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UNIVERSIDADE EVANGÉLICA DE GOIÁS

CURSO DE NUTRIÇÃO

ANNA CLARA FENATO

ESTUDO DE CASO: NUTRIÇÃO NA LACTAÇÃO

Anápolis
2021
ANNA CLARA FENATO

ESTUDO DE CASO: NUTRIÇÃO NA LACTAÇÃO

Trabalho da disciplina de Nutrição Materno


Infantil e nos ciclos da vida, apresentado a
Universidade Evangélica de Goiás, curso de
Nutrição, como exercício avaliativo.

Professora: Me. Cyntia M.R. Borges.

Anápolis
2021
J.S.M. é uma nutriz obesa, de 38 anos (PA = 90 kg e Alt = 160 cm). Apresentou ganho
ponderal de 21 kg na gestação de Maria Antônia, sua segunda filha, hoje com 2 meses. Ouviu
de amigas que, se amamentar Maria Antônia e fizer duas refeições ao dia, retornará muito
rápido ao peso pré-gestacional, se não ficar com menos peso. J.S.M está incomodada com o
peso que apresenta no momento, pois a impede de usar as roupas que tinha antes da gestação.
Ao mesmo tempo, teme que condutas extremistas atrapalhem a amamentação, o que sempre
desejou praticar. Por isso, decide procurar uma nutricionista. 

1) Qual seria sua orientação com relação a valor calórico, macronutrientes e quais
micronutrientes você enfatizaria?

IMC = Peso/(Altura)²

IMC = 90/(1,60)²

IMC = 90/2,56

IMC = 35,2 kg/m² - Obesidade grau II (WHO, 2002)

Necessidade de energia para produção láctea no 1º semestre (807 ml/dia) = 67 kcal/100ml =


675 kcal/dia.

Peso desejado: IMC = 24,5 kg/m²

24,5 = Peso/2,56

Peso desejado = 62,7 kg ou 63,0 kg

Energia de reserva acumulada na gestação: 6.500 kcal/kg x 2,0 = 13.000 kcal/kg

13.000/30 dias = 433,3 kcal/dia de perda de peso


TMB = 8,126 x 90kg + 845,6

TMB = 731,34 + 845,6

TMB = 1.576,94 kcal/dia

VET = (TMB x NAF) + adicional energético para lactação – energia para perda de peso

VET = (1.576,94 x 1,53) + 675 – 433,3

VET = 2.412,7 + 675 – 433,3

VET = 2.412,7 + 241,7

VET = 2. 654,4 kcal/dia

Cálculo da proteína:

Peso desejado x 1,1 = 63 x 1,1 = 69,3 + 16,0 (OMS) = 85,3 g/ptn/dia.

Cálculo de Lipídeos:

O tipo de gordura que a nutriz ingere, tem relação direta com a gordura presente
no leite materno. De acordo com a DRI, é indicado que seja consumido ácidos graxos
específicos, principalmente os de cadeia ramificada, tem uma demanda aumentada e que
auxiliaram no desenvolvimento da criança. Normalmente eles são utilizados em
suplementação, pois seu consumo não é comum.

Ômega 6 – 13g/dia

Ômega 3 – 1,3g/dia

Carboidrato (HCO): para manter a lactação

EAR (Necessidade média estimada) = 100g/dia


RDA = 175g/dia

Vitaminas e Minerais:

MICRONUTRIENTE DRI

Vitamina A 1.300 Mg/dia

Vitamina D 15 Mg/dia

Vitamina K 90 Mg/dia

Vitamina C 120 mg/dia

Vitamina B2 1,6 mg/dia

Folato 500 Mg/dia

Vitamina B6 2,0 mg/dia

Vitamina B12 2,8 mg/dia

Cálcio 1.000 mg/dia

Ferro 9 mg/dia

Zinco 12 mg/dia

Fonte: DRI (2001).

Em relação aos micronutrientes que devem ser enfatizados para a nutriz e o


lactente, temos a vitamina A ferro e zinco. O leite materno é muito importante e seus
micronutrientes devem ser avaliados, de acordo com a alimentação da nutriz. O conteúdo de
Vitamina A no leite materno é influenciado pelo estado nutricional desse micronutriente da
mãe. Sendo assim, sua suplementação durante a gestação ou imediatamente após o parto pode
proteger as gestantes com esta carência nutricional, pelo aumento das reservas hepáticas
maternas (SILVA et al., 2007). As puérperas recebem megadoses de retinol no pós parto para
compensar as perdas pelo aleitamento materno.

Segundo Ladipo (2000 apud SILVA et al., 2007), em crianças amamentadas


exclusivamente ao seio, consegue-se manter a homeostase de ferro até o quarto ou sexto mês
de vida, independente do consumo materno de ferro. A partir daí, elas ficam sujeitas à
deficiência, devido à depleção de suas reservas, ao baixo conteúdo de ferro do leite e à
introdução da alimentação complementar.

A deficiência de ferro também influencia os níveis séricos de retinol, pois postula-


se que sua carência pode comprometer o funcionamento normal da mucosa intestinal,
dificultando a absorção da vitamina A proveniente da dieta e prejudicando a sua
biodisponibilidade (SILVA et al.,2007). É recomendado que o ferro seja suplementado para a
nutriz em 60mg (sulfato ferroso) após o parto imediato e após aborto. Como as nutrizes são
um grupo muito vulnerável a anemia por ocorrer a formação de novos tecidos e expansão do
número de hemácias.

Segundo Silva et al. (2007), a deficiência de zinco é responsável por diversas


anormalidades bioquímicas e funcionais no organismo humano, devido à participação desse
micronutriente em uma ampla gama de processos metabólicos. Os recém-nascidos apresentam
um declínio fisiológico nos estoques hepáticos de zinco. Portanto, a melhora do estado
nutricional de zinco contribui para a diminuição da mortalidade infantil por diarreia e doenças
respiratórias. O zinco é requerido para a síntese hepática e secreção de RBP, proteína
responsável pelo transporte da vitamina A. Portanto, em situações de deficiência desse
mineral, a produção de RBP está reduzida, resultando em carência secundária da vitamina A,
que é caracterizada pelos baixos níveis séricos de retinol, mesmo na presença de níveis
hepáticos adequados dessa vitamina.

2) Apontaria alguma prática alimentar em especial que pudesse interferir no aleitamento


materno?

Existem diversos mitos e tabus alimentares que impulsionam as nutrizes a pensar


que não estão produzindo leite, portanto, é importante que seja elucidado certos pontos:

 Para nutrizes com sobrepeso ou obesidade não é indicado dietas de emagrecimento, pois
podem prejudicar na lactação;
 Nenhum alimento isolado tem o poder de aumentar ou diminuir a produção de leite
materno;
 Preferir ingerir água pura, no mínimo 04 copos por dia;
 Evitar a ingestão de álcool pela nutriz, pois o mesmo altera o odor do leite, favorecendo a
recusa do lactente. Porém, caso haja ingestão esporádica pela nutriz de álcool após a
mamada, não afetará o odor do leite materno (Lawrence, 2005);
 Evitar o consumo de mais de 03 xícaras de café/dia, pois a cafeína causará irritabilidade e
insônia na mãe e no bebê;
 Preferir a ingestão de peixe ao menos 3x por semana, assim obteremos o aporte de ácidos
graxos essenciais;
 Preferir uma dieta variada e colorida, para aumentar seu aporte nutricional;
 Evitar monotonia alimentar, ou seja, ter uma rotina alimentar seguida todos os dias, sem
modificação em nenhuma refeição ou na maioria das refeições. Isso gera uma maior
deficiência de vitaminas;
 Evitar o consumo inferior a 1.800 kcal/dia, para evitar deficiências nutricionais;
 Evitar o uso de cigarro, pois a nicotina contida nele é transferida para o leite materno.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. Vitamina A Mais - Programa
Nacional de Suplementação de Vitamina A: condutas gerais. Brasília, DF; 2004.

IOM (Institute of Medicine). Zinc. In: IOM (Institute of Medicine). Dietary reference
intakes for vitamin A, vitamin K, arsenic, boron, chromuim, copper, iodine, iron,
manganese, molybdenum, nickel, silicon, vanadium, and zinc. Washington, DC: National
Academic Press; 2001. p. 442-501.

Ladipo OA. Nutrition in pregnancy: mineral and vitamin supplements. Am J Clin Nutr.
2000; 72 (Suppl): S280-S90.

SILVA, L.S. et al. Micronutrientes na gestação e lactação. Rev. Bras. Saúde Matern.
Infant., Recife, 7 (3): 237-244, jul. / set., 2007.

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