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MANUAL DE PRODUÇÃO
AÇUCAREIRA
Elementos para Capacitação Profissional
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Bruno Henrique Francisco
Agradecimentos
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Capitulo 1
Conceitos Iniciais
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produção, além é claro, da capacitação dos técnicos envolvidos. Em outras palavras, nós
não podemos estar nas mãos do processo e sim, o processo deve estar em nossas mãos.
Conceitos de Extração
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separação de palha ameniza os problemas causados pelo aumento das impurezas
presentes na cana que chegam até a unidade produtora.
Além do entendimento referente ao tipo de matéria prima que as indústrias
sucroalcooleiras recebem, é necessário que tenhamos uma visão global do processo de
produção de açúcar. O processo pode ser dividido em etapas que seguem uma sequência
de processamento. No geral e de maneira resumida, podemos descrever o processo de
produção de açúcar através de um diagrama de bloco com o objetivo de identificar os
setores existentes.
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Figura 3 – Balanço mássico de embebição % cana
Na aplicação acima, adotamos uma moagem horária de 500 toneladas de cana por
hora com separação de caldo primário e secundário, a vazão de água adicionada foi de 125
ton/h originando grande parte do caldo secundário, é claro que a embebição % cana pode
ser maior ou menor dependendo das necessidades do processo. Fica então evidente que
valores entre 25% e 30% estão na faixa recomendada de trabalho.
Algumas plantas preferem utilizar a embebição % fibra no lugar a embebição % cana,
este também é um parâmetro que deve ser seguido e costuma-se utilizar valores próximos
de 250% fibra, porém, para a realização deste cálculo, é necessário que tenhamos o valor
da fibra da cana que será analisada pelo laboratório. Abaixo iremos calcular a embebição
% fibra adotando a mesma moagem do exemplo anterior e o valor da fibra analisada pelo
laboratório será de 12%, além disto, iremos adotar como parâmetro de embebição 250%
fibra. Para calcularmos a embebição % fibra, primeiramente vamos calcular a vazão
mássica de fibra na cana moída.
Acima calculamos a vazão de fibra presente na cana para poder finalizar a aplicação
do cálculo da embebição % fibra. Abaixo iremos determinar a vazão de embebição.
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Figura 4 – Balanço mássico de embebição % fibra
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1° etapa: Calculando a extração mássica do 1° terno (caldo primário):
Caldo Secundário = 500 t/h + 125 t/h – 375 t/h – 120 t/h = 130 Ton/h
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O balanço simplificado exposto acima mostra uma forma de estimar as vazões de
caldos, porém, vimos que para isso temos que saber a moagem horária, vazão de
embebição, umidade do bagaço e fibra da cana para então aplicarmos os cálculos.
É importante que tenhamos o total domínio e controle das vazões e composição dos
caldos que são direcionados para o setor do tratamento, pois sem esse domínio, seria difícil
tomar decisões que tem como variável de processo a vazão e a composição do caldo. Outro
ponto chave que está relacionado com o domínio das correntes derivadas do setor de
extração é a constância do processo, em outras palavras, conhecer as vazões de forma a
manter constantes e sem grandes perturbações, isso é necessário para um tratamento de
caldo eficiente.
Adiante vamos abordar de forma detalhada as etapas do tratamento de caldo e
evaporação, iremos conhecer as operações envolvidas e as transformações ocorridas no
caldo durante estes processos e posteriormente, vamos fazer um estudo da fábrica de
açúcar abordando os conceitos teóricos e as melhores práticas de operação.
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Capitulo 2
Composição Básica
Caldo 86 – 92%
Cana de
Açúcar
Fibra 8 – 14%
Fibra da Cana
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energia poderá ser gerada para consumo da própria planta e para exportação, porém, a
quantidade de fibra afeta diretamente na extração.
Caldo da Cana
O caldo extraído da cana de açúcar é uma mistura complexa que possui inúmeros
componentes que podem estar solúveis ou em suspensão dependendo do tamanho destas
partículas ou do tipo de interação que essas partículas fazem com a água que compõem o
caldo, porém, os componentes em suspensão não representam a concentração de sólidos
solúveis.
O caldo de cana é a somatória da água contida nos tecidos da cana mais os sólidos
solúveis totais e em suspensão contidos nesta água em questão.
Água 75 – 85%
Caldo da
Cana
Sólidos
15 – 25%
Solúveis
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Como já foi dito, é importante o conhecimento dos principais componentes diluídos
no caldo e suas concentrações. Podemos dividir os sólidos solúveis em açúcares e não
açúcares conforme a figura 8.
Sólidos
Solúveis
Figura 8 - Composição mássica açúcares e não açúcares contidos nos sólidos solúveis
Açúcares
Características da Glicose
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Figura 9 – Estrutura acíclica e cíclica da glicose
Figura 10 – Polarímetro
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Figura 11 – Estrutura da glicose com seus respectivos carbonos quirais
Quando a luz polarizada passa por uma solução que contenha uma ou mais
moléculas quirais, as ondas serão desviadas para a direita no caso de estruturas
dextrógiras ou para a esquerda no caso de estruturas Levógiras. No caso da glicose, ela
possui uma estrutura dextrorrotatória, desviando o plano da luz polarizada para a direita.
Características da Frutose
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Figura 13 – Estrutura da frutose com seus respectivos carbonos quirais
A imagem acima nos mostra que, diferente da glicose, a frutose possui três
carbonos quirais e a glicose possui quatro carbonos quirais.
Características da Sacarose
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A decomposição da sacarose, também denominada hidrólise da sacarose, dá origem
a dois novos produtos, a glicose e a frutose. Sabendo que uma molécula de sacarose é
formada pela união da glicose e frutose, a hidrólise de um mol de sacarose dá origem a um
mol de glicose e um mol de frutose. A partir do momento que isto ocorre, existe uma
alteração no sentido da luz polarizada. Em outras palavras, uma solução pura de sacarose
possui o desvio do plano da luz polarizada para a direita, após a hidrólise das moléculas de
sacarose e formação de uma mistura equimolar de glicose e frutose, o desvio do plano da
luz polarizada tem seu sentido de direção alterado para a esquerda.
Para entendermos melhor a mudança de sentido da luz polarizada, vamos ressaltar
os valores de rotação específica de cada açúcar em questão. A sacarose possui uma
rotação especifica a 20°C de +66,53°, desviando assim o sentido da luz polarizada para a
direita. A glicose possui uma rotação específica à 20°C de +52,70°, valor este que também
desvia o sentido da luz polarizada para a direita e a frutose, a sua rotação específica à 20°C
é -92,4°. Vale lembrar que a constante de rotação específica se aplica somente para
moléculas que possuem quiralidade. A partir dos valores de rotação, podemos
esquematizar a mudança do plano da luz polarizada na imagem a seguir.
Açúcares Redutores
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O íon cúprico (Cu2+) é um agente que tem a capacidade de oxidar alguns
monossacarídeos como a glicose que em sua forma acíclica possui um grupo aldeído, desta
forma, o cobre sofre redução de íon cúprico (Cu2+) para íon cuproso (Cu+) conforme reação
abaixo.
Não Açúcares
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Impurezas da Matéria Prima
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Capitulo 3
Exemplo:
Descubra a vazão mássica de sólidos e a vazão mássica de sacarose no caldo
primário que após análises laboratoriais, foram determinados os seguintes valores:
pol de 12,8% e brix de 15%, a vazão para do caldo primário é de 375 ton/h.
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Figura 17 – Balanço simplificado das correntes de caldo primário e secundário
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Vazão de Sacarose: 48 Ton/h
Vale considerar que os valores acima são calculados de maneira simples, mas que
servem como parâmetros para tomada de decisões ou para estimar as produções. Outro
fator importante é que utilizamos a pureza para calcular a vazão mássica de sacarose,
poderíamos partir direto da pol conforme exemplo abaixo.
Mistura de Caldos
Exemplo:
Descubra o brix e a pureza resultante de uma mistura de caldos de maneira que a
vazão de caldo primário seja de 375 ton/h e a vazão de caldo secundário seja de 130
Ton/h conforme o balanço abaixo que já vem sendo utilizado.
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Figura 18 – Balanço simplificado das correntes de caldo primário e secundário
(Vazão Primário x Brix primário) + (Vazão Secundário x Brix secundário) = Vazão Total x Brix final
Brix = 13,19%
(Vazão 1° x Brix 1° x Pza 1°) + (Vazão 2° x Brix 2° x Pza 2°) = Vazão Total x Brix mistura x Pza resultante
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Pureza = 82,96%
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Capitulo 4
TRATAMENTO DO CALDO
Etapas de Tratamento
Conforme já foi visto anteriormente, o caldo de cana possui alguns componentes que
prejudicam a qualidade do açúcar acabado, estes componentes na maioria das vezes são
partículas que estão presentes no caldo que podem conferir coloração alta, viscosidade ou
má formação dos cristais, diante disto, é necessário realizar alguns tratamentos no caldo a
fim de eliminar totalmente ou parcialmente estes compostos indesejáveis. Os tratamentos
realizados no caldo são do tipo químico, físico e térmico.
Nem todas as unidades produtoras possuem tratamentos de caldo iguais, isto porque
algumas unidades produzem açúcar de baixa coloração e outras produzem açúcar com
uma coloração mais alta. As variações estão mais atreladas a tratamentos químicos, como
por exemplo, adição de gás sulfuroso ao caldo a fim de evitar reações de escurecimento no
açúcar produzido, pois quando as plantas produzem açúcar de coloração mais elevada,
esse tratamento é eliminado.
Algumas etapas do tratamento de caldo são padrão entre as usinas e existem
praticamente em todas as unidades de produção açucareira. Na figura 19 podemos
visualizar um fluxograma básico de tratamento contendo as etapas principais.
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químicos, aquecimento, decantação e peneiramento. Vamos detalhar cada etapa do
tratamento para identificarmos a melhor maneira de conduzirmos o processo para obter um
caldo clarificado de qualidade. Vamos iniciar o nosso estudo detalhando o tratamento
químico do caldo, descrevendo os principais agentes químicos que são dosados ao caldo
para o processo de tratamento.
Fosfatação
A reação acima mostra que o P2O5 reage com a água formando como produto o
ácido fosfórico. O ácido formado pode sofrer ionização formando dois íons distintos
conforme reação abaixo.
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A reação acima ocorre facilmente na presença de água, pois os íons formados estão
no estado aquoso. Fica evidente que essa reação ocorre com o P 2O5 presente no caldo de
cana, pois sabemos que o caldo contém grande quantidade de água.
Após a formação ou adição do íon fosfato (PO43-) no caldo, o mesmo irá participar
da clarificação auxiliando a floculação e posteriormente a decantação. Para entendermos
melhor como o íon fosfato atua durante o processo de clarificação, vamos ter que
primeiramente entender outra etapa importante do processo denominada caleação. Na
etapa de caleação será mostrada detalhadamente a reação existente entre o íon fosfato
(PO43-) e o íon de cálcio (Ca2+) formando assim um composto iônico determinante para a
boa clarificação do caldo no setor de tratamento.
Caleação
O potencial hidrogeniônico (pH) do caldo a ser processado é uma grandeza que deve
ser acompanhada com total empenho e dedicação, podemos afirmar com seguridade que
o pH do caldo será determinante na eficiência da clarificação além de ter influência no valor
das perdas indeterminadas de processo devido a reação de hidrólise ácida que pode
ocorrer.
A clarificação do caldo depende de vários processos importantes e um deles é a
correção do potencial hidrogeniônico. O caldo de cana possui um pH que pode variar entre
4,5 e 5,5, esses valores de pH do caldo depende da qualidade da cana que está sendo
entregue na usina. A correção do pH do caldo deve ser feita de maneira a buscar valores
entre 6,8 e 7,2, em outras palavras, o caldo deve ter sua acidez neutralizada.
Sabendo que o caldo da cana possui um potencial hidrogeniônico de caráter ácido
(entre 4,5 e 5,5), a única maneira de subir este pH para valores entre 6,8 e 7,2 será
adicionando um componente de caráter básico, no caso do tratamento do caldo, esse
componente é o leite de cal ou hidróxido de cálcio. As unidades produtoras de açúcar
utilizam dois tipos de cales para realizar a caleação do caldo, a cal dolomítica e a cal
calcítica. Temos que conhecer as características de cada um destes produtos e avaliar as
consequências que cada um causa em todo o processo de produção para sabermos qual
utilizar.
A diferença principal existente entre a cal dolomítica e a cal calcítica está na
composição, mais especificamente na concentração de óxido de magnésio (MgO)
existente.
Além da correção do potencial hidrogeniônico, a caleação auxilia na formação de
pequenos flóculos que são formados a partir de um aglomerado de impurezas. Quando a
caleagem é realizada de maneira correta e a quantidade de P2O5 está dentro da
conformidade, logo de início existe a formação de pequenos flóculos de impurezas. É
importante realizar um teste de bancada em laboratório que consiste em adicionar leite de
cal no caldo com temperatura adequada e observar a formação de pequenos flóculos, neste
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caso, o mínimo de floculos formados já indica uma boa hidratação. A imagem abaixo nos
permite entender como se formam os flóculos.
Tipos de Cales
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A cal dolomítica é obtida a partir do mesmo processo de calcinação da cal calcítica,
a diferença está na concentração de magnésio presente no produto, isso porque a cal
dolomítica é obtida a partir do carbonato de cálcio e carbonato de magnésio conforme
reação abaixo.
Hidratação da Cal
A cal sendo óxido de cálcio é também denominada cal viva ou cal virgem, a partir do
momento que ocorre o processo de hidratação da cal, o composto passa a ser chamado de
cal hidratada.
Antes de adicionar o leite de cal no caldo que será processado, é necessário realizar
a hidratação da cal que pode ser explicada de acordo com as reações abaixo.
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OH- + H+ → H2O
Ânion na forma de Hidroxila Cátion (Próton) Água
A reação acima demonstra uma neutralização que ocorre entre um íon H+ proveniente
de ácidos e um ânion OH- proveniente de uma base, desta forma, fica claro que para ocorrer
a neutralização do caldo (correção do pH), primeiramente é necessário transformar a cal
virgem (óxidos) em cal hidratada (base).
A hidroxilas responsáveis pela correção do pH do caldo são naturalmente derivadas
das bases de cálcio ou de magnésio conforme reação abaixo.
Existem algumas empresas que já fornecem a cal hidratada, neste caso, resta
simplesmente diluir o composto em água com a concentração desejada para realização da
dosagem.
A hidratação da cal é uma etapa extremamente importante da caleação. Quando a
planta não possui uma hidratação adequada, certamente os custos de processo irão
aumentar devido a dosagens excessivas e consequentemente irá existir uma queda de
eficiência. Quanto menos eficiente for a hidratação, maior será o consumo de cal na planta.
Existem alguns tipos de equipamentos que são utilizados para a hidratação da cal, a
escolha deverá ser feita de acordo com as condições de cada planta.
A hidratação irá ocorrer misturando água com a cal virgem em proporções definidas,
além desta mistura, é necessário que tenha agitação ou pressão para auxiliar nas colisões
que devem ocorrer entre os óxidos (cal) e as moléculas de água para a formação da cal
hidratada.
Em um sistema de hidratação, a adição de água deve ser controlada para não ocorrer
o que chamamos de queima ou afogamento da cal. Quando adicionamos pouca água na
hidratação, ocorre uma grande liberação de energia, isso porque o sistema é exotérmico,
ocorrendo assim a queima da cal, pois a energia liberada ocasiona o aumento da
temperatura. Já no caso da água adicionada em excesso, ocorre o afogamento da cal,
neste caso, os grãos maiores que possuem menor superfície de contato entre a cal e água
têm somente a parte externa hidratada diminuindo a eficiência de hidratação. Em ambos
os casos a hidratação não será eficiente.
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O controle de água adicionada a cal nas plantas produtoras de açúcar durante a
hidratação é realizado através de instrumentos denominados aerômetro, a escala de
grandeza mais comum é dada em graus Baumé.
Durante a hidratação, podemos adotar valores entre 15 e 25° Baumé para garantir
que ocorram as colisões entre as partículas de cal e a água e em seguida podemos diluir
para valores mais baixos que podem variar entre 8 e 10° Baumé e então dosar ao caldo.
O leite de cal deve ser uma solução estável e homogenia e para isso é necessário que
a hidratação seja eficiente. Após a formação do leite de cal, o mesmo ficará armazenado
em um tanque pulmão, este tanque deve conter agitação adequada para manter a solução
homogenia, pois a cal pode decantar ao fundo facilmente caso a hidratação seja ineficiente.
Outro fator importante é que o tanque de hidratação ou armazenamento deve ser cilíndrico
para evitar o acumulo de cal nos cantos e devem conter agitadores. Abaixo segue um
esquema simplificado de hidratação da cal.
Segundo GUIMARÃES (1998), a granulometria das partículas de cal virgem deve ter
tamanho de no máximo ½ a ¼ de polegada de diâmetro, além disso, a qualidade da cal, a
composição da cal, a temperatura da água, quantidade da água e a agitação dos
equipamentos são fatores que influenciam na hidratação da cal virgem.
O leite de cal é dosado ao caldo através de bombeamento contendo malha de
automação amarrada ao potencial hidrogeniônico que é medido por um eletrodo adicionado
na linha de caldo. Para que a dosagem seja eficiente, é necessário que o eletrodo seja
calibrado a cada 12 horas com solução tampão apropriada.
O consumo de cal representa um custo significativo que deve ser considerado e
controlado. Se a hidratação não for eficiente, será necessário aumentar a dosagem de cal
para suprir a falta de hidróxido de cálcio que não se formaram durante a hidratação fazendo
com que o consumo seja excessivo.
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Correção do Potencial Hidrogeniônico
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Figura 22 - Fluxograma de Dosagem de Cal
O leite de cal pode ser dosado no caldo primário ou misto logo após a extração, alguns
projetos fazem um pré-aquecimento antes da caleação para aumentar a velocidade de
reação. Usinas que possuem sulfitação realizam a caleação após a dosagem de enxofre
para evitar a hidrólise ácida derivada da queda de pH pela sulfitação.
Para sistema que possui caldo secundário, a caleação pode ser realizada conforme o
exemplo mostrado acima para o caldo primário, porém, existem sistemas de filtração de
lodo que retorna o caldo filtrado com pH que pode variar entre 8 e 10, desta forma, o caldo
filtrado irá corrigir o pH do caldo secundário podendo assim ter que compensar com a
caleação comum.
Agora que entendemos as reações de hidratação da cal, fica fácil de entender a
reação que ocorre entre o íon de cálcio (Ca2+) derivado da cal hidratada e o íon fosfato
(PO43-) derivado da fosfatação para a formação do flóculo. Durante a hidratação da cal,
sabemos que o composto formado é o hidróxido de cálcio, sabemos também que a hidroxila
teve seu papel ao neutralizar os íons H+ do caldo, porém, ainda temos o íon de cálcio que
também desempenha um papel importante. O cálcio irá reagir com o íon fosfato formando
o fosfato de cálcio insolúvel que auxilia da decantação.
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para formar o fosfato de cálcio insolúvel que irá auxiliar na formação dos flóculos e
decantação.
Sulfitação
S + O2 → SO2
Enxofre Gás Oxigênio Gás Sulfuroso
O gás SO3 não tem ação descolorante sobre o caldo, isto é, a sua presença não irá
inibir as reações de formação de cor e, portanto, a sua presença torna-se inútil significando
perda de enxofre. Além da perda existente pois o enxofre está sendo utilizado para formar
um composto indesejado, o SO3 acaba reagindo com a água oriunda da umidade do ar
durante a queima e forma o ácido sulfúrico conforme reação abaixo.
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SO3 + H2O → H2SO4
Gás Sulfito Água Ácido Sulfúrico
Diante dos fatos mencionados, vimos que durante a queima do enxofre, somente a
formação do SO2 é interessante para o processo, o SO3 formado durante a queima deve
ser mínimo (≈2%). Obviamente que a principal ação para evitar a formação do SO 3 seria
secar o ar a fim de eliminar a umidade, porém, sabemos que este processo requer um alto
custo. Podemos analisar as temperaturas de formação do S0 2 e SO3 e tentar trabalhar em
faixas ideais para amenizar a formação do SO 3. A reação de formação do SO3 ocorre
facilmente na presença de umidade e em temperaturas acima de 400°C, por isso o gás
liberado durante a queima deve ser imediatamente resfriado a temperaturas próximas de
170°C. Lembrando que temperaturas abaixo de 110°C ocasiona a solidificação do enxofre
vindo a entupir ou incrustar as tubulações e bicos.
O gás sulfuroso (SO2) deve ser injetado ao caldo a fim de que as reações de
formação de cor sejam inibidas além da formação do Sulfito de Cálcio (CaSO3) que irá
auxiliar na decantação das impurezas do caldo. A injeção do gás sulfito (SO2) deve ocorrer
antes da adição de cal, pois a sulfitação do caldo reduz o pH para valores próximos de 4,2
ocasionando a inversão do açúcar por hidrólise ácida. O pH do caldo sulfitado irá depender
da demanda de cor do açúcar, em outras palavras, o valor de pH da sulfitação deve ser
ajustado de maneira que a cor do açúcar esteja dentro do valor desejado sem alterar a
especificação do produto acabado.
A queima do enxofre é realizada em um forno cilíndrico rotativo seguido por uma
câmera de sublimação e camisa de resfriamento conforme imagem abaixo.
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Figura 23 - Sistema de Queima do Enxofre
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tanque deve conter um agitador mecânico para potencializar as reações químicas que
devem ocorrer no caldo.
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3° Etapa: Na última etapa ocorre a formação do Hidroximetilfurfural (HMF). Este
composto tem a capacidade de se polimerizar formando a Melanoidina que tem a sua
coloração mais intensificada a medida que o seu peso molecular aumenta.
As melanoidinas são polímeros que conferem alta coloração no açúcar, diante disto,
a sua formação deve ser evitada. A adição de SO2 ao caldo irá reagir com o
Hidroximetilfurfural presente na reação de Maillard inibindo a formação das melanoidinas
conforme reação abaixo.
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A reação acima mostra que o HSO3- reage com o HMF impedindo que a reação de
formação da melanoidina ocorra, evitando assim a reação de escurecimento.
Observações Importantes
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Capitulo 5
Aquecimento do Caldo
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perdas de processo devido a algumas reações microbiológicas que ocorrem. A questão é
que algumas bactérias presentes no caldo consomem os açúcares da cana como fonte
energética para a célula, esse consumo pode gerar substancias indesejadas que aumentam
a acidez do caldo além de significar perdas de açúcar. O aquecimento do caldo destrói os
microrganismos que não são resistentes à altas temperaturas, porém, vale ressaltar que
existem alguns microrganismos que acabam resistindo mesmo após o aquecimento.
O caldo contém algumas proteínas presentes que quando expostas a altas
temperaturas sofrem um processo de desidratação ou desnaturação térmica. Este processo
aumenta a coagulação e precipitação destas partículas aumentando assim a velocidade de
decantação.
O aquecimento do caldo também auxilia na formação de flóculos. A floculação é um
processo que ocorre quando algumas impurezas do caldo se agregam aumentando assim
os tamanhos das partículas e consequentemente aumentando a velocidade de decantação.
Esse fenômeno é necessário para a clarificação do caldo, pois algumas partículas
indesejáveis presentes no caldo não possuem peso suficiente para decantar no tempo
correto, diante disto, a formação de flóculos ajuda no tempo e eficiência de decantação.
A remoção dos gases durante o aquecimento ocorre devido a um processo de
expansão ou queda de pressão ocorrida no caldo aquecido ao passar pelo balão de flash.
O aquecimento do caldo com temperaturas acima da temperatura de ebulição dentro dos
tubos e aquecedores faz com que sua pressão aumente. Quando o caldo entra em contato
com a pressão atmosférica, a queda brusca de pressão ocasiona a expansão do caldo e
consequentemente o seu flasheamento eliminando assim os gases dissolvidos no caldo
que podem atrapalhar o processo de decantação.
O caldo possui certa viscosidade que pode aumentar ou diminuir com diferentes
temperaturas ou composições. Altas viscosidades no caldo dificultam alguns processos
como troca térmica, decantação, cristalização e cozimento. O aquecimento do caldo diminui
esta viscosidade melhorando esses processos em questão.
Vimos o quanto é importante o aquecimento do caldo para uma boa clarificação, diante
disto, é necessário que saibamos os parâmetros operacionais dos aquecedores para que
esta etapa tenha a eficiência desejada durante o processamento do caldo.
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Figura 25 - Aquecedor Casco Tubo Vertical
Exemplo:
Calcule a velocidade de escoamento do caldo dentro de um aquecedor casco tubo
que contém as características da tabela a seguir.
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Parâmetros Valores Unidade
Vazão de Caldo 380.000 Kg/h
Brix do Caldo 15 %
Tubos por passe 75 Peças
Diâmetro interno do tubo 32,8 mm
(Vazão de caldo / 3600 / Densidade) / (3,1416 x ((Diâmetro interno dos tubos /1000)2) / 4 x Tubos por Passe)
Na primeira etapa nós calculamos a densidade do caldo de acordo com o brix, pois
o valor de densidade deve ser conhecido para a realização do cálculo da velocidade. Na
segunda etapa realizamos um cálculo simples e eficaz para determinar a velocidade do
caldo no aquecedor. Esse tipo de cálculo pode ser usado com tranquilidade para
dimensionamento do equipamento.
O coeficiente de troca térmica (U) de um aquecedor é um parâmetro de grande
importância que deve ser dimensionado de maneira a atender o processo. Podemos definir
este coeficiente como sendo a resistência da troca de calor existente entre os dois fluidos.
Para aquecedores de caldo, uma faixa de valor utilizado para o coeficiente de troca térmica
fica entre 650 Kcal/h/m2/°C a 1000 Kcal/h/m2/°C.
Para calcular o coeficiente de troca térmica de um aquecedor de caldo é necessário
saber a velocidade do caldo e a temperatura do vapor que será utilizado na troca térmica.
Os aquecedores trabalham com vapor vegetal derivado do primeiro, segundo ou terceiro
efeito da evaporação. Ainda para o mesmo aquecedor do exemplo de aplicação neste
capitulo, vamos calcular o coeficiente de troca térmica considerando uma troca térmica com
o vapor vegetal V1 conforme tabela abaixo.
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Parâmetros Valores Unidade
Vazão de Caldo 380.000 Kg/h
Brix do Caldo 15 %
Tubos por passe 75 Peças
Diâmetro interno do tubo 32,8 Mm
Velocidade do Caldo 1,57 m/s
Temperatura do Vapor 115 °C
O cálculo acima nos forneceu o calor específico do caldo que será aquecido, a partir
do calor específico, conseguimos continuar os cálculos referentes ao aquecimento do caldo.
A superfície de aquecimento é um parâmetro que deve ser bem dimensionado. A
partir da quantidade de tubos, quantidades de passes e dimensionamento dos tubos,
podemos usar um método para calcular as superfícies de aquecimento interna e externa.
Abaixo vamos utilizar a tabela para calcular a área de aquecimento interno e externo.
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Parâmetros Valores Unidade
Tubos por passe 75 Peças
Diâmetro interno do tubo 32,8 mm
Diâmetro externo do tubo 38,10 mm
Quantidades de passes 12 Uni.
Comprimento do tubo 4,100 Metros
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Parâmetros Valores Unidade
Temperatura do Vapor 115 °C
Temperatura inicial do caldo 57 °C
Coef. de troca térmica 756,5 Kcal/m².h.ºC
Superfície de aqueci interno 380 m2
Vazão de caldo 380.000 Kg/h
Calor específico do caldo 0,9 Kcal/kg.º C
Temp. do Caldo na Saída =115 – (115 – 57) x 2,81^(- 755,5 x 380 / (380.000 x 0,9))
Consumo de vapor = 380.000 x 0,9 x (90,6 – 57) / (607 – 0,7 x 115) / 0,95
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Tendo em mãos o balanço simplificado de um aquecedor casco tubo, podemos obter
através de cálculo a perda de carga exercida pelo equipamento conforme cálculo abaixo.
O cálculo acima determina com facilidade a perda de carga que o aquecedor exerce
na pressão da vazão do caldo, este dado é de grande importância para determinar o
dimensionamento do bombeamento do fluido.
Cuidados Operacionais
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Retirada de Água Condensada
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Existem duas maneiras de retirar os gases incondensáveis da calandra dos
aquecedores. A primeira é através de um ponto de degasagem na parte superior da
calandra que servirá para eliminar os gases mais leves que se depositam na parte superior,
a segunda maneira é instalar um ponto de degasagem na parte inferior calandra para retirar
os gases mais pesados que se depositam na parte inferior da calandra.
A degasagem deve ser regulada para evitar que o vapor seja eliminado junto com os
gases incondensáveis evidenciando perdas de calor. Uma maneira eficiente de regular a
retirada de gases incondensáveis é medir a temperatura do gás na saída da degasagem e
comparar com a temperatura do vapor na entrada do aquecimento. Caso a temperatura da
degasagem estiver com 2°C a menos que a temperatura do vapor, isso significa que a
degasagem está sendo eficiente, isto porque os gases incondensáveis são mais frios que
o vapor, se essa diferença resultar em valores menores que 2°C, significa que está saindo
uma parcela de vapor com os gases incondensáveis determinando uma degasagem
deficiente. Lembrando que é praticamente impossível impedir a saída de vapor junto aos
gases incondensáveis, porém, deve existir um acompanhamento para garantir que vapor
jogado para a atmosfera será mínimo
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Bruno Henrique Francisco
Velocidade de escoamento do caldo: Como já foi citado neste capitulo, transporte
de caldo com velocidade inferior à 1,5 m/s podem ocasionar incrustações devido ao
aumento do tempo de retenção do caldo dentro do aquecedor.
Sulfitação deficiente: Conforme citado no capitulo que abordou a sulfitação do
caldo, formação indesejada de SO3 pode auxiliar a formação de sulfato de cálcio que é um
agente incrustante.
Paradas e partidas irregulares: O início e o final da operação dos aquecedores
possuem um alto risco de formar incrustações. Um exemplo seria resquícios de caldo nos
tubos com o vapor aberto ou falta de passagem de água nos aquecedores após as paradas.
Deficiência na hidratação da cal: Má hidratação da cal auxilia na formação de
compostos inorgânicos de cálcio.
Vazão insuficiente de caldo: Diminuições bruscas na vazão do caldo favorece a
formação de incrustações devido à caramelização do caldo.
Quando esses fatores são tratados com critério e cuidado, os aquecedores podem
trabalhar com campanhas de limpezas maiores e quando o mesmo deixar de trabalhar para
a realização da limpeza, a incrustação não será tão brusca facilitando assim a sua retirada.
A limpeza das tubulações pode ser realizada com hidrojatos de alta pressão ou com
turbinas mecânicas (rosetas) de motor elétrico. Esses equipamentos possuem
componentes que variam de acordo com o tamanho do tubo. O ideal é que a unidade
industrial escolha o melhor método de limpeza para manter os aquecedores trabalhando
com alta eficiência de troca térmica.
Flasheamento do Caldo
A evaporação flash é um fenômeno que ocorre quando um fluido sofre uma queda
de pressão que pode ser através de uma válvula de estrangulamento, sifão ou outro
dispositivo, além disto, a queda de pressão pode ocorrer quando o fluído vai de um
ambiente pressurizado para outro ambiente com uma pressão inferior. O caldo após o
aquecimento possui temperatura acima de 100°C, desta forma, fica evidente que a
temperatura está acima da temperatura de ebulição e consequentemente, a sua pressão
está acima da pressão atmosférica. Quando o caldo entra em contato com a atmosfera,
ocorre uma queda de pressão e consequentemente a evaporação flash.
No processo de tratamento de caldo, após o aquecimento, o flasheamento é
realizado através de um equipamento denominado balão de flash. O balão flash tem como
objetivo causar a expansão brusca do caldo para ocorrer a evaporação flash e assim
eliminar alguns gases que se encontram no caldo. Esses gases acabam por atrapalhar a
decantação do caldo, por esta razão, essas bolhas de ar devem ser eliminadas durante o
flasheamento do caldo. Outro fator importante do balão de flash é que ele atua como um
regulador de velocidade do caldo, pois o fluido ao passar pelo balão e perde velocidade
evitando assim possíveis turbulências no decantador.
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Figura 26 - Balão de Flash
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Bruno Henrique Francisco
Figura 27 - Balaço de Flasheamento
Água Evaporada = 380 ton/h x ( 1 – 0,006 X 15) x ( 105 – 98 ) / (607 – 0,7 x 98)
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Bruno Henrique Francisco
Capitulo 6
Decantação do Caldo
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Bruno Henrique Francisco
interação química entre as partículas ou interação química entre as partículas e a água do
caldo, além do peso de cada partícula.
Tendo em vista que existem diferentes tipos e tamanhos de partículas que deverão
sofrer sedimentação, e sabendo que cada partícula possui uma velocidade de
sedimentação diferente, é necessário aglomerar as partículas existentes através da adição
de um polieletrólito que age como um agente floculante. A aglomeração das partículas
aumenta o peso entre elas facilitando a decantação, chamamos esses aglomerados de
flóculos.
Polieletrólitos
Os polieletrólitos são polímeros que possuem alto peso molecular e atuam como
agentes floculantes. Sua estrutura é formada por uma cadeia sequencial de monômeros
ligados de forma linear e podem ser catiônicos ou aniônicos. No tratamento do caldo, os
polieletrólitos devem ser utilizados para auxiliar na etapa de decantação.
Dentre os polímeros existentes, o polieletrólito mais utilizado no processo de
fabricação de açúcar é a poliacrilamida na forma catiônica ou aniônica. A poliacrilamida é
formada através da reação de polimerização da acrilamida.
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Figura 28 - Agregação dos flóculos
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Bruno Henrique Francisco
Antes da dissolução, as cadeias poliméricas se encontram fechadas ou enroladas,
portanto, os sítios reativos não estão expostos para interação com os flóculos presentes no
caldo, diante disto torna-se necessário abrir as cadeias destes polieletrólitos. A abertura da
cadeia ocorre durante a dissolução das moléculas de polímero na água através da
hidratação sobre agitação mecânica, no caso do polímero catiônico, o tempo de abertura
das cadeias é menor em relação ao polímero aniônico.
No início do preparo do polímero, é necessário encher o tanque de preparo até a
metade do seu volume com água de boa qualidade, em seguida, o polímero deverá ser
adicionado ao tanque juntamente com o restante de água até completar o volume desejado.
Durante a adição de polímero na água, não se deve permitir a formação de grumos, isto é,
aglomerados de polímeros que não sofreram dissolução. O recomendado é adicionar o pó
do polímero junto com a água antes de cair no tanque, isso fará com que o material sofra
dissolução facilmente. Além da adição de polímero juntamente com a água, o mexedor
deve estar ligado para facilitar a dissolução e homogeneização do soluto (polímero).
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Bruno Henrique Francisco
A agitação do tanque de preparo de polímero não pode ter rotação alta, a faixa de
trabalho deve ser entre 20 e 60 RPM, pois com rotações acima desta faixa, ocorrerá a
despolimerização por força mecânica. Outro cuidado operacional é o tempo de abertura
das cadeias, pois mesmo com a rotação na faixa adequada, se a solução ficar por tempo
prolongado sobre agitação, irá ocorrer despolimerização por força mecânica. O ideal é
manter o polímero sobre agitação adequada durante 2 horas ou no máximo 2 horas e meia
para garantir a abertura total das cadeias sem agredir a estrutura polimérica.
O tanque de preparo deve conter algumas particularidades para ajudar na agitação.
Não é recomendado que o mexedor fique instalado no centro do tanque, pois pode ocorrer
a formação de vórtice que é um fenômeno que pode atrapalhar a homogeneização da
solução ou causar alta concentração de soluto em alguns pontos do tanque. O
recomendado é descentralizar o mexedor e instalar defletores (chicanas) na parede do
tanque.
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Bruno Henrique Francisco
se águas com pH mais baixos e para polímeros catiônicos utiliza-se águas com pH mais
elevados sem desobedecer a faixa recomendada.
A concentração da solução polimérica varia entre 0,03 a 0,1%, o recomendado é que
sejam realizados testes para saber a concentração ideal de preparo e o cálculo pode ser
realizado conforme exemplo abaixo.
Aplicação:
Peso de Polímero = 8 kg
A aplicação acima determinou que para preparar 10m3 de solução de polímero com
0,08% de concentração, é necessário adicionar 8 Kg de polímero em pó. Recomenda-se
pesar com bastante critério cada preparo devido à irregularidade dos grãos de polímeros
que podem variar a cada lote de produção.
A dosagem de polímero no caldo deve ser realizada através de bomba de
deslocamento positivo (helicoidal) que atuam com grande eficiência sobre fluidos viscosos
além de proporcionar menor quebra das cadeias. A bomba deve conter controle de
velocidade e a linha de dosagem deve conter medidor de vazão para que o controle de
dosagem seja regular e eficiente de acordo com a vazão de caldo.
A quantidade de solução de polímero dosada no processo varia entre 1 a 3 ppm
sobre a vazão de caldo. O cálculo para dosagem de polímero pode ser realizado de acordo
com o exemplo abaixo.
Aplicação:
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Bruno Henrique Francisco
Considerando a densidade de solução de polímero igual a 1kg/m3:
Tipos de Decantadores
Existem três tipos de decantadores que são comuns na clarificação do caldo, o mais
utilizado é o decantador convencional e depois temos o decantador rápido e o decantador
semirrápido.
O decantador convencional é formado por bandejas contendo raspadores, o caldo é
alimentado no centro do decantador e direcionado para as bandejas onde ocorrerá a
sedimentação. O caldo clarificado é retirado por serpentinas que se encontram em todas
as bandejas e o material sedimentado (lodo) é arrastado pelos raspadores até o centro do
decantador para ser retirado pelo fundo. O adensador de lodo localizado na parte inferior
do decantador tem o objetivo de manter o lodo sobre movimentação para facilitar a extração
pelo fundo do equipamento.
O decantador convencional possui o maior tempo de retenção entre os três modelos,
podendo chegar à 02:30 h. Este modelo de equipamento possui um menor consumo de
polímero por possuir um alto tempo de retenção, mas em contrapartida, o caldo fica mais
tempo exposto à alta temperatura aumentando assim o grau de degradação térmica dos
açúcares.
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Figura 31 - Decantador Convencional
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Figura 32 - Decantador Semirrápido
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Figura 33 _ Decantador Rápido
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A degradação da sacarose é resultado de uma combinação entre temperatura e
tempo. O aumento da temperatura assim como o aumento do tempo de exposição dos
açúcares a altas temperaturas intensifica a deterioração dos açúcares e um dos produtos
destas transformações são alguns tipos de ácidos orgânicos. Claramente que a presença
de ácidos oriundos da degradação irá derrubar o pH do meio ao mesmo tempo que a
deterioração da sacarose irá derrubar a pureza do caldo.
Durante a decantação, é importante que se faça o acompanhamento da queda de
pH e pureza do caldo. Recomenda-se evitar quedas de pH maiores que 0,3 pontos e quedas
de pureza maiores que 0,2 pontos.
Durante o período de safra, é inevitável que existam algumas paradas devido a
fatores climáticos, quebras de equipamentos ou paradas programadas para manutenção.
Em casos de paradas demoradas, o ideal é liquidar o decantador para evitar que o caldo
fique parado sobre altas temperaturas e desta forma as perdas não serão significativas.
Quando as paradas são curtas, obviamente que não convém liquidar o decantador, pois a
qualquer momento o processo será retomado. Diante destas questões de liquidar ou não,
o importante é ter em mente que o caldo parado dentro do decantador irá sofrer degradação
ao longo do tempo.
Em situações que o caldo ficará parado no decantador por períodos acima de 12
horas, recomenda-se derrubar a temperatura para 85°C e subir o pH para valores próximos
de 7,3 (Hugot). A diminuição da temperatura e o aumento do pH devem ser feitos ainda
durante a operação e antes da parada.
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Bruno Henrique Francisco
lodo, menor será a quantidade de caldo enviado para o sistema de filtragem, e
consequentemente, menor será a quantidade de açúcar que deverá ser recuperado. O valor
da concentração máxima de sólido depende de cada decantador, pois existe um limite de
trabalho do redutor do eixo que contém os braços com as raspas do decantador. Se a força
for excessiva, certamente existirão problemas mecânicos. A concentração máxima de
sólidos no decantador deve ser aquela que não afeta o trabalho do redutor.
A concentração de sólidos na vazão de lodo é influenciada por vários fatores tais
como o pH do caldo, temperatura do caldo na entrada do decantador, dosagem de
polímero, tempo de retenção e vazão de tiragem de lodo no fundo do decantador.
Filtração do Lodo
O lodo retirado do decantador é direcionado para o sistema de filtração que tem como
objetivo recuperar o açúcar contido no caldo que foi arrastado junto ao lodo. No Brasil,
chamamos esta etapa de filtração para recuperação da pol (porcentagem de sacarose).
Após a recuperação do açúcar nos filtros, os sólidos restantes são denominados de torta.
O esperado é que a análise de pol desta torta resulte em um valor baixo indicando uma
filtragem e recuperação eficientes.
O fluxograma acima contém um tanque pulmão de lodo logo após o decantador, este
tanque deve conter volume suficiente para absorver o lodo e a água de diluição além de
conter um agitador de baixa velocidade para manter a homogeneização da mistura sem
destruir os flocos de lodo já formados oriundos da decantação. Existem processos que
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Bruno Henrique Francisco
utilizam sistemas de filtro prensa e processos que utilizam sistemas de filtro rotativo, esses
dois sistemas são os mais comuns nos quais iremos abordar.
Caso o processo exija correção do pH do lodo ou adição de bagacilho, a dosagens
dos mesmos devem ser realizadas no tanque pulmão de lodo. Alguns projetos de filtragem
exigem uma concentração de lodo abaixo da concentração retirada do decantador, por esta
razão, se faz necessário realizar a diluição. Lembrando que a concentração do lodo diluído
é um parâmetro que deve ser avaliado constantemente para manter a performance do filtro,
no caso de filtros prensa por exemplo, costuma-se usar concentrações de lodo próximas
de 30%. Para diluição do lodo, a água utilizada deve possuir temperatura acima de 80°C
devido a alguns fatores como:
Viscosidade do Lodo: Lodo com temperatura abaixo de 80°C pode possuir alta
viscosidade que irá atrapalhar a floculação e escoamento do caldo filtrado. Essa
viscosidade é derivada de compostos poliméricos contidos na cana como a cera, dextranas
e outros.
Enceramento da Tela: Alguns compostos poliméricos dissolvidos no caldo, em
temperaturas abaixo de 80°C podem se solidificar e obstruir os orifícios da tela alto filtrante
impedindo a passagem do caldo filtrado.
Intensificação das Reações Químicas: Altas temperaturas aumentam a cinética do meio
melhorando a velocidade das reações químicas durante o preparo do lodo.
Alguns processos de preparo do lodo contem adição de bagacilhos durante a diluição
para auxiliar na filtragem do lodo, normalmente este sistema é utilizado com mais
frequência em filtros rotativos, pois o bagacilho ao se misturar no lodo aumenta os espaços
vazios melhorando a capacidade de filtrabilidade e consequentemente aumentando a
recuperação da pol. Normalmente costuma-se dosar 5Kg de bagacilho para cada tonelada
de cana (5Kg/Tc). Após a dosagem do bagacilho, é importante que ocorra a agitação no
tanque para garantir a distribuição do bagacilho por todo o lodo na mesma proporção.
Lembrando que nem sempre o processo de filtragem possui adição de bagacilho, pois
algumas plantas industriais não contêm esse sistema de preparo de lodo com bagacilho e
mesmo assim conseguem uma filtragem eficiente.
A filtrabilidade do lodo está relacionada ao tratamento do lodo e ao tipo e quantidade
de impureza mineral que chega até a indústria através da cana processada. A quantidade
de impureza mineral no caldo aumenta de acordo com alguns fatores como período pós-
chuva, tipo de colheita, ausência de lavagem de cana e ausência da limpeza a seco da
cana. Já o tipo de impureza mineral está relacionado com o solo no qual a cana foi plantada.
O processo de filtragem depende do escoamento da água de embebição através da
camada de lodo nos filtros, desta forma, as características da impureza mineral interferem
diretamente na eficiência da filtragem, pois dependendo do tipo de impureza, o escoamento
da agua pela camada de torta nos filtros se torna difícil, logo sabemos que quanto maior for
a porosidade do lodo, melhor será o escoamento da água para arrastar os açúcares e
formar o caldo filtrado. No caso dos filtros rotativos, o bagacilho é um item praticamente
obrigatório, pois esse sistema necessita de uma camada com boa porosidade para
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Bruno Henrique Francisco
escoamento. O filtro prensa necessita de um lodo bem floculado, porém, com uma boa
operação, não é necessário adição de bagacilhos ao lodo para esse tipo de sistema.
Não podemos confundir o processo de floculação do lodo com a floculação do caldo
antes da decantação. No caso do lodo, os floculos formados irão auxiliar no desaguamento.
A dosagem de polímero no lodo não é um valor fixo, pois como foi dito, cada região pode
ter um tipo de impureza mineral que se difere na composição e quantidade. O recomendado
é a realização de testes para verificar a dosagem ideal de polímero no lodo para a floculação
dos sólidos. Como parâmetro, o valor recomendado é de 30 ppm de polímero sobre a vazão
de lodo já diluído e a concentração da solução de polímero deve estar entre 0,05 até 0,1%.
Já foi dito que o preparo e a dosagem de polímero devem ser feitos com critério e
cuidado, e o procedimento para cada planta irá ser fixado através de testes, porém, alguns
polímeros aniônicos podem exigir a correção do pH do lodo para valores próximos de 9,0,
esta correção é realizada através da dosagem do leite de cal que é o mesmo utilizado para
corrigir o pH do caldo. No caso de polímeros catiônicos, a floculação pode ocorrer com
valores de pH mais baixos, não necessitando da correção do pH do lodo , logo a dosagem
de cal no lodo pode ser dispensada.
A dosagem de polímero deve ser realizada através de bombeamento com controle
por inversor para evitar dosagens abaixo ou acima do recomendado para a operação do
filtro. Quando a dosagem de polímero é inferior ao recomendado, a floculação não será
suficiente, se a dosagem for acima do recomendado, a floculação será prejudicada, além
disso, o polímero em excesso irá obstruir as telas alto filtrantes impedindo a passagem do
caldo filtrado. O recomendado é realizar a dosagem de polímero na tubulação de lodo na
entrada dos filtros sem deixar que forme fluxo preferencial, desta forma, a homogeneização
será completa.
Antes de fazer uma abordagem sobre o filtro prensa e filtro rotativo, é importante
entendermos alguns aspectos relacionados aos resultados esperados na etapa de
filtragem.
A análise de pol da torta é o procedimento utilizado nas usinas para determinar a
quantidade de açúcar perdido na torta de filtro. Adota-se que uma boa filtração irá fornecer
uma torta com pol abaixo de 1%, mas é claro que este valor deve ser o mais baixo possível.
O aconselhado é obter esses resultados a cada 2 horas através de análises laboratoriais
para controle de operação.
A análise de umidade da torta deve ser realizada juntamente com a análise de pol,
pois quando a água contida na torta está em excesso, o custo de transporte da torta
aumenta devido à massa de água contida na torta que deverá ser transportada para
compostagem ou para o campo. Como exemplo, no caso do filtro prensa, recomenda-se
que a umidade da torta seja no máximo 70%. A umidade da torta depende da quantidade
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Bruno Henrique Francisco
de água adicionada ao lodo durante a filtragem, além disso, o vácuo e prensagem também
estão inteiramente ligados, pois caso um destes não funcione corretamente, a sobra de
água na torta será excessiva.
Ainda relacionado à quantidade de água adicionada ao filtro, outra variável
extremamente importante é o brix do caldo filtrado, obviamente que quanto maior for a
vazão de água adicionada ao filtro, menor será o brix do filtrado resultante. O caldo filtrado
é reprocessado e o seu destino pode variar de acordo com algumas particularidades que
as usinas possuem.
Usinas que produzem somente açúcar devem adicionar o caldo filtrado ao caldo misto
para posterior decantação e evaporação, portanto, fica evidente que o brix do caldo misto
sofrerá uma queda ao se misturar com o caldo filtrado, podendo prejudicar a decantação,
além de exigir mais área de evaporação, desta forma, quanto maior o brix do filtrado, menor
será a perturbação do processo. No entanto, usinas que produzem etanol tem a opção de
mandar o caldo filtrado para a fermentação, evitando perturbações no processo e
melhorando a qualidade do caldo clarificado para a produção de açúcar, isto devido ao alto
índice de suspensão de sólidos derivados do filtro que o clarificado pode conter além de
turbidez elevada.
Uma boa operação do filtro irá garantir que a quantidade de sólidos que irá retornar
com o caldo filtrado para o processo seja mínima, afinal, não é o nosso objetivo retornar
grande quantidade de sólidos para o decantador, pois além de prejudicar a qualidade do
caldo clarificado, pode também sobrecarregar o decantador devido ao aumento de
impurezas.
A quantidade de sólidos que retorna para o processo junto ao caldo filtrado pode ser
quantificada através da análise de retenção do filtro. A retenção do filtro é um excelente
parâmetro que irá ajudar nas tomadas de decisões relacionadas à operação do filtro. A
retenção do filtro deve ser acima de 85% para garantir um filtrado retornando para o
decantador com baixa retenção de sólidos. Vamos considerar a tabela abaixo como
exemplo para aplicação do cálculo de retenção do filtro. Lembrando que os valores da
tabela abaixo são facilmente adquiridos através de uma análise de concentração com
centrífuga de bancada.
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Bruno Henrique Francisco
Retenção = (45 x 14,5) – (4,5 x 7,5) x 100
(45 x 14,5)
Retenção = 94,82%
Filtro Rotativo
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Bruno Henrique Francisco
O lodo é direcionado até um tanque que contém parte do tambor rotatório do filtro
submerso. O tambor rotatório é dividido em seções que possuem características diferentes
uma da outra que juntas têm como objetivo recuperar o açúcar contido na camada de torta.
As seções do tambor atuam com pressão negativa que irá forçar o caldo a passar pela tela
para retornar ao processo como caldo filtrado.
Inicialmente, o lodo contido na caixa irá fixar na tela do tambor através da força do
vácuo baixo, nesta etapa irá ocorrer formação do colchão de torta sobre a tela do tambor
rotatório e em seguida a primeira filtragem, todo o caldo recuperado nesta etapa é chamado
de filtrado escuro. Após a etapa em vácuo baixo, inicia – se a filtragem em vácuo alto que
se divide em duas seções, lavagem em vácuo alto e secagem da torta em vácuo alto. O
vácuo baixo deve ser regulado com pressão entre 7”Hg e 10”Hg e o vácuo alto deve conter
valores entre 20”Hg e 22”Hg para que a filtração tenha eficiência. Podemos resumir o
funcionamento do filtro rotativo através do diagrama de bloco abaixo.
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Bruno Henrique Francisco
Filtro Prensa
O filtro prensa tem o objetivo de recuperar a pol contida na torta de lodo, assim como
o filtro rotativo, a pol esperada deve ser a menor possível. Este tipo de equipamento não é
o mais utilizado nas usinas de açúcar, porém, está presente em várias plantas produtoras.
Este equipamento é composto por duas telas que atuam como meios filtrantes e como
transportadores de lodo além de auxiliarem na prensagem para extração do caldo filtrado.
As telas são fixadas entre os rolos que compõem a estrutura do filtro e alguns destes rolos
são dotados de acionamentos para movimentar as telas.
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Bruno Henrique Francisco
pressão próxima de 4”Hg e em seguida o vácuo alto que trabalha com pressão próxima de
12”Hg, esses valores de pressão podem variar de acordo com o projeto. Uma característica
importante da filtragem a vácuo é observar a secagem da torta sobre vácuo indicando boa
operação. É importante confirmar se a camada de torta está distribuída por toda a tela, pois
se houver espaços vazios sobre a tela, a pressão do vácuo irá cair (o famoso “roubar o
vazio”)
Etapa de Prensagem do Lodo: Após a etapa de filtragem a vácuo, a tela primária será
guiada entre os rolos de prensagem, nesta etapa a tela primária se movimenta junto com a
tela secundária e o lodo é transportado dentre as duas telas. A prensagem exercida sobre
o lodo nesta etapa faz com que uma parcela do caldo filtrado restante seja extraída.
Após as três etapas de filtração, torna-se necessário lavar a tela para desobstruir os
orifícios que ficaram com restos de sólidos fixados. A lavagem de tela tem como objetivo
manter a tela livre de sujidades que possam impedir à passagem do caldo filtrado
dificultando a recuperação da pol. A água utilizada nesta etapa de lavagem das telas não
deve ser misturada ao filtrado devido à grande concentração de sólidos que a mesma irá
conter. O recomendado é realizar um tratamento nesta água para separação dos sólidos e
posterior reutilização ou em alguns casos, retorna-la ao tanque de diluição de lodo.
A embebição do filtro prensa e a lavagem de tela do filtro prensa são realizadas
através de bicos dimensionados para manter o leque de água distribuído por toda a
extensão da tela. É importante verificar constantemente se existem bicos de embebição ou
lavagem de tela que possam estar entupidos devido algum tipo de sujidade que possa
existir na água utilizada. A pressão recomendada para a água de lavagem de tela é de
4kgf/cm2, já a água de embebição, a pressão máxima deve ser determinada através de
testes, pois a embebição não deve estragar o colchão de lodo, ou seja, o objetivo desta
água de embebição é somente lavar a torta de maneira bem distribuída.
O caldo filtrado gerado em todas as etapas de filtração do lodo deve ser retornado
ao processo.
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Bruno Henrique Francisco
usado no filtro prensa em relação ao polímero utilizado para o tratamento de caldo. Em
alguns casos os dois polímeros são iguais e em outros casos, os dois polímeros podem ser
diferentes, isso irá depender de testes que devem ser realizados anteriormente, mas a
questão é que pode existir algum tipo de incompatibilidade entre eles podendo atrapalhar
o processo de decantação com o retorno do filtrado ao processo. É importante que todos
os testes de polímero sejam realizados com critério.
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Bruno Henrique Francisco
Capitulo 7
Evaporação do Caldo
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Bruno Henrique Francisco
um componente obrigatório que tem como objetivo manter a alimentação da evaporação
uniforme e constante já que o mesmo irá atuar como tanque pulmão para a evaporação.
Para melhor entendimento da evaporação vamos analisar o balanço de massa global
simplificado de um sistema de evaporação para entendermos o objetivo principal desta
etapa.
Mesmo para a construção de um balanço de massa simplificado da evaporação, é
necessário que alguns parâmetros sejam conhecidos, pois sem estes valores não seria
possível construir o balanço de massa simplificado. Como exemplo de aplicação, vamos
adotar os valores contidos na tabela abaixo para construção do balanço de massa global
simplificado.
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Bruno Henrique Francisco
Entendo o Sentido da Evaporação
Norbert Rillieux foi um cientista pesquisador que viveu no século 19 e seu grande
feito foi inventar o sistema de evaporação de múltiplo efeito que tem como objetivo
economizar energia térmica durante a evaporação através do aproveitamento dos vapores
gerados. O sistema de múltiplo efeito funciona através da redução do ponto de ebulição
nos evaporadores, este fenômeno permite a utilização dos vapores vegetais oriundos do
caldo para evaporar os efeitos seguintes gerando desta forma uma economia de vapor
extremamente viável.
A evaporação de múltiplo efeito consiste em um sistema formado por uma sequência
de evaporadores que trabalham em série de maneira que o vapor gerado em cada caixa irá
evaporar o caldo no efeito seguinte. É importante ressaltarmos que em algumas plantas
produtoras, o pré-evaporador é considerado como primeiro efeito da evaporação, já em
outras plantas, o pré-evaporador não é considerado como primeiro efeito e sim o segundo
estágio após o pré-evaporador é chamado de primeiro efeito. Para facilitar a nossa
compreensão, vamos adotar o pré-evaporador como primeiro efeito. Abaixo podemos
observar um esquema de múltiplo efeito.
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Bruno Henrique Francisco
Figura 38 – Sistema de múltiplo efeito da evaporação
A imagem acima mostra um sistema de múltiplo efeito onde o caldo clarificado entra
no pré-evaporador (1° efeito) e em seguida passa pelos demais efeitos até sair pelo último
estágio na forma de xarope. Podemos observar também que o vapor gerado no primeiro
efeito é enviado para a calandra do efeito seguinte gerando assim uma economia de
energia térmica. O pré-evaporador é o único efeito que recebe uma fonte externa de calor
na forma de vapor de escape, a partir desta fonte de calor, a evaporação ocorre gerando
os vapores vegetais que irão servir como fonte de calor para os demais efeitos até a
formação do xarope.
A fonte de energia externa utilizada no pré-evaporador é o vapor de escape, este
vapor é dotado de uma água nobre com alto custo de tratamento justamente por se tratar
da água de alimentação da caldeira. Ora, desta forma fica fácil entender que o condensado
deste vapor de escape será enviando novamente para a caldeira para reaproveitar a sua
energia térmica, além disto, o retorno de condensado diminui a captação de água para
caldeira.
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Bruno Henrique Francisco
O caldo concentrado retirado do pré-evaporador recebe o nome de caldo pré-
evaporado. O caldo pré-evaporado é então direcionado para o próximo estágio da
evaporação ou segundo efeito para seguir concentrando até a formação do xarope.
Abaixo vamos aplicar os cálculos para definir o balanço de funcionamento para o pré-
evaporador, utilizando uma vazão de alimentação de 380 Ton/h de caldo clarificado com
15°Brix na entrada e 24°Brix na saída (caldo pré-evaporado). Lembrando que esses valores
podem ser conhecidos através de análises rotineiras realizadas em laboratórios.
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Bruno Henrique Francisco
Figura 39 – Balanço do pré-evaporador
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Bruno Henrique Francisco
Taxa de Evaporação = 142,5 ton x 1000 = 23,75 Kg/m2.h
6000m2
De acordo com a taxa obtida no cálculo acima, nota-se que está abaixo do
recomendado indicando uma evaporação com baixo rendimento de eficiência. A taxa de
evaporação baixa pode estar relacionada como alguns fatores como temperatura do caldo
na entrada, temperatura do vapor, vazão de caldo na entrada, sangria de vapor e outros.
As incrustações que vão se acumulando nas paredes internas dos tubos diminuem o
coeficiente de troca térmica entre o vapor e o caldo, portanto, a taxa de evaporação tende
a cair, sendo assim podemos utilizar a taxa de evaporação para determinar se o
equipamento precisa ser limpo ou se ainda está em condições de operação.
Outro fator que influencia na taxa de evaporação é a temperatura do caldo clarificado
na entrada do evaporador, caso o caldo esteja com uma temperatura muito abaixo do seu
ponto de ebulição, obviamente que parte da área de troca térmica do evaporador será
utilizada para aquecer o caldo e em seguida evapora-lo, isto faz com que a taxa de
evaporação diminua. Algumas usinas utilizam o reaquecimento do caldo para amenizar este
problema, o reaquecimento serve para aquecer o caldo clarificado com vapor antes de
entrar no pré-evaporador fazendo com que sua temperatura chegue mais próxima possível
do seu ponto de ebulição e economizando assim área de troca térmica do evaporador.
O cálculo realizado para o primeiro efeito pode ser aplicado para todos os estágios da
evaporação da mesma forma e utilizando os mesmos conceitos demonstrados até agora,
o detalhe a ser observado é que no nosso exemplo, os valores de brix na entrada e saída
do evaporador são conhecidos. Uma observação extremamente importante é que até
agora, em todos os exemplos citados para calcular o balanço simplificado do evaporador,
os valores de brix na entrada e saída são conhecidos, desta forma podemos fazer um
balanço mássico com mais facilidade.
Sangrias de Vapor
Até agora falamos sobre gerar o vapor vegetal e utilizar no efeito seguinte da
evaporação, porém, existem outras etapas do processo que utilizam vapor vegetal, sendo
assim a geração de vegetal tem que ser o suficiente para suprir a evaporação e as demais
etapas do processo, esse fenômeno é denominado de sangria.
O vapor vegetal V1 gerado no pré-evaporador costuma ser utilizado em
aquecedores, cozedores, aparelhos de destilação, concentradores de vinhaça entre outros
e o vapor vegetal V2 gerado do segundo efeito é utilizado em aquecedores e cozedores.
Essas utilizações de vapor vegetal em outras etapas do processo são denominadas de
sangrias. As sangrias de vapor quando bem dimensionadas ajudam a melhorar o
desempenho da evaporação e ajusta o balanço térmico da planta. Vamos construir um
balanço com sangrias nos efeitos para facilitar o entendimento.
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Bruno Henrique Francisco
Para a construção de um balanço de evaporação utilizando sangrias, é necessário
que as vazões de sangrias sejam conhecidas, caso contrário não será possível fechar o
balanço.
Aproveitando a vazão de caldo que já utilizamos neste estudo, vamos aplicar a
corrente de 380 ton/h de caldo clarificado com °Brix de 15, cujo °Brix final desejado para o
xarope é de 62,6, neste caso, o sistema de evaporação irá evaporar 288.95 ton/h de vapor
conforme cálculo já realizado neste capítulo.
O balanço demonstrado acima contém sangria nos três primeiros efeitos. O primeiro
efeito gerou 142,5 ton/h de V1 e 77, 72 ton/h desse V1 foram utilizados para sangria, o
segundo efeito gerou 64,78 ton/h de V2 e 31,1 ton/h deste V2 foram utilizados como sangria
e por fim, o terceiro efeito 33,75 ton/h de V3 e utilizou 9,7 ton/h como sangria.
A sangria de vapor está relacionada com a eficiência do evaporador, a explicação para
este fenômeno está no aumento da pressão do corpo do evaporador devido à falta de
sangria. Vamos imaginar que um evaporador está gerando uma quantidade de vapor
vegetal acima da demanda da planta e, portanto, está sobrando vapor na linha, isto faz com
que o evaporador deixe de evaporar, chamamos esse acontecimento de evaporador preso.
Vamos imaginar o corpo de um evaporador, sabemos que as moléculas de água estão se
soltando do caldo na forma de vapor e indo para a tubulação de vapor para consumo, agora
se pensarmos que o vapor vegetal não está sendo consumido, logo o vapor acumulado na
tubulação irá prender e dificultar o desprendimento de outras moléculas de água devido ao
aumento de pressão dentro do corpo. Esse fenômeno é evitado através das sangrias bem
dimensionadas. Caso a produção de vapor está maior do que a demanda, torna-se
necessário eliminar parte deste vapor para a atmosfera através de válvula de alívio.
82
Bruno Henrique Francisco
O vapor vegetal V1 deve manter a sua pressão manométrica entre 0,7Kgf/cm2 até
0,85 Kgf/cm2, pois valores abaixo de 0,7 Kgf/cm2 indicam que a evaporação está deficiente
e valores de pressão acima de 0,85Kgf/cm2 pode ser indicio de falta de sangria.
Outro fator importante é que dentro da termodinâmica, a temperatura e a pressão
são diretamente proporcionais, ou seja, quanto maior a temperatura, maior será a pressão,
com isso, vamos imaginar um pré-evaporador onde o vapor de escape possui pressão
manométrica de 1,5 Kgf/cm2 e temperatura de 127,43°C, já o vapor vegetal V1 gerado pelo
pré-evaporador possui pressão manométrica de 0,8 kgf/cm2 e temperatura de 116,3°C,
sendo assim, o delta entre as temperaturas é de 11,3°C, esta diferença de temperatura do
vapor é considerada boa para a evaporação no primeiro efeito, porém, sabendo que a
pressão é proporcional a temperatura, vamos imaginar que por falta de sangria, a pressão
manométrica deste V1 suba para 1,0 Kgf/cm2 e a sua temperatura suba para 119,6°C, com
isto, o delta temperatura caiu de 11,3°C para 7,83°C prejudicando assim a eficiência da
evaporação.
Diante dos fatos mencionados acima, podemos concluir que é necessário controlar
as pressões dos vapores gerados assim como as sangrias para evitar que existam queda
de eficiência na evaporação.
Tipos de pressão
Hidrodinâmica da Evaporação
Talvez o leitor possa estar se perguntando como ocorre o escoamento do caldo dentro
da evaporação. Primeiramente, temos que entender que existe queda de pressão do
primeiro até o ultimo efeito devido à presença de um condensador no último estágio que
resfria o vapor através do contato com água fria. Isso se explica devido à mudança de
estado da água no processo de condensação, pois o vapor não possui forma definida, ou
seja, ocupa um grande volume e quando sofre um resfriamento seguido por condensação,
83
Bruno Henrique Francisco
o vapor passa a ocupar um volume muito menor restando assim um vazio por toda a
extensão em que o vapor se encontrava. Esse fenômeno gera o vácuo que faz com que a
pressão dentro dos evaporadores diminua.
A condensação do vapor no último efeito é realizada através de basicamente três tipos
de condensadores, multijato, coluna barométrica ou condensador evaporativo. O vapor
extraído do último efeito é direcionado até esses equipamentos para sofrer resfriamento e
condensação. A imagem abaixo contém um último efeito de evaporação juntamente com
um condensador do tipo multijato, a imagem é simplesmente ilustrativa, somente para o
leitor se direcionar e visualizar a etapa de condensação.
A imagem acima mostra que a condensação acontece através da adição de água fria
sobre o vapor fazendo com que o vazio se forme e a pressão dentro do evaporador diminua
e assim proporcionando uma evaporação em temperaturas mais baixas, em outras
palavras, ocorre a diminuição do ponto de ebulição. A pressão no ultimo efeito oriundo da
condensação deverá estar entre 23 a 25 in Hg, podemos afirmar que esta faixa de pressão
é crucial para uma boa evaporação. Existe uma relação entre pressão e temperatura de
ebulição, o último efeito da evaporação com pressão igual a 24 in de Hg terá uma
temperatura de 60,2°C na câmera de vapor, se a pressão no ultimo efeito for igual a 25 Hg
in Hg, a temperatura da câmera de vapor dentro do corpo evaporador será igual a 55,8°C,
ou seja, quanto maior o vazio, menor será a temperatura de ebulição.
O conceito para a diminuição do ponto de ebulição sobre pressões negativas pode ser
explicado através da facilidade com que as moléculas de água se desprendem do meio
liquido com baixa pressão. Quando adicionamos energia térmica na água líquida,
consequentemente a energia cinética do meio aumenta fazendo com que as moléculas de
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Bruno Henrique Francisco
água sofram uma vibração excessiva, à medida que a temperatura aumenta, mais forte
será a agitação entre as moléculas de água até que em um certo ponto, as interações
intermoleculares entre as moléculas de água serão quebradas e estas moléculas irão se
desprender na forma de vapor. O desprendimento das moléculas de água na forma de
vapor está relacionado com a pressão exercida sobre o fluído ou o caldo em questão, claro
que quanto maior a pressão no ambiente de evaporação, mais difícil será para a molécula
de água se desprender e se soltar na forma de vapor, desta forma, quanto menor for a
pressão exercida sobre o caldo, mais fácil será para a molécula de água se desprender na
forma de vapor, diante disto, com pouca agitação e temperaturas mais baixas se torna
possível evaporar a água em pressões mais baixas, por isso é essencial a queda de
pressão entre os efeitos da evaporação.
Vimos que a condensação do vapor no ultimo efeito faz com que exista uma queda
de pressão entre os efeitos e facilitando assim a hidrodinâmica do caldo, ou seja, fazendo
com que o caldo consiga passar de um efeito sobre pressão para outro efeito com pressão
inferior.
Vamos avaliar o primeiro efeito da evaporação na região onde se encontra o caldo,
ou seja, dentro dos tubos e dentro do corpo, sabendo que está ocorrendo o processo de
evaporação, logo sabemos que no corpo encontramos o caldo e o vapor no mesmo
ambiente termodinâmico e podemos afirmar que os dois fluidos se encontram em
temperaturas praticamente iguais, apenas com uma pequena diferença devido à elevação
do ponto de ebulição através do brix. Diante disto você pode estar se perguntando como
este vapor vegetal extraído do caldo irá evaporar o mesmo caldo no efeito seguinte se os
dois se encontram praticamente na mesma pressão e temperatura. A resposta para isso
está na queda de pressão entre os efeitos gerada pela condensação que já comentamos
acima, mas, além disso, é necessário derrubar a pressão do caldo antes de entrar no efeito
seguinte, essa expansão do fluido pode ser feita através de sifão ou válvula de
estrangulamento.
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Bruno Henrique Francisco
A imagem acima contém um sifão na passagem do caldo entre o primeiro e o segundo
efeito de evaporação. Este sifão cria uma perda de carga suficiente para expandir o fluido
e diminuir sua pressão antes de entrar no efeito seguinte.
Além do sifão, a expansão do caldo pode ser realizada através de válvulas bem
dimensionadas, a figura acima contém uma válvula entre o primeiro e o segundo efeito que
causa uma perda de carga no caldo, fazendo o mesmo papel do o sifão. A expansão do
caldo gera um flasheamento natural, o caldo tem parte da sua energia térmica eliminada
durante a expansão fazendo com que parte do seu volume evapore logo na entrada do
evaporador devido ao flasheamento. A partir desta queda de pressão gerada por válvulas,
sifões e condensadores, torna-se possível o sistema de múltiplo efeito. Lembrando que o
caldo perdeu pressão ao ser transportado para o efeito seguinte, porém o vapor vegetal
gerado continuou com a mesma pressão.
Existem também projetos de evaporação em que o caldo é bombeado entre os efeitos.
É normal plantas utilizarem tanques de transferência de caldo entre os efeitos, estes
tanques possuem bombas que direcionam o caldo para o efeito seguinte. Temos também
modelos de evaporadores de névoa turbulenta, geralmente esses tipos de evaporadores
são altos e a alimentação de caldo é realizada pelo topo do equipamento, desta forma, é
necessário bombear o caldo para vencer a altura do evaporador.
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Bruno Henrique Francisco
Tiragem de condensado
O vapor adicionado na calandra, após transferir sua energia térmica para o caldo,
passa por um processo de mudança de fase denominado de condensação. Ora, a
quantidade de condensado formado é igual a quantidade de vapor útil utilizado na
evaporação, lembrando que temos que subtrair os gases incondensáveis presente na
vazão de vapor pois estes não sofrem condensação. A condensação do vapor é um
processo continuo durante a evaporação, portanto sempre haverá a presença de água
líquida na parte inferior da calandra dentro dos evaporadores.
Todo o condensado deve ser imediatamente retirado da calandra para que a eficiência
da evaporação não seja afetada devido à perda de área de troca térmica gerada pelo
acumulo de água na calandra. Caso a água condensada não seja retirada da calandra, o
espaço preenchido por ela não será inutilizado para a evaporação. Em resumo, todo o vapor
adicionado na calandra deve ser retirado na forma de água condensada.
Geralmente, a temperatura da água condensada corresponde a temperatura do vapor
adicionado na calandra, portanto a água condensada retirada dos evaporadores devem ser
reutilizadas como reaproveitamento térmico devido à sua alta temperatura. Lembrando que
o vapor de escape condensa e retorna para a caldeira.
A água condensada deve ser retirada através de drenos que são instalados logo acima
do espelho inferior da calandra do evaporador. Todo o condensado retirado da calandra
deve ser armazenado em um tanque para posteriormente reutilizarmos a sua energia
térmica na troca de calor ou através da recuperação do flash.
A água condensada deve ser reutilizada a fim de recuperar a sua energia térmica, do
ponto de vista térmico dentro de uma usina, isso é praticamente obrigatório. Geralmente, a
água condensada do primeiro efeito é retornada para a caldeira por se tratar de um vapor
nobre, já as águas condensadas oriundas de vapores vegetais são utilizadas para
aquecimento do caldo, diluição de méis na fábrica e até mesmo recirculação entre as
calandras da evaporação para recuperação da energia na forma de calor.
Algumas plantas possuem tanques que recebem os condensados da evaporação com
o objetivo de reutilizar tanto em trocadores de calor de caldo como em diluição de méis na
fábrica de açúcar. Como o condensado já se encontra na forma líquida, a sua energia
térmica transferida para o caldo está na forma de calor sensível, devido a isto, o ganho de
temperatura em trocadores de caldo/condensado não é tão acentuado, mas ajuda na
economia de vapor da planta.
A recirculação de água condensada entre as calandras de vapor também auxilia na
economia térmica, isto devido à queda de pressão e flasheamento instantâneo que o
condensado irá sofrer antes de entrar no próximo efeito.
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Figura 44 – Recirculação de condensado
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Figura 45 – Flasheamento de condensado
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chamamos de bolsas de ar dentro da calandra. A explicação para este fato está no acumulo
de gás que irá ocorrer dentro da calandra tomando o espaço que seria para a troca térmica,
além disso, o ar sendo o gás incondensável em maior quantidade possui uma temperatura
mais baixa que a temperatura do vapor, com isso, a troca térmica da evaporação é
prejudicada devido ao resfriamento da calandra.
Existem estudos que dizem que alguns gases incondensáveis por serem mais
pesados, devem ser retirados na parte inferior da calandra e os gases incondensáveis mais
leves precisam ser retirados na parte superior, este fenômeno ocorre devido à densidade
diferente existente entre os gases incondensáveis.
90
Bruno Henrique Francisco
do vapor e este delta de temperatura pode ser alcançado através da regulagem das
válvulas das tomadas de retirada de gases.
Quando o corpo trabalha com pressão dentro da calandra maior que a pressão
atmosférica, basta simplesmente ligar as tomadas de degasagem na calandra e jogar os
gases para a atmosfera, porém, os corpos evaporadores que trabalham com pressão
negativa, ou seja, abaixo da pressão atmosférica, a degasagem é feita direcionando os
gases para a linha de vapor que será utilizado no evaporador do efeito seguinte, visto que
esse vapor possui uma pressão menor, pois se abríssemos uma tomada de degasagem
para atmosfera, como a pressão externa seria maior, ao invés de retirar os gases
incondensáveis, o que aconteceria é que o ar ambiente externo entraria para dentro do
corpo evaporador.
Acima temos um evaporador que trabalha com pressão abaixo da pressão atmosférica
com a tomada de condensado ligado na linha de vapor que entrará no efeito seguinte. Este
sistema é necessário para que ocorra a degasagem em pressões negativas, porém, é difícil
de controlar a quantidade vapor que acaba saindo com os gases e entrando no efeito
seguinte.
91
Bruno Henrique Francisco
Figura 48 – Degasagem no último efeito
Como exemplo, a imagem acima contém o último efeito da evaporação com a sua
degasagem ligada ao condensador. No caso dos condensadores do tipo multijatos, os
gases incondensáveis são arrastados através da pressão de água adicionada no
condensador, já no caso das colunas barométricas instaladas no último efeito, a retirada
dos gases incondensáveis ocorre através de bombas de vácuo.
O capitulo em questão é sobre evaporação, porém, é importante ressaltar que a
retirada dos gases incondensáveis deve ser realizada em todas as etapas em que exista
vapor sendo injetado em calandras, isto serve para a evaporação do caldo, vácuos de
cozimento e aquecedores de caldo.
Tipos de Evaporadores
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Bruno Henrique Francisco
Evaporador tipo Robert ou Convencional
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Bruno Henrique Francisco
da pressão hidrostática na parte inferior do corpo, e esse aumento faz com que a
temperatura de ebulição do caldo nesta região aumente, além disso, nível muito alto pode
ocasionar arraste de caldo no vapor.
Assim como qualquer evaporador, a retirada de condensado deve estar posicionada
acima do espelho inferior da calandra e a degasagem deve estar posicionada acima do
espelho inferior da calandra e abaixo do espelho superior da calandra conforme a figura
acima.
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Figura 50 – Evaporador Falling Film
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Figura 50 – Evaporador Névoa Turbulenta
O evaporador de névoa turbulenta possui tubos longos que se estendem por todo o
corpo do evaporador, portanto, a área de evaporação deste equipamento costuma ser
grande, justamente para não precisar existir a recirculação de caldo no próprio corpo.
A evaporação do caldo ocorre somente na parte interna dos tubos e a alimentação de
caldo nestes evaporadores ocorre através de bombeamento que envia o caldo até a parte
superior do corpo e chegando até o bico distribuidor. Uma característica importante deste
sistema de evaporação é o comportamento do caldo na entrada do corpo, pois assim como
no evaporador Falling Film, é importante garantir que o caldo seja distribuído por igual em
todos os tubos, porém, quando o caldo entra no evaporador de névoa turbulenta, ocorre
um flasheamento devido à queda de pressão ocasionada pela altura vencida pelo caldo,
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Bruno Henrique Francisco
esse flasheamento faz com que o caldo se disperse no evaporador na forma de gotículas
formando um tipo de névoa turbulenta.
O vapor extraído do caldo no interior dos tubos é direcionado para fora do corpo e o
caldo concentrado é retirado pelo fundo do equipamento. Em relação ao nível de trabalho
do caldo do evaporador de nevoa turbulenta, o mesmo geralmente fica localizado fora do
corpo, isso devido ao local de retirada de vapor vegetal estar próximo ao fundo do corpo,
desta forma, não existe possibilidade de manter o nível de caldo no corpo, pois certamente
irá ocorrer arrastes no vapor. O nível de caldo pode ser controlado em tanques ou tubos na
saída do evaporador.
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Bruno Henrique Francisco
Pressão Temperatura Entalpia do Entalpia do Calor
Manométrica Líquido Vapor Latente de
Evaporação
0 99,09 99,1 638,9 539,7
0,2 104,2 104,3 640,8 536,5
0,5 110,7 110,9 643,1 532,2
0,7 114,5 114,7 644,5 529,7
1,0 119,62 119,8 646,2 526,4
1,5 126,79 127,2 648,6 521,5
2,0 132,88 133,4 650,6 517,3
2,5 138,19 138,8 652,3 513,5
3,0 142,92 143,6 653,4 510,1
3,5 147,2 148 654,7 506,7
4,0 151,11 152,1 655,8 503,7
4,5 154,71 155,8 656,9 501,1
98
Bruno Henrique Francisco
eficiência visto que o caldo entra no corpo evaporador com a temperatura próxima da
temperatura de ebulição. Esse processo de reaquecimento pode ser realizado com
trocadores a placa ou casco tubo, de modo que o caldo clarificado ao sair do decantador
irá ser aquecido novamente antes da evaporação.
Para a construção do balanço termodinâmico da evaporação, primeiramente
precisamos calcular a quantidade de vapor gasto no pré-evaporador para aquecer o caldo
até o ponto de ebulição. Para isto, vamos arbitrar um valor de temperatura para o caldo
clarificado na entrada do evaporador igual a 110°C, esta temperatura é resultante de um
processo que possui reaquecimento que pode ocorrer com vapor vegetal ou até mesmo
vapor de escape. O calor específico que vamos utilizar para o caldo será de 0,9 Kcal/Kg/°C,
lembrando que o calor específico é a quantidade de energia necessária para que certa
quantidade de uma substância sofra variação na sua temperatura em 1°C, este parâmetro
já foi explicado nos capítulos anteriores, no caso do caldo clarificado, podemos adotar este
valor de 0,9 Kcal/Kg/°C de calor específico com tranquilidade.
Vamos realizar o cálculo para determinar a quantidade de vapor de escape consumido
para aquecer o caldo clarificado até a temperatura de ebulição. Vamos realizar este cálculo
por etapas.
A elevação no ponto de ebulição existe devido aos sólidos que estão dissolvidos no
caldo. Como analogia, a nível do mar, o ponto de ebulição da água está na temperatura de
100°C, caso esta mesma água tenha um brix de 21% conforme no exemplo acima, o ponto
99
Bruno Henrique Francisco
de ebulição passa a ser de 100,53°C (100°C + 0,53°C), ou seja, será necessária uma
quantidade maior de energia térmica para evaporar a água devido aos sólidos dissolvidos.
Esse valor deve ser considerado para a realização do balanço.
Consumo de Vapor = Vazão de Caldo x Calor esp x (Temp. Caldo Saída – Temp. Caldo Entrada)
Entalpia do Vapor na Alimentação
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Consumo de Vapor = 380.000kg/h x 0,9 x (115,06 – 110) = 2668 kg/h
648,6
Podemos agora definir a vazão de vapor útil para a evaporação conforme cálculo
abaixo:
101
Bruno Henrique Francisco
Vapor Útil = Vazão vapor – Perdas radiação – Gases incondensáveis – Vapor de aquecimento
Vapor Útil = 190.000 kg/h – 950 kg/h – 2850 kg/h – 2668 kg/h= 183.532 Kg/h
Vapor Gerado = Calor latente do vapor de alimentação x Vazão de Vapor útil na alimentação
Calor latente do vapor gerado
O cálculo acima determinou uma vazão de 180.677 kg/h de vapor vegetal 1 gerado
no pré-evaporador.
102
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Vazão de Caldo na saída = Vazão de caldo na entrada – Vazão de vapor gerado
Acima calculamos a vazão de caldo na saída, sabendo que o brix de caldo na entrada
do evaporador é um parâmetro já conhecido, podemos também calcular o brix do caldo na
saída. Lembrando que no início deste balanço termodinâmico, nós estimamos uma média
de brix do evaporador para determinar a elevação do ponto de ebulição, portanto, agora
vamos calcular o brix na saída e veremos que o valor será praticamente o mesmo, ou seja,
na hora de estimar o brix de caldo na saída do evaporador é necessário ter critério.
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Bruno Henrique Francisco
Figura 51 – Balanço termodinâmico do pré-evaporador
Na tabela exposta acima, vimos que a planta produtora do nosso exemplo consome
vapor vegetal 1 em outros setores além da evaporação. As vazões de consumo nos demais
setores são determinadas a partir de balanços ou medidores de vazão. De acordo com a
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Bruno Henrique Francisco
tabela de sangrias do primeiro efeito, somando todas as demandas, existe um consumo de
131.000 kg/h de vapor vegetal que é distribuído entre a fábrica de açúcar, aquecimento do
caldo e destilaria.
Dando continuidade ao nosso balanço termodinâmico, através dos cálculos nós
determinamos que no primeiro efeito foi gerado uma vazão de 180.677 kg/h de vapor
vegetal 1. Vimos também que do total de vapor gerado, 131.000 kg/h serão utilizados em
outros setores como sangria, portanto, o vapor vegetal 1 disponível para o segundo efeito
será de 49.677 Kg/h e a partir desta vazão, iremos determinar o vapor vegetal 1 útil para o
segundo efeito e posteriormente finalizar o balanço para este módulo.
Vapor disponível para o segundo efeito = 180.677 kg/h – 131.000 kg/h = 49.677 kg/h
Agora que sabemos a vazão de vapor vegetal 1 disponível para o segundo efeito,
iremos calcular a vazão de vapor útil, ou seja, desconsiderar a parcela de gases
incondensáveis e a perda existente por radiação. Abaixo segue o cálculo para determinar
a perda de vapor por radiação.
O cálculo acima determinou uma perda de 248 Kg/h de vapor por radiação, vamos
agora calcular a parcela de gases incondensáveis.
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Bruno Henrique Francisco
Vapor Útil = Vazão vapor – Perdas radiação – Gases incondensáveis
Vapor Útil = 49.677 kg/h – 248,38 kg/h – 745,15 kg/h = 48.683 Kg/h
Como já foi dito neste capitulo, o caldo que sai do primeiro efeito da evaporação e é
encaminhado para o segundo efeito sofre uma expansão devido à queda de pressão
existente, esse fenômeno ocorre da mesma forma nos efeitos seguintes, por esta razão, já
concluímos que não existe consumo de vapor para aquecimento do caldo até o ponto de
ebulição a partir do segundo efeito. A expansão do caldo acaba fazendo com que o mesmo
sofra um flasheamento liberando assim uma parcela de sua massa na forma de vapor. O
cálculo para determinar o flasheamento do caldo durante a expansão depende de alguns
valores que precisamos arbitrar.
O primeiro passo para determinar o vapor gerado através do flasheamento é arbitrar
um valor de brix na saída do equipamento para que através deste valor possamos calcular
o brix médio do evaporador, basicamente repetir o mesmo procedimento para obter a média
de brix do primeiro efeito que já calculamos neste capítulo. Para a realização deste cálculo
vamos estimar um brix de 38% na saída do evaporador, sabendo que o brix na entrada é
de 28,59% conforme já calculamos acima, podemos concluir que a média de brix será de
33% aproximadamente, vamos então utilizar esse valor para calcular a elevação do ponto
de ebulição (E.P.E) para determinar a temperatura do caldo na saída, o cálculo é
exatamente o mesmo que utilizamos acima para calcular o pré evaporador.
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Bruno Henrique Francisco
Para a realização do cálculo acima, utilizamos a temperatura do vapor vegetal 2
retirado da tabela de vapor saturado referente à uma pressão de 0,2 kgf/cm2. O calor
específico também precisa ser calculado pois é um parâmetro que será utilizado no cálculo
do vapor gerado pelo flasheamento. O detalhe importante para a determinação do calor
específico é que o brix a ser utilizado será o brix da entrada do evaporador, que é a região
onde ocorrerá o flasheamento do caldo. Abaixo segue o cálculo para o calor específico do
caldo.
Agora que possuímos os dados necessários, vamos aplicar a fórmula para determinar
o vapor gerado a partir do flasheamento do caldo.
Vapor Gerado Flash = Vazão de Caldo x Calor esp x (Temp. Caldo Entrada – Temp. Caldo na saída)
Entalpia do Vapor gerado
Vapor Gerado = Calor Latente do vapor de alimentação x Vazão de Vapor útil na alimentação
Calor Latente do vapor gerado
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Bruno Henrique Francisco
Do total de vapor que será gerado no evaporador, já determinamos a parcela de vazão
referente ao flasheamento do caldo e a parcela de vapor gerado através da liberação do
calor latente do vapor do módulo anterior. Vamos agora somar as duas parcelas para
determinar a vazão total de vapor vegetal 2 gerado no segundo efeito.
Vapor Vegetal 2 Gerado no Efeito = Vapor liberado por Flash + Vapor Liberado pela Condensação
Com a vazão de saída de caldo no efeito, podemos calcular o brix de saída deste
caldo de acordo com os parâmetros calculados até agora.
Com os dados que foram calculados até agora em relação ao segundo efeito,
podemos fechar o balanço calculando a vazão de água condensada conforme o cálculo
abaixo.
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Bruno Henrique Francisco
Figura 52 – Balanço termodinâmico do primeiro e segundo efeito
Como já foi dito, neste capitulo de evaporação realizamos dois tipos de balanço, o
primeiro foi simplificado sem considerar alguns princípios termodinâmicos, ressaltamos que
podemos utilizar este método para controle de processo no nosso dia a dia dentro das
plantas produtoras. O segundo método que utilizamos para montar o balanço de
evaporação requer mais cuidados pois se trata de um balanço detalhado com conceitos de
termodinâmica.
Para o método termodinâmico, calculamos somente do primeiro e segundo efeito,
porém, basta seguir a mesma linha de cálculos e raciocínio para montar o balanço dos
demais efeitos da evaporação, substituindo apenas os valores.
A evaporação deve ser controlada a fim de manter todo o balanço térmico da usina
padronizado, portanto, os parâmetros de operação devem ser elaborados com o mais alto
nível de critério, pois sem sombra de dúvidas, uma evaporação bem conduzida trará ganhos
energéticos altamente significativos para o processo como um todo.
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Bruno Henrique Francisco
Capitulo 8
Fabricação de Açúcar
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Bruno Henrique Francisco
O xarope é o caldo concentrado derivado da evaporação, já comentamos sobre ele
no capitulo de evaporação do caldo, este fluido possui Brix com valores próximos de 65%,
além de sua concentração de sólidos, a sua pureza pode variar entre 70 e 85%, claro que
esta pureza depende da qualidade da cana e de cuidados operacionais. Só para recapitular,
a pureza indica a porcentagem de sacarose em relação a concentração total de sólidos
dissolvidos. Para ficar claro, vamos aplicar um exemplo para avaliar a composição do
xarope. Vamos adotar um xarope com 62,6°Brix e pureza de 85%, para estes parâmetros,
adota-se uma vazão de 91 ton/h de xarope sendo direcionado para a fábrica de açúcar,
sendo assim, vamos calcular a vazão de sólidos e a vazão mássica de sacarose pois
assim iremos obter a quantidade de açúcar que está entrando para dentro da fabricação de
açúcar. Vamos dividir os cálculos em etapas.
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Bruno Henrique Francisco
quantidade total de açúcar que foi recuperado do xarope na forma de cristais. Uma fábrica
com recuperação de 80% indica que de toda a massa de sacarose que entrou na fábrica
de açúcar, 80% desta massa se transformaram em cristais de açúcar acabado e o restante
foi enviado junto ao mel final ou sofreram degradação durante o cozimento. Valores de
recuperação acima de 78% já são satisfatórios para sistemas de duas massas.
O esgotamento da sacarose contida no xarope irá ocorrer durante o cozimento. Esse
processo ocorre em equipamentos denominados de cozedores, tachos ou vácuos. O
xarope é adicionado dentro do cozedor onde terá parte de sua água evaporada atingindo o
grau de saturação ideal para que a sacarose seja esgotada.
112
Bruno Henrique Francisco
Figura 53 – Cozedor de Fábrica de Açúcar
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derivado da massa A, mel rico derivado da massa A, mel misto derivado da massa B entre
outros, porém, alguns dos fluídos citados dependem do tipo de dimensionamento que se
adota na fabricação além da quantidade de massas produzidas, o importante é garantir que
a alimentação seja bem dimensionada no centro do cozedor para facilitar a distribuição e
recirculação.
O dosador de semente deve ser instalado de maneira que o fluido entre até o centro
do cozedor para manter a boa distribuição, além disso, é importante dimensionar o dosador
de semente de maneira correta para evitar a entrada de ar no momento da dosagem, essa
entrada de ar irá interferir na pressão do cozedor além de causar incrustação das sementes
na parede do tubo e até mesmo entupimento da linha.
O cozedor deve conter em seu corpo uma válvula automática direcionada para a
atmosfera que tem como objetivo tirar o vazio de dentro do cozedor, estas válvulas
chamadas de quebra-vácuos são abertas em alguns momentos da operação, por exemplo,
quando a massa é despejada nos cristalizadores.
Com o avanço das automações dentro das indústrias, o melhor método de medir o
nível de um cozedor é através do transmissor de nível, porém, torna-se indispensável a
instalação de visores logo acima do espelho superior até a altura do seu nível máximo de
enchimento. Os visores auxiliam o operador a visualizar o nível do equipamento, observar
a agitação da massa, avaliar a viscosidade da massa e até mesmo a velocidade do
cozimento.
Assim como nos evaporadores de múltiplo efeito, os cozedores também devem
possuir separadores de arrastes para evitar que resíduos de açúcar sejam arrastados com
o vapor até os condensadores e posteriormente contaminando a água condensada
causando assim perdas e danos ao processo. O vapor após deixar o separador de arraste
é enviado até o condensador para condensar e gerar o vazio do cozedor.
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Bruno Henrique Francisco
Figura 54 – Fluxograma de cozimento de massa A
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esta quantidade de magma chamamos de pé de cozimento ou pé de magma. Estando então
o cozedor com um terço de seu volume ocupado pelo magma, inicia-se o cozimento com
adição de xarope.
Durante a alimentação de xarope no cozedor, é importante que o operador esteja
atento com vários parâmetros que podem interferir na condução do cozimento. Hoje
existem cozedores que são totalmente automatizados, desde o inicio até o final do
cozimento, porém, isso não isenta o operador de estar sempre atento com a condução do
processo. Abaixo seguem alguns parâmetros que devemos observar durante o cozimento.
Agitação da massa durante o cozimento: A agitação da massa durante o cozimento é
essencial para que exista uma boa esgotabilidade, para que o cristal seja bem formado e
para que as perdas por inversão durante o cozimento sejam mínimas. Através dos visores
existentes no cozedor, o operador deve acompanhar como está se comportando a agitação
durante o cozimento. A falta de agitação pode estar relacionada com a pressão do vapor,
viscosidade da massa, pressão hidrostática e brix do xarope ou mel. Lembrando que além
do vapor com baixa pressão, viscosidade alta também dificulta o escoamento da massa
durante o cozimento e o brix muito alto do xarope ou mel dificulta a agitação devido a menor
quantidade de água presente e consequentemente, menor borbulhamento da massa.
Temperatura do cozimento: A temperatura é um parâmetro que não pode ser esquecido
durante todo o processo de cozimento. O operador deve acompanhar a temperatura para
garantir que o cozimento permanecerá na zona adequada de cozimento. Desvios na
temperatura podem dissolver cristais já formados, criar novos cristais indesejáveis e
aumentar a taxa de degradação térmica da sacarose.
Aspecto físico do cristal: Os cozedores possuem o que chamamos de sonda, são
amostradores que nos possibilitam coletar quantidades de amostras da massa durante o
cozimento. Geralmente utilizamos uma lâmina de vidro onde colocamos a massa, essa
lâmina nos permite avaliar o tamanho dos cristais, quantidade de cristais ou formação de
cristais falsos (poeira). Através desta sonda, o operador também pode avaliar a viscosidade
da massa.
Após o enchimento do cozedor, a massa é arreada (descarregada) para o
cristalizador. Lembrando que o cozimento pode ser realizado mais de uma vez antes de
descarregar a massa para o cristalizador, esta operação ocorre através de cortes entre os
cozedores visando o esgotamento da massa e crescimento dos cristais. Antes de
descarregar a massa para o cristalizador, o operador deve concentrar a massa cozida para
valores próximos de 93° brix, pois com esta concentração o esgotamento é mais eficiente
e a massa fica em condições ideais para a centrifugação.
O chamado corte entre os vácuos nada mais é do que o prolongamento do cozimento
a fim de se obter a granulometria e o esgotamento desejado. Após o enchimento do vácuo
até o seu limite máximo, caso o cristal ainda não tenha alcançado o tamanho desejado,
torna-se necessário prolongar o cozimento transferindo parte da massa para outro vácuo.
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Bruno Henrique Francisco
Figura 55 – Sistema de Corte
A imagem acima contém dois vácuos interligados para corte de cozimento e a linha
alaranjada indica o nível dos cozedores após o corte, nota-se que através de uma tubulação
que interliga os dois cozedores, a massa é transferida de um cozedor que está cheio para
outro cozedor que está vazio, desta forma, ocorre o prolongamento do cozimento e
crescimento dos cristais. A quantidade de cortes depende do tamanho dos cristais,
capacidade dos cozedores e quantidade de equipamentos disponíveis na fábrica. O corte
pode ser realizado entre os cozedores ou entre cozedores e as sementeiras que são tanque
de armazenamento de massa. A transferência da massa para a sementeira ou para outro
cozedor deve ser rápida para evitar perdas de tempo de cozimento, para isto, torna-se
necessário em alguns casos tirar a pressão negativa do cozedor que contém a massa e
fazer pressão negativa no cozedor que irá receber a massa, desta a forma, a massa é
transferida mais rápida mesmo contendo alta viscosidade.
Após o cozimento da massa A, a massa é descarregada para dentro de um tanque
denominado cristalizador e após certo tempo de retenção, a massa é enviada para a
centrífuga de massa A, ainda neste capitulo iremos detalhar os cristalizadores. Durante o
cozimento, a massa que está em recirculação dentro do cozedor é composta por uma
mistura de mel (licor mãe) e cristais sólidos de açúcar, a separação destes dois
componentes é realizada dentro da centrifuga de massa A. Após a separação, os cristais
de açúcares são enviados para a secagem e armazenamento como produto acabado, já o
mel é separado e enviado novamente para o cozimento da massa B com o objetivo de
esgota-lo.
Existem centrífugas de massa A que separam um único tipo de mel que denominamos
de mel misto. Existem também centrífugas que separam dois tipos de méis, um de pureza
mais baixa que denominamos mel pobre e outro com pureza mais alta que denominamos
mel rico, adiante iremos abordar com detalhes as características e a formação destes
fluídos.
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Figura 56 – Fluxograma de fabricação de açúcar
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Comumente o vácuo de massa B é alimentado com mel misto ou mel pobre, isto irá
depender do tipo de operação que se adota na fabricação. Da mesma forma que ocorre na
massa A, na massa B a massa cozida também é descarregada em cristalizadores para
posterior centrifugação conforme figura abaixo.
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Bruno Henrique Francisco
Esgotabilidade dos Méis
De acordo com a tabela acima, a massa A possui uma pureza superior a pureza do
xarope devido ao pé de magma com pureza que pode variar de 89 até 94%, podemos
observar também uma queda de pureza entre o xarope e o mel pobre que pode chegar até
15 pontos, representando uma queda de 17,64% da massa A para o mel pobre. É
importante lembrar que para sistemas que não possuem separação de mel rico e pobre na
massa A, a pureza do mel misto fica próxima de 75%, devido à mistura com o mel rico da
lavagem do açúcar. Resumindo, na centrífuga de massa A podemos obter um mel pobre
com pureza próxima de 70% ou o mel misto com pureza próxima de 75%, isso irá depender
se a máquina possui separação de méis. Esses valores podem ser ainda melhores com um
bom cozimento seguido de alta esgotabilidade.
Levando em consideração a queda de pureza em um cozimento de massa B,
podemos obter com um bom processo os valores abaixo:
Massa B = pureza do mel pobre
Mel Final 15 a 20 pontos < pureza da Massa B
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Bruno Henrique Francisco
A tabela acima aponta uma queda de até 20 pontos entre a massa B e o mel final,
este valor representa uma queda de pureza de 28,57% da massa B para o mel final, caso
o mel utilizado no cozimento da massa B fosse o mel misto de pureza mais alta, no final
teríamos um mel final com pureza também mais alta de acordo com as proporções da
tabela. É importante ressaltar que a pureza não muda quando ocorre a diluição, isto porque
a pureza é a relação entre a pol e o brix, portanto, como a diluição ocorre na mesma
proporção para a pol e o brix, o resultado da relação não se altera, ressalto isto devido a
diluição do mel da massa A.
Os dados acima mostram os valores de quedas de pureza que devemos buscar em
uma fábrica de açúcar através da esgotabilidade para sistemas de duas massas, porém,
sabemos também que nem sempre as moléculas de sacarose estarão ao nosso dispor no
licor mãe, existem inúmeros fatores que contribuem para a diminuição da esgotabilidade
como viscosidade da massa, composição da massa, condições operacionais entre outros.
A formação dos cristais de sacarose pode ser explicada com base em interações
intermoleculares e intramoleculares do tipo Ponte de Hidrogênio ou mais corretamente,
Ligações de Hidrogênio. Se analisarmos a estrutura da sacarose, observamos que a
mesma possui átomos de hidrogênio ligados ao oxigênio, condição essa que possibilita a
formação de ligações de hidrogênio conforme figura abaixo:
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diminuir. A migração não é um fenômeno que ocorre por si só, pois depende da entropia do
sistema e agitação, pois as moléculas de sacarose não irão se locomover por conta própria
para as superfícies dos cristais, essa migração depende da agitação do vácuo, além de
outros fatores de qualidade da massa.
A viscosidade da massa é um fator que está intimamente ligada a migração das
moléculas de sacarose para os cristais, isso devido à dificuldade de migração em meio a
alta viscosidade, é por esta razão que alguns compostos podem dificultar a cristalização do
açúcar. Alguns compostos encontrados na cana interferem na migração das unidades de
sacarose, como exemplo, temos as ceras ou as dextranas que são compostos poliméricos
que aumentam a viscosidade da massa e dificultam a migração e crescimento dos cristais.
A diminuição ou o aumento da esgotabilidade dos méis será facilmente percebido
através da análise de pureza do mel final, podemos afirmar que valores ótimos para essa
pureza estão abaixo de 55% para sistemas de duas massas.
Abaixo vamos construir um balanço mássico para determinar a recuperação da fábrica
de açúcar. Para a realização dos cálculos iremos adotar um xarope que contém uma pureza
de 85% e brix de 60%, para o mel final produzido vamos adotar uma pureza de 60% e brix
de 85%. Vamos realizar os cálculos para determinar qual seria o valor de recuperação de
uma fábrica operando nestas condições. A vazão de xarope para esse exemplo será de 75
ton/h.
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3° Etapa: Calculando a vazão de Impurezas no xarope:
Vazão de Sacarose no Mel Final = Vazão de Impureza no xarope x pureza do mel final
(100 – Pureza do mel final)
Vazão de Mel de Final = ( Vazão de Sacarose no mel final + Vazão de Impureza no xarope)
Brix do mel final
100
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Figura 59 – Balanço de recuperação de fábrica
No balanço simplificado acima, temos uma pureza um tanto alta no mel final indicando
uma baixa esgotabilidade, sendo assim, resultando em uma baixa recuperação de fábrica,
vale lembrar que valores ótimos para uma recuperação de fábrica são acima de 78%. Os
resultados foram obtidos através de um simples balanço, porém, podemos aplicar a
seguinte fórmula para chegar no mesmo resultado.
Recuperação % = S . ( J - M )
J.(S-M)
A fórmula SJM expressa uma quantidade teórica de sacarose presente no xarope que
é possível de se transformar em cristais de açúcar acabado, podemos fazer a seguinte
aplicação para tomarmos como exemplo:
Dados:
Pureza Xarope = 85%
Pureza do Mel Final = 60%
Pol do Açúcar = 99,98 %
99,98 . ( 85 - 60 ) = 73,55 %
85 . ( 99,98 - 60 )
A aplicação dos dois casos acima (balanço simples e fórmula SJM) fornece os valores
aproximados de recuperação, porém, vimos que são valores baixos devido à pureza do mel
final alta (60%), representando assim uma baixa esgotabilidade. Essa esgotabilidade baixa
pode ser derivada de inúmeros fatores que já comentamos neste capítulo.
Agora vamos observar um balanço simplificado de uma fábrica com alta
esgotabilidade considerando uma pureza do mel final com 50%. O balanço abaixo foi
124
Bruno Henrique Francisco
realizado através dos mesmos cálculos que já utilizamos acima e chegamos nos seguintes
resultados.
99,98 . ( 85 - 50 ) = 82,36 %
85 . ( 99,98 - 50 )
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Cristalização da Sacarose
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forma, o cristal ganha estabilidade para continuar o seu desenvolvimento até atingir a
granulometria desejada, esta união de moléculas de sacarose estável no estado sólido
cristalino recebe o nome de núcleo, isto é, a formação deste agrupamento estável (que não
corre o risco de dissolver novamente) de moléculas de sacarose é chamada de nucleação.
De acordo com Van Hook (1959) e citado por Paulo Mantelatto (2005), o agrupamento
estável de moléculas de sacarose é formado por 80 moléculas deste dissacarídeo
correspondendo a um raio crítico de 190 nm, esta quantidade garante que o núcleo se forme
e sobreviva como cristal.
Mesmo sabendo que o licor mãe se encontra supersaturado, ainda existe alguns
pontos de água na massa que são capazes de dissolver cristais, isto porque estamos
sempre alimentando o sistema com mais água proveniente do xarope ou mel, e além disto,
continuamente as moléculas dissolvidas estão migrando da solução para os cristais,
criando assim condições para dissolver outras moléculas ou núcleos não estáveis, por esta
razão, é necessário que o núcleo estável se forme, pois desta forma, desde que as
condições de cozimento não se altere, o cristal não sofrerá dissolução.
Diante dos fatos mencionados acima, criou-se um gráfico contendo as curvas de
subsaturação, saturação e supersaturação da sacarose com a intenção de aperfeiçoar o
processo de cristalização. Podemos encontrar este gráfico facilmente na literatura como,
por exemplo, na obra de Peter Rein. Antes de fazer uma análise do gráfico em questão,
temos que saber que as condições de solubilidade, concentração e temperatura do gráfico
em questão são totalmente verdadeiras para soluções puras de sacarose, ou seja, levando
em consideração que o caldo de cana possui vários componentes além da sacarose,
podem existir variações dos valores de saturação na prática, pois outras substâncias podem
alterar o coeficiente de solubilidade do meio, mesmo diante destas variações, os valores do
gráfico servem como uma faixa de cozimento segura que ajuda a evitar o surgimento de
núcleos indesejados.
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Figura 61 – Curva de saturação (Fonte: Peter Rain)
Zona Metaestável
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a esgotabilidade do mel, ou seja, é transformar o soluto (sacarose) que está em solução
em um sólido cristalino conforme já foi explicado acima, vimos também que para este
processo ocorrer é necessário concentrar a solução até o ponto de supersaturação.
Sabendo que o CSS – 1,0 do gráfico indica a máxima quantidade de sacarose que se pode
dissolver em determinada quantidade de água (ponto de saturação), fica claro que a
supersaturação está em qualquer faixa acima da curva CSS – 1,0.
A zona metaestável está posicionada entre a CSS – 1,0 e a CSS – 1,2, porém, antes
que exista alguma dúvida, é importante entendermos que os valores das curvas indicam a
porcentagem de soluto contido a mais na solução em relação à curva de saturação – 1,0
na mesma temperatura. Vamos analisar o gráfico abaixo para deixar bem claro.
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3,0 kg de sacarose x 1,2 = 3,6 Kg de sacarose (aumento de 0,2 ou 20%)
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for inferior a 7 µm, a sua estabilidade diminui e a sua dissolução é facilitada, portanto,
sementes com tamanhos superiores a 7 µm são mais estáveis.
O preparo da semente é realizado a partir de cristais de açúcares já formados. Para
o preparo da semente, primeiramente temos que misturar os cristais de açúcares já
formados com etanol anidro na proporção de 1kg de açúcar para cada 2 litros de etanol
anidro. A utilização do etanol na mistura não permite que a sacarose sofra dissolução
devido a não solubilidade do açúcar em meio alcoólico. O álcool anidro é mais indicado por
possuir menor quantidade de água em relação ao álcool hidratado.
Após realizar a mistura, é necessário moer os cristais durante um tempo que pode
variar entre 4 e 6 dias, pois desta forma, todos os cristais serão moídos em tamanhos cada
vez menores até que após o período correto, todos os cristais ficarão com tamanhos
parecidos para manter o padrão do crescimento. O moinho mais utilizado para o preparo
da semente é um cilindro que contém esferas de aço ou de porcelana na parte de dentro e
a partir de um movimento giratório, o açúcar é moído através do atrito com as esferas, por
esta razão, é necessário manter o açúcar em meio líquido para melhor locomoção ao redor
das esferas, que no caso em questão, o meio líquido é o etanol.
Após o período correto de moagem da semente, a mistura deve ser retirada e
armazenada em um local que chamamos de maturador de semente, esta etapa exige
tempo, pois quanto mais dias a semente ficar em repouso, mais uniforme será a sua
estrutura.
Como já foi mencionado, as sementes devem ter tamanho padrão, vamos adotar 10
µm para facilitar o entendimento. Quando adicionamos certa quantidade de semente com
10 µm junto ao mel concentrado e supersaturado, o que irá ocorrer é que as moléculas de
sacarose que irão sair da solução devido a supersaturação do sistema não terão
estabilidade suficiente para se unirem e formar cristais novos, isto porque os cristais de
semente que foram adicionados já possuem estabilidade suficiente para se ligar as
moléculas de sacarose, portanto, não serão formados novos cristais e os cristais de
semente adicionados irão crescer. É importante deixarmos claro que esse crescimento irá
ocorrer somente se as condições de concentração, pureza e temperatura estiverem dentro
da zona ideal de cozimento.
Os cristais utilizados para a formação das sementes são geralmente produzidos na
própria unidade ou comprados em prateleiras de supermercado. O procedimento
aconselhável é realizar uma separação dos cristais maiores de maneira uniforme, através
de peneiramento, pois mesmo os açúcares produzidos na planta ou comprados já
embalados possuem coeficiente de variação de tamanho dos cristais e por questão de
precauções, usualmente separamos os cristais uniformes para adicionar na mistura com
etanol e iniciar o preparo da semente. Ora, o leitor pode estar se perguntando se realmente
é necessário peneirar o açúcar visto que após 4 ou 6 dias de moagem, os cristais estarão
uniformes, realmente não seria necessário, porém, como boa prática, várias unidades
produtoras realizam este procedimento, a explicação é que a cristalização é sagrada e
determina a qualidade final do cristal, portanto, todo o cuidado é pouco.
131
Bruno Henrique Francisco
Práticas Adequadas para a Cristalização
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Bruno Henrique Francisco
calandra. Este mel deve conter características compatíveis com a cristalização visto que
este processo deve ocorrer na zona metaestável.
Antes de utilizarmos o mel misto ou pobre no cozimento da massa B é necessário
garantirmos que ele estará nas condições ideais. Primeiramente o mel deve sofrer diluição
para garantir que todos os cristais que possam estar presentes sejam diluídos, desta forma
esses cristais não irão continuar crescendo no cozimento da massa B.
O mel que será utilizado na cristalização deve ser cuidadosamente controlado em
relação aos parâmetros de concentração e pureza, pois estas grandezas influem na
eficiência da cristalização por semeadura, pois esses parâmetros irão determinar o ponto
da curva de saturação em que a cristalização irá ocorrer. É necessário avaliar a pureza que
o mel se encontra e em alguns casos, devemos misturar o mesmo com outro tipo de fluído
para garantir uma pureza ideal durante o cozimento.
Após garantirmos que o mel está em condições ideais de concentração e pureza, é
necessário sabermos qual o momento exato da adição da semente, alguns operadores
utilizam o clássico ponto de fio que nada mais é que um método utilizado para saber se o
mel já está na concentração adequada, na prática, este método serve como um norte muito
bom para saber o momento da injeção da semente. Resumindo, o operador coleta uma
amostra do mel concentrado através da sonda do cozedor e avalia a sua concentração
visualmente, esticando o mel entre o dedo indicador e o dedo polegar, o operador pressiona
a amostra entre os dedos e posteriormente abre os dedos para avaliar o tamanho do ponto
de fio, caso o fio formado se esticar por até 1,5cm, isso indica que a massa está
concentrada para a injeção de semente. O ponto de fio indica uma concentração próxima
do valor adequado para a semeadura, porém quando vamos levar em consideração a
pureza, torna-se necessário realizarmos alguns cálculos que ajudam nas tomadas de
decisões, esses cálculos tornam o processo de cristalização mais seguro e eficiente.
Para a realização dos cálculos onde iremos determinar o ponto exato da dosagem da
semente, vamos adotar um mel com brix de 82% e pureza de 75% para aplicar em nosso
exemplo de cristalização. Lembrando que o mel estava diluído com brix próximo de 65%
antes de entrar no cozedor, porém, o mesmo foi concentrado até alcançar o brix de 82%.
Através do cálculo abaixo vamos entender se o mel nestas condições está dentro da zona
ideal de cozimento.
133
Bruno Henrique Francisco
Partindo de um volume de 100 ton de mel (base de cálculo), através do brix do mel
concentrado conseguimos calcular a massa total de sólidos.
A pureza do mel diluído é um parâmetro conhecido que o laboratório deve analisar sempre
antes da cristalização. Através da pureza e da vazão mássica de sólidos do mel,
conseguimos calcular a massa total de sacarose conforme cálculo acima.
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Bruno Henrique Francisco
Figura 63 – Curva de saturação
No gráfico acima está identificado com um ponto vermelho o local exato da curva onde
a cristalização do nosso exemplo está ocorrendo. Como já mencionamos anteriormente, a
zona metaestável é a região onde a cristalização deve ocorrer, no gráfico em questão, a
região em que a cristalização está sendo realizada pode ser considerada como ideal e
segura, isto porque a zona intermediria (entre a zona metaestável e saturada) está distante
e com isso o risco de criar novos cristais diminui e a região insaturada também está distante
diminuindo o risco de dissolver os cristais existentes.
Em relação à temperatura, adotamos como parâmetro 65°C, porém, se a faixa de
trabalho estiver entre 55 e 65°C, o cozimento ocorre de maneira adequada com baixo grau
de inversão. Ora, quanto mais alta a temperatura do cozedor, maior será a taxa de
degradação térmica da sacarose, portanto, a pressão negativa do vácuo deve estar bem
regulada para que a temperatura seja adequada. Abaixo na tabela contém alguns valores
de pressão (inHg) negativa com os pontos de ebulição respectivos da água.
135
Bruno Henrique Francisco
De acordo com a tabela acima, quanto maior for o vazio do vácuo de cozimento,
menor será a temperatura de cozimento. Quando regulamos o cozimento para 25 inHg de
vazio, a temperatura do sistema cai para 55,8°C proporcionando assim uma menor taxa de
degradação.
Resumindo tudo que vimos até agora sobre o nosso exemplo, a cristalização
realizada com um mel com 75% de pureza e 82% de brix (ponto de fio) sobre uma
temperatura de 65 °C irá ocorrer dentro da zona metaestável com baixo risco de dissolver
cristais ou formar cristais novos. As vezes o que pode existir é a necessidade de fazer uma
mistura de componentes para se atingir a pureza necessária, pois caso o mel esteja com a
pureza muito baixa, será necessário adicionar mel rico ou xarope para enriquecer a mistura
até se atingir a pureza necessária.
Lembrando que deixamos aqui apenas um exemplo que pode servir como base para
esclarecer dúvidas quanto a cristalização, e com os dados calculados acima, conseguimos
fazer a analogia entre o gráfico de saturação e a cristalização. É importante que toda a
cristalização seja feita já com os dados de qualidade analisados pelo laboratório para que
o operador saiba como a concentração e cristalização irá se comportar. Antes de iniciar a
concentração do mel é necessário que o valor de pureza seja conhecido, portanto, o
laboratório deve coletar uma amostra da mistura para fazer a pureza, e o ponto de fio deve
ser comprovado por análise de brix em laboratório ou por sondas para garantir que os erros
sejam os mínimos possíveis.
136
Bruno Henrique Francisco
Levando em consideração que podemos adicionar 100ml de semente para cada
100Hl de massa B arreada, vamos realizar os cálculos para determinar o tamanho dos
cristais que estarão presentes na massa B de acordo com a quantidade de semente
adicionada após todo o cozimento. Em nosso exemplo, vamos adotar um processo de
cristalização e cozimento da massa B onde a quantidade total de massa B arreada é de
3200 Hl de massa.
1° etapa: o primeiro cozimento foi realizado até o enchimento de um volume de 800 HL,
após esse cozimento, foram obtidos dois pés de 400 HL conforme figura abaixo:
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Bruno Henrique Francisco
Figura 64 – Fluxograma de corte
Podemos aplicar a fórmula para cada corte como avaliação de crescimento dos
cristais por cozimento conforme fluxo abaixo.
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Bruno Henrique Francisco
Figura 66 – Fluxograma de corte e crescimento dos cristais
Esta aplicação foi apenas para representar de maneira simples uma alternativa que
serve como base para dimensionamento de cortes de acordo com o tamanho de cristal
desejado no final do cozimento. Não podemos esquecer que o volume de semente
adicionado no início do cozimento também irá influenciar no tamanho final dos cristais e na
produção de açúcar, ou seja, a fórmula deixa clara que se aumentarmos o volume de
semente, os cristais tendem a diminuir o seu tamanho ou se reduzirmos o volume de
semente, os cristais tendem a aumentar o seu tamanho.
Quando dosamos a semente no cozedor, existe o inconveniente de grudar certa
quantidade de semente no tubo ou até mesmo dissolver, por esta razão, recomenda-se
dosar 100 ml a mais de semente para cada 100 Hl de massa B arreada, no caso podemos
adotar 200 ml/100 hl de massa B arreada para suprir os cristais de semente que irão se
perder por algum motivo.
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Bruno Henrique Francisco
não, claro que irá depender da experiência do cozinhador que está realizando a
cristalização para observar os cristais.
Quando os cristais ficam visíveis na massa, costuma-se neste momento iniciar um
processo de lavagem da massa que irá ajudar a diminuir a viscosidade da mistura dentro
do cozedor. A lavagem é realizada com água quente, pois a água fria pode resfriar a massa
causando a nucleação por choque.
A etapa de lavagem pode durar de 5 até 20 minutos, pois isto irá depender da
qualidade da massa cozida pois pureza baixa ou presença de gomas e ceras podem
aumentar a viscosidade da massa, por esta razão, pode ser necessário lavar com um tempo
maior. A lavagem deve ser realizada em condições ideais de maneira que o brix e a
temperatura da massa não se alterem para não ocorrer formação de cristais novos ou a
dissolução dos cristais já formados.
Diluição de Mel
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Bruno Henrique Francisco
Figura 67 – Diluição de mel
Quando o nível do cozedor atinge 100% (geralmente o último visor) o operador tem
duas opções na operação, continuar o cozimento ou descarregar para o cristalizador. Caso
o cozimento da massa B ainda não tenha terminado devido ao cristal não ter atingido o
tamanho desejado, o operador irá cortar a massa para outro cozedor ou descarregar para
uma sementeira e posteriormente puxar para o cozedor. Esta operação depende de fatores
que estão ligados ao dimensionamento da fábrica, como tamanhos dos cozedores e
disponibilidade de cozedores.
Para descarregar o vácuo é necessário tirar a pressão negativa do cozedor fechando
a água de resfriamento do condensador e posteriormente abrir a válvula quebra vácuo que
serve para comunicar o corpo do cozedor com a atmosfera, desta forma a massa é
descarregada por gravidade até o cristalizador ou sementeira. Caso o cozedor seja
descarregado por inteiro, é necessário realizar a limpeza do mesmo com fervura de água
para manter a eficiência do equipamento. Todo o cozedor precisa ser limpo com a adição
de vapor no corpo após cada cozimento, além disto, é aconselhado que cada cozedor
receba fervura de água no mínimo uma vez a cada 24 horas.
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Cristalizadores
Centrifugação da Massa B
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Figura 68 – Centrífuga de massa B
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do açúcar. Lembrando que quanto maior a quantidade de água utilizada na lavagem, maior
será a quantidade de mel gerado, além disso, menor será o brix deste mel.
As centrífugas contínuas de massa B para sistemas de duas massas operam para
separar os cristais (magma) do mel final, porém, existem algumas centrífugas que separam
mel rico e mel pobre nesta etapa de centrifugação. Conforme os cristais vão subindo pela
tela e ao mesmo tempo sendo lavados, a pureza do mel que está sendo purgado sofre
variação, isto porque logo que a massa entra na centrífuga e começa a percorrer a tela,
esta possui uma quantidade de mel maior originando um mel com pureza mais baixa,
conforme a massa vai subindo através da tela em rotação, a quantidade de mel vai
diminuindo e a água utilizada na lavagem acaba dissolvendo os cristais mais facilmente,
diante disto, a água que está passando entre os cristais que já foram lavados que se
encontram na parte superior da tela irá originar um mel com pureza maior devido aos cristais
que irão se dissolver mais facilmente. Com base nestes dados, existem projetos de
centrífugas de massa B que separam mel rico e mel pobre.
A qualidade da massa e dos cristais afeta diretamente na eficiência da centrifugação.
Em relação aos cristais, é necessário que o coeficiente de variação seja baixo, isto é, o
tamanho dos grãos não podem sofrer variações excessivas, pois cristais minúsculos
certamente irão enroscar nos orifícios da tela da centrífuga e impedir a passagem do mel,
e cristais ainda menores irão passar pelos orifícios da tela ocasionando baixa recuperação
da fábrica com o aumento da pureza do mel final gerado na centrifugação.
A viscosidade da massa também afeta na eficiência da centrifugação, essa
viscosidade está relacionada com a temperatura da massa, pureza da massa e presença
de alguns compostos como ceras ou dextranas que são oriundas do caldo e que em baixas
temperaturas aumentam a viscosidade do fluido em que elas se encontram.
A operação deve ter domínio total sobre as centrífugas contínuas, pois dependendo
da maneira com que a máquina estiver operando, alguns parâmetros de qualidade do
açúcar ou do processo podem ser totalmente mudados. Vamos ressaltar alguns pontos
importantes que estão relacionados com esse tipo de máquina.
Quebra dos cristais na centrifugação: A centrífuga contínua possui a características de
trabalhar com alta rotação e, além disto, os cristais percorrem o cesto até chegar à parte
superior onde serão lançados para fora do cesto, diante disto, a taxa de quebra dos cristais
é alta, portanto é necessário que o operador tenha noção e saiba acompanhar a carga de
trabalho destas centrífugas. A carga e a rotação são fatores que variam de acordo com a
demanda, porém, também pode afetar a qualidade dos cristais.
Pureza do mel purgado da centrífuga contínua: Para sistemas de duas massas, o mel
separado durante a centrifugação da massa B é denominado de mel final, a exceção existe
quando a centrífuga possui separação de mel pobre e mel rico conforme já foi abordado.
Este mel deve conter a menor pureza possível, pois este parâmetro irá determinar a
retenção da fábrica de açúcar. Além do esgotamento do mel que já foi citado, outro fator
que pode aumentar a pureza do mel final é a passagem de cristais de açúcar pela tela do
cesto da centrífuga. Os pequenos cristais que surgem com a má cristalização ou má
144
Bruno Henrique Francisco
condução do cozimento acabam passando entre os orifícios da tela e com isso aumentam
a pureza do mel final, por esta razão, é necessário instalar um ponto de coleta logo na saída
do mel final próximo a centrífuga para avaliar a presença de pequenos cristais no mel. Esse
tipo de avaliação pode ser realizado através de um microscópio, basta visualizar a massa
e observar se existe a presença de cristais.
Telas utilizadas na centrifugação: A escolha da tela a ser utilizada é extremamente
importante, isto devido a vários fatores que estão intimamente ligados com a característica
do mel e vazão de purga. As telas podem se diferenciar na espessura, tamanho dos
orifícios, área aberta e composição do material. Todos estes parâmetros devem ser
cuidadosamente escolhidos com bastante critério. Em relação ao tamanho dos orifícios,
temos que levar em consideração dois parâmetros que são a largura e o comprimento. O
comprimento pode variar entre 1,5 mm até 3,0 mm e a largura mais comum varia entre 0,04
mm e 0,09 mm, a escolha da dimensão dos furos da tela irá influenciar na purga e na pureza
do mel.
Outro parâmetro importante que irá influenciar na purga e na pureza do mel é a área
de abertura da tela, independentemente do tamanho dos orifícios, as telas se diferenciam
pela sua área aberta que pode variar de 4% até 22%, em alguns casos este valor pode ser
superior ou inferior a esta faixa citada. Quanto maior a área aberta da tela, menor será a
resistência da tela, portanto, é necessário compensar o aumento da área aberta com o
aumento da espessura da tela que pode variar entre 0,3 mm e 0,45 mm, claro que existem
casos que a tela pode ter valores de espessura superior ou inferior que a faixa citada acima.
Vamos comparar duas telas com dimensões diferentes e avaliar o comportamento de
cada modelo.
1° Tela:
Tamanho do Furo Área Aberta Espessura
0,13 x 1,78 mm 14,2 % 0,25 mm
2° Tela:
Tamanho do Furo Área Aberta Espessura
0,09 x 2,68 mm 21,8 % 0,33 mm
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Bruno Henrique Francisco
devido à maior área de passagem (purga). Na primeira tela, como a área é de 14,2%, torna-
se necessário compensar com lavagem dos cristais durante a centrifugação para purgar o
mel, e como já vimos, a lavagem dissolve cristais e aumenta a pureza do mel final
diminuindo a recuperação da fábrica. Na segunda tela, pelo fato de a área de passagem
ser maior, a purga do mel ocorre mais facilmente e com isso a centrífuga pode operar com
menos água na lavagem diminuindo assim a pureza do mel.
O aumento da área aberta obriga a tela ter uma espessura maior para manter a sua
resistência, diante disto, o primeiro caso contém uma espessura de 0,25 mm e no segundo
caso com a maior área aberta possui uma espessura de 0,33 mm para ajudar na resistência
do material.
A comparação que realizamos acima em relação às duas telas do nosso exemplo
serviu para mostrar que a escolha da tela depende da demanda de produção e deve ser
avaliada de acordo com cada tipo de processo.
Empastamento do Magma
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Bruno Henrique Francisco
retirado, esse cristal fica desprotegido. A presença de mel nos cristais de magma pode ser
identificada através da análise de pureza, ora, quanto maior a pureza do magma, menor
será a quantidade de mel, visto que o mel possui açúcares redutores que derrubam a
pureza.
Brix do Magma: O brix do magma irá depender principalmente da quantidade de água,
caldo, xarope ou mel que é adicionado durante o empastamento dos cristais. Quanto maior
o brix, menor será a quantidade de fluído adicionado e consequentemente, mais atrito o
magma terá durante o bombeamento. Vamos imaginar que o fluido adicionado no
empastamento serve como um lubrificante dos cristais, e quanto mais seco estiver os
cristais, mais intenso serão os atritos. Claro que o valor de brix deve ser estipulado com
critério, pois quanto menor for o brix, mais fluido irá junto com o pé de cozimento, ou seja,
para o mesmo volume de pé de cozimento, teríamos menos cristais e mais fluidos.
Citamos alguns casos que podem estar atrelados a quebra dos cristais de magma,
vamos agora realizar algumas ressalvas sobre os cristais dissolvidos.
Quantidade de água de lavagem dos cristais na centrífuga: Como já foi mencionada, a
água de lavagem do açúcar adicionada na centrífuga, além de ajudar a purgar o mel, a
mesma acaba dissolvendo os cristais, diante disto, é necessário regular corretamente o seu
uso.
Fluido utilizado no empastamento do magma: O empastamento do magma por si só
pode ser um fator de dissolução dos cristais, isto irá depender da temperatura e do tipo do
fluido. A utilização da água no empastamento deve ser feita em temperatura adequada,
pois em temperaturas altas os cristais serão dissolvidos mais facilmente, o aconselhado é
utilizar água em temperatura ambiente. Outro fator ligado ao empastamento com água é a
sua saturação em relação ao caldo ou xarope, devido ao fato de água conter zero
concentração de açúcar, obviamente que ela irá dissolver certa quantidade de cristais, pois
ela é totalmente insaturada. Empastamento realizado com caldo em temperatura adequada
tende a diminuir a taxa de dissolução dos cristais, visto que o caldo possui, mesmo que
seja baixo, um grau de saturação. Quanto a utilização do xarope, o desafio é manter este
com baixa temperatura, porém, como ele possui concentração alta de açúcar já dissolvido,
a dissolução dos cristais de magma não ocorre facilmente mesmo em temperaturas acima
da temperatura ambiente.
O magma diluído deve ser armazenado em tanque que contem mexedores para evitar
que ocorra o empedramento do magma antes da sua utilização como pé de cozimento para
a massa A no caso de sistemas de duas massas.
Cozimento da massa A
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Bruno Henrique Francisco
massa A, é necessário puxar o pé de cozimento para dentro do cozedor, este pé de
cozimento nada mais é que o magma empastado. O pé de cozimento deve ser o suficiente
para cobrir o espelho superior da calandra do cozedor, pois desta forma, o risco de
incrustação nas paredes do tubo diminui. Após o pé de cozimento já estar dentro do
cozedor, inicia-se a alimentação do vácuo com o xarope, assim como na massa B, a
alimentação deve ser constante, pois variações da vazão causam perturbações no
cozimento podendo afetar a qualidade dos cristais.
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Bruno Henrique Francisco
de cristais diferentes se misturem em cristalizadores, sementeiras, tubulações ou
cozedores, pois isto irá trazer sérios problemas na centrifugação e na granulometria do
açúcar.
O cozimento de massa A é realizado com temperatura e pressão mais ou menos
constante, porém, existem duas formas de realizar o cozimento, uma delas é de forma
manual, isto é, sem automação de alto nível, simplesmente através do acompanhamento
do nível, pressão e temperatura, essas três variáveis somadas à experiência do cozinhador
irão ditar o ritmo do cozimento. O segundo jeito de efetuar o cozimento é através da
automação dos cozedores somado também à experiência do cozinhador. Vamos levantar
alguns dados sobre a rampa de cozimento e avaliar alguns pontos.
O cozimento da massa A necessita de uma concentração como ponto de início da
rampa, isto porque o brix final do cozimento é aquele em que o licor mãe é esgotado ao
máximo sem existir a formação de pequenos cristais, para a massa A, o brix de aperto para
descarregar o cozedor deve estar entre 92 e 94%, porém, para massas que possuem
poucos cristais, o aperto deve ser menor para evitar o empoeiramento (formação de cristais
falsos). A rampa de cozimento irá do brix inicial até o brix final de aperto, e o aumento da
concentração deve ser realizada proporcionalmente com o nível do cozedor, desta forma,
quando o cozedor estiver no seu volume máximo, a massa já estará apertada
(aproximadamente 93% de brix) ou pelo menos com o brix muito próximo do aperto. Claro
que a rampa será mais bem conduzida com cozimento automatizado, lembrando que a
concentração da massa ocorre diminuindo a vazão de alimentação de xarope e a
temperatura e pressão devem se manter praticamente constante.
O cozimento automatizado da massa A geralmente é iniciado com uma concentração
em brix próxima de 88%, este valor contém uma saturação adequada de maneira a iniciar
o crescimento cristais e consequentemente o esgotamento do licor mãe. A partir deste valor
inicial de brix com 88% já chegamos à conclusão de que se o pé de cozimento utilizado
(magma) possuir uma concentração menor que 88%, o início do cozimento automatizado
irá ser mais lento, isto porque o cozedor ficará sem alimentação até que o brix inicial da
rampa seja alcançado, ou seja, se por ventura o pé de cozimento estiver com 86% de brix,
somente o vapor estará aberto para concentrar a massa até 88% e daí então iniciar a rampa
de cozimento com alimentação.
Após o início da rampa de cozimento, conforme o nível do cozedor vai aumentando,
a massa irá se concentrar gradativamente de forma automática estabelecida em uma curva
de cozimento. A concentração ocorre com a diminuição gradativa da vazão de xarope para
dentro do cozedor, com isso, no momento em que o vácuo estiver com 100% e pronto para
descarregar para o cristalizador, o seu brix estará adequado, ou seja, próximo de 93%.
Quando o cozimento não é automatizado, o cozinhador costuma levar o cozimento com brix
mais ou menos constante e somente quando o vácuo estiver cheio ou quase cheio, o
cozinhador fecha a alimentação de xarope e realiza o aperto da massa, porém, neste caso,
o inconveniente é que na etapa de aperto, o brix pode estar longe de 93% e desta forma o
aperto é mais demorado e o cozedor acaba ficando sem receber alimentação, podendo
ocasionar o enchimento do tanque de xarope. As duas formas podem trazer o mesmo
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Bruno Henrique Francisco
esgotamento do licor mãe, desde que bem realizada, porém, um cozimento automatizado
é mais vantajoso em níveis operacionais.
Os cortes da massa A podem ser realizados da mesma maneira que ocorre na massa
B, de um cozedor para outro cozedor ou de um cozedor para uma sementeira. É importante
lembrar que o corte não é o final do cozimento, é apenas uma forma de estender o
cozimento para se atingir o objetivo final de esgotamento e tamanho dos cristais, com isso,
é importante que os cortes sejam rápidos para que a alimentação não seja interrompida por
muito tempo, por isso não é indicado apertar a massa para o corte, pois a sua viscosidade
irá aumentar e o escoamento será mais demorado, o normal é cortar massas com brix entre
88 e 90%.
Cortes realizados de cozedor para a sementeira: As fábricas de açúcar costumam ser
dimensionadas de forma que os cozedores ficam no primeiro andar e as sementeiras no
térreo, com isso, o descarregamento é facilitado, pois depende da gravidade, simplesmente
se abre a válvula de descarga e deixa a massa cair na sementeira até restar o volume
desejado dentro do cozedor.
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Bruno Henrique Francisco
um corte sem bombeamento, somente interligando os fundos e abrindo a válvula e os níveis
dos dois cozedores tendem a se igualar, mas este processo seria demorado, o aconselhado
é gerar a pressão negativa no cozedor que irá receber a massa, desta forma o vazio irá
ajudar a puxar a massa para dentro do corpo, o vazio em questão pode ser gerado com o
próprio vapor injetado no cozedor para realização da limpeza, este tipo de operação já foi
mencionado no início deste capitulo de fabricação de açúcar, porém, vamos reforçar para
ficar claro.
O esquema de corte mostrado acima requer uma massa com boa fluidez, pois quanto
mais viscosa a massa estiver, mais demorado e difícil será para realizar a transferência de
um cozedor para outro cozedor. Algumas fábricas utilizam a adição de xarope na linha de
corte para facilitar o escoamento da massa, claro que a vazão é mínima, apenas uma
tubulação de 1,5 in de diâmetro já é o suficiente, somente para ajudar no escoamento, neste
caso, a escolha do xarope para este fim é devido as suas características de saturação, pois
como o xarope possui grande quantidade de açúcar dissolvido, ele não irá dissolver os
cristais já existentes, obviamente que isto é apenas uma dica para ajudar no escoamento
da massa durante o corte.
151
Bruno Henrique Francisco
Figura 72 – Fluxograma de corte entre cozedores com adição de fluído na linha
O esquema acima é apenas uma dica para facilitar no escoamento da massa durante
o corte de um vácuo de massa A para outro vácuo de massa A. O xarope adicionado deve
ser retirado de uma tubulação de recalque de bombeamento de xarope, pois o mesmo deve
ter pressão para facilitar no processo de escoamento da massa. Esse procedimento não é
indicado para massa B devido à adição de xarope que pode afetar na recuperação, em
relação ao risco de o xarope dissolver os cristais, devido a sua saturação alta, não
precisamos nos preocupar desde que seja injetado o mínimo de xarope somente para
facilitar o escoamento da massa viscosa.
O cozimento de massa A para a formação dos cristais depende de agitação para
garantir o desenvolvimento dos cristais. A migração dos cristais ocorre principalmente
através da agitação do cozedor que pode ser agitação mecânica ou natural, a agitação
mecânica depende de mexedor adicionado dentro do equipamento e a natural ocorre
somente com o borbulhamento da água durante a evaporação, desta forma é importante
se certificar que massa está agitando entre os tubos da calandra do cozedor. O sentido de
circulação da massa já foi mencionado no início deste capitulo. Vale reforçar que o brix do
xarope na alimentação do cozedor tem total influencia na agitação, pois o borbulhamento
que agita a massa depende da presença de água, portanto, brix do xarope acima de 70%
pode comprometer a agitação do cozedor além disto, como já foi citado, xarope com brix
alto pode não ser eficiente para dissolver pequenos cristais que são formados durante o
cozimento.
Após o cozimento de massa A é necessário realizar a limpeza do cozedor com adição
de vapor e assim como no vácuo de massa B, cada cozedor de massa A deve receber
fervura de água no mínimo uma vez a cada 24 horas, o tempo de fervura irá depender do
grau de sujidade, lembrando que tempos elevados de fervura podem comprometer a
demanda de produção, por esta razão é importante conduzir o cozimento de forma correta
evitando o acumulo de grande quantidade de sujidades nos tubos.
152
Bruno Henrique Francisco
O cozinhador de açúcar possui grande responsabilidade dentro da produção, a sua
experiência e dedicação faz com que o cozimento ocorra de maneira correta gerando
cristais uniformes e com tamanhos adequados. Claro que muitas vezes o cozinhador irá
encontrar dificuldades que não depende da sua operação, porém, com bastante dedicação
e boas práticas, o cozimento pode ser conduzido de forma adequada.
Os cozedores devem conter sondas de amostragem, pois deve fazer parte de rotina
do cozinhador sempre que julgar necessário avaliar como estão se comportando os cristais
presentes na massa. A avaliação é realizada através de uma análise visual onde o
cozinhador irá utilizar uma lamina de vidro e sobre a superfície da lamina irá esparramar a
massa com os cristais, com isto é possível avaliar se a massa contém muito cristal ou se a
massa contém pouco cristal, o operador consegue visualizar se os cristais estão uniforme
ou se existem pequenos cristais falsos, o operador também consegue avaliar a viscosidade
da massa ou a cor da massa, todos estes parâmetros são facilmente percebidos pelo
cozinhador experiente. Esses pontos já foram citados anteriormente neste capítulo, porém,
é sempre bom relembrar.
Centrifugação da Massa A
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Bruno Henrique Francisco
Figura 73 – Centrífuga de massa A
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Bruno Henrique Francisco
Os cristais presentes na massa A devem estar em condições ótimas de qualidade no
que diz respeito ao coeficiente de variação dos tamanhos dos cristais ou em relação à
abertura média dos cristais. Para obter uma centrifugação eficiente é preciso ter cristais de
qualidade, pois cristais com tamanhos irregulares e variados prejudicam a centrifugação. A
centrifugação irá separar o licor mãe dos cristais acabados através de uma tela com orifícios
de tamanhos definidos, durante a centrifugação, o mel passa para o outro lado a tela e os
cristais ficam retidos, este processo é chamado de purga do mel ou extração do mel. Ora,
sabendo que o mel precisa passar para o outro lado da tela através dos orifícios, torna-se
necessário garantir que estes orifícios estejam livres de obstrução causada por pequenos
cristais. Por esta razão a centrifugação é prejudicada quando a massa contém cristais
irregulares e menores.
Além da irregularidade dos cristais, a qualidade da massa cozida afeta a eficiência da
centrifugação, pois massas com altas viscosidades acabam por prejudicar a centrifugação.
Após o carregamento da massa, a centrífuga inicia a aceleração da rotação para a
centrifugação, nesta etapa já se inicia a purga do mel e ocorre a lavagem dos cristais. A
lavagem dos cristais tem o objetivo de retirar o mel que fica preso sobre a superfície
cristalina. A lavagem dos cristais deve ser realizada com critério, pois lavagem excessiva
dissolve o cristal, aumenta a pureza do mel gerado e diminui a retenção da fábrica. Lembre-
se, não é o melhor caminho depender de lavagem para diminuir a cor, claro que a lavagem
irá diminuir a cor por estar retirando o mel da superfície dos cristais, porém, existe um limite.
2° Etapa - Centrifugação e Desaceleração: Após a aceleração atingir o topo, a
centrifugação se mantem em rotação constante para garantir a boa purga do mel, inicia-se
então a desaceleração da rotação. Na etapa de desaceleração, algumas centrífugas
realizam a lavagem da tela com vapor.
3° Etapa - Descarga: Os cristais de açúcares que ficaram retidos na centrífuga devem ser
descarregados. Na etapa de descarga, primeiramente ocorre a abertura do fundo da
centrífuga, local por onde o açúcar irá sair do cesto, em seguida, a raspa se encarrega de
retirar o açúcar da tela. A raspa atua se aproximando da tela, porém, não chega a encostar
para não danificar a tela, ou seja, quanto mais próximo a raspa chegar da tela, menos
açúcar irá ficar retido na tela. Existem alguns projetos de raspas que chegam a encostar-
se à tela devido ao seu material ser diferente e não agride a tela. Os açúcares que ficam
retidos na tela precisam ser retirados para iniciar o próximo ciclo. Após a raspa descarregar
todo o açúcar que se encontra na centrifuga, é necessário realizar a lavagem da tela para
tirar os cristais que ainda restaram sobre a tela, posteriormente inicia-se novamente o ciclo
seguinte da centrífuga.
É importante acompanhar as purezas dos méis que são purgados durante o ciclo da
centrífuga de massa A para diferenciar e entender as diferenças de purezas nos diferentes
momentos de purga dos méis. Vamos imaginar o primeiro mel que é purgado apenas com
a força centrípeta sem a adição de água de lavagem, esse mel possui uma pureza baixa,
basta lembrarmos que quando ocorre a lavagem dos cristais com água, ocorre também a
dissolução dos cristais de açúcar, com isso, a água arrasta certa quantidade de pureza
misturando-se ao mel, no caso de purga sem a adição de água, o mel gerado possui uma
155
Bruno Henrique Francisco
pureza menor. No momento da lavagem, o mel gerado possui pureza mais alta devida o
arraste de sacarose proveniente dos cristais, esse mel é chamado de mel rico. Quando o
mel é purgado sem a adição de água, este mel possui uma pureza mais baixa e é chamado
de mel pobre.
A separação de mel rico e mel pobre são vantajosos no ponto de vista da recuperação
da fábrica, porém é sempre importante lembrar que também aumenta a recirculação
podendo aumentar a degradação dos açúcares. Quando não existe separação de mel rico
e mel pobre, o mel gerado é chamado de mel misto. O mel rico é utilizado no cozimento da
massa A e o mel pobre ou o mel misto é utilizado na massa B conforme já exemplificamos.
Já citamos a respeito das tubulações que alimentam a centrífuga, porém vamos
ressaltar novamente devido à sua importância. A massa possui uma viscosidade
acentuada, e o tempo de centrifugação também está atrelado com o carregamento da
máquina que depende do escoamento da massa para dentro da centrífuga. É necessário
dimensionar com critério as tubulações que irão direcionar a massa para dentro da
centrífuga, pois caso o escoamento seja lento, o tempo de centrifugação será mais
demorado. O importante é criar um projeto de forma que quando a válvula de alimentação
da centrífuga abrir, a massa será despejada por gravidade para dentro da centrífuga com
rapidez.
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Bruno Henrique Francisco
Figura 74 – Secador de açúcar
O açúcar entra direto na zona de secagem em corrente com o ar aquecido para ganhar
maior velocidade durante a secagem. Após a etapa de secagem, o açúcar passa pela zona
de esfriamento, nesta etapa, o ar ambiente não aquecido passa em contracorrente com o
açúcar. Após a zona de esfriamento o açúcar é retirado do equipamento com temperatura
que pode variar entre 30°C e 40°C.
Na saída da centrífuga, o açúcar possui um teor de umidade na faixa de 0,1% até 2%.
Após a passagem do açúcar pelo secador esfriador, a umidade do açúcar pode chegar a
valores que variam entre 0,1% até 0,3%.
A velocidade com que o ar entra no secador deve ser bem dimensionada, no caso do
ar quente, é importante que a velocidade esteja em uma faixa que pode variar entre 1,3 até
1,8m/s. Já para o ar frio, a velocidade deve estar em uma faixa de 2,5 até 3,0 m/s.
É importante manter a alimentação de açúcar no secador o mais constante possível,
porém, geralmente existe dificuldade nesse aspecto devido à irregularidade no
descarregamento das centrífugas. Uma forma de minimizar este problema é realizar uma
boa sincronização das descargas das máquinas mantendo a entrada de açúcar constante
no secador.
Conforme a umidade do açúcar vai diminuindo no secador, os pequenos cristais que
se encontram grudados na superfície dos cristais maiores devido à umidade, acabam se
desprendendo e gerando o que chamamos de pó de açúcar. O pó de açúcar desprendido
no secador acaba saindo junto com o ar que foi inserido dentro do equipamento, desta
forma, torna-se necessário recuperar este açúcar arrastado juntamente com o ar. A tiragem
de ar e pó geralmente se faz através de ventiladores ou com sistema de exaustão. O ar
quente entra no secador através de um ventilador seguido por um aquecedor de ar a vapor,
geralmente do tipo radiador. O ventilador força a entrada de ar para dentro do secador
157
Bruno Henrique Francisco
direcionando o mesmo para dentro de sistemas de recuperação de pó de açúcar. O ar
inserido através do ventilador irá arrastar certa quantidade de açúcar na forma de pó, sendo
assim, é necessária a instalação de um lavador de pó na saída do secador para a
recuperação desses pequenos cristais e posteriormente o ar poderá ser jogado para a
atmosfera.
Um sistema bastante utilizado para recuperar o pó de açúcar arrastado com o ar é o
lavador de pó que trabalha com o efeito Venturi na recirculação conforme imagem abaixo.
Figura 75 – Lavador de pó
O ar quente e frio que foi inserido no secador é enviado novamente para a atmosfera
através do lavador de pó. O circuito do lavador de pó garante a recuperação dos pequenos
cristais de açúcares que foram arrastados até o equipamento. A água utilizada na
recirculação garante a dissolução da poeira de açúcar não deixando que esses pequenos
cristais sejam enviados para a atmosfera ocasionando perdas.
O lavador de pó com recirculação de água acaba gerando o efeito Venturi que ajuda
a puxar o ar poluído para fora do secador, por esta razão, é importante que a pressão de
recirculação e o dimensionamento dos bicos sejam adequados para gerar o venturi. A água
utilizada na recirculação do lavador de pó vai concentrando devido ao aumento do brix
durante a recuperação, por esta razão, é necessário manter a tiragem de água doce
constante assim como a entrada de água limpa, pois desta forma, o brix da água doce
estipulado irá se manter padrão. O controle do brix da água doce do lavador de pó deve ser
rigorosamente controlado. Pois caso a concentração aumente, a recuperação irá diminuir
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Bruno Henrique Francisco
devido ao grau de saturação da água elevado que dificulta a dissolução de mais cristais. O
indicado é manter o brix da água doce de recirculação próximo de 10% melhorando assim
a recuperação.
Considerações Finais
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