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MESA 23

TERAPIA COGNITIVA NO HOSPITAL


Coordenadora: Helene Shinohara (PUC-RJ)
shinohara@montreal.com.br

Relatores:
Cristiane Figueiredo Araújo
Maurício Araújo
Helene Shinohara
Paula Barreto Pereira Soares

Resumo 1: A INSERÇÃO DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NO


CONTEXTO HOSPITALAR
Cristiane Figueiredo Araújo (IEDS, Rio de Janeiro, RJ)
crisfig@aol.com

A psicologia da saúde corresponde a uma área de intervenção relativamente recente na


história da psicologia geral. Não tanto pelo seu objeto de estudo, mas principalmente pela
prática decorrente e pelo local de atuação do psicólogo, que demandam capacidades e
treinamento específicos para o trabalho interdisciplinar característico das instituições de
saúde. O principal ponto de diferenças entre a psicologia clínica tradicional e a psicologia
aplicada a saúde é o caráter adjuvante da psicoterapia ao tratamento médico em hospitais
gerais. A demanda, em geral, não parte espontaneamente do paciente e nem tampouco da
avaliação isolada do profissional de saúde mental, mas principalmente chega através de
pedidos de parecer de médicos, enfermeiros e assistentes sociais. Além da capacidade de
fazer uma conceituação psicológica das condições do paciente, é preciso também
compreender o processo de adoecimento, sua etiologia e implicações do tratamento médico
a que o paciente está submetido. O ambiente hospitalar por si também é responsável por
adaptações na abordagem e na forma de trabalho. Menor privacidade, interrupções do
atendimento para realização de outras intervenções e urgência de tempo, entre outras, são
características que demandam flexibilidade do terapeuta e capacidade de trabalhar em
condições muito diferentes das encontradas em consultório. Tradicionalmente, a psicanálise
foi a abordagem que primeiro se debruçou sobre as questões do atendimento em
instituições de saúde, buscando relacionar a doença com a expressão de conflitos
inconscientes. Porém, com a entrada de profissionais de diversas abordagens
psicoterapêuticas no meio hospitalar novas contribuições foram feitas para a compreensão e
manejo das questões relativas ao adoecimento e hospitalização. Neste contexto, a terapia
cognitivo-comportamental vem se mostrando uma abordagem consistente, criativa e eficaz,
alcançando os principais objetivos das intervenções psicoterápicas em saúde que são a
diminuição do sofrimento psicológico do paciente, redução de sintomas de ansiedade e
depressão associados a enfermidade clínica, manejo do estresse, restruturação de
pensamentos e crenças disfuncionais e desenvolvimento de estratégias de adaptação e
enfrentamento. A estes objetivos gerais acrescentam-se ainda os objetivos específicos do
local onde a intervenção seja solicitada, como UTI, unidade coronariana, enfermarias de
clínica médica, cirurgia, pediatria, além dos ambulatórios, entre tantos outros espaços
existentes no ambiente hospitalar. Além disso, poder comunicar-se de forma clara,
empática e sem jargões, intervindo de maneira objetiva e integrada a equipe, reconhecendo
limites e negociando as diferenças são certamente maneiras bastante eficazes de
desenvolver um trabalho rico e valorizado. O reconhecimento da importância do serviço de
psicologia/psiquiatria nos hospitais gerais pode ser verificada pelo aumento da demanda
por estes profissionais no setor público nas últimas décadas, com o maior número de vagas
para estas especialidades nos concursos públicos. No entanto, um aumento no campo de
atuação não significa necessariamente que os profissionais estejam preparados para as
peculiaridades desta função, o que torna fundamental estabelecer com clareza quais as
habilidades necessárias para uma ação com resultados positivos e oferecer espaços de
treinamento e discussão comprometidos com a pesquisa e a ética.
Palavras-chave: psicologia da saúde, terapia cognitivo-comportamental, hospital geral.

Resumo 2: CRENÇAS DE PACIENTES CARDÍACOS SOBRE A RETOMADA DA


ATIVIDADE FÍSICA E SEXUAL APÓS PROCEDIMENTOS INVASIVOS NO
CORAÇÃO
Maurício Araújo (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – RJ)
Helene Shinohara (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – RJ)
araujo.m.l@terra.com.br

Existe um grande número de estudos sobre psicologia na cardiologia, sendo a situação


psicológica em pacientes que realizaram ou realizarão procedimento cirúrgico no coração
a mais explorada pela literatura. Porém é menos comum o estudo dos aspectos psicológicos
na reabilitação após a internação no hospital. Este estudo se propôs a conhecer melhor o
aspecto psicológico dos pacientes em reabilitação cardíaca, especialmente na retomada da
atividade física e sexual. Nesse sentido, um inventário foi criado a partir da literatura. O
inventário foi subdividido em três partes: a primeira parte constou de itens sobre
informações relevantes sobre a população pesquisada, como idade, tempo do procedimento,
entre outros; a segunda parte constou de uma lista de atividades físicas geralmente
permitidas pelos médicos durante o período de reabilitação; e na terceira parte houve uma
lista de crenças negativas sobre atividade física e sexual aonde o paciente deveria marcar o
grau de concordância com a crença. Participaram da pesquisa trinta e duas pessoas que
realizaram algum procedimento invasivo no coração e que estavam em atendimento em
clínicas de reabilitação cardíaca. Os responsáveis pelas clínicas assinaram uma carta-
informação mostrando que estavam cientes da pesquisa e os pacientes assinaram um termo
de consentimento. Os resultados apontaram que os sujeitos pesquisados, de uma forma
geral, apresentaram um baixo grau de concordância com as crenças negativas (média de
0,76, num contínuo de 0 a 4). Isto pode ter ocorrido devido ao fato desses pacientes já
estarem em um processo de reabilitação em clínicas especializadas. Os pacientes que
realizaram as intervenções invasivas há mais de 1 ano apresentaram uma média
significativamente maior de realização de atividades físicas e, conseqüentemente, um maior
índice de correlação. A correlação não se apresentou muito significativa (-0,50), talvez pela
amostra ter sido limitada a pacientes em clínicas de reabilitação. Porém ela se apresentou
de forma inversamente proporcional corroborando com a literatura, pois isto significa que
quanto maior o grau de concordância com as crenças negativas sobre a atividade física,
menor o número de atividades praticadas. Análises qualitativas e individualizadas também
confirmaram essa tendência. Esta pesquisa foi pioneira no Brasil no sentido de sistematizar
um inventário de crenças sobre o processo de reabilitação física após procedimentos
invasivos no coração. Algumas limitações ocorreram quanto ao instrumento, pois alguns
itens não se mostraram eficazes na diferenciação e outros itens se mostraram muito ligados
ao gênero sexual. Pesquisas futuras poderão aprimorar o instrumento, excluindo, alterando
ou acrescentando itens, bem como diferenciando o inventário de acordo com o gênero
sexual.
Palavras-chave: Psicologia da saúde; reabilitação cardíaca; modelo cognitivo.

Resumo 3: TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL E CÂNCER: UMA


INVESTIGAÇÃO DAS CRENÇAS E EXPECTATIVAS FAVORECEDORAS DA
ADESÃO AO TRATAMENTO.
Paula Barreto Pereira Soares (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, RJ).
Helene de Oliveira Shinohara (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, RJ).
paulabpsoares@hotmail.com

O câncer é uma doença grave e crônica cujo diagnóstico causa um grande impacto sobre a
integridade psicológica dos pacientes, tornando-os fragilizados e vulneráveis.
Recentemente, avanços nas áreas médica e farmacológica possibilitaram um aumento do
número de sobreviventes e do tempo de sobrevida dos pacientes oncológicos, o que fez
crescer a preocupação com sua qualidade de vida. Assim, tornou-se imprescindível o
acompanhamento psicológico a tais pacientes e a seus familiares durante a fase de
tratamento da enfermidade. Estudos apontam evidências de que a resposta psicológica ao
câncer pode influenciar os resultados do tratamento e, inclusive, afetar a duração da
sobrevivência do paciente. Assim, apesar da constatação do câncer significar motivo de
grande apreensão e preocupação para quem é acometido por ele, o modo como o portador
reage à situação e a sua disposição de enfrentá-la podem alterar significativamente os
efeitos de seu processo terapêutico. A terapia cognitivo-comportamental, por enfocar a
identificação, avaliação e modificação das respostas cognitivas disfuncionais do indivíduo e
sua influência sobre o humor e o comportamento, destaca-se como uma modalidade de
psicoterapia bastante apropriada para o atendimento a pessoas com câncer. Além disso, a
TCC corresponde a um tipo de intervenção comprovadamente rápido e eficiente, ajustando-
se perfeitamente às necessidades urgentes destes pacientes. De acordo com o modelo
cognitivo de compreensão destes indivíduos, os pensamentos e crenças do doente em
relação ao diagnóstico, ao processo terapêutico e às suas possibilidades de enfrentamento
vão determinar os seus sentimentos e comportamentos diante da mesma, facilitando ou não
a adesão ao tratamento e a recuperação. Dessa forma, com o objetivo de explorar quais
crenças e expectativas são favorecedoras da adesão ao tratamento, elaborou-se uma
pesquisa com pacientes portadores de câncer em tratamento ambulatorial. Foram aplicados
questionários a 22 pessoas adultas entre 28 e 89 anos, de ambos os sexos, com diferentes
tipos de câncer. O período de tempo desde que os pacientes haviam recebido o diagnóstico
variou de 1mês a 1 ano e 9 meses. Foi possível verificar que, em geral, os pacientes
apresentaram uma visão otimista em relação ao seu tratamento e às suas possibilidades de
recuperação, e obtiveram uma boa adesão ao tratamento. Além disso, observou-se que os
pacientes que já estavam sabendo de sua doença há mais tempo expressaram resultados
mais positivos, em comparação aos que tinham recebido o diagnóstico há menos tempo.
Mostra-se necessária a realização de outras pesquisas nesta área, aplicando-as a diferentes
populações e a um número mais significativo de pessoas para que possamos chegar a
conclusões mais abrangentes.
Palavras-chave: câncer; terapia cognitivo-comportamental; adesão ao tratamento.

Resumo 4: O TRABALHO DO PSICÓLOGO EM HOSPITAIS: O MODELO


COGNITIVO PODE CONTRIBUIR?
Helene Shinohara (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro).
shinohara@montreal.com.br

O trabalho do psicólogo em hospital geral deve ser respaldado por formação adequada
para a atuação institucional O trabalho interdisciplinar em instituições de saúde é
importante e requerido a todos os profissionais envolvidos, no sentido de integrar
diversas informações de diferentes áreas do conhecimento. O psicólogo no hospital tem
funções outras além da intervenção clínica diretamente com o paciente. Familiares e
equipes médica e de enfermagem devem também receber algum tipo de orientação ou
suporte. O paciente internado passa por uma série de mudanças que o deixam
desconfortável. O simples fato de estar internado significa que sua saúde está em maior
ou menor grau debilitada. O paciente se sente privado de sua rotina e tendo que aprender
a lidar com uma série de estímulos ansiogênicos novos. O psicólogo deve conhecer as
necessidades particulares de cada cliente, ajudando este a se integrar com a própria
doença e com a situação em que se encontra. Estar atento à relação entre os profissionais
e o paciente a fim de facilitar o diálogo pode ser benéfico para ambas as partes. O
psicólogo deve possuir ainda atitudes psicopedagógicas e psicoprofiláticas para
orientação tanto do paciente quanto de seus familiares. Estes possuem um papel
importantíssimo para a adaptação do paciente às dificuldades da vida, podendo colaborar
com o trabalho da equipe de saúde, apesar do sofrimento que compartilham. O modelo
cognitivo pode orientar o psicólogo hospitalar na identificação e compreensão dos
esquemas cognitivos ativados nestas circunstâncias e sua relação com sentimentos
negativos e comportamentos de adesão ou não aos tratamentos. Diversos estudos apontam
intervenções significativas e satisfatórias de terapeutas cognitivos na área da saúde.
Palavras-chave: psicologia da saúde, psicologia hospitalar, terapia cognitiva.

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