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A Dupla Formação Do Estado-Nacional Moderno (FINAL)
A Dupla Formação Do Estado-Nacional Moderno (FINAL)
INTERNACIONAIS (ABRI)
REDEFININDO A DIPLOMACIA NUM MUNDO EM TRANSFORMAÇÃO
29 A 31 DE JULHO DE 2015
BELO HORIZONTE – MG
RESUMO
O presente artigo científico versa sobre uma dupla ótica perante a formação do Estado-nacional
moderno: ao não propor vê-lo como uma estrutura de poder unitária para propósitos de análise
das relações internacionais (modelo de bola de bilhar), propõe-se analisá-lo pelo conceito
institucional weberiano e, também, como constructo social conscientemente produzido, atando-
lhe o propósito de instituição internacional das mais primordiais. Para tanto, elabora os
conceitos principais tanto da sociologia histórica quanto da escola inglesa das relações
internacionais para evidenciar essas diferentes perspectivas sobre o objeto em tela, o Estado.
Faz-se, também, uma análise metateórica e metodológica, para esmiuçar as compatibilidades e
incomensurabilidades das duas vertentes teóricas acerca do Estado e sua inter-relação com o
sistema internacional. Conclui-se com a contribuição do pluralismo metodológico no que pode
oferecer para organizar as contribuições teóricas sobre o Estado de forma coerente e
organizada.
INTRODUÇÃO
Balança de poder, diplomacia, direito internacional, grandes potências, guerra. Estas são
as cinco instituições da sociedade internacional global (BULL, 2002, pp. 95-222; WATSON,
2004, pp. 369-431) – tal qual a interpretação, hoje clássica, em A Sociedade Anárquica: Um
Estudo sobre a Ordem na Política Mundial – que possuem largo foco de estudo (BULL, 2002,
parte 2). A preocupação do autor era dirigida especialmente no que tais instituições –
sustentáculos da sociedade internacional – ofereciam para a constituição de uma ordem num
sistema internacional sem um governo hierarquicamente superior (BULL, 2002, p. xxxii). Porém,
antes de deter-se no estudo de como tais instituições internacionais contribuem como
1
“protetoras das regras” comuns e regras que, por sua vez, guiam os interesses comuns
nascidos dos elementos fundamentais perante a ordem na vida social, Bull aponta que o próprio
Estado é a instituição mais importante da sociedade internacional, pois são os próprios
membros da sociedade internacional os responsáveis pelo enforcement2 das regras (BULL,
2002, p. 68). Este artigo visa a oferecer uma contribuição de caráter metateórico e metodológico
ao explorar essa lacuna deixada por Bull – certamente por não se tratar de seu objeto imediato
de estudo, mas que é pertinente: como tal instituição da sociedade internacional desenvolveu-
se paralelamente a trajetórias diferenciadas de coerção e capital – e sua interação com a guerra
e sua preparação e a posição no sistema internacional –, também formadoras da estrutura
estatal. Para tanto, uma investigação sobre a formação das unidades políticas constituintes do
sistema e da sociedade internacionais3 se mostra pertinente para a apreensão da formação do
Estado-nacional moderno em suas dimensões explicativa e compreensiva4.
Nesta empresa intelectual, considera-se fundamental considerar os níveis de coerção e
capital na interação entre Estados e cidades europeus como elemento importante para a
explicação (TILLY, 1992, pp. 19-69). As combinações diferenciadas entre as duas variáveis –
além de gerar diferentes tipos de cidades e Estados – influenciaram a forma e o crescimento do
Estado nacional, que veio a perdurar como modelo único no continente europeu no século XX.
1
As aspas seguem conforme o excerto original: “„protection‟ of the rules [...].”, cuja tradução livre assumiria a forma de
“„proteção‟ das regras”; tendo esta sentença, por sua vez, significado por se tratar da função das instituições anteriormente
referidas. O próprio autor afirma que a utilização das aspas nessa expressão advém da falta de termo melhor para
descrever isso. Ver Bull (2002), p. 70-1.
2
Optou-se pela nomenclatura em língua inglesa por ser um conceito de Ciência Política largamente utilizado, tal qual o
conceito de accountability. Uma tradução possível para enoforcement seria “execução”, no sentido de “fazê-la efetiva”.
3
Sistema internacional e sociedade internacional são avaliações ontológicas e metodológicas distintas e simultâneas no
seio da perspectiva do pluralismo metodológico advogado pela Escola Inglesa. A dimensão da sociedade mundial completa
a teorização (BUZAN, 2001; BULL, 2002; LITTLE, 2000).
4
Tais termos indicam visões incomensuráveis das ciências sociais, segundo formulação de Hollis e Smith (1990), cuja
matriz, a qual integra o debate agente-estrutura, é central para este artigo em questão. Conforme será salientado, em
termos metodológicos essa incomensurabilidade típica do dualismo é superada por uma perspectiva pluralista.
3
Conjuntamente com a análise dos níveis de coerção e capital, dois outros eixos de análise se
encontram presentes: a preparação para a guerra e a guerra em si e a posição do Estado no
sistema internacional (TILLY, 1996, pp. 123-56). Este elemento não esgota a explicação, pois
se compreende que um elemento de socialização dos atores foi fundamental para a construção
social das sociedades internacionais (DUNNE, 1995) e de suas instituições, objeto de
investigação que inclui o objeto específico do Estado. As diversas formas políticas de
organização social, em sua interação, constituíram uma sociedade internacional ao se
aperceberem os interesses comuns, desenvolvendo regras comuns e, por fim, instituições
comuns. Nesse sentido, a hipótese descritiva advogada neste artigo é de que os diferentes
tipos de Estados – em função das variáveis elencadas por Tilly –. em sua interação no
continente europeu – na forma conflituosa da guerra ou na forma cooperativa das regras de
coexistência – tanto moldou o tipo de Estado preponderante – o que aplicava coerção
capitalizada5 – como, ele próprio, refletiu-se e se imbuiu da tarefa de assegurar regras comuns;
em outras palavras, conscientemente6 ver-se como uma instituição internacional.
METODOLOGIA E METATEORIA
5
Parte importante da explicação de Tilly para a preponderância do Estado-nacional moderno reside na estratégia que se
mostrou apropriada, a coerção capitalizada, diferenciando-se dos Estados com alta intensidade de coerção e dos com alta
intensidade de capital.
6
Estar consciente de uma dada função de uma ação em âmbito internacional configura uma dimensão interpretativa própria
à sociedade internacional no âmbito construtivista.
7
Conforme pontua Wendt, Hollis e Smith mesclaram o debate sobre a agência e a estrutura com o debate sobre o nível de
análise em duas posições: o do holismo ou o do individualismo: “According to Alexander Wendt, the notion of holism in the
work of Hollis and Smith „conflates two distinct problems: the levels of analysis problem and the agent-structure problem‟”
(DUNNE, 1995, p. 370; WENDT, 1991, p. 387).
4
de interações que constituem o mundo social e o modo pelo qual os indivíduos interpretam o
mundo e agem de acordo” (HOBDEN, 1998, p. 17)8
8
Esta e as demais citações ao longo do artigo ou permaneceram em língua portuguesa, tal qual na fonte consultada, ou
foram traduzidas da língua inglesa e da língua espanhola para a portuguesa de modo livre pelo autor deste presente artigo.
6
O que esta matriz traz em seu bojo de forma subjacente é sua perspectiva de dualismo
metodológico fundamentada na incomensurabilidade dos mundos distintos dos paradigmas,
matrizes disciplinares ou léxicos estruturantes (KUHN, 1970), isto é, a assunção de que as
ciências naturais detêm um método inexoravelmente distinto do método das ciências sociais:
naquelas, o método hipotético-dedutivo – elaborado inicialmente pelos verificacionistas lógicos
(HEMPEL, 1966) –, que se desenvolveu nos modelos do falseacionismo (POPPER, 1972) e dos
programas de pesquisa científica (LAKATOS, 1989) –; nestas, o método hermenêutico ou
interpretativo. As correntes que empregam o método hipotético-dedutivo são monistas
metodológicas por não só recomendarem o método para as ciências sociais como, também,
exigir delas o mesmo método em função da tese da unicidade das ciências (LITTLE, 1999)9. As
ciências sociais, na formulação dualista, teriam como método próprio a interpretação, cuja
contribuição mais forte e inicial foi a da verstehen weberiana (LITTLE, 1991).
Dadas as limitações de ambas as abordagens, o pluralismo metodológico surge como
uma alternativa metodológica palpável neste debate. Possui a capacidade analítica necessária
para abordar múltiplos objetos – e, portanto, com múltiplas ontologias – cada qual com seu
método apropriado para derivar conhecimento científico de forma fecunda. Desta forma, ao
esclarecer o objeto em sua ontologia, o passo seguinte é enquadrá-lo num método apropriado
de apreensão, ao que é facilitado com a matriz heurística de Hollis e Smith acima descrita. É,
também, nesse sentido que os clamores de incompatibilidade entre a Sociologia Histórica e o
Neorrealismo (HOBDEN, 1998) carecem de sentido ao se abandonar a pretensão de união
teórica – ou, para ser mais preciso, da teorização do Estado da Sociologia Histórica para o
corpo teórico do Neorrealismo – para a de lentes teóricas simultâneas. Assemelha-se, nesse
sentido, à concepção adotada por Wittgenstein dos jogos, pois dois jogos distintos não podem
ser realizados num mesmo campo ao mesmo tempo – “como o futebol e o rugby”; entretanto,
tais jogos podem ocorrer em campos distintos de forma simultânea (LACEY, 2012, p. 429). O
pluralismo metodológico será retomado na seção da Escola Inglesa, pois o desenvolvimento
desta concepção metodológica está mais consolidado nesta vertente teórica das Relações
Internacionais e servirá de base para a asserção da possibilidade de incorporação do
conhecimento sobre o Estado e sua interação com o internacional na Sociologia Histórica com a
teorização da Escola Inglesa. A próxima seção mostrará quais são as contribuições daquela
9
Little (1999) faz uma análise mais detida e fraciona as visões naturalista e anti-naturalista em graus fortes e fracos; a
vertente aqui descrita é a do naturalismo forte por exigir o mesmo método para análise dos fenômenos sociais, ao passo de
que o naturalismo fraco apenas recomenda.
7
vertente teórica no que tange ao Estado e sua interação com o internacional, por fim
enquadrando-a na matriz heurística supracitada.
Pois a coincidência de uma rede urbana densa e irregular, com a divisão em numerosos
Estados bem definidos e mais ou menos independentes, acabaria por diferenciar a Europa do
resto do mundo. Por trás da cambiante geografia de cidades e Estados operava a dinâmica do
capital (cuja esfera predileta era as cidades) e a da coerção (que cristalizou antes de tudo nos
Estados). A indagação sobre a interação entre cidades e Estados se converte rapidamente
numa investigação sobre o capital e a coerção (TILLY, 1992, pp. 24-5)
O autor complementa a análise dos níveis de coerção e capital com a hipótese de que
foi a necessidade da guerra que produziu e modificou os aparatos estatais – e o Estado, por
sua vez, efetuando as guerras, num ciclo13 – e com relação à sua posição no sistema
internacional. (TILLY, 1992, pp. 37-8). Estes são os quatro eixos norteadores do trabalho de
Tilly. Após delinear as lógicas do capital e da coerção – a do capital variando na acumulação e
na concentração, gerando diferentes tipos de cidades, como cidades primárias, centros
dispersos e metrópoles; e a da coerção, variando nos mesmos eixos anteriormente empregados
e que podem gerar três tipos de Estado: impérios coletores de tributos, sistemas de soberania
fragmentada e Estados nacionais coexistentes – o autor comenta mais detalhadamente como a
guerra é considerada o motor da formação e transformação do Estado.
10
Cabe enfatizar que Charles Tilly é somente um teórico pertencente à Sociologia Histórica, não podendo ser representativo
de toda a diversidade de trabalhos desenvolvidos sob essa orientação. Outros teóricos relevantes da Sociologia Histórica,
por sua interação com o internacional, são Theda Skocpol, Michael Mann e Immanuel Wallerstein.
11
Compreensão e explicação são o binômio utilizado por Hollis e Smith, análogo ao binômio subjetivismo e objetivismo, de
Onuf, e análogo ao binômio reflexismo e racionalismo, de Keohane. (DUNNE, 1995, p. 368; KEOHANE, 1988).
12
A Escola Inglesa não tem como preocupação primordial o estudo detido do desenvolvimento do Estado na maior parte de
sua história intelectual e não comunga com a perspectiva explicativa das ciências sociais no que tange à sociedade
internacional (BULL, 1966). A preocupação com o desenvolvimento das sociedades internacionais e de seus Estados
funcionalmente diferenciados se encontra na quarta fase da Escola Inglesa, após 1992 somente, com o trabalho “A
Evolução das Sociedades Internacionais”, tendo caráter compreensivo. Ver Watson (2004) [1992]. Para a classificação
didática e histórica das fases da Escola Inglesa, ver Wæver (1998), pp. 85-9 e Buzan (2001), pp. 473-74.
13
Eis, aqui, um aspecto evidentemente construtivista na teorização de Tilly.
9
14
A classificação em torno dos Estados, na avaliação de Bobbit, é diferente daquela proposta por Tilly: constitui-se, grosso
modo, do desenvolvimento do modelo do Estado principesco ao modelo do Estado régio e deste para o do Estado territorial,
no período que se estende de primórdios do século XVI ao último quartel do século XVIII. É importante salientar que não há
correspondência direta entre as categorias da teorização de Bobbit e de Tilly, uma vez que Bobbit concentra-se na esfera
dos princípios constitucionais do Estado (ragione di statto, raison d’état, Staatseaison) e da legitimidade perante uma
sociedade internacional europeia, perspectiva muito bem enquadrada na proposta da Escola Inglesa,
15
Outro historiador de vulto que encontra no desenvolvimento dos armamentos ao longo do tempo e no desenvolvimento
das táticas uma fonte causal significativa para o decurso histórico é McNeill (1982).
10
Estados podem ser definidos, numa acepção clássica, como “comunidades políticas
independentes, cada qual possuindo um governo e afirmando soberania em relação a uma
porção particular da superfície terrestre e um segmento particular da população humana.”
(BULL, 2002, p. 8). Tal soberania é interna, exercida tanto dentro da circunscrição territorial,
sobre outras autoridades, como é, também, externa, fixando a independência de outras
autoridades de fora da circunscrição territorial. A soberania, igualmente, deve ser formatada
como reivindicações discursivas de autoridade legítima sobre um território e como exercício
factual da autoridade sobre um território. A despeito desses detalhamentos acerca da
soberania, o conceito de Estado é amplo o suficiente para abrigar um longo escopo histórico
que, por sua vez, abrange diversas formas políticas estatais.
Entretanto, mesmo sob o signo da tradição intelectual da Escola Inglesa esta definição
não é consensual. Isto se torna mais claro nos trabalhos mais recentes em relação ao livro
seminal de Bull. A concepção de Estado pode relativizar a noção de soberania e, por
conseguinte, de comunidade políticas independentes. Neste tocante, Watson (2004) fornece
outra definição para o Estado, com a qual ele doravante trabalha em sua investigação: para ele,
Estado é “uma comunidade mantida unida por um governo comum”, comunidade que “também
é mantida unida por outros liames, tais como costumes, a origem étnica, a religião ou a língua,
pode crescer ou diminuir em importância ou em tamanho: pode absorver outros elementos, ou
quebrar-se, ou tornar-se assimilada, ou desparecer de outro modo.” (WATSON, 2004, p. 32).
Observa-se, aqui a congruência com Bull no que tange ao governo comum; entretanto,
distingue-se a visão dele com a de Watson ao enfatizar de forma clara os elementos
subjacentes de uma cultura comum como também definidoras dos Estados16. E, em
contraposição direta com Bull, assevera que “obscurece nosso entendimento da natureza dos
Estados sustentar dogmaticamente que, para contar como Estados, eles devem ser
independentes.” (WATSON, 2004, p. 32).
Sua digressão tem como ponto focal a evolução das sociedades internacionais,
conforme seu próprio título ilustra. Em linhas gerais, desenvolve a visão de Wight e a melhora,
estabelecendo quatro tipos de sociedades internacionais em função do grau de anarquia ou de
hierarquia (Estados independentes, hegemonia, suserania e império compõem o espectro) e
elabora a metáfora do pêndulo, com a qual afirma que os extremos não são alcançados e,
16
Conforme anteriormente sublinhado, esta passagem encontra grande semelhança com um excerto de Tilly, evidenciando
um ponto de convergência entre a Sociologia Histórica e a Escola Inglesa.
11
17
É importante salientar que será utilizada a definição funcionalista de Bull. Há outras definições para instituições,
principalmente em outras teorias racionalistas (KEOHANE, 1988).
18
Repetida e reiteradamente o autor utiliza este raciocínio. Ver Bull (2002), p. 4, p. 51 e ss.
19
Como fora o objetivo organizacional proposto pelos Habsburgo. Ver Bobbit (2003) e Tilly (1992;1996).
12
[...] Em primeiro lugar, aqueles atos clássicos da diplomacia e da guerra pelos quais os
Estados procuram preservar um equilíbrio de poder geral no sistema internacional (e hoje uma
relação de dissuasão nuclear mútua entre potências nucleares contendoras); para acomodar
ou conter conflitos de ideologia; para resolver ou moderar conflitos de interesse de Estado;
para limitar ou controlar armamentos e forças armadas em relação aos interesses percebidos
na segurança internacional; para satisfazer os requisitos dos Estados insatisfeitos para aquilo
que eles consideram uma mudança justa; e garantir e manter a aquiescência das potências
menores na assunção pelas grandes potências de direitos e responsabilidades especiais.
(BULL, 2002 , pp. 70-1)
20
A legitimidade é uma característica importante das sociedades internacionais e pode ser decomposta em filiação legítima
(rightful membership) e conduta legítima (rightful conduct). Ver Clark (2005), cap. 1 [pp. 11-32]. Conforme se verá, a conduta
legítima se enquadra nas regras de coexistência.
13
A figura abaixo mostra, esquemática e graficamente, a interação entre cada uma das
esferas ontologicamente diferenciadas e, portanto, metodológica e teoricamente diferentes e as
fronteiras que as delimitam; dessa forma, apresenta-se a metodologia pluralista que reveste o
pensamento da Escola Inglesa:
ela é definida em “política de poder entre os Estados” e tais teorias colocam “a estrutura e o
processo de anarquia internacional no centro da teoria das Relações” (BUZAN, 2001, p. 474).
A sociedade internacional “existe quando um grupo de Estados, consciente de certos
interesses e valores em comum, forma uma sociedade no sentido de que eles se concebem
estando ligados por um conjunto de regras em suas relações com os outros e compartilham do
funcionamento das instituições comuns”. (BULL, 2002 [1977], p. 13). No que tange à interação
entre sistema e sociedade internacionais, assevera-se que a existência de uma sociedade
internacional pressupõe um sistema internacional, mas a recíproca não é verdadeira. Isso se
deve em função de que os contatos mínimos necessários para os cálculos um do outro é base
para a posterior consciência de interesses e valores em comuns. Ela é, também:
CONCLUSÃO
Esta via de mão dupla mostra-se pertinente para uma avaliação mais abrangente e
correta acerca do Estado moderno. Ao mesmo tempo, conforme a literatura da macro-sociologia
pontua, que os Estados possuem um esquema explicativo em torno de suas estruturas, os
teóricos da sociedade internacional postulam que essas estruturas, tornadas conscientes,
foram-lhes atribuídas um papel de manutenção de uma ordem social internacional. Do
15
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