Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Introdução
Soldabilidade de um material é uma propriedade tecnológica que pode ser definida como sendo “a capacidade de um metal ser
soldado sob determinadas condições de fabricação impostas a uma estrutura adequadamente projetada, para um desempenho
satisfatório para as finalidades a que se destina” AWS, 1987
Para uma liga metálica ser soldável, ela deve satisfazer simultaneamente aos fatores associados ao conceito de soldabilidade,
considerando as condições de fabricação, requisitos de projeto e desempenho da junta ou estrutura soldadas em serviço, de
modo a compatibilizar suas propriedades mecânicas, físicas, químicas e metalúrgicas com um determinado processo de
soldagem:
a) Soldabilidade Operatória:
Define a possibilidade operacional de se estabelecer uma continuidade metálica entre 2 peças ou promover um
revestimento superficial por meio de um processo de soldagem, com procedimentos definindo as variáveis e parâmetros
operacionais, equipamentos, acessórios ou dispositivos apropriados, em condições satisfatórias de uso e/ou funcionamento,
considerando a habilidade do soldador ou operador de soldagem, as particularidades e cuidados de preparação dos
materiais a soldar;
b) Soldabilidade Metalúrgica:
Define as modificações microestruturais e físico-químicas que podem ocorrer nos materiais de base nas vizinhanças da
solda, por isso está associada à natureza dos metais envolvidos, à transferência de calor durante o ciclo térmico ou à
extensão da deformação na junta soldada durante a aplicação de pressão.
c) Soldabilidade Construtiva:
Define o conjunto das propriedades de uma construção soldada ou revestida por solda, sua sensibilidade e resistência à
deformação e à fratura, resistência ao desgaste/corrosão sob efeito dos esforços gerados durante a operação de soldagem,
nível de tensões residuais pós soldagem e também ao desempenho e à vida útil da estrutura soldada ou recuperada por
solda em serviço.
Após a soldagem, a junta ou componente soldado pode ser colocado em serviço, nas seguintes condições:
a) como soldado (“as welded”): a ZTA e a solda apresentam propriedades e características adequadas aos requisitos de projeto
e aplicação em trabalho, sem nenhum tratamento térmico pós-soldagem;
b) tratado termicamente (“post heat treatment”) e/ou mecanicamente (“post mechanical treatment”): a junta soldada é
submetida a tratamentos térmicos e/ou mecânicos para recuperar as propriedades originais e/ou deixar o componente
soldado num nível de tensões residuais aceitável, para desempenho satisfatório em serviço.
Conforme definido acima, um material pode ter boa soldabilidade sob determinadas condições, mas baixa soldabilidade sob
outras situações. Estas condições envolvem a adequabilidade do processo de soldagem ao material (tipo e composição
química), sua resposta ao ciclo térmico ou mecânico imposto e às propriedades finais da junta, às condições de soldagem
(posição e ambiente de soldagem, tipo e grau de restrição da junta), mostrando que o conceito de soldabilidade é relativo,
necessitando um conjunto de fatores para ser avaliado.
De qualquer maneira, a microestrutura e propriedades resultantes do processo/procedimento de soldagem usado, podem ser
alteradas para uma situação desejada através de tratamentos térmicos e mecânicos durante e após a soldagem, restituindo as
propriedades e características originais do material na região da junta soldada, para um desempenho satisfatório em serviço.
b) Condições de trabalho sob carregamento/esforço quando o componente estiver montado e em operação, em situações de
carregamento mecânico, desgaste ou corrosão, condições do meio e temperatura à qual a junta ou componente soldado vai
estar submetido em serviço;
Tecnicamente, é desejável:
a) Conhecer os processos de soldagem disponíveis e suas características operacionais para avaliar a possibilidade de se
empregar aquele mais apropriado;
b) Usar procedimentos pós-soldagem: lançar mão de tratamentos térmicos e/ou mecânicos para restituir à junta e ao
componente soldado as propriedades, características ou estado de fornecimento originais;
c) Gerenciar tecnicamente o emprego da tecnologia: do projeto da peça, componente ou estrutura à validação do seu
procedimento de soldagem.
Em contrapartida, as siderurgias, metalúrgicas e as fundições desenvolvem materiais de modo a apresentarem boa soldabilidade
compatível com as outras características tecnológicas e propriedades mecânicas, físicas e químicas para uma determinada
aplicação prática. Existem requisitos de usuários com relação à padrões de materiais a serem empregados nos processos de
fabricação, como por exemplo, a norma SEP 1220-2 Stahl- und Eisenprüfblatt (Steel/Iron Test Sheet) que especifica os corpos de
prova, métodos e condições de testes e documentação a ser gerada para aplicações de materiais para soldagem por resistência por
pontos.
Informações sobre soldabilidade normalmente são disponibilizadas para os usuários por meio de informativos ou sites dos
fabricantes ou empresas produtoras, associações e nas próprias especificações de normas dos materiais de base.
Da mesma forma, os fabricantes de consumíveis/equipamentos de soldagem mantêm informações técnicas em catálogos, para
subsidiar as melhores escolhas de eletrodos, metais de adição e gases, para uma dada situação de soldagem. As características de
aplicação dos eletrodos consumíveis são definidas pela sua “usabilidade”, sendo confundido com o termo soldabilidade, que se
refere ao metal de base.