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- Levi Strauss começa o texto tentando derrubar a premissa de que as línguas de

povos originários faltam termos ou que existe uma inépcia para o pensamento
abstrato desses grupos no tocante à questão da nomeação e classificação das
coisas.
- Há um embate e apresentação de uma série de etnografias, hora que reforçam
argumentos de cunho culturalista, influenciado pela segunda escola antropológica
(como, por exemplo, que os povos “primitivos” nomeiam e classificam apenas aquilo
que lhes é útil), e hora denotam os extensos e complexos sistemas de classificação
de povos originários, nos quais o autor demonstra serem um conhecimento geral
entre os grupos dos quais ele cita as etnografias.
- Aponta que a ânsia de conhecimento dos povos originários é um aspecto
negligenciado por nós, ocidentais.
- “Cada civilização tende a superestimar a orientação objetiva de seu pensamento; é
por isso, portanto, que ela jamais está ausente. [...] para ele (o primitivo), seu próprio
desejo de conhecimento parece melhor equilibrado que o nosso.” (pag. 17)

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- a base do pensamento primitivo (pensamento primitivo aqui como o pensamento em
sua forma mais elementar, sem nenhuma sistemática) é a exigência de ordem. E
para tanto, existe uma observação exaustiva e um inventário sistemático de relações
e ligações
- Desmonte da argumentação culturalista de Evans Pritchard:

- Levi Strauss, nesse ponto, através de considerações sobre a química e a


gastronomia dá início a uma discussão sobre a necessidade da ordenação ser uma
necessidade comum à arte (aqui, referenciando o valor estético a similaridade de
gostos entre alimentos diferentes), à ciência (que também detém de um valor
estético, de certa forma) e à taxionomia por sí só para fazer sua classificação.
- O autor propõe que a magia e a ciência, ao invés de serem colocados como
opostas, sejam colocadas em paralelo, como dois sistemas de conhecimento
independentes. A magia não deve ser compreendida como um começo, um esboço,
mas sim como um sistema bem articulado, tal qual a ciência, mas independente
desta, “salvo a analogia formal que os aproxima e faz do primeiro (o pensamento
mágico) uma espécie de expressão metafórica do segundo (ciência).

-
- A formulação de pressupostos objetivos e o “direito de seguir”:

- Levi Strauss, a partir dessa discussão, demarca que os mitos e ritos nos são
valorosos devido a seus modos singulares de observação e reflexão que são
adaptados a descobertas de tipo determinado: as que a natureza autorizava. Essa
ciência do concreto limita-se a resultados diferentes dos prometidos pela ciência
moderna, os quais conseguem ir mais além, porém, não é menos científica por isso.
São o substrato de nossa civilização.
- O bricouler, no seu sentido atual, exemplifica muito bem o modus operandi da
reflexão mitopoética. O bricouler é o que executa um trabalho usando meios e
expedientes que denunciam a ausência de um plano preconcebido e se afastam dos
processos e normas adotados pela técnica.
- A principal característica do pensamento mítico se assemelha ao trabalho de um
bricouler, que dispõe de uma certa quantidade limitada de objetos que são
pré-limitados (no caso do pensamento mítico, dispõe de uma série de palavras e
elementos) que dão conta de explicar um dado mito, rito ou elemento do
pensamento mítico, quase como uma gambiarra.
- pensamento mítico = briccolage intelectual.
- o engenheiro sempre procura uma passagem e situar-se além, ao passo que o
bricouler, de bom ou de mau grado, permanece aquém. o primeiro opera a partir de
conceitos, enquanto o segundo a partir de signos.

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- engenheiro opera com conceitos, bricoleur, com signos.
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- explicação da citação acima: quando ele diz que a imagem não pode ser a ideia,
pensemos numa laranja. quando vemos o fruto laranja, vemos apenas o significante,
o que ele de fato é: um fruto. porém, nessa imagem do fruto, pode coabitar, como
apontado por Levi Strauss, o papel de signo, ou seja, a palavra laranja designa o
fruto. Porém, se o signo e a imagem tornada significante não estão conectadas, não
existem relação aparente, já são automaticamente permutáveis, que é o processo ao
qual o mito desempenha seu bricolage e vai rolando o rolê aí, lê de novo esse trem.
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- Levi Strauss indica a arte se insere entre o conhecimento científico e o pensamento
mítico, pois o artista é bricoleur e cientista ao mesmo tempo: com meios artesanais,
ele elabora um objeto material que é também objeto de conhecimento.

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