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Enfº Vanessa Tavares Pereira

Rio de Janeiro,
2019
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Um pouco da história...
 A infecção do sítio cirúrgico acompanha o homem
desde os primeiros procedimentos cirúrgicos
rudimentares.
 A idéia da transmissibilidade das doenças pelo contato
direto, pelo ar ou fômites apareceu com o médico
italiano Girolamo Fracastoro (1478-1553).
 A era da assepsia e anti-sepsia estava muito longe de
começar.

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 Até meados do séc. XIX, os
pacientes das enfermarias
cirúrgicas conviviam com a
presença de fezes e pus pelo
chão;
 As esponjas e curativos
utilizados para a limpeza das
feridas eram reutilizados em
outros pacientes;
 Os surtos de septicemia eram
freqüentes e a taxa de
mortalidade era altíssima.

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Ignaz Philipp Semmelweis (1818-1865)

 A origem da anti-sepsia na
prática médica é atribuída a
Semmelweis.
 Médico húngaro, que instituiu no
ato de "LAVAR AS MÃOS"
como uma medida de eleição no
controle das infecções
hospitalares.

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Ignaz Philipp Semmelweis (1818-1865)

Semmelweis e a queda na mortalidade materna após a lavagem das mãos.


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Florence Nightingale (1820-1910)
 Enfermeira inglesa, precursora dos
conhecimentos que hoje detemos na
Administração Hospitalar;
 Implantou as medidas de higiene e
limpeza no hospital que assistia os
militares feridos na Guerra da
Criméia.
 Valorizava os pacientes e as
condições ambientais como:
limpeza, iluminação natural,
ventilação, odores, calor, ruídos e o
sistema de esgoto.
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Florence Nightingale (1820-1910)
 O hospital apresentava péssimas condições: não existiam
sanitários, os leitos e roupas de cama eram insuficientes, não
havia bacia, sabão ou toalhas, as pessoas comiam com as mãos
e a taxa de mortalidade era de 42%.

 É valido referir, que no século XIX os hospitais eram


desprovidos de água corrente e a de que dispunham era
contaminada. Lixos e dejetos eram jogados em poços nos
fundos dos terrenos, os cirurgiões limpavam suas mãos e
instrumentos nos seus aventais e as roupas de cama não eram
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trocadas com freqüência, facilitando a transmissão de doenças.
Florence Nightingale (1820-1910)
 Florence, então, abriu cozinhas, lavanderias, melhorou as
condições sanitárias, e fazia rondas à noite levando assistência
e conforto aos pacientes. Reduziu, assim, as taxas de
mortalidade de 42,7% para 2,2%.

 Postulou sobre a importância de pequenas enfermarias, ligadas


por corredores abertos.

 Pregou a necessidade de ambientes assépticos e muito limpos


bem como explicitou a transmissão da infecção especialmente
por contato com substâncias orgânicas.
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Prevenção e Controle da IH
 A partir de 1968 e principalmente durante os anos 70,
surgiram as primeiras comissões de controle de infecção
hospitalar do país;
 Na década de 80, o Governo e o Ministério da Saúde
criaram portarias e manuais que deveriam ser seguidos
pelos hospitais a fim de diminuir o índice das IHs;
 Na década de 90, foi criada a Lei Federal 9.431 de
06/01/97;
 Em 13/05/98, o Ministério da Saúde editou a Portaria
2.616/98.
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Conceito de Infecção Hospitalar
Segundo a ANVISA (2010), “infecção hospitalar é
qualquer infecção adquirida após a internação de um
paciente no hospital e que se manifeste durante a
internação ou mesmo após a alta, quando puder ser
relacionada com a hospitalização”.

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Classificação
As infecções nosocomiais se classificam em dois grupos:

 Infecção exógena Adquirida através de


microorganismos externos que não fazem parte da flora
normal do paciente internado.

 Infecção endógena Adquirida através de


microorganismos externos que fazem parte da flora do
indivíduo, apresentando crescimento e proliferação acima
do esperado.
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Fatores que aumentam o risco de
Infecção
 Queimaduras;
 Feridas abertas;
 Deficiências imunológicas;
 Cateterismo vesical;
 Radioterapia;
 Traqueostomia;
 Entubação;
 Cirurgias em geral...

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Métodos para diminuir a Infecção
Hospitalar
✓Assepsia é o conjunto de medidas adotadas para
impedir a introdução de agentes patogênicos no
organismo.
✓Anti-sepsia consiste na utilização de produtos
(microbicidas ou microbiostáticos) sobre a pele ou
mucosa com o objetivo de reduzir os microorganismo
em sua superfície.

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Métodos para diminuir a Infecção
Hospitalar
✓Desinfecção é o processo de destruição de parte dos
microorganismos, não incluindo os esporos. Pode ser
realizada por processos físicos (calor ou radiação) ou
processos químicos (solução e gases).
✓Esterilização consiste no único meio de destruição
dos microorganismos de todas as formas. Exemplos:
vapor em alta pressão nas autoclaves; por radiação e
por gás de óxido de etileno.

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Infecção do Sítio

Cirúrgico

(ISC)
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Epidemiologia da ISC
 A infecção de sítio cirúrgico (ISC) é a mais importante
causa de complicações do pós-operatória no paciente
cirúrgico.
 Estatísticas do Centro para Controle e Prevenção de
Doenças dos EUA (CDC) indicam que 14 a 16% das
infecções hospitalares são atribuídas às infecções de sítio
cirúrgico;
 Este fato corresponde a significativos custos relativos à
cuidados de saúde devido a complicações dessas
infecções. (OLIVEIRA 2007, p.259).
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Conceito
 As infecções de sítio cirúrgico, anteriormente denominadas
infecções de ferida operatória, acometem tecidos e órgãos com
incisão e cavidades manipuladas durante um procedimento
cirúrgico. (MARTINS, 2008 p.1033).
 É uma infecção que ocorre até 30 dias após a realização do
procedimento.
 No caso de cirurgias onde foram implantadas próteses, uma
ISC pode ser diagnosticada até um ano após a data do
implante.

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Patogênese
fatores intrínsecos
do paciente

O processo de cirurgia
desenvolvimento da ISC
é multifatorial Amb. cirúrgico
(extrínsicos)

A maioria das infecções é provocada por patógenos da flora


endógena do paciente.
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PRINCIPAIS BACTÉRIAS
CAUSADORAS DE INFECÇÃO HOSPITALAR
Staphylococcus spp Enterococcus spp
Escherichia coli
e outras enterobactérias

Pseudomonas aeruginosa
Candida spp Legionella spp
e outras Gram negativas
não fermentadoras

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CLASSIFICAÇÃO DA ISC QUANTO À
LOCALIZAÇÃO

Pele
ISC
superficial
Tecido celular
subcutâneo

Tecidos moles ISC profunda


profundos (fáscia e
músculo)

Órgão e ISC orgão ou


cavidade
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CLASSIFICAÇÃO DA ISC QUANTO À
LOCALIZAÇÃO
 SUPERFICIAL: Envolve apenas a pele e o tecido
celular subcutâneo do local da incisão;

 PROFUNDA: Abrange obrigatoriamente tecidos


moles profundos, como fáscia e camadas musculares;

 ÓRGÃO: Envolve órgãos ou espaços profundos.

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Diagnóstico Clínico
 Em geral, a ISC manifesta-se de 4 a 6 dias após o
procedimento, observando-se edema, eritema e dor no
sítio da incisão, com drenagem de secreção, muitas
vezes de aspecto purulento.
 Estas infecções devem ser diagnosticadas no máximo até
30 dias após o procedimento cirúrgico, se não houver
prótese. Na presença deste, será considerada se ocorrer até
1 ano após o ato cirúrgico.
 O diagnóstico tanto da infecção superficial como a
profunda é feito pelo cirurgião e médico assistente.
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Fatores predisponentes
 Relacionados ao paciente

o Idade > 60 anos


o Doenças crônicas
o Obesidade
o Tabagismo
o Infecções à distância
o Desnutrição
o Imunodepressão
o Tempo de internação pré-operatório prolongado

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Fatores predisponentes
 Relacionados ao procedimento cirúrgico

 Retirada de pêlos (tricotomia)


 Técnica cirúrgica
 Natureza e local da cirurgia
 Duração da cirurgia
 Presença de drenos
 Instrumental e campos cirúrgicos esterilizados
 Profilaxia antimicrobiana

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Fatores de risco para ISC relacionado
a equipe cirúrgica
 Aproximadamente 40% dos profissionais que participam
de um ato cirúrgico são portadores nasais de S.aureus.
Entretanto nem todos os portadores eliminam os
microorganismos.
 Patologias descamativas da pele e quadros secretantes das
vias aéreas favorecem esta disseminação.
 Outra fonte de germes é o cabelo do cirurgião ou de
membros da equipe cirúrgica.
 A contaminação ocorre através de gotas de secreções das
vias aéreas e orofaringe e partículas da pele e cabelo que
caem no campo operatório.
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CLASSIFICAÇÃO DAS CIRURGIAS
POR POTENCIAL DE
CONTAMINAÇÃO

DEVE SER REALIZADA PELO CIRURGIÃO NO


BOLETIM OPERATÓRIO, SEGUNDO A PORTARIA Nº
2616/1998/ANVISA.

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Classificação das Cirurgias por
Potencial de Contaminação

 LIMPAS
 POTENCIALMENTE CONTAMINADA
 CONTAMINADA
 INFECTADA

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Cirurgias Limpas

 Referem-se às eletivas, primariamente


fechadas e sem drenos. Feridas não
traumáticas e não infectadas, sem sinais
inflamatórios. Não há quebra de técnica
ou abordagem de vísceras ocas.

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Cirurgias Potencialmente
Contaminadas

Aborda os tratos digestivo,


respiratório, geniturinário e
orofaringe sob situações controladas,
sem sinais de processo inflamatório.

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Cirurgias Contaminadas

 São as feridas traumáticas recentes


(menos de quatro horas), abertas com
contaminação grosseira durante a cirurgia
do trato digestivo, manipulação de via
biliar ou geniturinária, quebras maiores de
técnica e processo inflamatório, mas sem
secreção purulenta.
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Cirurgias Infectadas

Existe a presença de secreção


purulenta e corpos estranhos, tecidos
desvitalizados e trauma penetrante há
mais de quatro horas.

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Recomendações para a prevenção das
ISC
Recomendações pré-operatórias:
 Preparo do paciente;
 Anti-sepsia de mãos e antebraços da Equipe
Cirúrgica;
 Manuseio do Pessoal Cirúrgico Infectado ou
Colonizado;
 Profilaxia Antimicrobiana.
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Recomendações para a prevenção das
ISC

Recomendações durante a cirurgia:

 Ventilação;
 Limpeza e desinfecção de superfícies;
 Esterilização do Instrumental Cirúrgico;
 Roupas e vestimentas cirúrgicas estéreis;
 Assepsia e técnica cirúrgica.

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Recomendações para a prevenção das
ISC

Recomendações pós-operatórias:

 Cuidados pós-operatórios da incisão;

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Portaria 2616 - Definição de
Vigilância de Infecção Hospitalar
 Vigilância epidemiológica das Infecções Hospitalares é a
observação ativa, sistemática e contínua de sua ocorrência e
distribuição entre pacientes hospitalizados ou não, e dos
eventos e condições que afetam o risco de sua ocorrência, com
vistas a execução oportuna das ações de prevenção e controle.

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Vigilância Epidemiológica da
Infecção do Sítio Cirúrgico
 Vários são os métodos possíveis para diagnóstico e
notificação da infecção cirúrgica, incluindo:
- Observação direta da ferida operatória por um membro da
equipe da CCIH;
- Vigilância tradicional, baseada em informações coletadas
em visita às enfermarias;
- Revisão dos prontuários;
- Resultados de cultura;
- Revisão de todos os prontuários de procedimentos sob
estudo...
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Referências Bibliográficas
 OLIVEIRA, Adriana Cristina de; CIOSAK, Sueli Itsuko. Infecção de sítio cirúrgico em hospital
universitário: vigilância pós-alta e fatores de risco. Rev. esc. enferm. USP. São Paulo, v.41, n.2, p. 258-263,
abr. 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v41n2/11.pdf Acessado: 30 ago. 2010.
 MARTINS, Maria A. et al. Vigilância pós-alta das infecções de sítio cirúrgico em crianças e adolescentes em
um hospital universitário de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro, v.24,
n.5, p. 1033-1041, mai. 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csp/v24n5/10.pdf Acessado: 29 ago.
2010.
 JÚNIOR, Antonio Ziliotto. Infecção em cirurgia de emergências e trauma: prevenção, diagnóstico e
tratamento. Medicina. Ribeirão Preto, v.40, n.3, p. 329-34, jul./set. 2007. Disponível em:
http://www.fmrp.usp.br/revista/2007/vol40n3/3_infeccao_cirurgia_emergencias_trauma.pdf Acessado em:
30 ago. 2010.
 LACERDA, Rubia Aparecida et al. Buscando compreender a infecção hospitalar no paciente cirúrgico. São
Paulo: Atheneu, 1992.
 LIMA, Márcia Valéria Rosa. Condutas em controle de infecção hospitalar. São Paulo: Iátria, 2007.
 COUTO, Renato Camargos; PEDROSA, Tânia Moreira Grillo; NOGUEIRA, José Mauro. Infecção
Hospitalar: epidemiologia e controle. 4º edição. São Paulo: MEDSI, 2009.
 Santos, Nívea Cristina Moreira. Enfermagem na prevenção e controle da Infecção Hospitalar. São Paulo:
Iátria, 2009.

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