmosférica, e a linha
piezométrica coincide com o perfil longitudinal da superfície livre líquida (linha de água ou linha de regolfo).

11.2 - Perdas de carga


As perdas de carga de percurso de valor numérico igual aos declives dos colectores são determinadas, pela lei de
escoamento de Chezy-Tadini ou Manning-Strickler
Q = CS Ri ou Q = K .S .R 2 / 3 . i
onde:
Q = caudal em m3/s;
R = raio hidráulico, em m;
I = perda de carga unitária igual ao declive do colector, em regime uniforme, em m/m;
C = coeficiente de Chezy, que pode ser calculado por inúmeras fórmulas empíricas.
K = coeficiente de rugosidade de Manning-Strickler.

As perdas de carga localizadas em redes de esgotos tem valores muito baixos, ocorrendo basicamente em sede das
câmaras de visita. Habitualmente não são tomadas em consideração. Todavia, a querer-se ter em consideração, as
perdas de carga localizadas nas câmaras de visita poderão ser compensadas através de desníveis ou rebaixos, por
forma a evitar eventuais regolfos de elevação, e terão os seguintes valores:

- em câmaras de fundo recto: 0,03 m


- em câmaras de fundo curvo:

V2
se Rc 〈 2 D,
40
V2
se 2 D〈 Rc 〈8D,
80
onde
D = diâmetro do colector
Rc = raio da curva
V = velocidade de montante, em m/s

11.3 - Limites de velocidade


Os colectores de esgotos devem ser calculados com velocidades de escoamento que evitem deposições no seu
interior nas substâncias orgânicas e inorgânicas transportadas em suspensão ou por arrastamento.

Como limite mínimo de velocidade o regulamento recomenda 0,6 m/s.


Nos colectores de águas residuais deve evitar-se que a velocidade ultrapasse certos valores máximos a fim de evitar
o desgaste precoce do mesmo. O regulamento recomenda o valor limite de 3,0 m/s.
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Nos colectores de águas pluviais deve evitar-se que a velocidade ultrapasse certos valores máximos a fim de evitar a
acção erosiva de partículas inorgânicas, areais, que são transportadas pelo esgoto. O regulamento recomenda o
valor limite de 5,0 m/s.

IV. TRAÇADO DA REDE DE DRENAGEM

1. Traçado em Perfil Longitudinal


Para o traçado da rede em perfil, consideram-se os casos possíveis que podem ocorrer em cada trecho, para análise
de cada um deles.

Sendo h, a profundidade mínima definida para o colector, h1 e h2 as profundidades do colector na câmara de visita
de montante e de jusante, it o declive do terreno ou da via pública e i o declive do colector, temos os seguintes casos
possíveis:

1º Declive da via pública inferior ao declive mínimo do colector, h1 maior ou igual a h.

O colector é traçado com o declive i = i min, a profundidade da vala aumenta para jusante.

2º Declive da via ou do terreno igual ao declive mínimo, i min do colector, h1 maior ou igual a h.

O colector é traçado com o declive i = i min, a profundidade da vala é constante ao longo do trecho

3º Declive da via pública maior do que o declive mínimo, h1 igual à profundidade mínima.

O colector é traçado com declive i = I, a profundidade da vala é constante

4º Declive da via pública superior ao declive mínima i min, profundidade h1 maior do que h.

O colector é traçado com um declive superior ao declive mínimo, a profundidade da vala diminui para jusante,
( Z A − h1 ) − ( Z B − h )
fazendo-se h2 = h. O declive tem para valor i =
L
5º Declive da via pública superior ao declive mínimo i min, profundidade h1 maior do que h.

( Z A − h1 ) − ( Z A − h )
Caso idêntico ao anterior com a diferença de que a declividade i = < i min é inferior do
L
declive mínima do colector.
Este é então traçado com o declive mínimo, não se atingindo a jusante, a profundidade mínima (h2 é maior do que h).

6º Declive da via pública superior ao declive mínimo i min, profundidade h1 maior do que h. Via pública com grande
declividade.

Para evitar grande velocidade no trecho, utilizam-se quedas, fazendo-se h2 = h e o declive i inferior ao valor que
corresponde à velocidade máxima limite, podendo ir até i min. Às vezes, com declives muito elevados poderão ser
necessárias câmaras de visita intermediárias, igualmente com queda.

2. Traçado em Planta
a) Delimitar as bacias contributivas por câmara de visita, ou considerar os caudais afluentes proporcionais ao
comprimento da rede e de cada troço.
b) Indicar em cada trecho, por meio de pequenas setas o sentido do escoamento natural na superfície do terreno.
c) Representar por meio de pequenos círculos as câmaras de visita serem construídos.
d) Identificar os pontos baixos da área, tendo em vista o traçado do principal colector.
e) Por meio de estudo criterioso, escolher o traçado a ser dado à rede, indicando em cada trecho o sentido de
escoamento.
f) Na fixação dos sentidos de escoamento, procurar seguir, tanto quanto possível, os sentidos de escoamento natural
no terreno e aproveitar ao máximo a capacidade limite de cada colector.

V - DIMENSIONAMENTO DE UMA REDE DE COLECTORES DE ÁGUAS RESIDUAIS

0. Generalidades
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Dados necessários:

a) Planta topográfica
O traçado e o dimensionamento da rede de colectores exige uma planta topográfica da área a ser beneficiada.
Essa planta dever ser à escala 1:2 000 ou maior.

b) Dados gerais
Deverão ser definidos:

a) a população de projecto da área a beneficiar, no ano de início de exploração e no ano de horizonte de projecto,
bem como as respectivas capitações, e os valores correspondentes de factor de ponta horária.
Deve-se ainda considerar que parte da água fornecida à população, não é recebida como esgotos na rede pública,
devido a diversas causas (perdas na rede de distribuição, infiltração no solo de água utilizada para limpeza de áreas,
rega de jardins, evaporação, etc.). Define-se, em consequência, um coeficiente que exprime a relação entre o volume
de esgotos recebido na rede de esgotos e o volume de água fornecido à cidade. Esse coeficiente de afluência tem o
valor médio de 0,8.

1. Metodologia
1. Pelo eixo da rua fazer o traçado dos colectores;
2. Assinalar o sentido do escoamento natural sobre o terreno;
3. Identificar os divisores de água e fundos de vale;
4. Delimitar, em planta, as bacias e sub-bacias de esgotamento e numerá-las;
5. Identificar os pontos de saída de esgotos das bacias;
6. Localizar os colectores, interceptores e emissários, de modo que todas as bacias sejam colectadas,
preferencialmente, por gravidade;
7. Escolher o local do tratamento e da disposição final, em função da disponibilidade de área, dando preferência
ao escoamento por gravidade;
8. Localizar as câmaras de visita conforme o regulamento em vigor.
10. Utilizar em planta, a seguinte convenção:

12. Indicar o sentido de escoamento na câmara de visita;


13. Fazer a numeração dos colectores e dos trechos, crescente, de montante para jusante. O colector de número
mais alto contribui para o de número mais baixo, dessa forma o maior colector será o de número 1 e o seu
primeiro trecho será 1. O primeiro colector que chegar ao colector 1 será o colector 2, que terá os seus
trechos numerados de montante para jusante, a partir de 1 e assim por diante;
14. Numerar as câmaras de visita.

2. Cálculo de Caudais
1. Calcular as populações de horizonte e de início de projecto;
2. Calcular as capitações de horizonte e de início de projecto;
3. Calcular os coeficientes de ponta horária de horizonte e de início de projecto;
4. Calcular o caudal de infiltração
5. Calcular o caudal de dimensionamento, no ano de horizonte de projecto mais infiltração;
6. Calcular o caudal de verificação das condições de auto-limpeza, no início de exploração.

Os cálculos do diâmetro e do declive são feitos de modo a atender aos critérios relativos às velocidades mínimas e
máxima, às alturas de escoamento máximas e ao poder de transporte.

O declive a adoptar deverá ser aquela que implique a menor escavação possível e o diâmetro escolhido (1) deverá
ser o menor possível, (2) deverá transportar o caudal de dimensionamento com alturas de escoamentos menores que
os valores máximos estabelecidos em função do diâmetro, (3) deverá apresentar velocidade de escoamento menor
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que o limite máximo regulamentar, e (4) deverá, preferencialmente, escoar o caudal de verificação com valor de
velocidade superior ao mínimo regulamentar e com um poder de transporte superior ao mínimo recomendado.

Em termos de resultados deverão ser apresentados os seguintes valores:

a) Por troço entre câmaras de visita: comprimento, declive, diâmetro

b) Para o caudal de dimensionamento (ano de horizonte de projecto) – caudal, altura de escoamento, relação altura
de escoamento / diâmetro do colector; e velocidade de escoamento

c) Para o caudal de verificação das condições de auto-limpeza (ano de início de exploração) – caudal, altura de
escoamento, relação altura de escoamento / diâmetro do colector; velocidade de escoamento e tensão de
arrastamento ou poder de transporte.

&

DIMENSIONAMENTO - EXEMPLO

Admitir uma população de 4000 e de 4 500 habitantes (ano 1 e ano 40).


Traçar a rede de colectores conforme indicado anteriormente.
A) Numerar os colectores de forma tal que cada um deles receba sempre a contribuição de outra de numeração
superior ( ou sempre de outro de numeração inferior)

B) Numeram-se os trechos de cada colector, de acordo com o sentido crescente das vazões.

C) Determina-se o comprimento de cada trecho, medindo-se na escala de planta, a distância entre os centros das
câmaras de visita.

D) Calcula-se a vazão de contribuição ao longo dos colectores:


-população de projecto: 4000 e 4500 habitantes
-quota "per capita": 160 e 200 L/(hab.dia)
-populações (anos 1 e 40) efectivamente contribuinte para cada trecho, considerando uma distribuição
proporcional ao comprimento total da rede
-calcular os factores ponta por trecho para as populações anteriores.
-calcular o caudal de infiltração por trecho de colector
-calcular o caudal de dimensionamento e o caudal de verificação

E) Em cada trecho do colector:

a. calcular as vazões a serem previstas, os caudais não calculados para a secção de jusante do trecho, igual
ao caudal proveniente do trecho de montante, acrescida dos caudais dos colectores contribuintes

b. estimar a profundidade mínima do colector para que se possa esgotamentos os imóveis marginais. Admitir
como profundidade mínima o valor regulamentar;

c. indicar a cota de secção de montante do colector;

d. estabelecer o declive e o diâmetro a serem adoptados, tendo em conta a cota do colector na secção de
montante, a cota da superfície do terreno na secção de jusante, as profundidades mínimas e máximas do colector no
trecho, os declives limites, as alturas de escoamento limites, para o caudal de dimensionamento;

e. tendo em conta os dados de projecto anteriormente estabelecidos determinar as alturas de escoamento ,


as velocidades de escoamento e as tensões de arrastamento, para o caudal de verificação das condições de auto-
limpeza.

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