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CONHEÇA A TI MESMO

AUTOCONHECIMENTO

Mateus H. de Oliveira

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SUMÁRIO

• INTRODUÇÃO ........................................................ 4

• PRINCÍPIO ............................................................. 9

• CONFUSÃO ........................................................... 13

• CAOS ..................................................................... 20

• PROPÓSITO .......................................................... 25

• GAIA ...................................................................... 36

• TEMPERAMENTOS ............................................. 47

• AS DOZE CAMADAS ........................................... 65

• EROS ................................................................... 118

• Referências bibliográficas ..................................... 126

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INTRODUÇÃO

Embora o nome seja sugestivo, a prática ainda é


complexa para muitos, autoconhecimento é o
estudo que visa o controle e o entendimento de
um indivíduo sobre si mesmo através da
autoconsciência. Esse domínio sobre si mesmo
geralmente só é alcançado por pessoas que
possuem um conhecimento amplo sobre a
psicologia geral, algo que estudo há anos por
paixão. Após compreender inúmeras teorias, ler
centenas de livros e conversar com grandes
mestres da psicologia, posso dizer que todas as
peças se encaixaram, o método que desenvolvi
para muitos ainda pode parecer de certa forma
complicada, mas acredite, me esforcei ao
máximo para entregar algo prático e de fácil

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assimilação embora alguns termos sejam difíceis
de serem substituídos, meu conselho é que leia
este livro com a máxima atenção possível,
fazendo pequenas sínteses ao fim de cada
capítulo, isso te ajudará a fixar melhor os
detalhes do conteúdo.

A prática do autoconhecimento faz com que


você tenha maior controle sobre seus atos,
entendendo a sua natureza, trabalhando suas
dificuldades e potencializando as qualidades,
esse conhecimento te trará resultados magníficos
em detrimento dos seus objetivos.

A minha proposta com esta obra é te levar do


nível intermediário para o avançado, que poucos
alcançam devido à falta de conhecimento e
compromisso; esse nível consequentemente lhe

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trará muito mais resultados, quanto mais você se
conhecer, mais preparado estará para confrontar
as adversidades da vida, que seja no trabalho, na
rua, em casa com a família, no relacionamento
conjugal, consigo mesmo, etc... Sei que poucos
chegarão ao fim deste livro, é justamente por
essa falta de compromisso consigo mesmo que a
maioria permanecem confusos e
desequilibrados, mas se você for capaz de
persistir, anotar, e chegar ao fim, eu tenho
absoluta certeza que muitas coisas irão mudar, o
desafio é consigo mesmo, sem desculpas! A sua
evolução está em jogo.

Durante a vida tive problemas como qualquer


outra pessoa neste mundo, tive traumas, crenças
limitantes, medo de ficar só, fraquezas, etc... No
entanto sempre tive muita sede de conhecimento

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e vontade de vencer, foi questão de tempo para
que descobrisse que havia uma versão
adormecida dentro de mim, embora conduzisse
minhas ambições não tinha controle sobre as
minhas condutas, havia uma muralha grande e
larga constituída por limitações, descontroles
emocionais, traumas, feridas expostas e
vitimização.

Quando essa muralha finalmente sucumbiu, vi


uma pequena chama crescer e consumir aos
poucos todo resquício de fraqueza dentro de
mim, só então a luz se tornou unanime e
perceptível do lado de fora.

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Faça dessa obra um guia para entender um pouco
mais sobre este caminho e sobre tudo que o fez
chegar até aqui.

“É necessário pressão para fazer a pólvora


explodir; é preciso infortúnio para escavar certas
jazidas misteriosas escondidas dentro de si”
O conde de monte cristo

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PRINCÍPIO

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Há quase 14 bilhões de anos atrás surge a
matéria, a energia, átomos e moléculas. Com 4,5
bilhões de anos temos a formação do planeta
terra; e com aproximadamente 3,8 bilhões de
anos o surgimento dos organismos. Segundo a
ciência cosmológica, somente com 6 milhões de
anos atrás surgem os primeiros ancestrais em
comum com a espécie humana. Nessa pequena
linha do tempo onde é concebida a existência
humana em um sistema completamente caótico,
é difícil imaginar que da desordem tenha surgido
uma certa ordem propícia para a existência
humana no planeta terra.

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Talvez pela rotina ou por toda essa loucura que é
estar em meio a sociedade, lutando pelo sustento
ou por uma qualidade de vida melhor, acabamos
por não assimilar a grandeza de tudo isso, não
estou me referindo apenas a complexidade do
universo, a questão é que passamos em média 79
anos nesta vida e não conseguimos sequer tirar
uma lição de tudo isso, muitos até desconhecem
o universo que reside dentro de nós mesmos. A
pandemia pela qual estamos enfrentando no
momento em que escrevo este livro, forçou
muitos a refletirem sobre a vida, o índice de
suicídios e de pessoas com crise de ansiedade
aumentou drasticamente, isso tem deixado uma
grande lição, isto é, a maioria não consegue lidar
com os seus próprios pensamentos, estão em
constante movimento para não terem que olhar

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para si e confrontar o caos que existe lá dentro,
mas são forçadas bruscamente a fazerem quando
um presente caótico reflete exatamente essa
natureza furiosa que existe dentro de cada um de
nós.

Por influência de certos escritores sempre tive o


interesse pela mitologia grega, ao estudar mais
sobre o autoconhecimento vi que ela me seria útil
para organizar o método e facilitar o seu
entendimento, por isso preste bastante atenção
no texto a seguir.

Segundo os gregos o mundo já nasceu marcado


pela confusão (Caos) e pela brutalidade.

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CONFUSÃO
MITOLOGIA GREGA

No princípio segundo a mitologia grega houve


um tempo em que nada existia no universo além
de Caos – a mais antiga história e também a
mais inexplicável, o que até hoje nem o mais
famoso e competente cientista ou filósofo ousou
dizer o que há de fato antes dele, pois era o
primeiro dos deuses gregos, a loucura, confusão
que está sobre tudo o que hoje existe no
universo. O caos ocupava o vazio, nele estava
misturado todas as sementes do futuro, mas nele
não havia ordem alguma, apenas um turbilhão
de sentidos sem fim. O poema “Metamorfoses”
escrito no século 1 a.C o poeta descreve assim a
terrível divindade que deu origem a tudo:

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“Antes que a terra, o mar e o céu tomassem
forma, a natureza tinha apenas uma única face,
chamada Caos: uma massa crua e
desestruturada, um conglomerado de matéria
composta por elementos incompatíveis...
Nenhum elemento estava em sua forma correta,
e tudo estava em conflito dentro de um mesmo
corpo: o frio com o quente, o seco com o
molhado, o pesado com o leve”.

O sol não iluminava o dia, e a lua não brilhava


à noite. Não havia chão para firmar os pés, nem
mar para se nadar – todos os elementos estavam
misturados em um alvoroço primitivo.

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As coisas embora sempre em convulsão não
saíam do lugar; pois não havia sequer direita e
esquerda, em cima ou embaixo, Norte ou Sul,
dentro ou fora. O Caos era tudo e ao mesmo
tempo nada. Mas de repente e sem qualquer
explicação, brotou do Caos e todo movimento o
primeiro sinal de um futuro menos caótico: Era
a deusa da Terra, que os gregos chamavam de
Gaia, “a de seios fartos”. Gaia tinha uma forma
fixa, estável, ao contrário do Caos. Sobre o
imenso corpo fértil de Gaia, os elementos antes
em confusão começaram a se organizar,
ocupando cada um seu lugar correto. Fogo,
terra, água e ar destilaram-se uns dos outros. Os
elementos libertavam-se do confuso abraço
mútuo.

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E as curvas generosas de Gaia iam dando
origem a colinas suaves, vales profundos,
montes e montanhas.

O historiador Anderson Zalewsky Vargas diz:

“O Caos é uma divindade negativa – mas, dele,


nascem todas as coisas positivas. Essa é a
ambiguidade do pensamento grego antigo: não
existe maniqueísmo na concepção do mundo.
Coisas boas podem vir de coisas ruins. E vice-
versa”.

Das profundezas do Caos, surgiram outros seres


grandiosos, enigmáticos e tão antigos que a
mente humana mal consegue compreendê-los.
Um deles foi Eros (Amor, entre os romanos), o
princípio da atração universal.

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Graças a ele, elementos diferentes se uniam
para gerar novos seres, era uma divindade
irresistível. Não era ainda o amor entre
humanos, mas a força motriz que faz o próprio
Universo seguir existindo.

Mas junto a Eros também surgiu Tártaro. Como


Gaia, era tanto uma divindade quanto um lugar:
um abismo obscuro, nevoento e infinitamente
profundo. Na organização do Universo, Tártaro
se fixou abaixo de Gaia. Dois mundos contíguos,
mas distantes. No Tártaro, subsistia a confusão
e as sombras do antigo Caos. Era um lugar
horrendo, a mais profunda prisão onde os
deuses jogavam seus inimigos.

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Sob a influência de Eros, Gaia sentiu a pontada
do desejo: queria que suas férteis curvas fossem
cobertas pelo corpo vigoroso de um
companheiro. Por isso, Gaia gerou e gestou –
sozinha – dois filhos que seriam também seus
amantes. Primeiro ela criou o Céu Estrelado,
que os gregos e romanos chamavam de Urano.

Em seguida, gerou o imenso e rumoroso Ponto –


o Mar Salgado. Agora, o mundo da mitologia
grega estava estruturado: no alto, o Céu; no
meio, a fértil Gaia, com montanhas e planícies,
banhada pelas ondas do mar; e lá nas
profundezas, o Tártaro sombrio. E assim o Caos
ia se transformando em Cosmos – palavra que
em grego significa “ordem”.

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A mitologia grega assim como em qualquer
outra história mitológica, foi uma forma de
expressar as forças da natureza e os aspectos
gerais da condição humana daquela época. Mas
aqui, assim como dito anteriormente, estarei
usando-a com um único intuito, isto é, organizar
a estrutura lógica do tema central em três pontos:

• Caos - Confusão e Movimento


• Gaia - Forma
• Eros - Amor

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CAOS
Confusão e movimento

O princípio era o caos, a confusão generalizada


que em constante movimento gerou gaia, dando
forma e beleza sobre todas as coisas. A forma
não anulou o caos mas organizou e tornou sólido
os elementos em confusão.

Às vezes o que chamamos de sofrimento é


apenas a vida acontecendo, o caos está presente
em tudo, ele faz parte da natureza do universo,
inclusive da natureza humana, não é possível
bani-lo, o nosso papel é conhecer os elementos
em confusão dentro de nós mesmos e organiza-
los; organizando nossas confusões estaremos
também prontos para ser um agente
transformador no mundo, ajudando outras
pessoas, embora seja um trabalho extremamente

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individual por motivos que você logo saberá.

Provavelmente em alguma vez na vida você


tenha pensado: “Se eu não tivesse feito aquilo
talvez não teria acontecido isso”.

Uma ação inicial pode mudar completamente o


futuro, por exemplo, a garota que foi atropelada
por um carro em alta velocidade, se antes não
tivesse parado 10 segundos para amarrar o tênis
provavelmente não ficaria paraplégica.

Uma mudança mínima nas condições iniciais


pode mudar por completo o estado “final”.

“Poderia o bater de asas de uma borboleta no


Brasil causar um tornado no Texas?”

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Em 1960, o matemático Edward Lorenz criou a
teoria do caos, no tratado ele apresenta a análise
de como pequenas alterações nas condições
iniciais de grandes sistemas, podem gerar
transformações drásticas e significativas. Nesse
estudo Lorenz definiu que lineares são aquelas
cujas condições iniciais semelhantes chegam a
resultados praticamente iguais, por exemplo o
movimento dos planetas em torno do sol; no
entanto a lei do universo é justamente o
contrário, não linear ou CAÓTICO, quase
impossíveis de serem previstas, assim como o
fluído das águas, formação das nuvens e
temporais, um ligeiro esfriamento na atmosfera
já é o suficiente para uma ação caótica, por isso
as previsões do tempo são pouco assertivas, a lei
que rege o nosso universo gira em torno de caos.

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Após fazer uma só simulação, Lorenz decidiu
realizá-la mais uma vez, mas no momento de
inserir os dados e as informações novamente no
sistema, ele acreditou que o acréscimo ou a
diminuição de casas decimais nos números não
fariam diferença no resultado obtido ao final da
equação. Assim, ao invés de colocar 0,000001,
conforme fez na primeira vez, ele colocou
0,0001. Ao fazer a análise do resultado obtido
através desta segunda simulação, observou que
ela estava completamente alterada e diferente em
comparação com a primeira, o que lhe deu base
para formular através da equação obtida, o que
conhecemos hoje como o Efeito Borboleta.

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Em suma, a teoria consegue prever situações
caóticas tenuamente, mas assim como uma pedra
que rola descendo uma grande ladeira, a cada
obstáculo, buraco e pequenas pedras, fica cada
vez mais difícil prever um resultado final para
não dizer impossível. A mesma regra se aplica
para catástrofes, climas e principalmente para a
nossa vida.

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PROPÓSITO

O que acontece em nossas vidas são


consequências de pequenas escolhas, uma
pequena escolha insensata feita no presente pode
comprometer o seu objetivo no futuro.

Imagine que você está saindo de viagem à noite


e não conhece a estrada, então pede à sua mulher
para colocar o destino no GPS, e por mais que
estejam na direção certa, você não enxerga o fim
do destino, enxerga apenas onde o farol alcança.

O propósito é como o GPS que sinaliza a direção


correta, porém é algo totalmente abstrato,
enquanto seu corpo assegura o controle do
veículo sua mente está atenta à voz do GPS.

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Uma ação inicial pode mudar completamente o
destino final, as pequenas escolhas são
importantes para o êxito no percurso; já o
propósito é importante para não se perder em
meio ao processo, pois é possível dirigir
perfeitamente um veículo sem saber o destino,
mas a probabilidade de se perder é alta.

Portanto um homem é completamente capaz de


suportar os conflitos de uma estrada escura e
esburacada tendo um destino (propósito), mas é
incapaz de lidar com uma estrada perfeita e
iluminada sem saber para onde ir (sem ter um
propósito).

“A ausência de propósito é a certeza de um


iminente caos.”

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O propósito nada mais é do que um objetivo
maior, um objetivo que fará com que as suas
escolhas por mais difíceis que sejam, façam
sentido no decorrer da caminhada. A cada
escolha, uma renúncia; uma pequena má decisão
pode te afastar completamente do seu objetivo,
estou falando de campo de batalha, hoje, agora,
suas escolhas precisam ter uma direção, sem
frases de organizações sicilianas baseadas em
filmes, sem nada maquiavélico, antes de tudo tu
precisa despertar pra vida, parando de agir como
uma criancinha que acha que o mundo é uma
ficção, seja real, tome decisões lúcidas,
amadureça! Em determinados momentos você
terá que renunciar um desejo momentâneo para
alcançar algo além.

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Porque senão colherá desordem, e tu será apenas
uma palha no olho do furacão. Conheça a ti
mesmo, encontre uma causa maior e siga,
buscando sempre a máxima evolução possível.
Observação: Este propósito que citei acima é de natureza humana
que de certa forma está delimitado pelo livre arbítrio e as escolhas
individuais de cada um; o propósito divino existe em vários níveis,
o mais comum é entregarmos nossa vida a Deus pedindo a direção
certa, sim, eu acredito que devamos, mas Deus espera coragem e
atitude de nós, por isso é que antes de definirmos um propósito
devemos observar se é compatível com os princípios bíblicos.
Existe também o propósito nível última camada da personalidade
que veremos logo mais, trata-se do indivíduo naturalmente
iluminado, como Jesus que veio a este mundo com a plena certeza
do seu fim, a maior característica deste tipo de pessoa é a
imprevisibilidade, suas decisões só fazem sentido a ele e a Deus,
aos outros só fazem quando é cumprido o determinado propósito.
Não é comum, por isso tal característica pertence somente ao nível
máximo da maturidade, que é quase antagônico a natureza humana.

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Antes de passarmos para o próximo ponto, quero
finalizar essa parte de forma prática! Escreva em
um caderno essas duas questões:

1. Quais são os meus maiores problemas,


medos e defeitos?

Quando há uma confusão interna, a melhor


forma de tratá-lo é primeiramente
exteriorizando, é o que faremos agora, você
vai tirar este problema do “mundo abstrato” e
vai trazê-lo para o papel, “mundo físico”.
Percebe que esse simples ato é uma forma do
seu consciente entender que existe diferença
entre o problema e você? A partir do momento
que escreve isso no papel e busca resolvê-lo
como se resolve uma questão aritmética, você

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afirma mesmo que inconscientemente domínio
sobre seus problemas, medos e defeitos, então
o processo de cura se inicia.

Por exemplo:

- Tenho dificuldades em falar em público.

- Me importo muito com o que os outros acham


e dizem sobre mim.

- Não tenho dinheiro para fazer o que quero,


isso me incomoda.

- Me apego fácil, me sinto frouxo e impotente.

Etc...

Seja franco! Só você vai ler.

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Quando terminar de escrever quero que seja o
mais crítico possível, imagine que esses defeitos
na verdade são de outra pessoa e você é o juiz
que pergunta e busca de forma sarcástica e
incisiva questionar e encontrar os motivos. Não
se preocupe se não conseguir ir tão longe, feito
isso, prossiga a leitura do livro que tudo fará
sentido aos poucos e quando você encontrar a
solução no decorrer da leitura, escreva a resposta
na frente de cada um deles.

Essa parte é importante para continuar na estrada


sem cair nos buracos, foi o que representei de
forma alegórica com o casal, o percurso e o
destino no texto acima.

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2. O que realmente quero ser, onde irei
chegar e qual é o verdadeiro motivo de
tudo isso?

Esta segunda e última questão vai te ajudar


compreender e construir o seu propósito.
Entenda uma coisa, enquanto houver saúde
haverá a possibilidade de conquistar e ser o
que quiser, você pode até se achar “perfeito”,
mas se não souber para onde está indo irá
minguar pela vida como é costume de muitos
e no fim irá se arrepender de não ter
aproveitado seu potencial e as oportunidades
com o tempo que foi dado.

Por exemplo:

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- Venho de uma família muito pobre, acho
inadmissível vê-los ainda na mesma situação
sem dar o meu máximo e proporcionar boa
qualidade de vida a eles.

- Sou apaixonado por engenharia química,


serei o melhor nos estudos, farei amizades
promissoras e irei criar a minha própria
empresa de materiais sustentáveis.

- Sendo essa pessoa de mentalidade


impetuosa, conquistarei meu objetivo de
montar a minha empresa e mudar a realidade
financeira das pessoas que amo.

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Coloque a alma nas palavras, não seja superficial
escreva se possível todos os detalhes, imagine
você entrando em casa com presentes, ou
reunido em uma mesa farta, ou adquirindo uma
casa nova, enfim... leve isso a sério e abuse da
criatividade; viva essas palavras como se você já
tivesse conquistado aquilo. Quanto mais claro
for o seu objetivo, mais claro serão as suas
escolhas no presente.

A palavra não é apenas um som ou um símbolo


escrito. Tenho certeza que já escutou alguém
dizendo: “a palavra tem poder” e de fato tem! No
livro de João diz: “No início havia o Verbo, e o
Verbo era com Deus, e o Verbo era Deus”.

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Deus tudo criou por via da palavra, e nós,
proporcionalmente também criamos a realidade
que temos usando-a tanto para o bem quanto para
o mal. Infelizmente muitos não sabem o real
significado disso, “prostituem” as palavras e no
fim tornam-se escravos daquelas consequências.
Mas aquele que sabe para onde direcioná-las, usa
este poder a seu favor.

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GAIA
FORMA

Agora estaremos entrando definitivamente no


universo do autoconhecimento, os elementos
antes em confusão ganham forma, são
reconhecidas e estudadas, até que haja harmonia.

Quando buscamos o conhecimento e o


entendimento dos nossos problemas, menos
estranheza aquilo causará em nós, quanto mais
luz menos escuridão! Entretanto existe um limite
determinado por Deus, existe um teto que
delineia e sapara o natural do sobrenatural, é por
isso que entendendo o que está no alcance da
compreensão humana, também se tornará claro o
que é de cunho espiritual.

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Sou o tipo de cara que tinha tudo para ser um
ateu, por misericórdia divina tive meus olhos
lavados no momento em que lia partes do livro
confissões de Santo Agostinho, caindo em si, a
consciência da graça me tomou de tal forma que
toda raiva e pensamentos mesquinhos bateram
em retirada, só então pude ver aquilo que durante
muito tempo estava sendo negado por mim,
desde então em minhas orações não estão
presentes pedidos de proteção pelo que podem
causar meus inimigos a mim, tampouco pela
astúcia do inimigo espiritual, mas peço para
livrai-me de mim mesmo, pois somos quase
sempre nossos piores adversários, aqueles que
subtraem suas riquezas nunca serão mais
perigosos do que aquele que te rouba a alma e o
acesso com o que é do alto.

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Quero dar início a essa parte com esta breve
analogia:

Suponhamos que você tenha acabado de


comprar um carro novo, ele é veloz e possui
tecnologia de ponta, você entra nele, mas não
sabe sequer por onde começar; lendo o manual
de instruções daquele veículo finalmente
consegue liga-lo, agora você quer pegar estrada
e sentir a potência daquele motor. Com aquela
via totalmente livre de qualquer tráfego, você
decide então pisar mais fundo, olhando para o
painel do veículo nota que ele tem capacidade de
alcançar até 250 Km/h, mas é impedido por um
sistema de fábrica predefinido e programado
para que o carro não passasse de 80km/h, você
fica puto porque sabe da capacidade daquele

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motor embora não tenha controle sobre ele. De
forma impulsiva e irracional começa a clicar em
todos os botões de forma desordenada, em
poucos segundos a assistente virtual diz: “O
sistema de segurança padrão foi desativado”,
você dá aquele sorrisinho de canto de boca que
antecede sempre a uma grande “cagada”, pisa no
acelerador e o possante responde imediatamente,
a adrenalina começa a correr nas veias
extinguindo qualquer espécie de medo, 80, 100,
120, 150, 180, 200 Km/h e o tempo começa a
fechar, você aumenta o som e diz “foda-se”!
Faltando 10 km para chegar na cidade o
alternador dá pane por ter excedido a
amperagem, consequência dos inúmeros
comandos feitos mutuamente, o painel desliga e
a sinergia integrada ao motor com a parte elétrica

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faz com que o carro também desligue
automaticamente. Só assim você é forçado a
voltar para o mundo real, sozinho naquela
estrada deserta seu sangue esfria, as nuvens
negras chegam cada vez mais rápidas
acompanhadas de relâmpagos e trovões. O
arrependimento é quase que imediato, mas é
tarde demais para arrependimentos, você precisa
dar jeito naquela situação.

Em resumo, sim! Você consegue sair dessa, pois


um mecânico precisando de grana decide atender
o celular em pleno domingo à noite e chovendo.
Essa brincadeirinha te custou caro, você perdeu
a programação em família que sua esposa havia
organizado e cuidadosamente preparado há
meses;

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recebe duas multinhas no total de R$ 390,46 por
ter passado por dois radares muito acima da
velocidade máxima permitida, 8 pontos na
carteira pelas infrações gravíssimas; R$ 150,00
do serviço do mecânico; R$ 230,00 do induzido
que estourou o coletor enquanto você insistia em
dar partida no carro; R$ 100,00 do estator que
queimou as bobinas, mais cinquentinha do
guincho que por dó fez mais barato pra você.

Criei essa história apenas para fazer uma simples


analogia. O mesmo acontece quando não nos
conhecemos o suficiente, insistimos em seguir os
impulsos das nossas emoções, inevitavelmente
ficamos apáticos e confusos em meio a nossa

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complexidade, cometendo sempre os mesmos
erros, tendo sempre os mesmos prejuízos
consequência de um momento eufórico e
irracional; não conhecemos nossos
temperamentos, nossa personalidade nos causa
estranheza.

A busca pelo autoconhecimento te fará enxergar


suas limitações sem ter que pagar um preço
muito alto. Como unidade possuímos
características diferentes e semelhantes, mas
nunca iguais ao outro em sua totalidade, o que
nos torna seres perigosos e imprevisíveis não só
para a sociedade em alguns casos como
principalmente para nós mesmos, temos posse de
um corpo constituído por mente e espírito, mas
essa posse não significa necessariamente que

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tenhamos controle sobre ele, por isso é
fundamental sabermos como funciona esse
potente “possante”, a hora de acelerar e de pisar
no freio, do contrário continuaremos reféns das
nossas confusões, traumas, agentes externos e
principalmente das nossas más inclinações. O
sábio Salomão, antigo rei de Israel diz o seguinte
no livro de Eclesiastes: “Tudo tem o seu tempo
determinado, e há tempo para todo o propósito
debaixo do céu. Há tempo de nascer, e tempo de
morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar
o que se plantou...”, então ele segue o mesmo
raciocínio em detrimento das fases na vida de
um homem até o fim do capítulo. Esperto é
aquele que não se rende a sonolência e a
preguiça que se apossa de muitos; inteligente é
aquele que revela determinado nível de

43
conhecimento acima da média, mas o sábio é
aquele que além do conhecimento possui
também discernimento e coerência, sabe o
tempo de calar e de falar, de plantar e também
colher; estamos aqui em busca do conhecimento
acerca da natureza que nos rege, mas a tarefa de
buscar o discernimento e a coerência é
inteiramente sua, na prática, em meio a outras
pessoas, momentos difíceis e caóticos.

Neste capítulo você conhecerá também os


degraus da maturidade; servindo como uma
bússola que o situa e conduz para a próxima fase.
Busque cada vez mais conhecimento, mas saiba
que mesmo conquistando todas estas coisas e
toda sorte de riquezas, será considerado um tolo
se der demasiada vazão ao ego, pois de nada vale

44
se os seus olhos estão tapados, incapazes de
enxergar e compreender as inquietações dos
mais simples e puros espíritos.

45
No cotidiano usamos os termos
“temperamento”, “personalidade” e “caráter” de
forma superficial e aleatória. Nesta parte você
terá a oportunidade de conhecer mais a fundo
sobre cada um deles, neste ponto reforce a
atenção pois o assunto tende a ser mais técnico;
anote, faça sínteses e observações, ao fim deste
capítulo você estará muito mais consciente das
forças que regem esse universo interno, com
inteligência e execução talvez consiga evitar
prejuízos futuros ou até mesmo de cair nos
iminentes tártaros da vida.

Lembrando, tudo o que está escrito neste livro é


fruto de estudos sistemáticos e leituras
exaustivas. Todas as referências bibliográficas
estão discriminadas no final do livro.

46
TEMPERAMENTOS

Pela visão cientifica, o temperamento nada mais


é que um conjunto de tendências e características
que determinam o comportamento de um
indivíduo. É o temperamento que torna a pessoa
extrovertida ou introvertida, que faz com que
uma pessoa se interesse por esportes e outras
pela arte. O temperamento influencia todas as
nossas ações, na forma como nos relacionamos e
como nos comunicamos com o mundo. Sim! O
temperamento é responsável por grande parte na
construção da nossa personalidade, as outras
parcelas nessa construção estão nas influências
externas como a educação familiar, meio social,
religião e aspectos físicos.

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Aliás para que serve a ciência dos 4
temperamentos? Você deve estar se perguntando
nesse exato momento. Bom, nessa obra a
consciência do temperamento é um dos
princípios do autoconhecimento, pois é inato ao
indivíduo, é a índole natural, ou seja, algo que a
própria natureza nos impõem, conhecendo
nossos princípios naturais muitas respostas sobre
as nossas condutas serão reveladas; não obstante,
este conhecimento também será útil para a
compreensão acerca do outro, que seja um filho,
esposa, colegas no trabalho, negócios, amigos,
etc... cada indivíduo reage de forma diferente,
são inclinações naturais, dependendo do impacto
que o outro tem sobre a sua vida, talvez seja
interessante saber identificar se aquela atitude
foi por maldade ou por natureza, por exemplo,

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um sanguíneo tende a ser imediatista,
entendendo aquela natureza você pode conviver
melhor e também ajudá-lo a controlar seus
sentimentos e impulsos.

Apesar de imutável o temperamento pode ser


acrescentável, por exemplo: Não posso mudar a
minha altura, mas pela minha vontade posso
treinar saltos que me farão alcançar uma sexta de
basquete. Contudo o temperamento não pode ser
usado como justificativa para falta de respeito ou
para falhas morais, temperamento é uma coisa,
moral outra, caráter outra e assim por diante;
antes de tudo precisamos ser responsáveis por
nossos atos.

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Na mitologia grega que citei inicialmente, no
caos os elementos antes em confusão
começaram a se organizar por meio de Gaia,
ocupando cada um seu lugar correto, fogo, terra,
água e ar destilaram-se uns dos outros para que
houvesse forma.

Sobre os temperamentos há também os mesmos


quatro elementos primários do universo, quatro
qualidades: calor (fogo), frio (ar), úmido (água)
e seco (terra), que foram relacionadas a
qualidade de cada um dos quatro humores
corporais: sangue, fleuma, bile amarela e bile
negra. Apesar de importantíssimo, existem
poucos tratados sobre os temperamentos.

50
Os 4 temperamentos inicialmente foram
descobertos na Grécia antiga por Hipócrates
nascido em 460 a.C que é também considerado
por muitos como o pai da medicina. Mesmo
naquela época Hipócrates já tinha métodos que
reconheciam doenças como malária, papeira,
pneumonia e tuberculose, foi o primeiro a
identificar comportamentos humanos que
estavam diretamente ligados ao fluxo das
emoções e fluídos corporais,
sangue, fleuma, bílis amarela e bílis negra,
procedentes, respectivamente,
do coração, sistema respiratório, fígado e baço.

51
Posto a lógica, é possível identificar o próprio
temperamento através da autoanálise, o que
requer uma visão pragmática de si mesmo.

Vamos aos detalhes desse estudo:

Atitudes imediatistas estão ligadas ao polo


superior, isto é, sanguíneo ou colérico; no polo
inferior temos o melancólico e o fleumático que
já reagem com ponderação e cautela.
Lateralmente se você possui sentimentos menos
duradouros como por exemplo, após uma
discussão a raiva se dissipa facilmente, então
você é fleumático ou sanguíneo; sentimentos
mais duradouros como por exemplo um rancor
que dificilmente se dissipa, você é melancólico
ou colérico.

52
Impulsivo

SANGUÍNEO COLÉRICO

Emoções Tênues Emoções Fixas


FLEUMÁTICO MELANCÓLICO

Ponderado

Resumidamente em detrimento de suas condutas


e emoções:

• Impulsivo e emoções tênues – Sanguíneo


• Impulsivo e emoções duradouras – Colérico
• Ponderado e emoções tênues – Fleumático
• Ponderado e emoções duradouras – Melancólico

53
Existem 4 temperamentos primários dominantes
e suas respectivas características são:

1) Tipo sanguíneo: Enérgico, comunicativo e


despreocupado. Impulsivo em situações
calorosas e não costuma guardar rancores.

Tem forte espírito aventureiro, possui mente


aberta e se mostra receptivo as mudanças já que
possui coragem para se adaptar. É dinâmico e
gosta de estar sempre em movimento. Pela
facilidade de comunicação sanguíneos cativam
as pessoas genuinamente, e são muito
persuasivos, convencem e encorajam os outros.

As emoções do tipo sanguíneo se afloram


rapidamente e se dissipam da mesma forma, são
pessoas extremamente intensas, contudo tendem
a serem indisciplinadas e muitas vezes infantis.

54
Possuem dificuldades em organizar tarefas e
planejar o futuro, evita o passado que
consequentemente faz com que não aprendam
com os erros, revivendo sempre o mesmo ciclo.

2) Tipo colérico: Mandão, impetuoso e líder.


Reage rápido as situações e costuma guardar
rancores.

O colérico é visto pelos outros como uma pessoa


forte, que age com coragem administrando suas
inseguranças em prol do seu objetivo maior. A
autoconfiança do colérico causa admiração, são
teimosos e resistentes a pressão.

A raiva do colérico não é tão forte quanto a do


Sanguíneo porque é menos extrovertido, mas é
mais perigoso porque dificilmente se dissipa.

55
Pessoas com este temperamento podem ferir os
outros com toda a intenção e gostar de ter feito
aquilo. A parte emocional é o aspecto menos
desenvolvido no colérico.

Ele tende a ser insensível com os sentimentos


dos outros e possui dificuldade em perceber que
suas atitudes podem magoar e afastar os outros.

3) Tipo melancólico: Reflexivo, criativo e


pessimista. É lento para reagir as situações e
costuma remoer mágoas.

O melancólico é extremamente sensível e


analítico, seu estado natural de reflexão tende a
trazer uma visão mais assertiva da vida e das
coisas. É autoconsciente e considera com
eficiência os prós e contras das situações.

56
Dificilmente é pego de surpresa, sempre pensa a
frente e calcula os problemas mesmo antes deles
acontecerem.

O melancólico é mais egocêntrico do que


qualquer outro temperamento, porque ele
interpreta que tudo em sua volta é sobre si
mesmo. Tende a se comparar com os outros e
invariavelmente se sente inferior porque nunca
lhe ocorre que ele se compara com os melhores
traços dos outros, ignorando os pontos fracos
destas pessoas.

57
4) Tipo fleumático: Controlado, equilibrado e
passivo. Sente emoções de forma fraca, é lento
para reagir as situações e não guarda rancores.

O fleumático é estável, de fácil convivência e


dificilmente se ira, é extremamente leal e
diplomata pois demonstra paciência e é ótimo
ouvinte, um mestre para mediar conflitos. O
fleumático sempre evita violência, é empático e
busca ficar longe de brigas...

Este temperamento calmo, unido a sua frieza


emocional o torna muito capaz, lógico e racional.
O fleumático ainda consegue manter grande foco
e atenção nas suas tarefas e apresenta interesses
intelectuais.

58
Não se mostrará voluntário a posições de
liderança, mas se forçado, tende a ser muito
competente.

A passividade que faz do fleumático uma pessoa


calma e tranquila também o torna apático e
pouco motivado, podendo passar a vida aquém
de suas capacidades caso não seja estimulado por
outras pessoas. Enquanto um colérico se levanta
por uma causa, o fleumático analisa as
circunstancias e questiona “Por que alguém não
faz algo sobre isso? ”.

Embora pareça que ele sempre faz o que se


espera dele, raramente faz mais do que o
necessário, dispondo de pouca ambição.

59
É teimoso e sua teima não se expressa em
grandes explosões, mas de forma silenciosa se
recusa a mudar de direção.

Como posteriormente dito, Galeno desenvolveu


os temperamentos secundários pois entendeu
que na maioria das vezes expressamos
comportamentos mistos. Somos a soma dos
quatro elementos mas possuímos alguns em
graus maiores e estes dois primeiros são os
predominantes, um com o grau mais forte o outro
mais fraco que o primeiro. Caso haja dúvida
sobre o seu temperamento secundário você pode
fazer um teste com um psicólogo, ou em um site
confiável talvez, o método é simples, você irá
responder um pequeno questionário.

60
As combinações são 12:

1 – Sanguíneo / Colérico
2 – Sanguíneo / Melancólico
3 – Sanguíneo / Fleumático
4 – Colérico / Sanguíneo
5 – Colérico / Melancólico
6 – Colérico / Fleumático
7 – Melancólico / Sanguíneo
8 – Melancólico / Colérico
9 – Melancólico / Fleumático
10 – Fleumático / Sanguíneo
11 – Fleumático / Colérico
12 – Fleumático / Melancólico

Agora que temos a consciência deste princípio


natural e fisiológico preestabelecido, partiremos
para a compreensão acerca da personalidade, que
é a soma de fatores físicos, fisiológicos,

61
psíquicos e morais, interligados determinam a
individualidade de cada indivíduo.

Um dos mais importantes estudiosos da


personalidade humana foi Gordon Allport, a qual
defendeu que a personalidade é “a organização
dinâmica no indivíduo de sistemas psicofísicos
que determinam as suas adaptações singulares ao
próprio meio”.

Segundo Jean-Claude Filloux personalidade “é a


configuração única assumida no decurso da
história de um indivíduo pelo conjunto de
sistemas responsáveis pelo seu comportamento”,
sendo constituído de traços preestabelecidos pela
natureza como vimos nos temperamentos e
outros que mudam no decorrer da vida.

62
Quando falo sobre essa parte não fixa da
personalidade, costumo lembrar da teoria de
Heráclito, embora o rio pareça estar no mesmo
lugar, tudo flui e nada permanece como era
antes.

“Não se pode descer duas vezes o mesmo rio, e


não se pode tocar duas vezes uma substância
mortal no mesmo estado, pois por causa da
impetuosidade e da velocidade da mudança, ela
se dispersa e se reúne, vem e vai. (…) Nós
descemos e não descemos pelo mesmo rio, nós
próprios somos e não somos”.

Apresentamos características marcantes e


repetitivas, isto por si só traz um senso de
identidade para os que o rodeiam e observam.

63
Muitos até falam sobre personalidade sem ao
menos entenderem a complexidade que reside no
real significado dela, tudo está em completo
fluxo e movimento, pensamentos, memórias,
milhares de células, sentimentos e etc...

64
AS DOZE CAMADAS DA PERSONALIDADE

A teoria das doze camadas da personalidade vem


com o intuito de elucidar as fases da vida e o
objetivo de acordo com a maturidade de cada
um. Mas antes de continuar dê uma revisada nas
duas questões que eu pedi para que escrevesse
em um papel, elas poderão fazer total sentido
daqui para frente.

De modo geral o intuito é trazer maior


compreensão acerca do momento presente;
observando cada camada poderá reconhecer
onde você está de acordo com a dor e objetivo
descrito, para isso é importante observar a
introdução a seguir que explica detalhadamente
a teoria.

65
O motivo pela qual ocorre a mudança da
personalidade inteira se dá por um novo
propósito de vida, um novo interesse, um novo
ponto de concentração focal de todas as energias,
onde o indivíduo estará se esforçando para
alcançar em determinado momento da vida; a
conclusão deste objetivo dá início à próxima
camada.

Por isso achei importante ponderar sobre as doze


camadas da personalidade, este conhecimento
pode te ajudar a organizar melhor seu presente e
a encontrar soluções práticas para problemas
característicos, sendo assim evitando o
desperdício de tempo e trazendo mais foco,
controle e segurança para si mesmo.

66
É necessário que você entenda perfeitamente a
teoria, que originalmente foi desenvolvida pelo
professor Olavo de Carvalho, a quem tenho
imenso carinho e admiração, pois se amo o
conhecimento amo também aqueles que o
disseminam. Aqui estarei expondo e explicando
a teoria, em partes com as minhas palavras que
na verdade foram colocadas e pensadas para
facilitar ao máximo a sua compreensão, mas
caso queira olhar o artigo original completo que
estudei, o link estará no final do livro nas
referências bibliográficas. Lembrando que essa
teoria apesar de ter uma estrutura lógica original,
o embasamento foi construído a partir de estudos
sistemáticos das maiores referências da
psicologia, no próprio artigo o autor cita todos
eles, também conheço todas as teorias e os

67
autores por trás deste esquema, não citaria
qualquer coisa aqui, falo apenas daquilo que
tenho convicção.

Nas progressivas passagens de camada a camada


muda-se o propósito a que se dirige o todo da
personalidade. É um propósito diferente a cada
época, e esse propósito em si mesmo nada tem a
ver com a estrutura da personalidade que citamos
anteriormente, porque ele faz parte de um
desenvolvimento ideal do ser humano ao longo
da vida; é como se fosse um esquema da vida, ou
seja, um esquema do desenvolvimento temporal
humano.

A teoria das doze camadas só pode ser entendida


e aplicada em termos de autoconsciência, cada
camada é um novo padrão de autoconsciência.

68
Consciência: Só se entende a consciência se
entendê-la como uma possibilidade humana que
não se realiza automaticamente; quando se a
aceita como um valor e a persegue, busca e
deseja - então ela se desenvolve.

Camadas Integrativas - Fecham a personalidade


num quadro definido. São elas: 1 - 2 - 5 - 6 - 8 –
11.

Camadas Divisivas - Abrem a personalidade para


o ingresso de influências externas, rompendo o
equilíbrio anterior e desencadeando a luta por
uma nova e superior integração. São elas: 3 - 4 -
7 - 9 - 10 - 12.

Até a Camada 8, estão presentes em


praticamente todo indivíduo adulto normal.

69
Camada 01 – Domínio do corpo.
Camada Integrativa.

O corpo é a precondição para que haja


personalidade, ele é "anterior" à personalidade,
já está dado no instante do nascimento, ao passo
que a personalidade será a resultante do esforço
de existenciação mediante a absorção
progressiva dos elementos.

Esta camada é a primeira no indivíduo, mesmo


bebê ele busca o domínio sobre os seus
membros, essa busca se estende até o fim da vida
com o próprio corpo, por exemplo, a conduta de
diminuir o peso, ficar forte, fazer um jejum,
enfim, personaliza-lo e determinar controle
sobre ele. Por isso se trata de uma camada
integrativa, ela perdura durante toda a vida em
graus e de formas diferentes.

70
Camada 02 – Hereditariedade, constituição,
temperamento, estrutura pulsional.
Camada Integrativa.

Aqui temos Instintos que se prolongam além do


corpo, forma o círculo dos seus desejos e gostos.
Personalização dos desejos, o que gosta ou não
gosta. Ou seja, o indivíduo começa a exteriorizar
a sua natureza preestabelecida, como os
primeiros traços do temperamento que
estudamos anteriormente.

Esta contribuição biológica é o que propicia a


existência real do indivíduo.

71
Camada 03 – Cognição e percepção.
Camada Divisiva.

A percepção sai de si e considera o outro como


indivíduo dotado das mesmas capacidades que
ele. Assimilação das relações sociais, olhar,
movimentos, etc. Quando o indivíduo penetra
nesta camada, está se introduzindo um elemento
de liberdade e de indeterminação no quadro
anterior.

O momento em que se inicia o processo de


aprendizado pode ser ocasião de erros, fracassos,
mal-entendidos e humilhações.

Entre dois e sete anos de idade, a criança faz um


esforço de aprendizado gigantesco, querendo
continuamente aprender, não necessariamente o
que os adultos querem ensinar, mas algo que a
interessa. Isto significa que conseguir - ou não –
72
compreender e dominar um assunto é, nessa
época, muito importante para a criança.

As dificuldades inerentes ao aprendizado


aparecem desde cedo, quando a criança aprende
a andar, a falar, e sofre quando fracassa.

A camada 3 representa os acontecimentos do


cotidiano e possui um ritmo rápido. Os
sofrimentos da camada 3 são relativos ao
processo de aprendizado, tal como um exercício
que pode cansar ou irritar. Esta camada indica a
aquisição de um domínio sobre a linguagem,
sobre as significações do meio no qual se vive.

73
O motivo de sofrimento referente à camada 3 é
da ordem do fracasso ou sucesso; é um desajuste
entre a criança e ela mesma, entre o que ela
pretende e o que de fato consegue fazer. Esse
tipo de fracasso não deixa traumas, porque dura
pouco tempo e a própria evolução do indivíduo
supera isso.

74
Camada 04 – Busca pela satisfação emocional.
Camada Divisiva.

Sentimentos historicamente consolidados,


percepção de tempo, distinção passado, presente
e futuro. Personalização do mundo emocional. A
busca pela satisfação emocional. Felicidade,
aventuras, busca obsessiva por prazer.

A quarta camada entra em cena muito depois da


terceira. A ideia de que gostam dela ou não,
demora para ser formada, pois requer
experiências repetidas ou alguma experiência
fundamental que se torne marcante.

75
São pessoas que nunca se colocam em teste, pois
fogem aos desafios. São os tímidos, os dependentes,
que não querem vencer, que só querem ser amados.
Na verdade, esses indivíduos não precisam de amor,
como imaginam, e sim de dificuldades para que
possam começar a ter respeito por si mesmos.

Ele acredita que necessita de muito amor, de


muito afeto, e não age em seu próprio benefício
a não ser com o apoio alheio. Nesta camada, o
indivíduo se coloca como alguém muito especial,
que tem direito a praticamente tudo. Se a
demanda de afeto continua pela vida afora isto
significa que a camada não foi resolvida.

Se o problema se localiza na esfera da carência


afetiva infantil, há necessidade de psicoterapia.

76
Sofrimento de camada 4 não se resolve sem
ajuda especializada, pois é preciso fazer o
indivíduo voltar a sentir emoções infantis que
não são encaixáveis no quadro da existência
adulta. Dentro de uma psicoterapia se pode
revelar necessidades infantis que serão
trabalhadas de alguma maneira. As exigências de
camada 4 não podem ser atendidas no curso
normal da vida adulta, requerendo a criação de
uma situação artificial que isola o indivíduo da
realidade e, de certo modo, o devolve ao estágio
infantil.

O indivíduo que não passou da camada 4 requer


uma psicoterapia, porque as necessidades desta
camada não podem ser atendidas num adulto na
situação normal da vida.

77
A demanda de atenção de um sujeito de camada
4 é imensa, sendo preciso montar um ambiente
terapêutico específico para isto.

Transição para a próxima camada: Ele percebe que


precisa tomar posse de si mesmo.

78
Camada 05 – Narciso, autoafirmação,
orgulho de si mesmo.
Camada Integrativa.

Ao atingir a adolescência, o indivíduo


compreende que é autônomo, que deve resolver
seus problemas sozinho. Ele percebe que não
basta ser amado, que precisa desenvolver seu
poder pessoal. O sentimento de desejar algo e
não ter o poder pessoal de conquistá-lo é muito
diferente do sentimento de ser amado ou
rejeitado. Mesmo que o sujeito fosse amado, isto
não resolveria absolutamente nada. Sofrer por
rejeição é diferente de sofrer por não ter poder.

79
A transição da camada 4 para a camada 5 ocorre
quando o mais importante para o indivíduo já não é
se sentir amado, mas sim conseguir algo com suas
próprias forças. No momento em que muda esta
clave, muda também a camada. Na camada 5 o
sujeito se satisfaz tão logo demonstre seu poder,
ainda que isto se realize numa esfera de atividade
completamente inútil. Uma pessoa de camada 5
julga tudo em função de si mesma, não
reparando em nada que esteja fora ou além dela.

Passar para a camada 5 é problemático, porque


esta camada expressa uma vontade de ser
alguém, de testar a própria força, e um grande
número de pessoas não chega a fazer isto,
preferindo restringir voluntariamente o seu
espaço vital e buscar satisfações apenas na
camada 4.

80
Na camada 5 o indivíduo já adquiriu
autoconfiança e, embora não saiba fazer nada,
sabe que tem um potencial a desenvolver. Ele
pode enfrentar a vida, mas o que ele enfrenta no
momento ainda não é a vida real, é apenas a sua
autoimagem. Não é normal um adolescente
exigir muito afeto. Ao contrário, é normal até ele
rejeitar afeto, desejar ser aventureiro. Um
adolescente não quer "amor", quer vencer, sentir
que vale alguma coisa para si mesmo.

Provar para si o seu valor é essencial numa certa


época da vida de qualquer indivíduo. Se isso não
for feito na adolescência, vai ter que ser feito
mais tarde. Por outro lado, a insistência na
demonstração de poder pessoal revela que a
camada 5 ainda não foi superada.

81
A autoafirmação deve ser vivida na adolescência,
porque a maturidade começa no ponto onde o que
conta é o resultado real.

Transição: todas as camadas anteriores se


conservam, mas agora viram instrumentos para
busca incisiva do seu objetivo real.

82
Camada 06 – Busca por realizações reais, resultados,
preocupação com a distribuição das energias.
Camada Integrativa.

Na passagem para a camada 6 a afirmação do


poder pessoal é abandonada em favor da
obtenção de um resultado real. Na camada 6 o
que interessa não é a demonstração de poder
pessoal, mas a conquista de algo real, como
trabalhar e receber um salário. Um sujeito que
trabalha e recebe um salário não provoca uma
alteração nele próprio, mas fora dele, a qual
retorna não apenas sob a forma de uma satisfação
subjetiva, como na camada 5, mas sim sob a
forma de um resultado objetivo. Saber algo
concreto, não somente saber fazer, mas estar

83
fazendo costumeiramente, ter um domínio
efetivo de alguma coisa, mesmo que seja
pequena, é a base de qualquer visão objetiva.
Enquanto o sujeito não vive isso, ele continua
"em teste", porque está permanentemente se
olhando como medida de aferição do mundo, ao
passo que na camada 6 o mundo real se torna a
medida do indivíduo. Se não acontece a
aquisição de uma habilidade específica que
permita ao indivíduo agir objetivamente, ele se
verá sempre como centro de tudo. Um eu
narcísico.

É fácil perceber a diferença que existe entre a


pessoa que tem domínio sobre algo e a que não
tem. Na execução de uma tarefa, a primeira se
entrega de corpo e alma, enquanto a outra fica se

84
observando, numa espécie de espelho retrovisor,
avaliando narcisisticamente o próprio
desempenho.

Nesta camada o indivíduo se esforça para manter


ou alterar a organização de sua vida, visando
prioritariamente interesses e necessidades
pessoais. Tal atitude pode criar um conflito com
o papel social que o indivíduo ocupa, revelando
sua incapacidade de corresponder a esse papel.

Na camada 6, a fonte de sofrimento é um


prejuízo objetivo, pois havia a pretensão de um
resultado que se frustrou; é um dano, não de
ordem psicológica, mas real muito embora o
indivíduo da camada 5 considere seu dano tão
real quanto o do indivíduo que não tem dinheiro
para pagar o aluguel. Mas se alguém ajuda a

85
resolver o seu problema, ele fica satisfeito, pois
não se considera mais em teste.

86
Camada 07 – Papel social.
Camada Divisiva.

A conquista de um poder real, que se


experimenta na camada 6, pode ou não se
converter num papel social. Os papéis sociais
são delineados de maneira implícita, pois eles se
baseiam e se consolidam no costume. Aquilo que
sou capaz de fazer, se eu fizer costumeiramente,
as pessoas vão notar que eu faço e acabarão
criando um sistema de expectativas em torno
daquilo.

Quando um sujeito assume um papel social, isto


significa que ele nasceu, teve tendências
hereditárias, passou por um aprendizado,
vivenciou uma história e conquistou seu espaço
vital, onde selecionou certas áreas sobre as quais

87
adquiriu um poder específico que lhe permite
desempenhar um papel social e ser reconhecido
através dele. Assim podemos delinear uma vida.
No entanto, o indivíduo pode ter atuado de
maneira equivocada, não atendendo às
responsabilidades normais de sua posição.

Os sofrimentos da camada 7 são relativos ao não


cumprimento de expectativas mútuas. Qualquer
pessoa, ao adquirir um papel social, espera ser
aceita e rejeitada, e que os outros ajam de acordo
com a legalidade de sua posição. Se isso não
ocorre, ou se o sujeito não corresponde ao papel
que lhe cabe, criam-se então duas fontes de
sofrimento. A primeira pelo fato de se estar
socialmente desorientado, e neste caso não houve

88
entrada na camada 7; e a segunda porque apesar
de ter segurança sobre o lugar que ocupa, o
indivíduo não encontra reciprocidade nos outros.

A inibição é intolerável no adulto, sob qualquer


aspecto. Se a rejeição em colaborar é
proveniente disto, o sujeito está impedido de
atingir a camada 7, portanto não poderá
participar das atividades humanas. A inibição é
um severo limite imposto à utilidade social da
pessoa. Temos que estar prontos para tudo que
uma situação exige, temos que ser socialmente
úteis para realizar a camada 7. Quando
mostramos interesse em ajudar é que podemos
nos tornar alguém socialmente, sermos
reconhecidos como membros da sociedade. Este
é o prêmio da camada 7:

89
ser aceito socialmente e considerado como igual
pelos demais indivíduos.

A camada 7 implica um desejo de aceitação;


deseja-se ser respeitado, aceito e até amado, mas
apenas como todo mundo. Aqui se trata de
reivindicar a cota pessoal dentro de uma divisão
medianamente igualitária, sabendo que ninguém
obterá mais do que isto. Falhar no desempenho
do papel social é um motivo de sofrimento para
o indivíduo que realmente está na camada 7,
porque neste caso ele tem consciência de que não
esteve à altura do seu dever. O conceito de dever
é fundamental na camada 7. É normal para quem
alcançou esta camada entender que o
cumprimento de um dever é uma manifestação
de amor. Por exemplo, um pai que trabalha para

90
sustentar o filho, faz isto por amor ou por dever?
É exatamente o mesmo, ou seja, é um dever
determinado por amor, e mais nada.

A ênfase no conceito do amor de camada 4, que


é um conceito muito primitivo, não ajuda as
pessoas a se tornarem adultas e responsáveis. O
amor não é um sentimento. Quando amamos
alguém, surgem todos os sentimentos possíveis
na convivência. Basta isto para percebermos que
o amor não é um sentimento. Amor é uma atitude
de fomento da existência do outro. É propiciar o
fortalecimento do outro.

91
Camada 08 – Autor de seus atos.
Camada Integrativa.

Nesse ponto, chegamos à noção de uma


personalidade global pela primeira vez. Mas a
personalidade não termina aqui - termina aqui
apenas para a média dos seres humanos, mas há
pessoas que têm outras faixas da personalidade
que não podem ser abarcadas pelos estudos
descritos até o momento. Essas pessoas têm um
algo mais que as destaca.

A partir da sétima camada, nos deparamos com


uma personalidade completa, quando então o
indivíduo, após ter conquistado um papel social
definido, pode retroativamente olhar a trajetória
de sua vida e fazer uma avaliação.

92
No instante em que o indivíduo define seu papel
social é que surge propriamente o caráter, no
sentido que lhe atribui Le Senne. A
personalidade adulta bem ou mal formada, é a
expressão da oitava camada.

Desde que o sujeito nasce até se tornar adulto,


seu organismo sofre alterações, que depois se
estabilizam. Se na evolução física há mudanças
e depois de uma certa idade não se muda mais,
ou muda-se numa velocidade menor, igualmente
na construção da personalidade há mudanças até
um certo momento. Daí em diante, em condições
normais, essas mudanças cessam.

93
Quando o indivíduo atinge esse ponto, mesmo
que troque de papel social, o caráter não se
modifica mais, porque já adquiriu autonomia.
Podemos, então, constatar um modo próprio de
agir que se consolidou. É aí que se percebe que
o indivíduo tem uma personalidade formada, que
não basta ele mudar de emprego ou de cidade
para mudar também de caráter. Após os trinta
anos ninguém pode continuar sendo tão
influenciável, e quando isto acontece é porque
evidentemente foi mal realizada uma camada
anterior.

O papel social favorece a consolidação das


várias tendências subjetivas. No entanto, a partir
de uma determinada etapa da vida, tais
tendências não dependem mais do papel social,
de maneira que, mesmo retirado do papel social,

94
o sujeito permanece intacto. Caso isso não
ocorra é porque não existe ainda uma
personalidade completa.

O sofrimento pertinente à camada 8 é o sofrimento


do sujeito com ele mesmo. É típico do indivíduo
maduro que, tendo percorrido todas as camadas
até conquistar um papel social e tudo o que este
pode proporcionar, termina por se perguntar: "o
que eu fiz da minha vida?" Supondo-se que uma
pessoa tenha realmente obtido o que desejava,
ainda assim ela pode revelar uma insatisfação
consigo mesma. Para isto é necessário olhar a
própria vida como um conjunto. O que está sendo
questionado não é somente o papel social, o espaço
vital, a história afetiva, mas o curso inteiro de uma
existência. Em geral, as pessoas desconhecem
este tipo de sofrimento até chegar aos 40 anos.

95
A capacidade de julgar a vida como uma
totalidade, sem culpar ninguém, é assunto da
camada 8. Aí se dá o confronto com o destino. O
sujeito já está individualizado, definido, sabe
que sua personalidade e sua vida compõem um
todo distinto, sabe que é autor de seus atos e que
foram suas as escolhas que fez, tenham sido
certas ou erradas.

96
Camada 09 – Personalidade Intelectual.
Camada Divisiva.

Personalidade Intelectual, superior; gênio;


criação artística, estilo, etc.; "personalidade
poética" no sentido de Croce, em oposição à
"personalidade empírica".

Todo o mencionado até aqui é a personalidade


empírica, a personalidade que o sujeito tem de
fato, no decorrer de sua experiência.
Começamos a poder falar em obra e em
personalidade a partir do momento em que esta
personalidade empírica recebe uma valoração
consciente em algum dos seus aspectos, ou seja,
onde o indivíduo percebe que alguns elementos
de sua personalidade podem conter a afirmação

97
de certos valores universais e passa a se dedicar
a realizar esses aspectos em particular. A isso
chamamos personalidade intelectual superior, e
nem todo mundo a tem. Você tem a partir do
momento em que quer e que procura desenvolvê-
la. A natureza leva o homem até certo ponto, cria
nele determinados órgãos, mas há outros que é o
homem mesmo que "inventa".

Existe um "órgão" num Balzac ou Beethoven


que não existe nas outras pessoas e que é o que
Croce chama de personalidade poética - é o
aspecto criativo da personalidade, o qual,
provindo da personalidade empírica, por vezes a
engloba totalmente, tanto que os traços desta
acabam sendo neutralizados.

98
A partir do nível de conscientização
representado pela camada 8, pode surgir uma
nona camada, que na quase totalidade dos seres
humanos não surge.

O normal é atingir a oitava camada e as demais


ficarem apenas como potências. Em princípio,
qualquer ser humano tem potencial para
prosseguir até a última camada, mas dependendo
da vontade, do meio social e de outros fatores, nem
todos efetivam a camada 8, muitos nem a 7, e
outros sequer a 6 ou a 5.

Na evolução normal do ser humano, é possível


atingir até a camada 8. É nela que o indivíduo
experimenta uma personalidade completa,
podendo ver sua vida como um todo, contar sua
própria história e, de certo modo, julgá-la.

99
A partir daí pode se desenvolver a camada 9, a
qual denominamos personalidade intelectual.

O indivíduo conquista uma personalidade


intelectual quando a solução de um problema,
teórico ou prático, que se coloque à sua
inteligência, seja para ele mais importante do
que a sua própria personalidade. É algo a mais a
que o sujeito se dedica por lhe parecer relevante
e que não está vinculado a um papel social
específico. Se este algo a mais se torna o centro da
vida do sujeito, então ele tem uma personalidade
intelectual, que procura servir prioritariamente
aos interesses da sociedade e da cultura.

100
No entanto, é perfeitamente possível o indivíduo
estar envolvido com questões que transcendem a
sua esfera pessoal e não ter personalidade
intelectual nenhuma, mas estar simplesmente
atendendo necessidades de camadas inferiores.
Por exemplo, qualquer ministro de estado, que
não tenha resolvido de modo original um
problema enfrentado, não possui uma
personalidade intelectual, no máximo alcançou a
camada 7.

Se ele apenas cumpre burocraticamente o que se


espera do seu papel social, está na camada 7.

O fundamental para a camada 7 seria


corresponder às atribuições de um cargo,
enquanto que para a camada 8 bastaria a
satisfação de ter realizado algo no qual veja

101
sentido. Porém, se o indivíduo desenvolveu uma
personalidade intelectual, isso jamais bastará.

O que importa é se dentro do papel social que


exerceu, o sujeito se limitou às exigências dele
decorrente ou fez algo a mais do que estava
obrigado a fazer. A diferença aqui reside na ação.
O sujeito que cumpre o seu dever, como outro
cumpriria no lugar dele, está meramente
atendendo a um papel social.

Ele não precisa sequer julgar esse papel, porque


se assim proceder já entra na camada 8. A partir
daí, existe um ponto onde o indivíduo pode dar
uma contribuição pessoal a algo que o
transcende.

102
Quando o indivíduo desenvolve uma
personalidade intelectual e passa a agir em
função dela, todos os que estão abaixo dele não
conseguem compreender que a motivação, neste
caso, é decorrente de uma necessidade interna,
que extrapola o papel social, o interesse
financeiro e o desejo de autoafirmação.

A tendência dominante é optar por


interpretações depreciativas, porque à medida
que a informação se difunde, é de se supor que
um número cada vez maior de pessoas pouco
educadas, utilizem os meios de expressão que
antes ficavam restritos a pessoas de nível mais
elevado.

103
Atualmente não é preciso ascender até o nível de
intelectualidade suficiente para se exercer uma
profissão, o que provocou o surgimento do que
podemos chamar de proletariado intelectual.

A difusão da cultura é bastante dúbia: por um


lado possibilita que indivíduos adequadamente
dotados, mas que não dispõem de recursos
materiais, dela se beneficiem, embora, por outro
lado, permita que os indivíduos sem nenhum
talento se dediquem a atividades intelectuais.

O ideal seria uma escolha rigorosa, tal como se


fazia no antigo sistema do letrado chinês. O
acesso ao ofício de letrado na China era
independente da classe social, baseando-se
apenas na capacidade individual.

104
Hoje em dia, para eliminar o princípio injusto da
seleção econômica, criou-se a falsa expectativa
de que todos, sem distinção, podem se tornar
intelectuais ou cientistas.

105
Camada 10 – Eu transcendental.
Camada Divisiva.

A décima camada significa o indivíduo que


concebe a si mesmo como representante da espécie
humana, como ser dotado de autoconsciência e
responsável por todos os seus atos. É, em suma, o
"eu transcendental".

A camada 10 representa a conquista de um papel


definido dentro da hierarquia da humanidade.
Estar nesta camada é estar permanentemente
tendo consciência intelectual da universalidade
de todos os atos. Consciência de que o animal
racional, em geral, deve agir assim nesta ou
naquela circunstância. Os atos adquirem, então,
uma significação universal, embora não um
alcance universal.

106
Camada 11 – Personagem.
Camada Integrativa.

A camada 11 representa a ação individual no


conjunto da história. Não importa se as ações são
grandes ou pequenas, pois o fundamental aqui é
saber exatamente onde o indivíduo está situado,
não apenas enquanto animal racional, mas dentro
da História como um todo, dentro do processo de
evolução da espécie humana.

O protótipo da camada 11 é a figura de Napoleão


Bonaparte. Ele pretendia descobrir até onde seria
possível chegar o poder de um indivíduo a ponto
de mudar o curso da História. Se formos estudar
sua biografia não o compreenderemos
procurando explicá-lo segundo motivos de
camadas anteriores.

107
Na camada 11 o sujeito se posiciona como uma peça
da História, que num momento específico, com
certeza plena, realiza determinadas ações que vão
modificar o rumo da coletividade humana.

Não há espaço para todos na camada 11. A


própria natureza é hierárquica do início ao fim.
Não há democracia natural, porque é evidente
que as pessoas têm graus diferenciados de saúde
ou de inteligência. O que realmente se constata é
um processo seletivo, embora seja difícil admitir
que existam indivíduos melhor dotados do que
outros.

108
Camada 12 – Destino final.
Camada Divisiva.

Na camada 12 as ações do indivíduo parecem por


demais complexas e enigmáticas. Para se
entender as ações de um santo só acreditando
nele. Aí então tudo se encaixa, começamos a
perceber uma coerência, um princípio
explicativo das ações. Isso ocorre
independentemente de motivações vocacionais
que tenham surgido no curso da biografia,
relativas às camadas anteriores, que podem ter
contribuído para colocar o sujeito numa
determinada via, mas não bastam para esclarecer
o desenrolar da sua história.

109
Podemos falar de santidade apenas quando a
relação do indivíduo com um Deus eterno é que
motiva cada um dos seus atos. Não somente atos
acidentais, mas todos, um por um, não existindo
um único ato que se possa explicar fora desse
diálogo. Com quem o sujeito conversa, a quem
ele responde? Se apagarmos essa conexão, a vida
dele se torna uma coleção de atos sem sentido.
Existem indivíduos que já nascem na camada 12,
tanto que ao passarem pelas que a antecedem
elas vão sendo absorvidas rapidamente.

110
CRITÉRIOS DE RECONHECIMENTO DAS CAMADAS

As camadas fluem sucessivamente na medida


em que o sujeito evolui, absorvendo os
elementos contidos na camada anterior e os
direcionando segundo um outro princípio
unificador, que lhe indica uma nova fonte de
motivações, ou seja, uma nova chave de
explicação dos atos. Por exemplo, a defesa,
preservação, aquisição ou abandono de um papel
social implica motivações diferentes daquelas
que saem das camadas que antecedem a sétima.

Não se saltam camadas nunca, mas pode ocorrer


a pseudo-passagem de uma camada à outra,
quando o indivíduo já está ocupado de assuntos
da camada seguinte, mas o motivo de sofrimento
dele ainda se reporta à camada anterior.

111
Não houve portanto uma conquista efetiva, mas
apenas uma falsa extensão, porque a chave do
comportamento não mudou. Todo indivíduo só
sai de uma camada quando esta deixa de ser
problema, ou seja, quando ele enfrenta um
problema pior e o seu sofrimento passa a ter
outro motivo. Isso não pode ser avaliado
externamente, apenas o próprio sujeito é quem
sabe, ou então quem o observa por um longo
tempo.

O desajuste de motivação fica claro quando,


numa camada, continuamos agindo conforme
motivos pertinentes às camadas anteriores. Seria
o mencionado caso de um sujeito exercer um
papel social, que representa a sétima camada, de

112
acordo com sua economia orgânica
exclusivamente, que é um motivo da sexta
camada. Dessa maneira, ele não tem papel social
nenhum ou está no papel errado.

Não existe regressão de camada, a não ser em


casos patológicos, como demência senil, lesão
cerebral, etc. Se o sujeito regride é porque, na
verdade, nunca esteve naquela camada. Trata-se
de uma pseudo-ocupação de camada, o
envolvimento com assuntos da camada seguinte,
quando a chave do comportamento encontra-se
na camada anterior. É uma performática, uma
inflação: o indivíduo inchou, mas não ocupou
realmente o espaço. Ele é como um balão vazio.

113
Só nos é possível compreender quem está na
mesma camada que nós ou nas inferiores. Os
outros, seria melhor não tentar explicá-los.

Nas camadas superiores as motivações do sujeito


são muito complexas, pois ele está vivendo num
plano onde aquilo que para nós é decisivo, para
ele simplesmente não existe.

O indivíduo cuja personalidade ainda está se


definindo segundo o molde do papel social,
dificilmente poderá entender as preocupações de
ordem puramente pessoal de quem revê a própria
vida, questionando inclusive o trabalho, o papel
social, etc.

Para sabermos em que camada um indivíduo


está, devemos detectar o motivo real do
sofrimento dele, o que de fato representa

114
problema para ele. Em qualquer etapa, podemos
nos deparar com um bloqueio ou mesmo com a
impossibilidade de transpor uma camada para
alcançar a seguinte.

Cada camada expressa um princípio de


organização da vida por inteiro, absorvendo os
elementos contidos na camada anterior e dando-
lhe uma nova forma e uma nova direção.

A pergunta decisiva é: onde dói? Dói na camada


onde se está. Aqui nos referimos ao sofrimento
psicológico. No entanto, pode ocorrer um
sofrimento objetivo, como no caso do indivíduo
sofrer um estreitamento do seu espaço vital
desde fora. Numa sociedade que não admita a
liberdade de expressão, esse estreitamento é
externo e fará o indivíduo sofrer em função de

115
uma exigência legítima de sua camada 5, mesmo
que esteja na décima camada.

Se você analisou e compreendeu bem os


temperamentos e a personalidade como um todo,
com certeza deve ter anotado e encontrado
inúmeras respostas, sim! Esse foi o intuito da
etapa Gaia, dar forma ao caos, contudo, este
conhecimento torna-se vago se não for colocado
em prática. Essa última parte é extremamente
importante pois mesmo alcançando o ápice do
autoconhecimento não chegaremos ao ápice do
desenvolvimento pessoal se não ponderarmos
sobre a luz e a escuridão, principalmente sobre o
amor e o ódio, pois são inerentes ao corpo, mente
e espírito.

O significado disso traz à tona nossa verdadeira


essência, se formos analisar Jesus Cristo de
116
forma metódica veremos que foi um homem que
atingiu a última camada da personalidade pois
seus atos eram incompreensíveis aos outros, mas
sempre se encaixavam no fim das contas, é o ser
que, embora esteja neste mundo não vive pelo
mundo, mas por algo maior, algo que transcende
qualquer natureza humana, o propósito divino.
Alguns estudos até apontam que ele tenha
manifestado todos os temperamentos, pois veio
para mostrar a nós que é possível buscar a
santidade mesmo dotados de inúmeras falhas.

117
EROS
AMOR

Nasci em uma família cristã; costumo acreditar


que isso tenha influenciado fortemente nas
convicções que tenho hoje, tive várias fases, até
aquela de questionar Deus e ser mais cético, se
achando muito inteligente por concordar e
compreender facilmente Nietzsche e
Schopenhauer.

Com o decorrer do tempo, incessantes buscas e


misericórdia divina, entendi que assim como
existe a natureza humana, isto é, a natureza que
nos esforçamos para compreender singularmente
aqui, existem também a natureza das coisas, dos
seres irracionais, das espécies e das
sobrenaturais que estão ocultas aos nossos olhos,
mas acessíveis (não em sua totalidade) aos

118
nossos sentidos, só foi possível alcançar esse
entendimento por conter em mim a pretensão
frustrada de mensurar Deus, como Paulo que ao
perseguir se fez perseguido e encontrado, as
minhas buscas só afirmaram o contrário do que
esperava, começando ali por Aristóteles; Platão,
Santo Agostinho e, por fim a Bíblia Sagrada, a
Bíblia só fez sentido depois de desbravar a
filosofia, o método e as teorias cientificas, antes
disso só me parecia um amontoado de palavras
bonitas. Não estou falando propriamente de
religião, ainda sou extremamente crítico e tenho
consciência das barganhas que alguns líderes
escondem por aí, mas não cabe a mim julgá-los,
somente conduzir minhas escolhas em um
caminho antagônico, como disse no início, seja

119
crítico e tenha discernimento para separar o que
é, e não é de Deus.

É um erro tolo e mesquinho jugar Deus com a


nossa própria régua, é idiota mesurar Deus sem
ter ao menos a capacidade de determinar um
côvado do que irá acontecer em nossas vidas.

A palavra compreender significa – conter parte


do outro em si. Compreender Deus só é cabível
tendo parte dele em nós mesmos, essa existência
só se confirma pela capacidade de suportar e
amar aqueles que se quer conhecemos, pois é a
maior das virtudes em comum que conecta nosso
espírito a Deus. O amor que mais se aproxima
minimamente com a do criador é o amor natural
de uma mãe para com o seu filho.

120
É algo que nem elas conseguem ao certo
explicar, por isso expressam com as maiores
virtudes vindas do amor, isto é, o cuidado, a
proteção e a paciência.

Talvez até agora você não tenha entendido a


relação do amor (EROS) com o
autoconhecimento. A relação é simples, para
atingirmos o equilíbrio pessoal é necessário
ascender o amor por si mesmo, para transcender
essa potência é preciso amar a Deus acima de
todas as coisas; o amor a Deus só é testificado
pela capacidade de amar o próximo.

Pense, mesmo que os outros tenham em partes


os mesmos princípios naturais que você, estão
cada dia mais perdidos, a maioria nem tem o
conhecimento sobre si mesmo que você está
adquirindo neste livro; leve em consideração a
121
pandemia, o isolamento forçado incompatível
com o temperamento, personalidade e a
maturidade de muitos, imagine tudo isso ainda
alinhado ao caos que enfrentam no dia a dia, isto
é, a soma de fatores externos, um cliente irado,
um parceiro de trabalho mais complicado, um
chefe ganancioso, um indivíduo sem caráter que
subtrai seu dinheiro ou um bem exaustivamente
adquirido, enfim, as pessoas possuem os
potenciais problemas sujeitos a mim e a você,
mas a maioria não possui discernimento para
dominar isso, talvez você diga: “Isso não é
problema meu”, depende do que você almeja, se
estiver em busca apenas de um equilíbrio
pessoal, realmente você pode “ligar o foda-se”,
mas entenda!

122
Você faz parte do caos, logo participa, emite e
sofre influência externa, você não é o super-
homem nem qualquer tipo de apoteose embora
seja comum ver movimentos de empoderamento
feminino e masculino fomentarem tal conduta
hoje em dia (um assunto que não vale a pena
prolongar aqui).

Entenda uma coisa, a proposta deste livro


(adquirir autoconhecimento) é perfeitamente
alcançável sem ter que efetivamente amar o
próximo, já que estamos no final do livro vou
abrir o jogo pra você! Adquirir
autoconhecimento e se sentir bem consigo
mesmo é moleza, alcancei isso com 6 anos de
incessante busca, mas usar esse conhecimento
para transformar pessoas e ser um agente que

123
muda tudo em sua volta, é um dos trabalhos mais
difíceis.

É preciso amor para calar-se mesmo com a


razão; perdoar mesmo que o outro seja um
colérico de marca maior; oferecer ajuda para um
amigo que se encontra no mais confuso abismo
pois se prendeu a uma camada mal resolvida no
passado. Talvez você faça a diferença naquele
meio familiar conturbado onde estão todos
indiferentes há anos, prontificando-se com
sabedoria para resolver aquela situação.

É preciso coragem para ser parte de um


propósito maior, sucumbindo a muralha que
separa nosso ego, da oportunidade de mudar a
realidade caótica do próximo. Enfim, é preciso
coragem para amar.

124
Mateus H. de Oliveira

125
Referências bibliográficas e fontes de inspiração

Livros

O livro de ouro da mitologia – Thomas Bulfinch;


Poética/Órganon/Política/Metafísica – Aristóteles; O
Portal da filosofia – Robert Zimmer; Simpósio/Fédon
– Platão; Sobre a brevidade da vida/Sobre a ira –
Sêneca; Meditações – Marco Aurélio; Confissões –
Agostinho de Hipona; Bíblia Sagrada; O fim para o
qual Deus criou o mundo – Jonathan Edwards; Os
gregos, os historiadores, a democracia – Pierre Vidal-
Naquet; Tipos Psicológicos – Carl Gustav Jung; O
essencial da psicologia – Carl Gustav Jung 1875-1961;
A interpretação dos sonhos/ Psicologia das massas e
análise do eu /Histeria/Totem e tabu/O mal estar na
civilização – Sigmund Freud; O prazer de ler
Freud/Histeria/Édipo – J. D. Nasio; Um psicólogo no
campo de concentração – Victor Frakl; Sapiens –
Yuval Harari; Elogio aos quatro temperamentos –
Italo Marsili; O discurso do método - René Descartes.

126
Artigos

Hipócrates: -
https://d1wqtxts1xzle7.cloudfront.net/32513833/hi
pocrates-with-cover-page-
v2.pdf?Expires=1633819361&Signature=G~kZAzm3
vsihjul3LttIXKLh~ODHVDkjth3TFY~f-PS4zL-
bxZ4gvdEkvmFqIUcxmOSoh9EozVC1wykQ5KZ87Uu
MwT3fhrjEOIK079KRtCjoCW4iD2hKd4w5qBH6Q2Nh
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5R804d8hwwVIeoMhE-LzDIYGBkQCF2lbY3leFWg-
Z3MrduiQRaz6uy7Ku9ElmoBGyfBGVnaHKR4uK9sxR
Yl2EXc7g__&Key-Pair-Id=APKAJLOHF5GGSLRBV4ZA

Galeno:
https://www.raco.cat/index.php/Mirabilia/article/d
ownload/377912/471298

127
Temperamentos:
https://www.scielo.br/j/estpsi/a/Jy8mzSg8hccYdhjB
yHvhhFK/?lang=pt&format=pdf
The theory of temperaments: from the Corpus hipp
ocraticum to the 19 th century -
www.fafich.ufmg.br/~memorandum/a14/martisilm
uta01.pdf
Personalidade:
http://www.crpsp.org.br/diverpsi/arquivos/formac
ao-e-personalidade-conceitos-e-orientacoes.pdf

As doze camadas:
http://olavodecarvalho.org/wp-
content/uploads/2017/06/As-12-Camadas-da-
Personalidade.pdf

128

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