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Data do estudo Lição 2

Texto base: 2 Coríntios 4.16-18

Adversidade
Traz
Maturidade
Por Dario Francisco de Oliveira

A esperança é uma das virtudes chamado do Mestre que ele sofreu


que distingue a trajetória do verda- açoites, prisões, perigos de morte,
deiro discípulo de Jesus. Mesmo apedrejamento, sofreu naufrágio, re-
passando pelas mais difíceis circuns- jeição, fome, sede, jejum, sua autori-
tâncias, a convicção inabalável do dade apostólica colocada em dúvida,
cuidado do Senhor em todo tempo enfim, a lista dos seus sofrimentos é
nos renova as forças para não desa- enorme (2Co 11.23-28).
nimarmos no meio da caminhada. O registro do naufrágio de Atos 27
O profeta já sinalizava esta rea- inclui, certamente, muitos elemen-
lidade quando disse, “mas os que tos de uma adversidade, afinal, Pau-
esperam no Senhor renovarão suas lo foi preso por pregar o Evangelho,
forças...” (Is 40.31a). Somente quem perto do julgamento foi transferido
tem sua esperança firmada em Deus de Cesareia para Roma, durante a
pode experimentar deste renovo em viagem acontece uma tempestade,
meio às crises que enfrenta. a carga foi perdida, o navio destru-
O apóstolo Paulo passou por si- ído e os tripulantes e passageiros
tuações desafiadoras num ambien- quase morreram. Durante a crise do
te de obediência e cumprimento naufrágio, Paulo permaneceu calmo,
da missão. Ele descreve parte de e pode ajudar as pessoas a supera-
suas adversidades na sua segunda rem aquele momento. Movido pelo
carta aos Coríntios. Foi no exercício encontro com o Senhor e por confiar
do ministério e foi por obedecer ao plenamente em sua promessa, a ad-

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versidade não foi capaz de impedir imunidade aos problemas da vida,
que o apóstolo desistisse, ao invés pelo contrário, a Bíblia está repleta de
disso, ele se enche de coragem para histórias narrando as lutas que servos
aproveitar aquela circunstância des- fiéis precisaram atravessar. Não são
favorável para testemunhar de sua fé apenas os desobedientes que estão
e prosseguir no exercício da missão expostos aos sofrimentos e desafios.
que Deus lhe confiara. Não podemos nos esquecer que
A adversidade tem o poder de re- residimos numa terra devastada pelo
velar a intensidade de nossa comu- pecado e moramos num tabernácu-
nhão com Deus e o nível de nossa lo que envelhece, adoece e morre.
confiança em sua Palavra. Desanimar Esta é uma realidade universal. Nes-
não é uma possibilidade para um dis- te sentido, crentes e incrédulos estão
cípulo verdadeiro porque, segundo o no mesmo barco.
apóstolo, mesmo que externamente Por outro lado, padecemos as
estejamos sendo destruídos, não há consequências de nossa escolha de
nada que possa abalar as convicções servir ao Evangelho e aprendemos
que foram plantadas em nosso “ho- com Paulo, que “...por amor de Cristo,
mem interior” pelo poder do Evange- vos foi concedido não somente crer
lho que recebemos. nele, mas também sofrer por ele” (Fl
Há um provérbio anônimo que diz: 1.29).
“somente sabemos o sabor do chá No ministério de Jesus, encontra-
quando colocamos água quente nele” mos um episódio envolvendo os dis-
e isso significa que as adversidades cípulos recebendo uma ordem ex-
são uma necessidade que tem o po- pressa do Mestre para atravessarem
der de revelar quem de fato somos. para o outro lado do mar da Galileia
Quando agimos, dentro da normali- enquanto Ele despedia a multidão.
dade, mostramos quem queremos Os discípulos obedeceram e duran-
ser, mas quando reagimos diante das te aquela travessia enfrentaram uma
adversidades, mostramos quem so- grande tempestade (Mt 14.22-33).
mos de verdade.
Na verdade, ou já passamos, es-
Existem recomendações precio- tamos ou, mais cedo ou mais tarde,
sas que a Palavra nos oferece para vamos passar pela adversidade. Nin-
atravessarmos os momentos de cri- guém está livre.
se e assim como na experiência do
apostolo Paulo, mantermos nossos 2. A adversidade tem
olhos firmes naquilo que estar por vir fontes diversas
para não sermos tragados pelas cir-
cunstâncias temporais. É possível que alguém questione:
mas de onde vêm as adversidades?
1. A adversidade é inevitável 2.1 – As adversidades podem sur-
Nem de longe, a promessa da Pa- gir a partir de nós mesmos. Sempre
lavra sugere que a vida cristã envolve que fazemos escolhas equivocadas,

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estamos sujeitos a arcar com as con- Paulo (At 9.17-18), e permitiu a perse-
sequências e, por vezes, nós mes- guição para que o Evangelho saísse
mos construímos as circunstâncias de Jerusalém e se espalhasse pelo
de nossas crises. As experiências do mundo (At 11.19-20).
profeta Jonas nos ensinam sobre o
perigo de tomarmos decisões con- 3. A adversidade é
trarias à vontade de Deus. pedagógica
2.2 – As adversidades podem sur- Mais importante que sair das situ-
gir a partir das pessoas que estão à ações de adversidade é aprender as
nossa volta. Alguns textos produzidos lições que a adversidade pode nos
por Paulo, especialmente a segunda proporcionar.
carta aos Coríntios, relatam o após-
3.1 – Na adversidade aprendemos
tolo lidando com as lutas produzidas
que somos pó. No drama produzido
por aqueles que não acreditavam em
pela Covid-19, desde as grandes po-
seu ministério, sejam os “excelentes
tências do mundo moderno até as ci-
apóstolos” (11.5) ou os “falsos irmãos”
vilizações mais atrasadas, chegamos
(11.26). Pessoas nos ferem pelos mais
às mesmas conclusões: basta um
diferentes motivos.
vírus microscópio para que o mundo
2.3 – As adversidades podem sur- inteiro enxergue a sua insignificân-
gir por uma ação de Satanás. Existem cia. O mundo se percebeu impoten-
aqui dois extremos a serem evitados. te diante do coronavírus e a soberba
Alguns subestimam as ações do ini- humana foi quebrada. No Salmo 8,
migo enquanto outros superestimam após ressaltar a grandeza de Deus, o
as suas artimanhas. Quando Paulo rei Davi indaga: “Que é o homem para
se refere ao “espinho na carne” ele o que te lembres dele?...” (Sl 8.4). Isso
identifica como um “mensageiro de significa que não podemos confiar
Satanás” que lhe foi enviado para lhe em nós mesmos (Jr 17.5-7).
“esbofetear” (2Co 12.7). O Diabo con-
3.2 – Na adversidade aprendemos
tinua em seu propósito de “roubar,
que o mal é uma realidade. Existem
matar e destruir” (Jo 10.10). Fiquemos
três coisas que jamais irão mudar: o
atentos.
mundo nunca deixará de ser mundo;
2.4 – As adversidades podem sur- a carne nunca deixará de ser carne;
gir por uma ação divina. Para que e o Diabo nunca deixará de ser Dia-
seus propósitos eternos sejam cum- bo. Lembre-se que “o mundo jaz no
pridos, em determinadas situações, maligno” (1Jo 5.19); não se esqueça
Deus intervém na história criando que “a carne é fraca” (Mt 26.41); e que
circunstâncias específicas para a rea- o inimigo é mentiroso (Jo 8.44). Não
lização de seus planos. Foi assim que podemos nos descuidar com essas
Ele enviou a tempestade para Jonas áreas de nossa luta.
(Jn 1.4), enviou um terremoto para a
3.3 – Na adversidade aprende-
conversão do carcereiro (At 16.27-31),
mos a confiar em Deus. Quando nos
provocou a cegueira na conversão de
faltam os recursos humanos, os ce-

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leiros divinos estão cheios e à nossa Atos até a história recente, a igreja de
disposição. No Salmo 119.71, a Pala- Cristo esteve sempre envolvida por
vra afirma: “Foi bom para mim ter sido muitos desafios.
afligido para que aprendesse os teus Na minha infância, eu não tinha
decretos”. Na Palavra de Deus en- paciência para ler todo o enredo das
contramos toda a provisão que pre- histórias em quadrinhos, e, quando a
cisamos para atravessar os dias da situação estava muito difícil, eu virava
adversidade. Deus zela em cumprir algumas páginas e por curiosidade,
suas promessas na vida de seus fi- lia a última parte antecipando assim o
lhos amados. Ele permanece em seu final da história. Creio que foi por co-
trono, conduzindo a nossa história. nhecer essa nossa inquietação que
Deus providenciou para nós a ante-
4. A adversidade nos cipação do final da história. É só ler a
faz crescer última página.
O foco de nossa atenção ultra-
passa os níveis da peregrinação. Um Para pensar e agir
dos grandes prejuízos desse tempo é 1. Por serem imprevisíveis, como
nossa atenção exagerada no “aqui e você se prepara para os dias da ad-
agora”. Olhando para a vida do gran- versidade?
de apóstolo, percebemos claramen-
te que ele estava mais preocupado 2. O que fazer para que as adver-
com as coisas celestiais que as terre- sidades não nos afastem de nossos
nas (Rm 8.18; Fl 1.21; Gl 2.20). Ele não compromissos espirituais?
olha para as adversidades como um 3. Qual o valor das promessas da
fim em si mesmas, mas como um ins- Palavra de Deus nos dias da sua ca-
trumento que Deus usa para o nosso lamidade?
crescimento. 4. Se todo mundo, crentes e incré-
Por mais intenso que seja o so- dulos, estão sujeitos aos sofrimentos,
frimento dessa vida, Paulo o qualifi- qual é a vantagem de servir a Jesus?
ca como “leve e momentâneo” (2Co
4.17a). Se não é correto minimizar a
sua importância, não devemos tam- Leitura Diária
bém maximizar seu alcance. Mas
esse equilíbrio só é possível na me- SEG Filipenses 1.27-30
dida em que não perdemos de vista TER Mateus 14.22-33
os seus resultados. Paulo diz que “...a
QUA 2 Coríntios 11.23-28
tribulação produz um eterno peso de
glória mui excelente” (2Co 4.17b). A QUI Jonas 1.1-17
justificativa está em não atentarmos SEX Tiago 1.2-4
para as coisas temporais (2Co 4.18).
SÁB 1 Pedro 1.3-9
Na história da igreja, sempre hou-
ve adversidades. Desde o livro de DOM 1 João 5.1-5

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