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Filipe Reduto Gaspar https://resumosdesecundario.blogspot.

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Psicologia B
1 – Antes de mim
1.1 – A genética
1.1.1 – Os agentes responsáveis pela transmissão das
características genéticas
1.1.1.1 – Mecanismos de transmissão hereditária
• Hereditariedade corresponde ao conjunto de processos que asseguram que cada
ser vivo recebe informações genéticas através da reprodução. As células
reprodutoras são responsáveis por essa transmissão de informações genéticas. Da
união das células reprodutoras resulta o ovo ou zigoto, organismo unicelular que
carrega a herança genética dos progenitores. Esta informação genética está contida
nos 46 cromossomas (23 herdados da progenitora e 23 herdados do progenitor) do
cariótipo humano;
• Durante a formação das células sexuais (ou gâmetas), através de um processo de
divisão celular chamado meiose, estas sofrem uma redução para metade do
número de cromossomas, ficando apenas com 23 – deste modo, garante-se que a
soma dos cromossomas dos dois gâmetas (óvulo e espermatozoide) forma um
zigoto que mantém os 46 cromossomas do cariótipo humano;
• O processo de desenvolvimento do zigoto, que origina um novo organismo,
acontece por divisão celular, através da mitose, que consiste numa divisão celular
que mantém os 46 cromossomas em cada uma das células restantes da divisão;
• Cada um dos 46 cromossomas contém milhares de genes que, em conjunto,
formam o ADN (ácido desoxirribonucleico). Todos os genes (entre 20 e 25 mil)
formam o genoma humano, a coleção do nosso ADN;
• Os genes formam pares em que cada um dos seus elementos é herdado de um dos
progenitores. Designam-se por alelos os genes que codificam, num mesmo par,
uma característica genética;
• Os alelos (formas alternativas de um dado gene) são homozigóticos quando a
informação é igual num par de genes e heterozigóticos quando a informação é
diferente. Podem ainda ser recessivos – manifestam-se apenas em homozigose –
ou dominantes – o gene dominante contido no alelo revela-se invariavelmente, seja
em homozigose ou heterozigose;
• Chamam-se mendelianas às características que estão codificadas apenas num par
de genes. Quando uma característica está codificada em vários pares de genes, essa
característica é poligénica.

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1.1.2 – As influências genéticas e ambientais no comportamento


1.1.2.1 – Genótipo e fenótipo
• O genótipo ou genoma refere-se ao conjunto de todos os genes que constituem o
património hereditário de cada indivíduo. Está inscrito nos cromossomas e pode ou
não exprimir-se, de acordo com as leis da hereditariedade e as particularidades do
meio;
• O fenótipo corresponde ao conjunto de características observáveis do genótipo,
tais como aspetos morfológicos ou bioquímicos, e a presença ou ausência de uma
doença ou condição particular. Resulta quer de fatores hereditários quer das
condições do meio ambiente – por isso, dois gémeos monozigóticos (idênticos) têm
à partida fenótipos diferentes, embora tenham genótipos iguais, pois o meio
contribui na diferenciação dos seus fenótipos.

1.1.2.2. – Hereditariedade específica e individual


Para compreender de que forma o genótipo e o meio influenciam o nosso
comportamento:

• Os geneticistas comportamentais focam-se na hereditariedade individual –


património genético que encerra as particularidades de cada indivíduo (como a cor
do cabelo ou dos olhos) ou as predisposições para certas características;
• A psicologia evolutiva concentra-se na hereditariedade específica – conjunto de
genes que caracterizam uma determinada espécie (por exemplo, o facto do ser
humano saber andar em pé).

1.1.3 – A relação entre a complexidade do ser humano e o seu


inacabamento biológico
1.1.3.1 – Filogénese e ontogénese
• O longo processo evolutivo de uma espécie, desde a sua origem até ao seu estado
atual, designa-se filogénese. O estudo da filogénese humana permitiu compreender
que o desenvolvimento do nosso cérebro (encefalização) foi único entre os seres
vivos. Esse desenvolvimento resultou de um conjunto de alterações anatómicas e
de descobertas técnicas;
• O desenvolvimento do ser humano, desde a sua fecundação até à morte, chama-se
ontogénese.

1.1.3.2 – Preformismo e epigénese


• Segundo o preformismo, teoria hoje desacreditada, o ser humano estaria formado
desde o embrião, sendo o processo evolutivo essencialmente uma questão de
incremento de tamanho;

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• Designa-se por epigénese a teoria que se opõe ao determinismo preformista e que


defende que o ser humano resulta da relação entre as suas características genéticas
(inatas) e o meio ambiente (adquiridas).

1.1.3.3 – Inacabamento biológico e neotenia


• O ser humano nasce frágil e precoce, com um inacabamento biológico, precisando
de cuidados de outros para continuar o seu desenvolvimento. A sua incompletude
à nascença e a necessidade do prolongamento da infância designa-se neotenia;
• Foi a neotenia humana que fez de nós sistemas mais flexíveis e abertos às
influências do meio. A fragilidade biológica humana à nascença converteu-se, assim,
na melhor resposta adaptativa da nossa espécie.

1.2 – O cérebro
1.2.1 – Os elementos estruturais e funcionais básicos do sistema
nervoso humano
1.2.1.1 – Elementos estruturais e funcionais
Os neurónios, enquanto unidades básicas funcionais do sistema nervoso, são células
especializadas que assumem um grande número de funções no nosso organismo. Cada
neurónio é constituído por três elementos essenciais:

• O corpo celular ou soma – centro metabólico que contém as estruturas necessárias


para que o neurónio subsista, incluindo o núcleo celular que carrega a informação
genética;
• As dendrites – ramificações que partem do corpo celular e que têm como função a
receção de informação vinda de outras células em contacto com o neurónio;
• O axónio – prolongamento (de tamanho variável) que parte do corpo celular e que
conduz os impulsos deste
para outras células.
Frequentemente, os axónios
estão envolvidos pela bainha
de mielina, uma camada de
matéria gorda que isola
eletricamente o axónio do
meio ambiente, e por nódulos
de Ranvier.

1.2.1.2 – Tipos de neurónios e suas funções


• Neurónios sensoriais ou aferentes – recolhem a informação da periferia e
conduzem-na para o sistema nervoso central;

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• Neurónios de conexão ou interneurónios – interpretam informação e elaboram


respostas;
• Neurónios motores ou eferentes – transmitem a informação do sistema nervoso
central para os músculos, órgãos e glândulas.
1.2.1.3 – A comunicação entre neurónios
• A comunicação entre os neurónios dá-se através da fenda sináptica, um pequeno
espaço entre eles. Enquanto no interior do neurónio a comunicação é
essencialmente elétrica, a comunicação entre dois neurónios é de natureza
química. As interconexões entre neurónios chamam-se sinapses;
• A comunicação química é vulnerável a várias substâncias:
Perturbações
Processos em que Substâncias que
Neurotransmissor devido a uma falha
está envolvido afetam a sua ação
no seu equilíbrio
Movimento, Esquizofrenia, Cocaína,
pensamento, doença de anfetaminas,
Dopamina
sensações de Parkinson álcool
recompensa
Estados emocionais, Depressão Alucinogénios
Serotonina sono, perceção
sensorial
Contração muscular, Doença de Nicotina,
Acetilcolina aprendizagem e Alzheimer barbitúricos,
memória toxina botulínica
• Os neurónios espelho são neurónios ativados quando realizamos determinado ato
ou quando observamos alguém a realizar esse ato. Desta forma, ao acompanhar a
ação de outra pessoa, o cérebro é ativado, tal como se fossemos nós a realizar a
ação.

1.2.2 – O funcionamento global do cérebro humano


1.2.2.1 – Constituição do sistema nervoso
• Sistema Nervoso Central (SNC) - constituído pelo cérebro e pela medula espinal,
que conduz a informação até ao cérebro e que proporciona os atos reflexos;
• Sistema Nervoso Periférico - constituído pelos nervos que permitem a
comunicação entre o SNC e o meio exterior:
• Sistema Nervoso Somático - é composto por fibras sensoriais (aferentes), que
trazem informação ao SNC, e por fibras motoras (eferentes), que levam os impulsos
dos centros nervosos para vários órgãos;
• Sistema Nervoso Autónomo - garante a homeostasia, controlando funções
involuntárias como o batimento cardíaco, a respiração e a digestão:
• Sistema Nervoso Simpático - alerta o corpo para gastar mais energia em situações
que são avaliadas como perigosas;

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• Sistema Nervoso Parassimpático - acalma o corpo, reduzindo o consumo de


energia e retornando ao equilíbrio interno.

1.2.2.2 – Constituição e especialização do cérebro


Área anatómica Área funcional Função Lesões
Execução de
Córtex motor Paralisia cortical
movimentos
Planeamento e
Lobo frontal - Córtex (motor)
coordenação dos Apraxia
responsável pela associativo
movimentos complexos
regulação e
Área de Broca Produção da linguagem Afasia de Broca
programação dos
Motivação, juízo crítico, Apatia,
comportamentos
solução de problemas, incapacidade de
complexos
Área pré-frontal comportamento decidir e
dirigido para objetivos, instabilidade
emoções, etc. emocional
Receção de informação
Córtex auditivo Surdez cortical
Lobo temporal - auditiva
responsável pelo Córtex (auditivo) Integração de
Agnosia auditiva
processamento dos associativo informação auditiva
estímulos auditivos Afasia de
Área de Wernicke Receção da linguagem
Wernicke
Córtex Receção de informação
Lobo parietal - Anestesia cortical
somatossensorial sensorial
responsável pela
Córtex
receção de Integração de Agnosia
(somatossensorial)
sensações informação sensorial somatossensorial
associativo
Lobo occipital - Receção de informação
Córtex visual Cegueira cortical
responsável pelo visual
processamento dos Córtex (visual) Integração de
Agnosia visual
estímulos visuais associativo informação visual

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1.2.2.3 – Lateralização do cérebro


Os casos particulares das áreas de Broca e Wernicke, ambas envolvidas na linguagem e
localizadas no hemisfério esquerdo do cérebro, conduzem-nos ao conceito de
lateralização – a superioridade de um ou de outro hemisfério numa determinada tarefa.
Várias investigações indicam uma maior tendência para a especialização do hemisfério
esquerdo para atividades relacionadas com a linguagem, o discurso, a leitura e a escrita,
enquanto o hemisfério direito se mostra relativamente mais competente para tarefas
visuais e espaciais e para a comunicação não-verbal. Existem, pois, boas evidências de
que os hemisférios cerebrais têm funções especializadas e diferentes. No entanto, o
cérebro funciona de um modo sistémico e integrado aquando da execução da maioria
das tarefas.

1.2.3 – A relação entre o cérebro e a capacidade de adaptação e


de autonomia do ser humano
1.2.3.1 – Plasticidade e aprendizagem
O cérebro humano é dotado de uma enorme capacidade de adaptação e alteração
progressiva das estruturas e funções neurais. Diz-se, por isso, que o cérebro humano é
dotado de plasticidade ou neuroplasticidade. Esta pode distinguir-se entre:

• Plasticidade desenvolvimental – ocorre durante o processo de maturação e


desenvolvimento do cérebro;
• Mecanismo de suplência ou função vicariante – ocorre como processo adaptativo
de compensação de funções perdidas ou de maximização de funções mantidas em
caso de lesão cerebral (dada a capacidade de plasticidade do cérebro, é possível
que outras regiões cerebrais possam assumir as funções das áreas afetadas pelas
lesões).
Esta capacidade do cérebro se reorganizar diminui progressivamente com a idade.

1.3 – A cultura
1.3.1 – Fatores fundamentais no processo de tornar-se humano
1.3.1.1 – Cultura e padrões culturais
• A cultura é o modo de vida que resulta das interações sociais, no qual se incluem as
atitudes, os valores, os conhecimentos, os hábitos, etc. Esta pretende dotar cada
pessoa de um conjunto de ferramentas que lhe permita integrar e interagir com a
restante sociedade;
• O ser humano é, simultaneamente, produto e produtor de cultura. Produto porque
aquilo que cada pessoa é resulta, em parte, dos valores, ideais, crenças, etc.,
assimilados culturalmente; produtor porque cada um de nós contribui para
modificar padrões culturais, que serão transmitidos à geração seguinte;

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• Os padrões culturais são formas próprias e tipificadas de pensar, sentir e agir


específicas de uma determinada cultura. Estes incluem as regras sobre o que é
aceitável e expectável no seio de uma determinada cultura.

1.3.1.2 – Socialização
• Chama-se socialização ao processo através do qual cada ser humano interioriza os
padrões culturais do grupo social em que está inserido. Através deste processo é
construída a identidade social de cada indivíduo, bem como a sua integração nos
vários contextos socioculturais;
• Na socialização, a aprendizagem por modelação ou modelagem assume particular
importância, já que muitos dos nossos hábitos foram-nos transmitidos pelos vários
agentes de socialização com os quais contactámos ao longo da vida e de quem
copiamos modelos de atuação;
• Na socialização primária, é transmitido ao indivíduo um conjunto de saberes
básicos associados às principais regras de relacionamento entre os membros de um
grupo social. A socialização secundária ocorre ao longo de toda a vida do indivíduo,
de cada vez que este tem de se adaptar a situações sociais novas para si.

1.3.2 – A história pessoal como um contínuo de organização entre


fatores internos e externos
1.3.2.1 – Individuação e crianças selvagens
• O processo de desenvolvimento social inclui duas funções complementares:
socialização e individuação – processo através do qual cada um de nós se torna um
ser único e irrepetível, independentemente de podermos ter recebido estímulos
semelhantes aos dos outros. Através da socialização, cada um de nós estabelece
relações com outros e, guiado pela cultura, torna-se parte integrante da sociedade
(função integradora). Por outro lado, através da individuação contruímos a nossa
identidade e damos sentido à nossa existência, diferenciando-nos dos outros que
nos rodeiam (função diferenciadora);
• As crianças selvagens são exemplos de crianças que se desenvolveram fora da
sociedade e que, consequentemente, não passaram pelo processo de socialização.
Por isso, estas têm, de um modo geral, dificuldades na interação, ausência total ou
parcial de fala e reduzida expressão facial.

1.3.2.2 – Identidade pessoal e auto-organização


• A consciência de si e a identidade pessoal estão fortemente associadas à ideia que
cada indivíduo tem de si próprio, reconhecendo não só a sua imagem como as suas
características pessoais. A identidade pessoal está constantemente a sofrer
alterações à medida que ocorre a socialização secundária;
• Cada pessoa assimila os padrões culturais a que é exposto de forma diferente,
dando mais ou menos relevância às várias experiências que vivenciou ao longo da
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vida. A esta forma de cada indivíduo integrar as experiências dá-se o nome de auto-
organização.

2 – Eu – a mente e os processos mentais


2.1 – A cognição
2.1.1 – Processos cognitivos
Os processos cognitivos incluem aspetos ligados à utilização da informação que
adquirimos, de nós próprios e do mundo, à sua transformação e criação.

2.1.2 – Sensação e perceção


2.1.2.1 – Sensação
• A sensação é a reação dos órgãos recetores sensoriais aos estímulos do meio, que
podem ser visuais, sonoros, táteis, olfativos ou gustativos;
• O limiar absoluto de um estímulo consiste na quantidade mínima de energia
necessária para que o observador se aperceba, em pelo menos 50% das vezes, da
sua ocorrência;
• O conceito de limiar diferencial reporta à característica mínima necessária para que
o observador distinga um determinado estímulo de outro;
• A força e a distinção do estímulo sensorial são ainda afetadas pela adaptação
sensorial – a intensidade da resposta do ser humano aos estímulos sensoriais
diminui de intensidade na presença de estímulos constantes ou repetitivos.

2.1.2.2 – Perceção
• A perceção consiste no processamento dos estímulos e na sua representação
mental. Tem como aspetos fundamentais a distinção entre a figura e o fundo, o
agrupamento, a profundidade e a constância percetiva:
• Figura/ fundo – segundo o gestaltismo (psicologia da forma), o indivíduo organiza
mentalmente a realidade e os estímulos sensoriais separando as figuras do fundo e
agrupando as unidades percetivas para que façam sentido e sejam significativas;
• Agrupamento – a nossa perceção opera com um conjunto de princípios de
agrupamento que nos permite atribuir significado à realidade percetiva,
nomeadamente pela:
• Proximidade – elementos espacial ou temporalmente próximos tendem a ser
reunidos na mesma configuração;
• Semelhança – elementos semelhantes tendem a ser reunidos na mesma
configuração;
• Continuidade – tendemos a preferir formas harmoniosas ou contínuas, em vez de
formas descontínuas ou desarticuladas;
• Fechamento – tendemos a completar percetivamente os objetos que têm lacunas.

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• Profundidade – conseguimos captar a profundidade e a distância dos objetos


através do seu tamanho, aspeto e tridimensionalidade;
• Constância percetiva – mecanismo que nos permite estabilizar o mundo que nos
rodeia, garantindo-lhe imutabilidade em termos de tamanho, forma, localização,
brilho e cor.
• O nosso cérebro por vezes interpreta incorretamente a informação e deixa-se
enganar na forma como percebe a realidade. As ilusões são perceções distorcidas
de uma situação e são produzidas por fatores físicos ou psicológicos e culturais –
influenciados por mecanismos fisiológicos, mas também por necessidades, crenças,
emoções, expectativas, etc., os nossos processos percetivos encontram-se
simultaneamente dependentes de fatores inatos e aprendidos.

2.1.3 – Memória e atenção


2.1.3.1 – Subsistemas da memória
• A memória é a faculdade que conserva a informação de experiências passadas
através de três etapas:
• Codificação – transformação das informações do meio em representações e
códigos;
• Retenção – arquivamento da informação armazenada;
• Recuperação – acesso à informação armazenada.
• A memória divide-se em três subsistemas:
• Memória sensorial (MS) – dura alguns segundos;
• Memória de curto prazo (MCP) – dura cerca de 20 segundos;
• Memória de longo prazo (MLP) – pode durar minutos, horas, dias ou anos.
• Numa primeira etapa, a MS recolhe do meio informação que é transferida para a
MCP. Para que a informação não se desvaneça rapidamente e possa ser transferida
para a MCP, é necessário o envolvimento da atenção, que é a capacidade de focar
um evento ou situação. Ela pode ser seletiva (permite-nos fazer tarefas simples) ou
dividida (quando tentamos focar os nossos sentidos em mais do que um estímulo
ou quando intercalamos a nossa atenção com outra tarefa). De entre os eventos
selecionados pela atenção seletiva, conseguimos reter na MCP cerca de sete
elementos (dígitos, palavras ou imagens). É ela que retém e transfere para a MLP
o que nos interessa;
• As MLP dividem-se em dois tipos:
• Implícitas (procedimentais) – incluem procedimentos e ações; são coisas que
sabemos mas nas quais não pensamos de forma consciente, são hábitos e
capacidades motoras;
• Explícitas (declarativas) – incluem factos e proposições; dizem respeito às coisas
que sabemos por termos lembrança; distingue-se entre memória episódica ou
autobiográfica (relativa à nossa narrativa e história pessoal) e memória semântica
(associada ao conceito de cultura geral).

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2.1.3.2 – Erros da memória e teorias sobre o esquecimento


• Os principais erros que a memória comete são sete:
• Transitoriedade – redução ou deterioração da memória com o passar do tempo;
• Desatenção – redução da memória por não termos prestado a atenção suficiente;
• Bloqueio – incapacidade de recordar informações necessárias;
• Má atribuição – atribuição de uma memória à fonte errada;
• Sugestionabilidade – alteração das memórias devido a informações enganadoras;
• Viés – influência de conhecimentos atuais sobre as memórias;
• Persistência – ressurgimento de memórias indesejadas ou perturbadoras.
• Existem duas teorias sobre o esquecimento:
• Teoria da interferência – as novas informações intrometem-se levando-nos a
distorcer ou a esquecer as anteriores;
• Teoria da degradação – o fragmento original de informação vai desaparecendo com
o passar do tempo.

2.1.4 – Aprendizagem
A aprendizagem consiste numa mudança relativamente estável e duradoura do
comportamento ou das capacidades do indivíduo, adquirida como resultado da
observação prática, estudo ou experiência.

2.1.4.1 – Aprendizagem comportamental


A aprendizagem resulta da associação entre estímulos e respostas.

Condicionamento clássico
Pavlov, através das suas experiências com cães, identificou os principais elementos
implicados no condicionamento clássico:

• O alimento é o estímulo incondicionado, pois, por si só, desencadeia uma resposta


automática;
• A salivação produzida pelo alimento é a resposta incondicionada, assim chamada
por se desencadear diretamente em função do estímulo incondicionado;
• O som da campainha, antes do condicionamento, designa-se estímulo neutro, e,
após o condicionamento, estímulo condicionado;
• À salivação em função do som da campainha chamamos resposta condicionada,
isto é, aprendida, adquirida. O estímulo condicionado provoca a resposta
condicionada apenas após o organismo ter passado por um processo de treino ou
de aprendizagem.

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Condicionamento operante
Thorndike e Skinner explicaram o condicionamento operante, que consiste na tese de
que aprendemos a comportarmo-nos de certa maneira no sentido de obter
recompensas ou evitar punições:

• De modo a aumentar a frequência de um comportamento, utiliza-se o reforço


positivo (adicionar um estímulo agradável como recompensa) ou negativo (eliminar
um estímulo desagradável como recompensa);
• De modo a reduzir a frequência de um comportamento, utiliza-se a punição positiva
(adicionar um estímulo desagradável como castigo) ou negativa (eliminar um
estímulo agradável como castigo).

2.1.4.2 – Aprendizagem cognitiva


A aprendizagem decorre do processamento da informação.

Por insight
Através de experiências com chimpanzés, Köhler compreendeu como estes
reestruturavam o campo percetual para resolver problemas – depois de um processo
de tentativa e erro e de abordagem plena do problema, atinge-se o insight que conduz
à resolução do problema.

Latente
Através de experiências com ratos, Tolman encontrou evidências de uma aprendizagem
latente, baseada em mapas cognitivos – a aprendizagem é intencional e dirigida para
objetivos.

Por observação e imitação


Bandura salientou, através das suas experiências com crianças, que é possível a
mudança de comportamento sem a existência de um reforço direto. Um sujeito que
observa um comportamento de outro e que percebe que essa ação produz um resultado
vantajoso, mesmo sem o experimentar, tenderá a aprender e a reproduzir esse
comportamento. Assim, a aprendizagem do comportamento resulta de um reforço
vicariante, que é transferido do modelo observado para o sujeito que observa.

2.1.5 – Inteligência
A inteligência consiste na capacidade de um indivíduo assimilar conhecimentos,
recordar acontecimentos remotos ou recentes, utilizar corretamente o pensamento e a
razão, aprender com a experiência, enfrentar com sensatez e precisão os problemas,
adaptar-se ao ambiente e estabelecer prioridades entre um conjunto de situações.

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2.1.5.1 – Teorias clássicas da inteligência


Teoria bifatorial da inteligência
Spearman propôs a teoria bifatorial da inteligência, segundo a qual o comportamento
inteligente tem por base um fator G (inteligência geral), comum a todas as atividades
inteligentes, e fatores S (aptidões específicas) desenvolvidos a partir do fator geral.
O fator G implica três componentes: apreensão das experiências (capacidade para
codificar informação), estabelecimento de relações (capacidade para inferir ou
estabelecer relações entre duas ou mais ideias) e a edução de correlatos (capacidade
para aplicar a relação inferida, criando novas ideias).

Teoria multifatorial da inteligência


Thurstone defendeu que a inteligência residia na combinação de sete aptidões mentais
primárias: compreensão verbal, fluência verbal, aptidões numérica e espacial,
capacidade para memorizar, velocidade percetiva e raciocínio lógico. Esta perspetiva
ficou conhecida como teoria multifatorial da inteligência.

2.1.5.2 – Teorias contemporâneas da inteligência


Teoria das inteligências múltiplas
Gardner propôs a teoria das inteligências múltiplas, segundo a qual a capacidade
cognitiva humana comporta oito inteligências: linguística, lógico-matemática, corporal-
cinestética, musical, espacial, interpessoal, intrapessoal e naturalista. Para Gardner, a
forma como cada pessoa mistura ou combina diversos tipos de inteligência gera
múltiplas formas de comportamento inteligente.

Teoria triárquica da inteligência


Com a teoria triárquica da inteligência, Sternberg defendeu que a inteligência é uma
súmula de três inteligências:

• Criativa – capacidade para ir além dos dados, planear, criar e inventar ideias novas;
• Analítica – capacidade para analisar, comparar e avaliar ideias, resolver problemas
conhecidos e tomar decisões;
• Prática – capacidade para transformar a teoria em prática, isto é, transformar as
realizações humanas abstratas em produções práticas.

2.2 – A emoção
2.2.1 – Processos emocionais
Os processos emocionais correspondem às vivências de prazer e de desprazer e à
interpretação das relações que temos com as pessoas, os objetos, as ideias.

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2.2.1.1 – Emoções, sentimentos e afetos


• As emoções são reações geralmente abruptas, transitórias e complexas,
significativas para o indivíduo. Envolvem elementos psicológicos, comportamentais
e fisiológicos. Pode distinguir-se entre emoções primárias (reconhecidas por todos
os indivíduos e culturas) e emoções secundárias (desenvolvidas em determinados
contextos sociais ou culturais). Normalmente, as emoções são exteriorizadas e o
indivíduo nem sempre tem consciência delas;
• Os sentimentos são experiências mentais privadas, que podem ser originados por
emoções. São subjetivos e implicam, geralmente, um maior grau de consciência;
• Os afetos são sensações subjetivas imediatas (positivas ou negativas)
experimentadas pelo indivíduo na relação que estabelece com os outros, com os
objetos ou situações.

2.2.2 – Dimensões biológicas e sociais dos processos emocionais


2.2.2.1 – Componentes e estruturas das emoções
As emoções comportam três componentes: neurofisiológica – sistemas nervoso e
endócrino –, cognitiva – interpretação e significado dos estímulos sensoriais – e
comportamental – dimensão observável das emoções:

• Tome-se um acontecimento perigoso como exemplo. Numa primeira fase, a


imagem da situação é enviada para o tálamo do indivíduo (que funciona como
principal centro de retransmissão e coordenação das impressões sensoriais), e
deste para o seu córtex visual, que recebe, interpreta e coordena a informação
visual, permitindo o reconhecimento do estímulo (componente cognitiva). De
seguida é enviada uma mensagem para a amígdala (que controla a reatividade
emocional do medo e da ira, adaptando-a à situação), que é ativada (componente
neurofisiológica), dando lugar a um conjunto de reações, no sentido do indivíduo
se proteger da ameaça (componente comportamental);
• No entanto, a evolução do ser humano equipou-nos com um atalho neural para
situações de emergência como esta: antes dos centros corticais terem sequer
tempo de processar toda a informação, uma Tálamo
parte do sinal segue diretamente do tálamo
Amígdala
para a amígdala, que desencadeia
imediatamente as reações neurofisiológicas
necessárias ao ataque ou à fuga.
Córtex visual

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Para além destas estruturas, temos ainda, localizado na área pré-frontal, o córtex
orbitofrontal, essencial para um correto funcionamento da emoção:

• Os marcadores somáticos são sinais automáticos armazenados na região do córtex


pré-frontal que apoiam o processo de decisão. Com os marcadores somáticos,
marcamos o nosso passado com sinais que nos influenciam nos processos de
decisão, tendendo a repetir ações que nos desencadearam resultados agradáveis e
a evitar ações que produziram maus resultados;
• O córtex pré-frontal direito mostra-se mais ativo na presença de emoções positivas
e o córtex pré-frontal esquerdo na presença de emoções negativas. Este processo
designa-se por assimetria cerebral das emoções.

2.2.3 – O papel dos processos emocionais na vida quotidiana


2.2.3.1 – Inteligência emocional
A inteligência emocional é a capacidade de decidir validamente em função de objetivos,
ultrapassando frustrações, controlando impulsos e estabelecendo relações sociais
válidas que permitam a persecução motivada de projetos de vida. Usar o potencial
emocional de forma inteligente na relação com os outros é extremamente relevante
para o ser humano.

2.3 – A conação
2.3.1 – Processos conativos
A conação corresponde à dimensão intencional, empenhada e deliberada dos processos
psíquicos. Refere-se à dimensão consciente e dirigida da motivação, que implica esforço
pessoal (vontade) em direção a um objetivo específico. Remete para os aspetos que se
relacionam com a iniciativa da ação, sendo indissociável da motivação.

2.3.2 – Dimensões biológicas e psicológicas dos processos


conativos
2.3.2.1 – Enfoque em aspetos biológicos
• Instinto – cada um de nós está programado com um conjunto de comportamentos
(instintos) essenciais à sobrevivência;
• Redução do impulso – quando se perde o equilíbrio homeostático em alguma
necessidade biológica é gerado um impulso;
• Ativação – as pessoas necessitam de um nível ótimo de ativação (nível de excitação
e atividade do corpo).

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2.3.2.2 – Enfoque em aspetos psicológicos


• Incentivo – o comportamento motivado está dependente de estímulos externos;
• Expetativa – a motivação (intrínseca – ligada à satisfação pessoal – e extrínseca –
ligada a recompensas externas) é explicada pela expetativa e atribuição de
significados.

2.3.2.3 – Enfoque integrador (aspetos biológicos e psicológicos)


• Hierarquia das necessidades – as necessidades formam uma hierarquia: as mais
básicas relacionadas com os impulsos primários e com a segurança e as superiores
com o amor, a estima e a autoatualização; nem sempre precisamos de ter as
necessidades básicas preenchidas para conseguirmos atingir as superiores.

2.3.2.4 – Tendências e intenções


O ser humano não é motivado apenas por tendências e necessidades biológicas, mas
também por intenções e desejos. Enquanto as tendências são mecanismos biológicos,
as intenções são processos psicológicos complexos que orientam a ação em função de
desejos, expetativas, crenças, emoções, objetivos, projetos, entre outros. Pela intenção
se explica que os indivíduos se capacitem para contrariar a tendência em nome de um
objetivo que consideram mais importante.

2.3.2.5 – Regiões do cérebro envolvidas no comportamento motivado


O comportamento motivado está associado às regiões pré-frontais dos lobos frontais,
ao córtex cerebral, ao sistema límbico e ao hipotálamo, que tem a seu cargo a função
de coordenar as respostas fisiológicas aos estímulos, organizando o comportamento no
sentido da manutenção do equilíbrio interno do organismo.

3 – Eu com os outros
3.1 – As relações precoces
3.1.1 – As relações precoces e a estrutura da relação do bebé com
a mãe
3.1.1.1 – Relações precoces e vinculação
• As relações precoces – relação recíproca que tem por base o conjunto de
comportamentos (chorar, sorrir, vocalizar, agarrar e gatinhar) que nos primeiros
tempos de vida permitem estabelecer a ligação afetiva entre a criança e quem dela
cuida – começam com os nossos cuidadores sob a forma de vinculação, que é um
laço afetivo que une a criança e o cuidador, direcionando para a figura de vinculação
as suas necessidades de sustento, apoio e proteção.

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3.1.1.2 – A estrutura da relação do bebé com a mãe


• John Bowlby concluiu que a privação de cuidados maternos tem consequências
futuras importantes, pois estas crianças terão maior probabilidade de estabelecer
relações afetivas superficiais, ser menos concentradas e revelar incapacidades de
se relacionar socialmente com os outros;
• Harry Harlow separou da mãe crias de macaco com pouco tempo de vida, dando-
lhes duas mães substitutas (uma feita de madeira forrada com uma cobertura macia
e outra feita de arame). Mesmo que a alimentação fosse dispensada pela mãe feita
de arame, os macacos preferiam as mães substitutas feitas de tecido macio, o que
revela uma necessidade inata de conforto de contacto. Harlow analisou o
desenvolvimento das crias e registou que os macacos revelaram comportamentos
socioafetivos perturbados, gerados pela privação social, que Harlow designou por
síndrome de isolamento;
• Segundo Mary Ainsworth, a criança desenvolve uma base de segurança que lhe é
fornecida pela sua figura de vinculação. Através da experiência da situação
estranha, a investigadora concluiu existirem três padrões distintos:

• A vinculação insegura, na qual a criança revela ansiedade ao explorar o


desconhecido, fica inconsolável ao separar-se da figura de vinculação e mostra
hostilidade quando ela regressa;
• A vinculação segura, na qual a criança explora o meio desconhecido na presença da
figura de vinculação, protesta pela sua saída e procura conforto quando ela
regressa;
• A vinculação evidente, no qual o comportamento da criança não é afetado pela
chegada ou saída da figura de vinculação, pois reprime os sentimentos e a
necessidade de conforto.

3.1.2 – O papel das relações precoces no tornar-se humano


3.1.2.1 – Depressão analítica e síndrome do hospitalismo
René Spitz identificou duas patologias decorrentes da privação afetiva precoce:

• A depressão analítica é um estado depressivo precoce que ocorre em bebés a partir


dos 6 meses, em consequência da rutura na relação com o agente maternante, que
leva a atonia afetiva e inércia motora;
• A síndrome de hospitalismo ocorre pela rutura duradoura precoce da relação
afetiva com o agente maternante nos primeiros 18 meses, e perturba o
desenvolvimento global da criança e desencadeia sentimentos de abandono,
desamparo e medo.

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3.1.2.2 – Resiliência
• Emmy Werner realizou um estudo com crianças que tiveram infâncias repletas de
fatores de risco, e constatou que um terço delas conseguiu superar as adversidades
recorrendo a fatores de proteção. Em todos os casos de sucesso, todos tinham tido
o apoio de um adulto, o tutor de resiliência. Conclui-se assim que a resiliência –
capacidade de resistência à destruição e a possibilidade de reconstrução de si
mesmo sob circunstâncias desfavoráveis – constrói-se no interior de cada pessoa e
resulta também da influência do meio.

3.2 – As relações interpessoais


3.2.1 – Processos fundamentais de cognição social
3.2.1.1 – Cognições sociais
• Cada um de nós interage constantemente com outras pessoas. Nessa interação,
construímos cognições sociais, ou seja, interpretamos, atribuímos valor e inserimos
em categorias os outros e os acontecimentos com que nos deparamos;
• As nossas primeiras interações são baseadas em impressões – noção criada em
contexto interpessoal a partir de alguns indícios e que nos permite construir uma
imagem ou ideia sobre uma pessoa;
• Solomon Asch descobriu o efeito de primazia, que diz respeito à tendência para
atribuirmos maior relevância à informação inicial que retemos sobre uma pessoa.
Para além disso, ainda criou a distinção entre qualidades centrais e qualidades
periféricas: apesar de uma mudança num traço central (por exemplo, caloroso para
frio) alterar completamente a impressão, a mudança num traço periférico (por
exemplo, inteligente) não tem esse poder;
• Nas relações sociais que estabelecemos fazemos constantemente interpretações
relativas às razões do comportamento dos outros. A estas inferências damos o
nome de atribuições. As causas que encontramos para justificar determinados
comportamentos (nossos ou dos outros) podem ser internas ou externas, estáveis
(permanentes) ou instáveis (pontuais), e controláveis ou incontroláveis;
• As atitudes são juízos avaliativos que nos predispõem a responder de forma
favorável ou desfavorável a um objeto, pessoa ou acontecimento, e comportam três
componentes:
• Afetiva – emoções e sentimentos que acompanham a atitude;
• Cognitiva – pensamentos, crenças e valores associados à atitude;
• Comportamental – processo mental que prepara o indivíduo para agir de
determinada forma (conação).
• O nosso comportamento nem sempre vai ao encontro das nossas crenças. Muitas
vezes agimos de determinada forma por pressão social ou simplesmente porque
não pensámos suficientemente sobre o assunto. Quando tal acontece, instala-se

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um certo desconforto. A este sentimento o psicólogo Leon Festinger chamou


dissonância cognitiva. Para ele, há três formas de lidar com ela:
• Alteração da cognição – mudar assumidamente de opinião de acordo com o
comportamento;
• Preservação do eu – evitar as situações que podem vir a revelar-se geradoras de
dissonância;
• Reorganização – selecionar as informações mais relevantes para vir a estabelecer a
concordância entre o comportamento e a cognição.
• As expectativas, por vezes, resultam em profecias autorrealizáveis – situações em
que as expectativas motivam comportamentos que acabam por contribuir para que
estas se realizem.

3.2.2 – Processos de influência entre os indivíduos


3.2.2.1 – Influência social
A influência social inclui todas as perceções, juízos e atitudes dos outros cujo
conhecimento pode gerar mudanças das perceções, juízos, atitudes ou
comportamentos do indivíduo. Existem vários processos de influência social:

• Normalização – as normas indicam a forma de agir socialmente adequada, assim


como sinalizam as ações a evitar;
• Conformismo – em situações onde existe uma norma maioritária claramente
definida e aceite pelo grupo e uma minoria que não está de acordo com a norma, a
minoria tende a conformar-se e a ajustar-se à norma, reduzindo as tenções sociais
que poderiam resultar do inconformismo, que acontece quando uma minoria gera
conflito em torno de uma norma aceite pela maioria;
• Obediência – o indivíduo modifica o seu comportamento submetendo-se a ordens
que derivam de um poder que considera legítimo – a figura de autoridade. A partir
da experiência realizada por Stanley Milgram, conclui-se que a obediência é afetada
por fatores como:
• A proximidade da vítima;
• A proximidade da figura de autoridade;
• O contexto institucional;
• A pressão para o conformismo;
• O papel legítimo da pessoa que dá ordens;
• As atitudes e ideologias.
• A experiência da prisão de Stanford, liderada por Philip Zimbardo, mostra como
determinadas situações sociais e determinados grupos influenciam as identidades
pessoais. A este fenómeno, que ocorre quando as pessoas perdem a sua
individualidade e deixam de seguir os seus padrões de conduta pessoais, dá-se o
nome de desindividuação.

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3.2.3 – Processos de relação entre os indivíduos e os grupos


3.2.3.2 – Estereótipo, preconceitos e discriminação
• Gordon Allport criou a Escala de Preconceito e Discriminação de Allport. Para
Allport, a hostilidade numa sociedade podia ser classificada em cinco níveis:
• Antilocução (1) – difamação verbal em discursos de ódio ou incitamento à
discriminação;
• Esquiva (2) – quem sofre do preconceito é posto à parte da sociedade;
• Discriminação (3) – o indivíduo é marginalizado e impedido de atingir metas;
• Ataque físico (4) – crimes de ódio;
• Extermínio (5) – genocídio e/ou etnocídio.

5 – Problemas e conceitos teóricos estruturadores da


Psicologia
5.1 – Os grandes autores da história da Psicologia
5.1.1 – Conceitos estruturantes e grandes dicotomias na
explicação do comportamento humano
5.1.1.1 – A Psicologia
• Etimologicamente, ‘psicologia’ deriva dos termos gregos psyché (alma ou mente) e
logos (estudo, compreensão);
• O seu objeto de estudo é o comportamento e os processos mentais;
• O seu objetivo é explicar e prever os comportamentos humanos, facilitando
mudanças positivas para as pessoas.

5.1.1.2 – Conceções diferentes sobre o ser humano – dicotomias


• Inato vs. adquirido – oposição entre os aspetos ligados à natureza e à
hereditariedade e os aspetos relacionados com o ambiente e a experiência;
• Estabilidade vs. mudança – oposição entre a continuidade e os aspetos
quantitativos das aquisições e a descontinuidade e os aspetos qualitativos.

5.1.2 – Autores da história da psicologia


5.1.2.1 – Wilhelm Wundt - associacionismo
• Wundt fundou o primeiro laboratório de psicologia na Alemanha, e afastou a nova
ciência da Filosofia;
• O associacionismo tinha como objeto de estudo a consciência, que era estudada
através da introspeção – como os processos mentais são internos, o método

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introspetivo consistia numa abordagem em que os participantes descreviam as suas


experiências conscientes.

5.1.2.2 – John Watson – behaviorismo


• O behaviorismo ou comportamentalismo tinha como objeto de estudo o
comportamento observável, que era estudado através da análise experimental. Na
perspetiva de Watson, o comportamento humano é o conjunto de reações
adaptativas objetivamente observáveis que o organismo executa em resposta a
estímulos também observáveis. A sua teoria assentava muito no determinismo.

5.1.2.3 – Sigmund Freud – psicanálise


• Com uso da hipnose, a psicanálise tinha como objeto de estudo o inconsciente.
Freud defendia que a mente humana é como um icebergue – a sua parte visível,
que correspondia à consciência, era a mais pequena, enquanto que a parte
submersa, a maior, representava o inconsciente. Este era constituído pelo:
• Id – parte mais primitiva e menos acessível onde se encontram os instintos sexuais
e agressivos; as suas pulsões requerem satisfação imediata, procurando reduzir a
tensão através do prazer, sem análise prévia da realidade;
• Ego – mediador e facilitador da interação entre o Id e o mundo exterior,
representando a razão e a racionalidade, ao contrário da irracionalidade do Id;
• Superego – formado pela educação a que se está sujeito desde a infância e
representa a moralidade; ele está assim em conflito com o Id.
• Segundo Freud, existem duas pulsões inatas:
• Eros (pulsão de vida) – visa a autopreservação do indivíduo;
• Tânatos (pulsão de morte) – está ligada ao comportamento agressivo.
• Para Freud, a maioria dos problemas psíquicos têm origem em conflitos mal
resolvidos no processo de desenvolvimento psicossexual. A sua teoria do
desenvolvimento psicossexual identifica cinco estádios:
• Oral (do nascimento aos 12-18 meses) – o prazer está predominantemente
relacionado com a excitação da cavidade oral e dos lábios;
• Anal (dos 12-18 meses aos 3 anos) – esta fase está associada à maturação e controlo
do esfíncter, deslocando-se o prazer para a região anal;
• Fálico (dos 3 aos 6 anos) – o prazer desloca-se para os genitais e ocorre o desfecho
do complexo de Édipo/ Eletra;
• Latência (dos 6 anos à puberdade) – dá-se uma pausa na evolução da sexualidade;
• Genital (da puberdade à idade adulta) – o prazer libidinal integra-se numa relação
íntima.
• No procedimento da associação livre, o paciente é convidado a exprimir-se
livremente, tendo como ponto de partida uma palavra ou imagem. Outro dos
procedimentos utilizados consiste na análise dos atos falhados (lapsos de memória,
de linguagem, de leitura ou de escrita).

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