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Caldeira Historia
Caldeira Historia
ÍNDICE
Assunto Página
1 – Introdução 2
2 – Revolução industrial: a gestação. 2
3 – Início do século XX: o nascimento 3
4 – No Brasil: a tropicalização 6
5 – Evolução 9
6 – Regulamentação 11
7 – Bibliografia 12
Violeta Parra
História da Inspeção de Equipamentos
1 – INTRODUÇÃO
Este trabalho foi elaborado para ser apresentado no I Encontro Técnico do Colégio Integral
em São Mateus do Sul – Paraná em 26/11/2011. Acreditamos que a perspectiva histórica
proporciona uma visão mais clara do papel da inspeção de equipamentos nas organizações,
de suas tendências, oferecendo subsídios para decisões estratégicas que a afeta.
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História da Inspeção de Equipamentos
abril 1865: explosão de quatro caldeiras do navio Sultana em Memphis causando a
morte de 1700 passageiros
janeiro de 1865: explosão da caldeira do navio Steamer Eclipse que provocou a mor-
te de 29 soldados do batalhão de artilharia de Indiana;
No início da Revolução Industrial os acidentes eram agravados pelo fato das caldeiras
serem do tipo flamotubular. A ruptura do casco liberava grande quantidade de energia in-
tensificando os danos decorrentes da explosão. Esta enorme insegurança chegou a amea-
çar a prosperidade que os avanços tecnológicos vinham proporcionando e a Revolução In-
dustrial só sobreviveu graças a duas realizações:
projeto e produção das caldeiras aquatubulares com menor potencial de danos em
caso de acidentes;
utilização de válvula de segurança, que havia sido inventada em 1680 por Denis Pa-
pin.
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História da Inspeção de Equipamentos
1914
Figura 7 – Reunião na qual foi aprovada a Seção I do Código ASME (114 páginas)
Estes dois importantíssimos fatos históricos (publicação da seção I do código ASME e fun-
dação do National Board) certamente simbolizam o nascimento da Inspeção de Equipa-
mentos.
3 – NO BRASIL – A TROPICALIZAÇÃO
Em 1950 foi inaugurada no Brasil sua primeira grande refinaria de petróleo em Mataripe
Bahia, a Refinaria Landulfo Alves (RLAM). Em 1954 entrou em operação a Refinaria Presi-
dente Bernardes de Cubarão (RPBC). As duas eram responsáveis pelo suprimento de qua-
se todo o mercado brasileiro de derivados de petróleo cabendo a maior parte (~80%) à
RPBC. Depois de quatro anos de operação ocorreu um grande acidente na refinaria de Cu-
batão, que provocou a morte de três pessoas, causou enormes danos às instalações, che-
gando a comprometer o suprimento do mercado. O monopólio estatal do petróleo passou a
ser mais questionado, abalando até sobrevivência da Petrobrás que havia sido criada ha
apenas 4 anos.
A causa foi a corrosão de um pequeno trecho (~60cm) de tubulação de 6” que havia si-
do confeccionado em aço carbono em lugar do material especificado no projeto: aço liga
5%Cr 0,5%Mo, perfeitamente adequado para as condições às quais seria submetido. A tu-
bulação operava com nafta, um hidrocarboneto leve e volátil, a aproximadamente 500oC e
20kgf/cm2 de pressão. Após quatro anos de operação o tal trecho encontrava-se com es-
pessura muito reduzida chegando a perfurar em algum ponto. Três pessoas foram designa-
das para verificar o que estava acontecendo. Logo após a retirada do isolamento térmico do
local onde havia sido observado vazamento, a linha sofreu ruptura brusca que provocou in-
cêndio de grandes proporções e enormes danos.
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O acidente sofrido pelo piloto Ayrton Senna em maio de 1994 foi causado pela fratura
de uma extensão da coluna de direção de seu carro. Esta modificação foi feita através da
soldagem de um prolongamento, mostrado na figura 13, que possuía um entalhe severo
qual deu origem a uma trinca de fadiga. Esta descontinuidade se propagou durante diversas
corridas até atingir dimensões críticas no Grande Prêmio de Ímola, provocando sua fratura
final brusca. O Aytron perdeu o controle do seu Williams na entrada da curva Tamburello, se
chocou com um muro o que causou sua morte.
Esta perspectiva histórica deixa muito clara a verdadeira razão de existência da Inspeção
de Equipamentos: a necessidade, econômica e principalmente social, de SEGURANÇA.
Para satisfazer esta necessidade é absolutamente indispensável a atuação de uma equipe
tecnicamente preparada para controlar as condições físicas dos equipamentos pressuriza-
dos.
4 – EVOLUÇÃO
Nos primórdios a inspeção de equipamentos utilizava técnicas muito primitivas que iam
pouco além da inspeção visual e teste de martelo. Com o surgimento do National Board a
tecnologia de inspeção se desenvolveu e começou a se consolidar na forma de práticas re-
comendadas, normas e procedimentos. A inspeção deixou de apenas a fiscalizar o cumpri-
mento dos códigos de projeto passando a exercer também o controle de deterioração dos
equipamentos, área de ação que mais a caracteriza atualmente.
Após a primeira Guerra Mundial (1914-18) houve uma forte expansão da indústria au-
tomobilística, aumentando ainda mais a demanda por derivados de petróleo. Foram desen-
volvidos, neste período, processos de craqueamento que transformam resíduos oleosos pe-
sados em derivados leves, de maior valor agregado. Nesta mesma época foram descober-
tas novas reservas de petróleo com maiores teores de impurezas corrosivas o que tornou
ainda mais necessário o controle dos danos aos quais os equipamentos eram submetidos
em serviço. Foi necessário o desenvolvimento de novos materiais, aperfeiçoamento de pro-
jeto e das técnicas de fabricação dos equipamentos. Os equipamentos passaram a ser
submetidos a condições cada vez mais severas gerando novos desafios para a inspeção de
equipamentos. Foram sendo introduzidas técnicas de inspeção menos primitivas, como por
exemplo, o uso de calibres pinça, calibre de inspetor (“inspector gage”), micrometros de pro-
fundidade e líquido penetrante.
Figura 14 – “Inspector gage” usado para medir espessura através de furos feitos propo-
sitalmente no casco dos equipamentos
Até então os conhecimentos e a experiência necessários para a execução da inspeção
de equipamentos eram transmitidos verbalmente. Somente no final da década de 1930 o
Instituto Norte-americano do Petróleo (American Petroleum Institute – API) sentiu a neces-
sidade de consolidar e registrar as técnicas e os procedimentos de inspeção utilizados na-
quela época. Em maio de 1940 foi criada a Subcomissão de Supervisores de Inspeção de
Refinarias com a incumbência de aprimorar procedimentos de inspeção e disseminá-los por
todo o setor industrial através de práticas recomendadas. Assim foi iniciada a elaboração
das consagradas Guias de Inspeção de Equipamentos do API (API Guide for Inspection of
Refinery Equipment) que ao longo do tempo se tranformaram em Normas (Standards) com
enorme reconhecimento internacional. Durante a 2ª guerra mundial (1939-45) este trabalho
foi paralisado sendo retomado pelo API por solicitação dos militares. Terminada a guerra re-
tornou para a esfera civil.
Em maio de 1940 o Instituto Brasileiro do Petróleo também criou a sua Subcomissão de
Supervisores de Inspeção de Equipamentos, que, a partir da década de 1960, passou a
“tropicalizar” as guias do API, com base na experiência brasileira. Notáveis pioneiros como:
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Albary E. Peniche, Maurício Latgé, Aldo Dutra, Pedro da Cunha Carvalho, Hans Westpha-
len, Haroldo Garrastazu, Guilherme Catrambí, José Barbato e outros (que me perdoem a
omissão), participaram desta empreitada.
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4 – REGULAMENTAÇÃO
Em 1977 foi publicada a Lei Ordinária 6514 que introduz alterações na CLT no que se
refere a segurança e medicina do trabalho, incluindo dois artigos que tornam obrigatória a
inspeção de caldeiras, fornos e recipientes pressurizados. Este documento se desdobrou,
no ano seguinte, em 28 Normas Regulamentadoras (entre as quais a NR 13 e NR 14) que
foram publicadas por meio da Portaria GM 3214/1978. Esta primeira edição da NR 13 foi fei-
ta com base na portaria 20 e tratava apenas de caldeiras. A primeira revisão da NR 13 pu-
blicada em 1984 (Portaria SSMT 02/1984) aumentou seu campo de aplicação passando a
abranger também vasos de pressão. Estas mudanças não foram suficientes para colocar a
NR 13 efetivamente em prática. Em função de acidentes provocados por equipamentos
pressurizados em diversas instalações o Ministério do Trabalho formou um Grupo de Tra-
balho Tripartite com participação de representantes dos Trabalhadores, das Empresas e do
Governo. Foi atribuída a este grupo a incumbência de fazer nova revisão na NR 13, com ob-
jetivo de permitir que a mesma pudesse ser efetivamente praticada. O trabalho desta vez foi
conduzido de forma muito participativa o que tornou a norma muito mais adequada a nossa
realidade e favoreceu sua implementação. Finalmente em 2008 foi publicada por meio da
Portaria SIT 57/2008 uma nova revisão da NR 13 que apenas corrige impropriedades de lin-
guagem, introduzindo mudanças de conteúdo pouco relevantes.
Como uma reação natural de preservação, não apenas de seus empregos, mas tam-
bém principalmente dos ideais que a Inspeção de Equipamentos representa, a comissão
encarregada da revisão de 1994, incluiu nela o Anexo II que trata de Serviços Próprios de
Inspeção de Equipamentos (SPIE). Empresas que decidam manter em suas estruturas or-
ganizacionais órgãos de Inspeção estruturados de acordo com as diretrizes básicas contidas
no referido anexo, podem praticar intervalos de inspeção superiores aos usuais, desde que
se submetam a um processo de certificação. A operacionalização da Certificação foi atribu-
ída ao Inmetro pela própria NR 13. Um forte incentivo a manutenção dos antigos SEIEQs
cujo trabalho evitou tantas perdas não só para as empresas, mas também para toda socie-
dade.
Desde que foi implantada a certificação de SPIE tem proporcionado os seguintes bene-
fícios:
o papel da Inspeção de Equipamento ficou mais claro para toda a estrutura organiza-
cional das empresas;
o sistema de gestão preconizado pela certificação de SPIE tem se mostrado muito e-
ficaz e produtivo;
a Inspeção de Equipamentos e os profissionais que nela atuam têm se valorizado
muito;
a confiabilidade, e a segurança melhoraram e os prêmios de seguros diminuíram;
a rentabilidade líquida das empresas aumentou em decorrência do aumento do fator
operacional.
Neste mesmo ano de 2011 o Brasil acatou a Convenção 174 da Organização Interna-
cional do Trabalho, aprovada em julho de 1993, e que trata da prevenção de Acidentes Am-
pliados. Estes são ocorrências súbitas envolvendo substâncias perigosas que podem colo-
car em grave perigo os trabalhadores da própria empresa, indivíduos da população (que não
participam daquela atividade econômica) e o meio ambiente. Foi formado um Grupo de Tra-
balho que está identificando as mudanças na legislação brasileira para o seu enquadra-
mento na Convenção 174. É muito provável que estes estudos venham a introduzir fortes
mudanças na NR 13, NR14, NR Tub, SPIE, etc.
5 - BIBLIOGRAFIA
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