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REVISÃO LITERATURA – QUESTÕES

1. UEG
Senhora, que bem pareceis!
Se de mim vos recordásseis
que do mal que me fazeis
me fizésseis correção,
quem dera, senhora, então
que eu vos visse e agradasse.

Ó formosura sem falha


que nunca um homem viu tanto
para o meu mal e meu quebranto!
Senhora, que Deus vos valha!
Por quanto tenho penado
seja eu recompensado
vendo-vos só um instante.

De vossa grande beleza


da qual esperei um dia
grande bem e alegria,
só me vem mal e tristeza.
Sendo-me a mágoa sobeja,
deixai que ao menos vos veja
no ano, o espaço de um dia.

Rei D. Dinis
(CORREIA, Natália. Cantares dos trovadores galego-portugueses. Seleção, introdução, notas e adaptação
de Natália Correia. 2. ed. Lisboa: Estampa, 1978. p. 253.)

Quem te viu, quem te vê


Você era a mais bonita das cabrochas dessa ala
Você era a favorita onde eu era mestre-sala
Hoje a gente nem se fala, mas a festa continua
Suas noites são de gala, nosso samba ainda é na rua

Hoje o samba saiu procurando você


Quem te viu, quem te vê
Quem não a conhece não pode mais ver pra crer
Quem jamais a esquece não pode reconhecer
[...]

Chico Buarque

A cantiga do Rei D. Dinis, adaptada por Natália Correia, e a canção de Chico Buarque de
Holanda expressam a seguinte característica trovadoresca:

A) a vassalagem do trovador diante da mulher amada que se encontra distante.


B) a idealização da mulher como símbolo de um amor profundo e universal.
C) a personificação do samba como um ser que busca a plenitude amorosa.
D) a possibilidade de realização afetiva do trovador em razão de estar próximo da pessoa
amada.
2. UEPA
"A literatura do amor cortes, pode-se acrescentar, contribuiu para transformar de algum
modo a realidade extraliterária, atua como componente do que Elias (1994)* chamou de
processo civilizador. Ao mesmo tempo, a realidade extraliterária penetra processualmente
nessa literatura que, em parte, nasceu como forma de sonho e de evasão."
(*) Cf. ELIAS, N. O Processo Civilizador. Rio de Janeiro: Zahar, 1994, v.1. (Revista de Ciências Humanas,
Florianópolis, EDUFSC, v. 41, n. l e 2, p. 83-110, Abril e Outubro de 2007 pp. 91-92)

Interprete o comentário acima e, com base nele e em seus conhecimentos acerca do


lirismo medieval galego-português, marque a alternativa correta:

A) as cantigas de amor recriaram o mesmo ambiente palaciano das cortes galegas.


B) "a literatura do amor cortês" refletiu a verdade sobre a vida privada medieval.
C) a servidão amorosa e a idealização da mulher foi o grande tema da poesia produzida
por vilões.
D) o amor cortês foi uma prática literária que aos poucos modelou o perfil do homem
civilizado.
E) nas cantigas medievais mulheres e homens submetem-se às maneiras refinadas da
cortesia.

3. FUVEST

Esta imagem integra o manuscrito de uma das mais notáveis obras da cultura medieval. A
alternativa que melhor caracteriza o documento é:

A) Fábula que enuncia o ideal eclesiástico, mescla a aventura cavalheiresca, o amor


romântico e as aspirações religiosas que simbolizaram o espírito das cruzadas.
B) Poema inacabado que narra a viagem de formação de um cavaleiro e a busca do
cálice sagrado; sua composição mistura elementos pagãos e cristãos.
C) Cordel muito popular, elaborado com base nos épicos celtas e lendas bretãs, divulgado
para a conversão de fiéis durante a expansão do Cristianismo pelo Oriente.
D) Peça teatral que serviu para fortalecer o espírito nacionalista da Inglaterra, unindo a
figura de um governante invencível a um símbolo cristão.
E) Romance que condensa vários textos, empregado pela Igreja para encorajar a
aristocracia a assumir uma função idealizada na luta contra os inimigos de Deus.
4. UNIFESP
Leia a cantiga seguinte, de Joan Garcia de Guilhade.

Un cavalo non comeu


á seis meses nen s’ergueu
mais prougu’a Deus que choveu,
creceu a erva,
e per cabo si paceu,
e já se leva!
Seu dono non lhi buscou
cevada neno ferrou:
mai-lo bon tempo tornou,
creceu a erva,
e paceu, e arriçou,
e já se leva!
Seu dono non lhi quis dar
cevada, neno ferrar;
mais, cabo dum lamaçal
creceu a erva,
e paceu, e arriç’ar,
e já se leva!

(CD Cantigas from the Court of Dom Dinis. harmonia mundi usa, 1995.)

A leitura permite inferir que se trata de uma cantiga de

A) escárnio, em que se critica a atitude do dono do cavalo, que dele não cuidara, mas
graças ao bom tempo e à chuva, o mato cresceu e o animal pôde recuperar-se sozinho.
B) amor, em que se mostra o amor de Deus com o cavalo que, abandonado pelo dono,
comeu a erva que cresceu graças à chuva e ao bom tempo.
C) escárnio, na qual se conta a divertida história do cavalo que, graças ao bom tempo e à
chuva, alimentou-se, recuperou-se e pôde, então, fugir do dono que o maltratava.
D) amigo, em que se mostra que o dono do cavalo não lhe buscou cevada nem o ferrou
por causa do mau tempo e da chuva que Deus mandou, mas mesmo assim o cavalo pôde
recuperar-se.
E) mal-dizer, satirizando a atitude do dono que ferrou o cavalo, mas esqueceu-se de
alimentá-lo, deixando-o entregue à própria sorte para obter alimento.

5. UNIFESP
Leia o texto de Gil Vicente.

DIABO — Essa dama, é ela vossa?


FRADE — Por minha a tenho eu e sempre a tive de meu.
DIABO — Fizeste bem, que é fermosa!
E não vos punham lá grosa
nesse convento santo?
FRADE — E eles fazem outro tanto!
DIABO — Que cousa tão preciosa!

No trecho da peça de Gil Vicente, fica evidente uma


A) visão crítica dos hábitos da sociedade da época. Está clara a censura à hipocrisia do
religioso, que se aparta daquilo que prega.
B) concepção de sociedade decadente, mas que ainda guarda alguns valores essenciais,
como é o caso da relação entre o frade e o catolicismo.
C) postura de repúdio à imoralidade da mulher que se põe a tentar o frade, que a
ridiculariza em função de sua fé católica inabalável.
D) visão moralista da sociedade. Para ele, os valores deveriam ser resgatados e a
presença do frade é um indicativo de apego à fé cristã.
E) crítica ao frade religioso que optou em vida por ter uma mulher, contrariando a fé cristã,
o que, como ele afirma, não acontecia com os outros frades do convento.

6. UNESP
Leia o soneto ―Alma minha gentil, que te partiste‖, do poeta português Luís de Camões
(1525?-1580), para responder às questões a seguir.

Alma minha gentil, que te partiste


tão cedo desta vida descontente,
repousa lá no Céu eternamente,
e viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,


memória desta vida se consente,
não te esqueças daquele amor ardente
que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te


alguma coisa a dor que me ficou
da mágoa, sem remédio, de perder-te,

roga a Deus, que teus anos encurtou,


que tão cedo de cá me leve a ver-te,
quão cedo de meus olhos te levou.

Embora predomine no soneto uma visão espiritualizada da mulher (em conformidade com
o chamado platonismo), verifica-se certa sugestão erótica no seguinte verso:

A) ―não te esqueças daquele amor ardente‖ (2ª estrofe)


B) ―da mágoa, sem remédio, de perder-te,‖ (3ª estrofe)
C) ―memória desta vida se consente,‖ (2ª estrofe)
D) ―que tão cedo de cá me leve a ver-te,‖ (4ª estrofe)
E) ―e viva eu cá na terra sempre triste.‖ (1ª estrofe)

7. UNESP
No soneto, o eu lírico

A) suplica a Deus que suas memórias afetivas lhe sejam subtraídas.


B) expressa o desejo de que sua amada seja em breve restituída à vida.
C) expressa o desejo de que sua própria vida também seja abreviada.
D) suplica a Deus que sua amada também se liberte dos sofrimentos terrenos.
E) lamenta que sua própria conduta tenha antecipado a morte da amada.
8. UNIFESP
Leia o soneto do poeta Luís Vaz de Camões (1525?-1580) para responder às questões.

Sete anos de pastor Jacob servia


Labão, pai de Raquel, serrana bela;
mas não servia ao pai, servia a ela,
e a ela só por prêmio pretendia.

Os dias, na esperança de um só dia,


passava, contentando-se com vê-la;
porém o pai, usando de cautela,
em lugar de Raquel lhe dava Lia.

Vendo o triste pastor que com enganos


lhe fora assi negada a sua pastora,
como se a não tivera merecida,

começa de servir outros sete anos,


dizendo: ―Mais servira, se não fora
para tão longo amor tão curta a vida‖.
(Luís Vaz de Camões. Sonetos, 2001.)

Uma das principais figuras exploradas por Camões em sua poesia é a antítese. Neste
soneto, tal figura ocorre no verso:

A) ―mas não servia ao pai, servia a ela,‖


B) ―passava, contentando-se com vê-la;‖
C) ―para tão longo amor tão curta a vida.‖
D) ―porém o pai, usando de cautela,‖
E) ―lhe fora assi negada a sua pastora,‖

9. UNIFESP
De acordo com a história narrada pelo soneto,

A) Labão engana Jacob, entregando-lhe a filha Lia, em vez de Raquel.


B) Labão aceita ceder Lia a Jacob, se este lhe entregar Raquel.
C) Labão obriga Jacob a trabalhar mais sete anos para obter o amor de Lia.
D) Jacob descumpre o acordo feito com Labão, negando-lhe a filha Raquel.
E) Jacob morre antes de completar os sete anos de trabalho, não obtendo o amor de
Raquel.

10. UNIFESP
Do ponto de vista formal, o tipo de verso e o esquema de rimas que caracterizam este
soneto camoniano são, respectivamente,

A) dodecassílabo e ABAB ABAB ABC ABC.


B) decassílabo e ABAB ABAB CDC DCD.
C) heptassílabo e ABBA ABBA CDE CDE.
D) decassílabo e ABBA ABBA CDE CDE.
E) dodecassílabo e ABBA ABBA CDE CDE.
11. UFSCAR
A questão seguinte baseia-se no poema épico Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, do
qual se reproduzem, a seguir, três estrofes.

Mas um velho, de aspeito venerando, (= aspecto)


Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós os olhos, meneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada um pouco alevantando,
Que nós no mar ouvimos claramente,
C’um saber só de experiências feito,
Tais palavras tirou do experto peito:

―Ó glória de mandar, ó vã cobiça


Desta vaidade a quem chamamos Fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
C’uma aura popular, que honra se chama!
Que castigo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldades neles experimentas!

Dura inquietação d’alma e da vida


Fonte de desamparos e adultérios,
Sagaz consumidora conhecida
De fazendas, de reinos e de impérios!
Chamam-te ilustre, chamam-te subida,
Sendo digna de infames vitupérios;
Chamam-te Fama e Glória soberana,
Nomes com quem se o povo néscio engana.‖

Os versos de Camões foram retirados da passagem conhecida como O Velho do Restelo.


Nela, o velho

A) abençoa os marinheiros portugueses que vão atravessar os mares à procura de uma


vida melhor.
B) critica as navegações portuguesas por considerar que elas se baseiam na cobiça e
busca de fama.
C) emociona-se com a saída dos portugueses que vão atravessar os mares até chegar às
Índias.
D) destrata os marinheiros por não o terem convidado a participar de tão importante
empresa.
E) adverte os marinheiros portugueses dos perigos que eles podem encontrar para buscar
fama em outras terras.

12. ENEM
TEXTO I
Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir
mais. E parece-me que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e
cinquenta. Alguns deles traziam arcos e flechas, que todos trocaram por carapuças ou por
qualquer coisa que lhes davam. […] Andavam todos tão bem-dispostos, tão bem feitos e
galantes com suas tinturas que muito agradavam.
CASTRO, S. ―A carta de Pero Vaz de Caminha‖. Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento).

TEXTO II

Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz de Caminha e a obra


de Portinari retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. Da leitura dos textos,
constata-se que

A) a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma das primeiras manifestações


artísticas dos portugueses em terras brasileiras e preocupa-se apenas com a estética
literária.
B) a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados, cuja grande significação
é a afirmação da arte acadêmica brasileira e a contestação de uma linguagem moderna.
C) a carta, como testemunho histórico-político, mostra o olhar do colonizador sobre a
gente da terra, e a pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação dos nativos.
D) as duas produções, embora usem linguagens diferentes — verbal e não verbal —,
cumprem a mesma função social e artística.
E) a pintura e a carta de Caminha são manifestações de grupos étnicos diferentes,
produzidas em um mesmo momentos histórico, retratando a colonização.

13. UNESP
A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana, e vinha,
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.
(...)
Estupendas usuras nos mercados,
Todos, os que não furtam, muito pobres,
E eis aqui a Cidade da Bahia.
(Gregório de Matos. 'Descreve o que era realmente naquelle tempo a cidade da Bahia de mais enredada
por menos confusa'. In: Obra poética (org. James Amado). 1990.)

O poema escrito por Gregório de Matos no século XVII,


A) representa, de maneira satírica, os governantes e a desonestidade na Bahia colonial.
B) critica a colonização portuguesa e defende, de forma nativista, a independência
brasileira.
C) tem inspiração neoclássica e denuncia os problemas de moradia na capital baiana.
D) revela a identidade brasileira, preocupação constante do modernismo literário.
E) valoriza os aspectos formais da construção poética parnasiana e aproveita para criticar
o governo.

14. ENEM
Quando Deus redimiu da tirania
Da mão do Faraó endurecido
O Povo Hebreu amado, e esclarecido,
Páscoa ficou da redenção o dia.

Páscoa de flores, dia de alegria


Àquele Povo foi tão afligido
O dia, em que por Deus foi redimido;
Ergo sois vós, Senhor, Deus da Bahia.

Pois mandado pela alta Majestade


Nos remiu de tão triste cativeiro,
Nos livrou de tão vil calamidade.

Quem pode ser senão um verdadeiro Deus,


que veio estirpar desta cidade
O Faraó do povo brasileiro.

DAMASCENO, D. (Org.). Melhores poemas: Gregório de Matos. São Paulo: Globo, 2006.

Com uma elaboração de linguagem e uma visão de mundo que apresentam princípios
barrocos, o soneto de Gregório de Matos apresenta temática expressa por

A) visão cética sobre as relações sociais.


B) preocupação com a identidade brasileira.
C) crítica velada à forma de governo vigente.
D) reflexão sobre os dogmas do cristianismo.
E) questionamento das práticas pagãs na Bahia.

15. ESPM
Será porventura o estilo que hoje se usa nos púlpitos? Um estilo tão empeçado¹, um estilo
tão dificultoso, um estilo tão afeta-do, um estilo tão encontrado toda a arte e a toda a
natureza? Boa razão é também essa. O estilo há de ser muito fácil e muito natu-ral. Por
isso Cristo comparou o pregar ao semear, porque o semear é uma arte que tem mais de
natureza que de arte (...) Não fez Deus o céu em xadrez de estrelas, como os pregadores
fazem o sermão em xadrez de palavras. Se uma parte está branco, da outra há de estar
negro (...) Como hão de ser as palavras? Como as estrelas. As estre-las são muito
distintas e muito claras. Assim há de ser o estilo da pregação, muito distin-to e muito
claro.
(Sermão da Sexagésima, Pe. Antonio Vieira)
¹empeçado: com obstáculo, com empecilho.

A expressão que traduz a ideia de rebusca-mento no estilo é:


A) ―púlpitos‖
B) ―semear‖
C) ―céu‖
D) ―xadrez de palavras‖
E) ―estrelas‖

16. ESPM
Assinale a incorreta sobre o texto de Padre Vieira:

A) vale-se do estilo conceptista do Barroco, voltando-se para a argumentação e


racio-cínio lógicos.
B) ataca duramente os pregadores cultistas, devido ao estilo pomposo, de difícil aces-so,
e aos exageros da ornamentação.
C) critica o sermão que está preocupado com a suntuosidade linguística e estilís-tica.
D) defende a pregação que tenha naturalida-de, clareza e distinção.
E) mostra que, seguindo o exemplo de Cris-to, pregar e semear afetam o estilo, por-que
ambas são práticas da natureza.

17. UNIFESP
Leia o soneto ―A uma dama dormindo junto a uma fonte‖, do poeta barroco Gregório de
Matos (1636-1696), para responder à questão a seguir:

À margem de uma fonte, que corria,


Lira doce dos pássaros cantores
A bela ocasião das minhas dores
Dormindo estava ao despertar do dia.

Mas como dorme Sílvia, não vestia


O céu seus horizontes de mil cores;
Dominava o silêncio entre as flores,
Calava o mar, e rio não se ouvia.

Não dão o parabém à nova Aurora


Flores canoras, pássaros fragrantes,
Nem seu âmbar respira a rica Flora.

Porém abrindo Sílvia os dois diamantes,


Tudo a Sílvia festeja, tudo adora
Aves cheirosas, flores ressonantes.

Poemas escolhidos, 2010.

Mais recorrente na poesia arcádica, verifica-se neste soneto barroco o recurso, sobretudo,
ao seguinte lema latino:

A) ―locus horrendus‖ (―lugar horrível‖).


B) ―locus amoenus‖ (―lugar aprazível‖).
C) ―memento mori‖ (―lembra-te da morte‖).
D) ―inutilia truncat‖ (―corta o inútil‖).
E) ―carpe diem‖ (―aproveite o dia‖).
18. ACAFE
Sobre o contexto histórico e social das escolas literárias brasileiras, correlacione as
colunas seguir.

(1) Proclamada a independência, em 1822, cresce no Brasil o sentimento de


nacionalismo, buscase o passado histórico, exalta-se a natureza da pátria. De 1823 a
1831, o Brasil viveu um período difícil com o autoritarismo de D. Pedro I: a dissolução da
Assembleia Constituinte; a Constituição outorgada; a luta pelo trono português contra seu
irmão D. Miguel; e, finalmente, a abdicação. Segue-se o período regencial e a maioridade
prematura de Pedro II.

(2) O crescimento de algumas cidades de Minas Gerais, cuja base econômica era a
exploração do ouro, favorecia tanto a divulgação de ideias políticas quanto o
florescimento de uma literatura cujos modelos os jovens brasileiros foram buscar em
Coimbra, já que a colônia não lhes oferecia cursos superiores. E, ao retornarem de
Portugal, traziam consigo as ideias iluministas.

(3) O período era sem dúvida de muita opressão. A igreja lutava contra os reformadores
por meio da Inquisição e instaurava um clima de medo constante em seus fiéis, que se
viam divididos entre o material e o espiritual, o prazer e o dever. Ao mesmo tempo eram
mostradas cenas bíblicas que remetem ao amor e à compaixão, como os momentos de
dor imensa do sacrifício de Jesus Cristo.

(4) A industrialização brasileira, que vinha crescendo desde o começo do século, foi
impulsionada com a Primeira Guerra Mundial e estimulou a urbanização das cidades,
principalmente de São Paulo. A capital paulista, com a expansão da cafeicultura começou
a experimentar um enorme crescimento econômico. O período foi marcado também pela
chegada em massa de imigrantes, principalmente italianos, muitos dos quais haviam
vivido a experiência da luta de classes em seus países e divulgaram no país ideias
anarquistas e socialistas.

(5) Influenciados pelo pensamento evolucionista de Charles Darwin no Brasil e pelo


positivismo de Augusto Comte, o movimento ficou bastante conhecido por explorar temas
como a homossexualidade, o incesto, o desequilíbrio e a loucura. Os escritores passaram
a retratar em seus personagens traços de natureza animal, desde impulsos sexuais a
comportamentos desregrados e instintivos. A agressividade, a violência e o erotismo eram
considerados parte da personalidade humana, já que o indivíduo era visto como fruto do
meio em que vivia.

( ) Arcadismo
( ) Romantismo
( ) Naturalismo
( ) Modernismo
( ) Barroco

A sequência correta, de cima para baixo, é:

A) 5 - 2 - 3 - 1 - 4
B) 4 - 5 - 1 - 3 - 2
C) 3 - 4 - 2 - 5 - 1
D) 2 - 1 - 5 - 4 – 3
19. UEL
Triste Bahia! Oh quão dessemelhante
Estás, e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.

A ti trocou-te a máquina mercante,


Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado
Tanto negócio, e tanto negociante.

Deste em dar tanto açúcar excelente


Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.

Oh se quisera Deus, que de repente


Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu capote!

MATOS, Gregório de. Poesias selecionadas. 3. ed. São Paulo: FTD, 1998. p. 141.

A partir da leitura do texto, considere as afirmativas a seguir.

I. O poema faz parte da produção de Gregório de Matos caracterizada pelo cunho satírico,
visto que ridiculariza vícios e imperfeições e assume um tom de censura.
II. As figuras do desconsolado poeta, da triste Bahia e do sagaz Brichote são imagens
poéticas utilizadas para expressar a existência de um triângulo amoroso.
III. O poema apresenta a degradação da Bahia e do eu-lírico, em virtude do sistema de
trocas imposto à Colônia, o qual privilegiava os comerciantes estrangeiros.
IV. Os versos ―Que em tua larga barra tem entrado‖ e ―Deste em dar tanto açúcar
excelente‖ conferem ao poema um tom erótico, pois, simbolicamente, sugerem a ideia de
solicitação ao prazer.

Assinale a alternativa correta

A) Somente as afirmativas I e II são corretas.


B) Somente as afirmativas I e III são corretas.
C) Somente as afirmativas III e IV são corretas
D) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas
E) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

20. UEL
Triste Bahia! Oh quão dessemelhante
Estás, e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vejo eu já, tu a mi abundante.

A ti trocou-te a máquina mercante,


Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado
Tanto negócio, e tanto negociante.
Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.

Oh se quisera Deus, que de repente


Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu capote!

MATOS, Gregório de. Poesias selecionadas. 3. ed. São Paulo: FTD, 1998. p. 141.

A partir da leitura do texto, considere as afirmativas a seguir.

I. O poema faz parte da produção de Gregório de Matos caracterizada pelo cunho satírico,
visto que ridiculariza vícios e imperfeições e assume um tom de censura.
II. As figuras do desconsolado poeta, da triste Bahia e do sagaz Brichote são imagens
poéticas utilizadas para expressar a existência de um triângulo amoroso.
III. O poema apresenta a degradação da Bahia e do eu-lírico, em virtude do sistema de
trocas imposto à Colônia, o qual privilegiava os comerciantes estrangeiros.
IV. Os versos ―Que em tua larga barra tem entrado‖ e ―Deste em dar tanto açúcar
excelente‖ conferem ao poema um tom erótico, pois, simbolicamente, sugerem a ideia de
solicitação ao prazer.

Assinale a alternativa correta

A) Somente as afirmativas I e II são corretas.


B) Somente as afirmativas I e III são corretas.
C) Somente as afirmativas III e IV são corretas
D) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas
E) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

22. UNIFESP
Neste mundo é mais rico, o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa:
Com sua língua ao nobre o vil decepa:
O Velhaco maior sempre tem capa.
(Gregório de Matos)

Nos versos, o eu lírico deixa evidente que


A) uma pessoa se torna desprezível pela ação do nobre.
B) o honesto é quem mais aparenta ser desonesto.
C) geralmente a riqueza decorre de ações ilícitas.
D) as injúrias, em geral, eliminam as injustiças.
E) o vil e o rico são vítimas de severas injustiças.

23. UNIFESP
Levando em consideração que, em sua produção literária, Gregório de Matos dedicou-se
também à sátira irreverente, pode-se afirmar que os versos se marcam
A) pelo sentimentalismo, fruto da sintonia do eu lírico com a sociedade.
B) pela indiferença, decorrente da omissão do eu lírico com a sociedade.
C) pelo negativismo, pois o eu lírico condena a sociedade pelo viés da religião
D) pela indignação, advinda de um ideal moralizante expresso pelo eu lírico.
E) pela ironia, já que o eu lírico supõe que todas as pessoas são desonestas.
24. UFLAVRAS
Leia com atenção os juízos estéticos transcritos abaixo e marque:

Juízo I. "Intérprete dos anseios do homem seiscentista solicitado por ideais em conflito. O
fusionismo é a sua tendência dominante - tentativa de conciliar, incorporando contrários."
Juízo II. "Procurando libertar a língua de termos espúrios, restituindo-lhe uma sobriedade
castiça e o rigor de sentido, é a revitalização do pastoralismo e bucolismo."

A) se o primeiro se referir ao BARROCO e o segundo, ao ARCADISMO.


B) se o primeiro se referir ao ARCADISMO e o segundo, ao BARROCO.
C) se ambos se referirem ao BARROCO.
D) se ambos se referirem ao ARCADISMO.
E) se ambos se referirem à LITERATURA DOS JESUÍTAS no Brasil.

25. UNESP
Leia o poema de Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810).

18
Não vês aquele velho respeitável, As frias tardes, em que negra nuvem
que à muleta encostado, os chuveiros não lance,
apenas mal se move e mal se arrasta? irei contigo ao prado florescente:
Oh! quanto estrago não lhe fez o tempo, aqui me buscarás um sítio ameno,
o tempo arrebatado, onde os membros descanse,
que o mesmo bronze gasta! e ao brando sol me aquente.

Enrugaram-se as faces e perderam Apenas me sentar, então, movendo


seus olhos a viveza: os olhos por aquela
voltou-se o seu cabelo em branca neve; vistosa parte, que ficar fronteira,
já lhe treme a cabeça, a mão, o queixo, apontando direi: — Ali falamos,
nem tem uma beleza ali, ó minha bela,
das belezas que teve. te vi a vez primeira.

Assim também serei, minha Marília, Verterão os meus olhos duas fontes,
daqui a poucos anos, nascidas de alegria;
que o ímpio tempo para todos corre. farão teus olhos ternos outro tanto;
Os dentes cairão e os meus cabelos. então darei, Marília, frios beijos
Ah! sentirei os danos, na mão formosa e pia,
que evita só quem morre. que me limpar o pranto.

Mas sempre passarei uma velhice Assim irá, Marília, docemente


muito menos penosa. meu corpo suportando
Não trarei a muleta carregada, do tempo desumano a dura guerra.
descansarei o já vergado corpo Contente morrerei, por ser Marília
na tua mão piedosa, quem, sentida, chorando
na tua mão nevada. meus baços olhos cerra.

(Tomás Antônio Gonzaga. Marília de Dirceu e mais poesias. Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora, 1982.)

No conteúdo da quinta estrofe do poema encontramos uma das características mais


marcantes do Arcadismo:
A) paisagem bucólica.
B) pessimismo irônico.
C) conflito dos elementos naturais.
D) filosofia moral.
E) desencanto com o amor.

26. UFG
Leia o fragmento do poema apresentado a seguir.
SPLEEN E CHARUTOS

I
SOLIDÃO

[...]

As árvores prateiam-se na praia,


Qual de uma fada os mágicos retiros...
Ó lua, as doces brisas que sussurram
Coam dos lábios teus como suspiros!

Falando ao coração que nota aérea


Deste céu, destas águas se desata?
Canta assim algum gênio adormecido
Das ondas moças no lençol de prata?

Minh'alma tenebrosa se entristece,


E muda como sala mortuária...
Deito-me só e triste, sem ter fome
Vejo na mesa a ceia solitária.

Ó lua, ó lua bela dos amores,


Se tu és moça e tens um peito amigo,
Não me deixes assim dormir solteiro,
A meia-noite vem cear comigo!

AZEVEDO, Álvares de. Lira dos vinte anos. In: Obra completa. Organização de AIexei Bueno. Rio de
Janeiro: Nova Aguilar, 2000. p. 232.

Fenômeno recorrente na estética romântica, o processo de adjetivação permite ao eu


lírico, no poema transcrito,

A) intensificar sua tristeza, ressaltando uma perspectiva pessimista da vida.


B) demarcar sua individualidade, expressando seu estado de espírito.
C) detalhar suas intenções amorosas, nomeando seus sentimentos.
D) descrever as coisas circundantes, apresentando uma visão objetiva da realidade.
E) revelar um sentimento pIatônico, enumerando as qualidades da amada.

27. UFV
As mudanças contínuas dos Estilos Literários se caracterizam pela oposição ideológica e
formal entre eles. Considerando tal afirmação, relacione a 1a coluna com as
características apresentadas na 2a coluna.
1 – Arcadismo
2 – Romantismo

( ) Intuição e subjetivismo.
( ) Atração pela noite e pelo mistério.
( ) Imitação da cultura clássica greco-latina.
( ) Objetivismo e racionalismo.
( ) Respeito às formas fixas na criação poética.

A sequência CORRETA é:

A) 2, 2, 1, 1, 1.
B) 2, 1, 2, 1, 2.
C) 1, 2, 1, 2, 1.
D) 1, 1, 2, 2, 2.

28. ENEM PPL


Soneto

Oh! Páginas da vida que eu amava,


Rompei-vos! nunca mais! tão desgraçado!...
Ardei, lembranças doces do passado!
Quero rir-me de tudo que eu amava!

E que doido que eu fui! como eu pensava


Em mãe, amor de irmã! em sossegado
Adormecer na vida acalentado
Pelos lábios que eu tímido beijava!

Embora – é meu destino. Em treva densa


Dentro do peito a existência finda
Pressinto a morte na fatal doença!

A mim a solidão da noite infinda!


Possa dormir o trovador sem crença.
Perdoa minha mãe – eu te amo ainda!

AZEVEDO, A. Lira dos vinte anos. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

A produção de Álvares de Azevedo situa-se na década de 1850, período conhecido na


literatura brasileira como Ultrarromantismo. Nesse poema, a força expressiva da
exacerbação romântica identifica-se com o(a)

A) amor materno, que surge como possibilidade de salvação para o eu lírico.


B) saudosismo da infância, indicado pela menção às figuras da mãe e da irmã.
C) construção de versos irônicos e sarcásticos, apenas com aparência melancólica.
D) presença do tédio sentido pelo eu lírico, indicado pelo seu desejo de dormir.
E) fixação do eu lírico pela ideia da morte, o que o leva a sentir um tormento constante.
29. UNIFESP
Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d’amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...

Ontem plena liberdade,


A vontade por poder...
Hoje... cúm’lo de maldade,
Nem são livres p’ra morrer...
Prende-os a mesma corrente
– Férrea, lúgubre serpente –
Nas roscas da escravidão.
E assim roubados à morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoite... Irrisão!...
(Castro Alves. Fragmento de O navio negreiro – tragédia no mar.)

Considere as seguintes afirmações.

I. O texto é um exemplo de poesia carregada de dramaticidade, própria de um poeta-


condor, que mostra conhecer bem as lições do ―mestre‖ Victor Hugo.
II. Trata-se de um poema típico da terceira fase romântica, voltado para auditórios
numerosos, em que se destacam a preocupação social e o tom hiperbólico.
III. É possível reconhecer nesse fragmento de um longo poema de teor abolicionista o
gosto romântico por uma poesia de recursos sonoros.

Está correto o que se afirma em:


A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) III, apenas.
D) I e II, apenas.
E) I, II e III.

30. UFG
Canção do exílio

[…]
Oh! que saudades tamanhas
Das montanhas,
Daqueles campos natais!
Daquele céu de safira
Que se mira,

Que se mira nos cristais!


[…]
Debalde eu olho e procuro…
Tudo escuro
Só vejo em roda de mim!
Falta a luz do lar paterno
Doce e terno,
Doce e terno para mim.
Distante do solo amado
— Desterrado —
A vida não é feliz.
Nessa eterna primavera
Quem me dera,
Quem me dera o meu país!
[…]
ABREU, Casimiro de. As primaveras. São Paulo: Martin Claret, 2009. p. 23-24.

A estética romântica, impulsionada pelo cenário histórico que vinha se desenhando no


país, teve como projeto a busca do nacional pelos escritores, que passaram a dar uma
nova significação para os elementos da natureza do Brasil.

Dentro desse projeto, Casimiro de Abreu, no poema acima, que abre o ―Livro primeiro‖ da
coletânea As primaveras, exprime o amor e a saudade da terra natal. Entretanto, o modo
como o poeta canta a pátria diferencia-se da maneira como os demais românticos o
fizeram, por evidenciar

A) pessimismo acentuado.
B) intimismo nostálgico.
C) lirismo amoroso.
D) descritivismo paisagístico.
E) egocentrismo exaltado.

GABARITO:

1- A 7- C 13- A 19- B 25- A


2- D 8- C 14- C 20- B 26- B
3- B 9- A 15- D 21- 27- A
4- A 10- D 16- E 22- C 28- E
5- A 11- B 17- B 23- D 29- E
6- A 12- C 18- D 24- A 30- B

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