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PUC Minas

Departamento de Física e Química – ICEI


Laboratório de Física

MOVIMENTO DE UM PROJÉTIL
1. INTRODUÇÃO

O movimento de um projétil, no escopo deste experimento, levará em consideração o deslocamento de um


objeto em duas dimensões: os eixos coordenados x e y:

Figura 1 - Movimento de um projétil em duas dimensões

Escolheremos os eixos x e y de tal forma que, na ausência de outras forças além da gravitacional, teremos
aceleração apenas na direção y. Portanto, na direção x teremos um movimento retilíneo uniforme (MRU) e na
direção y um movimento retilíneo uniformemente variável (MRUV).
As equações que governam esse movimento serão:

1
𝑦 = 𝑦𝑜 + 𝑣0𝑦 ∙ 𝑡 − 2 ∙ 𝑔 ∙ 𝑡 2 (1)

𝑥 = 𝑥𝑜 + 𝑣0𝑥 ∙ 𝑡 (2)

𝑣𝑦 = 𝑣0𝑦 − 𝑔 ∙ 𝑡 (3)

𝑣𝑥 = 𝑣0𝑥 (4)

Ao estudar este movimento podemos descobrir como as variáveis acima se relacionam bem como verificar a
diferença entre um MRU e um MRUV.
2. PARTE EXPERIMENTAL

Objetivos: Estudar o movimento de um projétil; compreender a relação entre o alcance e a velocidade inicial
de um projétil disparado horizontalmente; analisar o tempo de queda de um projétil em um lançamento
horizontal.
Vídeo do lançamento do projétil disponível no TEAMS (Projétil.MP4)
Link para baixar o software Tracker: https://physlets.org/tracker/

1) Importando o vídeo. Para importar o vídeo use como referência a figura abaixo.

Figura 2 - Importando um vídeo no Tracker

2) Definindo os limites do vídeo.

Assista ao vídeo importado e observe o início e o fim do movimento que você deseja estudar. Na figura abaixo
vemos que o movimento começa no quadro 001:

Figura 3 - Início do movimento a ser estudado

Na figura seguinte podemos observar que o último quadro é o de número 022.

Figura 4 - Fim do movimento a ser estudado.


A definição destes quadros é importante para configurar o programa para analisar o movimento entre estes
intervalos. Para a configuração destes intervalos faça um clique com o botão 2 do mouse sobre o vídeo e
escolha a opção Ajuste de Corte de Vídeo... Faça os ajustes necessários conforme o início e o fim do
movimento. Para isso coloque o quadro inicial conforme aquele visto na Figura 3Figura 2 e também na Figura
4:

Figura 5 - Ajuste de corte do vídeo

3) Definindo os eixos coordenados.

Na barra de ferramentas há uma opção para mostrar os eixos coordenados. O estudo do movimento do
projétil independe da orientação e posição desses eixos. No entanto, é interessante, no caso do vídeo deste
experimento, colocar o eixo horizontal na direção x e o eixo vertical na direção y. Basta arrastar a origem dos
eixos coordenados. Ainda é aconselhável colocar a origem exatamente na posição inicial do projétil.
Observe que o sentido positivo do eixo x é marcado por um pequeno traço logo ao lado da origem.

Figura 6 - Eixos coordenados

Ao clicar no eixo é possível torná-lo invisível e bloqueá-lo também caso o aluno julgue necessário.
Figura 7 - Opções do eixo

4) Barra de medição.
É necessário informar ao software uma referência de distância para que ele possa calcular corretamente as
posições. Para isso basta colocar o bastão alinhado com alguma distância conhecida no vídeo. Na figura abaixo
é mostrada a opção para definir esta calibração:

Figura 8 - Definindo a calibração

O bastão de medição é colocado no vídeo. No caso do vídeo deste experimento basta colocar o bastão
alinhado com a faixa quadriculada na parte de baixo do vídeo. Esta faixa possui comprimento igual a 1,0
metros. É possível definir tamanhos diferentes do bastão de calibração caso seja necessário.

Figura 9 - Bastão de medição


Ao clicar no bastão de calibração é possível torná-lo invisível e bloqueá-lo também caso o aluno julgue
necessário.

Figura 10 - Opções do bastão de calibração

5) Criando um ponto de massa.


Para analisar o movimento é necessário vincular um ponto de massa a um objeto do vídeo. É possível criar
mais de um ponto de massa e acompanhar o movimento de mais de um ponto. Para criar um ponto de massa
podemos seguir as instruções conforme mostra a figura abaixo:

Figura 11 - Criando um ponto de massa

O ponto de massa, quando criado, possui opção de definir sua massa. Neste experimento não há necessidade
de definir a massa do objeto pois estamos estudando apenas a cinemática da partícula. Se tivéssemos
interesse em avaliar sua dinâmica (força e energia por exemplo) teríamos que conhecer sua massa.
Assim que o ponto de massa é criado algumas opções são mostradas na tela. Aparecem espaços para gráficos
e tabelas. Note que ao clicar no título dos eixos podemos traçar vários gráficos. Estas opções podem ser
alteradas após a coleta de dados.
Figura 12 - Opções de gráficos e dados

Faremos a análise de dois pontos de massa nessa prática. Inicialmente veremos o movimento do projétil,
então escolheremos a esfera como ponto de massa e faremos a trajetória automática da partícula. Para usar
a trajetória automática, onde o programa identifica a posição (x e y) da partícula em cada quadro da filmagem
é necessário que o vídeo tenha boa qualidade e que exista bom contraste entre o objeto que se deseja
acompanhar e as vizinhanças. Ao entrar na opção de trajetória automática conforme a Figura 13 uma janela
de opções se abre.
Basicamente o programa espera que você escolha um objeto, caracterizado por suas cores, que será utilizado
como modelo. Inicialmente o programa calcula a posição inicial deste objeto: as coordenadas x e y. Para fazer
este cálculo ele usa os eixos coordenados conforme definido pelo usuário e utiliza a barra de medição como
referência. A ideia central é bem simples: ele vai anotar a posição e o tempo deste primeiro quadro e passar
ao quadro seguinte. No próximo quadro o programa tentará encontrar uma imagem parecida com o modelo
escolhido – ao encontrar anotará sua posição e o tempo decorrido entre o primeiro e o segundo quadros. O
processo se repete até o último quadro. Pode acontecer do programa não conseguir encontrar uma
correspondência automaticamente – neste caso ele perguntará ao usuário qual será o novo modelo a ser
seguido ou se ele aceita o modelo sugerido.
Figura 13 - Trajetória automática

Para escolher o modelo para trajetória automática devemos seguir as instruções da janela de trajetória
automática conforme ilustra a Figura 14.
Basta pressionar CTRL+SHIT e clicar no modelo escolhido. Para facilitar você pode dar zoom na figura e clicar
de forma adequada no modelo. A Figura 15 mostra a escolha de um modelo para o projétil e sua
correspondência.
Há um cuidado a ser tomado aqui. O programa irá procurar a próxima correspondência na área delimitada
pelo retângulo pontilhado vermelho. Observe que o projétil poderá estar fora dessa área no próximo quadro
devido à sua velocidade inicial relativamente alta e à baixa taxa de quadros (fps) deste vídeo. Entretanto
podemos aumentar a área de procura simplesmente clicando e arrastando (dimensionando) essa área
pontilhada. Áreas muito grandes tornam o programa lento e pode haver mais de uma correspondência. Áreas
muito pequenas tornam improvável a detecção dos objetos com velocidades grandes pois os mesmos acabam
se deslocando para fora da área de varredura.
Neste experimento é necessário aumentar um pouco a área pontilhada ou escolher outro modelo já no
segundo quadro.
Figura 14 - Opções de trajetória automática

Figura 15 - Escolhendo o modelo


Para prosseguir com a trajetória automática basta clicar em pesquisar na janela apropriada. Fique atento para
as mensagens de erro ou mensagens pedindo que você confirme algum ponto. A figura abaixo mostra que o
último quadro pediu para ser confirmado – o programa ficou em dúvida se a correspondência está correta.
Você pode aceitar a correspondência ou fazer qualquer outras das opções mostradas caso a correspondência
não esteja correta.

Figura 16 - Correspondência na trajetória automática

Note que os gráficos foram construídos. Faremos a análise e construção de outros modelos posteriormente.
Vamos acompanhar o movimento da plataforma que lança e recolhe o projétil. Para isso é necessário criar
outro ponto de massa. Faça os procedimentos descritos acima para o ponto amarelo na base do lançador de
projéteis:
Figura 17 - Dois pontos de massa

6) Construindo os gráficos.

Faça o ajuste parabólico do gráfico da posição y versus tempo para o projétil. Para isso escolha
adequadamente o título dos eixos y e x do gráfico.

Figura 18 - Posição y versus tempo

Para fazer o ajuste parabólico basta fazer um duplo clique sob o gráfico. Na janela que se abre (Ferramenta de
dados) é possível fazer o ajuste através da opção mostrada na figura abaixo:
Figura 19 - Ajuste parabólico

O movimento na direção y pode ser adequadamente descrito como um MRUV cuja equação do movimento é:

1
𝑦 = 𝑦𝑜 + 𝑣0𝑦 ∙ 𝑡 − 2 ∙ 𝑔 ∙ 𝑡 2 (5)

Podemos comparar esta equação com a equação do ajuste parabólico:

𝑦 = 𝐴 ∙ 𝑡2 + 𝐵 ∙ 𝑡 + 𝐶 (6)

Rapidamente observamos que:

𝑔 = −2 ∙ 𝐴 (7)

e que:

𝑣0𝑦 = 𝐵 (8)

Já o movimento na direção x pode ser adequadamente descrito como um MRU cuja equação do movimento
é:

𝑥 = 𝑥𝑜 + 𝑣0𝑥 ∙ 𝑡 (9)

Podemos comparar esta equação com a equação do ajuste linear:

𝑥 = 𝐴∙𝑡+𝐵 (10)

Rapidamente observamos que:

𝑣0𝑥 = 𝐴 (11)
Para o gráfico da componente da velocidade na direção y (v0y) em função do tempo, lembrando que a equação
do movimento é um MRUV:

𝑣𝑦 = 𝑣0𝑦 − 𝑔 ∙ 𝑡 (12)

Podemos comparar esta equação com a equação do ajuste linear:

𝑣𝑦 = 𝐴 ∙ 𝑡 + 𝐵 (13)

Rapidamente observamos que:

𝑔 = −𝐴 (14)

e que:

𝑣0𝑦 = 𝐵 (15)

Da análise desses dados podemos calcular o ângulo de lançamento do projétil:

𝑣
𝜃 = 𝑡𝑔−1 (𝑣0𝑦 ) (16)
0𝑥

Podemos calcular o módulo da velocidade de lançamento do projétil:

2 2
𝑣0 = √𝑣0𝑥 + 𝑣0𝑦 (17)

Podemos observar diretamente no gráfico da posição y em função do tempo qual é a altura máxima atingida
pelo projétil e podemos comparar com seu resultado teórico:

𝑣02 ∙𝑠𝑒𝑛2 𝜃
𝐻𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 = 2∙𝑔
(18)

Podemos também observar diretamente no gráfico da posição x em função do tempo qual é o alcance máximo
horizontal do projétil e comparar com seu resultado teórico:

𝑣02 ∙𝑠𝑒𝑛(2𝜃)
𝑅= 𝑔
(19)

3. ANÁLISE DOS DADOS

1) Faça o gráfico de y versus t para o projétil;


a) Qual o valor da aceleração da gravidade calculado pelo ajuste parabólico deste gráfico?
b) Qual o valor da velocidade inicial na direção y calculado pelo ajuste parabólico deste gráfico?
c) Qual a altura máxima atingida pelo projétil ao analisar os dados deste gráfico?
d) Em que instante de tempo ocorre a altura máxima?

2) Faça o gráfico de vy em função de t para o projétil;


a) Qual o valor da aceleração da gravidade calculado pelo ajuste linear deste gráfico?
b) Há diferenças significativas no valor da aceleração da gravidade calculado acima com aquele calculado
no item 1a?
c) Qual o valor da velocidade inicial na direção y calculado pelo ajuste linear deste gráfico?
d) Há diferenças significativas no valor da velocidade inicial calculado acima com aquele calculado no
item 1b?
e) Em que instante de tempo a componente da velocidade na direção y é zero? Há alguma relação com
o tempo em que ocorre a altura máxima?

3) Faça o gráfico de x em função de t para o projétil;


a) Qual o valor da velocidade na direção x calculado pelo ajuste linear deste gráfico?
b) Qual a distância máxima percorrida na direção x?

4) Faça o gráfico de x em função de t para o lançador;


a) Qual o valor da velocidade na direção x calculado pelo ajuste linear deste gráfico?
b) Qual a distância máxima percorrida na direção x?
c) Existe alguma relação entre a velocidade do lançador e a velocidade do projétil na direção x?

5) Calcule os valores teóricos dos seguintes itens:


a) Ângulo de lançamento.
b) Velocidade de lançamento.
c) Altura máxima.
d) Alcance máximo.
e) Discuta as eventuais diferenças entre os valores teóricos e aqueles medidos para a altura máxima e o
alcance horizontal máximo.

6) Preencha a tabela abaixo com os valores calculados em cada item pedido:

Item Valor
1a
1b
1c
1d
2a
2c
2e
3a
3b
4a
4b
5a
5b
5c
5d

4. REFERÊNCIAS
[1] SERWAY, Raymond A.; JEWETT, John W. Princípios de Física: volume 1: mecânica clássica. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2005.

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