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Habilidae 1
Conceito 1:O recrutamento no novo contexto da gestão de
pessoas
Importante saber
Você já ouviu falar de recrutamento? De forma simples e objetiva, podemos dizer que é
o processo de atrair as pessoas certas e qualificadas para as vagas existentes e para
as que possam vir a existir em uma organização. Você se lembra de algum anúncio de
emprego que tenha visto recentemente? É bem provável que tenha visto este anúncio
no jornal ou em grupos de emprego em redes sociais como Facebook, WhatsApp ou
LinkedIn. Estes anúncios fazem parte do processo de recrutamento.
Nossa atualidade é muito dinâmica e tecnológica e cada vez mais as empresas buscam
profissionais polivalentes (com diversas habilidades) e antenados nas tecnologias. Isso
pode ser observado até mesmo nos anúncios que mencionamos acima.
Um recrutamento eficaz precisa levar em consideração as atualidades e tecnologias do
contexto em que estamos inseridos.
Vamos seguir com nossa discussão sobre recrutamento e a atualidade dinâmica e
tecnológica.
Observação
Devemos reter a ideia de um mercado dinâmico, com uma nova realidade que exige
profissionais polivalentes e que buscam aperfeiçoamento contínuo na área de recursos
humanos (RH). Um recrutamento eficaz trará resultados positivos para a organização,
pois não apenas gera consequências positivas nos demais processos de RH, mas,
muitas vezes, pode definir entre o sucesso e o fracasso de uma organização. Por isso,
é frequente que as organizações busquem empresas especializadas em recrutamento e
seleção de pessoas, para otimizar o processo.
Principais processos de RH
A área de RH é composta de seis processos principais, que são:
Processo de agregar pessoas, que trata de recrutamento e a seleção, que serão
estudados nesta unidade;
Processo de aplicar pessoas, que trata da orientação das pessoas e integração das
mesmas na organização;
Recompensar pessoas, que trata das políticas de benefícios, pagamentos e motivação
individual e coletiva das pessoas;
Desenvolver pessoas, que envolve a capacitação, treinamento e desenvolvimento de
pessoas;
Manter pessoas, que trata das políticas de motivação para que as pessoas cumpram
suas atividades e estejam satisfeitas;
Monitorar pessoas, trata do acompanhamento do desempenho individual das pessoas,
para que eventuais desvios sejam corrigidos e os objetivos da organização sejam
alcançados.
Veja que os principais processos de RH mostrados na Figura 1 não são isolados. Eles
se relacionam entre si e impactam diretamente um ao outro. Assim, um recrutamento
mal feito irá gerar um grande trabalho no processo de seleção, pode impactar
diretamente nos processos de treinamento, que serão mais dispendiosos, e até mesmo
podem interferir na manutenção das pessoas no processo. É comum que um novo
colaborador inicie seu trabalho na organização e logo precise ser desligado – isso
ocorre porque o processo seletivo começou errado e foi mal organizado.
Os processos de recrutamento e seleção são os que nos interessam nessa unidade. Eles
ocorrem dentro das organizações, por isso vamos tratar das mudanças ocorridas no
mundo organizacional, que impactam diretamente todos os processos de RH.
O autor Fidelis (2014), da área de gestão, trata essas transformações de forma bem
pontual. Ele afirma que as transformações ocorridas no mundo, principalmente após a
Revolução Industrial, trouxeram um novo sentido para as empresas, para o trabalho e
para as pessoas. As mudanças e a velocidade com que elas ocorreram fizeram com que
as empresas tivessem de se adaptar a uma nova realidade de mercado, cujas
características passaram a ser de dinamismo e, ao mesmo tempo, de incertezas.
Fidelis afirma também que essa nova realidade provoca uma ruptura entre os modelos
tradicionais de administração, e passa a requerer das empresas uma nova postura
administrativa com relação às pessoas, pois atéé́ então a preocupação concentrava-se
somente em captação, controle e manutenção da mão de obra.
Não podemos esquecer que a realidade atual usa muita tecnologia. A área de recursos
humanos também sofre essa pressão, e muito mais do que uma simples função ou prática
de trabalho, a área passa a necessitar de profissionais mais bem capacitados e atuantes
para atender a essas mudanças.
Esse mercado dinâmico pressiona a área de RH em todos os seus processos, e em
especial exige o processo de recrutamento mais assertivo, pois muitas vezes o perfil de
profissional solicitado é difícil de encontrar, sendo necessária a divulgação de vagas não
apenas nos murais da empresa ou em jornais − a busca agora se propaga por redes
sociais profissionais, como o LinkedIn, a Catho e até mesmo por meio de redes sociais
tradicionais como Instagram e Facebook.
A inovação tecnológica tem impulsionado esses novos instrumentos de divulgação das
vagas com o surgimento das redes sociais.
Como acontece no mercado
Na prática, podemos citar alguns exemplos de organizações que buscam adaptação e
aperfeiçoamento contínuo de seus processos organizacionais. Essas empresas, com
gestão de pessoas e recrutamento eficaz, iniciam o processo em diversas plataformas e
redes sociais, também contratam empresas especializadas nesse processo:
Google
Americanas
Carrefour
Casas Bahia
Dica profissional
Como futuro profissional de RH, recomendamos que conheça bem as novas ferramentas
de recrutamento utilizadas nesse novo contexto organizacional, mais tecnológico e
dinâmico, como as ferramentas de recrutamento do LinkedIn, da Catho, e também as
consultorias profissionais na área de RH.
Nesse novo contexto, o gestor de RH precisa ter um perfil inovador, moderno, dinâmico,
atualizado, e de educação continuada.
Imagem organizacional
A imagem organizacional que a empresa possui no mercado pode influenciar muito o
recrutamento, pois os candidatos irão ser atraídos mais por empresas com imagens
positivas do que empresas que tenham uma imagem negativa no mercado. É bem
possível que empresas que aparecem na lista das melhores empresas para se
trabalhar, que é divulgada pela Revista Exame, tenham mais facilidade com seu
recrutamento do que empresas que estejam envolvidas em escândalos incluindo, por
exemplo, fatores éticos no trato de seus Recursos Humanos.
Como acontece no mercado
Mesmo que muitos profissionais estejam atualmente disponíveis no mercado de
trabalho, a imagem das empresas tem afetado bastante o seu processo de
recrutamento, por isso, cada vez mais as empresas se preocupam em manter uma
imagem positiva. Você pode observar inclusive muitas campanhas de marketing de
empresas como a Vale, as Casas Bahia, a Magazine Luiza e outras, que investem
muito na imagem .
Dica profissonal
O profissional de RH precisa estar sempre atento aos 3 aspectos da empresa que
afetam o recrutamento, pois para um recrutamento ser eficaz, conseguindo colocar as
pessoas certas no cargo, ele deve estar alinhado às políticas da empresa. Sempre que
tiver alguma dúvida sobre qual direção tomar em um processo de recrutamento, olhe
para dentro da sua própria empresa e verifique suas políticas e práticas.
Observação
O recrutamento interno ocorre quando a divulgação das vagas é feita dentro da propria
empresa. Muitas empresas adotam a politica de promoção automática por meio de
Plano de Carreira ou Avaliação de Desempenho. Porém, muitas vezes, tem mais
colaboradores com perfil para a vaga do que as vagas em aberto; então, aparece o
recrutamento interno onde os colaboradores se inscreverão para participar do processo
seletivo (BANOV, 2015).
O recrutamento interno tem seus pontos frágeis, que precisam ser trabalhados, para que
de fato gere resultados positivos. De acordo com Ferreira (2016), o recrutamento interno
diminui a entrada de novas ideias, de novas fontes de contato e interfaces e de novas
experiências na empresa. É importante que as regras para o recrutamento interno sejam
muito claras e divulgadas para não dar a impressão de “favoritismo” ou que obteve a vaga
não o mais apto, mas aquele com o “QI” (quem indica) maior.
Vamos continuar usando as ideias de Ferreira (2016), que afirma que quando a opção é
pelo recrutamento interno, a divulgação das vagas normalmente ocorre via intranet, mural
de vagas, jornais ou newsletters eletrônicos ou impressos de circulação interna. É usual
que programas de recrutamento interno tenham um nome específico tais como POI
(Programa de Oportunidades Internas) e POP (Programa de Oportunidades), contando,
muitas vezes, com um Portal de Vagas na intranet para que a consulta de vagas e
candidatura ocorra de uma forma mais rápida e eficiente.
Citando novamente Marras (2016), a prática do recrutamento interno deve estar
sustentada em procedimentos e politica elaborados de forma transparente, com a
divulgação garantida em todos os niveis da estrutura organizacional.
Todos na organização – desde o supervisor menos categorizado até o gerente de maior
nivel hierárquico – devem estar em unissono com essa politica e até promove-la como
instrumento de desenvolvimento, não so dos trabalhadores, pois proporciona uma
possibilidade maior e mais veloz de ascensão nos quadros da empresa, mas também da
propria organização, como instrumento fortissimo de incentivo motivacional e de
eficiencia, e baixo custo para o processo de recrutamento.
Vamos elencar abaixo os principais pontos de benefício das empresas, ao optarem por
um recrutamento interno, com base nas ideias de Marras (2016):
A velocidade do processo de recrutamento e seleção é otimizada ao extremo. A
avaliação via intranet pode ser imediata.
O processo admissional, no caso de recrutamento interno, também é extremamente
veloz.
O “novo” empregado não necessita submeter-se ao treinamento introdutorio, ganhando
algumas horas ou dias de trabalho produtivo.
Os custos finais do processo de R&S caem vertiginosamente (quase custo zero).
A motivação do empregado escolhido nesse processo e dos que o rodeiam atinge e
supera os limites da normalidade automaticamente, sem esforço e sem custos.
Essa prática de recrutar internamente os recursos necessários abre a perspectiva de
multiplicação de oportunidades.
Muitas vezes, ao avaliarmos os pontos positivos elencados, somos levados a pensar que
o recrutamento interno é o melhor caminho. Contudo, sempre é importante avaliar, pois o
recrutamento externo é sempre uma opção que deve ser também analisada. Isso deve
ser feito sempre com base nas políticas gerais da empresa.
Recrutamento misto
Este tipo de recrutamento é realizado quando a empresa realiza recrutamento com
pessoas externas e funcionários, onde toda a divulgação e condução do recrutamento é
realizada de forma igual a qualquer candidato. Neste tipo de processo, não há prioridade
ou preferência por nenhum dos candidatos à vaga ofertada.
Como acontece no mercado
Conforme o site de recrutamento forbusiness (forbusiness.vagas.com.br), o mercado
mostra que o processo de recrutamento interno acaba evitando a fuga de talentos da
empresa. Empresas que reconhece, recompensa e promove talentos internos acabam
gerando uma cultura de lealdade e estabilidade. Isso é muito bom, pois tende a gerar
resultados mais eficazes. Afinal, é mais provável que os funcionários permaneçam na
organização se virem que existe oportunidade de alcançar cargos e salários mais altos
lá dentro, ou mudar de área quando sentirem a necessidade. Com isso, as taxas de
retenção tendem a ser melhores, o que evita uma fuga de cérebros de talentos e
proporciona maior retorno do tempo e dos recursos investidos em cada profissional.
Dica profissonal
O profissional de RH deve estar atento aos profissionais que existem dentro da própria
organização. Nem sempre voltar os olhos para o lado de fora será a melhor solução.
Por isso, ele deve prestar atenção no comportamento, no conhecimento, nas
habilidades e atitudes dos funcionários. Uma vez que dali mesmo podem surgir grandes
talentos que irão trazer benefícios enormes para a empresa.
Observação
Vamos iniciar tratando de como o gestor de RH toma a decisão sobre qual o caminho a
ser seguido na escolha das fontes que utilizará para a prospecção de candidatos.
Conforme Marras (2016), as decisões são baseadas nas variáveis tempo e custo:
Variavel tempo
A variável tempo é aquela que determina a exigencia temporal que está contida na
solicitação feita pela área que busca a vaga, ao mesmo tempo que indica, também, pelo
mesmo parametro temporal, a fonte de recrutamento mais adequada. Onde algumas
requisiçoes são de caráter urgente. Por exemplo, quando o empregado pede demissão
intempestivamente e a vaga é aberta de modo inesperado.
Variavel custo
É a que representa a possibilidade financeira de que se dispoe para iniciar um
processo de recrutamento e seleção, ao mesmo tempo que possibilita identificar as
fontes de recrutamento pela diferenciação de custo que cada uma representa.
Uma vez que já foram consideradas essas variáveis, é o momento de escolher o
método de recrutamento externo, que, de acordo com Ivanevich (2011), geralmente
está subdividido conforme a Figura 5:
Anúncios na mídia
As empresas utilizam a publicação das vagas para atraírem candidatos. Dentre as várias
mídias, a mais comum ainda é o anúncio em jornais ou em revistas
especializadas na área específica para anúncios de vagas, como revistas da área
industrial, de minas ou outras. Outras mídias são cartazes em metrôs, anúncios
no rádio, na televisão. Sempre que um anúncio vai ser criado, o primeiro
destaque é o logotipo da empresa.
Muitas empresas optam por este método para realizar o recrutamento. Isso ocorre
principalmente quando não é muito conhecida, e precisa contratar uma grande
quantidade de funcionários. Muitas vezes fazem feiras de recrutamento ou
agendam visitas à sede da empresa.
Dica profissonal
O profissional de RH deve estar atento aos funcionários que forem incorporados à
empresa por meio do recrutamento externo. Eles precisam de grande atenção não
apenas quanto ao processo burocrático da contratação, mas também na socialização e
conhecimento sobre a cultura da empresa de forma geral. Um processo de
recrutamento externo, para ter sucesso, deverá sempre ser acompanhado por uma boa
política de acolhimento e integração de pessoal à empresa.
SELEÇÃO DE PESSOAS
Habilidade 2
Conceito 1:A seleção de pessoas nas organizações
Importante saber
Você já parou para pensar que as organizações não funcionam por si mesmas? Por
mais inovação e tecnologias que possam ser adotadas pelas empresas, eles dependem
das pessoas. As pessoas são responsáveis pelo funcionamento das organizações.
Logo, não existe empresa sem pessoas.
Com base no que foi dito anteriormente, você consegue começar a perceber a
importância de ter as pessoas certas nos cargos certos?
A tarefa de alocar a pessoa certa para ocupar determinado cargo em uma empresa é uma
das funções da gestão de pessoas – a função de agregar pessoas. Esta função é
considerada de fundamental importância estratégica para as empresas modernas.
Você já participou de algum processo seletivo? Participou de alguma entrevista? Como
foi? A partir de agora você irá entender como os profissionais de recursos humanos
planejam, aplicam e avaliam as seleções.
Observação
Já dissemos que uma das funções do setor de gestão de pessoas é agregar pessoas.
Mas como buscar as pessoas no mercado? A busca tem início no recrutamento e, na
sequência, no processo seletivo.
A seleção de pessoas tem por objetivo escolher e classificar os candidatos mais
adequados às necessidades da organização. Ou seja, visa colocar a pessoa certa no
lugar certo. Além das especificações do cargo, é preciso considerar as competências
individuais como critério de escolha dos candidatos (CHIAVENATO, 2020).
Mas, por que considerar as competências? Simplesmente porque as pessoas não são
iguais. Imagine se todas as pessoas fossem iguais e reunissem as mesmas condições
individuais para aprender e trabalhar, certamente a seleção de pessoal não teria
serventia.
Então, por onde começar? Cargos ou competências? Bom, o ponto de partida de todo
processo seletivo de pessoal tem por base os dados e as informações da análise e
especificações do cargo a ser preenchido. Tais especificações sinalizam as competências
necessárias do candidato que, futuramente, ocupará o cargo.
Então, o que é efetivamente seleção de pessoas?
A seleção de pessoal é ”um processo de comparação que envolve, de um lado, os
requisitos do cargo e, de outro, o que o candidato tem a oferecer, por meio de seus
conhecimentos, suas habilidades e seus comportamentos” (LOTZ; BURDA, 2015). Esse
processo é realizado pelo setor de staff – setor de recursos humanos da empresa ou
terceirizados.
Observe a Figura 6 a seguir. Ela ajudará você a entender melhor o conceito da seleção de
pessoas.
Você viu que a seleção pode ser entendida como um processo de comparação. Mas
ela também pode ser compreendida como um processo de decisão. Veja: após o
processo de comparação, pode acontecer que diversos candidatos apresentam
condições para ocupar a vaga ofertada pela empresa. Neste caso, o pessoal de staff
não pode impor ao setor requisitante a aceitação dos candidatos pré-aprovados. Eles
apenas recomendam os candidatos mais adequados e a decisão final fica a cargo do
requisitante ou órgão de linha – gestor do setor.
Na seleção, como um processo decisório, é preciso considerar, de acordo com
Chiavenato (2020), os seguintes modelos de comportamento:
Modelo de colocação: relação candidato x vaga = 1 x 1;
Modelo de seleção: relação candidato x vaga = N x 1;
Modelo de classificação: relação candidato x vaga = N x N.
O modelo de classificação é a abordagem mais comum no cotidiano das empresas. Isso
significa que a empresa considera o candidato não apenas para uma vaga em específico,
mas como um candidato da organização – ele será alocado no cargo mais adequado às
suas características pessoais.
Além dos modelos, é preciso considerar os critérios de seleção. Mas, isso é assunto para
o próximo conceito.
Dica profissonal
Atenção ao realizar a análise do perfil do candidato e com as especificações do cargo,
pois você pode se deparar com as seguintes situações:
O perfil do candidato não atende as exigências do cargo;
O perfil do candidato é mais elevado do que exige o cargo - overqualified;
O perfil do candidato é compatível com as especificações do cargo.
Nas situações 1 e 2, o candidato tende a ser desclassificado. Você deve estar pensando
que a situação do candidato overqualified pode ser uma boa opção. Atenção! As práticas
do mercado têm demonstrado que esse tipo de candidato tende a pedir desligamento da
empresa em um curto período de tempo. Isso ocorre porque o indivíduo irá buscar
oportunidades que se encaixem em seu perfil e em suas expectativas profissionais.
Observação
Um processo de seleção de pessoas é formado por um conjunto de ações que pode
variar conforme o cargo e a organização. Mas, geralmente, um processo de seleção de
pessoas segue as seguintes etapas:
Ao longo das etapas, os candidatos podem ser aproveitados em outros cargos, podem
optar por não continuar o processo, ou ainda podem ser recusados pela empresa.
As duas últimas etapas do processo de seleção são o exame médio e a contratação.
Vejamos cada uma delas.
Entre os candidatos aprovados e selecionados como finalistas, somente o escolhido pelo
setor requisitante como ideal é que irá se submeter aos exames médicos (MARRAS,
2016). Esse exame médico deve ser realizado por um clinico geral (o ideal é que seja um
especialista em medicina do trabalho) e tem como finalidade verificar o estado de saúde
geral do candidato e deixar registrado o seu histórico clínico no dossiê médico da
empresa.
Devem ser efetivados exames clínicos generalizados e complementados por uma bateria
de exames laboratoriais (sangue, urina, fezes etc.), acompanhados de radiografia do tórax
ou algum outro exame específico a critério do médico examinador (MARRAS, 2016).
Desses exames resultará um laudo médico que poderá:
Indicar o candidato, por encontrar todos os resultados dentro da normalidade;
Contraindicar o candidato, por ter percebido nele alguma característica extremamente
negativa que o impossibilite de exercer suas funções ou que seja um forte agravante
para tal;
Indicar com restrições, por considerar que existem evidências que, embora não sejam
de extrema gravidade, poderão prejudicar o bom desempenho no trabalho. Nesses
casos, o médico poderá condicionar o início do trabalho a um tratamento específico
para sanar o quadro percebido, o que a empresa poderá fazer, por exemplo, dentro de
um prazo de experiência, para sua segurança.
Como ultimo passo do processo de seleção, o candidato deverá dirigir-se ao
departamento de pessoal (setor de registros) com toda a sua documentação, para que
sejam tomadas todas as providências burocráticas e as práticas necessárias para tornar-
se um empregado efetivo da empresa (MARRAS, 2016).
A empresa montará um dossie do empregado, em que normalmente estarão arquivados
diversos documentos tais como: currículo do empregado, cópia da carteira de trabalho,
cópias de documentos pessoais (CPF, RG etc.), ficha de registro, laudos do setor de
recrutamento e seleção, Requisição (RP) com todas as aprovaçoes, exames médicos e
laudo médico, certificados, diplomas e registros profissionais do empregado, declaração
médica da última empresa onde trabalhou dando resultado de seu quadro clínico na
saída, relatório das informações cadastrais e outros documentos.
Nota: as etapas que envolvem as entrevistas serão estudadas no conceito 4.
Mas, nem sempre tudo corre bem e os processos de seleção podem acarretar em danos
caso não sejam bem planejados e executados. Você imagina as consequências de não
levar o processo seletivo a sério?
Processos seletivos deficientes geram contratações inadequadas e, consequentemente,
alto índice de giro de pessoal (turnover), aumento substancial dos custos de recrutamento
e ambiente de trabalho comprometido com funcionários pouco qualificados para o
exercício de suas funções.
Dica: Turnover é o número de empregados desligados da empresa em um determinado
periodo comparativamente ao quadro médio de efetivos. A rotatividade é expressa por um
número índice, que recebe o nome de Índice de Rotatividade (MARRAS, 2016).
Dica profissonal
Para realizar um processo de seleção de forma adequada, atenha-se às seguintes
etapas:
Estruture um plano para cargos e salários;
Defina qual cargo precisa ser ocupado;
Determine o perfil comportamental;
Planeje o processo de recrutamento e seleção;
Utilize uma estratégia de atração;
Faça a divulgação;
Filtragem de currículos;
Envolva o líder nas etapas do processo seletivo (essencial);
Entrevista;
Feedback final com boa imagem - nunca deixe um candidato sem resposta;
Onboarding na integração dos candidatos.
Segundo Marras (2016), a entrevista de seleção objetiva detecta dados e informações dos
candidatos a emprego subsidiando a avaliação do processo seletivo. Chiavenato (2016)
relata que a entrevista de seleção constitui a técnica de seleção mais utilizada.
Atualmente, entre todos os instrumentos utilizados pelo selecionador, a entrevista de
seleção é considerado o mais importante.
O elemento substantivo no processo seletivo atual é a análise do selecionador, isto é, é a
própria entrevista realizada entre candidato e selecionador. Os testes psicológicos e os
demais testes são considerados elementos adjetivos, complementares à propria
entrevista (MARRAS, 2016).
Uma entrevista de seleção, quanto à sua metodologia, de acordo com Marras (2016),
pode ser classificada em:
Entrevista não estruturada: é aquela que não segue um padrão predeterminado ou
não se prende a nenhum planejamento prévio de detalhes individuais. Ela apenas
procura registrar fatos e informações decorrentes do encontro, deixando o rumo da
entrevista ao sabor dos acontecimentos e do momento;
Entrevista estruturada: é a entrevista cujo processo baseia-se em um método
previamente planejado do “que” e “como” fazer ao longo de todo o tempo da entrevista.
Esse método prevê todas as questões básicas que deverão ser colocadas aos
candidatos, de forma padronizada e sistemática.
O processo de entrevista estruturada na seleção de pessoal pode ser dividido da seguinte
forma:
Apresentaçao
Fase considerada a abertura de todo o processo, é o primeiro contato entre “empresa e
empregado” e, portanto, é um momento de grande importancia para os candidatos, na
medida em que se fixa, nesse momento, a primeira “impressão” do que deverá ser a
organização na qual deseja trabalhar (MARRAS, 2016).
Assim, pelas razoes expostas, é importante que no momento de se apresentar ao
candidato, o selecionador mostre toda a sua amabilidade, educação e polidez. Afinal,
naquele momento ele é a empresa.
Preparo
A fase do preparo do candidato resume-se em trabalhar o lado emocional de uma pessoa
que se dispõe a ser “analisada” ou mesmo avaliada por um entrevistador, a fim de
neutralizar ou minimizar o grau de tensão e ansiedade normalmente presentes em
momentos como esse.
Trata-se de um passo extremamente delicado e importante no processo de entrevista e,
sem margem de duvida, podemos afirmar que todo o processo seletivo irá depender de
um bom trabalho de preparo, principalmente tendo em vista que:
Na maioria das vezes o candidato é um trabalhador que há muito tempo vem batendo
de porta em porta em busca de uma oportunidade para trabalhar e sem conseguir
resultados satisfatórios;
Todo candidato, ao passar por uma entrevista, chega carregado de uma tensão e de
uma expectativa extremamente grandes;
Na avaliação do candidato, essa será a oportunidade que tanto esperava; ele deposita
toda a sua fé e esperança no seu potencial, certo de poder, dessa vez, ultrapassar os
demais concorrentes e ser escolhido para trabalhar naquela empresa.
Assim, percebe-se que o entrevistador precisa realizar um preparo para deixar o
candidato mais tranquilo, mais à vontade, diminuindo seus niveis de tensão e expectativa.
Ao longo de todo o processo, é indispensável que o candidato se sinta seguro para se
mostrar como ele realmente é, permitindo ao selecionador ver o seu interior, em busca
das características originais. Quanto mais o candidato estiver nervoso, tenso e
preocupado, menos o selecionador terá a possibilidade de sucesso em sua avaliação
(MARRAS, 2016).
Existe uma grande variedade de testes utilizados pelos selecionadores, como
instrumentos acessorios à entrevista de seleção. É decisão do entrevistador realizar ou
não certos testes com o candidato e, a principio, essa decisão está relacionada com o tipo
de entrevista executada, o tipo de dúvidas encontradas durante a entrevista e a
metodologia do entrevistador (MARRAS, 2016).
As provas de conhecimentos ou de capacidade são instrumentos para avaliar
objetivamente os conhecimentos e as habilidades adquiridos por meio do estudo, da
prática ou do exercício (CHIAVENATO, 2020).
Há uma variedade de provas de conhecimentos ou de capacidade, razão pela qual
costumamos classificá-las quanto a: maneira de aplicação, área de conhecimentos e
forma de elaboração. Observe a Figura 10.
Figura 10 – Classificação das provas de conhecimento ou capacitação.
Fonte: Elaborada pelos autores
Dando sequência à classificação das técnicas de seleção, abordaremos agora os testes
psicométricos. Esses testes permitem ao psicólogo prospectar, mensurar e avaliar
características específicas dos indivíduos, e podem, conforme Marras (2016), ser
divididos em duas categorias:
Testes de aptidões: buscam avaliar características naturais dos candidatos e traços
que identifiquem tendências claras de capacidade para a realização de determinadas
tarefas. Entre os testes de aptidões mais utilizados, encontramos os seguintes: testes
de aptidões mecânicas, testes de aptidões mentais e testes de aptidões visuais;
Testes de personalidade: são utilizados para conhecer o sistema endógeno dos
indivíduos, formado por características unas que determinam o perfil comportamental
de cada um. Existem diversos tipos de testes de personalidade. Entre eles, destacamos
os mais utilizados: Wartegg Rorscharch, PMK, Machover, Da árvore.
As técnicas de simulação visam o trabalho em grupo e a socialização. A ideia é simular
questões reais em ambiente controlado para verificar a atuação dos candidatos
participantes. As técnicas de simulação abriram um campo atraente para a seleção de
pessoas, pois permitem que sejam revelados de forma instantânea as características
humanas e o potencial de desenvolvimento dos candidatos e suas interações com
pessoas, situações e desafios (CHIAVENATO, 2020).
Essas técnicas de simulação são mais conhecidas como dinâmicas de grupo.
Dica profissonal
A entrevista de seleção é diferente da entrevista de triagem realizada no início do
recrutamento. O recrutamento abastece o processo seletivo de candidatos adequados
ao mesmo. Sendo assim, os candidatos recrutados passam geralmente por uma
entrevista de triagem para verificar se apresentam os requisitos e qualificações mínimos
anunciados pelas técnicas de recrutamento.
A entrevista de triagem é rápida e superficial e serve para separar os candidatos que
seguirão adiante pelo processo seletivo daqueles candidatos que não apresentam as
mínimas condições desejadas. É geralmente feita pelo órgão de recrutamento e seleção
ou pelo gerente e sua equipe.
Importante saber
A seleção por competências é muito usada para garantir a contratação de perfis mais
alinhados com os cargos em aberto nas empresas, e é uma forma eficiente de eliminar
a subjetividade nos processos seletivos. Além disso, também acompanha uma
tendência global, já que os avanços tecnológicos têm provocado profundas
modificações na sociedade, o que também impactou em várias transformações no
desenvolvimento do mercado de trabalho.
Observação
A seleção por competências nada mais é que uma prática onde a empresa
responsável por contratar novos profissionais os seleciona com base nos
conhecimentos, habilidades e atitudes (CHA) característicos para a tal vaga. Esse é um
tipo de seleção objetivo e imparcial, que utiliza fatos e evidências reais para tomar
decisões acertadas, em vez de apenas impressões ou suposições do recrutador.
Existe uma diferença principal entre a seleção por competências e a seleção tradicional.
Esta diferença é a maneira como o processo seletivo é realizado. Na seleção por
competências, o recrutador não analisa somente o perfil comportamental (atitudes), mas
também os conhecimentos e habilidades, ou seja, o CHA, que compõem todas as
competências do candidato.
Assim sendo, a seleção busca solucionar dois problemas centrais:
Adequação da pessoa ao cargo e vice-versa ou adequação das competências
individuais da pessoa às competências organizacionais desejadas pela empresa;
Eficiência e satisfação da pessoa no cargo ou fornecimento das competências
desejadas pela empresa.
Todo critério de seleção fundamenta-se em dados e informações baseados na análise e
especificações do cargo a ser preenchido. As exigências de seleção baseiam-se nas
proprias exigencias das especificaçoes do cargo, cuja finalidade é dar maior objetividade
e precisão à seleção do pessoal para aquele cargo. Modernamente, os critérios de
seleção estão migrando para o conceito de competências. Nesse caso, são as
competencias necessárias à organização que servem de balizamento para a escolha dos
candidatos (CHIAVENATO, 2015).
Em suma, a seleção por competências tem sua decisão baseada nas seguintes questões:
perfil: o candidato precisa atender ao perfil da função do cargo oferecido pela
empresa;
currículos: os documentos são vistos, analisados e revistos com atenção e
imparcialidade pelo profissional responsável pelo processo seletivo;
dinâmicas: as dinâmicas são utilizadas de maneira individual ou em grupo com
objetivo de avaliar as diferentes habilidades sociais e profissionais do candidato à vaga.
Nesse contexto estará em análise a capacidade do candidato de trabalhar em grupo, a
maneira como resolve questões do dia a dia e como trata as pessoas ao redor;
testes psicológicos e de conhecimentos técnicos: são usados com objetivo de
encontrar candidatos capazes de oferecer respostas alinhadas com o cargo e
consonante ao perfil almejado pela organização;
entrevistas: sendo aprovado nas etapas anteriores, os candidatos de maior destaque
são convidados para entrevistas finais, com profissionais de RH e responsáveis pela
área.
Existem vantagens ao adotar a seleção por competência. Entre as quais destacamos:
Otimização do tempo gasto em treinamentos
Quanto mais alinhado o perfil do candidato às funções do cargo, identificado na seleção
por competência, menor será o tempo investido em treinamento. Dessa maneira, a
adaptação do novo profissional é mais rápida, já que o foco passa a ser direcionado na
integração com a equipe em vez de destacar a capacitação técnicaS.
Contratação por meritocracia
Ao utilizar esse modelo de seleção, o profissional tem mais possibilidade de ter um melhor
rendimento, uma vez que desempenhará tarefas alinhadas à sua competência. Dessa
maneira, irá contribuir para o desenvolvimento da equipe e na evolução do negócio de
forma mais rápida e efetiva.
Baixo turnover
Quando o candidato possui o perfil alinhado com o cargo, e os conhecimentos e
habilidades esperados para o desempenho de sua função, as chances de ser bem-
sucedido em sua missão aumentam consideravelmente, diminuindo, assim, o turnover.
O RH será reconhecido por cumprir seu papel
Encaixando a pessoa certa no lugar certo, os profissionais do recrutamento e seleção de
pessoas terão maior credibilidade e confiança dos gestores, e será reconhecido por
desempenhar eficazmente sua missão, e terá sua imagem fortalecida como área
estratégica na empresa.
Avaliação imparcial
Com um processo baseado em evidências práticas e reais, a subjetividade é eliminada
deste processo de seleção, as especulações são deixadas de lado e a interpretação do
recrutador passa a ser mais assertiva, garantindo assim maior eficiência no processo.
Para implantação deste tipo de seleção, é necessário que a empresa já atue com os
processos de gestão por competências. Partindo desse pressuposto, enumeramos alguns
passos importantes a serem trilhados.
Passo 1: Identificação do perfil da vaga
O primeiro passo para criar o perfil da vaga ideal é o gestor de RH identificar a cultura,
missão, visão e valores da empresa. É necessário identificar este conjunto para nortear
uma escolha ideal. Além disso, o gestor precisa questionar:
Quais seriam as competências ideais para o cargo?
Quais as características dos clientes e fornecedores?
Quais objetivos aquela função deverá atender?
Estas são informações cruciais para mapeamento e criação do perfil ideal a ser
selecionado para a vaga.
Passo 2: O gestor e a liderança do cargo devem se unir
O gestor da área deve contribuir com o desenho do perfil da vaga, evidenciando quais são
suas expectativas em relação às competências esperadas do candidato. Trocando em
miúdos, ele precisa explicar qual o nível de maturidade, quais experiências anteriores
serão interessantes e necessárias, qual a formação ideal do candidato e finalmente suas
aspirações. Esses são dados fundamentais para que o recrutador encontre o profissional
certo.
Passo 3: Extrair os conhecimentos e habilidades fundamentais
Conversar com o gestor da vaga é fundamental para saber quais conhecimentos e
habilidades são necessários para o cargo. No entanto, também é pertinente fazer uma
pesquisa sobre os temas e buscar o conselho de colegas profissionais, com objetivo de
encontrar possíveis postos-chaves acerca dessas competências. Dessa maneira, o gestor
de RH poderá conduzir as entrevistas de um modo mais capacitado, eliminando as
chances de ser enganado ou “enrolado” por algum candidato.
Todo profissional tem alguma competência básica, como Conhecimentos, Habilidades e
Atitudes (CHA), valores, interesses e outras qualidades de cunho pessoal, que são
essenciais para a boa eficiência no trabalho.
Conhecimento (C)
Conhecimento está diretamente ligado ao domínio de determinado assunto, de algo que
seja importante ao profissional e também à organização. É o saber, que engloba know-
how, Informação, atualização profissional, reciclagem constante.
Cada cargo requer conhecimentos específicos e que são determinantes para a boa
execução das tarefas.
Os processos de comunicação, decisões, organização, controle de resultados,
planejamento e negociação, por exemplo, estão diretamente relacionados ao nível
conhecimento. Esse é um indicador que pode elevar o desempenho do profissional.
Habilidade (H)
Habilidade para efetivar resultados a partir dos conhecimentos que tem. É o saber fazer.
Trata-se de colocar em prática os conhecimentos teóricos adquiridos em cursos, aulas e
leituras. Visão pessoal das coisas; maneira prática de aplicar o conhecimento na solução
de problemas e situações.
Atitude (A)
Está ligado à proatividade do candidato. É o saber fazer acontecer sem que alguém
tenha de ordenar. Comportamento ativo e proativo, ênfase na ação e no fazer acontecer;
espírito empreendedor e de equipe; liderança e comunicação.
A atitude é capaz de determinar o nível de confiança entre as pessoas, o nível de
comprometimento com objetivos e metas organizacionais, o clima de trabalho e,
consequentemente, os resultados das entregas.
Também é importante avaliar:
a capacidade de comunicação;
o conhecimento técnico;
a criatividade;
a liderança;
o foco nos resultados e outras questões inerentes ao perfil almejado pela empresa.
A seleção por competências é cercada por vantagens, como vimos anteriormente.
Destacam-se a otimização do tempo gasto em treinamentos; a contratação por
meritocracia; o baixo turnover; o reconhecimento da equipe de RH por cumprir o seu
papel; e a avaliação imparcial.
Como acontece no mercado
Na prática, podemos citar que empresas que adotam a seleção por competências
largam na frente no disputado mundo corporativo. Estas têm decisões mais assertivas,
ganham tempo, contratam por meritocracia e, por conseguinte, podem contar com
profissionais mais satisfeitos desempenhando as funções que melhor lhes
representam .
Dica profissonal
O profissional de gestão de pessoas precisa ficar atento e perceber as inúmeras
vantagens da seleção por competências. Deve treinar e desenvolver habilidades que
lhe capacitem a exercer este tipo de processo de seleção que, conforme visto, oferece
diversas vantagens. Além de premiá-lo como gestor competente e eficaz.
REFLEXÂO CRITICA
Sabemos que recrutar é atrair candidatos qualificados para as vagas de uma
organização. Esse processo é um conjunto de etapas, um passo a passo para produzir
um determinado resultado. O processo de seleção é subsequente ao recrutamento e
também pertence ao subsistema de provisão de recursos humanos (RH). A seleção tem
por objetivo colocar a pessoa certa no lugar certo por meio da escolha de candidatos
que apresentem maiores possibilidades de desempenhar adequadamente as funções
de acordo com as necessidades da organização. Na sua opinião, o que o processo de
recrutamento e seleção deve considerar para ser eficaz?
GESTÃO DOS PROCESSOS DE
RECRUTAMENTO E SELEÇAO DE PESSOAS
Habilidade 3
Conceito 1:A avaliação humana
Importante saber
Você já ouvir falar de avaliação de potencial? É um tipo de avaliação capaz de medir
os fatores motivacionais das pessoas. É uma ferramenta muito útil para extrair
informações valiosas para a contratação. Ah! Para que essa ferramenta possa
realmente ajudar no processo de seleção é preciso que esteja alinhada ao
planejamento estratégico da organização, assim como da visão e missão
organizacional.
Observação
Você já sabe que as empresas não funcionam sem as pessoas, pois elas são a força
motriz das organizações. As pessoas se tornam cada vez mais importantes para as
organizações, pois são fatores-chave na manutenção da competitividade
organizacional.
Ter equipes comprometidas com a organização é um diferencial, mas antes de qualquer
programa de desenvolvimento de equipes é preciso ter o cuidado de contratar o
profissional certo para determinado cargo. A avaliação de potencial e de desempenho
humano podem contribuir, de forma significativa, para que isso aconteça.
A avaliação de potencial não é uma ciência exata. Pode-se dizer que é uma “previsão”
de quão longe ou alto um determinado candidato é capaz de chegar na empresa – será
que esse candidato tem qualidades e competências necessárias para se tornar, por
exemplo, um futuro gestor?
Vários são os motivos para avaliar o potencial de um candidato a um determinado cargo.
Esses motivos podem ser, por exemplo, definir o nível de adequação ao cargo pretendido
ou em relação aos cargos futuros, ou fazer uma estimativa acerca das habilidades
essenciais.
A seguir, apresentamos as diversas formas de avaliação de potencial do ser humano,
conforme Faria (2015):
Quem faz?
Onde fazer?
Dica profissonal
Avaliar o potencial de liderança significa detectar o quanto a pessoa tem condições
de se desenvolver como líder, quando for ter as demandas que a função exige.
Enquanto ao mapear o potencial se identifica para o que a pessoa tem maior aptidão,
na análise de potencial se tem um ‘ideal’ onde é comparado com a personalidade do
profissional. Quanto maior a adesão, maior o potencial!
Observação
Faria (2015) explica que os indicadores de desempenho são ferramentas importantes
da gestão organizacional, pois eles auxiliam nas tomadas de decisão quando informam,
e, para tanto, devem ser:
Figura 11 - Características dos indicadores de desempenho
Fonte: Elaborada pelos autores
Na gestão de pessoas, há diversos indicadores que podem ser utilizados, como por
exemplo: taxa de absenteísmo, taxa de rotatividade, lucro por empregado, índice de
retenção de talentos e outros.
Você saberia dizer quais são os indicadores de desempenho do processo de
recrutamento? Veja quais são a seguir:
Quantidade de candidatos que se apresentam;
Qualidade dos profissionais que se apresentam;
Rapidez na apresentação dos candidatos;
Custos de recrutamento.
E os indicadores de desempenho do processo de seleção? As métricas são as seguintes:
Quantidade de candidatos selecionados;
Qualidade dos candidatos selecionados;
Rapidez na seleção dos candidatos;
Custo da seleção.
Há também alguns indicadores indiretos de seleção. Essas métricas estão mais focadas
nos resultados organizacionais do que no processo de seleção. Os indicadores indiretos,
conforme Faria (2015) são:
Adequação do candidato selecionado ao cargo;
Tempo de adequação do candidato ao cargo;
Maior permanência na empresa;
Melhor aprendizado.
Maior sucesso do funcionário;
Valor agregado do processo de seleção;
Retorno do investimento feito na seleção.
Valor agregado do processo de seleção ... como avaliar? Uma das formas é por meio da
equação do quociente de seleção (QS) a seguir:
Observação
A tecnologia está cada vez mais presente no dia a dia das pessoas, tanto na vida
pessoal como na vida profissional, agregando utilidade e necessidade de informações
mais precisas e de qualidade para alcançar resultados com maior abrangência. A
internet faz parte da rotina de praticamente todas as empresas, sendo utilizada para
auxiliar não apenas no processo produtivo, mas também em outras atividades como
recrutamento e seleção de novos funcionários, sendo estes a base da excelência
empresarial.
As novas tecnologias estão sendo utilizadas na área de gestão de pessoas dos
empreendimentos, nas empresas que têm especialidade em inovar talentos, nas
implantações dos processos de selecionar e recrutar o pessoal. Com agilidade e eficácia
na contratação de pessoas, os níveis de competitividade dentro da organização se
mantém elevados.
As empresas adotam diferentes tecnologias e sistemas de informação específicos para o
recrutamento, e acarreta o aprimoramento dos processos de seleção. Dentre as
vantagens do uso de tecnologias em processos de recrutamento e seleção, podemos
citar:
Melhor gerenciamento de bancos de dados;
Facilidade no envio de e-mails de respostas e de convocações;
Definição do perfil ideal da vaga;
Atualização do currículo feita pelo candidato.
Investir em tecnologia no setor de recrutamento e seleção vai além da divulgação de
vagas em sites e aguardar por uma enxurrada de candidaturas – muitas delas fora do
perfil da vaga e da cultura da empresa. O recrutamento e seleção on-line pode ser muito
de modo bem mais eficiente.
Faria (2015) explica que além do recrutamento on-line ou e-recruitment, muitas empresas
utilizam sistemas de telefonia computadorizados. Esses sistemas ajudam no fornecimento
de informação aos candidatos durante o processo seletivo.
A internet e ferramentas on-line tornaram possível as avaliações a distância. Os testes a
distancia servem, por exemplo, para verificar os conhecimentos dos candidatos em
relação a uma língua estrangeira, como o inglês.
Atenção! Os testes a distância não substituem os presencias. Os assuntos cobrados on-
line também precisam sem cobrados de forma presencial – na entrevista, por exemplo.
Assim, as fraudes podem ser evitadas.
Há softwares no mercado que permitem a realização dos testes de personalidade, testes
de aptidão ou entrevistas estruturadas na modalidade on-line. As redes sociais oferecem
uma gama de informações sobre os candidatos, como o estilo de vida, por exemplo.
Enfim, a adoção de tecnologias nos processos de recrutamento e seleção permitem
tomadas de decisão mais acertadas e eficientes. Ou seja, podem ser utilizados por
empresas de todos os setores e tamanhos.
Dica profissonal
Nossa dica é que esteja sempre antenado com as tendências e as tecnologias de
recrutamento, seleção e banco de talentos. Conforme Dias (2020), as tecnologias
mudaram a forma de administrar pessoas! À medida que novas tecnologias da
informação e comunicação foram surgindo, as empresas foram adotando tais
tecnologias e aprimorando sua utilização na gestão de pessoas. Um exemplo é fazer
uso das redes de contato, que passaram a ser virtuais e concentradas em redes sociais
como o LinkedIn.
Uma das grandes evoluções do uso de tecnologia no RH foi a utilização de softwares
especializados. Existem diversas opções no mercado para todas as áreas do RH, cada
uma atendendo a necessidades específicas.
Observação
Terceirar as atividades relacionadas ao um processo de recrutamento e seleção para
empresas de médio e grande porte significa reduzir custos com pessoal, pois não
precisa manter uma estrutura permanente para realizar esses processos.
Ao optar por terceirizar, as empresas não desviam o foco do seu planejamento estratégico
e os profissionais da área de gestão de pessoas não perdem tempo com atividades
secundárias e focam em atividades como treinamento e capacitação.
Terceirar custa caro? Depende. Os custos variam de acordo com a complexidade do
cargo e do perfil exigido. Nas empresas pequenas, a não contração de empresas
qualificadas pode sair caro – elas podem fazer contratações equivocadas. E isso acarreta,
por exemplo, em altos índices de turnover.
Ao contratar empresas terceirizadas, a empresa dificilmente terá custos com contratações
inadequadas, pois a maioria das empresas que prestam serviços de recrutamento e
seleção procuram manter a qualidade de seus serviços – profissionais qualificados e em
constante atualização.
Uma desvantagem é que candidatos contratados pela empresa contratada não terão
vivenciado (simulações) as rotinas de trabalho da empresa contratante, logo, será maior o
período de integração e adaptação.
Mas como saber se efetivamente compensa terceirizar?
De acordo com Faria (2015), para avaliar o custo do recrutamento, faz-se necessário
realizar um levantamento do investimento feito na divulgação das vagas e dos custos do
recrutamento e seleção, tais como: matérias, compra de testes, contratação de
psicólogos, cópias etc..
Banov, citado por FARIA (2015), apresenta uma fórmula para calcular o custo do
recrutamento e da seleção de pessoas. Veja:
Com a análise dos números de candidatos selecionados por mês e os custos do setor, é
possível verificar a relação custo x benefício de terceirizar ou não os serviços.
Dica profissonal
O executive search demanda grande esforço para avaliar as habilidades do
profissional e garantir que o candidato esteja apto a assumir um cargo de grande
importância na organização. Por isso, é importante atuar para reduzir possíveis erros
durante o processo e contratar o profissional adequado:
Estabeleça um cronograma para o processo de recrutamento e seleção de executivos;
Faça um descritivo da vaga e defina o perfil do candidato;
Realize as entrevistas com base em competências;
Faça uma oferta final e forneça feedback aos candidatos;
Contrate uma consultoria especializada em executive search.
Aspectos Legais e Éticos no
Recrutamento e Seleção de Pessoas
Habilidade 4
Observação
Agora você já sabe que um processo de recrutamento e seleção não pode ser
discriminatório. Todos são iguais perante a lei, independente da raça, sexo, orientação
sexual, religião, cultura, nacionalidade etc.. Mas isso ainda é um assunto complexo e
que gera muitas dúvidas.
Sendo assim, quais práticas de recrutadores podem ser consideradas ilegais ou não?
Será que pesquisar a vida dos candidatos nas redes sociais é uma prática ilegal? Não, as
informações foram postadas pelo próprio candidato e, na grande maioria dos perfis, o
acesso está liberado ao público. É uma prática bastante utilizada e que acarreta
desclassificação do processo de seleção, caso, por exemplo, o estilo de vida e
comportamento do candidato não expressem relação com a cultura organizacional da
empresa.
Fique atento! A Lei Geral de Proteção ao Dados das Pessoas é sensível a algumas
informações em relação às pessoas. A empresa não pode pesquisar os cadastros de
proteção ao crédito, por exemplo, e recusar o candidato porque está negativado. A
empresa também não pode bisbilhotar os dados sensíveis do candidato ao emprego, nem
fazer uso dele para qualquer fim. Veja mais na Dica Profissional!
A empresa pode rejeitar candidatos com tatuagens, piercings ou cabelos coloridos e
afins? Essas características não são, em regra, motivos para a recusa de candidatos ao
emprego. A não ser em casos de tatuagens que façam apologia a drogas, criminalidade,
movimentos socialmente repudiados e condenáveis, guerras, incitação à violência,
homofobia ou feminicídio, dentre outros − nesses casos, as tatuagens podem ser
obstáculos à contratação.
Mas sabemos que pessoas com visual diferente, na prática, sofrem preconceitos.
Infelizmente o Brasil é um país com fortes traços discriminatórios. # Fica a dica! Este tipo
de situação pode custar à empresa indenizações e prejuízos desnecessários à sua
imagem corporativa.
A empresa apenas pode recusar ou desclassificar em candidato quando seu perfil
profissional, competências e habilidades não estiverem de acordo com o cargo
pretendido. Lembrando que as particularidades e exigências técnicas do cargo devem
estar previstas e informadas previamente nos editais ou anúncios de vagas.
Temos também a discriminação em relação aos deficientes. A discriminação ao deficiente
é a conduta de diferenciar uma pessoa, baseando-se em seus aspectos físicos ou
psíquicos. Esta atitude pode ser lícita, quando encontra amparo em normas positivadas
no ordenamento jurídico, ou ilícita. É bom ficar atento ao texto do Estatuto da Pessoa com
Deficiência!
Os primeiros, critérios objetivos, teriam relação direta com o cargo a ser preenchido
(habilidades, conhecimento), e são critérios definidos principalmente pelo setor e chefia
no qual se encontra o cargo. Geralmente a chefia não deixa de acompanhar o processo
de seleção.
Os segundos, critérios subjetivos, os mais questionáveis, dizem respeito principalmente a
aspectos pouco definidos. Têm relação com a cultura da empresa e com o olhar do
selecionador sobre os candidatos. E é nesse olhar subjetivo que se encontram as
possíveis injustiças e preconceitos. Cabe ao profissional uma postura correta e limpa,
embora se saiba que a empatia também é passível de acometê-lo, por isso, este deve
manter uma postura crítica sobre o seu trabalho.
As questões éticas em processos de recrutamento e seleção se evidenciam muito na
prática, por isso, no próximo tópico apresentaremos muitos exemplos de situações que
ocorrem no dia a dia de muitas empresas. Vamos lá!
Dica profissonal
Como profissional de RH, você precisa estar sempre atento à cultura empresarial e
aos padrões de comportamento esperados, para que assim conduza suas atividades.
Especificamente nos processos de recrutamento e seleção de pessoas, nunca esqueça
que o candidato não é um “recurso”, mas uma pessoa, que precisa ser tratada com
respeito do início do processo de recrutamento e seleção até o seu final, onde se
recomenda que, no caso de candidatos não contratados, esses recebam um
comunicado, para não ficarem esperando eternamente.
Conceito 3:A importância da gestão da diversidade em processos de
recrutamento e seleção
Importante saber
Você já ouviu falar de diversidade de pessoas no mundo organizacional? Bem,
iniciemos nossa discussão com uma observação sobre a diversidade de pessoas nas
ruas e nos diversos locais que frequentamos. Você deve observar que ao fazer uma
caminhada e ir ao supermercado, padaria, escola, posto de saúde e outros locais, verá
pessoas jovens, pessoas mais velhas, homens, mulheres, brancos, negros,
heterossexuais, homossexuais, católicos, espíritas, umbandistas e outros. Comece a
perceber que o mundo em que vivemos é um mundo onde há uma grande diversidade
de pessoas.
O departamento de RH das empresas necessita estar atento à gestão da diversidade,
para que a empresa seja um reflexo da realidade e a riqueza das diferentes culturas e
identidades. E, claro, não podemos esquecer que existem leis que determinam
contratações de pessoas com características específicas.
Em um processo de recrutamento e seleção você precisa ficar atento à questão da
diversidade, por isso, no tópico seguinte vamos entender melhor esse conceito.
Observação
Vamos iniciar tratando do conceito de diversidade, que, conforme Thomas, citado por
Nkomo e Cox Júnior (1999), inclui todos, e não é algo que seja definido por etnia ou
gênero, inclui a idade, história pessoal e corporativa, formação educacional, função e
personalidade. Inclui ainda estilo de vida, preferência sexual, origem geográfica, tempo
de serviço, dentre outros. Então, veja que a diversidade é de fato muito abrangente e
sempre que decisões ligadas aos processos de recrutamento e seleção forem tomadas,
é preciso tomar cuidado para que não se privilegie alguns grupos de pessoas em
detrimento de outros grupos.
Conforme Oliveira (2018), historicamente, existiram privilégios e favorecimentos a alguns
grupos sociais, sobretudo os masculinos, de origem étnica branca, ocidental,
heterossexual e cristã, em especial nas nações ocidentais. Isso fez com que outros
grupos ficassem fora de cargos-chave dentro das organizações e fossem preteridos em
processos de recrutamento e seleção.
Nos últimos anos, esse quadro tem se modificado, acompanhando a própria evolução do
mercado e a pressão da sociedade e das minorias, que cada vez mais necessitam se
sentir representadas pelas empresas. Para as empresas, muitas têm descoberto que
pessoas com diferentes perfis e históricos de vida e profissional têm possibilidades de
ideias diferenciadas, que podem ajudá-las no alcance de seus objetivos.
Para além dessas questões, no Brasil, minorias têm conseguido resultados que se
transformaram em leis e impactam diretamente os processos de recrutamento e seleção
em termos de diversidade. Podemos citar aqui pelo menos duas legislações a respeito:
Lei número 8.213/1991, conhecida como a lei das cotas, que instituiu o preenchimento
obrigatório dos quadros funcionais das organizações com mais de 100 funcionários com
um percentual que varia de 2% à 5% das vagas para pessoas com deficiência. O artigo
93 é bem específico e determina que:
A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de 2%
(dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários reabilitados
ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção:
Até 200 empregados...........................................................................................2%;
De 201 a 500........................................................................................................3%;
De 501 a 1.000.....................................................................................................4%;
De 1.001 em diante .............................................................................................5%.
Lei número 12.990/2014 busca fazer uma compensação com os negros, um grupo
social que historicamente foi discriminado e até mesmo impedido de ter acesso a
direitos fundamentais. Embora a lei atinja apenas instituições públicas e sociedades de
economia mista controladas pela União, já é um grande avanço, e as instituições
públicas dão um exemplo às empresas privadas. O artigo 1º da lei determina que:
Ficam reservadas aos negros 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas nos concursos
públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da
administração pública federal, das autarquias, das fundações públicas, das empresas
públicas e das sociedades de economia mista controladas pela União, na forma desta Lei.
Regulamentar a diversidade por meio de legislação é algo que elenca a importância que
ela deve ter para as empresas e o cuidado que o recrutador deve ter nos processos de
recrutamento e seleção.
Agora vamos ver como a questão da diversidade acontece no mercado.
Observação
A atualização da legislação trabalhista brasileira evolui e se alinha ao contexto de
maior flexibilidade, e um conjunto de mudanças ocorridas em especial em relação ao
contrato de trabalho deverão ser acompanhadas bem de perto pela área de
recrutamento e seleção. De forma geral, temos hoje a possibilidade de 10 contratos de
trabalhos diferentes, conforme a Figura 15:
Fique atento e pesquise sobre as características de cada um dos contratos, para que
não tenha dúvidas no momento da seleção de pessoal e esclareça ao candidato a
proposta da empresa. Não detalharemos aqui as características de cada um, pois há
uma disciplina específica no seu curso para isso. Tão somente indicamos aqui a
importância do conhecimento desses tipos para o processo de recrutamento e seleção.
Uma vez que o candidato tenha sido escolhido, faltarão ainda etapas para que ele seja
efetivado. Sendo que, caso alguma das etapas não seja concluída, a vaga não será
preenchida, e o processo de recrutamento e seleção deverá seguir.
Você sabe como acontece o processo de efetivar um candidato?
O candidato contratado é encaminhado ao setor responsável – gestão de pessoas – que
irá dar prosseguimento ao processo em relação à documentação legal que o candidato
deverá providenciar. Os documentos exigidos ao futuro funcionário são:
Foto 3×4;
Atestado médico admissional;
Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS);
Cartão de identificação do contribuinte no Cadastro de Pessoa Física (CPF);
Carteira de identidade;
Título de eleitor com os comprovantes de votação nas 3 últimas eleições;
Cartão de inscrição no PIS;
Certificado de reservista, caso o trabalhador tenha menos de 45 anos;
Cópia do comprovante de residência;
Cópia do comprovante de escolaridade;
CNH, para cargo ou profissão que exija a utilização de veículos;
Cópia da certidão de casamento, se for o caso;
Cópia da certidão de nascimento de filhos de até 21 anos;
Carteira de vacinação dos filhos menores de 7 anos;
Comprovante de frequência escolar dos filhos maiores de 7 anos;
Atestado de invalidez dos filhos de qualquer idade, se for o caso.
A empresa também precisa providenciar documentos:
Livro ou ficha de registro de empregado;
Contrato individual de trabalho;
Ficha de salário-família;
Declaração de dependentes para fins de Imposto de Renda na fonte;
Declaração de rejeição ou de requisição do vale-transporte.
Você sabe o real motivo da necessidade de tais documentos?
Todos esses documentos são necessários por vários motivos, como conhecer melhor o
novo funcionário, ter seus dados para eventuais cálculos de direitos trabalhistas, como a
pensão alimentícia, e para se enquadrar na lei de forma que a empresa não se prejudique
em caso de fiscalização. Havendo problemas com a documentação do candidato, esse
não será efetivado, e o departamento de recrutamento e seleção deverá continuar o
processo seletivo.
Os requisitos legais para admissão são os documentos pessoais em ordem e a aptidão
médica, ou seja, o atestado de saúde ocupacional (ASO). O ASO é regulamentado pela
Norma Regulamentadora nº 7 do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional e
pelo artigo 168 da CLT:
Art. 168. Será obrigatório exame médico, por conta do empregador, nas condições
estabelecidas neste artigo e nas instruções complementares a serem expedidas pelo
Ministério do Trabalho: I – na admissão; II – na demissão; III – periodicamente.
Observação
Sabemos que todos os processos de RH passaram por uma transformação com a
implementação de tecnologias da informação, como inteligência artificial, automação e
outras, revolucionando a coleta, o armazenamento e o tratamento de dados. Assim, a
LGPD é um assunto que deve preocupar todos os profissionais de RH, e
fundamentalmente os responsáveis por recrutamento e seleção de pessoas.
A Lei 13.709/2018 (LGPD) colocou o Brasil no nível dos países que têm normas para
tratamento e transferência de dados pessoais, órgãos de controle e penalidades para não
conformidade. Vejamos o que diz a Lei:
Art. 1º − Esta Lei dispõe sobre o tratamento de dados pessoais, inclusive nos meios
digitais, por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito público ou privado, com o
objetivo de proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre
desenvolvimento da personalidade da pessoa natural.
O artigo 5º é um dos mais relevantes para a área de recrutamento e seleção, vejamos:
Art. 5º − Para os fins desta Lei, considera-se:
I − dado pessoal: informação relacionada a pessoa natural identificada ou identificável;
II − dado pessoal sensível: dado pessoal sobre origem racial ou étnica, convicção
religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização de caráter religioso,
filosófico ou político, dado referente à saúde ou à vida sexual, dado genético ou
biométrico, quando vinculado a uma pessoa natural.
Conforme o site da Revista Você S.A (2020), o tratamento de dados pessoais sensíveis
de empregados e candidatos é um dos mais relevantes aspectos da LGPD para a área de
Recursos Humanos e de interesse dos trabalhadores. E o tratamento começa antes
mesmo da contratação: na candidatura a uma vaga de emprego. Tudo inicia quando a
empresa recebe quaisquer dados do candidato.
Segundo a LGPD, o tratamento de dados pessoais sensíveis poderá ocorrer
exclusivamente nas hipóteses específicas, dentre estas, se o titular dos dados “consentir,
de forma específica e destacada, para finalidades específicas” ou, sem consentimento,
mas para o “cumprimento de obrigação legal”. Assim, os procedimentos precisam ser
realizados com muito cuidado, para que a lei seja aplicada corretamente e não se tenha
problemas futuros.
A reformulação dos processos seletivos é a forma de cumprir a legislação e evitar
problemas quanto ao tratamento involuntário de dados pessoais sensíveis.
Com a Lei é garantida à pessoa titular das informações o domínio e a posse desses
dados. Ou seja, ela pode requerer para a empresa a qualquer momento a exclusão dos
dados cadastrais, como nome, idade, formação acadêmica etc. (SOLIDES, 2020).
Nos processos de recrutamento e seleção, os candidatos precisam expressar de forma
destacada que disponibilizam os dados para uso e armazenamento em um banco de
dados ou banco de talentos. Sem uma autorização correta, para cumprir a LGPD, as
empresas que estão contratando ou ainda, empresas recrutadoras, deverão excluir os
dados logo após a finalização do processo seletivo.
Importante destacar que, conforme a LGPD, o uso de dados pessoais para fins
empregatícios, como junto ao Ministério do Trabalho ou junto à CAIXA ,não necessitam de
autorização.
Seguir à risca a LGPD é imperativo, pois está previsto um conjunto de sanções para o
caso de pessoas e empresas violarem as normas definidas, cujas principais são:
advertência, com possibilidade de medidas corretivas;
multa de até 2% do faturamento com limite de até R$ 50 milhões;
bloqueio ou eliminação dos dados pessoais relacionados à irregularidade, suspensão
parcial do funcionamento do banco de dados e proibição parcial ou total da atividade de
tratamento.
A fiscalização e aplicação das punições fica a cargo da Autoridade Nacional de Proteção
de Dados (ANPD).
Vamos estudar a seguir sobre como essas normas da LGPD são aplicadas no mercado.
Dica profissonal
Como profissional de RH, recomendamos que tome ciência da LGPD, estudando a lei
na íntegra e acompanhe qualquer modificação ou decisões sobre a mesma. A Lei está
disponível no link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2018/lei/L13709.htm. Adeque todos os seus processos de recrutamento e seleção
à nova legislação em vigor e oriente os colaboradores do setor sobre o uso de dados
pessoais, principalmente os dados pessoais sensíveis.
Reflexão Crítica
Nessa competência discutimos sobre o processo de gestão das atividades de
recrutamento e seleção, e aprendemos como podemos direcionar o processo de forma
ética e não discriminatória. Assim, como podemos pensar num processo de recrutamento
que atraia candidatas mulheres e maiores de 50 anos, buscando minimizar possíveis
críticas de outros grupos?
TÉCNICAS DE SELEÇÃO DE PESSOAS
Habilidade 5
A entrevista é um instrumento mais utilizado dentre todas as técnicas de seleção. Por
isso, deve ser conduzida por um profissional bem preparado. De outro modo, pode
resultar em distorções que comprometem significativamente a escolha do candidato. Já
vimos que a entrevista pode ser estruturada ou não estruturada. Mas há também
algumas modalidades de entrevistas que podem ser utilizadas ao longo do processo de
seleção. De acordo com Lotz e Burda (2015), são elas:
Entrevista de triagem ou de pré-seleção
Esse tipo de entrevista é breve que pode até mesmo ser realizada por telefone ou
videoconferência. Trata-se de uma entrevista para obter esclarecimentos sobre dados que
o candidato apresenta no currículo e verificar informações relevantes, como
disponibilidade para viagens e predisposição para mudança de domicílio, caso
necessário.
Entrevista tradicional
Objetiva conhecer as áreas da vida do candidato, como, por exemplo, seu histórico
profissional, escolar e familiar, e seus objetivos.
Entrevista comportamental com foco em competências
É uma técnica de investigação comportamental em que se procura identificar no perfil dos
candidatos comportamentos específicos que são pré-requisitos para o sucesso do cargo
para o qual está sendo selecionado.
Entrevista técnica ou entrevista com o requisitante
É uma entrevista com o gestor da área, que verifica a experiência específica do
candidato. É realizada ao final do processo seletivo, comumente pelo profissional superior
a quem o escolhido se reportará no exercício da atividade. Tem o objetivo de corroborar e
aprofundar as informações sobre conhecimentos técnicos, habilidades e experiência do
candidato, item fundamental na escolha do candidato que mais responda às expectativas
da empresa.
Chiavenato (2020) explica que a entrevista é um processo de comunicação entre duas ou
mais pessoas que interagem entre si. E, como em todo processo de comunicação, podem
acontecer ruídos entre entrevistado e entrevistador. Esses ruídos são variados: barulhos,
interrupções por terceiros, ambiente desagradável (quente ou frio demais por exemplo),
omissão, distorções, sobrecarga e outros. Mas como evitar os ruídos nas entrevistas?
Há duas ações que podem ser adotadas: o treinamento adequado do entrevistador e uma
construção melhor do processo de entrevista. A construção do processo de entrevista
depende das habilidades do entrevistador, ou seja, a entrevista poderá ser estruturada ou
não.
As entrevistas podem ser:
A preparação da entrevista é essencial para uma condução da entrevista. Essa etapa
envolve a verificação e comparação dos requisitos necessários ao cargo e as
características pessoais do candidato. Com isso, o entrevistador pode funcionar como
uma espécie de instrumento de comparação entre o que o cargo exige e o que o
candidato oferece. Aqui também é preciso preparar o ambiente − físico e psicológico. A
preparação do ambiente é especial para neutralizar possíveis ruídos ou interferências
externas que possam prejudicar a entrevista.
O processamento da entrevista deve considerar o conteúdo da entrevista e
comportamento do candidato. O conteúdo da entrevista se refere ao conjunto de
informações que o candidato disponibiliza via currículo e que devem ser esclarecidas e
aprofundadas durante a entrevista. O comportamento do candidato é a maneira como o
candidato se comporta e reage dentro da situação, sua maneira de pensar, agir, sentir,
seu grau de agressividade, assertividade, suas motivações e ambições etc.. O que se
pretende neste aspecto, na visão de Chiavenato (2020), é ter um quadro das
características pessoais do candidato, independentemente de suas qualificações
profissionais.
O encerramento da entrevista deve ser elegante; o entrevistador deve fazer algum sinal
claro para demonstrar o fim da entrevista, principalmente proporcionar ao entrevistado
algum tipo de informação quanto à ação futura. Por exemplo, como ele será contatado
para saber o resultado ou quais serão os desdobramentos daquele contato. Aqui o
entrevistador precisa avaliar o candidato. Não pode deixar a avaliação para depois. Isso
pode comprometer o processo.
Enfim, o cuidado com a produtividade da entrevista é vital, mas não deve ser imperativo.
Isso significa que a entrevista deve ser tão objetiva quanto possível para que com certo
tempo despendido se possa obter aceitável panorama a respeito de cada candidato. Isso
não significa, porém, que cada entrevista tenha, obrigatoriamente, de durar certa
quantidade limitada de tempo para cada candidato. A entrevista deve durar o tempo
suficiente, o qual varia de candidato para candidato.
Como acontece no mercado
Na prática, as entrevistas podem ser feitas na modalidade presencial ou a distância
(on-line). Quais são as vantagens para o entrevistador e para o candidato na utilização
da entrevista a distância? A entrevista on-line favorece o atendimento de demandas das
organizações das grandes cidades, cujos profissionais tenham dificuldades, por motivo
de tempo ou trânsito, de chegar até a empresa contratante, e favorece situações nas
quais o candidato encontra-se em outra cidade, estado ou país. As tecnologias digitais
de informação e comunicação possibilitam economia de tempo e dinheiro, evitam
deslocamentos e agilizam o processo seletivo.
Dica profissonal
Conforme Faria (2015), para ser um bom entrevistador recomendamos que procure
desenvolver as seguintes características:
Conhecer bem o cargo ou a posição a preencher;
Conhecer muito bem a organização, sua cultura, pontos fortes e fracos;
Não tentar vender demais a organização para o candidato;
Ler o currículo do candidato antes da entrevista;
Informar sempre aos candidatos a respeito do cargo e da organização;
Mostrar-se sincero, polido, pontual e ter personalidade marcante;
Fazer perguntas provocativas sem mostrar-se pessoal ou direto;
Procurar fazer uma avaliação e feedback logo após a entrevista.
Conceito 2 O que você sabe sobre testes de conhecimento?
Importante saber
Algumas organizações, adicionalmente ou paralelamente às entrevistas, utilizam testes
e outros instrumentos de avaliação durante o processo de recrutamento e seleção de
pessoal. Você saberia dizer quais são os tipos de testes adotados nos processos
seletivos? Um deles é o teste ou prova de conhecimento.
Observação
São diversas as possibilidades de testes que podem ser aplicados aos
candidatos no processo. O teste ou conjunto de testes no processo seletivo é
definido em virtude da função que o futuro colaborador irá desempenhar, tendo
em vista as competências necessárias.
As provas de conhecimentos ou de capacidade são instrumentos utilizados para avaliar,
de forma mais objetiva, os conhecimentos e as habilidades adquiridos por meio do
estudo, da prática ou do exercício. Esse tipo de teste objetiva aferir o grau de
conhecimentos profissionais ou técnicos exigidos pelo cargo ou o grau de capacidade ou
habilidade para certas tarefas.
Há uma variedade de provas de conhecimentos ou de capacidade, razão pela qual elas
podem ser classificadas quanto:
As provas orais são aplicadas por meio de perguntas e respostas orais. Funcionam
como uma entrevista com perguntas específicas, objetivando apenas respostas verbais
específicas.
As provas escritas são provas aplicadas por meio de perguntas e respostas escritas.
São provas comumente realizadas nas organizações e escolas ou universidades para
aferir conhecimentos adquiridos. As provas de realização são aplicadas por meio da
execução de um trabalho ou tarefa, de maneira uniforme e com tempo determinado, como
prova de digitação, de cálculo ou desenho ou de manobra de um veículo.
As provas gerais têm a função de medir noções de cultura geral ou generalidades de
conhecimento e as provas específicas objetivam pesquisar conhecimentos técnicos e
específicos diretamente relacionados à posição em referência. Tomemos por exemplo um
teste de conhecimento aplicado à vaga para segurança do trabalho.
As provas tradicionais podem ser tipo dissertativo e expositivo. Abrangem quantidade
menor de questões pelo fato de exigirem respostas longas, explicativas e demoradas.
Medem profundidade de conhecimentos, mas examinam apenas uma pequena extensão
do campo de conhecimentos. Sua avaliação e correção são demoradas e subjetivas. As
provas objetivas são provas estruturadas na forma de testes objetivos, cuja aplicação e
correção são rápidas e fáceis. Os principais tipos de itens de testes são: alternativas
simples, múltipla escolha, ordenação, mistas (objetivas e dissertativas).
Conceito
3 O QUE VOCÊ SABE SOBRE OS TESTES
PSICOLÓGICOS?
Importante saber
Os testes psicológicos podem ser psicométricos e projetivos. A psicometria é uma área da
Psicologia que alia o uso de métricas ao conhecimento psicológico. O objetivo é
estabelecer medidas para construtos relacionados a variáveis psicológicas. Ou seja, ela
realiza medidas de características do psiquismo. Construtos são ideias construídas a
partir de elementos conceituais ou subjetivos.
Os testes projetivos são testes livres nos quais, com base em um estímulo − como uma
frase ou imagem (que remeta, por exemplo, à família, à casa ou ao ser humano) −, o
indivíduo cria uma resposta consciente ou inconsciente para o estímulo oferecido. A
resposta oferecida é interpretada pelo psicólogo, que segue regras consistentes,
estabelecidas em manuais, para a correção dos testes. São alicerçados no conceito de
projeção, introduzido por Sigmund Freud, proeminente médico neurologista e criador da
psicanálise (LOTZ; BURDA, 2015).
Observação
Os testes psicológicos são ferramentas credenciadas pelo Conselho Federal de
Psicologia e de uso exclusivo dos psicólogos. Eles oferecem um alto nível de
confiabilidade da informação, pois são avaliados por meio de critérios rigorosos para
aprovação.
Os testes psicológicos são um conjunto de tarefas com definição prévia cujos propósitos
são a descrição de fenômenos psicológicos, a classificação diagnóstica, a predição, o
planejamento de intervenções ou monitoramento (LOTZ; BURDA, 2015). Eles constituem
uma medida objetiva e padronizada de amostras do comportamento das pessoas e sua
função é analisar essas amostras de comportamento humano sob condições
padronizadas, para compará-las com padrões baseados em pesquisas estatísticas
(CHIAVENATO, 2020).
Os testes psicológicos, diferentemente dos testes de conhecimento, focam nas aptidões
individuais, que podem ser: físicas, intelectuais e de personalidade. Eles oferecem um
prenúncio do potencial de desenvolvimento dos candidatos.
Os testes psicológicos apresentam duas características, que as entrevistas não
conseguem mensurar: a validade e a precisão. A validade é a propriedade do teste de
predizer, corretamente, a variável que se pretende medir. Um teste de seleção apenas é
considerado válido quando é capaz de prognosticar o desempenho futuro da pessoa no
cargo. A precisão é a propriedade do teste de apresentar resultados semelhantes em
várias aplicações na mesma pessoa. Assim, um teste é preciso quando, aplicado diversas
vezes em uma mesma pessoa, apresenta o menor desvio-padrão ao redor da média dos
vários resultados obtidos.
A aplicação de testes psicológicos no processo seletivo é um importante investimento que
a organização faz para o processo, pois permite o esboço do perfil do candidato, o que
auxilia na escolha do profissional que tem mais chances de se adaptar ao perfil da
empresa e às demandas do cargo.
Lotz e Burda (2015) destacam que os testes psicológicos contribuem no sentido de
oferecer informações sobre o candidato. No entanto, para a elaboração do perfil do
candidato, é basilar a utilização de outras técnicas, a exemplo de dinâmicas de grupo,
entrevistas iniciais e entrevista comportamental com foco em competências. “Os testes
psicológicos devem ser um recurso para auxiliar o selecionador, jamais uma arma
preconceituosa a ser usada em detrimento do candidato” LOTZ; BURDA, 2015).
Por fim, os testes psicológicos são largamente utilizados para selecionar pessoas nas
organizações. Podem incluir inventários, escalas, questionários ou tarefas que demandem
a projeção e/ou a expressão gráfica do comportamento da pessoa avaliada. Quando
aplicados na seleção de pessoal, esses tipos de testes auxiliam na escolha do candidato
que apresente um perfil com características pessoais mais semelhantes à necessidade da
vaga e com um perfil mais alinhado à política da empresa.
A seguir, apresentamos alguns tipos de testes psicológicos.
Teste de Atenção Concentrada (AC)
O teste de Atenção Concentrada é um teste psicológico que tem o objetivo de avaliar a atenção
do candidato e medir sua capacidade de concentração em uma tarefa. As empresas utilizam
esse teste para descobrir aspectos que não ficam claros no currículo do candidato e para
confirmar outras informações. O objetivo dos testes psicológicos é auxiliar no processo seletivo
das organizações.
O teste consiste em 21 linhas com 21 símbolos diferentes. O candidato deve fazer um pequeno
traço sempre que identificar um dos três símbolos que estão na parte superior da folha. Para a
aplicação, é importante que o teste seja em um lugar calmo e arejado. Duração: 5 minutos.
Assim como qualquer prova, o teste sozinho não é capaz de refletir as habilidades de um
profissional. Principalmente porque o candidato estará nervoso no momento da atividade.
Assim, é preciso preparar o ambiente para que o candidato possa estar calmo e relaxado no
momento da aplicação do teste.
Dica: Se quiser saber mais sobre o teste AC, consulte o site Holmesdoc em:
https://www.holmesdoc.com.br/teste-de-atencao-concentrada
Teste Zulliger ou Z
Imagens dos cartões utilizados no teste
Dica profissonal
Como profissional de RH, você precisa entender que aptidão e capacidade são
diferentes! Com base em Chiavenato (2020), podemos dizer que:
A aptidão é inata ao ser humano e representa a predisposição ou potencialidade da
pessoa em aprender determinada habilidade de comportamento. A aptidão é uma
habilidade em estado latente ou potencial na pessoa e que pode ser desenvolvida ou não
por meio do exercício ou da prática.
A capacidade é a habilidade atual da pessoa em determinada atividade ou
comportamento. Ela é adquirida do desenvolvimento de uma aptidão preexistente por
meio do treinamento ou da prática ou exercício. Assim, a capacidade está plenamente
disponível e pronta para ser utilizada pela pessoa em suas atividades.
Assim, como profissional de RH, fique bastante antenado às aptidões e capacidades do
candidato, pois muitas vezes o setor de treinamento precisará trabalhar esses dois itens.
Conceito
4 O QUE VOCÊ SABE SOBRE OS TESTES DE
PERSONALIDADE?
Importante saber
Você sabe o que são os testes de personalidade? Por que eles são utilizados nos
processos de seleção?
Os testes de personalidade são ferramentas usadas por profissionais de RH, líderes,
coachs e outros, com o objetivo de identificar o temperamento, traços comportamentais e
características emocionais de um indivíduo.
Observação
Os testes de personalidade são muito utilizados em processos de seleção de
pessoas. Esse tipo de teste é capaz de revelar traços de personalidade do
candidato que não são óbvios ou que não podem ser relatados em uma
entrevista. Através do teste de personalidade, é possível identificar se um
candidato é apto ou não para a operação de máquinas ou para conduzir veículos,
por exemplo.
Os testes de personalidade podem ser genéricos ou específicos. Os testes de
personalidade são genéricos quando revelam traços gerais de personalidade em uma
síntese global e recebem o nome de psicodiagnósticos. Nessa categoria estão os
chamados testes expressivos, projetivos, de apercepção temática, da árvore de Koch, da
figura humana de Machover e o teste de Szondi (CHIAVENATO 2020).
Os testes de personalidade são específicos quando pesquisam determinados traços ou
aspectos da personalidade, como equilíbrio emocional, frustrações, interesses, motivação,
entre outros. Nessa categoria estão os inventários de interesses, de motivação e de
frustração (CHIAVENATO 2020).
Cada vez mais, os testes de personalidade estão disponíveis como instrumentos on-line.
Isso facilita o processo para ambas as partes envolvidas na seleção. Muitas avaliações
incluem questões de múltipla escolha ou de verdadeiro-falso. Quando os candidatos
fazem o teste on-line, suas pontuações podem ser tabuladas em minutos e enviadas por
e-mail para um gerente de contratação, juntamente com uma explicação lógica dos
resultados.
Atenção! Há testes mais complexos que não podem ser aplicados no formato on-line!
Podemos citar como exemplos:
•Minnesota Multiphasic Personality Inventory (MMPI): tem o objetivo de identificar os
traços de personalidade por meio de um questionário extenso, composto de 550
questões;
•Árvore, pessoa e casa (HTP): trata-se de um teste projetivo baseado no desenho das
três temáticas diferentes. A maneira de desenhar pode revelar características da
personalidade, e é apenas um dos fatores avaliados durante esse teste;
•Teste de Apercepção Temática (TAT): esse teste projetivo possui várias pranchas
gráficas. A partir delas, a pessoa deve formular uma história;
•Teste de Rorschach: possibilita a identificação de traços da personalidade e estado
emocional atual. A avaliação é feita a partir das respostas dadas para explicar dez
manchas de tinta diferentes.
Tanto a aplicação como a interpretação dos testes de personalidade exigem
necessariamente a participação de um psicólogo.
Importante saber
As técnicas de simulação são essencialmente técnicas de dinâmica de grupo. A
principal técnica de simulação é o psicodrama, que se fundamenta na teoria geral
de papéis ou teoria dos scripts: cada pessoa põe em ação os papéis que lhe são
mais característicos sob forma de comportamento, seja isoladamente seja em
interação com outra pessoa ou outras pessoas.
Você já participou de algum processo de seleção com aplicação de dinâmicas de grupo?
Observação
A dinâmica de grupo tem sido uma das técnicas mais utilizadas pelas
organizações para complementar seus processos de seleção. Essa técnica
permite a observação, por meio de reações face aos problemas ou desafios
colocados aos candidatos, de algumas características pessoais, como iniciativa,
argumentação, tomada de decisão, integração, persistência, bem como a forma
de administrar conflitos, de trabalhar sob pressão e de solucionar problemas
(BANOV, 2015).
Conforme Banov (2015), a aplicação da dinâmica de grupo em processo seletivo passa
por três etapas: preparação, aplicação e avaliação.
A preparação se refere à etapa de planejamento do processo e envolve a escolha da
dinâmica de acordo com: as competências requeridas para o desempenho das funções; a
descrição das competências a serem observadas; a previsão do tempo de aplicação; a
providência de materiais que serão utilizados; a descrição detalhada da dinâmica.
A aplicação é a etapa da execução da dinâmica na qual o selecionador, já diante dos
candidatos, apresenta as instruções prescritas, oferece suporte, e auxilia no limite
estabelecido no procedimento da dinâmica.
E a avaliação diz respeito à etapa dos resultados, que podem ser: positivos, quando
permite observar o comportamento dos candidatos de forma que possam ser relacionados
com as competências mapeadas relativas ao perfil do cargo; negativos, quando não
oportuniza o rastreamento das competências elencadas. Atenção! Essa etapa é decisiva
para a identificação dos candidatos que continuarão no processo seletivo.
Lotz e Burda (2015) explicam que o selecionador, ao aplicar uma dinâmica de grupo, deve
se manter atento a alguns cuidados: preparar o ambiente com antecedência, saber
exatamente o que se quer alcançar com a aplicação, definir tempo de início e fim da
atividade, observar e anotar os fatos ocorridos com os participantes e fazer um
fechamento da experiência vivida.
Importante saber
Você já ouviu falar de laudo final de uma entrevista de seleção? O laudo final é a síntese
de todo o processo seletivo. Esse laudo muitas vezes é solicitado pelo setor requisitante,
para ele ter uma noção geral do processo seletivo e ter melhores bases para decidir pela
contratação. No laudo, o setor requisitante recebe o parecer final com o perfil de cada um
dos candidatos finalistas e o respectivo posicionamento no processo, em decorrência das
avaliações realizadas (MARRAS, 2016). Uma vez realizado esse processo, e o
requisitante escolhendo os candidatos a serem contratados (após realizar entrevista direta
ou não), o setor específico de departamento pessoal dá encaminhamento aos processos
de contratação. Vamos entender melhor esse processo na seção abaixo.
Observação
Uma vez terminadas as atividades do processo seletivo pelo setor de RH, incluindo
análise curricular, entrevistas, testes e outros que forem necessários, é chegado o
momento de realizar, como subsídio na montagem do laudo final, uma análise global,
que se resume em uma pesquisa de informações históricas do candidato, com o objetivo
de confirmar e esclarecer dados do currículo e os recebidos durante as entrevistas
(MARRAS, 2016).
Muitas empresas terceirizam esse trabalho, contratando escritórios próprios que se
dedicam exclusivamente a essa especialidade, realizando um levantamento de
informações cadastrais, outras fazem essa conferência internamente.
O levantamento dessas informações cadastrais, conforme Marras (2016), pode ser
trabalhoso, e engloba pesquisas em cartorios das varas civel e criminal; empresas
anteriores onde o candidato tenha trabalhado; referencias pessoais; verificação de
endereço, moradia e outras informações.
Apos toda essa verificação global, o entrevistador deverá realizar uma análise global do
perfil dos candidatos da seleção, comparando-os um a um com o perfil e as
características exigidas pelo cargo e classificando-os hierarquicamente pela maior ou
menor aproximação ao perfil ideal. Esse processo irá gerar um relatório, que é o laudo
final.
O laudo final é a sintese de todo o processo seletivo, que é encaminhado ao requisitante.
Todo o processo seletivo, portanto, resulta na confecção de um laudo avaliativo final a ser
apresentado ao requisitante como subsidio fundamental para sua tomada de decisão.
Assim, o processo todo encontra seu final somente apos ter sido realizada a entrevista
técnica (se o setor requisitante assim o desejar) pelo requisitante e este tomar a decisão
de qual candidato escolher para fazer parte da sua equipe. É o requisitante, e somente
ele, que deverá tomar essa decisão, pois o processo seletivo é, e deve ser visto, como um
instrumento de apoio a essa tomada de decisão (MARRAS, 2016).
Esse fato não deve ser visto como uma diminuição da importancia do processo de
recrutamento e seleção realizado pelo setor de RH, o grande papel da atividade de
recrutamento e seleção é escolher previamente os candidatos que irão para a escolha
técnica (com entrevista ou sem entrevista), indicando aqueles que realmente têm
potencial, não somente para assumir as responsabilidades do cargo, mas, principalmente,
aqueles que estão mais bem talhados do ponto de vista global (MARRAS, 2016).
Ainda conforme Marras (2016), a rigor qualquer um dos candidatos apresentados pelo RH
na indicação do laudo final ao requisitante (é de bom senso sempre apresentar algo em
torno de tres candidatos por cargo), poderá preencher o cargo com sucesso; a chamada
entrevista técnica com o requisitante tem o papel de transferir para ele a decisão final e
permitir que ele, requisitante (chefe imediato), possa “sentir” entre os indicados aquele
que, no seu ponto de vista, melhor se adapta à sua maneira de ser e trabalhar.
Nesse ponto, com a escolha do candidato ideal pelo requisitante, está terminado o
processo seletivo. No entanto, não está ainda acabado o processo de seleção como um
todo. Para considerá-lo assim, o candidato ainda deverá passar por uma avaliação
médica, para so depois ser encaminhado para o departamento de pessoal com toda a sua
documentação, com vistas a efetuar os registros legais (MARRAS, 2016). Sendo que, a
não aprovação na avaliação médica ou a falta de documentações por parte do candidato,
inviabilizará sua contratação.
Importante saber
Você já participou de um processo seletivo onde a empresa contratante ou a empresa
recrutadora te deixou esperando por dias um retorno, uma resposta, sobre a seleção?
Talvez sim, pois algumas empresas costumam não dar a devida atenção aos candidatos
que não seguirão no processo seletivo. Deixar os candidatos sem resposta prejudica
muito a imagem da organização. No entanto, cada vez mais, as empresas estão dando
um retorno rápido aos candidatos, seja esse retorno positivo, dizendo que continua no
processo ou será contratado, ou ainda negativo, informando não poderá seguir no
processo e muitas vezes explicando o porquê.
Nesse conceito, vamos aprender em detalhes como o setor de recrutamento e seleção
deve dar um feedback aos candidatos. O feedback é muito importante e muitas empresas
têm pecado nesse quesito, pois se preocupam em dar um feedback apenas para os
candidatos que são aprovados, e não para todos! Vamos nos aprofundar na discussão a
seguir.
Observação
Feedback, em um processo de seleção, é um parecer sobre o desempenho do candidato
em uma das etapas do processo, com as informações de pontos positivos, negativos e
uma definição sobre a continuidade ou não deste no processo de seleção.
Todo processo seletivo gera grandes expectativas para os candidatos e, muitas vezes,
também para as empresas, que esperam preencher a vaga com uma pessoa qualificada.
E precisamos encarar o fato de que, dar feedback para um grande número de candidatos
é trabalhoso e vai demandar o tempo da equipe, conforme levantado pelo Grupo Seres
(2020). Porém, investir esse tempo pode fazer uma grande diferença na imagem da
empresa perante esses candidatos.
Quanto aos candidatos aprovados, conforme Abrap (2015), o feedback deve conter a
remuneração definida, as informações sobre documentos necessários e possível data de
admissão. Se aceito, o departamento de RH deve comunicar ao gestor do departamento,
solicitando o encerramento do processo seletivo. Se o processo seletivo tiver sido
conduzido por empresa externa especializada em RH, o feedback formal aos candidatos
não aprovados deve ser feito pela mesma. Caso o processo seletivo tenha sido conduzido
internamente, deve-se proceder a comunicação aos candidatos não aprovados, através
de telefonema ou envio de e-mail de agradecimento pela participação e informar o
encerramento do processo.
Recomenda-se que, para os candidatos não aprovados, a comunicação seja mais
detalhada, explicitando os aspectos analisados e os pontos a desenvolver, enfatizando
que o mesmo continua no banco de dados de candidatos ou no banco de talentos, para
vagas futuras. Algumas empresas utilizam o “cadastro reserva” válido por um determinado
período de tempo, pois caso haja outra vaga em que o candidato se encaixe
perfeitamente, não há a necessidade de passar por todo processo seletivo novamente
(ABRAP, 2015).
O Grupo Seres (2020) listou as 3 principais razões para dar feedback aos candidatos:
•Respeito ao candidato e consequente avaliação positiva da empresa:
Durante o processo seletivo, não é apenas o candidato que está sendo avaliado. Ele
mesmo também está analisando o ambiente, a estrutura e os recursos disponíveis, a
postura do gestor, entre outros aspectos. Se existe respeito e comprometimento da
empresa em dar retorno sobre o processo de seleção, isso impacta diretamente a
percepção do candidato sobre a empresa. E, em época de redes sociais, a boa ou má
impressão sobre uma empresa pode se espalhar rapidamente.
•Oportunidade de crescimento ao candidato:
Geralmente o profissional dedica algum tempo e preparo para participar das etapas da
seleção. Isso precisa ser considerado. Um feedback ressaltando os pontos positivos e
os que devem ser melhorados é construtivo para a carreira e para direcionar o
aprendizado do candidato.
•Os candidatos podem se tornar clientes/parceiros:
Mesmo que não seja aprovado no processo de seleção, o candidato se sente valorizado
ao receber o feedback. Em outro momento, ele poderá estar em posição de cliente,
parceiro ou até concorrente, e passará adiante uma boa imagem da empresa.
Sempre que o feedback for para desclassificar o candidato no processo seletivo, poderá
gerar um desconforto no selecionador e também no candidato. No entanto, o ato de dar o
feedback já dá ao candidato uma sensação de que alguém se importa com ele. Nos
feedbacks negativos, conforme o Grupo Seres (2020) destaca, é importante considerar os
seguintes aspectos detalhados abaixo, e resumidos na figura a seguir:
•Ser pessoal: O selecionador deve levar em conta que está lidando com outra pessoa,
evitando ser genérico. É interessante optar pelo contato por telefone, mas o e-mail
também funciona. Fazer considerações pessoais e listar pontos positivos e negativos da
participação do candidato é importante. E deixar claro o motivo da reprovação, mas
sendo positivo e educado.
•Ser breve, mas cuidadoso: O selecionador não deve demorar em seu contato, deve
comunicar a decisão da empresa, explicar os motivos e agradecer pela participação do
candidato. Evitar os desvios de assunto é importante, mas deverá ter cuidado para não
parecer desinteressado no que o candidato tenha a relatar.
•Não demorar a entrar em contato: O selecionador não deve deixar os candidatos
esperando eternamente. É necessário estipular um prazo para o feedback. O ideal é
que o prazo seja curto, mas em condições de ser cumprido, pois isso demonstra
comprometimento e consideração por parte da empresa.
Por fim, devemos ter em mente que o candidato também pode entrar em contato para
solicitar um feedback. Geralmente os candidatos entram em contato depois da data final
de divulgação dos resultados, e, outros, mais impacientes, ligam logo alguns dias após
terem realizado uma determinada etapa do processo seletivo. O ideal é que a empresa
defina prazos para dar feedbacks e entre em contato com os candidatos, mas ela deve
estar preparada para atender as ligações dos candidatos.
Como acontece no mercado
Há no mercado grande número de queixas de candidatos pela falta de retorno sobre os
processos seletivos, muitas vezes, nem mesmo um retorno automático. No mercado,
muitas vezes as empresas recebem um grande número de currículos na fase inicial, e o
retorno não é dado por ser muito trabalhoso. Diversas empresas oferecem também um
retorno automático genérico, informando que o currículo foi recebido no e-mail, por
exemplo. Muitas empresas têm um tipo de retorno automático em que alguns poucos
campos são preenchidos de forma personalizada para o candidato específico, onde
apenas o nome do candidato é modificado.
Durante o período de pandemia, em 2020, foi possível observar na rede social
profissional, chamada Linkedin, um grande número de pessoas reclamando sobre a falta
de feedback e a frieza dos selecionadores ao dar feedbacks em processos seletivos.
No entanto, no mercado também há empresas muito empenhadas em seus processos
seletivos, em que os feedbacks são grandes aliados dos candidatos, sobretudo os que
não foram selecionados, que têm a oportunidade de melhorar seus perfis profissionais.
Dica profissional
O feedback é uma grande fonte de informação para o candidato, principalmente para os
que não foram selecionados. Por meio do feedback os candidatos podem conhecer suas
potencialidades e os pontos onde precisam melhorar. Como profissional de RH você
precisa sempre recordar que está lidando com pessoas e se preocupar com um feedback
que possa levar a pessoa a melhorar seu perfil profissional. Sempre dê feedback aos
candidatos, em todas as etapas. Lembre-se de que o candidato não selecionado pode ser
o cliente de amanhã ou um futuro parceiro de negócios. Caso seja uma grande
quantidade de candidatos e o tempo do selecionador ou da equipe de seleção seja
restrito, dê o feedback por e-mail, mas caso não haja tempo disponível, principalmente
nas etapas após a classificação dos currículos, uma ligação é muito importante, por isso
recomendamos que separe um tempo para fazer essa ligação, e, além de falar, também
ouça o candidato, ele pode inclusive dar um feedback para você sobre o processo pelo
qual passou, ajudando a empresa a melhorar seu processo de seleção.
Importante saber
Você já pensou que o selecionador precisa ter um perfil específico para conseguir
executar de forma satisfatória suas funções? Imagine você chegando em uma entrevista
de trabalho e o selecionador ser uma pessoa grossa e que não te olhe nos olhos, por
exemplo, a sua vontade de ocupar a vaga certamente seria afetada por essa postura, não
é mesmo?
O selecionador ou a equipe de seleção tem grande importância no processo seletivo, pois
naquele momento eles são o contato entre a empresa e o candidato; sua postura irá
refletir na imagem da empresa e até mesmo no interesse dos candidatos pela vaga em
aberto. O selecionador e toda a equipe de seleção devem buscar sempre um ambiente
agradável, que possibilite ao candidato expor suas potencialidades de forma tranquila.
Na seção a seguir iremos detalhar sobre o perfil e a postura que o selecionador precisa
para executar um processo seletivo. Vamos lá!
Observação
Para iniciarmos a discussão, trataremos da postura do selecionador quanto ao acesso e
tratamento das informações do candidato. Segundo Limongi-França (2014), em um
processo em que se pesquisa e se utiliza dados pessoais do candidato, a ética deve estar
presente em todas as etapas do processo de seleção. Assim como os critérios para
preenchimento da vaga devem ser divulgados previamente. As informações dos
candidatos são confidenciais e devem estar sob o cuidado e responsabilidade do
selecionador. E, ainda, o selecionador deve descrever a vaga para os candidatos sem
deixar lacunas ou falsas expectativas.
Gil (2007) aponta algumas características que são importantes para o selecionador:
•Ser encorajador, para que pessoas tímidas possam falar mais sobre si mesmas;
•Ser um bom ouvinte quando o candidato estiver falando;
•Saber direcionar os assuntos com base nos critérios importantes para a vaga em
questão;
•Ser um bom observador tanto do comportamento verbal quanto do não verbal do
candidato;
•Realizar perguntas pertinentes para a vaga;
•Fazer anotações de pontos importantes;
•Conhecer as principais técnicas de seleção para utilizar as mais adequadas para cada
vaga trabalhada.
É necessário também ter um bom conhecimento de todos os processos de gestão de
pessoas realizados pela empresa, da cultura e dos objetivos organizacionais. O
selecionador não pode esquecer que deverá buscar pessoas que possam ajudar a
empresa no alcance de seus objetivos.
Outra característica do perfil do selecionador é que ele precisa aprender a se observar, a
prestar atenção não apenas no candidato, mas em si mesmo. Ele precisa atentar-se para
sua linguagem verbal e manter-se sempre observando sua linguagem não verbal, para
que mensagens indevidas não sejam passadas aos candidatos, prejudicando o processo
seletivo.
Por fim, conforme o Connekt (2019), o selecionador deve ter um perfil com pelo menos
seis características, apresentadas na Figura 20:
Como acontece no mercado
Ao entrarmos no site da Catho e buscarmos por vagas na área de recrutamento e
seleção, podemos observar diversas das características destacadas na Figura 20 sendo
exigidas pelas empresas. Transcreveremos alguns perfis buscados na área de
recrutamento e seleção, para que observe o perfil desejado.
•Vaga: Consultor de recrutamento e seleção
Perfil e atividades: Triar, agendar e entrevistar candidatos para vagas operacionais,
técnicas e complexas. Superior completo em psicologia ou correlatas. Experiência com
vagas de volume. Experiência com vagas técnicas e complexas. Experiência anterior na
função. Conhecimentos em ferramentas de seleção.
•Vaga: Consultor de recrutamento e seleção
Perfil e atividades: Estuda perfis, planeja, organiza e analisa os melhores meios de
divulgação e captação de currículos, de acordo com a estratégia definida e perfil das
vagas. Visita e seleciona candidatos nos vários meios de busca, tais como job boards,
redes sociais e demais meios eletrônicos. Entra em contato telefônico com candidatos,
recruta e seleciona profissionais. Desenvolve dinâmicas de grupo. Trabalha
internamente ou externamente. Faz programas de integração de equipes, interno ou no
cliente, processos ou projetos determinados pela gestão.
•Vaga: Consultor de recrutamento e seleção
Perfil e atividades: Triagem dos candidatos, condução de entrevistas, verificação de
agenda do gestor. Encaminhamento de candidatos para admissão para a equipe
administrativa. Vivência com condução de processos seletivos de volume será
considerada diferencial.
Dica profissional
Para atuar como um profissional na área de recrutamento e seleção, você precisa
observar as características de perfil requeridas e estudadas aqui nesse conceito, além de
conhecer as técnicas de RH, é essencial conhecer a empresa e sua cultura. Busque ainda
acompanhar os anúncios de vagas na área e observe o perfil que estão buscando. E,
claro, conhecer as tecnologias que estão sendo usadas nos processos de seleção irá lhe
ajudar muito, pois cada vez mais os processos de seleção são otimizados por meio de
tecnologias.
Conceito 4 O QUE VOCÊ SABE SOBRE ERROS DO SELECIONADOR
DE PESSOAS?
Importante saber
Você já ouviu falar de erros cometidos pelo selecionador de pessoas? Sabia que se o
selecionador de pessoas não se policiar e se vigiar em relação a seus filtros perceptivos (sua
forma de ver o mundo) ele pode fazer julgamentos errados sobre o candidato? Pois bem, o
selecionador de pessoas precisa estar atento ao seu próprio comportamento, para que seus
erros não levem a escolhas erradas no processo de seleção de pessoas. Vamos nos aprofundar
um pouco nessa discussão
Observação
Para começar, vamos pensar sobre a primeira fase da seleção. Uma vez que já se tenha em mãos
a descrição do cargo, caberá ao selecionador fazer uma análise e triagem de currículos. Essa fase
geralmente é mais técnica, onde se avalia especialmente a formação e experiência do candidato
com as exigências do perfil do cargo. Nessa fase, os riscos de erros por parte do selecionador são
mais difíceis.
No entanto, ao se chegar nas fases seguintes, principalmente nas que envolvem entrevista, não
podemos desconsiderar que haverá uma grande carga subjetiva do selecionador. Essa
subjetividade, conforme Lotz e Burda (2015), passa pelas “lentes” que o selecionador utiliza para
entender o mundo, e que podem induzi-lo a equívocos na construção do perfil do candidato.
Cada pessoa interpreta as informações de acordo com seu patrimônio de referência – também
conhecido como modelo mental – que é único, por ser formado de experiências, crenças, valores,
além do estado emocional. Assim, esses elementos determinam a maneira como o homem
interpreta o mundo à sua volta e o significado daquilo que lhe acontece. O modelo mental funciona
como um filtro para captar a realidade, mas nem sempre a realidade captada é o que acontece de
fato (LOTZ, BURDA, 2015).
O selecionador precisa estar atento às “lentes” que usa para fazer as avaliações dos candidatos,
para que ele não faça avaliações distorcidas, que podem causar equívocos no processo seletivo.
Na Figura 21 podemos observar as principais distorções perceptivas por parte do selecionador.
Observamos ainda que os entrevistadores registram as primeiras impressões no início da
entrevista (primeiros 3 a 5 minutos) e geralmente essas impressões não se modificam no decorrer
da mesma. E conforme Lotz e Burda (2015) é preciso que o selecionador se policie, para que não
defina a entrevista nos primeiros minutos e que procure no candidato as características
adequadas à vaga e não o candidato cujos valores se afinam com os dele.
Muitos selecionadores não se atentam para a linguagem não verbal que emitem, seja de
aprovação ou reprovação quanto às falas do candidato, ou fazem uma leitura superficial do corpo
do candidato e buscam conclusões precipitadas e superficiais. O selecionador precisa saber que a
leitura corporal deve ser feita de forma científica, profunda e considerando um conjunto de fatores,
e não de forma superficial.
Outro erro que costuma ocorrer é quanto às formas de falar e ao tom de voz do selecionador, que
muitas vezes utiliza linguagem exageradamente formal, que inibe o candidato, ou tom de voz
agressivo, ou ainda pouco motivador para o candidato.
Conforme Ivancevich (2011), há um potencial de tendenciosidade nas entrevistas, uma vez que
dependem muito do julgamento pessoal. Uma das alternativas para suprimir essa situação é a
realização de programas de treinamento para entrevistadores. Esses treinamentos podem eliminar
uma lista de erros cometidos em entrevistas, dentre diversos, citamos alguns:
•Fala excessiva do entrevistador, que limita as informações que o candidato poderia ter da
empresa;
•Incoerência das perguntas feitas a cada candidato, o que resulta em informações diferentes de
cada candidato;
•Perguntas não relacionadas ou pouco relacionadas ao desempenho no trabalho;
•Incapacidade de deixar o candidato à vontade durante a entrevista;
•Excesso de confiança na sua própria avaliação, o que provoca decisões precipitadas.
No treinamento para entrevistadores se aprende como manter um tom de voz adequado, como
preparar perguntas, como registrar as respostas e, até certa medida, como escapar das
distorções perceptivas indicadas na Figura 21.
Como acontece no mercado
Na prática, as empresas têm buscado selecionadores de pessoas que estejam
preparados para conduzir os processos de forma adequada e sem distorções perceptivas.
Para isso, buscam pessoas com experiência e muitas empresas têm oferecido
treinamento para entrevistadores. Muitas dessas empresas oferecem treinamento on-line,
como a empresa “Sympla” e “Xerpa”, dentre outras.
Dica profissional
Como profissional de RH que irá atuar como selecionador, recomendamos que esteja
preparado para realizar todo o processo. Por isso, invista na leitura de materiais sobre
seleção e entrevistas. Se aprofunde na linguagem corporal, para que não cometa
equívocos por causa de uma leitura superficial e, claro, você poderá fazer um curso de
entrevistador, há diversas empresas que oferecem.
Importante saber
Você já parou para pensar quais as competências mais buscadas pelas empresas? Por que se
fala tanto em competências? As competências ou os talentos humanos são um dos fatores que
ajudam no sucesso da empresa, tornando possível um diferencial de mercado.
Hamel e Prahalad, em seu livro Competindo pelo futuro, colocam as competências essenciais
como elemento-base para a sobrevivência das empresas no mundo atual. Eles afirmam que o
desafio básico na competição pelo futuro é o desenvolvimento de competências que abram as
portas para as oportunidades do amanhã, bem como a descoberta de novas aplicações para as
competências atuais (GRAMIGNA, 2007).
Apesar do livro ter sido publicado em 2005, até hoje o comentário dos autores permanece atual!
Vamos nos aprofundar um pouco mais sobre essas competências a seguir.
Observação
A busca pela competência essencial deve ser acompanhada pelo investimento naquelas que
constituem a base interna dos processos empresariais – esse processo inicia no desenho do
cargo, lembra?
É importante definir um número ótimo de competências com o qual se quer trabalhar, pois isso
permite a unificação de linguagem e facilita a identificação de perfis desejados pelas empresas.
Há uma infinidade de competências que as empresas podem buscar no perfil dos candidatos.
Podemos citar, de forma mais geral, algumas das mais recorrentes em processos seletivos de
diversas organizações:
•Capacidade empreendedora;
•Inteligência emocional;
•Capacidade de trabalhar sobre pressão;
•Comunicação;
•Criatividade;
•Cultura da qualidade;
•Dinamismo e iniciativa;
•Flexibilidade;
•Liderança;
•Motivação;
•Organização;
•Relacionamento interpessoal.
As empresas não definem apenas as competências, elas pensam também nas atitudes.
Citamos como exemplo de atitudes: sensibilidade interpessoal, disponibilidade para ouvir,
interesse e curiosidade, integridade e bom senso, honestidade e ética, adaptabilidade e outras.
A atitude está ligada à proatividade do candidato. É o saber fazer acontecer sem que alguém
tenha de ordenar. A atitude é capaz de determinar o nível de confiança entre as pessoas, o nível
de comprometimento com objetivos e metas organizacionais, o clima de trabalho e,
consequentemente, os resultados das entregas.
Cada cargo exige conhecimentos específicos que são essenciais. O conhecimento está
diretamente ligado ao domínio de determinado assunto, de algo que seja importante ao
profissional e à organização. É o saber, que engloba know-how, informação, atualização
profissional, reciclagem constante.
Os processos de comunicação, decisões, organização, controle de resultados, planejamento e
negociação, por exemplo, estão diretamente relacionados ao nível conhecimento. Esse é um
indicador que pode elevar o desempenho do profissional.
O conhecimento é um indicador de competências que ajuda a lidar com o paradoxo da fortaleza
e da flexibilidade - quanto mais conhecimento colocamos em nossa bagagem, mais nos
tornamos fortes e nos permitimos ser flexíveis para enfrentar as mudanças e rupturas que
surgem em micro intervalos nunca antes pensados (GRAMIGNA, 2007).
Os cargos exigem diferentes tipos de habilidades que precisam ser demonstradas na prática.
Habilidade para efetivar resultados a partir dos conhecimentos que tem. É o saber fazer. Trata-
se de colocar em prática os conhecimentos teóricos adquiridos em cursos, aulas e leituras, por
exemplo.
Você percebeu que falamos do famoso CHA? Conhecimento, habilidade e atitudes. E além de
falar do CHA, elencamos seus elementos mais buscados pelas empresas na atualidade. Agora
veja que a junção dessas competências forma o R – resultado. Logo, o CHA torna-se CHAR.
Dica profissional
O profissional de gestão de pessoas precisa ficar atento quanto à definição correta do que vem
a ser o CHA. Precisa dominar a definição e fazer uma correta leitura de candidatos potenciais
ao cargo. Lembre-se de que o CHA é que vai gerar resultados na empresa.
Reflexão Crítica
Você estudou sobre as técnicas utilizadas nos processos seletivos e sobre o perfil do
selecionador de pessoas, bem como os principais erros que costumam ser cometidos por estes.
Considerando esses estudos, e indo além dos treinamentos de entrevistador, como o
selecionador pode resolver o problema das percepções distorcidas sobre os candidatos?