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FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO- FUNDEB: UMA ANÁLISE

SOBRE OS INVESTIMENTOS NA EDUCAÇÃO

Denise Lenise Machado1 - UFSM

Eixo– Políticas Públicas e Gestão da Educação


Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos


Profissionais da Educação é um fundo especial de natureza contábil e âmbito estadual,
somando junto ao Distrito Federal vinte e sete fundos, visando parcelas de recursos para
serem investidos em educação, distribuídos exclusivamente para educação básica. Foi
instituído através da sanção da emenda constitucional 53/2006 e aprovado pela Lei Federal
1494/2007. Neste contexto o trabalho tem como objetivo analisar o funcionamento dos
investimentos em educação e de que maneira eles ocorrem, bem como sua legislação. Para a
realização desta pesquisa foi necessário, primeiramente, uma revisão bibliografia para
posteriormente realizarmos uma discussão sobre as questões encontradas e através destas
poderemos ver se a teoria condiz com a prática calcada no âmbito educacional. Constatou-se
que custear a educação seja com financiamento público ou privado é fundamental para o
sistema de ensino, porém quando o Estado resolve abrir mão da responsabilidade de custear
todo o ensino, abre caminho para o sistema capitalista tornar a educação mercadoria e formar
mão de obra barata. Havendo um aumento dos recursos destinados ao FUNDEB, maior
participação da esfera federal com a complementação aos estados certamente haverá aumento
da taxa de escolarização em todas as etapas da educação básica, assim tornando os educandos
cidadãos emancipados e atuantes nos processos de luta pela transformação da sociedade. É
possível afirmar que há necessidade por parte do poder público e da sociedade fiscalizar com
vontade e bom senso seus recursos disponíveis no âmbito educacional e de uma presença mais
ativa de redistribuição das verbas para a partir de então, atingir metas desejadas e essenciais
para nossa educação.

Palavras-chave: Educação; Financiamento; Legislação.

Estudante de Geografia- Universidade Federal de Santa Maria – UFSM. denisegeomachado@gmail.com


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ISSN 2176-1396
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Introdução

A educação é um direito social estabelecida pela Constituição Federal de 1988,


independente de situação financeira, religião, credo, raça, cor, orientação sexual e sem
distinguir qualquer trabalhador. Como saúde, moradia, alimentação e trabalho, a educação é
dever do Estado, e cabe a ele proporcionar educação de qualidade a todas e a todos. Nesta
qualidade de ensino e bem estar social devem estar incluídos cultura, lazer, tecnologia,
pesquisa e inovação. Todos assegurados nos artigos da Constituição.
Para tanto, é necessário que haja comprometimento de todos e todas em relação ao
desenvolvimento da qualidade educacional. Partindo da sociedade para valorização da
educação e dos profissionais da área, ao governo em valorizar e estimular a permanência do
docente em sala de aula, com salários dignos a sua profissão bem como ao profissional em
não se deixar cair no comodismo e no tradicional1.
Cabe aqui ressaltar a extrema importância da educação para formar cidadãos críticos e
atuantes sobre o meio ao qual estão inseridos, capazes de resolverem problemas cotidianos e
principalmente refletirem sobre assuntos mais complexos. Desta forma torna-se necessário ter
em mente que educação não é aquela baseada em conteúdo, em vencer matéria visando
somente à transferência de conhecimento, mas sim aquela que torna apto qualquer indivíduo a
buscar seu próprio conhecimento em uma construção diária. O real objetivo da educação é
transformar a sociedade sabedora de seus direitos, exercendo seu papel de cidadão,
transformando-os para serem capazes de questionarem, refletirem e principalmente lutar pelo
seu espaço em uma sociedade cada vez mais alienada.
Para que se possa ter garantia de uma educação mínima de qualidade se faz necessário
entender o papel dos governos em âmbito federal, estadual e municipal. Estes são
responsáveis pela garantia dos investimentos em todas as áreas da educação, na melhoria em
infraestrutura até a formação permanente dos docentes. Devem trabalhar conjuntamente em
prol de um ensino digno a todos e a todas, desde o ensino básico até ao ensino superior.

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1
Conforme Saviani 1991 o ensino tradicional pretende transmitir os conhecimentos [...] Dessa forma, é o
professor que domina os conteúdos logicamente organizados e estruturados para serem transmitidos aos alunos.
A ênfase do ensino tradicional, portanto, esta na transmissão dos conhecimentos.
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Os financiamentos para educação se fazem necessários para que possamos usufruir de


um ensino público de qualidade. Buscando na educação as ferramentas indispensáveis para
construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Temos que ter a consciência que a base
da educação, e quando falamos educação falamos do local e global, está no ensino básico,
onde ocorre a verdadeira formação do aluno em ser cidadão e crítico. Este se tornará apto para
seguir em sociedade não deixando ser alienado pelas condições do sistema ao qual estamos
inseridos que nos faz somente reproduzir e não pensar, em somente ser massa de manobra
para o capitalismo, servindo como mão de obra barata e sem conhecer seus direitos, pois
deveres nos impõem diariamente.
Nestas condições aparecem leis, medidas e programas que auxiliam na valorização,
nos investimentos e qualificação na educação, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da
educação é um exemplo destas medidas adotadas visando o melhoramento da educação
pública brasileira. A predominância de discursos políticos, tanto do governo federal como dos
governos estaduais e municipais, que colocam a educação, principalmente a educação básica,
no centro das prioridades econômicas torna relevante o estudo dos instrumentos brasileiros de
financiamento. E consequentemente, a análise das suas fontes de recursos, dos impactos e dos
resultados obtidos.
Neste contexto, o presente trabalho tem como objetivo analisar o funcionamento dos
investimentos na educação, sendo o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação -
FNDE, o administrador dos repasses e programas para melhoria na educação, bem como de
que maneira eles ocorrem, e sua legislação. Como objetivos específicos busca verificar a
metodologia e funcionamento do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação
Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB, emenda Constitucional
do ano de 2006 tornando-se lei no ano seguinte. E por fim avaliar se o programa efetivamente
realiza seu proposito de melhoria da educação.

Financiamento da educação

O desenvolvimento da educação é a base para construção do conhecimento, este deve


ser de acesso a todos e a todas gratuitamente sem distinção de classe social. É a partir do
conhecimento que a sociedade passa a questionar e buscar respostas para melhoria do
ambiente social, se tornando atuantes no contexto político social, aprimorando o senso de
criticidade, tornando-se mais concreto e com base argumentativa para lutar por seus ideais e
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principalmente por uma sociedade mais justa. É ela a ferramenta necessária para entendermos
nosso papel perante a sociedade. Não somente uma ferramenta que nos ensine a ler, escrever e
resolver equações matemáticas, mas sim que nos faça perceber o quão importantes somos
para formação social, o quão somos capacitados para buscar nossos direitos, o quão ela nos
torna pensadores. A educação é a “chave” que proporcionará abrir quaisquer portas em nossa
vida. Assim, é um direito a todas e a todos.
Para que esta se torne atrativa para os educandos é importante buscar ferramentas para
atrair os mesmos para sala de aula. Com a rede de ensino pública cada vez mais sucateada, o
ensino se torna algo desinteressante, tanto para os educandos que acabam deixando a escola,
por não encontrarem neste ambiente algo que lhes chame o interesse e desperte a curiosidade,
como para educadores que não enxergam na vida docente a devida valorização da carreira e
acabam deixando a educação para se dedicarem a outras profissões que por serem mais
remuneradas são mais atrativas.
A partir dessas discussões percebe-se muito a questão da busca constante da melhoria
educacional brasileira, sempre ressaltando a educação universal e de qualidade. Está deve ser
considerada de qualidade quando for aberta a comunidade escolar, buscando a participação de
todos na construção de uma escola mais atrativa, com um projeto pedagógico coerente, com
infraestrutura adequada e confortável, com acesso aos mais variados recursos, onde o
educador e educando possam trabalhar conjuntamente para construção do conhecimento. É
necessário também que o docente esteja preparado intelectualmente e emocionalmente, com
uma conduta profissional baseada na ética. Sem falar da devida valorização dos mesmos, com
remuneração adequada. Nesta perspectiva Moran (2000, p. 14) salienta que são três as
variáveis, necessárias para a educação de qualidade:

Uma organização inovadora, aberta, dinâmica, com um projeto pedagógico coerente,


alerto, participativo; com infra estrutura adequada, atualizada, confortável; com
tecnologias acessíveis, rápidas e renovadas. Uma organização que congregue
docentes bem preparados intelectual, emocional, comunicacional e eticamente; bem
remunerados, motivados e com boas condições profissionais, onde haja
circunstancias favoráveis a uma relação efetiva com alunos que facilite conhece-los
acompanha-los, orienta-los.

As políticas educacionais, historicamente no país são realizadas através do setor


público que converte os impostos arrecadados em investimentos, a primeira vinculação de
impostos, no Brasil, ocorreu em 1934. Neste período os recursos eram destinados
especificamente para a Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE), a qual é definida
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de forma mais completa na Constituição Federal de 1988, cuja vinculação prevista é de no


mínimo 18% para a União e de 25% para os Estados, Distrito Federal e Municípios. Cabe a
estes utilizar uma política de manutenção e expansão dos sistemas de ensino, definindo como
competências para cada união federativa uma estrutura política de financiamento para a
Educação Pública.
O texto da Constituição assegura a educação como direito social, civil e político e
como dever do Estado oferecê-la, tornando a educação básica (de 4 a 17 anos) obrigatória e
gratuita. Muitos discursos políticos, nas três esferas de governo federal, estadual e municipal,
colocam a educação, principalmente a educação básica, no centro das prioridades econômicas
tornando-a relevante e imprescindivelmente área fundamental dos investimentos brasileiros
de financiamento. A educação gratuita e de qualidade está prevista na Constituição Federal de
1988, sendo garantia do Estado proporcionar um ensino qualificado e de acesso a todas e a
todos. BRASIL (1988, p. 69) Art. 205. “A educação, direito de todos e dever do Estado e da
família, será promovida e incentiva a com a colocação da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para
o trabalho”.
Visando a melhoria na qualidade da educação foi criado o Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação, autarquia federal criada pela lei nº 5537 de 21 de novembro
de 1968, e alterada pelo decreto lei nº 872 de 15 de setembro de 1969. Esta lei é responsável
pela execução de políticas educacionais do Ministério da Educação – MEC. Tendo em vista
proporcionar melhorias e garantir educação de qualidade, visando à educação básica da rede
pública de ensino. Atende os vinte e seis estados e mais de cinco mil municípios brasileiros.
(Fonte: FND). Os repasses a educação são divididos em constitucionais, automáticos e
voluntários (convênios). Apresenta diversos projetos e programas buscando melhorias na
educação básica. Cabe ressaltar que estes projetos nem sempre são garantias de acesso à
educação de qualidade. Sabe-se que nos últimos anos muitos programas auxiliaram no
melhoramento do ensino, mas que ainda hoje há uma grande defasagem na qualidade do
ensino da escola pública, e ainda crianças e adolescentes abandonam a escola e outros tantos
jovens que não tem acesso ao ensino superior.
Algumas destas Emendas Constitucionais, visando qualidade educacional, foi a de nº
53/2006 e regulamentada pela lei de nº 11494 e pelo Decreto nº 6253/2007 criando-se o
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
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Profissionais de Educação – FUNDEB. A composição do FUNDEB se dá a partir de


impostos, taxas e contribuições sociais municipais, estaduais e federais. O valor arrecadado
através desses impostos é redistribuído aos estados e municípios de acordo com número de
matrículas na rede escolar pública e/ou conveniada. FUNDEB, 2007, p.15:

A lei que regulamenta o FUNDEB é a lei número 11.494, de 20 de junho de 2007. O


fundo é de natureza contábil, pois os seus recursos – destinados à manutenção e ao
desenvolvimento da educação básica pública – são disponibilizados por unidades
transferidoras ao Banco do Brasil, que distribui adequadamente os valores aos
Estados, ao Distrito Federal e aos municípios, em contas únicas e específicas
mantidas para esse fim (Cartilha do FUNDEB, 2007, p. 15).

O FUNDEB tem como duração inicial prevista para catorze anos (2007 a 2020), foi
criado para substituir o FUNDEF (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
Fundamental e de Valorização do Magistério), tendo em vista corrigir algumas falhas
emitidas por esta emenda, agregando toda educação básica e não somente o ensino
fundamental. Conforme DAVIES, 2008, p. 760:

O FUNDEB, com duração prevista de 14 anos, foi criado para substituir o FUNDEF
(Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização
do Magistério) e pretende corrigir as falhas emitidas por esta fonte de recurso, entre
elas a exclusão da Educação Infantil, Educação de Jovens e Adultos (EJA), e Ensino
Médio, bem como a irrisória complementação Federal, embora alguns equívocos
ainda continuem sendo cometidos.

Regulamentado em 2006, o FUNDEB representou um avanço no financiamento da


educação pública brasileira. Ao vincular uma parcela considerável de receitas à manutenção
de todas as modalidades de ensino básico. O fundo pode contribuir para alguns avanços no
melhoramento da educação, como a redução do analfabetismo e universalização do ensino
básico. O financiamento da educação pública tem como principais instrumentos os fundos
contábeis que convertem os tributos pagos em investimentos. A partir da Constituição de
1988, esse tema entrou nos debates políticos e econômicos. Inicialmente, o ensino
fundamental obteve uma maior atenção do governo brasileiro com a criação do Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério
(FUNDEF). No entanto, cercado de críticas, o FUNDEF foi substituído em 2007 em todo
território nacional pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e
Valorização dos Profissionais de Educação (FUNDEB).
A educação básica ganhou importância nos gastos públicos em educação, através do
FUNDEB, esse fundo tornou-se a base da política educacional brasileira. Além disso,
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percebe-se a descentralização do poder quanto à arrecadação dos recursos destinados ao


fundo. O governo federal assumiu a responsabilidade, de complementar os recursos
oferecidos pelos estados e os municípios, caso estes estejam aplicando um valor baixo ou até
mesmo não alcancem o valor mínimo nacional por aluno. Entretanto, cada união federativa
necessita de aplicação de verbas públicas através do FUNDEB.
No que concerne ao macro, às escolas, através da Lei de Autonomia Financeira - Lei
nº.10.576/96, podem priorizar a aplicação da verba encaminhada pelo governo tanto estadual
como federal (verbas do repasse estadual e do Fundo Nacional Desenvolvimento da Educação
–FNDE) para as necessidades mais emergentes da escola. O valor que cada escola recebe da
secretária Estadual de educação é definido por um cálculo que considera o número de alunos,
o nível de ensino e perfil socioeconômico das famílias atendidas. (Ramos; Sarturi, 2013)
Mas cabe ressaltar que a política de vinculação dos recursos, isoladamente, pode não
ser suficiente para a mitigação de todos os problemas apresentados pela educação pública
brasileira. Convém lembrar que, segundo Davies (2008); Saviani (2008); nesta sistemática de
financiamento entram mais alunos do que verbas, o que acaba por ofuscar o efeito positivo da
ampliação dos recursos do FUNDEB.
Já a principal e mais visível vantagem do FUNDEB em relação ao FUNDEF é a maior
abrangência de financiamento a todos os níveis da educação básica, não apenas para o ensino
fundamental, mas inclusas também, além do ensino fundamental, a educação infantil, o ensino
médio e a Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Ao longo dos anos vários foram os investimentos na educação pública brasileira, ao
qual elevaram os índices do Brasil no IDEB - Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica. Elevando o número de crianças e jovens dentro da sala de aula, diminuindo
consideravelmente o número de analfabetos com programas educacionais para jovens e
adultos, diminuindo as distâncias entre educando e escola, sociedade e educação. É necessário
ressaltar que mesmo com importantes investimentos, ainda o Brasil ocupa uma “péssima”
colocação no ranking da educação mundial. A qualidade da educação de nosso país é inferior
a países com menores investimentos na rede de ensino público e menos desenvolvidos
economicamente. Retratando a “péssima” qualidade de educação que nossas crianças,
adolescentes e docentes enfrentam diariamente em sala de aula. Portanto, é evidente a
necessidade de investimento na rede pública de ensino, sendo a educação pública alvo de
retrocessos e de esquecimento dos órgãos federais em vigência.
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Neste sentido o FUNDEB vem a ser um grande suporte para o melhoramento dos
investimentos no ensino da rede pública brasileira. Podendo contribuir para o avanço de uma
educação de qualidade, auxiliando na redução da taxa de analfabetismo e na universalização
do ensino básico. Mas, cabe ressaltar que somente este recurso não garante todas as melhorias
necessárias para que se possa ter no ensino da rede pública o ensino de qualidade que se
pretende alcançar, pois este fundo não é segurança de que municípios mais atrasados do ponto
de vista educacional melhorem sua rede de ensino. Conforme CAMPOS; CRUZ, 2009, p.372:

O FUNDEB representa um grande avanço no financiamento da educação pública


brasileira, pois pode contribuir para a redução do analfabetismo e garantir a
universalização do ensino básico (da educação infantil até o ensino médio),
entretanto, essa política de vinculação dos recursos não garante um maior aporte de
recursos para os municípios mais atrasados do ponto de vista educacional.

Desta forma, é notória a relevância dos investimentos na rede de ensino pública, pois
quanto mais investimentos a educação pública receber, melhores serão os resultados no
futuro, pois instrução e conhecimento emancipam os sujeitos e os fazem ser atuantes nos
processos de luta pela transformação da sociedade. Assim, a educação aparece como fator de
redução das desigualdades sociais, pois aumenta sua ascensão social dos sujeitos,
proporcionando retornos crescentes para a sociedade e para o setor produtivo, ao elevar
ganhos salariais e a produtividade.

Caminhos Trilhados

A pesquisa ocorreu através de discussões realizadas durante o segundo semestre do


ano de 2016, a partir de estudos voltados para gestão das políticas públicas de nosso país.
Sendo que este ano foi tomado por reivindicações de estudantes do ensino básico, que acabou
por mobilizar os estudantes do ensino superior e docentes da rede pública de ensino, em busca
da educação gratuita, de acesso a todos e a todas, de qualidade, que está garantida nos artigos
da Constituição Federal de 1988. Educação que é essencial para formação de indivíduos
pensantes, atuantes e questionadores dos fatos, das políticas, das gestões de governantes, dos
problemas da sociedade, não se calando e buscando na luta seus direitos garantidos pela
Constituição.
Neste contexto político e social que presenciamos surgiu em debates o real
significado da educação universal e de qualidade. Sendo nestes debates levantados
questionamentos como de fato ocorrem os investimentos para educação. Destas discussões,
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em sala de aula, originou-se este trabalho a respeito da educação no Brasil, sobre os


investimentos, funcionamento e aplicabilidade destes recursos. Sendo o financiamento da
educação o principal foco de análise, e no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais de Educação- FUNDEB o trabalho se
alicerçou para alcançar seus objetivos referentes à análise da pesquisa.
A estrutura do artigo se consolidou através de leituras sobre os investimentos em
educação. As diversas discussões realizadas proporcionaram um levantamento de dados para
que esta pesquisa fosse realizada. Foi revisitado um acervo bibliográfico referente ao
FUNDEB, recorrendo ao Ministério da Educação, ao Governo Federal, a Constituição e
autores que avaliam o funcionamento deste fundo. A partir de leituras sobre os programas de
investimento e valorização da educação e pela pesquisa realizada nos órgãos responsáveis se
deu a metodologia do trabalho. Baseado em um estudo teórico buscou-se analisar de forma
critica o financiamento da educação brasileira.

Considerações finais

Sabe-se que os financiamentos governamentais são de suma importância para uma


base educacional que busca melhorias constantes na qualidade educacional de um país. Em
contrapartida, apenas o financiamento não representa avanços completos, pois estamos
falamos de dinheiro público, sendo que este é muitas vezes utilizado de forma indevida,
através de desvios e usos inapropriados pelos governantes.
Tanto o FUNDEF quanto o FUNDEB representaram e ainda hoje representam
políticas de Fundos para a educação pública que visam em teoria, os avanços essenciais na
qualidade educacional vigente, sendo o primeiro, alvo de diversas críticas de especialistas no
qual alegavam que o mesmo não abrangia a educação básica como um todo, sendo então
substituído pelo atual FUNDEB.
De forma indiscutível, o FUNDEB representou um grande salto em relação ao Fundo
anterior, uma vez que estendeu-se para todas as etapas do ensino básico, não apenas para o
ensino fundamental, atingindo uma parcela mais ampla de educandos, sendo incluídos a
educação infantil, o ensino médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA), modificando o
quadro anteriormente apresentado. Mas, em consequência do aumento numérico de
educandos agora financiados (as), as verbas não conseguem suprir de forma completa todos e
todas, pois o número de indivíduos supera o valor das verbas e não há a inclusão e renovação
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de novas fontes de recursos educacionais. Observamos, em alguns momentos, um “avanço”


transmitido apenas no papel que não se efetiva de forma prática. Um passo maior que a perna.
Há poucas verbas (ou verbas desviadas) para uma grande parcela de estudantes nas escolas
esperando os recursos chegarem.
O discurso oficial, de fato, é mais belo e colorido do que a realidade que presenciamos
nas escolas. O financiamento pode existir, mas diversas vezes não chega. Diante disso, não se
pode criar a expectativa de que os problemas educacionais serão solucionados exclusivamente
com a criação dos programas de recursos e fundos, uma vez que a raiz do problema é mais
profunda e complexa do que imaginamos.
Portanto, o governo, ao financiar a educação por meio dos fundos, necessita de
garantias na redistribuição das verbas para a educação. É necessário focar na qualidade dos
instrumentos de fiscalização, podendo ser dever de todos os cidadãos brasileiros nessa
fiscalização possibilitando a construção de uma conjuntura mais propicia ao crescimento
econômico e a diminuição das desigualdades sociais.
Outro ponto a ser questionado em busca de avanços na educação é a transformação da
educação ou até mesmo o papel dos agentes educacionais em mercadoria. A qualidade da
educação básica brasileira está bastante precária e necessita de mais investimentos do
FUNDEB. Contudo, é importante salientar que os impactos e resultados de ações e programas
educacionais aparecem no médio e longo prazo, sendo assim, será sempre necessário estudos
para analisar os verdadeiros efeitos das políticas públicas e qual suas consequências no
ingresso de mais educandos no ensino superior e até mesmo no mercado de trabalho.
Assim sendo, tendo em mente que o aumento de recursos é um fator necessário,
porém, sem garantias de melhorias na educação, as “Políticas Públicas e Gestão da Educação”
no Brasil influenciam no desenvolvimento humano, tornando as relevantes para a situação
atual da educação no Brasil. Sendo assim, a pesquisa realizada obviamente não se esgotou e
nem esgotou o tema investigado, mas nos mostrou situações desafiadoras e angustiantes que
poderão continuar sendo debatidas em futuras pesquisas.
É necessário que haja uma fiscalização rigorosa para que o fundo tenha retornos
satisfatórios para o ensino básico. É preciso vigilância eficaz sobre as distribuições dos
recursos, pois somente desta maneira poderemos nos conscientizar da necessidade destes
recursos para o melhoramento da educação. É indispensável esta vigilância, pois muitos
destes recursos nem sempre chegam ao seu destino correto, pois é de conhecimento que
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muitos governos desviam estas verbas para outros fins, deixando a educação sucateada e ao
abandono.
A partir da análise da legislação da Emenda Constitucional do FUNDEB é notório que
a teoria não condiz com a realidade dos investimentos. Sendo muitas vezes aprovadas leis que
não condizem com a realidade da educação brasileira. Baseados em exemplos de outros países
sem olhar pra nossa realidade. Não levando em conta as questões sociais que rodeiam as
escolas. Sabe-se que em todos os estados brasileiros ainda hoje o docente é mal remunerado e
desvalorizado, não há infraestrutura adequada para receber os educandos, há uma
superlotação de salas de aula e fechamento de outras escolas e outros tantos problemas
enfrentados na educação básica. Os impostos, as arrecadações e os recursos existem o que
realmente acontece é o desvio de verba pública, o esquecimento dos governantes em prol da
sociedade e uma onda de conservadorismo, tanto social como educacional.
Não podemos ter uma educação precária e estagnada no século passado, necessitamos
de uma escola com recursos de qualidade que supram as lacunas dos nossos educandos do
século XXI. Para que possamos usufruir a melhor maneira de um ensino que dê condições
dignas e igualitárias de ensino a todas e a todos, devemos lutar pelos direitos estabelecidos na
Constituição Federal de 1988, lutando por uma educação universal e de qualidade. A escola
deve ser o centro de formação social do educando, fazendo refletir e instigando seu lado
crítico. Cabe ao Estado proporcionar mecanismos para formação de qualidade de nossos
jovens, investindo e não desviando recursos dos programas de assistência a educação pública.

REFERÊNCIAS

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______. Da nova LDB ao Fundeb: por uma outra política educacional. 2 ed. Campinas, SP:
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