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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO

CURSO DE HISTÓRIA - LICENCIATURA


HISTÓRIA DO BRASIL COLONIAL

PROF.ª DR.ª HELIDACY MARIA MUNIZ CORRÊA

DISCENTE: JULIANA PEREIRA SILVA

Análise Textual
Ref.: SHWARTZ, Stuart B. Primeira escravidão: do indígena ao africano. In.:______-
Segredos Internos: engenhos e escravos na sociedade colonial 1550 – 1835. Tradução de
Laura Teixeira Motta. 2ª reimpressão. ______: Companhia das Letras, ______, p.57-73.

A utilização da mão-de-obra indígena na grande lavoura açucareira no período colonial


do Brasil, foi um dos principais motivos da expansão da agricultura colonial. O período da
escravidão indígena marcou as formas de relação entre os europeus e os índios, de modo que
as definições de categorias sociais e raciais fossem sistematizadas pelo pensamento
colonizador europeia. Contudo, não foi somente a exploração da força do trabalho indígena
que caracterizou a colônia brasileira, mas também a transição do trabalho do índio para o
africano. Esse, foi fundamental para a manutenção do engenho e do interesse europeu.

Ao analisar o trabalho nativo, percebe-se as fortes concepções dos portugueses em relação


ao conceito de colonização. Para eles, não havia distinção cultural ou racial entre indígenas e
africanos, reduzindo-os a uma mesma classe de povos dominados: os escravos. A estrutura
social dos índios não era de interesse dos portugueses, classificando-os em termos criados a
partir da visão europeia. A própria termologia "negro", expressão inventada pelos
portugueses na Idade Média, é sinônimo de escravo. Assim como os africanos eram referidos
como negros de Guiné", os indígenas eram referidos como os "negros da terra".

Os engenhos possuíam várias categorias e métodos de obtenção da mão-de-obra indígena.


O primeiro dava-se pela escravização, porém a lei de 1570 proibia a escravização ilegal de
povos nativos. O segundo, é por meio do escambo que servia para a recuperação do nativo
através de seus captores. Já o terceiro era pelo pagamento de salários, os índios trabalhavam
para os senhores de engenho. Os engenhos dependiam na sua maioria da mão-de-obra
indígena, sem ela, as lavouras tinham grandes prejuízos.
Nos inventários de engenhos, os nomes colocados dos escravos indígenas possibilitavam a
examinar o conjunto de mão-de-obra indígena em um engenho. Por não entenderem a "língua
do gentio", os portugueses modificavam no inventário palavras etimológicas indígenas para
melhor entendimento do documento por parte dos europeus. Dessa forma, houve a
modificação da língua nativa para uma língua mais aproxima do português. Outra dificuldade
que os europeus encontraram, é que em cada engenho possuía índios de diferentes regiões
com dialeto e cultura variadas. Essa mistura entre diferentes grupos indígenas, segundo os
europeus, era uma vantagem pois acreditavam que dificultaria a fuga. Apesar da composição
escrava diversa, no engenho existia unidades familiares indígenas e a mulher indígena na
escravidão, também tinha função em certos tipos de agricultura.

As divergências culturais entre indígenas e os senhores portugueses provou ser necessário


uma adoção de um padrão cultural europeu religiosa e social entre os povos. É por meio da
aculturação que os portugueses integravam os índios ao estilo de vida europeia. A forma de
trabalho por pagamento de salário, por exemplo, foi uma maneira de integração dos nativos a
sociedade portuguesa. A aculturação também foi percebida nos inventários de engenhos,
quando os portugueses modificavam o nome nativo do escravo para um nome português. A
religião era uma das principais maneiras de modificar uma cultura, tendo o batismo dos
índios como um processo de integração dos hábitos religiosos europeu.

A miscigenação também ocorreu nesse período. Homens brancos, apesar da prática de


endogamia, selecionavam parceiras sexuais da população escrava e livre, tendo filhos com
elas. Também ocorreu o contato entre africanos e índios nas habitações dos escravos. A
expressão "mameluco" acabou sendo criada para se referir a descendência mestiça em que um
dos país era índio. O processo e aculturação e integração não só modificou parte dos
costumes indígenas como também aumentou a população mestiça no Brasil colonial.

Apesar os senhores de engenho utilizarem a mão-de-obra indígena, a transição da força de


trabalho do índio para a africana foi inserida aos poucos. Alguns fatores auxiliaram para a
modificação da composição escravista. Para os portugueses, as habilidades dos escravos
africanos eram mais aprimoradas do que a dos índios, pois possuíam a experiência da
escravidão na península ibérica. Os engenhos prosperavam, facilitando a compra a força de
trabalho do africano.

A substituição de parte do trabalho das lavouras pela mão-de-obra africana não livrou o
índio de sua condição submissa aos senhores de engenho. Porém, houve certa resistência dos
nativos em aceitar os costumes portugueses, a integração do índio na sociedade portuguesa
não foi de muita eficácia pois ainda existia uma restrição na autonomia comercial para os
índios. Os preconceitos europeus também não contribuíram para a interação entre os povos.
A escravidão colonial foi um período que simbolizou as categorias de classes, tendo em vista
a forte desigualdade social e o papel de uma classe dominante escravizando outra. A
escravidão indígena e africana, portanto, fundamentou o regime de engenho.

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