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Ao longo dos anos, sempre existiu a questão do livre-arbítrio: se o Homem é ou não livre.

Por
isso, surgiram várias teorias. Contudo, aquela que eu irei defender é o compatibilismo. O
compatibilismo pode também ser considerado como determinismo moderado, pois este aceita a
existência de liberdade na ação humana, sem negar o determinismo no mundo natural, isto é,
por outras palavras, o compatibilismo defende que o libertismo e o determinismo são, de
alguma forma, compatíveis. Eu, como defendo o compatibilismo, considero que, de facto, o
comportamento humano é influenciado por causas naturais, existindo causalidade, mas
também temos uma certa liberdade, sendo que é esta que nos torna responsáveis pelas
nossas ações. Na sociedade em que vivemos ser responsável pelas nossas ações é
fundamental, pois é esta que avalia a ação de uma pessoa, sendo esta boa ou má. Deste
modo, somos, ao mesmo tempo, tanto livres como determinados. Somos influenciados por
fatores externos, que se incluem desde as nossas características físicas, até a maneira como
fomos educados, ainda em crianças. Por isso, as ações livres são causadas pela personalidade
e desejos de cada indivíduo. Temos o seguinte exemplo: Z tem, como uma tradição, com a sua
melhor amiga, de ir ao cinema todas os sábados, mas Z, no próximo sábado, tem um almoço
de família marcado na mesma hora que o único horário disponível do filme escolhido. Como Z,
desde pequena esteve muito próxima da família, decidiu ir ao almoço de família, apesar de
todas as outras vezes ter escolhido ir ao cinema. Como dito antes, de uma forma geral, os
compatibilistas afirmam que existe liberdade na ação humana, mas não negam que não existe
determinismo no mundo natural. Estes supõem que a liberdade do Homem é possível num
mundo dependente da causalidade, tal igual como o livre-arbítrio depende desta causalidade,
ou seja, a liberdade humana depende do determinismo no mundo natural. A causalidade não
anula a liberdade de escolha, ou seja, o ser humano estar sujeito à causalidade é compatível
com o facto de este ter livre-arbítrio. Temos, o seguinte exemplo: X gosta de jogar futebol e
basquetebol. Este só é capaz de os fazer porque existe gravidade, que nos mantém “presos”
ao chão, igual acontecendo com a bola e com os balizas, entre outros. Se não existisse
gravidade, que é uma lei da Natureza, X não poderá jogar futebol ou basquetebol. No entanto,
X gosta igualmente de futebol e de basquetebol e, nos fins de semana, este poderá
decidir/escolher qual das duas atividades praticar, sendo que este pode escolher praticar nos
dois dias do fim de semana futebol, ou nos dois dias basquetebol, ou, também, praticar os dois
desportos nos dois dias ou ainda não praticar nenhum, porque, por exemplo, tem um teste
importante na semana seguinte ou outro evento indispensável que precisasse de preparação
prévia. Assim, chegamos a conclusão de que X só pode escolher o que fazer, porque existe
gravidade. Segue-se ainda o exemplo a seguir: Y adora comer frutas nos lanches e, no dia
anterior, foi a uma frutaria. Lá, pode escolher entre morangos, maçãs e melancias. Y é alérgica
a morangos, por isso, estas foram logo excluídas, mas ainda Y pode escolher entre maçãs e
melancias, podendo escolher aquela que Y bem entender. Deste modo, e com este exemplo,
compreendemos que os fatores externos, biológicos neste caso, limitam a influência exercida
no ser humano (não pode escolher morangos), mas não anula todas as possibilidades
existentes a uma só (ainda pode escolher entre maçãs e melancias). Pelo contrário, é
estabelecido um campo de possibilidades de escolhas dentro do qual o ser humano, como é
racional, escolhe de forma livre. Em suma, eu concordo com o compatibilismo, porque
considero que, de facto, a ação humana é livre e significa agir de acordo com a própria
vontade, sendo que esta é, quase sempre, influenciada por fatores externos, que delimitam o
campo de possibilidades, mas não o restringem a uma possibilidade só, sendo esta inevitável.
Por isso, o ser humano é livre na maioria dos casos.
Apesar de concordar em alguns aspetos contigo, não concordo com outros. Afirmaste que
existem condicionantes, no entanto, estas não condicionam o sujeito em causa. Concordo
que existam condicionantes, mas não concordo que estas não condicionam a ação humana,
apesar de que a decisão final seja do sujeito. Quando fazemos uma decisão, nem sempre
pensamos, com rigor, nas razões que nos levaram a agir e por isso possas defender que o
Homem agiu de forma livre, sem ser influenciado. Mas se pensarmos rigorosamente na
decisão, veremos que houve algo que nos influenciou. Temos o seguinte exemplo: X está a
fazer uma dieta, podemos dizer que ela começou a fazer tal por vontade própria, mas, se
pensarmos rigorosamente, podemos concluir que X quer melhorar a sua alimentação para
não ter problemas de saúde futuros ou, imaginemos que X tem um pouco de peso a mais e
alguém fez um comentário não muito agradável que a deixou mal e por isso quis emagrecer.
Por isso, defendo que o Homem é livre na maioria dos casos, pois é também influenciado.

Sim, de facto, concordo que o Homem é livre em alguns casos. Mas não em todos, pois
este é influenciado, por fatores tanto internos como externos. Afirmaste, no teu
exemplo, que ao acordar, podemos decidir entre tomar o pequeno almoço ou não, o que
é verdade. Mas imaginemos que acordei em cima da hora e não tive tempo de o tomar,
assim, poderia ter crido tomar o pequeno almoço, mas não consegui, porque não tive
tempo, isto é, fui influenciada por falta de tempo. Como ainda também afirmaste,
podemos escolher o que comer. Posso comer, por exemplo, uma taça de cereais ou
uma maçã. Escolhi a maçã, porque não me apetecia aquecer o leite. Provavelmente,
teria fome após uma hora e teria me perguntado porquê não comi a tal taça. Quando
alguém sente que escolheu uma opção, algo o terá influenciado a fazê-lo (comi a maçã
porque não me apetecia aquecer o leite). Porque se não, a decisão foi totalmente ao
calhas e por isso terá a ideia de que agiu (escolhi a maçã), mas poderia ter agido de
outra (podia ter escolhido a taça).

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