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Processo nº:

Natureza:
Autor:
Réu:
Vítima:
Objeto:

Meritíssimo Juiz:

O réu ( ), alhures qualificado, foi denunciado e está


sendo processado como incurso no artigo ( ), do Código Penal.

A denúncia foi oferecida com base no incluso inquérito


policial, e, uma vez recebida, houve citação e apresentação da resposta
preliminar de fls. . Em seguida foi realizada audiência instrutória (fls. ),
cuja prova oral foi registrada pelo sistema audiovisual (mídia às fls. ).

Eis, em síntese, o relatório do processo.

Cuida-se de ação penal escorreita, sem nulidades


absolutas ou relativas a serem reconhecidas ou sanadas, inexistindo
preliminares a serem sustentadas ou enfrentadas, ensejando, pois, a
apreciação do mérito da pretensão punitiva.
Observou-se o rito procedimental previsto no Código
de Processo Penal, com estrita obediência ao devido processo legal e aos
princípios constitucionais do contraditório, ampla defesa, publicidade
dos atos processuais, motivação das manifestações das partes e do juiz, e
licitude da prova produzida.

Superadas a investigação preparatória e a instrução


processual, emerge cristalina a culpa do acusado pelo delito que se lhe
imputa na denúncia, impondo-se sua condenação.

A materialidade restou comprovada por meio do auto


de apreensão (fls. ), do termo de restituição (fls. ), e do laudo pericial
(fls. ).

A autoria é certa e indiscutível, aflorando do firme


conjunto probatório produzido no inquérito policial e em juízo.

Vale ressaltar, de plano, que o imputado foi preso em


estado flagrancial, ensejo em que foi levada a cabo a busca e apreensão
do produto do crime que o mesmo tinha em seu poder (examinar a
importância da prisão em flagrante e da apreensão da res furtiva no
que toca à elucidação da autoria).
Com efeito, (examinar os interrogatórios prestados
em ambas as etapas, abordando confissão e retratação, cotejando as
versões do réu com as demais provas).

Outrossim, (examinar a palavra da vítima em ambas


as fases da persecução penal).

Ademais (examinar a ocorrência de reconhecimento


pessoal e dos objetos e instrumentos utilizados na prática do crime).

Doutro norte, os testemunhos coligidos apontam o


acusado como autor do delito. (examinar os depoimentos
testemunhais prestados nas duas fases).

Os documentos acostados ao processo mostram-se


altamente incriminadores, posto que (analisar a influência da prova
documental).

Se não foi produzida prova direta da autoria delitiva, o


certo é que a prova indiciária desponta cristalina, apontando o acusado
como o autor do crime aqui tratado (abordar a presença dos indícios e
seu valor probatório).

Diante deste robusto e firme contexto probatório,


nenhuma dúvida remanesce quanto à materialidade e à autoria.
Ademais, a arma empregada na prática do delito foi
apreendida (fls. ) e submetida a exame pericial para constatação de sua
natureza e eficiência (fls. ), nos termos do disposto nos artigos 158 e 175,
ambos do Código de Processo Penal.

Deve incidir a causa especial de aumento de pena


prevista no artigo 155, § 1º, do Código Penal (furto noturno),
aplicável tanto à figura básica quanto às formas qualificadas, ainda que o
delito tenha sido perpetrado em estabelecimentos comerciais ou em
veículos estacionados em vias públicas.

A existência de vigilância por sistema de


monitoramento eletrônico, como sabido, não inviabiliza a configuração
do furto, afastando, portanto, a incidência do crime impossível,
previsto no artigo 17 do Código Penal, nos termos da Súmula 567 do
STJ.

Outrossim, a perícia realizada no imóvel deixou


evidenciado que o acusado, para nele ingressar, e do seu interior subtrair
os objetos listados nos autos, valeu-se de uma barra de ferro com a qual
rompeu a fechadura da porta de entrada, atestando o laudo que a
subtração se deu mediante rompimento de obstáculo (fls. ).
A prova material restou demonstrada pelo laudo de
exame de corpo de delito ou de necropsia (fls. ), bem assim pela
vistoria pericial levada a efeito no local do acidente (laudo de fls. ),
que concluiu pela responsabilidade do réu no evento de trânsito
retratado nos autos (delitos de trânsito).

Doutra banda, evidenciado restou que o crime foi de


autoria coletiva, praticado em concurso, revelando a prova ter havido
prévio ajuste de vontades entre os agentes.

Nem se alegue que o crime de roubo não teria


atingido o momento consumativo, pois, ainda que por breve tempo,
houve a inversão da posse mediante emprego de violência física ou grave
ameaça, tendo o bem saído da esfera de disponibilidade da vítima, sem
embargo da perseguição e recuperação da bem subtraído (Súmula 582
do STJ), afastando a figura do crime tentado.

Durante a instrução criminal o acusado acenou com a


hipótese de ter agido culposamente e não com dolo, sugerindo uma
eventual desclassificação da imputação original para a figura do crime
culposo. Esse não é o caso dos autos, vez que bem provado que ele tinha
plena ciência da origem criminosa da coisa por ele adquirida, devendo
prevalecer o tipo doloso de receptação.
Não há causas excludentes da ilicitude e da
culpabilidade aptas a beneficiar o réu.

Por ter confessado espontaneamente o crime a ele


atribuído, ainda que apenas na etapa policial, e sendo essa circunstância
invocada para a formação do convencimento judicial, impõe-se a
incidência da atenuante genérica prevista no artigo 65, III, “d”, do
Código Penal (Súmula 545 do STJ).

A certidão criminal juntada ao processo (fls. ),


mostra que o réu ostenta maus antecedentes, tendo sido condenado
em definitivo anteriormente ao cometimento do delito retratado nestes
autos, o que o torna reincidente, atraindo, pois, a aplicação da
agravante genérica prevista no artigo 61, I, do Código Penal.

Considerando que o acusado, mediante mais de uma


conduta comissiva, praticou dois crimes de furto, o caso atrai a
incidência do concurso material, previsto no artigo 69 do Código
Penal.

Tendo em vista que o comportamento culposo do


acusado resultou na morte de duas vítimas, de inteira aplicação o
disposto no artigo 70, primeira parte, do Código Penal, que
disciplina o concurso formal de crimes (delitos de trânsito).
Como os acusados, mediante ação única praticada no
mesmo contexto fático, vulneraram o patrimônio de vítimas distintas,
com dolo autônomo, aperfeiçoou-se o concurso formal de crimes, nos
termos do artigo 70 do Código Penal (delitos patrimoniais).

Vê-se que no caso vertente, mediante mais de uma


ação, o réu cometeu três crimes de furto, e, pelas circunstâncias
semelhantes de tempo, lugar e modo de execução, os dois últimos
devem ser considerados como continuação do primeiro, incidindo na
espécie a ficção jurídica da continuidade delitiva, contemplada no
artigo 71 do Código Penal.

Como o réu é primário e o bem subtraído é de pequeno


valor, possível se mostra a incidência da figura privilegiada prevista no
artigo 155, § 2º, do Código Penal, ainda que se cuide aqui de furto
qualificado (Súmula 511 do STJ) (exceto no caso da qualificadora do
abuso de confiança, que é de natureza subjetiva).

A ausência de prejuízo decorrente da apreensão e


restituição à vítima do bem subtraído não autoriza a aplicação da
figura do furto privilegiado, prevista no artigo 155, § 2º, do Código
Penal, que exige o pequeno valor da coisa, situações, pois, que não se
confundem.
Como o acusado registra antecedentes desabonadores,
é reincidente e ostenta personalidade periculosa, é de rigor a imposição
de regime fechado para o início do cumprimento da reprimenda,
que, aliás, deve ser fixada além do mínimo legal pela desfavorabilidade
de pelo menos uma das diretrizes do artigo 59 do Código Penal.

Deve ser decretada a perda em favor da União dos


valores, veículos e demais bens apreendidos em poder do acusado, pois
ele não comprovou a origem lícita deles, como lhe competia em virtude
da inversão do ônus probatório nesse particular (Lei de Tóxicos, art. 63).
(confisco nos delitos de tráfico e associação para o tráfico).

À vista de todo o exposto, o Ministério Público requer


a procedência integral (ou parcial) da presente ação penal, para o fim
de condenar o acusado ( ) nas penas dos artigos do Código Penal (Lei
de Tóxicos, Estatuto do Desarmamento, Lei Maria da Penha, Código de
Trânsito), suspendendo-se os direitos políticos após o trânsito em
julgado da sentença penal condenatória, nos termos do disposto no
artigo 15, III, da Constituição Federal.

Pelo que se já expôs, o Ministério Público requer a


improcedência da vertente ação penal, para o fim de absolver o
acusado ( ) com espeque no disposto no artigo 386, inciso VII, do
Código de Processo Penal (ou outro inciso deste artigo).
Uberaba,

Eduardo Pimentel de Figueiredo


Promotor de Justiça
REGRAS PARA ELABORAÇÃO DE ALEGAÇÕES FINAIS

EDUARDO PIMENTEL DE FIGUEIREDO


PROMOTOR DE JUSTIÇA

1) As alegações finais constituem-se em ato processual escrito e


fundamentado, que precede a sentença, tendo previsão legal no artigo 403, § 3º,
do Código de Processo Penal, sob a denominação de memoriais.

2) É imprescindível que as alegações finais sejam confeccionadas com elegância


no linguajar, adotando-se postura de serenidade e respeito ao réu, ao advogado,
à Polícia, aos serventuários e ao magistrado, com redação técnica.

3) Como regra, as alegações finais deveriam ser apresentadas oralmente, em


audiência, mas, na prática, são confeccionadas por escrito, tanto pela acusação
quanto pela defesa, em forma de memoriais.

4) O prazo para oferta das alegações finais no procedimento comum ordinário é


de cinco dias para cada uma das partes, contado da intimação pessoal do órgão
de execução do Ministério Público.

5) Havendo pluralidade de réus, com defensores distintos, o prazo para o


Ministério Público é único, e para as defesas corre de forma sucessiva.

6) O prazo de cinco dias não é fatal, e, uma vez descumprido, o máximo que
cabe ao juiz fazer é ordenar a busca e apreensão dos autos, em casos
excepcionais. Fala-se em prazo impróprio.

7) É inadmissível o desentranhamento das alegações finais por terem sido


oferecidas fora do prazo legal.
8) No caso de litisconsórcio ativo entre Ministério Público e querelante –
conexão entre crimes de ações pública e privada – o prazo de cinco dias para as
alegações finais deve ser aberto sucessivamente, primeiro à acusação oficial.

09) No procedimento previsto para os crimes da competência do júri – artigos


406 e seguintes do CPP – as alegações finais têm lugar após a realização da
audiência instrutória.

10) Por ser a última oportunidade para se manifestar antes da sentença, nessa
peça deve ser realizada uma exaustiva e minuciosa apreciação da prova, com
exame e valoração sobre sua pertinência e consistência, com o objetivo de influir
no convencimento do juiz acerca da procedência da pretensão punitiva.

11) Nessa etapa recomenda-se a sustentação das teses com o auxílio de doutrina
e jurisprudência, fazendo-se as citações e transcrições respectivas, inclusive
súmulas do STF e do STJ.

12) No procedimento do júri é recomendável cautela e bom senso na fase das


alegações finais, pois esse ato, normalmente, não antecede sentença de mérito,
aconselhando-se prudência na análise da prova.

13) Para esses crimes dolosos contra a vida – quando se postula a pronúncia –
basta examinar a prova da materialidade delitiva e a presença de indícios de
autoria, devendo ser singela a peça processual.

14) Nada impede que o Promotor de Justiça postule a absolvição do acusado, a


aplicação de qualquer causa especial de redução de pena, de uma atenuante
genérica ou de qualquer outro benefício legal, pois no processo penal ele atua
como parte e também como fiscal da correta observância da lei.

15) Nessa fase o defensor não poderá pedir a condenação do acusado, pois a
defesa técnica é uma injunção constitucional e legal.
16) Nessa manifestação processual devem ser argüidas as nulidades absolutas e
as relativas passíveis de serem sanadas, registrando também a ocorrência de
eventual cerceamento de acusação ou de defesa.

17) Também nas alegações finais devem ser questionadas matérias


preliminares – que antecedem o exame do mérito – e requeridas outras
diligências relevantes para o desate da questão e o descobrimento da verdade
real.

18) É possível requerer a juntada de documentos e a argüição de causas


extintivas da punibilidade ou qualquer outro fato ou circunstância que impeça a
prolação da sentença.

19) No procedimento do júri a juntada de documentos é possível após a fase


das alegações finais, consoante previsão constante do 422 do Código de Processo
Penal.

20) A apresentação das alegações finais observa a seguinte ordem legal:

a) ação penal pública sem assistente de acusação: Ministério Público e defesa;

b) ação penal pública com assistente de acusação: Ministério Público, assistente


e defesa;

c) ação penal privada: querelante, Ministério Público e querelado.

21) A inversão na ordem de apresentação das alegações finais – primeiro a


defesa depois a acusação – tem sido considerada como causa de nulidade
absoluta do processo. Porém, há posicionamento no sentido de que a anomalida
enseja apenas nulidade relativa, cujo reconhecimento fica condicionado à
demonstração de efetivo prejuízo.

22) A ausência de alegações finais por parte do Ministério Público pode


ensejar a aplicação analógica da regra prevista no artigo 28 do Código de
Processo Penal, pois sua manifestação nessa fase constitui dever de ofício.
23) Na ação penal privada exclusiva, a ausência de alegações finais por parte
do querelante implica em perempção (CPP, art. 60, inciso III).

24) Na ação penal privada subsidiária da pública, a ausência de alegações


finais por parte do querelante faz com que o Ministério Público retome a
titularidade da ação penal (CPP, art. 29, parte final).

25) Em relação à defesa – para uma corrente – a falta de alegações finais é


causa de nulidade do processo, vez que a peça é considerada termo essencial da
ação penal. Outra corrente entende que a alegação final não se constitui em ato
essencial do processo, mas em faculdade conferida à defesa, e sua falta não
acarreta nulidade.

26) É pacífico o entendimento de que ocorrerá nulidade se não for ensejada


oportunidade à acusação e à defesa para a apresentação das alegações finais.

27) As alegações finais assumem forma dissertativa, devendo conter a seguinte


estrutura: cabeçalho, introdução, fundamentação e conclusão, lembrando que
pode conter requerimentos.

28) No cabeçalho são indicados os dados referentes ao número do processo, ao


acusador, ao acusado, à vítima e ao objeto da peça.

29) Na introdução deve ser esclarecido porque o réu está sendo processado e em
qual dispositivo legal se acha incurso, fazendo-se uma síntese da denúncia.

30) Ainda na introdução faz-se um relatório de todo o processo – desde a


denúncia até a fase antecedente - historiando o feito com indicação das
principais ocorrências verificadas ao longo da ação penal.

31) Na fase da fundamentação serão argüidas eventuais preliminares e


examinado o mérito da pretensão punitiva deduzida na denúncia, com profunda
e minuciosa abordagem dos fatos, da prova e do direito.
32) É na fundamentação que será esmiuçada a prova, cotejando-se os fatos
denunciados com os fatos provados.

33) Se necessário, devem ser feitas remissões aos testemunhos e documentos


constantes dos autos, transcrevendo os trechos mais relevantes da prova oral,
ou simplesmente fazendo referência a tais trechos.

34) Devem ser apreciados e valorados todos os meios de prova produzidos nos
autos:

a) interrogatório;
b) confissão;
c) declarações da vítima;
d) prova documental;
e) prova testemunhal;
f) prova pericial;
g) busca e apreensão;
h) reconhecimento de pessoas e coisas;
i) acareações;
j) indícios.

35) Nesse momento deve ser traçado um paradigma entre a prova colhida no
inquérito policial e aquela produzida em juízo, atentando-se para o disposto
no artigo 155 do CPP.

36) Nas alegações finais devem ser definidas as seguintes questões:

a) argüição de nulidades absolutas;


b) argüição de nulidades relativas sanáveis;
c) argüição de outras preliminares;
d) exame da materialidade;
e) exame da autoria;
f) autoria simples ou coletiva;
g) consumação ou tentativa;
h) desistência voluntária e arrependimento eficaz;
i) arrependimento posterior;
j) crime impossível;
l) tipo doloso ou culposo;
m) excludentes de ilicitude;
n) excludentes de culpabilidade;
o) tipo simples ou qualificado;
p) concurso material de crimes;
q) concurso formal de crimes;
r) crime continuado;
s) causas especiais de aumento ou redução de pena;
t) atenuantes e agravantes genéricas;
u) causas extintivas da punibilidade.

37) Na conclusão devem ser feitos os pedidos:

a) reconhecimento de nulidades;
b) condenação;
c) absolvição;
d) desclassificação;
e) pronúncia;
f) impronúncia;
g) absolvição sumária;
h) declaração de extinção da punibilidade.

38) O requerimento final será de:

a) procedência total (condenação);


b) procedência parcial (condenação);
c) improcedência (absolvição);
d) absolvição imprópria (imposição de medida de segurança);

39) As alegações finais se constituem na oportunidade para requerer a extração


de cópias para instauração de inquérito policial ou de ação penal se durante a
instrução transparecer a prática de outros crimes pelo réu ou por terceiros (falso
testemunho, desobediência, fraude processual, falsidade documental etc).

40) Sobrevindo pedido de condenação, nada impede que o Promotor de Justiça


teça considerações sobre as seguintes questões:

a) gradação da pena privativa de liberdade;


b) regime de cumprimento;
c) eventual substituição da pena corporal por penas restritivas de direito;
d) valor da pena de multa;
e) concessão de sursis;
f) benefício do recurso em liberdade;
g) confisco de bens e valores;
h) perda do cargo ou função pública e do mandato eletivo;
i) incapacidade para o exercício do pátrio poder/tutela/curatela;
j) inabilitação para dirigir veículo;
k) indenização mínima devida à vítima;
l) coleta de material biológico nos crimes hediondos;

41) Nas alegações finais o Ministério Público deve apontar e provar, por meio de
certidões cartorárias, a reincidência.

42) Nos crimes que prevêem pena privativa de liberdade, havendo pedido de
condenação, o Ministério Público deve postular também a suspensão dos
direitos políticos (CF, art. 15, inciso III).

43) Nas alegações finais é preciso atentar para os efeitos da sentença penal
condenatória – genéricos e específicos – previstos nos artigos 91 e 92 do Código
Penal.
REGRAS PARA REQUERIMENTO DE DILIGÊNCIAS

1) Devem ser postuladas apenas as diligências que tenham influência na


decisão da causa e na descoberta da verdade real.

2) Como regra, as diligências devem ser requeridas quando do


oferecimento da denúncia, em manifestação separada, ou logo após a
realização da audiência, hipótese em que sua pertinência deve ter se
originado da instrução processual.

3) Não se deve postergar para a fase final do processo o requerimento de


uma diligência que poderia ter sido solicitada em etapa anterior.

4) Seja como for, durante a tramitação processual podem ser requeridas


as seguintes diligências, dentre tantas outras:

a) esclarecimentos diversos;
b) juntada de documentos novos ou complementares;
c) juntada de certidões;
d) juntada de folha de antecedentes criminais;
e) oitiva de testemunhas referidas;
f) reinquirição da vítima ou de testemunhas;
g) acareações;
h) reconhecimento de pessoas e coisas;
i) complementação de laudos periciais;
j) notificação de peritos para prestarem esclarecimentos;
k) juntada de prova emprestada;
l) eventual aditamento da denúncia;
m) novo interrogatório do réu;
5) Não se permite requerimento de produção ampla de prova na fase
final do processo, após a realização da audiência, pois não se pode
reabrir ou renovar a instrução criminal.

6) Também não é admissível a solicitação de inquirição de novas


testemunhas, a não ser as referidas, invocando-se o permissivo
constante do artigo 209 do CPP.

7) As partes não estão obrigadas a formular qualquer requerimento


de diligência após a realização da audiência, ficando a critério delas
aferir a pertinência, conveniência e oportunidade do pedido.

8) A falta de oportunidade para se pronunciar sobre a necessidade de


realização de diligências nessa etapa pode ensejar nulidade relativa,
por cerceamento de acusação ou de defesa, devendo ser demonstrado
o prejuízo.

09) A decisão judicial sobre o pedido de diligências é irrecorrível,


podendo um eventual cerceamento ser discutido em preliminar no
recurso de apelação.

10) Nessa fase - imediatamente após a realização da audiência e antes


do oferecimento dos memoriais finais - é conveniente conferir se os
pedidos anteriores lançados na conta introdutória, na defesa
preliminar, nos termos de audiência e em pareceres interlocutórios
foram atendidos. Em caso negativo, reiterá-los.
REGRAS PARA REQUERIMENTO DE DILIGÊNCIAS

1) Devem ser postuladas apenas as diligências que tenham influência na


decisão da causa e na descoberta da verdade real.

2) Como regra, as diligências devem ser requeridas quando do


oferecimento da denúncia, em manifestação separada, ou logo após a
realização da audiência, hipótese em que sua pertinência deve ter se
originado da instrução processual.

3) Não se deve postergar para a fase final do processo o requerimento de


uma diligência que poderia ter sido solicitada em etapa anterior.

4) Seja como for, durante a tramitação processual podem ser requeridas


as seguintes diligências, dentre tantas outras:

a) esclarecimentos diversos;
b) juntada de documentos novos ou complementares;
c) juntada de certidões;
d) juntada de folha de antecedentes criminais;
e) oitiva de testemunhas referidas;
f) reinquirição da vítima ou de testemunhas;
g) acareações;
h) reconhecimento de pessoas e coisas;
i) complementação de laudos periciais;
j) notificação de peritos para prestarem esclarecimentos;
k) juntada de prova emprestada;
l) eventual aditamento da denúncia;
m) novo interrogatório do réu;
5) Não se permite requerimento de produção ampla de prova na fase
final do processo, após a realização da audiência, pois não se pode
reabrir ou renovar a instrução criminal.

6) Também não é admissível a solicitação de inquirição de novas


testemunhas, a não ser as referidas, invocando-se o permissivo
constante do artigo 209 do CPP.

7) As partes não estão obrigadas a formular qualquer requerimento


de diligência após a realização da audiência, ficando a critério delas
aferir a pertinência, conveniência e oportunidade do pedido.

8) A falta de oportunidade para se pronunciar sobre a necessidade de


realização de diligências nessa etapa pode ensejar nulidade relativa,
por cerceamento de acusação ou de defesa, devendo ser demonstrado
o prejuízo.

09) A decisão judicial sobre o pedido de diligências é irrecorrível,


podendo um eventual cerceamento ser discutido em preliminar no
recurso de apelação.

10) Nessa fase - imediatamente após a realização da audiência e antes


do oferecimento dos memoriais finais - é conveniente conferir se os
pedidos anteriores lançados na conta introdutória, na defesa
preliminar, nos termos de audiência e em pareceres interlocutórios
foram atendidos. Em caso negativo, reiterá-los.
REGRAS PARA ELABORAÇÃO DA DENÚNCIA

EDUARDO PIMENTEL DE FIGUEIREDO


PROMOTOR DE JUSTIÇA

1 – A denúncia é ato processual fundamental da atividade do Promotor de


Justiça, constituindo-se na petição inicial do processo criminal. É uma
exposição escrita de um fato que, em tese, constitui um ilícito penal.

2 – São pressupostos para o oferecimento da denúncia:

- prova da materialidade delitiva.


- indícios de autoria.

3 – São considerados requisitos essenciais:

- exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias;


- qualificação do denunciado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-
lo;

4 – São considerados requisitos não-essenciais:

- classificação jurídica do crime;


- rol de testemunhas;

5 – Demais requisitos:

- endereçamento da peça;
- pedido de citação e condenação;
- pedido de indenização mínima à vítima:
- pedido de notificação da vítima acerca dos atos processuais;
- nome e cargo da autoridade denunciante;
- assinatura;

6 – A denúncia mal elaborada pode levar às seguintes consequências:

- rejeição por inépcia;


- absolvição sumária;
- nulidade do processo;
- dificuldade de nova capitulação legal em primeira instância;
- impossibilidade de nova capitulação legal em segunda instância (absolvição).
- precária coleta de provas.

7 – As causas de rejeição estão estampadas no artigo 395 do CPP, ao tempo


em que as situações que conduzem à absolvição sumária estão previstas no
artigo 397 do CPP.

8 – A denúncia tem a seguinte estrutura:

- introdução;
- descrição fática;
- capitulação legal da infração penal (crime ou contravenção);
- pedido de instauração da ação penal, citação e condenação;
- pedido de indenização mínima à vítima e sua notificação;
- rol de testemunhas;
- data e assinatura;

9 – A introdução deve conter:

- indicação da autoridade judiciária a quem é dirigida a denúncia (Exmo. Sr. Dr.


Juiz de Direito da 2ª Vara Criminal de Uberaba).

10 – Ainda na introdução, a denúncia deve iniciar-se com os seguintes dizeres,


a título de exemplo:

- “O Ministério Público do Estado de Minas Gerais, por intermédio do Promotor


de Justiça signatário, no exercício de suas atribuições constitucionais e legais,
ante os fatos delituosos adiante descritos, noticiados no anexo procedimento
investigatório, comparece respeitosamente à presença de Vossa Excelência com o
escopo de oferecer denúncia criminal em face de …”.
- “Consta do incluso inquérito policial que, …”.

11 – O corpo da denúncia deve conter:

- data do fato (dia, mês e ano);


- hora aproximada do fato (hora e minutos);
- local do fato (rua, bairro, cidade e comarca);
- qualificação do denunciado (nome completo, apelidos, ocupação);
- qualificação completa da vítima;
- descrição do fato criminoso com as suas principais circunstâncias (meios e
instrumentos empregados, maneira de execução, motivo do crime, fim visado
pelo agente e resultado da conduta ilícita);

12 – Caso seja ignorada a hora do crime, usar as seguintes expressões:

- “…em horário não esclarecido…”.


- “…pela madrugada…”.
- “…no período noturno…”.

13 – Caso seja ignorada a data do crime, usar as seguintes expressões:

- “…em data não esclarecida…”.


- “…no mês de maio de 2015…”.
- “…na primeira quinzena do mês de maio de 2015…”.

14 – Caso seja ignorado o mês do crime, usar as seguintes expressões:

- “…no primeiro trimestre do ano de 2015…”.


- “…no segundo semestre do ano de 2015…”.
- “…entre os meses de janeiro e maio do ano de 2015…”.

15 – Caso seja ignorado o ano do crime, usar as seguintes expressões:

- “…nos primeiros anos da década de 1990…”.


- “…entre os anos de 1990 e 1993…”.

16 – Caso seja ignorado o local do crime, usar as seguintes expressões:

- “…nas proximidades do nº 13 da Rua Brasil…”.


- “…em local ignorado, porém nesta cidade e comarca...”.
- “…nas imediações da Praça Rui Barbosa…”.

17 – Quanto ao local do crime, é importante que a denúncia faça as seguintes


referências:

- Distrito;
- Município = zona rural, estrada vicinal, rodovia etc;
- Cidade = zona urbana;
- Comarca;

18 – Se o crime ocorreu numa das cidades que integram a comarca de


Uberaba (Campo Florido, Água Comprida, Veríssimo e Delta), usar as seguintes
expressões:

- “…na cidade de Delta, nesta comarca de Uberaba…”.


- “…no município de Veríssimo, nesta comarca de Uberaba…”.

19 – Caso sejam ignorados o nome completo e a qualificação precisa do


denunciado, a denúncia deve fazer referência aos dados pelos quais ele possa
ser identificado e individualizado, usando-se a seguinte fórmula:

- “…o cidadão conhecido como “Zé dos Anzóis”, branco, baixo, gordo, possuidor
de uma grande cicatriz no braço esquerdo e de uma tatuagem na perna, dono de
um bar situado na esquina do Estádio Municipal…”.

20 – A capitulação legal do crime envolve as seguintes questões:

- tipo simples (figura do caput);


- tipo qualificado (figuras dos §§);
- crime consumado ou tentado (a tentativa requer menção do artigo 14, inciso II,
do CP);
- concurso de agentes (artigo 29 do CP);
- causas especiais de aumento de pena (previstas na parte especial do CP);
- agravantes genéricas (previstas nos artigos 61 e 62 do CP);
- concurso material (artigo 69 do CP);
- concurso formal (artigo 70 do CP);
- crime continuado (artigo 71 do CP);

21 – A capitulação do crime deve ser redigida da seguinte forma:

- “À vista de todo o exposto, o Ministério Público oferece a presente denúncia


criminal, enquadrando ……. como incurso nos artigos ……. do Código Penal” (ou
outro código ou lei especial).

22 – O pedido de instauração do processo, citação e condenação deve ser


feito da seguinte forma:

“Requer a instauração do devido processo penal, citando e interrogando-o,


ouvindo-se vítima e testemunhas abaixo arroladas, condenando-o nas penas dos
dispositivos legais invocados e demais cominações, com observância das normas
procedimentais constantes do Código de Processo Penal” (ou outro
procedimento previsto em outro código ou lei especial).

23 – A seguir vem o rol de testemunhas, formulado com as seguintes


observações:

- quando arrolar a vítima, indicar tal condição;


- quando arrolar policial civil, indicar PC;
- quando arrolar policial militar, indicar PM;
- quando arrolar policial federal, indicar PF;
- quando arrolar policial rodoviário federal, indicar PRF;
- quando arrolar funcionário público, indicar tal condição (CPP, art. 221, § 3º);
- quando vítima ou testemunha residir fora da comarca, indicar a necessidade de
expedição de carta precatória;

24 – A respeito do REDS, observar o seguinte:

- arrolar, como regra, o policial militar que o relatou ou aquele que foi o
responsável pela prisão/condução/apreensão;
- arrolar as pessoas nele mencionadas, ainda que não ouvidas no inquérito;
- recolher dele a data, hora e local do fato.

25 – Atentar para o número máximo de testemunhas, observando-se o


seguinte:

- procedimento comum ordinário = máximo 8.


- procedimento comum sumário = máximo 5.
- contravenções penais = máximo 3.
- plenário do júri = máximo 5.
- crimes de tóxicos (uso/tráfico) = máximo 5.

26 – Nesse número máximo de testemunhas não são computados:

- a vítima.
- a testemunha que nada souber de relevante para a causa (art. 209, §2º).
- a testemunha referida (art. 209, §1º).
- a testemunha que não presta compromisso (arts. 206 e 208).

27 – A redação da denúncia segue as seguintes observações:

- linguagem clara, objetiva, precisa e imputativa;


- redação técnico-jurídica;
- linguagem rebuscada não é recomendada;
- linguagem de fácil inteligência e compreensão;
- recomenda-se o uso da voz ativa e direta e não passiva;

28 – A denúncia deve empregar as palavras do texto legal, fazendo referência


aos verbos nucleares do tipo penal, não sendo recomendado o uso do nomem
juris do crime (furto, roubo):

- “subtrair”, e não “furtar” ou “roubar”.


- “ofender a integridade corporal”, e não “agredir”, “bater”.

29 – A ação física empregada pelo agente deve ser descrita de acordo com a
terminologia legal, observando-se o seguinte, a título de exemplo:
- o agente “arrombou a janela” (evitar, embora não esteja errado).
- o agente “empregou violência física contra o obstáculo do imóvel, representado
pela janela, rompendo-a” (tecnicamente mais correto);

30 – Ao se referir ao agente, atentar para o seguinte:

- não usar os termos réu ou acusado (reservados para a fase processual);


- usar os termos indiciado, denunciado, increpado, indigitado.

31 – No concurso de agentes, atentar para as seguintes regras:

- descrever minuciosamente a conduta de cada participante, de acordo com os


elementos constantes do inquérito policial;
- não havendo elementos que possibilitem a descrição detalhada da conduta de
cada um, a descrição pode e deve ser genérica, com menção do elo psicológico;
- o vínculo psicológico deve ser destacado com as seguintes expressões:

“…agindo em concurso e com identidade de propósitos…”.


“…agindo em concurso e mediante ajuste prévio…”.
“…mediante prévio ajuste de vontades…”.
“…previamente acertados…”.
“…agindo mediante prévio acordo de vontades…”.
“...mediante unidade de desígnios ...”

32 – A denúncia, como regra, não deve conter:

- citações doutrinárias ou jurisprudenciais;


- sustentação de teses;
- uso de recurso destinado à formação da convicção do juiz;
- referência às declarações prestadas no inquérito pelo indiciado, vítima e
testemunhas, reservando-se tal exame para a fase das alegações finais;

33 – Deverão ser observados os seguintes prazos para o oferecimento da


denúncia:

a) regra geral: indiciado solto = 15 dias


indiciado preso = 05 dias
b) crime eleitoral: indiciado solto = 10 dias
indiciado preso = 05 dias

c) abuso de autoridade: indiciado solto/preso = 48 horas

d) economia popular: indiciado solto/preso = 02 dias

e) entorpecente: posse para uso = solto/preso = 03 dias


tráfico = solto/preso = 10 dias

f) imprensa: solto/preso = 10 dias

34 – A contagem do prazo obedece as seguintes regras:

- previsão do artigo 798 do CPP, não se computando o dia do começo e se


incluindo o dia do vencimento (§ 1º);
- prazo que termina em sábado, domingo ou feriado será prorrogado para o
primeiro dia útil subsequente (§ 3º);
- quando a abertura de vista se der numa sexta-feira, o prazo começa a contar da
segunda-feira imediata (súmula 310/STF);
- o prazo é contado a partir da data em que o Ministério Público receber os autos
do inquérito policial com vista;

35 – As circunstâncias qualificadoras e as causas especiais de aumento de


pena devem ser descritas especificadamente, observando-se o seguinte, a título
de exemplo:

- motivo torpe = descrever em que consistiu.


- motivo fútil = descrever em que consistiu.
- furto noturno = descrever tal circunstância.
- surpresa = descrever como se deu a ação física.

36 – Nos casos de ação penal pública condicionada à representação,


observar:

- a denúncia deve fazer menção a esta condição exigida por lei;


- a denúncia deve fazer menção ao estado de pobreza e miserabilidade da
ofendida, quando for o caso;
37 – Nos crimes culposos a denúncia deve abranger:

- o fato configurador da culpa (ausência do dever geral e objetivo de cuidado);


- especificação em que consistiu a modalidade culposa (imprudência,
negligência ou imperícia);

38 – Nos crimes contra o patrimônio a denúncia deve conter:

- indicação e descrição do objeto subtraído;


- indicação daquele em poder de quem foi apreendido;
- menção do seu valor aproximado;

39 – No crime de ameaça a denúncia deve:

- mencionar em que consistiu a ameaça;


- repetir as expressões usadas pelo denunciado;
- indicar por que meios foi feita (palavras, documento, ligação telefônica,
mensagens de texto, redes sociais;

40 – Nos crimes contra a honra e desacato, a denúncia deve conter:

- menção expressa aos fatos configuradores da ofensa;


- repetição das palavras ou expressões aviltantes;
- indicação dos meios usados pelo agente;

41 – Nos crimes de receptação dolosa básica, a denúncia deve:

- mencionar o fato concernente à origem ilícita do objeto;


- apontar os dados indicativos de que o denunciado sabia dessa circunstância;

42 – Nos crimes de receptação dolosa qualificada, a denúncia deve indicar:

- os dados que demonstram que o denunciado deveria saber que a coisa


receptada era produto do crime;
- a título de exemplo, podem ser usadas as seguintes expressões:
“…a condição do ofertante, pessoa desconhecida do denunciado e por este não
identificada…”.
“…o veículo foi entregue ao denunciado para ser desmontado sem que
apresentasse qualquer avaria ou defeito…”.

43 – Nos crimes de receptação culposa a denúncia deve mencionar:

- os fatos que autorizam a conclusão de que o denunciado deveria presumir


que a coisa receptada era produto de crime;
- a título de exemplo, podem ser usadas as seguintes expressões:
“…o objeto foi adquirido de pessoa totalmente desconhecida do denunciado e
por este não identificada…”;
“…o objeto foi adquirido de um conhecido delinquente…”;
“…o objeto foi adquirido das mãos de um menor conhecido pelos furtos que
pratica…”;
“…a coisa foi adquirida por um preço muito inferior ao preço real…”.

44 – Cuidando-se de crime tentado, a denúncia deve mencionar:

- os fatos alheios à vontade do agente e que impediram a consumação;


- não é recomendada a simples menção à fórmula genérica prevista em lei;

45 – Tratando-se de concurso de crimes a denúncia deve abranger:

- descrição especificada das várias ações praticadas pelo agente;


- indicação adequada da classificação, como concurso material, formal ou crime
continuado.

46 – Nos casos de crime praticado com a participação de inimputável:

- verificar a possibilidade de inserir na capitulação legal o crime previsto no


artigo 244-B do ECA, que é de natureza formal (Súmula 500/STJ);
- atentar para a ocorrência de concurso formal ou material com o delito
principal;

47 – Nos delitos culposos de trânsito a denúncia deve conter:

- a descrição correta da modalidade culposa, mencionando em que consistiu a


imprudência, a imperícia ou a negligência;
- descrição da manobra desastrada do agente;
- descrição do trajeto e da direção dos veículos envolvidos;
- fazer menção à previsibilidade da ocorrência e às cautelas omitidas pelo
agente;
- no caso de colisão de veículos em cruzamento, indicar a quem cabia a
preferência de passagem, justificando-a;
- mencionar eventual fuga do denunciado após o acidente sem prestar socorro à
vítima, quando podia fazê-lo sem risco pessoal;
- mencionar a falta de habilitação do denunciado;

48 – No crime de furto noturno:

- especificar como ocorreu a cessação da vigilância da vítima sobre a coisa


subtraída;
- atentar que a causa de aumento de pena pode incidir mesmo em casa não
habitada, estabelecimentos comerciais e veículos estacionados em via pública,
sendo aplicável tanto no caso de furto simples como nas figuras qualificadas;

49 – No crime de furto qualificado:

- especificar como ocorreram as circunstâncias qualificadoras;


- no caso de rompimento de obstáculo e escalada, deve ser feita referência ao
laudo pericial ou a qualquer outro meio de prova para demonstrar a via anormal
de acesso ao imóvel, atentando que a prova testemunhal pode suprir a ausência
da perícia (art. 167 do CPP);

50 – No crime de roubo, conhecido como “trombada”:

- a denúncia deve descrever como a ação do agente dificultou ou impediu a


resistência da vítima;

51 – No crime de roubo:

- indicar em que consistiu a violência física ou moral;


- indicar de que forma foi empregada;
- indicar contra quem foi dirigida;
52 – No crime de estelionato:

- explicitar como o agente empregou o artifício fraudulento;


- explicitar em que consistiu esse ardil que induziu em erro a vítima;
- indicar o objetivo do agente em obter vantagem patrimonial ilícita em prejuízo
do ofendido;

53 – No crime de estelionato praticado por meio da emissão dolosa de


cheque sem provisão de fundos:

- descrever a frustração do pagamento do cheque;


- descrever o escopo do agente em obter vantagem patrimonial ilícita e gerar
prejuízo alheio;

54 – No furto de energia:

- atentar para a natureza permanente do delito;

55 – Subtração de bem de valor afetivo:

- pode, em regra, ser objeto material dos crimes patrimoniais;

56 – No crime de furto em que há o consentimento da vítima:

- em regra, considerar atípica a conduta desde que tal consentimento ocorra


antes ou durante a subtração;

57 – Subtração de partes do corpo humano:

- podem, em regra, ser objeto material de crimes patrimoniais (cabelo, dentes);

58 – Furto privilegiado-qualificado:

- possível desde que a qualificadora seja de natureza objetiva (Súmula 511 do


STJ);
59 – Furto famélico:

- não se confunde com a dificuldade financeira do agente;

60 – Nos crimes de furto ou roubo, a localização, apreensão e restituição


do bem subtraído:

- em regra, não autoriza, só por si, o reconhecimento da tentativa, desde que o


objeto subtraído e recuperado tenha sido, total ou parcialmente, destruído,
danificado ou inutilizado;

61 – Sistemas antifurto e de vigilância eletrônica:

- não autorizam, em regra, o reconhecimento da figura do crime impossível (art.


17 do CP), configurando a tentativa (Súmula 567 do STJ);

62 – Explosão de caixas eletrônicos:

- possibilidade, em regra, de concurso material entre os crimes de furto e de


explosão;

63 – Utilização de folhas de cheques, cartões bancários e de crédito para


saques e compras:

- configuração, em regra, do crime de estelionato;

64 – Saque fraudulento por meio da internet:

- configuração, em regra, do delito de furto qualificado pela fraude, e não do


crime de estelionato;

65 – Conduta envolvendo test-drive de veículos:

- pode, dependendo do caso concreto, configurar tanto o estelionato como o


furto mediante fraude;
66 – Furto mediante escalada de muros:

- não há limite de altura; o que importa é a demonstração da utilização da via


anormal de entrada/saída; dispensa prova pericial;

67 – No crime de roubo, o uso de arma de fogo desmuniciada ou com


defeito:

- possibilidade de qualificação do delito, pois pode se constituir em meio


relativamente ineficaz, e não absolutamente ineficaz;

68 – No crime de roubo:

- a localização, apreensão e perícia da arma de fogo não são imprescindíveis para


a configuração da majorante respectiva; suprimento por outros meios de prova,
notadamente a prova oral;

69 – Nos crimes contra a dignidade sexual:

- especificar a conduta do agente e a forma por ele usada para constranger a


vítima;
- especificar em que consistiu a violência física ou moral;
- abranger eventuais fatos secundários ligados ao fato principal, como a gravidez
da vítima, o fato do denunciado ser casado, etc.;

70 – Nos crimes habituais:

- fazer menção à reiteração e habitualidade das condutas;

71 – Nos crimes de falsidade:

- mencionar a capacidade lesiva do documento adulterado;


- especificar em que consistiu a falsificação;
- especificar o fim visado pelo agente com tal conduta;
72 – No crime de uso de documento falso:

- explicar como o documento saiu da esfera pessoal do agente, produzindo


efeitos jurídicos, uma vez que o uso não se presume e o falso juridicamente
ineficaz não configura crime;

73 - A estética da denúncia deve observar as seguintes regras:

a) margens: a da esquerda deve ser maior que a da direita;

b) páginas: devem ser todas numeradas e rubricadas;

c) parágrafos: devem conter períodos curtos;

d) cabeçalho: abrange o endereçamento, devendo aparecer no alto da página,


por extenso ou abreviado, indicando o órgão jurisdicional competente;

e) rol de testemunhas: deve ocupar o espaço que antecede a data e a assinatura,


junto à margem esquerda;

74 – A proposta de suspensão condicional do processo:

- pode constar da parte final da denúncia;


- pode ser lançada na cota introdutória;
REGRAS PARA FORMATAÇÃO DAS PEÇAS

ALEGAÇÕES FINAIS

Fonte: Constantia, 14
Entre Linhas: 1,5
Espaçamento: 18

DENÚNCIAS

Fonte: Constantia, 14
Entre Linhas: 1,5
Espaçamento: 18

DILIGÊNCIAS
ARQUIVAMENTOS
PARECERES DIVERSOS

Fonte: Constantia, 14
Entre Linhas: Simples ou 1,5
Espaçamento: 18

CONTRARRAZÕES E RAZÕES DE RECURSO

Fonte: Constantia, 14
Entre Linhas: 1,5
Espaçamento: 18
REGRAS PARA TRIAGEM DA CARGA DIÁRIA

1 – PRESOS [tarja vermelha]

a) Confecção de peças = mesa do PJ


b) Intimações de sentenças e decisões = mesa do PJ
c) Intimações de audiências = mesa do PJ
d) Peças recursais (razões e contrarrazões) = armário

2 – SOLTOS

a) Prioridades [mesa do PJ]

• Procedimentos da Lei Maria da Penha [tarja amarela]


• Procedimentos em Segredo de Justiça [tarja preta]
• Agentes presos em outros feitos [tarjas vermelha e verde]
• Intimações de sentenças, decisões e audiências

b) Sem prioridades

• Distribuição = armário
• Manifestações diversas = armário
OBSERVAÇÕES RELEVANTES QUANDO DO EXAME DE
INQUÉRITOS E PROCESSOS

1. Se houver a apreensão de aparelhos celulares e se mostrar


relevante o acesso aos seus dados, solicitar autorização judicial
para tanto.

2. Processos com vista para manifestação ministerial sobre


vítimas e testemunhas não encontradas: separar e solicitar
apoio do CAOCRIM; em caso de testemunha militar, requerer
sua substituição por outro policial, ou, se for o caso, requerer a
oitiva por carta precatória.

3. Nos crimes de tóxicos, na fase de denúncia verificara presença


do laudo toxicológico preliminar, e na fase das alegações
finais, verificar se foi juntado o laudo toxicológico definitivo.

4. Quando da elaboração das alegações finais, verificar a


ocorrência do crime de desobediência por parte de
testemunha que, regularmente notificada, não compareceu
nem apresentou justificativa, adotando as medidas reputadas
pertinentes, notadamente a remessa de cópias ao JECRIM
para completa elucidação do fato.

5. Quando da elaboração das alegações finais, verificar a


ocorrência do crime de falso testemunho, adotando as
medidas reputadas pertinentes (apresentação de denúncia
direta ou remessa de cópias à Polícia Civil requisitando a
instauração de inquérito policial para completa elucidação do
fato).
6. Quando da confecção de denúncia pela prática de infração
penal perpetrada em concurso com menor inimputável, ao
invés de arrolá-lo para ser ouvido como informante, pedir, na
cota ou diretamente, uma cópia do interrogatório dele junto à
Vara da Infância e Juventude.

7. Quando da elaboração de denúncia em que se vislumbra que a


vítima experimentou prejuízo expressivo, solicitar já na peça
acusatória a fixação de indenização mínima (CPP, art. 387,
inciso VII), e adotar as providências pertinentes para que sejam
juntados aos autos documentos comprobatórios do aludido
prejuízo.

8. Quando do exame de inquéritos policiais, constatada a


apreensão de valores em dinheiro, verificar se tais
importâncias foram depositadas em conta judicial. Em caso
negativo, fazer requerimento nesse sentido.

9. Quando do exame de inquéritos policiais em que tiver sido


arbitrada e recolhida fiança, verificar se tais importâncias
foram depositadas em conta judicial. Em caso negativo, fazer
requerimento nesse sentido.

10. Nos casos em que um dos indiciados não for denunciado, ou


um fato investigado não for objeto da denúncia, fazer pedido
expresso de arquivamento, evitando, assim, a ocorrência do
chamado “arquivamento implícito”.

11. Quando do exame de inquéritos policiais, notadamente aqueles


referentes a delitos patrimoniais, verificar se os bens
recuperados e formalmente apreendidos foram restituídos
a quem de direito. Em caso negativo, fazer requerimento nesse
sentido.
12. Quando da elaboração de denúncia por crimes previstos no
Estatuto do Desarmamento, verificar se a arma de fogo e/ou
as munições são de uso permitido ou restrito.

13. Na elaboração de denúncia, arrolar o PM responsável pela


apreensão/prisão/condução e o relator do REDS, que nem
sempre figuram como condutor e testemunha no APF.

14. Atentar para o fato de que em algumas situações o REDS é


confeccionado por policiais civis, e eles é que prestam
depoimentos no APF, e, portanto, devem ser arrolados como
testemunhas na denúncia.

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