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OXUM

ASPECTOS PARTICULARES
NOMES: OXUM; AZIRI; YALODE; CINDA.

ELEMENTO: água doce

DOMÍNIOS: Água doce. Ex.: Rios, Cachoeiras, Lagos, Nascentes, regatos, igarapés, Fontes, etc.

COR: amarelo, amarelo-ouro e dourado. (em algumas nações: azul e rosa claro)

INSTRUMENTO SIMBOLO: abebe (leque com espelho, muitas vezes com estrela ou com coração, um
coração da qual nasce um rio); abele (leque de palha ou latão); Ide (pulseiras); as guerreiras contam ainda
com espada.

DIA DA SEMANA: sábado – YORUBA: ojo awo (dia do segredo).

MÊS DO ANO: maio.

NÚMEROS: 04, 05, 08, 16, 32, 88

COMIDAS: Omolokum; Xinxim de Galinha; Ipete, Abara, Adum (farinha de milho com mel e azeite), Canjica
amarela, Ovos, Uado (pipoca, dendê e açúcar), Axoxo de feijão fradinho, banana frita, quindim, efo
(verdura com molho), etc.

BEBIDAS: bebidas doces, sucos de suas ervas e frutas, água de coco, água de cachoeira, Mel, cerveja,
champagne, etc.

ANIMAIS: cabra, pomba-rola, peixes (jundiá e pintado)

DATA COMEMORATIVA: 08 de dezembro (Brasil).

PRESENTES: espelho, flores, perfumes, bonecas, etc.

METAIS: Cobre, latão, bronze e ouro.

REGIAO DA AFRICA: Ijesá, Ijebu e Osogbo.

PEDRA CRISTAL: Seixo polido na água corrente. Topázio, turquesa, pirita, citrino, quartzo rosa, rodocrosita,
lepdolita, etc.

ASTROLOGIA: Touro e Libra (correspondente ao planeta Vênus).

TAROT: carta 17 A Estrela.

CHACRAS: umbilical e frontal

FOLHAS SAGRADAS: Macassa, baronesa, vitória-régia, oripepê, ojú-oro, oxibatá, oriri, vassourinha-de-
igreja, alecrim, alfazema, manjericão, laranjeira, fortuna, malva cheirosa, dinheiro em penca, cidreira,
camomila, etc.

FLORES: as de tonalidades amarelas em geral, Lírios de todas as espécies, Margaridas, Flor de Maio, Amor
Perfeito, Madressilva, Narciso, Rosas (brancas, amarelas e bicolores), Jasmim, etc.

FRUTAS: frutas doces em geral, banana (ouro e prata, principalmente), Laranja-lima, Jabuticaba, Viti,
Sapoti, Cana de açúcar, maça, bergamota, pêssego, mamão, melão, etc.
CONTA/GUIA: normalmente são amarelas ou amarelo-ouro, translucidas. (em algumas casas contas de
cristal azul são usadas).

ODU REGENTE: Osé.

REGENCIA: Amor, riqueza, fecundidade, gestação e maternidade.

Atribuições: Ela estimula a união matrimonial, e favorece a conquista da riqueza espiritual e a abundância
material. Atua na vida dos seres estimulando em cada um os sentimentos de amor, fraternidade e união.
Cuidados com as crianças do ventre ate quando aprende a se comunicar.

PROFISSOES: Ginecologistas e obstetras, ourives e outras profissões ligadas aos metais que rege, profissões
ligadas a estética e beleza, videntes e oraculistas, assim como feiticeiros e magos.

CORPO HUMANO: Seios, coração e órgãos reprodutores.

SAUDE: riscos de problemas de circulação sanguínea, hipertensão e tensão nervosa.

Quizila (Ewo): Abacaxi, baratas.

SAUDACAO: Ora Yeye ó!

Resumindo, OXUM é a rainha dos rios e das cachoeiras (todas as águas doces), do ouro e do amor. Veste-se
de amarelo, dourado, azul claro e rosa. Traz em suas mãos o Abebé (espelho-leque) e uma espada se for
guerreira. É a segunda esposa de Xangô. Seu dia é Sábado e sua saudação é "Ora Ieiê Ô!".

ORA YÈYÉ Ó FÍ DÉ RÍ OMON (Mãe cuidadosa, aquela que usa coroa e olha seus filhos).

ORIGEM
NIGERIA
Seu nome deve-se à contração do prefixo "O" (de oluwá = senhor (a) e o sufixo "sun" = nascente, olho
d'água). Então na realidade significa SENHORA DAS NASCENTES.

Oxum é a divindade do rio de mesmo nome que corre na Nigéria, em Ijexá e Ijebu. Os rios, em quase todas
as mitologias, são moradas dos deuses ou a própria divindade. O rio é um caminho mágico. Os africanos de
Iorubá, bem poéticos, fizeram de lindas mulheres as deusas dos seus rios, como a Oyá (Níger) e o Oxum.

Uma lenda diz que Oxum teria nascido de uma concha depositada por sua mãe Iemanjá, nas margens de
um grande rio ao qual empresta o seu nome, Rio Oxum, em yoruba "Odo Osun".

Oxum é adorada às margens do rio que tem o seu nome e deságua na lagoa de Olobá, rente ao golfo de
Guiné, após atravessar o território de Ijexá. Por esse motivo, o toque dos atabaques, que acompanha sua
dança no candomblé, é denominado ijexá.

Na Nigéria, mais precisamente em Ijesá, Ijebu e Osogbó, corre calmamente o rio Oxum, a morada da mais
bela iyabá, rainha de todas as riquezas, protetora das crianças, mãe da doçura e da benevolência.

Muitas cidades cultuam a Deusa Oxum, sendo a primordial delas Òsògbò onde se encontra seu templo e o
ancestral do fundador da cidade que é considerado o Rei. Todos os anos Òsògbò festeja para a Deusa que
também é a Rainha das águas doces que abastecem as cidades que são cortadas pelo Rio Oxum.

Numerosos lugares profundos (ibù), entre Igèdè, onde nasce o rio, e Lke, onde ele deságua na lagoa, são os
laçais de residência de Oxum. Aí, ela é adorada sob nomes diferentes e suas características são distintas
uma das outras. No percurso do rio, que corresponde à trajetória do próprio Orixá, Oxum assume
diferentes características, todas ligadas à maneira de ser das mulheres, de seu caráter e atitudes, de suas
qualidades e defeitos. Assim, o africano se refere à diferentes "caminhos" deste Orixá, que serão descritos
de forma particular, sempre comparados a situações específicas do procedimento feminino.

Segundo Epega, os reis Awaùjalè de Ijebu-Erê, em Eriti, e de Ijebu-Odê, em Ijebu, saúdam Oxum dizendo:
“Minha Mãe”.

Laços muito estreitos existem entre Oxum e os reis de Oxogbô.

Neste lugar, a festa anual das oferendas a Oxum é uma comemoração pela chegada de Laro, fundador da
dinastia, às margens deste rio cujas águas correm permanentemente.

Laro, depois de muitas atribulações, achando o local favorável ao estabelecimento de uma cidade, aí se
fixou com a sua gente.

Alguns dias depois de sua chegada, uma de suas filhas foi banhar-se no rio e desapareceu sob as águas.
Reapareceu no dia seguinte, soberbamente vestida, declarando ter sido muito bem acolhida pela divindade
do rio. Laro, para demonstrar a sua gratidão, dedicou-lhe oferendas. Numerosos peixes, mensageiros da
divindade, vieram comer, em sinal de aceitação, as comidas que Laro havia jogado nas águas.

Um grande peixe, que nadava próximo ao local onde este se encontrava, cuspiu-lhe água. Laro recolheu
esta água numa cabaça e bebeu, fazendo assim um pacto de aliança com o rio. Estendeu, depois, as duas
mãos para frente e o grande peixe saltou sobre elas. Laro recebeu o título de Atóója – contração da frase
iorubá A téwó gbáà já (Ele estende as mãos e recebe o peixe) e declarou: Òun gbo (Oxum está em estado
de maturidade), suas águas serão sempre abundantes.

Essa foi à origem do nome da cidade de Oxogbô.

No dia da festa anual, Atáója vai solenemente até as margens do rio.

Tem a cabeça coberta por uma coroa monumental feita com pequenas miçangas reunidas e é vestido com
pesada roupa de veludo. Anda com calma e gravidade, rodeado por suas mulheres e seus dignitários. Nessa
procissão anual, uma de suas filhas leva a cabaça contendo os objetos sagrados de Oxum. É a Arugbá Òun
(aquele que leva a cabaça de Oxum). Ela representa a moça que outrora desapareceu no rio. Sua pessoa é
sagrada, e o próprio rei inclina-se à sua frente. Depois que atinge a idade da puberdade, ela não pode mais
preencher essa função. Mas, pela graça de Oxum, a descendência de Atáója é sempre numerosa, não
faltando, pois, a possibilidade de se encontrar uma Arugbá Òun disponível.

Atáója senta-se numa clareira e acolhe as pessoas que vêm assistir à cerimônia. Os reis e os chefes das
cidades vizinhas estão todos presentes ou enviam representantes. As delegações chegam, uma após outra,
acompanhadas de músicos.

Trocas de saudações, prosternações e danças sucedem-se como formas de cortesia recíprocas, com
animação crescente. Ao final da manhã, atáója, acompanhado do seu povo e dos seus hóspedes, aproxima-
se do rio e aí manda lançar oferendas e comidas, no mesmo lugar onde Laro o fizera outrora.

Os peixes as disputam sob o olhar atento das sacerdotisas de Oxum.

A seguir, Atáója dirige-se até as proximidades de um pequeno templo vizinho e senta-se sobre a pedra –
Òkúta Laro -, onde seu ancestral Laro havia repousado em outros tempos.

A adivinhação é feita para saber se Oxum está satisfeita e se ela tem vontades a exprimir.

Atáója volta em seguida para a clareira, onde recebe e trata seus convidados com uma generosidade digna
da reputação de Oxum, a rainha de todos os rios.
Vaidosa, é a mais importante entre as mulheres da cidade, a Iyalodê. Oxum é chamada de Ìyálóòde
(Iyalodê) título conferido à pessoa que ocupa o lugar mais importante entre todas as mulheres da cidade,
sendo aquela que comanda as mulheres da cidade, arbitra litígios e é responsável pela boa ordem na feira.

ATRIBUTOS
Orixá da mansidão, da maternidade, da cria, dos valores familiares, pugnando com serenidade pela
concórdia da família universal, enlaçando-a com doçura a verdadeira afeição.

Diz uma tradição esotérica que OXUM é a própria Mãe Terra, um ser vivo que se autorregula, sendo os rios
suas veias.

Além disso, ela é a rainha de todos os rios e exerce seu poder sobre a água doce, sem a qual a vida na terra
seria impossível. Exerce seus domínios sobre as águas doces e cristalinas dos rios, das fontes e das
cachoeiras. Sem Oxum não existiria os vegetais, tudo morreria, pois são os cursos d’agua que irrigam e
fertilizam a terra, renovando e perpetuando a vida.

Oxum revive as deusas lunares de variadas mitologias, que simbolizam a Mae Terra. A exemplo auxilia nos
partos, como Ártemis.

OXUM e essencialmente o ORIXÁ das mulheres, preside a menstruação, a gravidez e o parto.

É a dona da fecundidade das mulheres, a dona do grande poder feminino, pois quando transformou o
sangue (menstruação) da sacerdotisa em penas de Ekodide, proclamou a realidade do poder feminino. Ela
também é considerada a dona do ventre e fertilidade das mulheres, que podem trazer a riqueza de
qualquer homem, seus filhos que serão seus descendentes.

As mulheres que desejam ter filhos dirigem-se a Oxum, pois ela controla a fecundidade, graças aos laços
mantidos com Ìyámi-Àjé (“Minha Mãe Feiticeira”).

Sobre este assunto, uma lenda conta que:

“Quando todos os orixás chegaram à terra, organizaram reuniões onde as mulheres não eram admitidas.
Oxum ficou aborrecida por ser posta de lado e não poder participar de todas as deliberações. Para se
vingar, tornou as mulheres estéreis e impediu que as atividades desenvolvidas pelos deuses chegassem a
resultados favoráveis. Desesperados, os orixás dirigiram-se a Olodumaré e explicaram-lhe que as coisas iam
mal sobre a terra, apesar das decisões que tomavam em suas assembleias. Olodumaré perguntou se Oxum
participava das reuniões e os orixás responderam que não. Olodumaré explicou-lhes então que, sem a
presença de Oxum e do seu poder sobre a fecundidade, nenhum de seus empreendimentos poderia dar
certo. De volta a terra, os orixás convidaram Oxum para participar de seus trabalhos, o que ela acabou por
aceitar depois de muito lhe rogarem. Em seguida, as mulheres tornaram-se fecundas e todos os projetos
obtiveram felizes resultados”.

Os seus axés são constituídos por peras do fundo do rio Oxum, de joias de cobre e de um pente de
tartaruga.

O amor de Oxum pelo cobre, o metal mais precioso do país iorubá nos tempos antigos, é mencionado nas
saudações que lhe são dirigidas:

“Mulher elegante que tem joias de cobre maciço”.

É uma cliente dos mercadores de cobre.

"Oxum limpa suas joias de cobre antes de limpar seus filhos".


Ogum forjava e, quando o ferro começava a esfriar, ele o colocava no fogo, atiçado por oxum que fazia
funcionar os foles em cadência. O barulho que eles faziam, kutu, kutu, kutu, era ritmado e parecia que
Oxum tocava um instrumento de música. Um Egúngún que passava pela rua se pôs a dançar, inspirado pelo
som que provinha dos foles. Os passantes maravilhados testemunharam seu contentamento oferecendo
dinheiro. Muito honestamente, Egúngún entregou metade da soma recolhida a Oxum, a Avó, o que lhe
valeu ser denominada de:

“Tocadora de música num fole para fazer dançar Egúngún”.

"Proprietária do fole que sussurra como a chuva, E cuja tosse ressoa como urra o elefante".

Oxum no Novo Mundo


Entre os povos do Caribe, por influência dos escravos negros, o culto aos Orixás se expandiu e, em Cuba, é
conhecido como "Santeria". Muitas são as lendas conhecidas naquele país que descrevem a trajetória dos
Orixás tentando, sempre de forma alegórica, explicar sua relação com a natureza e com os seres humanos.

Oxum, uma das mais importantes personagens do panteão afro-cubano, está ligada a diversos aspectos da
natureza como as águas doces, as cachoeiras, o ouro, o mel e a reprodução das espécies. Representa a luta
pela vida e pela sobrevivência. Deusa do amor e senhora dos cursos d'água, sua primeira manifestação teria
ocorrido, segundo uma lenda, numa concha na beira de um rio.

Segundo os povos do Caribe, Oxum é filha de Nanan e de Obatalá e gerou filhos ao acasalar-se com
Obatalá, Orunmilá e Oxóssi.

Com Orunmilá, gerou Poroyé, do sexo feminino. Com Odé gerou Logun Edé, Orixá masculino, mas devido à
sua delicadeza e infantilidade, visto como andrógino e, com Obatalá, gerou Olosá ou Oloxá, entidade
feminina que vive tanto nas águas dos rios quanto nas águas do oceano.

Sua relação sexual com Obatalá, seu pai, considerada como quebra de um tabu rigoroso, é o segredo
contido nos itans de Ifá que se referem à uma relação incestuosa entre os Odus Ofun Meji e Oxe Meji,
depois da qual Ofun, que sendo o mais velho dentre os dezesseis Odus de Ifá, cede sua primogenitura à
Ejiogbe, passando, a partir de então, a ocupar o último lugar entre os Agba Odu ou Odu Meji.

Oxum exercia entre os Orixás, o cargo de cozinheira e, exigindo deles uma possibilidade de participar de
funções mais importantes, lançou sobre toda a criação uma maldição que impedia a continuidade da vida
sobre a Terra. Para que tal praga fosse retirada exigiu uma posição de destaque entre os principais Orixás,
obtendo, desta forma, o respeito e a submissão de Obatalá a quem provara representar o poder gerador
feminino.

Teria vivido com Ajagunan, Orixá Funfun de caráter belicoso, tendo abandonado sua companhia em
decorrência da grande quantidade de igbíns que este Orixá comia e que sendo a representação viva do
elemento água, é uma de suas maiores interdições.

Uma das principais atribuições deste Orixá é cuidar do desenvolvimento dos seres humanos a partir da
fecundação, função esta que exerce com muita dedicação, acompanhando o desenvolvimento do embrião,
passando pelo período fetal e só entregando aos cuidados do seu próprio Orixá a criança que já possa
reclamar a atenção de seus pais demonstrando de alguma forma, suas necessidades pessoais.

Além de Obatalá, Orunmilá, Oxóssi e Ajagunan, Oxum teria sido mulher de Ossaim, Xapanã, Xangô,
Aganjú, Orixá Oko e Inle.
Segundo afirmam, seu grande amor teria sido Oxóssi e sua união mais conveniente teria sido com
Orunmilá, com quem adquiriu coroa e saber.

Dentre os Orixás femininos, Oxum é a única que pode ouvir a palavra de Ifá, o "Oro Orunmilá".

Oxum é dona do mel e da doçura, possui um belo sorriso que muitas vezes utiliza para augurar um desastre
que, propositadamente, provoca na vida de alguém através do seu poder de Iyami Ajé, o mesmo poder
utilizado para obter a importante posição que hoje ocupa, reconhecida até por Obatalá, o pai da criação.

Oxum é amor, ternura, paixão, desejo e sexualidade, da mesma forma que é dor, pranto, ódio, vingança e
castigo. É a personificação do amor maternal e senhora do poder genitor feminino representado pelo
sangue menstrual que é simbolizado pelas penas vermelhas "ekodidé". Estas mesmas atribuições lhe
conferem o poder de Iyami Ajé, Senhora do Pássaro Oxorongá, símbolo do poder feiticeiro inerente à
natureza feminina.

Muitos Odus de Ifá possuem itans que falam especificamente sobre Oxum, destacando-se entre eles:

Em Ikadi Oxum é desonrada por seu próprio pai.

Em Oxetura obtém o reconhecimento de seus poderes de Ajé e é declarada chefe das mães ancestrais.

Em Irosunká é nomeada como a primeira apetebí ao casar-se com Orunmilá. No mesmo Odu Oxum salva o
mundo da destruição total.

Em Ofunkanran salva Omulu da morte.

Em Ejiogbe livra Oyá das garras dos inimigos.

Em Oxerosun, protege e salva o amor de Iemanjá e Ogum.

Assim é Oxum, doce veneno. Oxum, a fêmea ideal, o protótipo da mulher, perfeita em suas próprias
imperfeições. Mãe dos homens, senhora, companheira, adversária e maior amiga. Mas Oxum representa
principalmente e em toda a sua complexidade, a mulher, a maior, mais perfeita e completa criação de
Deus, a obra prima da natureza.

No Brasil e em Cuba, os adeptos de Oxum usam colares de contas de vidro de cor amarelo-ouro e
numerosos braceletes de latão.

O dia da semana consagrado a ela é o sábado e é saudada, como na África, pela expressão “Ore Yèyé o!!!”
(“Chamemos a benevolência da Mãe !!!”).

É recomendável fazer sacrifícios de cabras a Oxum e oferecer-lhe prato de Omulukun (mistura de cebolas,
feijão-fradinho, sal e camarões) e de Adum (farinha de milho misturada com mel de abelha e azeite doce).

A sua dança lembra o comportamento de uma mulher vaidosa e sedutora que vai ao rio se banhar, enfeita-
se com colares, agita os braços para fazer tilintar seus braceletes, abana-se graciosamente e contempla-se
com satisfação num espelho. A dança de Oxum é mímica da mulher faceira, que se embeleza e atavia,
exibindo com orgulho colares e pulseiras tilintantes. Diante do espelho, sorri, vaidosa e feliz, por se ver tão
linda e sedutora. E é com muito dengo que ela se abana com o abebé. Essa doçura de encanto feminino,
porém, não revela a deusa por inteiro. Pois ela é também guerreira intrépida e lutadora pertinaz.

O ritmo que acompanha as suas danças denomina-se “ijexá”, nome de uma região da África, por onde corre
o rio Oxum.

No Brasil, ela é sincretizada com Nossa Senhora das Candeias, na Bahia, e Nossa Senhora dos Prazeres, e
em Cuba ela o é com Nuestra Señora de la Caridad Del Cobre.
CANDOMBLE NO BRASIL
Oxum é a deusa mais bela e mais sensual do Candomblé. Algumas qualidades de Oxum são guerreiras,
outras são ligadas a magia.

Oxum (nagôs), Aziri (jejes), Acoçapatá (fanti-ashanti), Kissimbi (bantos) é a divindade da água doce. A mais
jovem e faceira das mulheres de Xangô, em alguns candomblés é tida como uma ninfeta e junto do seu
assento, geralmente perto de uma fonte, veem-se bonecas e outros brinquedos.

Identificada como Nossa Senhora das Candeias. Nos xangôs é Nossa Senhora do Carmo, padroeira da
cidade de Recife, com festa a 16 de julho.

No Rio de Janeiro sua identificação é com Nossa Senhora da Conceição e sua data festiva 8 de dezembro.
Também identificada como Santa Catarina.

É a própria vaidade, dengosa e formosa, pacienciosa e bondosa, mãe que amamenta e ama.

Um de seus Orikis, visto com mais atenção, revela o zelo de Oxum com seus filhos:

"Mulher elegante

Que tem joias de cobre maciço

É uma cliente dos mercadores de cobre

Oxum limpa suas joias de cobre

Antes de limpar seus filhos".

O primeiro filho de Oxum chama-se Ide, é uma verdadeira joia, uma argola de cobre que todo iniciado de
Oxum deve carregar em seu braço. Oxum não vê defeitos em seus filhos, não vê sujeira, seus filhos, para
ela, são verdadeiras joias, ela só consegue enxergar seu brilho. É por isso que Oxum é a mãe das crianças,
seres inocentes e sem maldade, zelando por elas desde o ventre até que adquiram independência. Seus
filhos, antes, suas jóias, sua maior riqueza.

Ela representa as riquezas e tem suas cores relacionadas ao metal mais precioso da antiguidade que era o
cobre.

Iemanjá e Oxum, ambas relacionadas ao elemento água, à feminilidade e à maternidade, têm por "marcas"
as doenças venéreas femininas, a falta/excesso de regras menstruais, os abortos, a infertilidade e outros
distúrbios do gênero.

Parentesco: controverso segundo as lendas, a maioria atribui ser Oxum filha de Iemanjá e Oxalá.

Era, segundo dizem, a segunda mulher de Xangô, tendo vivido antes com Ogum, Orunmilá e Oxóssi.

Dança com seus lenços e o mel, seduzindo Ogum até que ele volte a produzir os instrumentos para a
agricultura. Assim a cidade fica livre da fome e miséria.

Segundo uma lenda, ela seduziu Omulu, que fica perdidamente apaixonado, obtendo dele, assim, que
afaste a peste do reino de XANGÔ.

Mantém profundos laços de amizade com ORUNMILÀ. Quando ela foi esposa de ÒRÚNMÌLÀ recebeu o
título de IYÀ PETYBY, a zeladora dos cauris. Foi nessa ocasião que ela passou a ter ligações com ÈXÙ e um
ODÙ chamado OXETURÀ, para obter as respostas perfeitas do jogo de adivinhações, passando então a ser
perseguida por ÈXÙ, o que aqui na terra reflete nos seus filhos, a realidade é que eles dividem o jogo de
búzios, Oxum pergunta e Exu responde.

ÒXUM mantém um grande laço de amizade com o Orixá ÒSÓNYÍN, pois para o equilíbrio da mistura das
ervas para a feitura do AMACÌ, há necessidade das águas de ÒXUM. Deusa das cachoeiras e das águas
doces.

Oxum também acolhe em seu regaço as águas da chuva, da Orixá Nana.

Um de seus Orikis assim é evocada:

"Oxum, graciosa mãe, plena de sabedoria!

Que enfeita seus filhos com bronze

Que fica muito tempo no fundo das águas gerando riquezas

Que se recolhe ao rio para cuidar das crianças

Que cava e cava a areia e nela enterra dinheiro

Mulher poderosa que não pode ser atacada".

OXUM à fecundidade e fartura que se manifesta no fruto das águas (peixe) e no fruto da terra (inhame)
que estão sempre presentes nos seus cultos.

Oxum é o poder do nascimento dentro do Candomblé, pois quando uma pessoa se inicia ela está nascendo;
o babalorixá ou a lyálorisá está gerando um novo filho. Oxum foi a primeira Iyalorixá que fez da galinha
d'Angola Adosu. Oxum é a força das águas doces que está relacionada à feitura, a força constante na vida
dos iniciados e de seu babalorixá.

Todo iniciado no Candomblé é Adosu, ou seja, possui 0sú. Essa é a principal fase da iniciação, quando é
aberta no centro da cabeça a passagem para o Orixá penetrar. Sendo Oxum a senhora da fecundidade e a
iniciação no Candomblé um nascimento, ela se faz presente em todos os momentos da feitura, é a dona do
0sú, aquela que traz a possibilidade de comunicação com os Orixás.

Quando um óvulo é fecundado Oxum se faz presente, vai proteger o feto e assegurar sua vida a partir deste
momento, passando pelo seu nascimento e crescimento até que adquira domínio sobre um idioma.

No Candomblé o processo é parecido, Oxum é evocada nos atos restritos do Ronkó e nas saídas públicas.

Quando o embrião se forma no útero imediatamente o sangue e retido e forma-se a placenta, que está
permanentemente ligada ao feto através do cordão umbilical e mantém a sua vida. Esse acúmulo de
sangue proporciona a vida do bebê, o sangue mandado por Oxum é a existência da vida, pois a
menstruação é para as mulheres uma bênção de Oxum, revela a realidade de seu poder: a possibilidade de
gerar filhos. É na placenta que se aloja o destino de cada ser, seu Odu, que coloca em jogo a vida da criança
e de sua mãe. Quando uma criança nasce se a placenta não for retirada a mãe certamente morrerá, é o
sangue que jorra sobre a criança no dia do nascimento que a consagra à vida.

No Candomblé, o sangue é um elemento vital para o Orixá. O ser humano reside num grande Igbá chamado
de Terra (lgbà Ayè), e o Orixá nasce do Igbá (assentamento), nosso Orixá é o próprio mundo em que
vivemos. A pedra, Okutá, é o próprio Orixá, o sangue dos sacrifícios lhe dá força e vida. O Igbá é a panela
onde se dá de comer ao Orixá, a sua morada.

Em Osogbó o Igbá de Oxum é uma grande panela de barro.


Erroneamente, em muitas casas de Candomblé o Igbá é mantido permanentemente temperado. O filho-de-
santo, após dar Ossé (limpeza), coloca sal, mel, dendê e outros ingredientes no Igbá, sem saber que quando
se faz isso está convidando o Orixá para comer, para receber um sacrifício e se isso não acontece acumula-
se uma dívida com o Orixá, porque os temperos ativam a sua energia para receber a oferenda. Além de ser
a panela onde nosso Orixá reside e se alimenta, o Igbá, especialmente das Iyabá, é uma reconstituição do
ventre materno, por isso são fechados e rodeados por pratos e colheres de pau, representando a
comunhão das grandes mães na divisão dos alimentos. O ato público da iniciação, a famosa Saída de Iyawò,
pode ser entendido pela lógica da vida intrauterina e do nascimento. A saída reconstitui essa etapa da vida.
Na primeira saída os noviços vestem roupas coloridas e vistosas, são pintados com Efun, levam Ekodide e
0sú, por isso nessa saída Oxum deve ser evocada. Ela representa a guerra que acontece no útero, quando
os espermatozoides travam uma verdadeira batalha para que um, o vencedor, instale-se no óvulo e dê
origem ao embrião, portanto, a vida começa com guerra. Então a paz e o aconchego do feto no ventre
materno são representados na segunda saída, que é consagrada a Oxalá. A última saída é justamente o
momento mais esperado. Assim como a vida de uma criança começa a partir do momento em que ela se
anuncia para o mundo através do choro. Da mesma forma, quando o Orixá anuncia o Orunkó (nome) de seu
filho em público, passa a contar sua vida dentro do Àse. Somente após esse ritual, o Orixá ricamente
vestido e paramentado vem tomar o Rwm (dançar), afinal ninguém nasce vestido de rei e rainha. Portanto,
a sequência: guerra, paz, nascimento e riqueza correspondem à lógica (tendo por base o nascimento) que a
saída de um Iyawò deve obedecer e sempre deve se cantar para Oxum depois que se canta para a esteira
(enin) e para o Ekodide, ainda na primeira saída, pois é ela que concebe a vida em todos os sentidos. Para
Osalá, o senhor da paz e da tranquilidade, canta-se na segunda.

Oxum é o amor, em todas as dimensões que este sentimento abrange, seu poder é tão grande dentro do
Candomblé que ela é capaz de engolir o Ajé (força negativa). O ovo, símbolo de gestação, fertilidade e
criação que pertencem a Oxum, é a única coisa que quebra o Ajé.

Todos os Candomblés têm por obrigação cultuar Oxum e agradar as águas. Devem agradecer através de
oferendas e presentes a esta energia que mora nas águas doces e chama-se Oxum que nos proporcionou
tantas coisas boas no decorrer do ano, pois Oxum é a dona do Àse, a força mágica sagrada que percorre o
mundo e ativa a relação entre os homens, os deuses e a natureza.

Todas as coisas que simbolizam Oxum remetem à idéia de fecundidade. Os peixes ou os pássaros, através
das escamas e das penas, evocam a multidão dos seus descendentes. O ovo é símbolo de gestação, por isso
pertence a Oxum que é, essencialmente, símbolo de fecundidade.

São 16 as qualidades de Oxum, as mais velhas residem nas profundezas dos rios e as mais novas nas partes
superficiais. O abebê, leque com espelho é comum a todas as qualidades de Oxum. Embora seja o símbolo
da vaidade dessa deusa, na verdade, é muitas vezes usado como uma arma de guerra; Oxum colocando-o
contra o Sol ofusca a visão dos inimigos.

Certa vez, convidada para ir à guerra, Oxum foi se aprontar: tomou banho, penteou os cabelos, perfumou-
se, colocou suas joias de cobre... e o tempo passou. Quando já estava pronta e resolveu sair, a guerra já
havia acabado.

Oxum protege as mulheres parturientes e seus bebês (até que adquiram domínio sobre um idioma e
personalidade próprios, passando assim para os cuidados de Iemanjá). Oxum é a rainha de todas as
crianças, sua provedora, aquela que vela por estes seres. Ela tem remédios gratuitos e dá mel para as
crianças beberem, quando as curas não apresentam honorários ao pai.

Oxum gosta de presentes, flores, perfumes, joias e bonecas.


No llè Dara Àse Òsun Eyn, todo terceiro domingo do mês de dezembro, é realizada a festa do presente de
Oxum. Um grande balaio contendo tudo que Oxum mais gosta é entregue nas águas por Oxóssi ou Lógún
Ede. Oxum mostra sua gratidão com uma grande chuva que todos os anos abençoa esta casa. Porém, no
primeiro ano em que o presente foi entregue, algo muito especial aconteceu. É através dos peixes que
Oxum demonstra sua gratidão e sela a aliança com aqueles que ama. Hoje a festa do presente de Oxum é
uma tradição no llè Dara Àse Òsun e jamais poderia deixar de acontecer, porque, assim como fez com Laro,
Oxum também selou um pacto com babalorixá desta casa. Da primeira vez que o presente foi ofertado
acompanharam o balaio até as águas pessoas ilustres do Àse, que relataram com emoção o fato que
presenciaram. Entre essas, estavam o babalorixá Eduardo de Lógún Ede (Eduardo Rechilié), um nigeriano
cujo Orunkó é Ògún Dijó (também conhecido como Baió) e o Asogun Pai Hélio de Osalá. As margens do rio,
o pescador que conduziria o barco informou que os levaria a um local calmo, sem pescadores, porque há
dois anos não se encontrava nenhum peixe por lá. Lógún Ede conduzia o presente. Chegando no local
estipulado começaram a rezar para Oxum, os mais belos cânticos eram tirados ao som do Adjá. Enquanto o
balaio era oferecido um grande peixe, para espanto e encantamento de todos, pulou do fundo do rio,
bateu no peito de Lógún Ede e caiu dentro do balaio, enquanto este calmamente afundava nas águas aos
gritos de Eri iyè iyè ó. Retornando, o africano Baió (que não fala português) não tinha palavras para
descrever tal cena e entusiasmado gritava: - Babá, babá, adora ejá!!! Eri iyè iyè ó, salve Oxum, nossa mãe
querida, rainha deste Asé, que abençoa seus filhos com as chuvas tropicais do verão e sela sua aliança
através dos peixes dos rios.

Oxum é também saudada no ritual do Ipade (início do candomblé) como EWUJI, junto as Iyami e Exu.

Oxum por Pierre Verger


Oxum era muito bonita, dengosa e vaidosa. Como o são, geralmente, as belas mulheres. Ela gostava de
panos vistosos, marrafas de tartaruga e tinha, sobretudo, uma grande paixão pelas joias de cobre. Este
metal era muito precioso, antigamente, na terra dos iorubás. Sim uma mulher elegante possuía joias de
cobre pesadas. Oxum era cliente dos comerciantes de cobre.

Omiro wanran wanran wanran omi ro!

"A água corre fazendo o ruído dos braceletes de Oxum!"

Oxum lavava suas joias, antes mesmo de lavar suas crianças. Mas tem, entretanto, a reputação de ser uma
boa mãe e atende às súplicas das mulheres que desejam ter filhos. Oxum foi a segunda mulher de Xangô. A
primeira chamava-se Oyá-Iansã e a terceira Obá.

Oxum tem o humor caprichoso e mutável. Alguns dias, suas águas correm aprazíveis e calmas, elas
deslizam com graça, frescas e límpidas, entre margens cobertas de brilhante vegetação. Numerosos vãos
permitem atravessar de um lado a outro.

Outras vezes suas águas, tumultuadas, passam estrondando, cheias de correntezas e torvelinhos,
transbordando e inundando campos e florestas. Ninguém poderia atravessar de uma margem à outra, pois
ponte nenhuma as ligava. Oxum não toleraria uma tal ousadia! Quando ela está em fúria, ela leva para
longe e destrói as canoas que tentam atravessar o rio.

Olowu, o rei de Owu, seguido de seu exército, ia para a guerra. Por infelicidade, tinha que atravessar o rio
num dia em que este estava encolerizado. Olowu fez a Oxum uma promessa solene, entretanto, mal
formulada. Ele declarou:

"Se você baixar o nível de suas águas, para que eu possa atravessar e seguir para a guerra, e se eu voltar
vencedor, prometo a você nkan rere", isto é, boas coisas.
Oxum compreendeu que ele falava de sua mulher, Nkan, filha do rei de Ibadan. Ela Baixou o nível das águas
e Olowu continuou sua expedição. Quando ele voltou, algum tempo depois, vitorioso e com um espólio
considerável, novamente encontrou Oxum com o humor perturbado. O rio estava turbulento e com suas
águas agitadas. Olowu mandou jogar sobre as vagas toda sorte de boas coisas, as nkan rere prometidas:
tecidos, búzios, bois, galinhas e escravos. Mel de abelhas e pratos de mulukun, iguaria onde suavemente
misturam-se cebolas, feijão fradinho, sal e camarões. Mas Oxum devolveu todas estas coisas boas sobre as
margens. Era Nkan, a mulher de Olowu, que ela exigia. Olowu foi obrigado a submeter-se e jogar nas águas
a sua mulher. Nkan estava grávida e a criança nasceu no fundo do rio. Oxum, escrupulosamente, devolveu
o recém-nascido dizendo:

"É Nkan que me foi solenemente prometida e não a criança. Tome-a!".

As águas baixaram e Olowu voltou tristemente para sua terra. O rei de Ibadan, sabendo do fim trágico de
sua filha, indignado declarou:

"Não foi para que ela servisse de oferenda a um rio que eu a dei em casamento a Olowu!"

Ele guerreou com o genro e o expulsou do país.

O Rio Oxum passa em um lugar onde suas águas são sempre abundantes.

Por esta razão é que Larô, o primeiro rei deste lugar, aí se instalou e fez um pacto de aliança com Oxum. Na
época em que chegou, uma de suas filhas fora se banhar. O rio a engoliu sob as águas. Ela só saiu no dia
seguinte, soberbamente vestida, e declarou que Oxum a havia bem acolhido no fundo do rio. Larô, para
mostrar sua gratidão, veio trazer-lhe oferendas. Numerosos peixes, mensageiros da divindade, vieram
comer, em sinal de aceitação, os alimentos jogados nas águas. Um grande peixe chegou nadando nas
proximidades do lugar onde estava Larô. O peixe cuspiu água, que Larô recolheu numa cabaça e bebeu,
fazendo, assim, um pacto com o rio. Em seguida ele estendeu suas mãos sobre a água e o grande peixe
saltou sobre ela.

Isto é dito em iorubá: Atewo gba ejá. O que deu origem a Ataojá, título dos reis do lugar.

Ataojá declarou então: "Oxum gbô!" ("Oxum está em estado de maturidade, suas águas são abundantes.")

Dando origem ao nome da cidade de Oxogbô. Todos os anos faz-se, aí, grandes festas em comemoração a
todos estes acontecimentos.

Oxum tem a ela ligado o conceito de fertilidade, e é a ela que se dirigem as mulheres que querem
engravidar, sendo sua a responsabilidade de zelar tanto pelos fetos em gestação como pelas crianças
recém-nascidas, até que estas aprendam a falar.

Dentro desta perspectiva, Iemanjá e Oxum dividem a maternidade. Mas há também outra forma de
análise; a por faixas etárias, correspondentes a cada arquétipo básico.

Nanã é a matriarca velha, ranzinza, avó que já teve o poder sobre a família e o perdeu, sentindo-se
relegada a um segundo plano. Iemanjá é a mulher adulta e madura, na sua plenitude. É a mãe das lendas –
mas nelas, seus filhos são sempre adultos. Apesar de não ter a idade de Oxalá (sendo a segunda esposa do
Orixá da criação, e a primeira é a idosa Nanã), não é jovem. É a que tenta manter o clã unido, a que arbitra
desavenças entre personalidades contrastantes, é a que chora, pois os filhos adultos já saem debaixo de
sua asa e correm os mundos, afastando-se da unidade familiar básica.

Para Oxum, então, foi reservado o posto da jovem mãe, da mulher que ainda tem algo de adolescente,
coquete, maliciosa, ao mesmo tempo que é cheia de paixão e busca objetivamente o prazer. Sua
responsabilidade em ser mãe se restringe as crianças e bebes. Começa antes, até, na própria fecundação,
na gênese do novo ser, mas não no seu desenvolvimento como adulto. Oxum também tem como um de
seus domínios, a atividade sexual e a sensualidade em si, sendo considerada pelas lendas uma das figuras
físicas mais belas do panteão mítico iorubano.

Oxum é ambiciosa; sua cor é azul-claro com raias de ouro. Segundo a tradição ioruba, seu metal é o cobre –
mas a correlação com o ouro não está basicamente errada, pois, de acordo com os historiadores, o cobre
era o metal mais caro conhecido naquela região. Oxum, portanto, gosta das riquezas materiais, mas não
numa perspectiva de usura nem uma mesquinhez de quem quer ter riquezas para esconde-las.

A iniciação (na Umbanda ou no Candomblé) é um nascimento e o poder da fecundidade tem de estar


presente, pois Oxum mostrou que a menstruação, em vez de constituir motivo de vergonha e de
inferioridade nas mulheres, pelo contrário proclama a realidade do poder feminino, a possibilidade de
gerar filhos.

Existem 16 tipos diferentes de Oxum, das quase adolescentes até as mais velhas, sendo, portanto, 16 o
número sagrado da mãe da água doce.

Diz a lenda que as mais velhas moram nos trechos mais profundos dos rios, enquanto as mais novas nos
trechos mais superficiais. Entre essas 16, três são marcadas como guerreiras (Apara, a mais violenta, Iyeiye
Kera que usa arco e flecha, e Iyeiye Iponda, que usa espada), mas a maior parte delas é mais pacífica, não
gostando de lutas e guerras, desde Oxum Oboto, muito suave e feminina, até a versão mais velha, a não
menos vaidosa Oxum Abalo.

Além disso, o fluir nada fixo da água doce pelos diversos caminhos, a maneabilidade do elemento se
manifesta no comportamento de Oxum.

Sua busca de prazer implica sexo e também ausência de conflitos abertos – é dos poucos Orixás iorubas
que absolutamente não gosta da guerra.

Bibliografia:
Pai Cido de Osun Eyin: “Candomblé. A panela do segredo”.

Pierre Fatumbi Verger: “Deuses Iorubás na África e no Novo Mundo”; “Lendas Africanas dos Orixás”; “Os
Orixas”.

OXUM OPARÁ
Este é um orixá com muitas similaridades entre OXUM e OYÁ, pois podemos falar que ela e meta-meta, em
uma parte do ano ela é OXUM e na outra ela passa a ser OYÁ, guerreira e destemida, dona da fortuna. Este
orixá também tem seus rompantes, uma hora é doce como um rio calmo e de repente torna-se uma
tempestade.

Seus filhos normalmente têm as mesmas características, sendo pessoas de boa índole, porém não aceitam
serem mandadas por ninguém, normalmente eles sempre são os donos das situações, tomando sempre a
frente, para que nada dê errado.

O mesmo que acontece com OXUM OPARÁ, guerreira, dócil e sempre vencendo em suas batalhas, não se
importando quem será o oponente, ela quer é guerrear, parceira de lutas com OGUM, grandes afinidades
com EXU, pois dizem que ela conseguiu ludibriá-lo, tomando os segredos dos BÚZIOS (ifá) para ela, sendo a
única a ter os segredos.

Um orixá que tem ligações de feitiços com IYAMI OSHORONGÁ, sendo a única, a saber, como fazer os
feitiços e desmanchá-los.
A mais jovem e de gênio guerreiro, tão feroz que é capaz de beber o sangue de seus inimigos. Companheira
de Ogum e Xangô. Veste rosa-claro ou dourado. Tem caminhos muito fortes com Oxaguiã. Companheira
inseparável de Oyá Onira - Comem juntas no bambuzal ou no rio, quando juntas são muito perigosas. Tem
fundamentos com Eguns. Come também com Ogum WÁRIS.

(Desconheço a autoria)

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A origem de Oxum Opara

Vivia Oxum no palácio em Ijimu.

Passava os dias no seu quarto olhando os espelhos.

Eram conchas polidas onde apreciava sua imagem bela.

Um dia saiu Oxum do quarto e deixou a porta aberta.

Sua irmã Oyá entrou no aposento, extasiou-se com aquele mundo de espelhos, viu-se neles.

As conchas fizeram espantosa revelação a Oyá. Ela era linda! A mais bela! A mais bonita de todas as
mulheres!

Oyá descobriu sua beleza nos espelhos de Oxum. Oyá se encantou, mas também se assustou: era ela mais
bonita que Oxum, a Bela.

Tão feliz ficou que contou do seu achado a todo mundo.

E Oxum d´Opará remoeu amarga inveja, já não era a mais bonita das mulheres. Vingou-se.

Um dia foi à casa de Egungum e lhe roubou o espelho, o espelho que só mostra a morte, a imagem horrível
de tudo o que é feio. Pôs o espelho do Espectro no quarto de Oyá e esperou.

Oyá entrou no quarto, deu-se conta do objeto.

Oxum trancou Oyá pelo lado de fora. Oyá olhou no espelho e se desesperou. Tentou fugir, impossível!
Estava presa com sua terrível imagem.

Correu pelo quarto em desespero. Atirou-se no chão. Bateu com a cabeça nas paredes. Não logrou escapar
nem do quarto nem da visão tenebrosa da feiura.

Oyá enlouqueceu. Oyá deixou este mundo.

Obatalá, que a tudo assistia, repreendeu d´Opará e transformou Oyá em Orixá. Decidiu que a imagem de
Oyá nunca seria esquecida por Oxum.

Obatalá condenou d´Opará a se vestir para sempre com as cores de Oyá, levando nas joias e nas armas de
guerreira o mesmo metal empregado pela irmã.

- Extraído de Mitologia dos Orixás - R. Prandi pags. 323/324/325

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