Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Materiais
Material Teórico
Deformações em Barras por Carga Axial e por Temperatura
Revisão Textual:
Profa. Esp. Vera Lídia de Sá Cicaroni
Deformações em Barras por Carga Axial e
por Temperatura
• Introdução
• Características Mecânicas dos Materiais
• Deformação por Carga Axial
• Deformação por Temperatura
5
Unidade: Deformações em Barras por Carga Axial e por Temperatura
Contextualização
6
Introdução
Forças axiais são as forças normais que são aplicadas no eixo longitudinal das barras,
isto é, são forças normais que são aplicadas no centro de gravidade das seções transversais
das barras.
As deformações em barras causadas por força axial são as alterações causadas em seus
comprimentos originais e são denominadas deformações unitárias (∆L).
As deformações causadas em barras por força axial podem ser de dois tipos:
»» Deformação de alongamento, que ocorre quando a barra aumenta de tamanho
pela ação de uma força axial de tração.
»» D
eformação de retração, que ocorre quando a barra diminui de tamanho pela
ação de uma força axial de compressão.
7
Unidade: Deformações em Barras por Carga Axial e por Temperatura
2 Quanto à Velocidade de Ensaio »» Ensaios Estáticos são os ensaios em que a carga é aplicada
lentamente. Como exemplo, tem-se os ensaios de
compressão, dureza, flexão, tração e torção.
»» Ensaios Dinâmicos são os ensaios em que a carga á
aplicada rapidamente ou ciclicamente. Como exemplo,
tem-se os ensaios dinâmicos: ensaios de fadiga e impacto.
»» Ensaios de Carga Constante são os ensaios em que a carga
é aplicada durante um longo período. Como exemplo, tem-
se os ensaios de carga constante, como o ensaio de fluência.
8
A deformação específica (ε) é a relação entre a deformação unitária (∆L) e o comprimento
original da barra (L). Ela é uma propriedade mecânica adimensional (Expressão 1).
ε = ∆L / L ...(1)
A elasticidade dos corpos deformáveis é descrita pela “Lei de Hooke”, que foi postulada
por Robert Hooke (físico inglês, 1635 – 1703). Ela afirma que a tensão (σ) é proporcional
à deformação dos materiais (ε) (Expressão 2).
σ ~ ε ...(2)
A lei de Hooke é comprovada através de ensaios laboratoriais de tração em corpos de
prova. A figura 1 apresenta o diagrama de ensaio de tração em um corpo de prova de aço
estrutural, que é um material dúctil, homogêneo e isotrópico.
Figura 1 – Diagrama de ensaio tensão versus deformação do aço estrutural.
9
Unidade: Deformações em Barras por Carga Axial e por Temperatura
No diagrama tensão versus deformação (Figura 1), existem pontos significativos. São eles:
É a tensão abaixo da qual os materiais se comportam elasticamente, seguindo a Lei
Tensão de de Hooke. Esse valor de tensão marca a fronteira entre a zona elástica e a zona
plástica. Para os aços com baixo teor de carbono, por exemplo, ela varia entre
proporcionalidade (σP) 210 MPa ≤ σP ≤ 350 MPa e, para os aços de alta resistência, a tensão de
proporcionalidade poderá ser maior que 550 MPa.
Tensão de escoamento É a tensão a partir da qual as deformações ocorrem sem haver um aumento da força
aplicada. Para os aços com baixo teor de carbono, por exemplo, ela varia entre
(σY) 210 MPa ≤ σY ≤ 420 MPa.
É a máxima tensão normal suportada por um material. Para os aços com baixo teor
Tensão última (σu) de carbono, por exemplo, ela varia entre 350 MPa ≤ σY ≤ 700 MPa.
É a tensão com a qual o material irá romper. Para os aços com baixo teor de carbono,
Tensão de ruptura (σr) por exemplo, ela ocorre em torno de 380 MPa.
Alguns materiais dúcteis, como o Figura 2 - Diagrama tensão versus deformação do alumínio.
alumínio, não apresentam patamar de
escoamento no diagrama tensão versus
deformação. Nesse caso, é utilizado o
Método da Equivalência, em que é
adotada a deformação específica 0,2
% para determinar o valor da tensão de
escoamento (Figura 2).
10
»» Estricção - é o fenômeno da redução percentual da área da seção transversal
do corpo sob força axial de tração, sendo essa a região em que irá ocorrer a
ruptura (Figura 3).
Figura 3 – Estricção.
A estricção mede a ductilidade do
material. Os materiais dúcteis sofrem
grande redução da área da seção
transversal antes de sua ruptura. A
estricção pode ser avaliada pela redução
percentual da área da seção transversal
(Expressão 3) ou pelo seu alongamento
percentual no comprimento da peça
(Expressão 4).
A - Af Lf − L
Estricção % = x 100 ... (3) Estricção % = x 100 ... (4)
A L
Em que: Em que:
A – área original seção transversal da barra L – comprimento inicial da barra
Af – área final da seção transversal da barra
Lf – comprimento final da barra
11
Unidade: Deformações em Barras por Carga Axial e por Temperatura
Robert Thomas Young (físico inglês, 1773 – 1829) estudou a relação de proporcionalidade
nos materiais proposta, inicialmente, por Robert Hooke. Ele observou que, para cada
material, existe uma relação única de proporcionalidade entre tensão e deformação. Essa
relação foi denominada Módulo de Elasticidade (E), também chamada de Módulo de Young.
Material E (GPa)
Aço 205
Alumínio 70
Cobre 110
Concreto (compressão) 14 a 28
Latão 97
Madeira (compressão) 7 a 14
Magnésio 45
Níquel 204
Titânio 107
Tungstênio 407
Utilizando o conceito de Young, a Lei de Hooke (expressão 2) fica escrita desta forma:
σ = E ε ... (5)
Assim, com (5), o módulo de elasticidade é:
E = σ / ε = tg α ... (6)
Observação: ver o ângulo (α) no diagrama tensões versus deformações (Figura 1).
Tenacidade é a capacidade mecânica do material de absorver energia mecânica até a sua ruptura.
12
Deformação por Carga Axial
Em uma barra com comprimento (L) e área (A), quando é aplicada uma força axial de
tração (N), surge uma deformação unitária (∆L) conforme a Figura 5.
Como: σ = N / A...(7)
e: σ = E ε ...(5)
e: ε = ∆L / L...(1)
Exemplo 1
O conjunto da Figura 6 é composto por Figura 6 – Representação gráfica conceitual do exemplo 1
uma barra de aço de secção circular (1)
com área de seção transversal de 100
cm2 e por uma barra de aço de secção
circular (2) com área de seção transversal
de 250 cm2. O peso próprio das duas
barras é desprezado, sendo aplicadas as
cargas concentradas de 20 kN e 50 kN.
Determinar o deslocamento do ponto A
localizado na extremidade superior da
barra 1. Dado: Eaço = 200 GPa.
13
Unidade: Deformações em Barras por Carga Axial e por Temperatura
Solução
O conjunto estrutural apresentado na Figura 7 –
figura 6 está apoiado no ponto (C). Ela está Diagrama de Corpo Livre da Estrutura do exemplo 1.
sujeita a duas cargas concentradas em dois
pontos em seu comprimento (A) e (B).
Inicialmente será feito o diagrama de
corpo livre e inserido um eixo referencial
(Y) (Figura 7).
Reações de Apoio
(+)
∑V = 0 ↑
+RVC - 20 - 50 = 0
RVC = 70 kN ↑ ... (1) - resultado da reação vertical do apoio (C)
14
0,40 m < Y < 1,00 m (Figura 9)
N = - 20 - 50 = - 70 kN (compressão) ...
(3) – força normal constante (valor
constante de força normal no trecho
0,40 m < Y < 1,00 m)
15
Unidade: Deformações em Barras por Carga Axial e por Temperatura
Exemplo 2
A barra rígida (indeformável) AB da figura 11 tem peso próprio desprezível. Ela é
articulada no ponto (A) e suspensa por dois cabos em (B) e (D). Na aplicação da força
P = 80 kN na posição (F), calcular:
a. A tensão normal nos cabos (1) e (2);
b. A reação vertical no apoio (A).
L 1 = L 2;
Ε1 = 70 GPa;
Ε2 = 210 GPa;
Α1 = Α2 = 8 x 10−4 m2
Solução
A estrutura apresentada na figura 2 Figura 12 – Diagrama de Corpo Livre da Estrutura do exemplo 2.
é uma barra apoiada no ponto (A) e
suportada por cabos no ponto (B) e
no ponto (D). Ela está sujeita a uma
carga concentrada no ponto (F).
Inicialmente será feito o diagrama
de corpo livre da barra AB (Figura 12).
16
Equilíbrio Estático
(+)
∑V = 0 ↑
+ RVA + F1 + F2 – P = 0 ... (1) − equação
F1 x 2d – P x 3d + F2 x 4d = 0
2F1 + 4F2 = 3P ... (2) - equação
Este problema é hiperestático, porque tem-se duas equações e três incógnitas. Para obter
mais uma equação, é necessário fazer a compatibilidade de deslocamentos (Figura 13).
}
∆L1 - 2d
∆L2 - 4d
∆L1 / 2d = ∆L2 / 4d
2∆L1 = ∆L2
2 (F1 L1 / E1 A1) = (F2 L2 / E2 A2);
sendo L1 = L2 e A1 = A2
2 (F1 / E1) = (F2 / E2)
No problema:
2 (F1 / 70.109) = (F2 / 210.109) Com (3) em (2):
2 F1 = F2 / 3 2F1 + 4 (6 F1) = 3P
F1 = F2 / 6 26 F1 = 3P
17
Unidade: Deformações em Barras por Carga Axial e por Temperatura
18
Deformação por Temperatura
Coeficiente de Dilatação Térmica (α) ou é uma propriedade relacionada à dilatação de cada material
em função da variação de temperatura. Essa propriedade é
Coeficiente de Expansão Térmica inerente a e única para cada material.
19
Unidade: Deformações em Barras por Carga Axial e por Temperatura
Para um corpo elástico, a deformação térmica absoluta (∆LT) é dada pela expressão (10).
∆ LT = α ( ∆T ) L...(10)
A tensão causada por variação de temperatura em barras fixas é dada pela expressão (11).
σ = Eα ( ∆T ) .....(11)
Exemplo 3
Um tubo de alumínio mede 72 m à temperatura de 24oC. Um tubo de aço, à mesma
temperatura, é 20 mm mais longo. Calcular em qual temperatura esses tubos terão o
mesmo comprimento.
Dados: αALUMÍNIO = 21,6 x 10−6 / oC; αAÇO = 11,7 x 10−6 / ºC
Solução
A figura 14 representa, para a Figura 14 – Barras do exemplo 3.
temperatura de 24oC, no esquema
(a), o tubo de alumínio e, no esquema
(b), o tubo de aço. Na figura 14, os
desenhos (c) e (d) representam os
tubos alongados de alumínio e de
aço, respectivamente. Os tubos são
alongados diferentemente, devido à
ação da variação de temperatura.
20
Sendo:
Deformação térmica absoluta → ∆LT = α(∆T) L ... (1) - equação
72.000 + (21,6 x 10–6 x 72.000 x ∆T) = 72.020 + (11,7 x 10−6 x 72.020 x ∆T)
+ 21,6 x 10–6 x 72.000 x ∆T - 11,7 x 10−6 x 72.020 x ∆T = 72.020 – 72.000
∆T = 20 / (+21,6 x 10−6 x 72.000 - 11,7 x 10−6 x 72.020)
∆T = 20 / (1,5552 - 0,8426)
∆T = 20 / 0,7126 = 28,07oC
T = 24 + 28,07 = 52,07oC
Exemplo 4
Uma barra de aço de 1.500 mm e área de 400 mm2, foi ajustada em suas extremidades
a anteparos fixos à temperatura de 25oC. Determinar a tensão atuante na barra quando
sua temperatura for 38oC.
Dados: αAÇO = 11,7 x 10-6 /oC; E AÇO = 200 GPa.
Solução
O aumento de temperatura Figura 15 – Situações do exemplo 4.
irá gerar um aumento no
comprimento da barra de aço
(Figura 15). Como isso não será
possível, devido à existência dos
anteparos nas extremidades,
surgirá uma tensão normal de
compressão devido ao surgimento
de uma força normal interna.
21
Unidade: Deformações em Barras por Carga Axial e por Temperatura
Se a barra fosse livre na extremidade (B), a barra poderia alongar e atingir a posição
(B1) (Figura 15-b):
∆T = TFINAL – TINICIAL = 38 – 25 = 13oC.
∆ LT = α(∆T) L = 11,7 x 10–6 x 13 x 1.500 x 10–3 = 0,228 x 10–3 m ... (1) –
resultado do alongamento da barra se fosse livre em (B).
22
Material Complementar
Livros:
Nash, William A.; Potter Merle C. – Resistência dos Materiais – 5a. Edição – Coleção
Schaum – ebook: Ed. Bookman.
Sites:
ABCEM – Associação Brasileira de Construção Metálica - artigos diversos. Disponível
em: <http://www.abcem.org.br/artigos-tecnicos.php>. Acesso em: 25/abril/2015.
ABPE – Associação Brasileira de Pontes e Estruturas – Revista Engenharia Estudo e
Pesquisa. Disponível em: <http://www.revistaeep.com/>. Acesso em: 25/abril/2015.
23
Unidade: Deformações em Barras por Carga Axial e por Temperatura
Referências
ASSAN, Aloisio Ernesto. Resistência dos Materiais – Vol. 1 – 1ª. ed. – Campinas, SP:
Editora da UNICAMP, 2010.
BEER, F. P.; JOHNSTON Jr., E. R.; DEWOLFE, J. T. Resistência dos Materiais – 4ª.
ed. Porto Alegre: Bookman – Artmed, 2006.
CRAIG Jr., R. R. Mecânica dos Materiais – 2ª. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2003.
GERE, James M. Mecânica dos Materiais – 1ª. ed. São Paulo: Pioneira Thomson
Learning, 2003.
______. Resistência dos Materiais – 3ª. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999.
MERIAM, J. L.; KRAIGE, L. G. Mecânica para Engenharia – 5ª. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2009.
RILEY, W. F.; STURGES, L. P.; MORRIS, D. H. Mecânica dos Materiais – 5ª. ed. Rio
de Janeiro: LTC, 2003.
UGURAL, Ansel C. Mecânica dos Materiais – 1ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009.
24
Anotações
25