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11º Ano

Módulo 4

Unidade 2

A Europa dos Estados absolutos e a Europa dos parlamentos


Estratificação social e poder político nas sociedades de Antigo Regime
I. Sociedade de ordens e poder absoluto no Antigo Regime
i. A sociedade de ordens – uma sociedade estratificada
No antigo regime, as ordens eram diferenciadas por diferentes estatutos jurídicos.
A sociedade medieval tinha uma divisão tripartida – clero, nobreza e povo. Esta divisão era aceite
de forma incontestada.
A diferenciação do estatuto social devia-se:
✓ Estatuto do nascimento;
✓ Função desempenhada na sociedade;
✓ Privilégios de cada ordem;
✓ Comportamentos, formas de tratamento, dignidades e horas.
Com esta diferenciação, resultaram as principais características da sociedade do Antigo Regime.

✓ Desigualdade das condições sociais dos súbditos;


✓ Rígida divisão da sociedade entre privilegiados e não privilegiados;
✓ Hierarquia das ordens;
✓ Hierarquização dos diferentes estratos – dentro de cada ordem havia vários níveis;
✓ Difícil mobilidade social.

Os diferentes estratos sociais

• O clero

O clero ocupava o topo da hierarquia social, devido:

✓ Prestígio da vida espiritual;


✓ Tutela do ensino e altos cargos da administração pública;
✓ Poder material, devido à riqueza;
✓ Privilégios.
Desempenhava funções como:

✓ Clero secular – dirigir as atividades de culto;


✓ Clero regular – membros de ordens nos conventos ou mosteiros;
✓ Ordens de terceiras e medicantes – voto de pobreza monástica e caridade pública;
✓ Professores e alunos das universidades.

O poder e estatuto do clero dividia-se em:


✓ Alto clero – topo da hierarquia, muitos deles provenientes da alta nobreza e muito ricos;

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✓ Baixo clero – Condição humilde de párocos, frades e outros religiosos, dependentes das
contribuições dos fiéis.

• A nobreza

A origem da nobreza, tem de se considerar a nobreza de sangue e a nobreza de toga.


✓ Nobreza de sangue/espada – nobreza de nascimento, orgulhosa dos seus títulos e
desprezava a nova nobreza;
✓ Nobreza de Toga – normalmente são filhos de burgueses, que exerciam importantes
cargos burocrático-administrativos. Nobreza baseada na ascensão por mérito próprio.
A forma de vida levada a cabo pelos nobres é dividida em nobreza rural e nobreza de corte.

✓ Nobreza rural/provincial – A manutenção do seu estatuto dependia da riqueza fundiária ou


mediante o pagamento de rendas por parte dos camponeses;
✓ Nobreza Cortesã – detentora de grandes patrimónios fundiários e de subsídios e tenças
concedidas pelo monarca. Era a nobreza dos validos, que estavam sempre em torno do rei
e desempenhavam altos cargos administrativos.

A riqueza e o poder, pode-se falar em alto e baixa nobreza.


✓ Alta nobreza – constituída por aristocratas com elevado poder fundiário, próximos do
monarca, não exerciam tarefas ligadas ao comércio e dedicavam-se à vida da corte,
atividades lúdicas, políticas e militares;
✓ Baixa nobreza – constituída por fidalgos e com dificuldades económicas. Surgiu o
cavaleiro-mercador no ceio da baixa nobreza.

• O povo

O povo era constituído por todos os trabalhadores sem estatuto nobre ou eclesiástico, por isso
era a base de todo o edifício social.

Era uma ordem muito heterogenia.


A população rural era cerca de 80%, constituída por camponeses:

✓ Trabalhavam nas suas próprias terras;


✓ A maioria não tinha terras próprias, portanto trabalhavam em propriedades senhoriais;
✓ Existiam artesões ligados a atividades rurais.
A população urbana era dominada pela burguesia:

✓ Alta burguesia – homens de negócios e letrados que exerciam altos cargo de


administração e facilmente ascendiam à nobreza de toga;
✓ Baixa burguesia – mestres de ofícios, artesoes, funcionários, pequenos comerciantes e
lojistas. Detinham alguma riqueza e prestígio social.
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Num patamar inferior encontrava-se o povo urbano – Assalariados em atividades manufatureiras


ou trabalhavam para casas ricas.

Habitava também a massa de indigentes – vagabundos, mendigos, marginais que viviam à custa
de esmolas e atividades ilegítimas.
Por fim, existia a população escrava.

Comportamentos e valores

• Na vida quotidiana
Era diferente, conforme se tratasse de um membro do clero, nobreza ou povo.

As diferentes regras eram instituídas por lei. A tradição secular tornava normais as diferenciações
entre os diferentes estratos sociais.
Vestuário – A mais antiga forma de diferenciação. Chegou a haver diferenças no direito a vestir
determinadas peças de roupa.
Habitação – Os palácios eram próprios dos titulares, a burguesia habitava em construções de
elevada qualidade e decoração.

Alimentação – Só os grupos privilegiados tinham acesso às comidas mais exóticas. Os produtos


vulgares da agricultura ficavam reservados às camadas populares.
Apresentação pública – O nobre tinha de se fazer acompanhar pelos criados, tinha de usar altas
vestimentas. Ao povo era vedado o acesso a estes privilégios.

Convívio social – Havia locais próprias para o povo, locais próprios para a nobreza e o clero e nos
locais comuns a presença de um superior da mesma ordem, exigia-se o uso da vénia ou beija-
mão no cumprimento.
Formas de tratamento – Os títulos de sua eminência, senhoria eram reservados ao clero, à
nobreza eram reservados os títulos de Dom, vossa mercê, vossa senhoria. O título de vossa
excelência era reservado aos diplomatas e outros personalidades públicas. Sua alteza, era título
exclusivo da família real.

• Nos privilégios da nobreza e do clero


A diferenças eram maiores nas leis e nos códigos penais.

Todos os nobres beneficiavam dos privilégios juridicamente conferidos à ordem:


✓ Isenção de pagamento de impostos;
✓ Direito a cobrar tributações dos camponeses;
✓ Benefício de foro (justiça) privado – não tinham penas infames, não podiam ser expostos,
cumpriam prisão nos seus castelos; em caso de condenação à morte era por decapitação
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por ser mais rápida, não podia ser torturado, enforcado ou levado à fogueira. A maioria das
punições resultava em multas;
✓ Desempenho dos mais altos cargos da administração e atividade militar;
✓ Exclusividade de exercícios de determinadas atividades, como caçadas, torneiros, bailes
etc…

Entre os privilégios do clero:

✓ Proteção do Papa;
✓ Direito a justiça e tribunais privados e leis instituídas pelo direito canónico;
✓ Isenção de tributação ao estado;
✓ Direito de cobrar impostos aos fiéis;
✓ Direito de asilo nas suas propriedades;
✓ Desempenho de altos cargos na administração;
✓ Penas especiais em caso de condenação.

ii. O absolutismo régio de direito divino como garante da hierarquia social

• O Estado absoluto

O monarca concentra em si todos os poderes do Estado:

✓ Poder legislativo – conceber leis e intervir na atividade administrativa, económica,


financeira e religiosa;
✓ Poder executivo – aprovar e ordenar o cumprimento das leis;
✓ Poder judicial – julgar em situações de incumprimento das leis.

• O poder divino dos reis

O absolutismo assenta na teoria que os monarcas exercem o poder por delegação divina.
No ato da coroação eram considerados representantes de deus na terra, assim o seu poder de
reinar era sagrado.

• A edificação do Estado absoluto

Para a centralização do poder, os monarcas absolutos rodearam-se:

✓ Corpo conselheiro – o rei recorria para decidir sobre questões importantes do estado;
✓ Funcionários da administração central – funcionários da corte, magistrados e homens das
leis que tinham como função executar as decisões do rei;

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✓ Funcionários da administração local – comissários, intendentes, cobradores fiscais,


forneciam ao rei informações de todos os cantos do país.

• A legitimidade do poder absoluto

O rei deve contribuir para a felicidade do seu povo mediante o exercício de uma boa governação.
Por parte dos cidadãos, cabe aceitar passiva e pacificamente a autoridade régia.

Assim é possível estabelecer a ordem social.

• As limitações teóricas do poder absoluto

O poder dos reis estava condicionado por algumas limitações teóricas como:
✓ Mandamentos da lei de deus – o poder dos reis dependia do exercício da boa governação,
o que obrigava a governar de forma justa e bondosa;
✓ Leis naturais – para preservar a paz tinham de se manter o direito à propriedade, direito à
liberdade e justiça;
✓ Leis fundamentos do estado – as leis tradicionais, não escritas eram necessárias ser
cumpridas para não poder em causa a identidade da nação.
Contudo, estas limitações não passavam de teóricas, pois não existia qualquer controlo ou
fiscalização da atividade governativa do rei.

Por outro lado, o conceito de bem publico era objeto de interpretação pelo monarca.

iii. Os modelos estéticos de encenação do poder

• A corte, centro político-administrativo

A corte constituía o centro de onde se espalhava a autoridade régia.

• A corte, meio de dominação social

A corte foi usada para concentrar o alto clero e a alta nobreza da província, para assim, evitar
contestação da centralização do poder.

Para se ter uma vida de corte luxuosa, era necessário aceitar passivamente as frequentes
chamadas à corte por parte do rei.
Na corte, o exercício de alguns cargos concedia novos títulos e o pagamento de pensões.

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Assim era possível controlar a nobreza, de forma a que não se revoltasse contra os poderes
absolutos do rei.

• A corte como encenação do poder

A grandeza do poder notava-se na estrutura do palácio real que apresentava uma grandiosidade
em dimensões, um grande número de elementos decorativos, um magnifico espaço envolvente,
marcado sobretudo por jardins.

Nas manifestações públicas, o monarca aparecia num trono grandioso, onde se verificava o
grande tamanho do seu manto real e a imensa riqueza da sua coroa.
Nas relações com os súbditos, havia o cumprimento rigoroso do protocolo, onde se verificava a
distância entre os vários estratos sociopolíticos da corte.

II. Sociedade e poder em Portugal


i. Preponderância da nobreza mercantilizada e fundiária em Portugal

Com a expansão ultramarina no século XVI, houve o crescimento da burguesia de negócios que
se caracterizava por ver empreendedora e ajudou a reforçar o poder político dos monarcas e a
posição das ordens sociais privilegiadas.

• O desempenho de cargos na administração ultramarina

Com a descoberta de novas terras, foi necessário a criação de cargos para administrar os
territórios ultramarinos.
Foram atribuídos alguns cargos à nobreza nos territórios ultramarinos para executarem as
funções de administração do reino localmente.

Associados a estes cargos surgem novos títulos e honras que se traduzem em tenças como
forma de pagamento pelos serviços.
O desempenho de algumas funções administrativas abria caminho para a participação desta
nobreza nos negócios ultramarinos.

• O cavaleiro-mercador

A adesão à mercantilização por parte da nobreza, leva ao desrespeito pela tradição aristocrática
de não intervenção em atividades comerciais. O que torna a nobreza portuguesa original e faz do
cavaleiro-mercador uma figura aristocrática nova na Sociedade do Antigo Regime.
O cavaleiro-mercador participa em atividade de comercio dos produtos coloniais, principalmente
nos que prometiam ser negócios lucrativos.
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• A persistência de uma nobreza tradicional

A nobreza portuguesa não alterou a sua mentalidade. Apesar de estar presente no mundo dos
negócios, não se constituiu como um grupo ativo e empreendedor.
A nobreza fundiária veio a investir os seus lucros na aquisição de novas terras e em luxos.

Continuou por preferir a instituição de novos direitos senhoriais, impondo impostos aos
camponeses que trabalhavam nas suas terras.
O monarca com a centralização do poder, preferiu aumentar a riqueza material das ordens
privilegiadas para as submeter à sua autoridade.

• A atrofia da burguesia
Houve uma inversão da tendência da afirmação da burguesia devido ao aumento do poder
económico e político por parte da nobreza.

Em Portugal não se pode falar de uma burguesia com uma mentalidade ativa e empreendedora,
semelhante à burguesia do norte da europa.
Entraves impediram a afirmação da burguesia, tais como:

✓ Monopólio régio da expansão ultramarina – A expansão ultramarina foi um


empreendimento tutelado pela coroa portuguesa desde sempre, e sempre que privados
pretendiam agir no comercio ultramarina tinham de pagar elevadas quantias ao monarca;
✓ Concorrência da nobreza – a nobreza exerceu uma forte concorrência à burguesia por
deter muitos privilégios em territórios coloniais;
✓ Poder político e militar da nobreza – Cargo militares e maus eram entregues à nobreza, o
que reduzia a burguesia à dependência da nobreza;
✓ Concorrência dos mercadores estrangeiros – a prosperidade económica do reino, levou a
que muitos mercadores estrangeiros se estabelecem em Lisboa;
✓ Ação da inquisição – muitos burgueses como sendo cristãos-novos eram muitas vezes
acusados pela inquisição de prática clandestina de judaísmo;
✓ Caracter conservador da burguesia portuguesa – a burguesia portuguesa tentava igualizar
a nobreza no que toca aos fundamentos de riqueza e formas de vida.

ii. Criação do aparelho burocrático do Estado absoluto no século XVII

Com o objetivo de realizar uma governação centralizada, competente e justa, o monarca rodeou-
se de instituições novas e outras reformadas, tomando o lugar dos tradicionais órgãos consultivos
(cortes).
No lugar na corte foram criados complexos órgãos administrativos constituídos por altos e zelosos
burocratas:

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✓ Conselho de Estado – constituído pela alta nobreza e alto clero, foi reestruturado em várias
secretarias de estado para ajudar o rei em todos os assuntos políticos;
✓ Conselho de Guerra – prover todos os assuntos de caracter militar;
✓ Conselho Ultramarino – dedicava-se a centralizar a administração colonial;
✓ Juntas dos Três Estados – responsável por administrar os impostos para a defesa do
reino.
O exercício da justiça foi reforçado, como forma de o rei ter a autoridade judicial mais
concentrada em si.

As velhas instituições judiciais – casa da suplicação, tribunal do desembargo do paço, tribunal


da relação e casa do porto, mesa de consciência e ordens vieram a ser renovados e
substituídos por juristas da confiança do rei que aplicavam a justiça com maior eficácia.
O tribunal do santo ofício – manteve-se independente do poder e dos outros tribunais.

iii. O absolutismo joanino

O absolutismo em Portugal atingiu o seu auge com a governação de D. João V.


D. João V, procurou imitar Luís XIV, mantendo a maior concentração de poderes em si.

D. João V, procurou também dominar a nobreza e o alto clero, chamando-os às cortes e


concedendo tenças.
No âmbito da governação, o aparelho burocrático do estado foi reforçado com funcionários da
nobreza, clero e burguesia letrada.

Unidade 3

Triunfo dos Estados e dinâmicas económicas nos séculos XVII e XVIII


Reforço das economias nacionais e tentativas de controlo do comércio

O processo de centralização política foi acompanhado de uma forte intervenção do estado, no


sentido de reforçar as económicas nacionais e assim tornar mais forte e poderosa a sua situação
financeira.
No século XVII verificou-se:

• A quebra de receitas fiscais, devido à recessão económica;


• Uma clara diminuição do afluxo de metais preciosos;
• Aumento das despesas públicas – associado às guerras.

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I. O reforço das economias nacionais – o mercantilismo

Mercantilismo – teoria económica que identificava que a força do estado seria traduzida pela
abundância de metais preciosos acumulados.
Os defensores do nacionalismo económico defendiam que o estado devia implementar um
protecionismo económico, traduzido:

✓ Evitar a saída de metais preciosos e promover a entrada de outros, para preservar a o


equilíbrio da balança comercial;
✓ Fomento da produção nacional, para se evitar importações;
✓ Atividades comerciais marítimas e domínio de áreas coloniais para garantir o fornecimento
de matérias primas e arranjar novos mercados consumidores.

A Inglaterra teve maior êxito no mercantilismo marítimo e comercial, e a França no mercantilismo


continental e manufatureiro.

O mercantilismo na Inglaterra
Muitas opiniões sugeriam a limitação das importações, e o fomento das atividades comerciais
marítimas. Oliver Cromwell, pós em prática uma política de ataque aos interesses comerciais dos
holandeses.

• Os Atos de Navegação

Exclusivo colonial – os colonos ingleses eram obrigados a comprar unicamente à Inglaterra, e o


transporte das mercadorias tinha de ser em barcos ingleses.

• Outras medidas protecionistas

✓ Criação de companhias monopolistas, na qual o estado conferia exclusividade de


exploração de determinadas zonas europeias e colonias;
✓ Concessão a particulares de monopólios e outros privilégios para o fomento da produção
industrial;
✓ Regulamentação da atividade produtiva;

• A expansão colonial e o comércio marítimo

Os atos de navegação proporcionaram a construção naval e uma política de constituição de


zonas de influência territorial:
✓ Oriente – disputaram com os portugueses e os holandeses o mercado das especiarias.

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Já na América:

✓ América central – conquista de alguns ilhas das Antilhas aos espanhóis;


✓ América do Norte – conquista de colonias holandesas compreendidas entre o Canadá e a
Florida e fundam-se as treze colonias;

• O sucesso do mercantilismo inglês


A Inglaterra desenvolveu um mercantilismo nacional, que foi encarado como sendo a luta contra a
hegemonia dos demais países europeus.
O êxito do mercantilismo inglês fica a dever-se ao pragmatismo com que foi implementado.

Fortaleceu economicamente a Inglaterra sem privar os mercadores da liberdade de intervenção.


Como consequência, a Inglaterra na segunda metade do século XVII torna-se a primeira potência
marítima, e londres a capital financeira do mundo.

O mercantilismo na França
Na França as medidas mercantilistas foram praticadas com extremo rigor.

Apesar de muitas medidas já terem sido tomadas por Colbert, no tempo de Luís XIV.
O colbertismo assentou no desenvolvimento predominante das manufaturas.

• O surto manufatureiro

Foi a principal preocupação de Colbert, que levou a adotar as seguintes medidas protecionistas:

✓ Estabelecimento de entraves à importação de produtos manufaturados e a proibição da


importação de artigos de luxo;
✓ Fomento das exportações – eliminação de entraves fiscais;
✓ Incremento da produção manufatureira nacional – ajudas financeiras;
✓ Controlo rigoroso da qualidade dos produtos – atividade de fiscalização severa;
✓ Política de preços baixos – diminuição de custos de produção impunha salários baixos,
trabalho intensivo e limitações às liberdades;
✓ Abertura à entrada de matérias-primas, técnicos e equipamentos estrangeiros;
✓ Concessão de privilégios a estrangeiros imigrantes que investissem no território francês.

• O comércio marítimo e a expansão colonial


Para fomentar o comercio externo, Colbert:

✓ Promoveu o desenvolvimento da marinha mercante e frota de guerra;


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✓ Criou 5 grandes companhias monopolistas – privilégios financeiros, e direito de


exclusividade em determinadas colonias.

• O fracasso do mercantilismo francês

O mercantilismo francês inicialmente conseguiu resultado positivos, contudo, com o tempo


verificou-se que não provou o êxito pretendido.
A burguesia francesa tinha preferência por um crescimento económico assente no
desenvolvimento natural do setor produtivo estimulado pela livre concorrência.
O exagero da proteção das manufaturas, levou a que uma parte da população francesa tivesse
um baixo poder de compra e não pudesse assim dinamizar o mercado interno.

II. O equilíbrio europeu e a disputa das áreas coloniais

Em 1648, aparentava que a europa tinha assentado na paz e num aparente equilíbrio político
entre as potencias europeias.
Contudo, a segunda metade do século XVII e a primeira do século XVIII vão ser mercadas por
violentos conflitos entre as grandes potencias coloniais pelo domínio dos mares e do comercio
mundial.

O conflito entre a Inglaterra e a Holanda

Guerra entre a Holanda e a Inglaterra decorreu entre 1652 e 1674 e marcou o declínio das
províncias unidas.
Os holandeses iniciaram uma campanha de destruição das embarcações britânicas, a que
Cromwell respondeu com o bloqueio do mar do Norte à navegação holandesa.

Carlos I, de Inglaterra vê-se forçado a agir com uma atitude de agressão contra a Holanda.
A Holanda veio gradualmente a perder a sua força no comercio mundial o que levou ao fim da
sua ação de intermediação no comercio europeia e por fim a perda de colonias, principalmente a
favor da Inglaterra (América do Norte).

A concorrência francesa e inglesa na América do Norte e no Índico

• A Guerra da Sucessão

A Inglaterra interveio para evitar que uma grande potencia política fosse formada pela Espanha e
França, pois considerava que constituía uma ameaça para a consolidação da sua posição
hegemónica na Europa.

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O conflito terminou com o tratado de Utreque que confirmou o triunfo da Inglaterra, pois os
interesses coloniais franceses e espanhóis foram prejudicados.

• A Guerra dos Sete Anos

Foi um conflito alimentado pelas relações hostis entre os colonos francês e ingleses, nas Antilhas.
As potências europeias envolveram-se numa nova guerra que resultou na nova derrota da
França.

Em consequência deste conflito, a Inglaterra declara-se como grande potencia colonial europeia.

A hegemonia económica britânica


I. Condições do sucesso Inglês

✓ Inovações agrícolas;
✓ Surto demográfico e crescimento urbano;
✓ Afirmação do mercado nacional;
✓ Política colonial e dinamização do mercado externo;
✓ Prosperidade e estabilidade financeira;
✓ Condições de ordem social e política.

As inovações agrícolas – uma Revolução Agrícola na Inglaterra


A agricultura inglesa foi um fator de grande crescimento demográfico e veio a ser estimulada pelo
aumento da procura. A agricultura inglesa passou por uma profunda renovação.

• O movimento das enclosures


Os nobres alargaram as suas propriedades adquirindo terras de pequenos proprietários ou
rendeiros.

Tinham como principal objetivo a constituição de grandes propriedades destinadas à produção de


alimentos e criação de gado para a produção de lã.
Nobres e burgueses transforam campos abertos (openfield) em campos fechados (enclosures),
por serem mais produtivos.
Formou-se uma elite de proprietários rurais que se lançaram no desenvolvimento de uma
agricultura moderna, organizada em grandes investimentos com claras preocupações capitalistas:
✓ Estudo aprofundado da agronomia – experiências com sementes e animais;
✓ Financiavam o desenvolvimento de máquinas agrícolas;
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✓ Novas áreas agrícolas – através da desflorestação e enriquecimento de terras menos


próprias para cultivo;
✓ Sistema de rotação quadrienal de culturas – permitiu dispensar o pousio e desenvolver
plantas forrageiras para alimentação de animais;
✓ Valorizou-se a criação de gado.
A revolução agrícola proporcionou:
✓ Melhor qualidade e quantidade de alimentos, que permitiu resistir às doenças, a produção
foi capaz de dar resposta à necessidade;
✓ Mão de obra disponível – mão de obra proveniente do êxodo rural;
✓ Grandes quantidades de lã – produção têxtil;
✓ Atividades mineiras e siderúrgicas – criação de utensílios agrícolas e máquinas industriais;
✓ Acumulação de capitais – capitais para investimento no setor industrial (provenientes do
setor agrícola).

Uma revolução demográfica na Inglaterra

• O crescimento demográfico
A quebra da mortalidade e o aumento da natalidade é explicado por dois fenómenos, que se
notou a melhoria das condições de vida.

Efeitos que resultaram na melhoria das condições de vida:


✓ A alimentação passa a ser mais abundante, mais variada e de melhor qualidade;
✓ Uma população bem alimentada é uma população mais resistente às doenças;
✓ O desenvolvimento da medicina, melhoria das condições de higiene, habitação e
educação;
✓ Melhoria das condições climáticas, que levou a um maior rendimento dos campos e a
diminuição das epidemias;
✓ Variedade de produtos no mercado a baixos preços;
✓ O desenvolvimento económico provocou nos jovens um otimismo face ao futuro, que levou
ao aumento de casamentos e ao aumento da natalidade saudável.

• O modo de vida urbano

O crescimento demográfico na Inglaterra foi acompanhado de um forte crescimento urbano.

Em meados do século XIX, a população urbana ultrapassa a população rural.


Assiste-se a um autêntico fenómeno de êxodo rural, de população que procurava atividades
urbanas para subsistência, visto que havia um grande desempenho rural provocado pela
mecanização da agricultura.

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As cidades crescem para todas as direções à medida que vão chegando novas vagas
populacionais.

As cidades inicialmente cresceram sem qualquer plano ou regras de ordenamento.

A importância do mercado nacional


O crescimento urbano contribuiu para o desenvolvimento das trocas comerciais.
O desenvolvimento do mercado interno (nacional) é conseguido devido ao crescimento urbano.

O mercantilismo inglês promoveu a facilidade de circulação comercial interna através da


construção de redes de tráfego para construir o mercado nacional:
✓ Internamente a comunicação é feita por rios facilmente navegáveis e ligados entre si por
meio de canais;
✓ Ligações por terra – governo inglês empreendeu obras de melhoramento das estradas e
abriu novas.
A fácil e rápida circulação de produtos vai estimular o consumo e a produção – precocidade da
Revolução Industrial na Inglaterra.

A política colonial e o dinamismo do mercado externo

Ao longo do século XVIII, a Inglaterra consolidou um poderoso império colonial que lhe
proporcionou um amplo mercado internacional, fundamental para o seu crescimento económico.

• O comércio triangular

A Inglaterra estruturou um comercio triangular no Atlântico, entre os continentes Europeu,


Africano e Americano, que era altamente lucrativo pela quantidade de transações efetuadas.

Essa atividade comercial foi fundamental para o arranque industrial na Inglaterra, pois
proporcionou:
✓ O acesso a matérias-primas variadas e a baixo custo – produção inglesa diversificou-se;
✓ Investimento de avultados capitais na maquinização da produção e no desenvolvimento
dos transportes;
✓ Muitos mercados para a colocação de produtos manufaturados;
✓ Criação de uma nova mentalidade capitalista – dispostos a investir em negócios
inovadores.

A prosperidade e a estabilidade financeira – Londres, capital financeira do mundo

• A estabilidade da libra esterlina

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A estabilidade fazia da libra esterlina a moeda preferida nas transações pela grande confiança
que suscitava entre os agentes económicos.

• A valorização do ouro

O Ouro passou a ser a base do sistema monetário, deixando de parte a Prata.

• A solidez e prestígio das suas instituições financeiras

A capital da prosperidade financeira era Londres, lá localizava-se a bolsa de londres e o banco de


Inglaterra.
A bolsa de londres, criada por particulares, rapidamente recebeu o reconhecimento como
instituição financeira de caracter nacional.
Mercado de capitais – empresas cotadas em bolsa, eram financiadas através de novos
investimentos, o que permitia o crescimento das empresas.
Banco de Inglaterra – criado em 1694, sob controlo do estado, desempenhava funções como:

✓ Negócios correntes – receber depósitos, fazer transferências e empréstimos, comprar e


vender metais preciosos;
✓ Financiar as atividades do estado e as companhias comerciais – através de empréstimos e
garantias bancárias;
✓ Emitir notas de bancos – papel-moeda, circulação de dinheiro físico.

Por toda a Inglaterra existiam bancos privados que financiavam a economia e facilitavam o crédito
aos investidores locais.

II. O processo de Industrialização


As condições políticas e sociais

Outros fatores de ordem política e social contribuíram no processo industrial inglês:


✓ Adoção de um regime político parlamentar – adotou uma política de liberalização
económica;
✓ Grupo de empreendedores ativos e predispostos a investimentos de riscos – grandes
homens de negócios que exploravam os recursos internos e do comércio colonial.

O arranque industrial
Verificou-se no setor têxtil e algodoeiro devido:
✓ Abundância de matéria-prima – mercado colonial;
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✓ Continuo aumento dos preços – procura de tecidos;


✓ Grande competição técnica – entre os agentes económicos, para procurar lucros;
✓ Produção de produtos de alta qualidade e de preços baixos.

Tempo das grandes invenções, para melhorar a produção e aparecerem no mercado à frente da
concorrência.
Máquina a vapor de James Watt – foi o primeiro grande invento. Capaz de produzir energia
artificialmente.

Contudo, a fonte de energia era inútil se os restantes setores a montante e a jusante, não se
modernizassem também.
A montante – setor mineiro e metalúrgico – minério para construção da máquina e carvão para a
fazer funcionar.
A jusante – novos teares mecânicos gigantes, que tecem em grandes unidades fabris.
O crescimento industrial assim não parou de crescer.

A indústria metalúrgica é o segundo setor em grande desenvolvimento. O ferro para a construção


de máquinas e carvão para as alimentar, estão na origem de uma intensa atividade mineira e
siderúrgica.

Portugal – dificuldades e crescimento económico

I. A crise comercial de finais do século XVII (1670-1692)


A crise é internacional, contudo em Portugal é mais grave devido à concorrência exercida sobre
os produtos coloniais – açúcar, tabaco e especiarias.

No âmbito das medidas mercantilistas, holandeses, franceses e ingleses, desenvolveram


plantações na América central e deixaram de comprar esses produtos a Portugal. Com a invasão
desses produtos na europa, Portugal não consegue competir.
O preço da mão de obra escrava aumenta, pela sua maior procura para a exploração açucareira
nas Antilhas.

Em consequência, os preços dos produtos no mercado baixam, os custos de produção aumentam


e acabam por ficar acumulados em armazéns.
A crise comercial agrava-se com a crise financeira associada.

Anteriormente, o açúcar, tabaco e especiarias eram a principal meio de pagamento das


importações portuguesas, com a descida dos preços nos mercados, o pagamento passou a ser
feito em moeda, provocando um agravamento da balança comercial portuguesa.
A moeda em Portugal escasseia devido à política de retenção de metais precisos nos países
europeias.

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II. A política industrializadora do conde da Ericeira

Arranque e fim de um surto industrializador


Em 1675, Duarte Ribeiro de Macedo, conhecedor do colbertismo, propôs a adoção do modelo
económico mercantilista.

As suas teses são acolhidas entre outros governantes, pelo conde da Ericeira, que levou ao
lançamento de um vasto programa de fomento industrial.
✓ Legislou-se no sentido de limitar a entrada de produtos industriais estrangeiros em
Portugal;
✓ Promoveu-se a produção nacional – têxtil, vidro, fundição de ferro, construção naval etc.…;
✓ Contratou-se mestres e artífices estrangeiros;
✓ Concedeu-se facilidades financeiras e fiscais, empréstimos e isenções ficais para
importação de máquinas industriais;
✓ Desvalorizou-se a moeda, para tornar os produtos portugueses mais competitivos;
✓ Foram criadas companhias monopolistas que garantissem o comercio ultramarino.

O fim do surto industrial


Nos finais do século, os vinhos portugueses ganham importância pela procura inglesa. Assim a
aristocracia rural instala-se para impor teorias fisiocráticas.

A crise comercial dá sinais de resolução, com o aumento da procura do açúcar português e a


subida dos preços.
Em tempo de guerra entre holandeses e franceses, na europa dá a possibilidade da
comercialização dos tradicionais produtos coloniais.
Do Brasil são descobertos entre 1693 e 1695 os primeiros filões de ouro.
Assim Portugal veio a renunciar o fomento industrial e assumir a condição tradicional de países
exportador de produtos agrícolas e coloniais.
III. O Tratado de Methuen e apropriação do ouro brasileiro pelo mercado britânico

Inglaterra envia a Portugal John Metheun, com o objetivo de reforçar a velha aliança e celebrar
um acordo comercial.
Ficou conhecido como tratado de Methuen, cujo foi firmado em 1703 e estabelecia que:

✓ Tecidos e manufaturas inglesas passaram a entrar livremente em Portugal;


✓ Em troca, os vinhos portugueses eram exportados para a Inglaterra, sendo
preferencialmente escolhidos em comparação aos vinhos franceses.

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Módulo 4

Em consequência do tratado:

✓ O mercado português e colonial, abre-se aos têxteis ingleses, e o impulso manufatureiro


empreendido em Portugal foi interrompido;
✓ Com a queda da manufatura, Portugal passa a necessitar de importar tudo o que
necessita;
✓ Para cultivar-se vinho, Portugal abandona as culturas tradicionais e passa a importar
alimentos;
✓ A economia portuguesa torna-se dependente da Inglaterra.

Mesmo que o acordo fosse equilibrado em termos de valor material de produtos trocados, seria
sempre desequilibrado para Portugal, porque:
✓ Portugal exportava para Inglaterra um produto agrícola que a Inglaterra podia prescindir;
✓ Importava produtos de primeira necessidade, como alimentos e manufaturas têxteis à
Inglaterra;
✓ Inglaterra desenvolvia o seu setor produtivo manufatureiro e agrícola, e Portugal estava
subterrado com a produção de vinhos.
O tratado de Methuen foi prejudicial porque as trocas eram desequilibradas, pois as importações
de tecidos e alimentos ultrapassavam a exportação de vinhos. O défice da balança comercial foi
resolvido com pagamentos em ouro.

A apropriação do ouro brasileiro pelo mercado britânico

O ouro vindo do Brasil parecia trazer alguma prosperidade ao reino.


Visto que:
✓ O comercio externo foi dinamizado – comprar de produtos aos países industrializados;
✓ O brasil passou a importar de Portugal – produtos em maiores quantidades;
✓ A coroa contava com uma importante fonte de rendimento.
Portugal sem meios, viu-se obrado a importar, não apenas para consumo interno, mas também
para abastecer as colonias, e assim tornou-se mais dependente da produção inglesa.
Consequentemente, metade do ouro brasileiro que entrava em Portugal ia diretamente para
Inglaterra para parar as importações.

O ouro que ficava foi gasto durante o reinado absolutista de D. João V.

IV. A política económica pombalina

Em meados do século XVIII, houve uma considerável diminuição do afluxo de ouro brasileiro.
✓ A produção nacional e agrícola foi sacrificada pela venda do vinho;

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Módulo 4

✓ As vinhas tinham dado sinais de esgotamento, e a Inglaterra passa a importar de outros


mercados;
✓ A exploração do açúcar e tabaco brasileiro foi abandonada com a corrida ao ouro.

Com a falta de formas de pagamento, Portugal vê-se envolvido em mais uma grave crise
económica e financeira.
A solução passa mais uma vez pelo fomento da produção nacional.

Marquês de Pombal irá dirigir a recuperação económica, enquanto ministro plenipotenciário de D.


José I.

O fomento das atividades comerciais


Primeiramente, impulsionou o comercio e transporte de mercadorias portuguesas, para impedir as
inglesas:

✓ Apoio os mercadores e industriais mais empreendedores – acesso a títulos de nobreza,


para introduzir uma nova mentalidade;
✓ Combateu o contrabando – proibiu a presença de mercadores estrangeiros nas áreas
comerciais portuguesas;
✓ Criou companhias monopolistas controladas pelo Estado – geridas por privados, nas quais
eram concedidos privilégios;
✓ Reforço do exclusivo colonial – brasil passou a ser fornecedor e consumidor de produtos
da metrópole;
✓ Aumentou o número de embarcações da frota nacional – para haver uma maior presença
portuguesa no mar.
A política pombalina surtiu efeito e foi capaz de reduzir o défice comercial, contudo a estrutura
económica de Portugal não dava sinais de alteração, o setor produtivo continuava dependente do
vinho.

O fomento industrial
A partir de 1770, Marquês de Pombal, arranca com um projeto de fomento industrial do reino:
✓ Junta do comércio – instituição publica responsável por atividades comerciais;
✓ Política protecionista – tributação sobre os produtos importados, tornando-os mais caros;
✓ Publicou leis pragmáticas contra os artigos de luxo;
✓ Criou manufaturas nacionais e reformulou as já existentes – concedendo-lhes importantes
benefícios fiscais;
✓ Recrutou investigadores e técnicos estrangeiros – processo de modernização do sistema
produtivo nacional;
✓ Privilegiou a criação de fábricas para a transformação de matérias-primas coloniais.

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Módulo 4

Resultados

O fomento pombalino não foi capaz de lanças o país para a industrialização europeia, visto que a
restante europa já se encontrava mais avançada.
✓ Apostou mais na quantidade para responder face às dificuldades conjunturais;
✓ Não foi concebido para ser uma reforma estruturante a longo prazo, mas sim para efeitos
imediatos;
✓ A estrutura industrial portuguesa continuou a ser constituída por pequenas unidades de
produção, maioritariamente artesanal, pelo que não conseguiu impor-se no mercado
internacional;
✓ Não houve revolução na produção de energia, a força humana continuo a ser a força
motriz, assim não houve mecanização, continuando arcaica;
✓ O setor produtivo continuava dependente do vinho.
Contudo, a política pombalina foi capaz de defender os interesses comerciais portugueses:

✓ Conseguiu reduzir substancialmente o volume de importações, conseguindo diminuir o


défice comercial;
✓ Conseguiu desenvolver o volume de exportações para as colonias;
✓ Conseguiu dar uma organização ao setor industrial que durou até aos primeiros anos do
século XIX.

V. A política social pombalina

A burguesia pombalina
No que diz respeito à burguesia, verifica-se que teve apoio do Marquês de Pombal no que toca à
dinamização das atividades comerciais.

Em 1770, o comercio foi considerado uma profissão nobre, na qual foram concedidos privilégios,
monopólios comerciais e títulos honoríficos aos comerciantes.
Em 1773, foi abolida a discriminação entre cristão-velho e cristão-novo, sendo mesmo proibida
mesmo esta referência.

Um novo conceito de nobreza

A aristocracia titular sofreu uma profunda renovação.


Transformar a velha nobreza que vivia das tenças, subsídios e usufruto de cargos político-
militares, numa nobreza mais ativa e mais empenhada nas atividades produtivas.

Trata-se de adaptar a nobreza aos novos tempos económicos, não necessariamente destrui-la
enquanto ordem tradicional.

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11º Ano

Módulo 4

Para reeducar a nobreza, Marquês de Pombal propôs a criação do Real Colégio dos Nobres,
onde se formavam, jovens nobres, tornando-os uteis na administração e desempenho de
atividades produtivas.

Unidade 4

A construção da modernidade europeia


A filosofia das Luzes

No decorrer do século XVIII, ocorreu um movimento centrado na absoluta confiança na razão,


como fundamento do progresso e pela absoluta felicidade.
Século das Luzes, foi o nome dado ao período da História e Iluminismo ao movimento cultural.

I. Apologia da razão, do progresso e do valor do indivíduo


A apologia do progresso

Para os iluministas, a busca da felicidade associada ao progresso é o grande objetivo do homem.


O progresso da sociedade só seria possível em sociedades justas e tolerantes. Que imperassem
as ideias de liberdade, igualdade e de fraternidade (tolerância).
Somente, mentes iluminadas poderiam entender, criticar e rejeitar todas as forma de opressão
tradicional do antigo regime.

Romper com o Antigo Regime e edificar uma nova ordem assente no progresso das liberdades do
individuo, sobretudo no desenvolvimento da livre reflexão e do espírito crítico.

A apologia da razão
Os iluministas procuraram ir além dos princípios teóricos dos filósofos e ajustaram os princípios
para a edificação de uma nova ordem social e política, conciliando princípios de liberdade e
igualdade com corpo social e político.

Relativamente ao corpo social, os filósofos iluministas consideram irracional uma sociedade


estruturada com ordens determinadas pelo nascimento e subordinadas ao destino de deus. Assim
determinam que os homens nascem livres e iguais, e hierarquias são impossíveis para uma
organização social.

Relativamente ao corpo político, os iluministas consideram que o exercício absoluto do monarca e


o poder divino são contrários à racionalidade. Contudo o exercício da governação consentido
pelos governados respeitos os direitos naturais do individuo.

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A valorização do indivíduo

Individualismo – entendimento racional dos direitos do individuo.


Os pensadores iluministas acreditam que o individuo e os seus interesses devem prevalecer
sobre o coletivo, pois uma comunidade é apenas uma soma de indivíduos.

O interesse coletivo resulta da soma dos interesses particulares e a estes deve ser subordinado.
Na prática, é a defesa da livre iniciativa e da livre concorrência, que é do agrado da burguesia
capitalista.

Assim conclui-se que o iluminismo é um instrumento intelectual usado pela burguesia para
contestar a ordem social e política do Antigo Regime e assim posse ser valorizado o
Individualismo burguês.

II. Defesa do direito natural, do contrato social e da separação de poderes


A defesa do direito natural

Naturalismo – defesa de tudo o que é espontâneo ou natural. Trata-se de outro princípio do


iluminismo.
Defendiam que somente a natureza era perfeita, logo a sociedade para ser perfeita tinha de
seguir a ordem e harmonia da natureza.

A ordem natural determinava que liberdade, igualdade, fraternidade e propriedade eram direitos
naturais e nenhuma ordem jurídica as podia pôr em causa.

O contrato social
Filósofos iluministas defendem que é irracional a monarquia absoluta e o poder divino, logo
consideram que a soberania está na nação (povo).
Admitem a monarquia desde que represente o interesse nacional ao máximo. O monarca recebe
o poder perante a Nação (povo) e deve ser responsabilizado pelos seus atos.
É instituído um contrato social na qual os monarcas são responsabilizados perante a Nação.

A legitimidade do monarca, segundo Locke, é condicionada pela vontade da população e pela


obrigação em garantir a paz, segurança e liberdade dos súbditos.
As ideias de Locke foram reforçadas por Rousseau, na qual defende que o soberano não é mais
que um executor da vontade nacional. Assim é estipulado um contrato social que garante direitos
naturais aos cidadãos, para não serem limitados.
Este contrato social dará origem às constituições e posteriores monarquias constitucionais.

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Módulo 4

O princípio da separação de poderes

Montesquieu, defende a monarquia representativa, na qual o rei governa de acordo com as leis
fundamentais e reparte o seu poder com outros instituições.
Montesquieu propor um princípio do exercício democrático – princípio da separação de poderes,
essencial para garantir a liberdade dos cidadãos e de se conseguir um exercício equilibrado da
governação.

• Poder legislativo – câmara eleita pelo povo, incumbida de fazer leis;


• Poder executivo – chefe de estado (rei, em monarquia), e seus ministros, incumbidos de
executar as leis;
• Poder judicial – exercício pelos tribunais e independente, julga quem viola as leis.

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