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QUALIDADE DE ESGOTO:

CARACTERÍSTICAS DOS
EFLUENTES
Aula 5
Sistemas de Tratamento de Água e Efluentes I
Características dos Esgotos
Matéria Sólida

■ Mesmo representando a menor parcela dos esgotos (cerca de


99,9% de água), o teor de matéria sólida pode ser considerada
uma das características mais importantes do dimensionamento e
controle de operação de ETEs.
■ Devido a essa fração de 0,1% de sólidos é que há necessidade
de se tratar os esgotos.
Características dos Esgotos
■ Esgotos sanitários: Despejos domésticos, parcela de água de chuva,
água de infiltração e eventualmente parcela não significativa de
esgotos industriais de características bem definidas. Provêm de
residências, edifícios comerciais ou outras edificações que
contenham banheiros, lavanderias, cozinhas ou qualquer dispositivo
que usa água para fins domésticos.
– Água de banho;
– Urina;
– Fezes;
– Papel;
– Restos de comida;
– Sabão e detergentes e;
– Água de lavagem.
■ Esgotos industriais: têm características específicas como resultado
do processo produtivo que o geram.
* Esgotos industriais com características de esgotos tipicamente
domésticos podem ser tratados em conjunto com esgotos domésticos,
por possuírem características semelhantes;
Características dos Esgotos
■ A característica dos esgotos é função dos usos à qual a água foi
submetida;
■ No projeto de uma ETE talvez não seja possível determinar os
diversos compostos dos quais s água residuária é constituída, isto
pela dificuldade em se executar tai testes em laboratório e também
porque alguns parâmetro não são diretamente utilizáveis como
elementos de projeto e operação.
■ Muitas vezes, é preferível utilizar parâmetros indiretos que
apresentam o potencial poluidor do despejo.
■ Para determinação da “qualidade dos esgotos” precisa-se conhecer
as grandezas das seguintes determinações:
– Matéria sólida;
– Temperatura;
– Odor;
– Cor;
– Turbidez.
■ Tais parâmetros definem a qualidade do esgoto. Podem ser divididos
em: físicos, químicos e biológicos.
Esgotos – Características
Físicas
Parâmetro Descrição

Temperatura ▪ ligeiramente superior à da água de abastecimento


▪ variação conforme as estações do ano (mais estável que a
■ Característicastemperatura
físicas dos
do aresgotos domésticos
▪ influência na atividade microbiana
▪ influencia na solubilidade dos gases
▪ influencia na viscosidade do líquido

Cor ▪ esgoto fresco: ligeiramente cinza


▪ esgoto séptico: cinza escuro ou preto

Odor ▪ esgoto fresco: odor oleoso, relativamente desagradável.


▪ esgoto séptico: odor fétido, devido ao gás sulfídrico e a outros
produtos da decomposição
▪ despejos industriais: odores característicos

Turbidez ▪ causada por uma grande variedade de sólidos em suspensão


▪ esgotos mais frescos ou mais concentrados: geralmente maior
turbidez
Esgotos – Características

Parâmetro Descrição

SÓLIDOS TOTAIS Orgânicos e inorgânicos; suspensos e dissolvidos; sedimentáveis

➢ Parcela que é retida ao se filtrar os esgotos em membrana filtrante


apropriada (usualmente filtro de fibra de vidro), com poros de 0,45 a
➢ Em suspensão: 2,0 µm de diâmetro. Porção que não sedimenta no cone Imhoff;
▪ Componentes minerais, não incineráveis, inertes, dos sólidos em
▪ Fixos; suspensão;
▪ Componentes orgânicos dos sólidos em suspensão;
▪ Voláteis;

➢ Dissolvidos: ➢ Fração dos sólidos orgânicos e inorgânicos que não são retidos no
filtro de papel (parcela que atravessa o filtro)

▪ Fixos ▪ Componentes minerais dos sólidos dissolvidos;

▪ Voláteis ▪ Componentes orgânicos dos sólidos dissolvidos;

➢ Sedimentáveis ➢ Fração de sólidos orgânicos e inorgânicos que que sedimenta após 1 h


num cone de sedimentação (cone Imhoff). É a indicação aproximada
de um tanque de sedimentação.
Esgotos – Características

■ Exceto os gases dissolvidos, todos os contaminantes da


água contribuem para a carga de sólidos.
■ Os sólidos podem ser classificados de acordo com:
a. Tamanho e estado;
▪ Sólidos em suspensão;
▪ Sólidos dissolvidos;
b. Características químicas;
▪ Sólidos voláteis;
▪ Sólidos fixos;
c. Sedimentalidade
▪ Sólidos em suspensão sedimentáveis;
▪ Sólidos em suspensão não sedimentáveis.
Esgotos – Características

a. Tamanho e estado
■ Pode-se adotar classificação simplificada, distinguindo-se
principalmente dois tipos:
▪ Sólidos em Suspensão (particulados) SS;
▪ Sólidos dissolvidos (solúveis) SD.
■ A separação dos sólidos é feita passando-se a amostra por papel
filtro com porosidade padronizada (de 0,45 a 2,0 µm):
▪ Os sólidos retidos no filtro são considerados em suspensão;
▪ Os sólidos que passam com o filtrado são considerados
dissolvidos;
▪ Por meio da pesagem do papel filtro (antes e depois; excluindo-se
a água do filtro por evaporação), tem-se a massa de sólidos em
suspensão / volume da amostra = concentração (mg/L). Os
sólidos dissolvidos são determinados por meio de evaporação do
líquido filtrado.
Esgotos – Características

a. Tamanho e estado
Aparatos utilizados para determinação de sólidos em suspensão e
dissolvidos:

Papel filtro com porosidade de 0,45 a Funil, pinça e frasco coletor para filtração
2,0 µm à vácuo

Uma amostra homogênea é filtrada através do papel filtro pesado e o resíduo retido no filtro
é seco à temperatura de 103-105ºC – Sólidos Suspensos.
O filtrado (sólidos + líquido não retido no filtro) é evaporado em cápsula pesada e seco a
peso constante à temperatura de 103-105ºC. O aumento de peso da cápsula representa os
Sólidos Dissolvidos.
Esgotos – Características

a. Tamanho e estado

Esquema da determinação de sólidos totais:

Uma amostra homogênea é evaporada numa cápsula previamente


pesada e seca a peso constante a uma temperatura de 103-105ºC.
O aumento de peso da cápsula corresponde aos sólidos totais.
Esgotos – Características

b. Características Químicas
■ Submetendo-se os sólidos a uma temperatura elevada (500 ± 50
ºC), a fração orgânica é oxidada (voltailizada), permanecendo após
a combustão apenas a fração inerte (sólidos fixos).
– O sólidos voláteis representam uma estimativa da matéria orgânica
nos sólidos;
– Os sólidos fixos (não voláteis) representam a matéria inorgânica ou
mineral.

Sólidos Voláteis
(Matéria
Orgânica)
Sólidos Totais
Sólidos Fixos
(Matéria
Inorgânica)
Esgotos – Características

c. Classificação pela Sedimentabilidade


■ Sólidos sedimentáveis são considerados aqueles capazes de
sedimentar no período de 1 h, medido num cone Imhoff;
■ Expressa-se o valor em mL/mL;
■ A fração que não se sedimenta representa os sólidos não sedimentáveis.

Cone Imhoff
Esgotos – Características

Distribuição típica entre diversos tipos de sólidos presente num esgoto


bruto

Fixos (SSF) 50
mg/L
Em Suspensão
(SS ou SST)
350 mg/L
Voláteis (SSV)
300 mg/L
Sólidos Totais
(ST) 1000 mg/L
Fixos (SDF) 400
mg/L
Dissolvidos (SD
ou SDT) 650
mg/L
Voláteis (SDV)
250 mg/L
Esgotos – Características Químicas
Matéria Orgânica
Parâmetro Descrição

MATÉRIA ORGÂNICA Mistura heterogênea de diversos compostos orgânicos. Principais


componentes: proteínas, carboidratos e lipídios.
Determinação indireta
➢ Demanda Bioquímica de Oxigênio. Medida a 5 dias, a 20 ºC. Está
associada à fração biodegradável dos componentes orgânicos
➢ DBO5 carbonáceos. É uma medida do oxigênio consumido após 5 dias pelos
microrganismos na oxidação bioquímica da matéria orgânica.

➢ Demanda Química de Oxigênio. Representa a quantidade de oxigênio


necessária para estabilizar quimicamente a matéria orgânica
➢ DQO carbonácea. Utiliza fortes agentes oxidantes em condições ácidas.

➢ Demanda última de oxigênio. Representa o consumo total de oxigênio,


ao final de vários dias, requerido pelos microrganismos para a
oxidação bioquímica da matéria orgânica.
➢ DBOúltima
Esgotos – Características
Matéria Orgânica
Parâmetro Descrição

MATÉRIA ORGÂNICA Mistura heterogênea de diversos compostos orgânicos. Principais


componentes: proteínas, carboidratos e lipídios.
Determinação direta
➢ Carbono Orgânico Tota. É uma medida direta da matéria orgânica
carbonácea. É determinado através da conversão do carbono orgânico
➢ COT a gás carbônico.
Esgotos – Características
Matéria Orgânica

■ A principal consequência da poluição orgânica em um curso


d’água é o decréscimo do oxigênio dissolvido causado pela
respiração dos microrganismos que se alimentam da matéria
orgânica.
■ Assim, para o tratamento biológico (e aeróbio) dos esgotos
sanitários, é necessário o fornecimento adequado de oxigênio
para que os organismos possam estabilizar a matéria orgânica.
Esgotos – Características
Matéria Orgânica
■ A principal consequência da poluição orgânica em um curso d’água é o decréscimo do
oxigênio dissolvido causado pela respiração dos microrganismos que se alimentam da
matéria orgânica.
■ As substâncias orgânicas presentes nos esgotos são constituídas principalmente de:
– Proteínas;
– Carboidratos;
– Gorduras e óleos;
– Uréias, fenóis, pesticidas, metais e outros.
– A matéria orgânica carbonácea (carbono orgânico) presente nos
esgotos que chegam a uma ETE são divididos em:
■ Quanto à forma e tamanho:
– Em suspensão (particulada);
– Dissolvida (solúvel)
■ Quanto à biodegradabilidade:
– Inerte;
– Biodegradável.
Esgotos – Características
Matéria Orgânica
■ Em geral não é necessária a caracterização dos esgotos em termos de proteínas,
gorduras, carboidratos, etc., mas da determinação quantitativa da presença de matéria
orgânica. Neste sentido, podem ser adotados métodos diretos ou indiretos para a
determinação da matéria orgânica:

– Métodos indiretos: medição do consumo de oxigênio:


■ Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO);
■ Demanda Última de Oxigênio (DBOu);
■ Demanda Química de Oxigênio (DQO).

■ Métodos diretos: medição do carbono orgânico;


■ Carbono Orgânico Total (COT);
Esgotos – Características
Matéria Orgânica
I. DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio

■ A determinação da DBO resulta da ideia de se medir o potencial de


poluição de determinado despejo pelo consumo de oxigênio que ele
traria → determinação indireta da potencialidade da geração do
impacto (e não a medida do impacto em si);
■ A determinação da DBO trata-se da medida em laboratório do
consumo de O.D. que um volume padronizado de esgoto ou outro
líquido exerce em um período de tempo pré-fixado.
■ A DBO retrata a quantidade de oxigênio requerida para estabilizar,
por meio de processos bioquímicos, a matéria orgânica carbonácea.
Portanto, é uma indicação indireta do carbono orgânico
biodegradável.
Esgotos – Características
Matéria Orgânica
I. DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio

■ Na prática, a estabilização completa da matéria orgânica demora


vários dias (essa seria a Demanda Última de Oxigênio -DBOúltima ).
Como em laboratório esse teste demoraria vários dias,
convencionou-se fazer a análise no 5º dia e a 20 ºC.
■ Assim, a DBOpadrão é expressa por DBO520. Assim, quando se referir à
DBO está implícito que é a DBOpadrão.
■ De maneira simples, o teste da DBO é feito assim:
– No dia da coleta, determina-se a concentração de O.D. da
amostra;
– Após 5 dias, mantendo-se a amostra em frasco fechado e a 20
ºC, determina-se a nova concentração (já reduzida devido ao
consumo de O.D. durante o período).
– A diferença de concentração de O.D. do dia zero para o 5ª dia
representa a quantidade de oxigênio consumido para a
oxidação da matéria orgânica → DBO520
Esgotos – Características
Matéria Orgânica
I. DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio

■ Determinação da DBO:

OD = OD =
8,0 mg/L 3,5 mg/L
Dia 5

Dia 0 Dia 5

DBO520 = 8,0 mg/L – 3,5 mg/L


DBO520 = 4,5 mg/L
Esgotos – Características
Matéria Orgânica
I. DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio

■ As principais desvantagens do teste da DBO são:


– Se os microrganismos responsáveis pela decomposição não
estiverem adaptados do despejo, os valores encontrados
serão baixos.
– Metais e outras substâncias tóxicas podem matar ou inibir
os microrganismos;
– O teste demora 5 dias, não sendo útil para efeito de controle
operacional de uma ETE.
Esgotos – Características
Matéria Orgânica
I. DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio

■ Os esgotos domésticos possuem DBO na ordem de 300 mg/L, ou


seja, 1 L de esgoto consome aproximadamente 300 mg de O.D. em 5
dias, no processo de estabilização da matéria orgânica carbonácea.
■ Devido a essa grande concentração de matéria orgânica, o oxigênio
dissolvido é consumido rapidamente (bem antes dos 5 dias). Assim,
faz-se necessário diluir a amostra para reduzir a concentração da
matéria orgânica.
■ As principais vantagens do teste da DBO são:
– Permite indicação aproximada da fração biodegradável do
despejo;
– Permite a indicação aproximada da taxa de degradação do
despejo;
– Permite indicação da taxa de consumo de O.D. em função do
tempo.
– Permite a determinação aproximada da quantidade de O.D.
requerido para estabilização biológico da matéria orgânica
presente
Esgotos – Características
Matéria Orgânica
I. DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio

Incubadora de DBO
Esgotos – Características
Matéria Orgânica
II. DBO – Demanda Última de Oxigênio (DBOu)

■ DBO5 → consumo de O.D. exercido durante os 5 primeiros dias,


porém ao final do 5º dia a estabilização da matéria orgânica não
está completa, prosseguindo a lentas taxas por mais dias ou
semanas, até que o consumo possa ser considerado desprezível.
■ Demanda Última de Oxigênio corresponde ao consumo de O.D.
até este tempo.
■ Para esgotos domésticos, considera-se que a estabilização da
M.O esteja completa em 20 dias, portanto determina-se a DBOu
aos 20 dias, de forma análoga à determinação da DBO5.
■ Autores consideram, em geral, a relação DBOu/DBO5 = 1,46 , ou
seja, tendo-se uma DBO5 de 300 mg/L:
DBOu = 1,46 x 300 = 438 mg/L
Esgotos – Características
Matéria Orgânica
III. DQO – Demanda Química de Oxigênio (DQO)

■ A DQO mede o consumo de O.D. ocorrido em função da oxidação


química da matéria orgânica, sendo portanto uma indicação
indireta do teor de M.O. presente.
❖ DBO refere-se a uma oxidação bioquímica de matéria
orgânica, realizada por microrganismos;
❖ DQO refere-se à oxidação química da matéria orgânica,
obtida através de um forte oxidante (dicromato de potássio
em meio ácido).
Esgotos – Características
Matéria Orgânica
III. DQO – Demanda Química de Oxigênio (DQO)
Vantagens

→ Teste leva de 2 – 3 h para → No teste são oxidadas a


ficar pronto; fração biodegradável quanto a
inerte do esgoto (o teste então
superestima o consumo pelo
→Dá indicação do Oxigênio tratamento biológico);
requerido para estabilização
da matéria orgânica.
→ Alguns constituintes
inorgânicos reduzidos podem

Desvantagens
ser oxidados e interferir no
resultado.
Esgotos – Características
Matéria Orgânica
III. DQO – Demanda Química de Oxigênio (DQO)

■ Para esgotos domésticos brutos a relação:


DQO/DBO5 ≈ 1,7 a 2,4

■ Para despejos industriais, essa relação pode variar muito. A depender


da relação, pode-se tirar conclusões sobre a biodegradabilidade dos
despejos e o método de tratamento a ser empregado:
– DQO/DBO5 baixa (<2,5)
■ Fração biodegradável elevada → tratamento biológico
– DQO/DBO5 intermediária (>2,5 e <3,5)
■ Fração biodegradável não é elevada → estudos de tratabilidade
devem verificar viabilidade de tratamento biológico
– DQO/DBO5 alta (> 3,5)
■ Fração inerte elevada → tratamento físico-químico
Esgotos – Características
Matéria Orgânica
III. DQO – Demanda Química de Oxigênio (DQO)

■ A relação DQO/DBO5 varia também ao longo das diversas etapas do


tratamento: à medida que a fração biodegradável vai diminuindo
(removida no tratamento), a relação aumenta.
■ Em geral, ao final do tratamento biológico a relação DQO/DBO5 é
usualmente maior que 2,5. Quanto mais eficiente o tratamento na
remoção da matéria orgânica biodegradável, maior a relação,
podendo chegar a 4,0 ou até 5,0.
Esgotos – Características
Matéria Orgânica
IV. Carbono Orgânico Total (COT)

■ No teste de COT, o carbono orgânico é medido diretamente, por meio


de instrumentos.
■ O teste de COT mede todo o carbono liberado sob forma de CO2.
■ Devido aos custos mais elevados do equipamento, o teste de COT tem
sido utilizado principalmente e pesquisas mais aprofundadas das
características dos efluentes.

Equipamento para
determinação de COT
Esgotos – Características
Matéria Orgânica
Carga e Concentração de Matéria Orgânica

■ Carga per capita representa a contribuição de cada indivíduo (e


termos de massa de poluente) por unidade de tempo. Utiliza-se
comumente g/hab.d
Assim, quando se diz que a contribuição per capita de DBO é de 55
g/hab.d significa que cada indivíduo contribui, por dia, em média, com
equivalente a 55 g de DBO.
■ A carga afluente a uma ETE corresponde à quantidade de poluente
por unidade de tempo: massa/tempo.
Esgotos – Características
Matéria Orgânica
Carga e Concentração de Matéria Orgânica

carga = pop x carga per capita

𝒈
𝑲𝒈 𝑷𝒐𝒑 𝒉𝒂𝒃 𝒙 𝒄𝒂𝒓𝒈𝒂 𝒑𝒆𝒓 𝒄𝒂𝒑𝒊𝒕𝒂 ( . 𝒅)
𝑪𝒂𝒓𝒈𝒂 = 𝒉𝒂𝒃
𝒅 𝒈
𝟏𝟎𝟎𝟎 ( )
𝑲𝒈

■ Uma outra relação associada à carga é dada por:


Carga = concentração x vazão

𝑲𝒈 𝑪𝒐𝒏𝒄𝒆𝒏𝒕𝒓𝒂çã𝒐 𝒈/𝒎𝟑 𝒙 𝑽𝒂𝒛ã𝒐(𝒎𝟑/𝒅)


𝑪𝒂𝒓𝒈𝒂 = 𝒈
𝒅 𝟏𝟎𝟎𝟎 ( )
𝑲𝒈
Obs: g/m3 = mg/L
Esgotos – Características
Matéria Orgânica
Carga e Concentração de Matéria Orgânica

■ A concentração do despejo pode ser obtida através da relação:


Concentração = carga/vazão

𝑲𝒈 𝒈
𝒄𝒂𝒓𝒈𝒂 𝒙 𝟏𝟎𝟎𝟎 ( )
𝒅 𝑲𝒈
𝑪𝒐𝒏𝒄𝒆𝒏𝒕𝒓𝒂çã𝒐 𝒈/𝒎𝟑 = 𝒎 𝟑
𝒗𝒂𝒛ã𝒐 ( )
𝒅
Esgotos – Características
Matéria Orgânica
Carga e Concentração de Matéria Orgânica

1. Exemplo: calcular a carga de DBO afluente a uma ETE, com os dados abaixo:
Concentração de DBO: 290 mg/L
Vazão: 4230 m3/dia
Esgotos – Características
Matéria Orgânica
Carga e Concentração de Matéria Orgânica

1. Exemplo: calcular a carga de DBO afluente a uma ETE, com os dados abaixo:
Concentração de DBO: 290 mg/L
Vazão: 4230 m3/dia

𝑲𝒈 𝑪𝒐𝒏𝒄𝒆𝒏𝒕𝒓𝒂çã𝒐 𝒈/𝒎𝟑 𝒙 𝑽𝒂𝒛ã𝒐(𝒎𝟑/𝒅)


𝑪𝒂𝒓𝒈𝒂 = 𝒈
𝒅 𝟏𝟎𝟎𝟎 ( )
𝑲𝒈

𝑲𝒈 𝟐𝟗𝟎 𝒈/𝒎𝟑 𝒙 𝟒𝟐𝟑𝟎(𝒎𝟑/𝒅)


𝑪𝒂𝒓𝒈𝒂 = 𝒈
𝒅 𝟏𝟎𝟎𝟎 (𝑲𝒈)

𝑪𝒂𝒓𝒈𝒂 = 𝟏𝟐𝟐𝟔, 𝟕 𝑲𝒈/𝒅


Esgotos – Características
Matéria Orgânica
Carga e Concentração de Matéria Orgânica

2. Exemplo: para uma ETE, calcular a carga de DBO afluente com os dados abaixo:
População: 35703 hab
Carga per capita: 53 g/hab.d
Esgotos – Características
Matéria Orgânica
Carga e Concentração de Matéria Orgânica

2. Exemplo: para uma ETE, calcular a carga de DBO afluente com os dados abaixo:
População: 35703 hab
Carga per capita: 53 g/hab.d

𝒈
𝑲𝒈 𝑷𝒐𝒑 𝒉𝒂𝒃 𝒙 𝒄𝒂𝒓𝒈𝒂 𝒑𝒆𝒓 𝒄𝒂𝒑𝒊𝒕𝒂 ( . 𝒅)
𝑪𝒂𝒓𝒈𝒂 = 𝒉𝒂𝒃
𝒅 𝒈
𝟏𝟎𝟎𝟎 (𝑲𝒈)

𝒈
𝑲𝒈 𝟑𝟓𝟕𝟎𝟑 𝒉𝒂𝒃 𝒙 𝟓𝟑( . 𝒅)
𝑪𝒂𝒓𝒈𝒂 = 𝒉𝒂𝒃
𝒅 𝒈
𝟏𝟎𝟎𝟎 (𝑲𝒈)

𝑪𝒂𝒓𝒈𝒂 = 𝟏𝟖𝟗𝟐, 𝟐𝟔 𝑲𝒈/d


Exercícios

■ Uma cidade de 78510 habitantes com carga per capita de


matéria orgânica de 55g/hab.d possui uma contribuição
industrial de 570 Kg/d.
Qual a carga de matéria orgânica afluente à ETE?
Exercícios

■ Os 65400 habitantes de uma cidade contribuem com 3550


Kg de DBO por dia. A cidade conta com indústrias que
descarregam seus despejos em rede pública.
A carga destas empresas equivale ao despejo de outros 9700
habitantes desta cidade.
Qual a carga de DBO que chega à ETE da cidade
diariamente?
Nitrogênio
O nitrogênio total inclui o nitrogênio orgânico, amônia, nitrito
e nitrato. É um nutriente indispensável para o
Nitrogênio Total desenvolvimento dos microrganismos no tratamento
biológico. O nitrogênio orgânico e a amônia compreendem o
NTK (Nitrogênio Total Kjeldahl)
Nitrogênio orgânico Proteínas, aminoácidos e uréias

Produzida como primeiro estágio da decomposição do


Amônia
nitrogênio orgânico
Estágio intermediário da oxidação da amônia. Praticamente
Nitrito
ausente no esgoto bruto
Produto final da oxidação da amônia. Praticamente ausente
Nitrato
no esgoto bruto.
Nitrogênio
■ O nitrogênio é um componente de grande importância para
geração e controle de poluição das águas.

■ Poluição das Águas:


– O nitrogênio é indispensável para crescimento das algas,
podendo em certas condições causar a eutrofização de
lagos e represas;
– O nitrogênio, no processo de conversão da amônia a
nitrito e deste para nitrato (nitrificação), implica no
consumo de O.D. no corpo d’água receptor;
– O nitrogênio, na forma de amônia livre é diretamente
tóxico a peixes;
– O nitrogênio na forma de nitrato está associado a
doenças como metahemoglobinemia (síndrome do bebê
azul).
Nitrogênio
■ Tratamento de Esgotos:
– O nitrogênio é indispensável para crescimento dos
microrganismos responsáveis pelo tratamento de
esgotos.;
– No processo de conversão de amônia a nitrito e deste a
nitrato (nitrificação), que eventualmente pode ocorrer
numa ETE, consome oxigênio e alcalinidade;

– A determinação da forma de nitrogênio predominante num


curso d’água pode fornecer informação sobre o estágio da
poluição ocasionada por lançamento de esgotos:
– Poluição recente: nitrogênio sob a forma orgânica ou
amônia;
– Poluição antiga: basicamente sob forma de nitrato
Nitrogênio
Distribuição relativa das formas de nitrogênio segundo distintas
condições:
Condição Forma predominante do N

• Nitrogênio orgânico;
Esgoto bruto
• Amônia
• Nitrogênio orgânico;
Poluição recente num curso d’água
• Amônia
• Nitrogênio orgânico;
Estágio intermediário da poluição em um curso • Amônia
d’água • Nitrito (menores concentr.)
• Nitrato
• Nitrogênio orgânico (em menores concentr.);
Efluente de tratamento sem nitrificação
• Amônia
Efluente de tratamento com nitrificação • Nitrato

Efluente de tratamento com nitrificação / • Concentrações reduzidas de todas as formas de


desnitrificação N
Nitrogênio
■ Nos esgotos domésticos brutos, as formas predominantes são
Norg e NH3;
■ O Norg corresponde a grupamentos amina;
■ A amônia tem sua principal origem na uréia, que é rapidamente
hidrolisada e raramente encontrada no esgoto bruto;
■ Estes dois grupos conjuntamente são denominados de
Nitrogênio Total Kjeldahl (NTK), pois são determinados em
laboratório pelo método Kjeldahl;
■ A maior parte do NTK presente nos esgotos tem origem
fisiológica, sendo que as demais formas de nitrogênio são em
geral de menor importância nos esgotos que chegam a uma ETE.

NTK = Amônia + Nitrogênio orgânico (predominante em esgotos


domésticos

NT = NTK + NO2- + NO3- (nitrogênio total)


Fósforo

Fósforo O fósforo total existe na forma orgânica e


inorgânica. É um nutriente indispensável
no tratamento biológico

Fósforo orgânico Combinado à matéria orgânica

Fósforo inorgânico Ortofosfato e polifosfatos


Fósforo
■ O fósforo total presente em esgotos domésticos está sob a
forma de fosfatos, nas formas:
– Inorgânica: (polifostafos e ortofosfatos) – originado
principalmente em detergentes ou outros produtos
químicos domésticos – cerca de 80%
– Orgânica: (ligada a compostos orgânicos) – origem
fisiológica

– O fósforo assim como o nitrogênio, é um nutriente essencial para o


crescimento dos microrganismos responsáveis pela
biodegradabilidade da matéria orgânica e também para o
crescimento de algas, o que pode favorecer o aparecimento da
eutrofização nos receptores.
– Normalmente sua presença em despejos domésticos é suficiente
para promover a crescimento natural dos microrganismos, porém
certos despejos industriais tratáveis biologicamente podem requerer
adição deste elemento como complemento para o desenvolvimento
satisfatório da massa biodegradadora.
Fósforo
■ Nos esgotos domésticos de formação recente a forma
predominante de ortofosfato é HPO42- , originada em sua
maior parte da diluição de detergentes e favorecido pela
condição de pH em torno da neutralidade. Porém sua
predominância tende a ser acentuada a medida que o esgoto
envelhece, uma vez que os polifosfatos (moléculas complexas
com mais de um "P" e que precisam ser hidrolisadas
biologicamente) e os fósforos orgânicos (pouco
representativos) transformam-se, embora lentamente, em
ortofosfato, o que deve acontecer completamente até o final
do tratamento dos esgotos, visto que é nesta forma que ele
pode ser assimilado diretamente pelos microrganismos.
Outras Características
pH Indicador das características ácidas ou básicas do esgoto.
Os processos de oxidação biológica tendem a reduzir o pH.
Alcalinidade Indicador da capacidade tampão do meio (resistência às
variações de pH), devido à presença de bicarbonato,
carbonato e íon hidroxila.
Cloretos Provenientes da água de abastecimento e dos dejetos
humanos.
Óleos e Graxas Fração da matéria orgânica solúvel em hexanos. Nos
esgotos domésticos, as fontes são óleos e gorduras
utilizados nas comidas.
Organismos Patogênicos e
Indicadores de Contaminação Fecal
■ Os microrganismos desempenham diversas funções importantes.
No saneamento ambiental tais funções estão principalmente
relacionadas à transformação com a conversão da matéria
orgânica e inorgânica.
■ Outro aspecto de grande importância é a possibilidade de
microrganismos transmitirem doenças.
■ Tais organismos chegam à água principalmente por meio de
despejo de esgoto.
■ A determinação da potencialidade de uma água transmitir
doenças pode ser realizada indiretamente por meio de
organismos indicadores de contaminação fecal, que são
pertencentes principalmente ao grupo dos coliformes.
Organismos Patogênicos e
Indicadores de Contaminação Fecal
■ Os organismos utilizados como indicadores de contaminação fecal
são predominantemente não patogênicos. São responsáveis por
indicar quando a água apresenta contaminação por fezes, ou seja,
tem potencialidade para transmitir doenças.
■ Os principais grupos indicadores de contaminação fecal são as
bactérias coliformes.
■ As principais características dos organismos indicadores de
contaminação fecal são:
■ Estão presentes em grande quantidade nas fezes humanas ( de 1/5
a 1/3 do peso das fezes são bactérias coliformes), assim são
facilmente detectáveis
■ Tem resistência ligeiramente superior à maioria das bactérias
patogênicas (se morressem mais rapidamente que o agente
patogênico, seriam maus indicadores);
■ Os mecanismos de remoção de coliformes em ETAs e ETEs são
iguais às bactérias patogênicas;
■ As técnicas bacteriológicas para detecção são rápidas e baratas.
Organismos Patogênicos e
Indicadores de Contaminação Fecal
Coliformes
■ Coliformes Totais (CT): estão presentes também em fezes de
animais de sague quente, mas também em água e solos não
poluídos (desta maneira, sua presença não indica com certeza a
contaminação fecal pois pode ser resultantes de contato com
solo e outros animais);
– Considerados “coliformes ambientais”;
– Podem ser utilizados como parâmetros de avaliação da
eficiência de processos de tratamento de água;
■ Coliformes Fecais (CF): são originárias predominantemente no
trato intestinal;
■ Escherichia coli (E. coli): é a principal bactéria do grupo de
coliformes fecais, abundantes nas fezes humanas e animais.
■ Sua presença é garantia de contaminação exclusivamente
fecal (mas não só humanas);
■ Detecção laboratorial simples.
Organismos Patogênicos e
Indicadores de Contaminação Fecal
PATOGÊNICAS

Bactérias
CT
COLIF. TERMOT.
E. coli

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