Suno Relatorio Drops MGLU3 Atualizado (24.02)

Você também pode gostar

Você está na página 1de 25

Publicado

Atualizadoem
em18.10.2019
24.02.2021

1
O Magazine Luiza é uma empresa listada no Novo Mercado sob o código
MGLU3, com atuação no comércio varejista por meio de lojas físicas, lojas
virtuais e e-commerce. A companhia também oferece produtos e serviços
financeiros complementares ao seu segmento, como crédito ao
consumidor, seguros e consórcios.

Atualmente, possui mais de 1.100 lojas físicas em 18 estados brasileiros,


um site de comercialização de produtos e 17 centros de distribuição. A
história da empresa tem início em 1957, na cidade de Franca, interior de
São Paulo, quando Luiza Trajano Donato e seu marido Pelegrino José
Donato vendiam os primeiros aparelhos televisores em cor pela região.

Em 1991, Luiza Helena Trajano, sobrinha da fundadora, assume a liderança


da organização e, partir de então, a empresa ajudou a levar produtos,
como máquinas de lavar roupas, a milhares de lares brasileiros. Com a nova
gestão, a companhia iniciou um forte ciclo de expansão geográfica, além de
ter criado as primeiras lojas virtuais, em 1992. Essa estratégia demonstra o
forte impulso inovador que guiou a empresa ao longo de décadas.

Anos depois, já sendo uma das empresas varejistas com maior


representação no mercado brasileiro no setor de móveis e
eletrodomésticos, em 2011, o Magazine Luiza, decide fazer o seu IPO
(Initial Public Offering – Oferta Inicial de Ações).

2
A partir de então, a empresa inicia um novo ciclo de expansão, com a
aquisição de nove centros de distribuição, que passam a oferecer entregas
mais rápidas e com menor custo de frete. Dessa forma, a partir de 2015, o
Magazine Luiza passou a adotar uma estratégia de transformação que, de
acordo com a empresa, duraria cerca de 5 anos.

A estratégia está fundamentada no foco em e-commerce, além da


transformação das lojas físicas, de maneira que as operações ganhem
velocidade, eficiência e melhoria na experiência de compra dos clientes.

O Magazine Luiza é uma companhia que possui um grupo controlador bem


definido. Essa configuração não atrapalha necessariamente o desempenho
de uma empresa. Apenas no Brasil, temos vários casos de empresas
familiares de sucesso. Na realidade, a gestão do Magazine Luiza tem
demonstrado ser capaz de dirigi-la com uma eficiência extraordinária.

Tesouraria Composição acionária (%)


1%

Controladores
Free Float
41% Free Float
Controladores
58% Tesouraria

Fonte: ri.magazineluiza.com.br / Suno Research

3
A companhia tem 6.498.926.848 ações ordinárias, das quais 58% estão nas
mãos dos controladores e 41% em livre circulação. Aproximadamente 1%
se encontra em Tesouraria.

Quando Frederico Trajano, filho de Luiza Trajano, assumiu o cargo de CEO,


em 2016, o varejo de eletrodomésticos era um dos setores mais afetados
pela recessão do país. A estratégia proposta pelo novo executivo foi de
transformar uma empresa tradicional com área digital em uma plataforma
digital com pontos físicos, movimento semelhante ao caminho traçado por
grandes varejistas americanas. O foco dele está definido em cinco pilares:

▪ Inclusão digital.
▪ Multicanalidade.
▪ Transformação da loja física.
▪ Marketplace.
▪ Cultura digital.

Diferentemente do que se pensava há alguns anos, a loja física possui um


papel fundamental para o sucesso de um e-commerce. Entretanto, na visão
de Trajano, é preciso digitalizar as lojas visando transformá-las em pontos
de experiência e distribuição.

Além disso, o grande diferencial da empresa, até o momento, é a


capacidade de o cliente adquirir um produto no site e retirá-lo em uma loja
em apenas dois dias.

4
Desse modo, acreditamos no direcionamento traçado pela companhia,
principalmente pelo fato da estratégia ter sido utilizada com êxito em
diversos países por outros varejistas.

O modelo de negócios da empresa está fundamentado na multicanalidade,


ou seja, o Magazine Luiza oferece aos seus clientes uma plataforma de
vendas baseada em seis formatos: lojas física, lojas virtuais, televendas,
plataforma e-commerce, Magazine Você e vendas corporativas.

Ao contrário de muitos concorrentes, a companhia utiliza esse leque


variado de canais para alavancar suas vendas de maneira a entregar o que
Jeff Bezos, CEO da Amazon, costuma chamar de “Os três pilares do varejo:
preço de venda baixo, rapidez de entrega e variabilidade de produtos”.

Grande parte do sucesso da empresa é fruto de sua estratégia vencedora


no e-commerce: cerca de 66% do total de suas vendas provém desse meio.
A proporção vem crescendo, tendo em vista que a pandemia acelerou esse
processo.

Esse canal de vendas no Brasil ainda tem uma longa via de consolidação,
pois grande parte do varejo ainda é apenas físico, e não omnichannel.
Como podemos observar no seguinte gráfico, o e-commerce brasileiro tem
crescido ano após ano – e aumentou de maneira relevante em virtude da
pandemia.

5
Uma das pioneiras no foco do e-commerce no Brasil, o Magazine Luiza
logrou êxito em se aproveitar desse crescimento, consolidando-se nesse
mercado.

Há poucos anos, seu principal concorrente (a Via Varejo) criou um modelo


de negócios conflitante, no qual a precificação e operação do modelo de
negócios online, através da Ponto Frio, canibalizava (e não alavancava) as
vendas nos negócios de lojas físicas, por meio das Casas Bahia.

No movimento contrário, o Magazine Luiza acelerou, nos últimos anos, a


integração dos seus canais e se tornou pioneiro no conceito omnichannel,
modelo que integra as lojas físicas e os canais online do e-commerce.

6
Hoje, a empresa goza de um rápido crescimento de market share. Observe
a seguir o crescimento das vendas nos mais variados canais.

Fonte: ri.magazineluiza.com.br

Observamos que, apesar de a pandemia ter impactado fortemente as


vendas nas lojas físicas devido ao fechamento dessas, o volume de vendas
nos estabelecimentos físicos caiu apenas marginalmente, o que evidencia a
capacidade da Magalu de atravessar as adversidades.

Em outras palavras, podemos dizer que, embora muitos varejistas tenham


visto seu faturamento cair mais de 50% (alguns em torno de 80%), a perda
da Magalu nas lojas físicas foi apenas marginal, de apenas -6,3%, o que
mostra sua resiliência e qualidade.

A empresa também veio trabalhando para que os lojistas do marketplace


passassem a utilizar os serviços de seus centros de distribuição e lojas.

A companhia já conta com 240 unidades que oferecem a possibilidade de


retirada de produtos de sellers, com cerca de 30% de suas vendas já

7
entregues por seu braço logístico – e com 1.200 dos 40.000 sellers no
modelo crossdocking, sistema de distribuição no qual o produto comprado
é despachado para um centro de distribuição onde a mercadoria é
expedida ao consumidor final de forma imediata, com redistribuição
rápida.

A estratégia dos sellers funciona como se o Magazine Luiza fosse um


intermediador, vendendo produtos de terceiros, o que é interessante
porque a empresa não aplica tanto capital e reduz o próprio estoque.

De acordo com a companhia, essa estratégia une a praticidade de uma


venda online com o bom atendimento e o calor humano oferecidos por um
vendedor de loja física.

Além disso, as próprias lojas físicas da companhia estão se transformando


em centrais de distribuição, o que garante maior velocidade no prazo de
entrega dos produtos.

“Por ironia do destino, as lojas físicas, cuja viabilidade foi


duramente questionada num passado recente, estão sendo o
fiel da balança para as operações digitais na função de aliar
crescimento e rentabilidade”, justificou-se a estratégia no
relatório anual da empresa em 2017.

Outra estratégia importante adotada pela companhia foi a aquisição da


Logbee, em 2018.

8
A Logbee é uma plataforma que liga entregadores autônomos às empresas
que precisam fazer entregas. A aquisição da empresa logística foi um
marco importante na história da Magalu, pois possibilitou que a companhia
melhorasse a experiência do usuário, efetuando a entrega das encomendas
de maneira mais ágil, além de otimizar sua logística.

Enquanto a Logbee representava entre 0,1% e 0,2% das entregas do


Magazine Luiza em 2018, em 2020, mais de 50% das entregas leves foram
realizadas pela empresa logística. Como resultado, o Magazine Luiza se
tornou uma das varejistas com menor dependência dos Correios, o que
diminui os riscos de atraso nas entregas, portanto melhora
significativamente a experiência do usuário.

Como podemos observar na seguinte imagem, a Logbee vem se


expandindo para todo o Brasil, o que traz inúmeros benefícios à Magalu,
como diminuição de custos logísticos, maior velocidade nas entregas e
sinergias operacionais.

Fonte: ri.magazineluiza.com.br

9
Adicionalmente, a companhia ainda tem a Luizacred, que já é uma das
maiores financeiras do Brasil e atua dentro das lojas do Magazine Luiza.
Fruto de uma joint venture (50/50) com o Itaú Unibanco, desde 2001 ela é
um instrumento importante no processo de fidelização da base de clientes,
no desempenho das vendas e na rentabilidade da Magalu.

A Luizacred oferece produtos como o Cartão Luiza (cartão de crédito),


empréstimos pessoais, crédito consignado, entre outros serviços. Dessa
maneira, fornecendo crédito aos clientes, além de ganhos com juros, o
Magazine Luiza aumenta a quantidade de vezes que esses mesmos clientes
compram produtos em suas lojas, o que é muito importante nesse
segmento.

Como podemos ver, a companhia é uma empresa integrada e dispõe de


seus segmentos logístico e de crédito, que impulsionam e melhoram a
rentabilidade de suas vendas. Isso faz do Magazine Luiza uma das varejistas
mais importantes do Brasil.

Como consequência, todas essas iniciativas geraram, nos últimos quatro


anos, uma expressiva diluição das despesas operacionais, um forte
crescimento do Ebitda e do Lucro Líquido, além de expressiva geração de
caixa operacional.

10
Embora atue em um setor extremamente competitivo e sem diferenciação,
o Magazine Luiza vem se destacando em relação aos demais competidores
por ser uma varejista integrada, com canais omnichannel, contando com
uma financeira e uma empresa de logística.

Seu modelo de atuação é fortemente focado em seu canal e-commerce, e


o Magazine Luiza tem conseguido alavancar suas vendas por meio de uma
crescente (e exponencial) oferta de produtos em seu marketplace.

Fonte: ri.magazineluiza.com.br / Suno Research

Por sair na frente dos competidores, o Magazine Luiza conseguiu construir


uma plataforma digital relevante, que pode ser considerada uma das
maiores do mercado.

11
Essa capacidade de unir uma grande variabilidade de produtos, rápida
entrega (35% das entregas totais passaram a ser realizadas em até 24
horas, com forte tendência de evolução) e um omnichannel funcional, faz
com que a empresa ganhe uma fatia cada vez maior do mercado.

Com relação ao omnichannel, o Magazine Luiza tem aproveitado sua vasta


rede de lojas físicas de forma inteligente e eficiente. As lojas da companhia
não são simplesmente pontos de vendas.

Elas funcionam como centros de distribuição que se integram aos canais


digitais. Com isso, permite-se acelerar ainda mais a capacidade de entrega
em todo território nacional, otimizando a experiência do consumidor e o
processo logístico.

Assim como a Amazon, o Magazine Luiza pretende estender o seu portfólio


de produtos para além dos bens duráveis, entregando categorias como
roupas, calçados, produtos de higiene, comida, vinhos, material de
construção e uma infinidade de outros segmentos.

Isso só é possível graças ao ganho de escala do seu marketplace. Quanto


maior o número de visitas, maior o poder de atração perante novos
parceiros de negócios, o que se torna um círculo virtuoso de crescimento.

As consequências são visíveis nos ganhos de market share, saindo de um


patamar de 6% em 2016 e escalando de forma constante para 26,4%
(número divulgado no 3T20).

12
Adicionalmente, como forma de treinar seus sellers e melhorar a
experiência tanto dos vendedores como dos compradores, a companhia
adquiriu a ComSchool, empresa com foco na qualificação de vendedores
do e-commerce.

Desde sua fundação, a ComSchool já capacitou mais de 85 mil pessoas, e a


tendência é de que esse número continue aumentando, à medida que os
sellers da Magalu precisem de aperfeiçoamento.

Vale destacar que a estratégia do Magazine Luiza é trazer cada vez mais
sellers, oriundos de seu principal concorrente – o Mercado Livre –, e
aproveitando sua expertise no setor, além da logística integrada.

Em geral, para se ter sucesso no setor de varejo, é necessário estar muitos


passos à frente da concorrência de modo que se consiga entregar um
serviço mais inovador, barato e de qualidade aos clientes. Em síntese,
dizemos que esse é um setor intensivo em gestão.

São inúmeros passos a serem observados por um varejista de sucesso.


Alguns deles são fáceis de identificar, como trabalhar na fidelização dos
clientes, montar uma estrutura logística rápida e eficaz, oferecer preços
competitivos e manter uma boa rotatividade de volumes de vendas.

13
Nesse sentido, o Magazine Luiza conseguiu, com sucesso, reunir todos
esses fatores de maneira muito rápida. Um desses aceleradores foi a
implantação do CPRF (Planejamento Colaborativo, Previsão e
Reabastecimento), ferramenta semelhante à utilizada pelas lojas Renner.

Esse método é utilizado por grandes corporações e busca promover a


integração com o fornecedor para que as previsões de demanda sejam
mais adequadas à realidade. Assim, evitam-se estoques excedentes e,
consequentemente, um maior consumo de capital de giro.

Vale lembrar que o capital de giro é o capital de trabalho, ou seja, é o recurso


financeiro necessário para dar continuidade ao pleno funcionamento de
uma empresa. Desse modo, em 2014, antes de a companhia implantar toda
a sua reestruturação estratégica, o Lucro Líquido foi de R$ 128,6 milhões.

Por outro lado, em 2015, com maiores despesas financeiras e uma forte crise
que atingiu todo o setor, a empresa registrou prejuízo de R$ 65,6 milhões.

Além disso, o Ebitda (indicador que representa o lucro da empresa antes de


juros, impostos, depreciação e amortização) atingiu R$ 464 milhões, uma
queda de 23% em relação a 2014, mas que demonstrava que a empresa
vinha gerando lucro operacional.

Curiosamente, nessa época, a empresa foi negociada a menos de 3 vezes o


Ebitda, sendo um período atrativo para adquirir suas ações. Inclusive,
quem adquiriu as ações naquele momento, apostando no sucesso da

14
reestruturação que viria a ser adotada pela gestão, fez uma excelente
escolha. Desde então, os papéis se multiplicaram por mais de 100 vezes.

Preço da Ação

Fonte: Economatica / Suno Research

Apesar das dificuldades operacionais observadas até 2015, a companhia


começou a reagir em 2016: seu resultado líquido foi de R$ 389 milhões já
em 2017. Na imagem a seguir, observamos o histórico do Lucro Líquido.

Lucro Líquido

Fonte: Economatica / Suno Research

15
A partir de 2016, o ROE da empresa também acompanhou o bom resultado
do seu Lucro Líquido. Esse indicador mede a rentabilidade da empresa, ou
seja, a relação entre o Lucro Líquido e o patrimônio líquido da companhia.

ROE

Fonte: Economatica / Suno Research

Podemos destacar também a relação P/VP (Preço/Valor Patrimonial), que


acompanhou a tendência de crescimento verificada a partir de 2016.

Essa relação é muito importante dentro da análise fundamentalista de


investimentos, pois representa (em síntese) o quanto o mercado está
disposto a pagar, naquele momento, pelo patrimônio líquido da empresa.

16
P/VP

Fonte: Economatica / Suno Research

Outro ponto que merece destaque é a solidez de balanço. Como podemos


analisar na seguinte imagem, a empresa apresentou uma posição de caixa
líquido ajustado (considerando as contas a receber) de R$ 5,2 bilhões ao
fim do 3T20, o que concede à Magalu uma importante capacidade
financeira para adquirir empresas estratégicas nesse período turbulento.

Fonte: ri.magazineluiza.com.br

17
Também é possível observar que a companhia tem mais caixa do que
dívidas, com um excesso de caixa no valor de R$ 1,6 bilhão registrado no
terceiro trimestre de 2020.

Em uma teleconferência de 2020, a gestão foi questionada se a companhia


teria planos de utilizar o excedente de caixa em eventuais aquisições ou
investimentos orgânicos mais relevantes. A resposta dada por Frederico
Trajano, CEO da empresa, foi a seguinte:

“É muito amplo o espectro [de alvos de aquisição] quando se tem


visão tão abrangente quanto a nossa. Não é qualquer peça que se
encaixa no quebra-cabeça, mas podemos comprar todo tipo de
empresa. Não se surpreendam. (...) Em toda a crise tem uma seleção
natural. É oportunidade para quem tem operação redonda.”

Analisando o histórico da gestão, vemos que ela dispunha de uma vasta


expertise sobre fusões e aquisições, tendo realizado operações de sucesso,
como Netshoes, Estante Virtual e CanalTech.

Quando analisamos as vendas totais realizadas pelo Magazine Luiza nos


últimos anos, fica claro seu crescimento. Enquanto no terceiro trimestre de
2016 a companhia vendia cerca de R$ 2,6 bilhões, em 2020, mesmo com a
pandemia, ela movimentou R$ 12,3 bilhões em vendas nos seus canais.

18
Fonte: ri.magazineluiza.com.br

O Magazine Luiza se destacou como uma das maiores varejistas do país,


crescendo tanto nos canais digitais (e-commerce), com a elevação
exponencial de sellers nos seus canais de venda, como nas suas lojas físicas,
expandindo-as para novas regiões do Brasil.

A verdade é que a estratégia da Magalu se mostrou vencedora,


concentrando-se na criação de uma empresa integrada e contando com
logística e suporte aos sellers, bem como a formação desles.

Como resultado, a companhia viu seus resultados operacionais crescerem


ano após ano, passando de uma receita líquida de R$ 9,5 bilhões em 2016
para mais de R$ 19,8 bilhões em 2019.

19
Assim, dado o crescimento relevante de seu resultado operacional, as
ações se valorizaram consideravelmente, gerando muito valor aos seus
acionistas.

Além das empresas já citadas, como Logbee e ComSchool, o Magazine


Luiza vem fazendo aquisições importantes nos últimos anos – todas com o
objetivo de torná-la uma varejista integrada e líder de mercado.

Sem dúvidas, a aquisição da Netshoes, o maior player online de roupas,


calçados e artigos esportivos do país, realizada em 2019, merece destaque.
Após meses de disputa com a Centauro pela compra, o Magazine Luiza
confirmou a aquisição pelo preço de US$ 3,70 por ação, totalizando cerca
de US$ 115 milhões.

Embora o grupo SBF tenha feito uma proposta mais elevada, o Conselho de
Administração da Netshoes julgou que seria arriscado aceitar a proposta
devido à demora para o fechamento da aquisição e possíveis restrições
feita por parte do Cade.

Para o Magazine, a aquisição está em linha com a sua estratégia de


crescimento acelerado, tendo em vista a adição de novas categorias,
aumento da base de clientes e aumento da frequência de compra.

20
Além disso, acreditamos que a companhia tem muito mais capacidade e
experiência para aproveitar toda a base de clientes da Netshoes do que a
própria Centauro, que tem foco maior em lojas físicas e está em um estágio
menos avançado do desenvolvimento de seu omnichannel.

Ademais, a companhia entrou no mercado de publicidade digital com a


aquisição dos sites Canaltech e Inloco Media, focando em aumentar a
audiência e a eficácia da sua ferramenta de anúncios online – como fez a
Amazon. Por meio do Magalu Ads, os parceiros da empresa poderão expor
suas mercadorias no site e aplicativo do Magazine Luiza, Zattini e Netshoes.

Por fim, a Magalu adquiriu a AiQFome, plataforma de food delivery com


abrangência nacional, visando a reforçar a expansão dos serviços
oferecidos em seu superapp e aumentando a frequência de compra dos
clientes dentro do ecossistema da Magalu.

A AiQFome atende mais de 350 cidades no Brasil, principalmente as


pequenas e médias, movimentando cerca de R$ 700 milhões anualmente.

Como vemos, a companhia está buscando cada vez mais formas de fidelizar
e rentabilizar sua base de clientes, o que deve trazer bons resultados no
futuro – e consolidar o Magazine Luiza como uma das varejistas mais
importantes do país.

21
A seguir, listamos alguns dos principais fatores de risco relacionados à
empresa e à sua atividade.

▪ Risco referente à competição do setor: o segmento de varejo é bastante


competitivo. Geralmente, as empresas do setor apresentam margens
comprimidas e, frequentemente, precisam praticar grandes descontos para não
perder share. Tais fatores colocam essas empresas em situações de fragilidade,
sobretudo em períodos de desaceleração econômica, uma vez que não há muito
espaço para perda de margens. Além disso, dentro do segmento de e-commerce,
a concorrência vem crescendo em ritmo acelerado. Gigantes como a Amazon, que
já atua no Brasil através de uma plataforma de marketplace e é detentora de
importantes vantagens competitivas, podem acabar prejudicando o crescimento
do Magazine Luiza no longo prazo, implementando estratégias de crescimento.

▪ Riscos macroeconômicos: devido à ciclicidade do setor de varejo, seu


desempenho está ligado ao da economia e da atividade produtiva. Períodos de
recessão, aumento de desemprego, taxas de juros elevadas e inflação alta podem
prejudicar de forma severa este segmento, uma vez que reduzem o poder de
consumo. O Magazine Luiza pode acabar sendo prejudicado de forma relevante
em cenários recessivos. Como a empresa apresenta margens baixas, o que é
inerente sobretudo às companhias que atuam no varejo de eletrônicos e móveis,
o Magazine pode ser duramente afetado em cenários de adversidade econômica,
justamente por suas margens serem baixas. Em 2019, a margem Ebitda foi de
8,9% enquanto a margem líquida foi de 2,8%, demonstrando a fragilidade da
operação.

▪ Risco referente à dinâmica do setor varejista: a companhia compete, de forma


indireta, dentro do segmento, com inúmeras outras companhias varejistas em
relação a promoções, preços, experiência do consumidor, qualidade no
atendimento e produtos, plataformas digitais, disposição das lojas e inovações.
As preferências dos consumidores e tendências do segmento de consumo
apresentam grande volatilidade e costumam ser modificadas aceleradamente
com o surgimento de novos produtos, tendências, serviços e demandas. A
manutenção da trajetória de sucesso da empresa depende, naturalmente, da sua

22
habilidade em conseguir antecipar e responder de forma eficiente às mudanças e
tendências de consumo, inclusive sendo possível a necessidade de mudança de
modelo de negócios e estratégias gerenciais e operacionais. Apesar de, ao longo
do tempo, o Magazine Luiza ter demonstrado assertividade e eficiência na
execução e planejamento de estratégias, nada garante que a empresa continuará
apresentando este bom desempenho, podendo falhar futuramente em
reconhecer mudanças estruturais no setor.

▪ Risco relacionado ao coronavírus: a pandemia ocasionou a necessidade de


distanciamento social como medida de combate à disseminação do vírus. Apesar
de o governo ter iniciado a vacinação nos grupos prioritários e de saúde – e isso
gerar uma retomada gradual da economia –, não há muita clareza a respeito do
futuro, pois muita liquidez foi injetada na economia via estímulos monetários que
não voltarão a se repetir, no Brasil ou no mundo. Assim, apesar de a companhia
estar bem capitalizada, com um caixa robusto, e dispor de um e-commerce forte,
ela está no setor mais afetado pela crise, por se tratar de consumo discricionário
e apresentar margens baixas. Com a ausência de estímulos, o desemprego no país
pode se elevar significativamente, principalmente se o número de infecções não
diminuir, o que pode impactar fortemente a companhia.

É inegável que o desempenho do Magazine Luiza tem sido extremamente


forte nos últimos anos. Poucas são as empresas que conseguem executar
com tanto sucesso um processo de turnaround e reajustes operacionais,
permitindo à empresa multiplicar seus lucros em quase sete vezes nos
últimos seis anos.

Temos convicção de que o time de gestão do Magazine Luiza seguirá


atuando com qualidade, ganhando cada vez mais espaço no mercado e
entregando resultados crescentes aos acionistas.

23
Inclusive, a companhia já vem se destacando com seu e-commerce,
apresentando crescimento exponencial. Ademais, ela consegue financiar
sua expansão com o próprio caixa gerado nas operações.

Por outro lado, o fato é que grande parte desse crescimento e dessa
qualidade já se encontra no preço da empresa, a qual tem uma
capitalização de mercado de mais de R$ 150 bilhões, valor muito acima dos
seus concorrentes.

Assim, como há uma grande expectativa embutida no preço das ações,


caso esta não se concretize, os ativos podem sofrer uma grande baixa.

24
Disclaimer
As informações constantes deste material podem auxiliar o
investidor em suas decisões de investimento; porém o
investidor será responsável, de forma exclusiva, pela verificação
da conveniência e oportunidade da movimentação de sua
carteira de investimentos e pela tomada de decisão quanto à
efetivação de operações de compra e/ou venda de títulos e/ou
valores mobiliários.

Este material apresenta informações para diversos perfis de


investimento e o investidor deverá verificar e atentar para as
informações próprias ao seu perfil de investimento, uma vez
que as informações constantes deste material não são
adequadas para todos os investidores. Quaisquer projeções de
risco ou retorno potenciais são meramente ilustrativas e,
portanto, não são e não devem ser interpretadas pelo investidor
como previsão de eventos futuros e/ou garantia de resultados.

Além disso, não garantimos a exatidão das informações aqui


contidas e recomendamos ao investidor que não utilize este
relatório como única fonte para embasar suas decisões de
investimento. Os investimentos realizados pelo investidor para
sua carteira estão sujeitos a diversos riscos inerentes aos
mercados e aos ativos integrantes da carteira, incluindo, sem
limitação, risco de mercado, risco de crédito, risco de liquidez,
risco cambial, risco de concentração, risco de perda do capital
investido e de disponibilização de recursos adicionais, entre
outros.

Os analistas responsáveis pela elaboração deste relatório


declaram, nos termos da Instrução CVM nº 598/18, que as
recomendações do relatório de análise refletem única e
exclusivamente as suas opiniões pessoais e foram elaboradas de
forma independente.

Este material destina-se única e exclusivamente aos assinantes


da Suno Research. Sua cópia ou distribuição, integral ou parcial,
sem a expressa autorização, acarretará multa de até 2.000 vezes
o valor deste relatório, apreensão das cópias ilegais, além de
responsabilização em processo civil.

25

Você também pode gostar