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Narrativas

audiovisuais

Professora: Samantha Borges


ATIVIDADE A1 – 30/09
A1: Análise de um filme/seriado. Escolher um foco
de análise:
1. Estrutura da narrativa;
2. Tipo de narrativa (clássica, moderna,
contemporânea)
3. Personagem.

Atividade em grupo: no máximo 5;


Cada grupo tem 20 minutos;
O grupo deve indicar a produção escolhida na
aula de hoje, pois todos os alunos devem
assistir a todos os filmes/seriados.
PROVA D1 – 07/10
Prova objetiva sobre o conteúdo estudado até esse
dia;

Discussões levantadas na apresentação dos


trabalhos também podem cair na prova.
PERSONAGEM
“O personagem é o fundamento essencial de seu roteiro. E o coração, alma e
sistema nervoso de sua história. Antes de colocar uma palavra no papel,
você tem que conhecer o seu personagem.
CONHEÇA O SEU PERSONAGEM” (Field, p.27).

O primeiro passo é decidir qual é o personagem principal:

“A personagem é o elemento narrativo em torno do qual gira a ação. Quer


isto dizer que qualquer evento é sempre consequência da ação de (ou sobre)
uma personagem (seja enquanto agente ou enquanto paciente)” (Nogueirra,
p.111).
A caracterização inicial ocorre através da descrição da vida
interior e exterior do personagem:

Ex.: O grande Gatsby (Fitzgerald);


VIDA INTERNA

Quem foi seu personagem até o início da narrativa?

Descrever como era seu personagem desde o nascimento faz


com que sua atuação na narrativa faça sentido em todos os
detalhes;

Além disso, a fase infantil muitas vezes é explorada,


especialmente em narrativas que se centram na trajetória
do herói;
VIDA EXTERNA
Desenvolva seu personagem na diegese narrativa;
Três formas de interação:

Conflito para alcançar uma


necessidade dramática;

Interação com outros personagens;

Interação consigo mesmo.


PERSONAGEM TRIDIMENSIONAL

1. Profissional;

Uma linda mulher (1990)


2. Pessoal;

 Bohemian Rhapsody (2018)


3. Privado

Her (2013)
Esses três níveis podem ser geradores de
diferentes conflitos: interno, pessoal e
extra-pessoal (McKee);
NECESSIDADE

Pensar em uma necessidade de um personagem contribui


para criar conflitos e obstáculos que irão criar tensão
narrativa:

Titanic (1997)
NECESSIDADE

WESTWORLD (2016 - 2020)


NECESSIDADE

Green Book (2018)


ESQUEMA CRIATIVO
O cinema é visual, portanto uma das formas de caracterizar
o personagem é detalhar aspectos físicos que combinem
com seu perfil psicológico
CONTEXTO E CONTEÚDO
“O que todas as pessoas têm em comum? Somos o
mesmo, você e eu; temos as mesmas necessidades, os
mesmos quereres, os mesmos medos e inseguranças;
queremos ser amados, ter pessoas como nós, ter
sucesso, sermos felizes e saudáveis.
Somos o mesmo, sob a pele.
Certas coisas nos unem.

O que nos separa?”


O QUE É O PERSONAGEM?
1. Ponto de vista:

Personagem é empatia e identificação: há características


universais que nos unem enquanto seres humanos;

Mas somos também todos diferentes: cada ser humano no


mundo é único e essa diferença se materializa através do
ponto de vista;

O personagem precisa ser construído a partir de um ponto


de vista claro;
2. Atitude:

É a materialização do ponto de vista do personagem;

Podem condizer ou conflitar com o ponto de vista: no


segundo caso é um bom ponto de tensão;

De que maneira o personagem reage à determinadas


situações contribuem para a construção visual de sua
personalidade;
3. Personalidade e comportamento:

Bonequinha de Luxo (1961)


3. Personalidade e
comportamento:

ONDE OS FRACOS NÃO TEM VEZ (2007)


REVELAÇÃO
Apresentar revelações sobre o personagem a ele próprio e ao
espectador é uma estratégia de identificação;

“Uma pessoa é o que ela faz, não o que ela diz”


(Field, p.40)
META:

“ gente verdadeira
em situações
reais”
PONTO DE PARTIDA

Personagem

Ação
CINEMA DE PERSONAGEM
A narrativa de personagem geralmente se centra em um
protagonista:

“que o autor desenha e estuda demoradamente, e a qual obedece todo o


desenvolvimento do romance. Trata-se, frequentemente, de um romance
propenso para o subjetivismo lírico e para o tom confessional” (SILVA,
p.264);

Já no cinema de ação, a frequência dos acontecimentos


imprevistos, o fundamento na história vão colocar os
personagem em segundo plano;
O cinema de personagem vai dedicar boa parte de sua
energia a esse processo de construção do personagem
descrito por Field e no que Nogueira define como “perfil do
personagem”:

O perfil seria então, na sua versão mais resumida, a descrição dos traços
fundamentais da personagem e deve refletir tanto a sua história, isto é, as
suas origens, as suas mudanças e o seu destino, como o seu tipo, isto é, a
sua caracterização em relação a si próprio, às outras personagens da
história e às personagens de outras histórias (p. 112);

Conflito, perigo e risco colocam o personagem em situação


de escolhas: a escolha, unida ao objetivo e ao conflito são os
fatores de transformação do personagem na narrativa e o
que conecta a atenção do espectador com o personagem;
Segundo Nogueira o aspecto fundamental ao se pensar na
construção do personagem é a necessidade de sua
transformação;

O personagem não pode começar e terminar uma narrativa


sendo o mesmo: ele precisa transformar-se, pois é isso que
justifica o percurso da história narrada;

Essa transformação pode ocorrer de diferentes maneiras:


maturidade, redenção, sacrifício, decadência, conquista de
um afeto, teste de caráter, etc.;
HÍBRIDOS: AÇÃO E PERSONAGEM

Scarface (1984).
Ascensão e queda de Tony Montana
CLASSIFICAÇÃO DOS PERSONAGENS
Nogueira classifica os personagens sob quatro aspectos:

1.Relevância
É o nível de intervenção que o personagem tem na narrativa;
Isso define uma hierarquização dos personagens em:

- Personagem principal (protagonista): em torno do qual gira a


ação e os outros personagens;

- “É no protagonista que normalmente se sustenta o enredo. As mudanças


que sofre são um aspecto fundamental da sua caracterização e essas
modificações são causa e consequência da transformação que sucede na
própria história que protagoniza e é narrada” (p.116).
Personagem principal (antagonista): está praticamente no mesmo
nível de importância do protagonista, porém com função
dramática oposta:

“é com ele que o protagonista deve medir forças e disputar objectivos, o


antagonista deve possuir uma força dramática equivalente, ao ponto de,
ocasionalmente, acabar por suplantar o protagonista”(p.118).

Personagens secundários: alinham-se em cumplicidade junto ao


protagonista ou antagonista e contribuem para a definição dos
diferentes graus de relevância dos personagens na história;

Figurantes: não possuem relevância para o desenrolar da história,


servindo apenas para criar ambiente e contexto;
1. Motivação dramática

Relaciona-se com o gênero de atuação de cada personagem,


dividindo-as de modo semelhante ao anterior

- Herói: aquele que se coloca ao lado do bem;


- Vilão: aquele se coloca ao lado do mal;

Estes podem ser construídos de modo maniqueísta: o herói será


um ser caracterizado somente pela bondade e ética; o vilão pela
crueldade;
Anti-herói: surge como um meio caminho entre herói e vilão. Seu
objetivo final é o bem, mas ele é capaz de ter atitudes anti-éticas
para conseguir o que almeja;

Robin Hood (1991)


O lobo de Wall Street (2013)
Jordan Belfort
3. Densidade

Personagens planas (simples): em geral apresentam


caracterização estereotipada, objetiva, unidimensional e
previsível. Heróis e vilões costumam cair nessa classificação que
também é comum em filmes de ação, especialmente advindos da
indústria norte-americana;

“São, normalmente, construídos em torno de uma ideia ou qualidade


bastante marcada, o que lhes fornece atributos e contornos de algum modo
redundantes e familiares para o espectador: os gestos, comportamentos,
diálogos ou opiniões variam muito pouco entre histórias do mesmo género.
Essa ausência de surpresa faz com sejam facilmente reconhecidos e
relembrados, o que pode ser benéfico do ponto de vista da atenção e
interesse imediato dos espectadores, já que se revelam figuras
típicas”(p.118).
Personagens redondas (complexas): possuem uma construção mais
trabalhada, tanto em termos psicológicos quanto físicos. O cinema
de autor ou independente costuma explorar esse tipo.

“São peculiares, sofisticadas e imprevisíveis em muitos dos aspectos que


respeitam à sua caracterização: surpreendentes no comportamento,
excêntricas na aparência, inauditas nos seus motivos ou insondáveis nas
intenções. Em muitos casos, a história é construída precisamente em redor
da personagem, da sua invulgaridade: personagens ímpares que
frequentemente vivem situações incomuns” (p.119).
4. Configuração: refere-se a uma dimensão quantitativa.

- Individual: aquela reconhecível e delimitada, em geral


representada pelo protagonista, antagonista, etc.;

- Coletiva: quando se dissolve em um grupo ou dupla.


ESPECIFICIDADES DO PERSONAGEM
O personagem, sobretudo deve:

- Ter um rumo;
- Manifestar uma vontade;
- Ter convicções;
- Ser singular;
- Ser complexa;
- Ser sólida;
- Ser arrebatadora;

“Uma personagem deve fazer-nos acreditar na sua


verossimilhança e cativar-nos com o seu comportamento. [...]
revelar-se, portanto, um ser com densidade e fascínio” (p.123).
O fabuloso destino de Amélie Poulain (2001)
https://www.youtube.com/watch?v=1TN_RMnOx5E&t=102s
BIBLIOGRAFIA:
Syd Field – P. 27 a 41;

Nogueira – P. 111 a 123.

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