Universidade Federal da Integração Latino-americana
Introdução aos Estudos da Linguagem – 2020.6
Docente: Marileia Silva dos Reis
Acadêmica: Diane da Silva Rosa Data: 07/04/2021
LIVRO: “A HISTÓRIA CONCISA DA LINGUÍSTICA”
RESUMO DO CAPÍTULO 4 – A LINGUÍSTICA DO SÉCULO XX.
INTRODUÇÃO
A reconstrução interna da linguística passou a ser desenvolvida no século
XX com os estudos estruturalistas que vem ser tratada no último capítulo do livro “História concisa da Linguística”. A linguística no século XX foi iniciada com Fernand de Saussure e com os americanos Boas, Sapir e Bloomfield tratando dos estudos de Chomsky com a gramática gerativa transformacional e também as reações a ela. Abordando as teorias da escola de Praga e do Funcionalismo, bem como o estudo acerca da pragmática e uma breve menção ao pensamento de Bakhtin, a autora evidencia o encadeamento dos estudos da linguagem abordando vários ramos que se filiaram a todos os estudos e teorias ao longo dos séculos.
A LINGUÍSTICA DO SÉCULO XX
Os estudos linguísticos do século XX adotaram uma orientação diferente
com relação ao foco e ao objeto de estudo da linguística. A ênfase da linguística da época estava sobre o estudo da linguagem em si mesma e sua natureza sociocultural, diferentemente do que defendiam os gramáticos comparativistas, que relacionavam a linguística à descrição histórica da língua. Durante as primeiras décadas do século XX, as abordagens linguísticas estiveram fundamentadas no estruturalismo, cujas principais referências foram Ferdinand de Saussure, na Europa, e Leonard Bloomfield, nos Estados Unidos. Em relação ao estruturalismo europeu, considera-se Ferdinand de Saussure o pai do estruturalismo linguístico na Europa, ainda que implicitamente. As ideias estruturalistas de Saussure, tornaram-se referência nos estudos da linguística logo na primeira metade do século XX. O modelo estruturalista, conforme exposto nas teorias saussurianas, fundamenta-se na concepção da linguagem como um sistema complexo de signos que estão interrelacionados estruturalmente. Esse sistema compõe, principalmente, o objeto de estudo determinante do modelo saussuriano. Saussure estabeleceu um conjunto de elucidações acerca da natureza da linguagem, que se resumem nos seguintes aspectos: a) a distinção entre “langue” (língua), que nada mais é do que um sistema de signos que existe de forma consciente em todos os integrantes de uma comunidade linguística, e “parole” (fala), que é definida como a execução individual da língua num determinado lugar e momento por cada membro dessa comunidade; b) a signo linguístico sendo considerado elemento fundamental na comunidade humana, com a combinação de um significante e um significado, cuja relação arbitrária se define em termos sintagmáticos ou paradigmáticos; e c) a diferenciação entre o estudo sincrônico da língua, ou seja, a definição estrutural da língua em um determinado momento, e o estudo diacrônico, que é a definição do desenvolvimento histórico da língua, levando em conta os seus estágios sincrônicos. Saussure considerou o estudo sincrônico como prioridade, pois permitia revelar a estrutura essencial da linguagem: A língua é um sistema em que todas as partes podem e devem ser consideradas em sua sincronia mútua. Através das ideias inovadoras de Saussure, os estudiosos da linguística estabeleceram o ponto de partida para elaborar novos métodos e teorias. Foi em 1926, com essa ideia de desenvolver novos fundamentos linguísticos que surgiu a chamada Escola de Praga, formada por alguns linguistas russos como Nikolai Trubetskoi, Serguei Karcevski e Roman Jakobson. Em 1928, no primeiro congresso internacional de Linguistas em Haia, os membros da Escola de Praga determinaram a importância do estudo da fonologia no sistema linguístico. Com base nas diferenciações feitas por Saussure sobre língua/fala e sincronia/diacronia, os estudiosos da escola de Praga afirmaram a necessidade de se identificar as peculiaridades da fonologia e da fonética. Segundo esse pensamento Pragueano, a fonologia estuda os fonemas, que nada mais são do que as funções linguísticas dos sons, enquanto a fonética se interessa com a produção e as características dos sons da fala. A Escola de Praga também foi responsável pela consideração do fonema como unidade mínima do significante que está no sistema da língua, bem como pela conceituação de traços relacionados, característicos ou funcionais dos fonemas. O estruturalismo nos Estados Unidos teve seu surgimento condicionado pelo estudo analítico das centenas de línguas indígenas que ali eram disseminadas no final do século XIX. A urgência na busca de metodologias apropriadas para a análise dessas línguas, que em grande parte eram incógnitas ágrafas (línguas faladas e não escritas), resultou num estudo antropológico e etnológico desses princípios linguísticos. Os estudiosos aspiravam a recuperação das civilizações antigas, as quais detinham sistemas linguísticos que consideravam o contexto social e cultural em que essas estruturas linguísticas haviam surgido. Dentro desse entendimento, sobressaíram-se os trabalhos de Franz Boas e de seu pupilo Edward Sapir, Leonard Bloomfield que em seu livro “Linguagem” (1921) evidenciou, assim como Saussure, o caráter da linguagem como modelo geral e alinhou o rumo da linguística estrutural americana, sendo considerado como principal pensador e linguista do modelo estrutural americano. A publicação do livro de Bloomfield, “Linguagem”, marcou o início de um novo período na linguística e estimulou os estudos da escola distribucionalista, também chamada “neobloomfieldiana”, que surgiu depois dele. Focando no estudo científico da linguagem, Bloomfield assumiu um enfoque behaviorista sua pesquisa linguística e trouxe a definição da linguagem em termos de respostas a estímulos. Bloomfield também afastou de suas alegações, quase que de maneira completa, menções à significação ou à semântica. O estruturalismo de Bloomfield concentrava-se no estudo da morfologia e da sintaxe: partindo da frase como unidade máxima que se pode analisar, empregava métodos de decomposição de seus elementos constituintes estruturais, até chegar ao morfema, considerando-o como unidade mínima indivisível. Essa metodologia analítica e descritiva foi o principal objeto de estudo dos distribucionalistas ou “neobloomfieldianos”. No que tange ao Gerativismo, a publicação do livro “Estruturas sintáticas” (1957), do americano Noam Chomsky, trouxe uma nova perspectiva aos estudos linguísticos modernos. Chomsky ia contra as teorias do distribucionalismo e do behaviorismo em que se pautava, evidenciando o que deveria ser, em sua opinião, o maior objetivo da linguística: a construção de uma gramática capaz de gerar todas as frases de um idioma, por meio de um número finito de regras, da mesma maneira que um falante consegue gerar um número infinito de frases em sua língua, mesmo que não as tenha ouvido ou pronunciado. Chomsky afirmava que tais regras, não eram leis da natureza. Foram estabelecidas pela mente durante a obtenção do conhecimento e podem ser consideradas como princípios universais da linguagem. Ao linguista, cabia a tarefa de edificar essa gramática, a partir do que Chomsky determinou como "competência", sendo o conhecimento que o falante detém de sua língua e que lhe possibilita gerar mensagens e compreendê-las, e não a partir do "desempenho", que é o emprego concreto que o falante faz de sua língua. Para Chomsky, as regras gramaticais que permitissem gerar orações inteligíveis num idioma seriam designadas como gramática gerativa. Em suas definições sobre a gramática gerativa, Chomsky distinguiu três elementos: o sintático, com função geradora; o fonológico, com a imagem acústica da estrutura concebida pelo elemento sintático; e o semântico, que faz a interpretação dessa imagem. Em oposição à gramática estrutural dos neobloomfieldianos, Chomsky analisou as orações em dois níveis estruturais. Essas definições fundamentam a razão do termo gramática gerativo- transformacional e basearam grande parte das pesquisas linguísticas realizadas depois de Noam Chomsky. Segundo a gramática gerativa-transformacional, todas as línguas dispõem de uma estrutura aparente que caracteriza o modo em que aparece a oração, e outra estrutura latente, que termina a substância semântica da oração e constrói a base do corpus gramatical que o falante de uma língua possui. Por meio de uma quantidade limitada de regras de transformação, o falante pode criar um número infinito de orações superficiais. As ideias gerativas de Chomsky foram o ponto de partida para renovar radicalmente a linguística e abriram caminho para que esse estudo pudesse ser aplicado também a diversas disciplinas do saber humano, como a sociologia e a psicologia. A psicolinguística tornou-se uma das principais áreas de aplicação da gramática gerativo-transformacional, especialmente no que tange à competência-desempenho. Sua terminologia surgiu em 1940 e fora definido como o estudo de fatos da linguagem apreciados sob o ponto de vista psicológico, essencialmente no que se refere à obtenção da linguagem, à compreensão da fala e aos distúrbios patológicos, como por exemplo a perda da fala, denominada afasia. Ainda que as teorias de Chomsky tenham influenciado praticamente todas as escolas linguísticas posteriores a definirem suas posições com relação às concepções do linguista americano, outras abordagens linguísticas com enfoques completamente opostos continuaram surgindo. Um exemplo disso é a gramática estratificacional, teoria desenvolvida pelo americano Sidney Lamb, que reformulou elementos do modelo estruturalista de Bloomfield ao conceituar a estrutura linguística como uma teia de conexões, mais do que como um sistema regrado. O distribucionalismo e a escola de Praga também influenciaram movimentos como o estudo tagmêmico, considerando que a posição dos elementos define a gramática de uma língua ou a chamada gramática de casos.
CONCLUSÃO
A linguística representa hoje um campo aberto e em contínua renovação,
cujos estudos, a partir de perspectivas diferentes, contribuem para a construção de modelos cada vez mais amplos que considerem os elementos constituintes do fenômeno linguístico. Os estudos acerca do Estruturalismo e do Gerativismo são de extrema importância para o desenvolvimento de novas pesquisas baseadas nas ideias de Saussure, Bloomfield e Chomsky. Este resumo fez-se necessário para entender esses conceitos e superá-los através do amadurecimento dessas teorias e suas aplicações práticas dos estudos linguísticos já existentes.