RUÍDO SEGURO ARMADILHAS VÍTIMAS

CONDOMÍNIO EMPREGADOS COMPRAS ONLINE CYBERBULLYING

Saiba o que fazer quando o Proteja quem trabalha em sua Treze erros a evitar a todo Agressões e ameaças
diálogo com o vizinho é ineficaz casa, por 30 euros anuais o custo, ao comprar pela net aumentaram no confinamento
Pág. 24 Pág. 32 Pág. 36 Pág. 44

Número 168 // novembro/dezembro 2021 // Bimestral € 11

Diretora e editora Cláudia Maia

DECO PROTESTE
REVISTAS
Descarregue a app
www.deco.proteste.pt

Só tem uma conta?

Mude para a de
serviços mínimos
Todos os bancos têm uma. Com um conjunto de serviços que a torna numa
verdadeira alternativa à conta tradicional, permite poupar até 91 euros por ano
DISCURSO DIRETO NESTA EDIÇÃO

Filipa Rendo
Jornalista
e coordenadora editorial

Despeça-se o
diretor de marketing!
Fossem as contas de serviços mínimos um produto criado pelo setor
privado, e poder-se-ia exigir a cabeça do diretor de marketing.
O nome que lhes foi dado, há 20 anos, em nada lhes faz jus, hoje. DOSSIÊ
Não as subestime. Incluem um conjunto de serviços que lhes
permite competir com as contas à ordem tradicionais, estando em 20
pé de igualdade tanto na movimentação, como no acesso ao crédito. Contas de serviços mínimos bancários
Além de baratas, oferecem um conjunto
Significa isto que, aos seus titulares, pouco lhes fica vedado. de serviços que as tornam numa verdadeira
Não era esta, contudo, a realidade quando, há duas décadas, foram alternativa às contas à ordem, com
poupanças que chegam aos 91 euros por
criadas para democratizar o acesso às contas bancárias, a um custo ano. Até quando vão continuar vedadas aos
controlado. O que ofereciam, a troco de uma comissão baixa, era portugueses? O acesso a este tipo de conta
extremamente limitado, em sintonia com a sua designação de deve ser liberalizado, ainda que fique limitado
a uma conta por cliente
serviços mínimos. Atualmente, estão disponíveis em todos os
bancos, e a comissão cobrada ao cliente não pode exceder 4,38
euros anuais – a sua grande vantagem competitiva –, o que permite
uma poupança média de 64% face às contas convencionais.
De certo, começou já a ponderar a mudança, para evitar as pesadas COM A CONTA DE SERVIÇOS
comissões que o banco lhe exige. Mas refreie o entusiasmo: apenas MÍNIMOS, OS CONSUMIDORES
é elegível se estiver entre os 70% de portugueses que afirmam ter POUPARIAM, EM MÉDIA, 64%
uma única conta à ordem. Por lei, as contas de serviços mínimos só FACE A UM DEPÓSITO À ORDEM
estão ao alcance de quem não tem outras contas ou por cotitulares CONVENCIONAL
de contas com maiores de 65 anos ou pessoas com incapacidade
igual ou superior a 60 por cento. Pois... Não vemos porque assim
tenha de ser e, por isso, exigimos a liberalização do acesso. Por um
lado, fica excluído quem está obrigado a ter outra conta por questões 218 410 858
Serviço de informação
profissionais ou familiares. Por outro, cria entraves à liberdade de
escolha a quem detém a conta de serviços mínimos, ao impossibilitar 218 410 801
Assinaturas e encomendas
a contratação de um produto mais vantajoso noutro banco (como um
Cidadãos Surdos
crédito automóvel). Há margem para tornar estas contas mais justas 12472 ou Skype
e inclusivas. A lei deve ir mais além. Não pode soar a marketing. Precisa de computador com câmara ou smartphone
com Skype para contactar o Serviin
ENVIE-NOS OS SEUS COMENTÁRIOS editorial@deco.proteste.pt

2 D&D//novembro/dezembro 2021 www.deco.proteste.pt

 12 O crime de danos
ou injúrias dirigidas
online pode ser punido
com prisão até três anos

26

44
ANÁLISES E ESTUDOS RUBRICAS

8 26 36 4
Dívida fiscal Financiamento automóvel Compras online Grande plano
Como evitar que se agrave Crédito, leasing e renting: A internet não é a selva: Rendas aumentam em 2022,
e chegue à penhora de bens descubra as diferenças 13 erros a evitar comparar comissões no crédito

12 29 40
à habitação, reclassificar faturas
de ginásios, melhores cartões
Crédito à habitação Seguro automóvel Transferir a propriedade de crédito para quem paga
Taxa variável ou fixa? A primeira Poupar no prémio anual? do automóvel faseadamente, literacia digital

14
Sim, é possível Como fazer o registo via online ao usar canais online dos bancos,

Licença sem vencimento
As situações em que não pode
ser recusada
32
Seguro de acidentes de
trabalho para empregados
43
Seguro de capitalização
O melhor com capital garantido
os seguros de vida associados
ao empréstimo à habitação mais
vantajosos

48
domésticos
17
e a rentabilidade mais atrativa

44
Evite despesas com eventuais
Fiador acidentes e poupe com a nossa Sem recurso
Os cuidados a ter antes de Escolha Acertada Cyberbullying Veja como os tribunais decidiram

35
garantir as dívidas de alguém Pode configurar crime, mas há num caso idêntico ao seu

24 50
formas de puni-lo
IMI
Ruído Simule e pague menos imposto Livro de reclamações
Aplicação da lei não é fácil em 2022 Histórias, dúvidas e testemunhos
dos nossos leitores

OS NOSSOS VALORES

INDEPENDÊNCIA CREDIBILIDADE PROXIMIDADE

A nossa missão exige indepen­dência total:
financeira, política e ideológica. Os conselhos e
tomadas de posição resultam dos nossos estudos
e análises, livres de qualquer tipo de pressão.
A totalidade das receitas da nossa atividade é
reinvestida em prol dos consumidores.
A concretização da nossa missão assenta na
credibilidade e no reconhecimento da qual­idade
do nosso trabalho. Esta resulta do profissionalismo
das nossas equipas e de métodos comprovados,
transparentes e constantemente reavaliados,
baseados numa ética profissional exigente.
A nossa missão é permanent­emente orientada
para a satisfação das necessidades dos
consumidores. A concretização passa por interagir
com todos os interlocutores – consumidores,
comunicação social, poderes políticos, etc. – de
forma direta, concreta e adequada.

www.deco.proteste.pt novembro/dezembro 2021//D&D 3

 GRANDE
PLANO TODA A ATUALIDADE E AS RECOMENDAÇÕES DOS NOSSOS ESPECIALISTAS
ARRENDAMENTO
Rendas aumentam em 2022
Os senhorios têm de avisar os inquilinos com um mínimo de 30 dias
de antecedência
Depois de, em 2021, os valores do arrendamento terem
ficado congelados, as rendas vão subir em 2022. O senhorio
e o inquilino podem decidir de livre vontade, mas por escrito,
a atualização da renda. Se tal não acontecer, a renda pode
ser atualizada segundo o coeficiente fixado pelo Instituto
Nacional de Estatística (INE) para o próximo ano, que é de
1,0043 e que leva em conta a inflação (sem habitação).
Para saberem a que renda podem vir a ficar sujeitos em
2022, os inquilinos deverão multiplicar o montante do que
pagam atualmente todos os meses por 1,0043. Uma renda
de 500 euros mensais, por exemplo: multiplique-se este
valor por 1,0043, o que resulta em 502,15 euros. Mais 2,15
euros, portanto. Se for necessário arredondar o valor, esta
operação deve ser feita à unidade de cêntimo imediatamente
superior. Assim, se o cálculo da renda der 502,733 euros,
o valor é arredondado para 502,74 euros. Já se o resultado
for de 99,001 euros, a renda será de 99,01 euros.
A comunicação do aumento deverá ser feita pelo senhorio
4 D&D//novembro/dezembro 2021
com uma antecedência mínima de 30 dias face à data de
pagamento da nova renda, através de uma minuta própria,
que pode encontrar no nosso site, em www.deco.proteste.pt/
dinheiro/arrendamento.
A carta deverá ser registada, com aviso de receção,
ou entregue em mão contra a assinatura do inquilino.
Além do valor atual da renda, deverá indicar o montante
que resulta da aplicação do coeficiente e a data a partir
da qual produzirá efeito.
O senhorio só pode exigir a atualização da renda um
ano após o início do contrato. Se arrendar uma casa em
novembro, por exemplo, só passado um ano é que a renda
pode ser aumentada. As seguintes serão atualizadas,
sucessivamente, um ano após a anterior.
Saiba mais em www.deco.proteste.pt/dinheiro/arrendamento.
Se for senhorio, calcule o impacto do aumento da renda na sua
rentabilidade em www.deco.proteste.pt/investe/investimentos/
imobiliario.
www.deco.proteste.pt
 € 35
Poupança anual com a Escolha Acertada dos seguros
de acidentes de trabalho para empregados domésticos
Página 32

CRÉDITO À HABITAÇÃO

Comissões: comparar é preciso

Na contratação de um
crédito à habitação, não
basta pôr as diferentes
propostas dos bancos
lado a lado e confrontar
apenas taxas e prestações.
É preciso comparar as
comissões iniciais que cada
instituição cobra e que, à
fatura final, acrescentam
centenas (ou, em alguns
casos, milhares) de euros.
Em média, são cobradas
três comissões: estudo
ou abertura do crédito,
avaliação do imóvel e
formalização do contrato.
À exceção da última,
IMPOSTOS
Nuno Rico
têm de ser pagas quer euros (UCI). Defendemos,
o crédito seja ou não por isso, a uniformização O NOSSO ESPECIALISTA
aprovado. Há bancos que e a simplificação destas RECOMENDA
só apresentam os custos comissões, em designação
de estudo e de avaliação, e em número. Os encargos POUPE
e outros que distribuem deveriam estar divididos € 12
POR MÊS
os encargos por quatro ou em apenas duas comissões:
ESCOLHA
CARTÃO
cinco comissões diferentes, avaliação do imóvel e ACERTADA DE CRÉDITO
com designações nem restantes custos. Queremos
sempre coincidentes entre ainda que uma mesma
instituições. A disparidade avaliação seja válida em Unicre/DECO Atlantico Crédito
PROTESTE Europa Agrícola
dificulta a perceção mais do que um processo
Classic Twist
sobre o montante total a de concessão de crédito,
suportar pelo consumidor. durante um determinado 9,6% 9,7% 11,2%
Nuns bancos, as comissões período. Faremos chegar TAEG TAEG TAEG
iniciais podem custar à estas reivindicações ao
volta de 640 euros (Eurobic) Banco de Portugal e ao
e, noutros, mais de 1200 Ministério das Finanças. Considere-se um cenário de
2500 euros de plafond, com
uma utilização média de 150
euros por mês e pagamentos

Corrigir despesas com ginásios

fracionados, situação que
implica o pagamento de juros.

no e-Fatura Para os nossos subscritores,

O campo para despesas com ginásios
já está disponível no site do e-Fatura.
No IRS a entregar em 2022, os
consumidores vão poder deduzir
15% do valor do IVA suportado com a
atividade física em ginásios e centros
desportivos em 2021. Os contribuintes
que já tenham atribuído estas faturas
no Portal das Finanças ao campo
“Outros”, como faziam até agora,
devem reclassificá-las, integrando-as
na categoria certa.
1. Consulte a lista de faturas emitidas
com o seu número de contribuinte.
Clique em “Faturas” e selecione
“Verificar Faturas”.
2. Clique no número da fatura
(assinalado a verde), para abrir
a informação detalhada do documento.
3. No campo dedicado à “Informação
Complementar”, carregue no botão
“Alterar” e selecione o setor de atividade
correto para aquela fatura, escolhendo
a opção “Ginásios”. No final, clique
em “Guardar”, e surgirá a mensagem
“Fatura alterada com sucesso”.
Caso pretenda beneficiar da dedução
de 15% do IVA suportado por qualquer
membro do agregado familiar com
as despesas associadas a ginásios e
ensino desportivo (ténis, ginástica,
entre outras modalidades), até ao limite
global de 250 euros por agregado
familiar, não espere que a alteração seja
feita automaticamente. Terá mesmo
de a fazer de forma manual.
a melhor opção é o cartão
Unicre/DECO PROTESTE, sem
cashback, ou seja, não faz
a devolução de uma percentagem
do dinheiro gasto. A poupança
é de 12,48 euros por mês face
à média do mercado. Não sendo
subscritor da DECO PROTESTE,
a melhor solução é o cartão
de crédito Atlantico Europa Classic.
Para quem paga o saldo de forma
faseada, o critério de escolha
deverá ser sempre a TAEG mais
baixa, dado que é a única taxa que
indica o custo total com a utilização
do crédito associado ao cartão.
QUAL O MELHOR
CARTÃO DE CRÉDITO PARA SI?
Faça uma simulação em www.deco.
proteste.pt/cartoes-credito

www.deco.proteste.pt novembro/novembro 2021//D&D 5

 GRANDE
PLANO

ANDA DE BICICLETA?
FAÇA UM SEGURO
Apesar de não ser
obrigatório, caso se
desloque de bicicleta, é
avisado contratar um seguro
que preveja as coberturas
de responsabilidade civil
(garante indemnizações
por danos a terceiros) e
acidentes pessoais. Desta
forma, assegura a proteção
dos outros e a sua também.
Alguns riscos podem estar
previstos em seguros
já contratados, como é
o caso do multirriscos-
habitação, que, por vezes,
inclui acidentes pessoais
ocorridos no âmbito da
vida privada, bem como o
furto ou roubo da bicicleta
guardada em casa.
Confirme as condições
nas apólices. Consulte
também o nosso portal Mais
Mobilidade, em www.deco.
proteste.pt/mobilidade,
para ficar mais bem
informado.
PANDEMIA AUMENTOU
CONFIANÇA NO SNS
A forma como as autoridades
de saúde pública geriram e
atuaram durante a pandemia
contribuiu para melhorar de
forma significativa a perceção
que os portugueses têm do
Serviço Nacional de Saúde
(SNS). De acordo com o
segundo inquérito, em cinco
anos, que conduzimos sobre
a relação com as instituições,
o índice de confiança no
SNS passou de 5,1, em
2016, para 6,3, este ano.
No entanto, um terço dos
inquiridos desconhece o
valor das taxas moderadoras
e 40% não sabem como
apresentar uma reclamação,
seja por ineficiência ou por
negligência médica. Mas,
com as listas de espera a
engrossarem por causa
da pandemia, metade dos
portugueses revela baixa
confiança no SNS para dar
uma resposta atempada às
suas necessidades.

LITERACIA DIGITAL

Idosos quase não usam canais digitais dos bancos

Cerca de metade dos portugueses
usa os canais digitais (homebanking
ou apps) para aceder às contas ou a
outros produtos e serviços dos bancos,
mas há diferenças significativas entre
as várias faixas etárias. Segundo o
relatório do Banco de Portugal sobre
Inclusão Financeira e Digital e Escolha
de Produtos Bancários, “nas pessoas
com idades entre 25 e 39 anos, 74,7%
dos entrevistados utilizam canais digitais,
percentagem que desce para 8,1%
nos entrevistados com 70 ou mais anos”.
Este relatório analisa dados recolhidos
no início de 2020, no âmbito do 3.º
Inquérito à Literacia Financeira da
População Portuguesa. Destaca-se
o capítulo que diz respeito às contas
de serviços mínimos bancários:
“É significativa a percentagem de
entrevistados que sabe que existe a conta
de serviços mínimos bancários (50,9%).
Mais de um quinto (23%) sabe que esta
conta existe e que a condição de acesso é
ter uma única conta de depósitos à ordem
no sistema bancário, o que representa
um forte aumento face a 2015 (4,9%)
e a 2010 (1,4%).”
Relativamente aos cuidados
com os créditos, “três quartos
dos entrevistados que contratam
empréstimos referem ler a informação
pré-contratual e contratual”.
Já “quanto à compreensão de
conceitos financeiros, os entrevistados
revelam fragilidades em descrever
os conceitos de Euribor e de spread”.

6 D&D//novembro/dezembro 2021 www.deco.proteste.pt

SEGURO DE VIDA

Para quê pagar mais, se pode pagar menos?

Na última edição da nossa revista, publicámos um dossiê
sobre crédito à habitação, com Escolhas Acertadas para o
ESCOLHA
ACERTADA A nossa seleção
financiamento, bem como para o seguro de vida associado.
O estudo foi feito com base num cenário de um empréstimo A melhor relação qualidade-preço
das apólices foi aferida com base
de 200 mil euros, a 30 anos, a contratar por um casal de 35
nos prémios pagos ao longo de todo
anos. Devido a uma informação adicional que nos chegou
o contrato. Indicamos a poupança
após a publicação do artigo, relacionada com o prémio anual face à média do mercado,
cobrado por uma das seguradoras, refizemos a análise nas modalidades de ITP, cobertura
aos seguros de vida, considerando o mesmo cenário, que recomendamos, e na de IAD.
para morte ou invalidez total e permanente (ITP) de 60%
e para morte ou invalidez absoluta e definitiva (IAD), ambos MORTE OU INVALIDEZ TOTAL
dirigidos a subscritores e não-subscritores. E os resultados E PERMANENTE (ITP) DE 60%
devolveram-nos uma Escolha Acertada diferente para
os subscritores DECO PROTESTE que optem pela ITP.
Confira os quadros devidamente corrigidos.
SUBSCRITORES
REAL VIDA/DECO
TOP DE APÓLICES COM COBERTURA DE ITP DE 60% Real Vida
POUPE
€ 33
Prémio calculado para um empréstimo de 200 mil euros, a 30 anos, para um casal de 35 anos. Habitação  82  POR ANO

Prémio anual  € 330,34

Seguradora e produto Coberturas Prémio (€) Prémio total € 15 713,65
QUALIDADE GLOBAL %
e permanente (ITP)

para duas pessoas

para duas pessoas

(ao fim de 30 anos)

NÃO-SUBSCRITORES
(primeiro ano)
Invalidez total

Prémio anual

ASISA
Prémio total

POUPE
Vida + Fácil 60%  83  € 13
Morte

POR ANO
Prémio anual  € 311,82
Prémio total € 16 228,82
APRIL
F B B 415,70 17 137,75 84
Vida Crédito April
APRIL/DECO
F B B 346,42 17 068,47 84
Vida Crédito April
ASISA MORTE OU INVALIDEZ ABSOLUTA
F B B 311,82 16 228,82 83 E DEFINITIVA (IAD)
ASISA Vida + Fácil
REAL VIDA B B 347,73 16 540,69 82
Real Seguro Vida Habitação

F
REAL VIDA/DECO B B 330,34 15 713,65 82
SUBSCRITORES
Real Seguro Vida Habitação
METLIFE/DECO POUPE
METLIFE
Vida Completa Crédito Habitação
B B 426,44 16 506,62 80 Vida Completa  83  € 42
Prémio anual  € 213,53 POR ANO
METLIFE/DECO B B 383,80 16 463,97 80 Prémio total € 10 219,61
Vida Completa Crédito Habitação
PRÉVOIR B B 340,96 17 880,02 80 NÃO-SUBSCRITORES
Prévoir Vida Domus
TRANQUILIDADE B B 374 16 904,56 75 METLIFE POUPE
Crédito Casa 3.0 Vida Completa  83  € 42
Resultados completos em Prémio anual  € 237,26 POR ANO
www.deco.proteste.pt/seguro-vida
F Escolha Acertada F Melhor do Teste Boa qualidade Prémio total € 10 243,34
A Muito Bom B Bom C Médio D Medíocre E Mau

www.deco.proteste.pt novembro/novembro 2021//D&D 7

D&D//DÍVIDA FISCAL

Falhei a
portagem
e fico sem
carro?!
Uma dívida cobrada pelas Finanças pode
agravar-se em poucos meses e chegar
rapidamente à penhora de bens. Evite a execução
fiscal e salvaguarde o património da família
Texto Ana Santos Gomes

N
ão é por ignorar a carta
das Finanças, que a dívida
desaparece (e acredite que há
ainda muitos contribuintes
que o fazem). Este comportamento de
avestruz nunca resolveu dívida fiscal
alguma, mas é possível que faça de si
uma Ágata, a cantar ao Fisco que pode
ficar com a casa, o carro e as joias...
porque podem ser penhorados em breve.
E não é preciso uma dívida de grande
monta para chegar até aqui. Basta ter
falhado taxas de portagem, por exemplo.
Em regra, a nota de cobrança chega
pelo correio, a menos que a sua morada
fiscal não esteja atualizada (já agora,
convém tratar disso). Em todo o caso, o
Portal das Finanças replica o alerta logo
na página de entrada. Daí que muitos
contribuintes apenas descubram a
dívida noutras interações com o portal,
como a entrega da declaração de IRS
ou o pagamento do IUC.
Por mais injusta que a dívida lhe
pareça, é conveniente pagá-la e travar
a sua progressão (ver esquema ao lado).
Em simultâneo, até pode apresentar
uma contestação, provando ao chefe
da repartição de Finanças que a dívida
não lhe deve ser exigida.
Ai não pagou? Execute-se!
O carteiro toca sempre duas vezes e,
à segunda, traz uma citação. Desta
vez, é para o avisar de que entrou em
execução fiscal, por não ter liquidado a
dívida. É hora de repetir o aviso de que
é sempre melhor pagar antes de chegar
até aqui, mesmo que esteja convicto de
que não merece tal castigo. Enquanto
os documentos que apresentar são
analisados, a dívida vai galopando,
e a decisão pode não chegar a tempo
de manter o seu património a salvo.
Nesta fase, dispõe de mais 30 dias
para provar que o Fisco está enganado.
Não pagando, não requerendo outras
formas de pagamento, nem conseguindo
contestar a dívida, a penhora dos bens
é decretada. Se tiver dinheiro na conta
bancária, o Fisco começa por aí.
Sem TV em menos de nada
Nem tudo pode ser penhorado. Mesmo
numa execução fiscal, o devedor não
pode ver o seu vencimento reduzido a
menos do que o salário mínimo nacional
(665 euros, atualmente). Se o rendimento
mensal for superior, pode ser penhorado
até um terço do salário líquido, desde
que o remanescente continue a ser, pelo
menos, equivalente ao salário mínimo.
Entre os restantes bens do devedor,
não são penhoráveis equipamentos
indispensáveis à vida doméstica,
como um fogão ou um frigorífico,
ficando ainda a salvo ferramentas de
trabalho e objetos indispensáveis ao
auxílio de pessoas doentes ou com

8 D&D//novembro/dezembro 2021 www.deco.proteste.pt

 PASSO A PASSO

De pequena a grande dívida em poucos meses

A primeira notificação é só o rastilho de um percurso que avança em contrarrelógio e que pode culminar
na perda irreversível de bens, vendidos para pagar a dívida.

1
NOTIFICAÇÃO
Recebida pelo correio, no domicílio
fiscal, também pode ser consultada
no Portal das Finanças, onde estão
disponíveis os dados para pagamento.
A página inicial do Portal das Finanças
exibe uma mensagem de alerta.
2
TRINTA DIAS PARA PAGAR
Mesmo que decida contestar a dívida,
tem 30 dias para pagar a dívida. Pode
fazê-lo nas Finanças, nos CTT, no
banco e no multibanco. Em alternativa,
pode pedir o pagamento a prestações
ou a dação (liquidação com bens).
3
INÍCIO DO PROCESSO
DE EXECUÇÃO FISCAL
O contribuinte recebe a segunda
notificação para pagamento e o aviso
de entrada em execução fiscal.
A dívida é acrescida de juros e outros
encargos processuais.

4
PENHORA DE BENS
O contribuinte recebe um aviso com
a data-limite de pagamento da dívida
como forma de evitar a penhora.
5
VENDA DE BENS
6
DEVOLUÇÃO DO REMANESCENTE
O montante apurado com a venda Se a venda resultar num saldo superior
é entregue à Autoridade Tributária ao necessário para pagar a dívida,
para liquidar a dívida. o Fisco devolve o que sobrou.

www.deco.proteste.pt novembro/dezembro 2021//D&D 9

D&D//DÍVIDA FISCAL
deficiência. O Fisco também não pode
penhorar sepulturas, urnas e jazigos. Já o
tapete de Arraiolos, a televisão de grande
ecrã, as joias e os objetos decorativos de
elevado valor podem ser levados.
Os bens penhorados são vendidos,
para que se obtenha a quantia necessária
à liquidação da dívida. Ou, pelo menos,
para a reduzir. A exceção é a casa onde
habita o devedor e a respetiva família.
A habitação pode ser penhorada, mas
não vendida. Aliás, a família até pode
continuar a habitá-la, mas terá, por
certo, muita dificuldade em vendê-
la, com a penhora a pesar no registo.
Esta proteção da casa de habitação só não
se aplica se o valor patrimonial tributário
do imóvel for superior a 550 mil euros,
em território continental, ou 690 mil
euros, nas regiões autónomas.
Por seu turno, se o Fisco penhorar
a conta bancária do devedor e nela
houver dinheiro suficiente para liquidar
toda a dívida, a penhora é levantada e o
contribuinte pode usufruir do restante
saldo. O mesmo acontece se os bens
vendidos renderem dinheiro suficiente
para extinguir a dívida e sobrar algum
troco. A Autoridade Tributária entrega-o
ao contribuinte.
Prestações travam penhora
Embora o Fisco prefira dinheiro a pronto,
a lei permite propor (e, às vezes, é o
próprio Fisco que o decide oficiosamente)
um pagamento a prestações. Ou até
em géneros. E ambos permitem travar
o processo de execução.
Se as Finanças autorizarem o
pagamento parcelado, cada prestação
deve ter o valor mínimo de 102 euros.
No máximo, a dívida pode ser paga em 36
prestações, a menos que o montante total
ultrapasse 51 mil euros. Para essas, há
um limite de cinco anos, com prestações
mínimas de 1020 euros. As regras
mudam ainda se, em causa, estiverem
dívidas de IRS até 5 mil euros, que
podem ser pagas em 12 prestações, desde
que o contribuinte não tenha dívidas
de outros impostos.
É também o chefe do serviço de
Finanças quem pode aceitar a entrega
10 D&D//novembro/dezembro 2021
O PAGAMENTO DE DÍVIDAS
ANTES DA EXECUÇÃO FISCAL
EVITA A INSCRIÇÃO
DO CONTRIBUINTE NA LISTA
DE DEVEDORES DO FISCO
A NOSSA
ESPECIALISTA
Magda Canas
“A oposição não deve ser uma
mera forma de ganhar tempo”
É através da citação que os
contribuintes são alertados
para o início das execuções
fiscais. Importa prestar especial
importância a este documento,
pois é dele que constam os
principais dados sobre a
dívida, designadamente os
prazos e as formas de reação.
Se o contribuinte se sente lesado,
pode reagir no prazo fixado
pela lei. A principal mais-valia
da oposição judicial é pôr em
causa a exigibilidade da dívida.
A oposição visa assegurar o
acesso à justiça, sem prejudicar
o relevante interesse público
patrimonial do Estado. Até à
decisão final, o contribuinte
pode contar com a suspensão
da execução, desde que preste
uma garantia idónea. Caso reúna
condições para a isenção, deve
invocá-las logo na petição. Mas a
oposição não deve ser uma mera
forma de ganhar tempo: tem de
ser sustentada em fundamentos
válidos, como a inexistência do
imposto, a prescrição da dívida,
entre outros. De contrário, é logo
rejeitada.
de um ou mais bens por conta da dívida.
Chama-se a isto “fazer uma dação
em pagamento”. Imagine que entrega
ao Fisco um terreno de valor suficiente
para cobrir a dívida. Se o pedido for
aceite, a execução fiscal extingue-se.
Além de manter a salvo o património
da família, o pagamento de dívidas antes
da execução fiscal, seja em dinheiro ou
em bens, evita a inscrição do seu nome
na lista de devedores ao Fisco. Não é
difícil adivinhar que, mesmo que venha
a provar-se que a cobrança é injusta, nada
vai repor o tempo em que o seu nome
ficou indevidamente enlameado.
A lista de devedores da Autoridade
Tributária é pública, e está ao alcance
de um clique no portal das Finanças.
Basta seguir Cidadãos > Serviços >
Publicitação Devedores > Lista de
Devedores AT. Tem seis escalões e o
mais baixo começa com dívidas entre
7500 e 25 mil euros. À vista de todos
fica o número de identificação fiscal
do contribuinte e o respetivo nome
completo.
Sem vestígios do passado
Em regra, basta uma semana após o
pagamento da dívida para que o nome
de um contribuinte seja retirado da lista
de devedores. O mesmo acontece se o
pedido de pagamento a prestações tiver
sido aceite ou se o contribuinte tiver
prestado garantia enquanto decorre
um processo contencioso para apurar
a legitimidade da dívida.
Uma vez apagado o nome da lista,
desaparece, aos olhos do público,
todo e qualquer vestígio desse período
negro. O sistema fiscal não guarda
rancor. Logo, não há cadastro, não
há qualquer reputação manchada,
e não há informação que chegue ao
conhecimento de um futuro empregador,
senhorio ou financiador de crédito.
São águas passada, e a Autoridade
Tributária lava a lista de devedores
com muita regularidade. Já o património
penhorado e vendido pode nunca mais
ser recuperado.
DOSSIÊ TÉCNICO Magda Canas
www.deco.proteste.pt
 POUPE NO
SEGURO DE VIDA

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Se precisa de contratar um seguro

de vida, conheça a proposta de três
seguradoras: April, Metlife e Real.
Ambas são Escolhas Acertadas
no nosso estudo. A melhor opção
depende da cobertura pretendida

INFORME-SE EM
www.deco.proteste.pt/cartao-
deco-mais/seguros

PARCEIRO
 Variável, para não v
Qual a taxa que permite poupar mais? Ainda não conseguimos prever o futuro,
mas sabemos que, se optar pela variável, em vez da fixa, num ano, economiza
quase 2000 euros na prestação da casa
A
Euribor segue negativa e os
bancos continuam apostados
em converter o máximo
possível de clientes à taxa
fixa, como forma de compensarem os
juros mais baixos. Apesar de este tipo
de empréstimos representar ainda uma
pequena fatia no universo de contratos
de crédito à habitação (1,2% do total, face
a 93,3% de taxa variável), o esforço tem
dado frutos. Segundo dados do Banco de
Portugal, de 2019 para 2020, o número
de novos contratos com taxa fixa quase
duplicou (de 3,3% para 5,7 por cento).
À primeira vista, uma prestação fixa
ao longo de todo o prazo do empréstimo,
libertando de preocupações com as
oscilações do mercado do crédito, pode
parecer uma ideia realmente tentadora.
Mas há que estar ciente de que isso pode
significar pagar mais pelo crédito.
Antes de se enamorar por um
%
Texto Sílvia Nogal Dias & Filipa Rendo
crédito com taxa fixa, deve considerar
diversos fatores. Desde logo, a oferta
limitada. Das 13 instituições bancárias
que consultámos para estimarmos o
custo de um financiamento com estas
características, apenas cinco apresentam
soluções para prazos de 30 anos: Abanca,
Banco BPI, Best Bank, Caixa Geral de
Depósitos e Novo Banco. Estão excluídos
os contratos com duração superior.
Além disso, amortizar antecipadamente
um empréstimo com taxa fixa implica
pagar uma comissão de 2% sobre o
montante amortizado, em vez dos 0,5%
cobrados quando a taxa é variável.
Ainda assim, será, a longo prazo,
uma solução mais económica, se
comparada com a taxa variável, que
se encontra à mercê das variações
da Euribor? Quem não se recorda
quando, em 2008, a Euribor a seis
meses atingiu uns astronómicos 5,219
% %
por cento? A resposta não é taxativa.
Mas, socorrendo-nos da fotografia do
momento atual, a taxa variável continua
a parecer mais vantajosa.
Só fazendo contas...
Para chegarmos a esta conclusão,
partimos do estudo de crédito à habitação
com taxa variável que publicámos
na edição anterior da nossa revista.
Fizemos contas ao mesmo financiamento
de 200 mil euros, para um prazo de
30 anos, mas, desta feita, com taxas
de juro fixa e mista (veja as Escolhas
Acertadas para as três modalidades,
na página ao lado).
Resultado: a taxa variável é
a que permite não apenas pagar
prestações mais baixas, como também
beneficiar de TAEG mais atrativas.
Este ponto é ainda mais importante,
se tivermos em conta que a TAEG
 D&D//CRÉDITO HABITAÇÃO

variar reflete o custo total do crédito.

A título de exemplo, o Banco BPI,
Escolha Acertada na taxa fixa, em
créditos sem vendas associadas,
apresenta uma TAEG de 3,2%, bem acima
dos 1,6% do Bankinter, na taxa variável.
ESCOLHA
ACERTADA A nossa seleção E, ainda que o primeiro presenteie os
clientes com a isenção das comissões
Determinámos as Escolhas Acertadas para créditos com taxa fixa, variável e iniciais (em créditos com taxa fixa
mista, com base nas TAEG de um empréstimo de 200 mil euros, a 30 anos, com aprovados até 31 de dezembro), ao fim
relação entre financiamento e garantia de 80 por cento. Calculámos a diferença de um ano, aqueles pagarão mais 1941
entre os três tipos de taxa e concluímos que, ao fim de um ano, no cenário sem euros em prestações do que os que
vendas associadas, as prestações de um contrato com taxa fixa ficam 1941 euros optarem pela nossa Escolha Acertada
mais caras do que as de um empréstimo com taxa variável. para a taxa variável.

No meio, está a taxa mista

€ 1941 Apelidada, muitas vezes, de “taxa fixa”,
POUPANÇA
SEM VENDAS ASSOCIADAS ANUAL a sua congénere “mista” representa,
atualmente, 5,5% do total de créditos.
Empréstimo sem contratação de outros produtos no banco. A TAEG reflete, além do custo do crédito,
o do seguro de vida contratado fora da instituição. Esta permite fixar os juros durante
Comissões Prestação Spread TAN TAEG um determinado período, findo o qual
Taxa Banco iniciais (€) (€) (%) (%) (%) passam a variáveis. Dependendo da
oferta do banco, o período em que a
F Variável Bankinter 1033,40 638,88 1,45 0,95 1,6 taxa se mantém pode ir de um a 30 anos,
desde que os contratos tenham prazos
680,68
1,45
1,4 superiores a esse teto. No nosso estudo,
(taxa fixa); (taxa fixa); considerámos os bancos que o fazem
F Mista Bankinter 1033,40 (taxa 1,7
645,29 0,95
variável) por cinco anos.
(taxa variável) (taxa variável)
Neste momento, optar por uma
F Fixa Banco BPI 0 800,68 não tem 2,6 3,2 tal modalidade durante um período
demasiado curto retira-lhe qualquer
vantagem, já que não são expectáveis
grandes oscilações nos valores da
Euribor nos próximos tempos. Se
COM VENDAS ASSOCIADAS não, veja-se: em créditos com taxa
fixa durante os primeiros cinco anos,
Empréstimo com domiciliação do ordenado e dos pagamentos domésticos, além de cartões de débito
e de crédito, seguros de vida e multirriscos. a prestação é 40 euros mais alta do que
Comissões Prestação Spread TAN TAEG
a de um empréstimo com taxa variável.
Taxa Banco iniciais (€) (€) (%) (%) (%) Terminado esse período, e já com
Crédito juros variáveis, a prestação continua
Variável
F Agrícola/ 312 607,37 1,10 0,60 1,0 a superar a dos créditos de taxa variável,
Subscritores
/DECO
mesmo que o spread seja exatamente
igual. Porquê? Os juros mais elevados
Banco nos primeiros tempos não permitem
F Variável 696,80 607,37 1,10 0,60 1,3
CTT
amortizar tanto capital, logo, passados
652,51 1,10
cinco anos, o valor em dívida é superior
1,10 ao de um contrato com taxa variável.
Banco (taxa fixa); (taxa fixa);
F Mista 707,20 (taxa 1,7
Montepio 614,38 0,60 Esgrimidos todos os argumentos, resta-
variável)
(taxa variável) (taxa variável)
-lhe optar pela solução que lhe dê mais
paz de espírito. Sabendo que, para já, há
F Fixa Abanca 858,25 719,40 não tem 1,80 2,6
uma que pesa menos na carteira.

Resultados completos em www.deco.proteste.pt/credito-habitacao DOSSIÊ TÉCNICO Margarida Zacarias

www.deco.proteste.pt outubro/novembro 2021//D&D 13

D&D//LICENÇA SEM VENCIMENTO
Intervalo no contrato
A licença sem
retribuição, por regra,
exige o acordo do
empregador, mas há
situações em que não
pode ser recusada.
Saiba em que condições
pode pedir intervalo
na prestação laboral
Texto Fátima Ramos
Q
uer fazer o doutoramento
que anda a adiar há anos,
porque a sua profissão lhe
absorve demasiado tempo?
O seu filho não consegue adaptar-se
ao jardim-de-infância, pelo que precisa
de apoio durante o seu horário laboral?
A licença sem retribuição, também
conhecida por licença sem vencimento,
pode ser a solução, se pretender
interromper a atividade profissional
sem perder o vínculo à empresa em
que trabalha e, claro, se abdicar do salário
não for um problema.
Caso se prolongue por mais de um
mês, a licença sem retribuição implica
a suspensão do contrato, ou seja,
o trabalhador não comparece, sem
que esteja a dar faltas, justificadas ou
injustificadas, e não recebe ordenado.
Durante esse período, mantêm-se
os direitos, deveres e garantias, da
entidade patronal e do trabalhador,
14 D&D//novembro/dezembro 2021
que não pressuponham a prestação
efetiva da atividade. Em relação ao
trabalhador, permanecem os deveres
de lealdade – não pode, por exemplo,
prestar serviços ou informações a uma
empresa concorrente − e de respeito
pelo empregador, pelos superiores
hierárquicos e pelos colegas. Ficam
suspensas as obrigações de assiduidade e
de obediência, bem como a de contribuir
para a produtividade da empresa.
O tempo de licença continua a
contar para efeitos de antiguidade.
Deste modo, também persiste o direito
à progressão na carreira que resulte
da passagem do tempo: se houver,
por exemplo, promoções ou acertos
salariais automáticos, o trabalhador
não os perde, nem pode haver atrasos
ou congelamentos dos mesmos.
Porém, se promoções ou prémios
resultarem do mérito, da assiduidade
e/ou do desempenho, é admissível
que a licença influencie as decisões.
Qualquer funcionário pode pedir uma
licença sem retribuição, seja por que
motivo for. Porém, a entidade patronal
só é obrigada a aceitá-la nalgumas
situações. Dizemos-lhe quais.
Estou a pensar fazer um
doutoramento, mas os meus
afazeres profissionais não me
permitem dispor do tempo
necessário. Poderei pedir
licença sem retribuição?
Sim, a lei confere o direito a uma
licença sem vencimento superior a 60
dias para frequentar um curso num
estabelecimento de ensino público ou
privado ou numa entidade de formação
profissional. O mesmo acontece
no caso de formações ao abrigo de
programas específicos aprovados por
uma autoridade competente, como
o Instituto do Emprego e Formação
www.deco.proteste.pt
o de trabalho
o pedido, desde que o trabalhador
o comunique com a antecedência
prevista na lei, que varia com a duração
da ausência (ver quadro).

O meu filho, de 4 anos, está

com dificuldade de adaptação
Profissional, ou executadas sob o seu ao jardim-de-infância. Posso tirar
controlo pedagógico. Os pedidos com uma licença durante seis meses,
este propósito não podem ser recusados para lhe dar mais apoio?
pela entidade patronal, a menos que se Sim. Pode recorrer a dois tipos de licença,
verifique alguma das condições descritas a “parental complementar” e a “especial
na caixa da página seguinte. para assistência a filho”. Ambas podem
ser gozadas por quem assume legalmente
Sou trabalhador-estudante e, as responsabilidades parentais, ainda
por norma, consigo conciliar as que não sejam os pais da criança, e
duas vertentes. Mas, na época de até esta completar 6 anos. A primeira
exames, a situação complica-se. DURANTE A LICENÇA SEM dura, no máximo, três meses, seguidos
É possível tirar mais alguns dias? RETRIBUIÇÃO, O TEMPO ou não. Se se for tirada logo após a
Sim. Se pediu o estatuto de trabalhador- CONTINUA A CONTAR PARA licença parental inicial (a que se segue
-estudante, tem direito, por exemplo, a ao nascimento) ou à licença parental
flexibilidade de horário para frequentar EFEITOS DE ANTIGUIDADE complementar do outro progenitor,
as aulas e, aquando das avaliações, pode dá direito a um subsídio da Segurança
ausentar-se no dia das mesmas e na Social correspondente a 25% da
véspera, sem perda de retribuição. remuneração de referência. Esta resulta
Se estas regalias não forem suficientes, da média das retribuições registadas
há a possibilidade de faltar e não receber. nos primeiros seis meses dos oito
Em cada ano civil, pode gozar até dez que antecedem o período de ausência.
dias úteis, de uma só vez ou de forma Após a licença complementar, um dos
repartida. A empresa não pode recusar pais pode pedir uma licença especial para
assistência ao filho, mas não terá direito
a retribuição nem a subsídio. A ausência
LICENÇA SEM RETRIBUIÇÃO  pode prolongar-se, consecutivamente
ou não, por dois ou três anos, sendo
SITUAÇÕES EM QUE NÃO PODE SER RECUSADA que o último limite se aplica apenas a
trabalhadores com três ou mais filhos.
Duração máxima Pré-aviso à entidade patronal
Esta licença especial só é possível se o
Curso em estabelecimento outro progenitor desempenhar atividade
de ensino e formação superior a 60 dias 90 dias profissional ou estiver impedido ou
profissional
inibido de exercer as responsabilidades
48 horas, para gozar um dia; parentais. Na comunicação escrita ao
oito dias, para licenças
Trabalhador-estudante 10 dias em cada ano empregador, o funcionário deve indicar
de 2 a 5 dias;
15 dias, para mais de 5 dias o início e o termo da licença (se nada for
dito, considera-se que dura seis meses),
Licença parental
complementar 3 meses 30 dias que o menor vive em comunhão de
(até a criança fazer 6 anos) mesa e habitação consigo e que o outro
progenitor tem atividade profissional e
Licença especial 2 anos não se encontra de licença, ou que está
para assistência a filho (3 anos, se tiver três 30 dias
(até a criança fazer 6 anos) filhos ou mais) impedido de exercer as responsabilidades
parentais. Até 30 dias antes da data
Licença para assistência a 6 meses indicada para o termo da ausência,
filho com deficiência, doença (pode ser prolongada 30 dias o trabalhador pode solicitar a sua
crónica ou oncológica até 4 ou 6 anos)
prorrogação.

www.deco.proteste.pt novembro/dezembro 2021//D&D 15

D&D//LICENÇA SEM VENCIMENTO

A minha filha tem um elevado Estou a gozar uma licença

grau de deficiência e, nos
próximos tempos, vou precisar de
acompanhá-la permanentemente.
A empresa pode proibir-me
de entrar de licença?
Não. Se a criança sofrer de deficiência,
doença crónica ou oncológica,
o pai, a mãe ou quem assume as
responsabilidades parentais têm direito
a uma licença até seis meses, que
pode prolongar-se por quatro anos.
Em caso de necessidade comprovada
por atestado médico, o período pode
estender-se até seis anos. Se a criança
tiver 12 anos ou mais, o trabalhador
terá de apresentar atestado médico
em qualquer circunstância. Seja qual
for a situação, a licença só pode ser
aproveitada quando o outro progenitor
trabalha ou está impedido de assumir
as responsabilidades parentais.
ENSINO E FORMAÇÃO
O TRABALHADOR NÃO ESTÁ
IMPEDIDO DE EXERCER UMA
ATIVIDADE REMUNERADA,
DESDE QUE NÃO COLIDA COM
O FIM DA LICENÇA, NEM VIOLE
O DEVER DE LEALDADE PARA
COM A EMPRESA
sem retribuição, mas tenho
algum tempo livre e gostaria de
aceitar trabalhos ocasionais.
Posso fazê-lo? Tenho de pedir
autorização à entidade patronal?
No caso da licença especial para
assistência a filhos, incluindo os que
sofrem de deficiência, doença crónica ou
oncológica, a lei é clara. Não é permitido
o exercício de atividades incompatíveis
com a finalidade da licença, ou seja, o
trabalhador apenas poderá aceitar tarefas
que lhe permitam continuar a cuidar
da criança ou do jovem − por exemplo,
que não obriguem a sair de casa.
Nas restantes situações, em princípio,
não está afastada a possibilidade
de trabalhar, nem será necessária
autorização da entidade patronal. Mas
há que ser razoável, já que a relação com
esta se mantém. Primeiro, o tempo não
pode ser usado para um fim diferente
do que levou à autorização da licença,
nomeadamente para exercer outra
atividade profissional ou para uma
entidade diferente. Prestar serviços a
uma empresa concorrente também está

Licença para estudar indeferida

fora de questão, dado que prevalece
o dever de lealdade. Se violar estes
preceitos, o trabalhador sujeita-se a um
O empregador só poderá recusar uma licença sem retribuição para frequência
processo disciplinar.
de um curso num estabelecimento de ensino e formação profissional, se provar
que existem condições específicas. Saiba quais.
Com autorização da empresa,
MENOS DE TRÊS ANOS DE ANTIGUIDADE NA EMPRESA tirei uma licença sem retribuição
Se o candidato à licença não respeitar o pré-aviso mínimo de 90 dias ou trabalhar de 18 meses, mas 12 foram
na empresa há menos de três anos, esta pode negar-lhe a licença sem vencimento suficientes para o que pretendia.
para estudar. Posso voltar já ao trabalho?
Sim, mas a empresa tem de aceitar.
FORMAÇÃO PROFISSIONAL ADEQUADA E pode haver vários motivos para recusar
O trabalhador que tenha usufruído de uma licença com igual propósito
o regresso do colaborador antes do
nos 24 meses anteriores ou tenha tido formação profissional adequada
nesse período pode ver o pedido recusado. tempo: por exemplo, ter contratado um
substituto por 18 meses, tendo de pagar
SUBSTITUIÇÃO DIFÍCIL indemnização com a saída antecipada.
Se ocupar um cargo de chefia ou de direção, tiver qualificações especiais Pode ainda ter distribuído trabalho a
ou se a substituição acarretar graves prejuízos para a entidade patronal, o colegas e a reformulação de tarefas ser
indeferimento é legal. O mesmo sucede nos casos em que não é possível substituir inconveniente ou acarretar custos...
o trabalhador, por exemplo, por falta de mão-de-obra no mercado, se a empresa Portanto, a entidade patronal apenas é
tiver menos de 50 empregados.
obrigada a reintegrar no fim da licença
RECUSA INDEVIDA prevista, mas pode fazê-lo antes, se assim
Para impedir o gozo desta licença, a empresa tem de provar que se verifica, pelo entender.
menos, uma das circunstâncias indicadas. Se não for o caso, o trabalhador pode
apresentar queixa à Autoridade para as Condições do Trabalho. DOSSIÊ TÉCNICO Nuno Carvalho

16 D&D//novembro/dezembro 2021 www.deco.proteste.pt

 D&D//CRÉDITO

Socorro,
sou fiador.
E agora?

Ser fiador já foi sinal de confiança ou de laço de melhores dias. Com as dívidas
acumuladas, é mais do que certo que os
familiar. Mas garantir o pagamento das dívidas bancos se socorram das garantias que
de alguém pode amarrar-nos a situações difíceis. tiverem à mão. A fiança, o pagamento da
dívida assegurado por um terceir, será
Saiba que cuidados deve ter antes de aceitar em muitos casos o primeiro recurso.
Por isso, os fiadores poderão ser os novos
Texto Ricardo Nabais & Filipa Rendo sobre-endividados. Em agosto, só em

A
inda estávamos na ressaca
de uma crise mundial, quando
outra se abateu sobre nós.
Para a história, ficarão dois
marcos indeléveis do século xxi: a crise
financeira de 2008, iniciada nos EUA,
que, em menos de um ano, já era global,
e a crise desencadeada pela rápida
expansão do SARS-COV2, o vírus que
provoca a covid-19. A partir daí, foi
o que sabemos: tomaram-se medidas
rápidas para conter a sangria económica
decorrente dos confinamentos impostos
pelo vírus.
Uma delas tornou-se emblemática:
as moratórias sobre o pagamento
de prestações de casa própria, para
quem tivesse perdido o emprego ou
rendimentos. No fundo, tratou-se de
protelar esses pagamentos, à espera
crédito à habitação, eram 228 mil as
pessoas abrangidas pelas moratórias...
Para pedir um crédito à habitação –
mas também outros, menos onerosos
e longos no tempo –, é praticamente
inevitável haver um fiador, ou seja,
alguém que ponha à disposição o seu
património como garantia, se as coisas
correrem mal. Leia-se: se o devedor,
quem contraiu o crédito, não conseguir
pagar pontualmente. Muitas vezes, são
familiares ou amigos próximos quem,

www.deco.proteste.pt novembro/dezembro 2021//D&D 17

D&D//CRÉDITO
Pare e pense
Se houver incumprimento
do devedor, é a si, fiador,
que o banco irá buscar
património para saldar a dívida.
Por isso, faça as perguntas certas.
Terá o devedor principal
condições para assegurar
o pagamento de todas as
obrigações a tempo e horas?
Apesar de poder ser intrusivo,
antes de assinar o contrato,
peça dados que o provem,
como a nota de liquidação
do IRS, a cópia dos recibos
de vencimentos, dados bancários
ou a lista de património.
Qual é a probabilidade
de haver incumprimento do
devedor, se sofrer uma redução
do nível de rendimentos e um
aumento de despesas? E se
houver aumento da taxa de juro,
variações do valor das prestações,
após períodos de carência ou
diferimento de pagamentos?
O devedor tem capacidade
para assegurar as obrigações
a que for chamado? Confira se
aquele tem património para cobrir
a dívida. E leia bem o contrato
antes, para verificar se pode
recusar-se a pagar os valores
em incumprimento, enquanto
o credor não tiver esgotado
todas as possibilidades.
Em que medida
o eventual incumprimento
poderá afetar a sua estabilidade
financeira ou ferir o seu
património? Faça as contas
a longo prazo, tanto quanto
possível.
Sendo fiador,
se também vier a precisar
de crédito, em que medida a
prestação da garantia pode afetar
a sua capacidade de contraí-lo?
Tente analisar em que medida
a condição de fiador agrava
a sua taxa de esforço.
18 D&D//novembro/dezembro 2021
naturalmente, oferece o corpo às balas.
Apesar da confiança e da proximidade
afetiva, as coisas podem não acabar bem.
Inevitável como o destino
Normalmente, uma fiança abrange
todo o património do fiador. Mas
pode acontecer, por definição no
contrato, que se restrinja a alguns bens.
Se se prepara para ser fiador de alguém,
será melhor restringir-se a uma parte
dos seus bens: um determinado imóvel,
uma aplicação financeira (um depósito
a prazo, por exemplo) ou uma conta
bancária.
Habitualmente, a fiança é prestada
no próprio contrato de crédito e
liga três intervenientes: devedor
principal, credor e fiador. Antes de
assinar, responsabilizando-se pela
dívida de alguém, deve ter em conta
uma série de cuidados. Imaginemos
um contrato de crédito à habitação por
30 anos. Avaliar como estarão os nossos
rendimentos daqui a três décadas é
quase impossível. Ao mesmo tempo,
não conseguimos aceder a crédito,
na esmagadora maioria das vezes, se
não tivermos um fiador. Há precauções
a seguir, resumidas no quadro
desta página.
Além de o fiador poder ficar sem
património se o devedor esgotar todas as
possibilidades de pagamento, é possível
que a sua própria capacidade de contratar
Uma vida a três
A instituição de crédito deve disponibilizar ao devedor principal e ao fiador
a ficha de informação normalizada europeia (FINE). No caso do crédito
para bens imóveis, o fiador tem sete dias de reflexão.
INSTITUIÇÃO
DE CRÉDITO
crédito seja agravada e, em alguns casos,
comprometida. Até porque existe o
mapa de responsabilidades de crédito
do Banco de Portugal, que agrega todas
as responsabilidades assumidas, ou
seja, todos os créditos que contratamos,
mesmo aqueles em que somos apenas
garantia, ou seja, fiadores. Isto significa,
muito simplesmente, que, se um dia,
o fiador precisar de recorrer a crédito,
inclusive apenas para um cartão de
crédito, o peso da fiança que prestou
também vai ser considerado.
A fina defesa da FINE
Mas não pensemos, para já, em situações
extremas. Os consumidores têm alguma
defesa: as instituições de crédito são
obrigadas a prestar informação ao
fiador sobre as principais características
do empréstimo e a disponibilizar
antecipadamente a cópia do contrato.
Fazem-no através da ficha de informação
normalizada europeia (FINE), aplicada
a créditos concedidos a bens imóveis
(habitação). A instituição fica vinculada
à proposta durante 30 dias. O fiador
também tem acesso à ficha para se
informar, e dispõe de um período
de reflexão de sete dias para avaliar
as condições.
Curto? Sim. E os outros créditos
(pessoal, por exemplo)? Estas medidas,
que servem para informar e defender
os contratantes de crédito, deveriam
DEVEDOR
PRINCIPAL
FIADOR
FINE
Válida por 30 dias
7 dias de reflexão
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aplicar-se a todos os casos. Se a FINE não
for disponibilizada no prazo adequado
ao período de reflexão, os fiadores e os
demais interessados podem apresentar
reclamação diretamente ao Banco de
Portugal, à própria instituição de crédito
ou no portal das reclamações eletrónicas.
Contas casadas
E se, num casal, um dos cônjuges for
fiador de um irmão, por exemplo?
E se esse terceiro elemento não cumprir
os seus compromissos? Não é certo
que os bens dos dois elementos do casal
venham a ser usados para pagar dívidas
de outros. Para precaver problemas, é
possível optar pela separação judicial
de bens. Mas, atenção, que este passo
é irreversível. No entanto, a maioria
dos credores também pretende evitar
problemas. Por isso, exige quase sempre
a intervenção dos dois cônjuges,
quando se trata de fiadores casados em
regime de comunhão geral ou de bens
adquiridos. Ou seja, em vez de um fiador,
passam a ser dois. Unidos no bem, no mal
e nas dívidas...
Outra forma de defesa do fiador pode
ser a invocação do benefício da excussão
prévia. Este jargão do jurisdiquês
significa que o fiador só responderá pelo
pagamento se e quando se provar que o
património do devedor não chega para
cumprir as obrigações. Caso contrário,
o fiador pode ter uma paz relativa.
Pelo menos, enquanto o devedor tiver
património suficiente para ir pagando...
Mas as instituições de crédito não
são conhecidas por deixarem o crédito
por mãos alheias. Hoje em dia, a maioria
propõe contratos com renúncia ao
benefício da excussão prévia, porque
tem interesse em aceder ao património
do fiador sem maiores obstáculos.
E o mais rapidamente possível, é claro.
Assim sendo, leia com muita atenção
a minuta que lhe é fornecida para
analisar durante o período de reflexão
de sete dias, se o crédito for hipotecário.
Na maioria dos casos, a carência do
benefício da excussão prévia não é
negociável, mas não custa tentar fazê-lo.
Se o credor não aceitar prescindir da
www.deco.proteste.pt
renúncia, pondere bem se, ainda assim,
está disposto a correr o risco. Para sua
proteção, o fiador não deve renunciar SE É FIADOR E A SUA
a este benefício. Se reparar numa tal
cláusula, bata o pé e resista. Mesmo
SITUAÇÃO FINANCEIRA
que, à partida, não tenha a obrigação PIORAR ENTRETANTO,
de pagar as prestações mensais se houver AVISE A INSTITUIÇÃO DE
incumprimento, passa logo a assumir CRÉDITO. PODE TENTAR
uma posição equivalente à do devedor
principal. E, claro, a pagar por ele ao
RENEGOCIAR O CONTRATO
menor deslize.
Palavra-chave: renegociar
O candidato a fiador deve ter dotes
de adivinho, como já percebeu.
Voltando ao exemplo de há pouco,
deveria ser capaz de prever como está
a sua situação financeira, e a do devedor, A OPINIÃO DA NOSSA
nos próximos 30 anos. É impossível, ESPECIALISTA
claro.
Ainda há, contudo, uma porta
de saída: a renegociação do contrato,
com a extensão do prazo de pagamento
ou a revisão do spread, por exemplo.
Ou, ainda transferir o crédito para outra
instituição.
Magda Canas
É possível o fiador recusar a dívida,
se provar que informou o credor de que
A lei obriga as instituições que
já não reúne condições para a pagar, concedem créditos relativos a
caso venha a ser chamado. Por isso, imóveis a prestarem informação
se é fiador e a sua situação financeira ao fiador e a disponibilizarem
sofreu alterações significativas para antecipadamente a cópia do
pior, exponha a situação ao banco. contrato. Fazem-no através da
O credor vai analisá-la pela área de chamada ficha de informação
risco. Se a ameaça for real, pode pedir normalizada europeia (FINE),
sendo que a instituição de crédito
ao devedor principal que reforce a fiança.
permanece vinculada à proposta
O problema é que, na maioria dos casos, durante o prazo mínimo de 30
o credor não dá importância aos sinais dias. O fiador dispõe de um
de alerta, e os fiadores não sabem que período de reflexão de sete
têm o dever de informar as instituições dias para analisar se aceita.
de crédito quando enfrentam maiores Aplaudimos esta imposição
dificuldades financeiras. Sair do contrato legislativa, por garantir maior
é difícil, mas não impossível. Se o crédito proteção aos interesses dos
fiadores. Ainda assim, peca
tiver sido autorizado com base numa
por ser limitadora: protege
situação financeira que entretanto
unicamente os fiadores que
piorou, só a renúncia à garantia por parte prestem garantia no âmbito de
do credor pode pôr fim à fiança. créditos relativos a imóveis.
Mas, tal como não existem unicórnios A proteção deveria ser alargada
a passear no horizonte, será muito difícil a quem contrai qualquer tipo
que isso aconteça. Por isso, previna-se, de empréstimo (ao consumo,
dentro do possível. por exemplo), a fim de, também
aqui, evitar incumprimentos.
DOSSIÊ TÉCNICO Magda Canas
novembro/dezembro 2021//D&D 19
CAPA//SERVIÇOS MÍNIMOS BANCÁRIOS

Preço mínimo, poten

Está na altura de as contas de serviços mínimos bancários serem levadas
a sério. Além de baratas, oferecem um conjunto de serviços que as tornam
numa verdadeira alternativa às contas tradicionais, com poupanças a atingir
os 91 euros por ano. Até quando vão continuar vedadas aos portugueses?
Texto Sílvia Nogal Dias & Filipa Rendo

SERVIÇOS
MÍNIMOS EM
2000 CRIAÇÃO DOS SERVIÇOS MÍNIMOS
Incluem uma conta à ordem com cartão
de débito, com uma comissão anual máxima equivalente
2015 MENOS RESTRIÇÕES NO ACESSO
É autorizada a cotitularidade com maiores
de 65 anos ou com quem possua incapacidade igual ou

EVOLUÇÃO a 3,18 euros. A adesão dos bancos é voluntária. superior a 60 por cento. Bancos são obrigados a aderir.

20 D&D//novembro/dezembro 2021 www.deco.proteste.pt

ncial máximo
A
no após ano, os nossos
estudos têm revelado
aumentos vertiginosos nos
custos das contas à ordem.
Cercados por comissões, mensalidades
e anuidades, poucas alternativas restam
aos consumidores que não seja pagar,
pagar... e pagar.
Mas eis que as contas de serviços
mínimos bancários começam a ganhar
terreno. Criadas para facilitarem o
acesso a um conjunto de produtos e
serviços bancários essenciais, a um
custo reduzido, foram adquirindo novas
funcionalidades, ao longo dos anos,
tornando-se numa alternativa às contas
à ordem convencionais. A sua principal
vantagem reside no custo: a comissão
de manutenção está limitada por lei
e não pode ultrapassar os 4,38 euros
anuais (equivalentes a 1% do indexante
141 mil
utilizadores
de contas de
serviços mínimos,
em 2021
20%
é o acréscimo
de utilizadores
no último ano
2017 INTRODUZIDAS TRANSFERÊNCIAS ONLINE
Contas passam a incluir 12 transferências anuais,
sem custos, através do homebanking. Desde 2018, é possível efetuar
24 destas operações por ano.
www.deco.proteste.pt
dos apoios sociais, em 2021). É natural
que esteja a perguntar-se porque é que
nunca prestou atenção a este produto.
O motivo é simples. Ao fraco incentivo
à sua adesão, por parte dos bancos,
junta-se um problema de base: para abrir
uma conta de serviços mínimos não
pode ser titular de qualquer outra conta
à ordem em todo o sistema bancário (com
pequenas exceções). Tal limitação deixa
de fora muitos portugueses que, por
necessidades familiares ou profissionais,
detêm mais do que uma conta à ordem.
Ainda assim, e a julgar pelo estudo
de 2020 do Banco de Portugal sobre
inclusão financeira e produtos bancários,
seriam a solução para os cerca de 70%
de clientes que afirmaram ter apenas
uma única conta. Se é, por acaso, um
deles, prevenimo-lo, desde já, que corre
o risco de chegar ao fim deste artigo
com vontade de mudar.
Mínimos, mas pouco
Criadas pouco antes da entrada no novo
milénio, as contas de serviços mínimos
bancários procuraram facilitar o acesso
a uma conta bancária de baixo custo a
toda a população, incluindo aquela com
menos recursos. Tal como o nome indica,
os serviços incluídos eram reduzidos,
limitando-se a levantamentos e depósitos
ao balcão ou operações nas máquinas
automáticas, com o cartão de débito.
A torná-las ainda mais desinteressantes
estava o acesso fortemente condicionado,
algo que, desde o início, criticámos. Não é
de estranhar, portanto, que, passados 10
anos da sua criação, os bancos contassem
2021 PORTA ABERTA AO MB WAY
A conta de serviços mínimos permite efetuar cinco
transferências mensais, sem custos, através de aplicações operadas
por terceiros, como o MB Way, com limite de 30 euros por operação.
O que é que
faço contigo?
A conta de serviços mínimos pode
ser movimentada como qualquer
conta à ordem. Permite fazer
depósitos, levantamentos,
pagamentos, débitos diretos...
Inclui ainda os seguintes serviços.
Cartão de débito
Para usar em caixas automáticas
em Portugal e no resto da União
Europeia. Permite fazer operações
de baixo valor (como pagamento
de portagens, por exemplo).
Homebanking
Estão autorizadas 24 transferências
interbancárias por ano, na internet,
sem custos.
MB Way
Pode fazer cinco transferências
mensais na aplicação, até 30 euros.
menos de um milhar de contas
de serviços mínimos ativas.
O descontentamento crescente dos
consumidores face aos sucessivos
aumentos das comissões bancárias
acabaria por servir de balão de oxigénio
aos moribundos serviços mínimos,
reanimados por meio de algumas
alterações legislativas. Além de terem
passado a fazer, obrigatoriamente,
parte da oferta de todos os bancos,
incluem mais serviços (como
transferências interbancárias através
de homebanking) e a permitir a adesão
de cotitulares de contas com maiores de
65 anos ou pessoas com incapacidade
igual ou superior a 60 por cento.
novembro/dezembro 2021//D&D 21
CAPA//SERVIÇOS MÍNIMOS BANCÁRIOS

As alterações introduzidas tiveram

um impacto significativo no número de ESCOLHA
ACERTADA A nossa seleção
adesões. Se, no início da década anterior, COM A CONTA DE SERVIÇOS
não atingia o milhar, 10 anos depois, a
versão melhorada das contas de serviços
Comparámos o custo anual da conta MÍNIMOS, OS CONSUMIDORES
mínimos já ultrapassava os 103 mil
de serviços mínimos com a conta à
ordem mais barata de cada banco.
POUPAM UMA MÉDIA
clientes e, em 2021, os 141 mil, registando Contabilizámos a comissão, o custo DE 64% EM RELAÇÃO
um acréscimo superior a 20% em do cartão de crédito, assim como o A UMA CONTA À ORDEM
de 12 transferências interbancárias
apenas um ano, segundo dados do Banco
de Portugal. que acrescem às 24 incluídas na CONVENCIONAL
conta de serviços mínimos. Para saber
onde encontrar as contas de serviços
As mais baratas
mínimos mais económicas, também as
entre as mais baratas comparámos entre si, e apurámos que
Não fosse a limitação da titularidade pode poupar 24 euros por ano, Para percebermos se este tipo de
de contas bancárias, as contas de se escolher as mais baratas. conta poderá ser, efetivamente, uma
serviços mínimos seriam, certamente, alternativa mais económica, calculámos
a escolha de muitos consumidores para ATIVO BANK a poupança obtida por quem subscreva
Custo anual € 0 POUPE
contornarem os custos imparáveis das € 24 este produto em vez da conta à ordem
comissões bancárias. Se não tem essa BANCO CTT ANO mais barata no mesmo banco. Para
condicionante, atente aos próximos Custo anual € 0 comparar custos, utilizámos o cenário
parágrafos. habitual dos nossos estudos: o custo
anual de uma conta corrente com cartões
de débito e de crédito, a que acrescem três

CONTA DE SERVIÇOS MÍNIMOS CUSTO ANUAL transferências interbancárias por mês,

através de homebanking.
Banco Serviços incluídos (€) Total Considerando as características das
(€) Conta
à ordem contas de serviços mínimos, neste
Transferências

mais barata cenário, seria necessário suportar, além

Comissão de
manutenção

(36 por ano)

no mesmo
de crédito

da comissão da conta (que inclui o cartão

de débito

banco
Cartão

Cartão

(€) de débito), o custo do cartão de crédito

e 12 transferências interbancárias, que
F Activo Bank 0 0 0 0 0 0 excedem as 24 incluídas nos serviços
F Banco CTT 0 0 0 0 0 15,60 mínimos.
BNI Europa 0 0 0 6,24 6,24 23,92 A conclusão a que chegámos não
Caixa Agrícola 3,54 0 0 3,12 6,66 73,68 poderia ser mais esclarecedora: no nosso
Banco BiG 4,28 0 0 6,24 10,52 33,28 cenário, optando pelos serviços mínimos,
os consumidores poupam, em média,
Bankinter 4,28 0 0 6,24 10,52 101,92
64% face às soluções mais baratas em
EuroBic 4,28 0 5,20 12,48 21,96 62,40
contas à ordem tradicionais. Em vez
Best Bank 4,24 0 20,80 0 25,04 41,08 dos quase 73 euros pagos, em média,
Millennium bcp 4,24 0 10,40 13,68 28,32 91,52 por ano, o custo desce para cerca de 24
Novo Banco 4,31 0 10,40 13,68 28,39 68,64 euros. Mesmo no banco mais caro (o
Caixa Geral de Depósitos 4,24 0 12,48 11,88 28,60 74,28 Santander), a conta de serviços mínimos
Banco BPI 4,24 0 14,56 12,48 31,28 99,72
custa 51 euros, bem abaixo dos 137 euros
pagos exatamente pelos mesmos serviços
Atlantico Europa 0 0 20 12,48 32,48 71,88
nesse banco. Esta diferença de 86 euros
Montepio 4,16 0 18,72 14,40 37,28 99,84 fica, ainda assim, abaixo dos 91 euros que
Abanca 4,16 0 31,20 6 41,36 111,60 um cliente pode poupar no Bankinter se
BBVA 4,24 0 20 21,84 46,08 129,72 mudar da conta à ordem mais barata para
Santander 4,24 0 31,20 15,60 51,04 137,28 uma conta de serviços mínimos.
Mas pode não pagar absolutamente
Compare contas à ordem www.deco.proteste.pt/contas-ordem
nada. Se optar pelo ActivoBank ou pelo
F Escolha Acertada Banco CTT, a conta é gratuita, permitindo

22 D&D//novembro/dezembro 2021 www.deco.proteste.pt

uma poupança de 24 euros anuais face à
média das contas de serviços mínimos,
nos restantes bancos. Note que, no
Activo Bank, Escolha Acertada no último
estudo de contas à ordem, a Conta
Simples também não tem comissões de
manutenção, neste cenário.
É certo que trocar a sua conta à ordem
por uma conta de serviços mínimos será
uma solução acertada se a utilização
que lhe der for semelhante à do nosso
cenário. Para quem faça um número
muito elevado de transferências
interbancárias pela internet, por
exemplo, pode não ser a opção ideal.
Como tal, antes de qualquer decisão, é
fundamental que faça uma análise ao seu
perfil de utilizador.
(In)formação precisa-se
Além de aferirmos os custos das contas
de serviços mínimos, complementámos
o nosso estudo com um teste prático à
informação prestada aos clientes sobre
este tipo de produto por 13 instituições
bancárias. Com exceção de um caso, no
Abanca, não registámos tentativas de
convencer o cliente a não aderir à conta
ou de propor outra como alternativa.
Contudo, notámos alguma falta de
conhecimento por parte dos funcionários
sobre este produto. Alegando que
não é uma conta habitualmente
comercializada e que tem sofrido
alterações ao longo do tempo, a maioria
admitiu não conhecer inteiramente as
suas características, remetendo o cliente
para a página de internet do banco ou
para a Ficha de Informação Normalizada
(FIN) para mais informações. Perante
este panorama, consideramos que os
bancos devem investir na formação dos
seus colaboradores, para que estejam em
condições de esclarecerem corretamente
os clientes sobre as contas de serviços
mínimos.
Uma conta para todos
Depois de uma estreia pouco
memorável, a conta de serviços
mínimos foi ganhando fôlego e,
hoje em dia, já consegue competir
com as tradicionais. No entanto,
www.deco.proteste.pt
as limitações ao seu acesso impedem
que se tornem numa alternativa
CONSUMIDORES EXIGEM
válida para muitos consumidores.
Além disso, esta condicionante acaba
também por ter efeitos na concorrência
entre bancos, já que, ao optarem por
uma conta de serviços mínimos, os
consumidores não podem usufruir das
melhores oportunidades em créditos,
investimentos ou qualquer outro
produto, noutro banco que não aquele
em que detêm a conta.
Defendemos, por isso, que o acesso a
uma (e apenas uma) conta de serviços
mínimos seja alargado a todos os
consumidores, independentemente
do número de contas bancárias que
detenham. Tal alteração legislativa
permitiria aos portugueses pouparem
dezenas de euros por ano.
No cenário de aumentos
descontrolados de comissões
bancárias, oferecer esta alternativa
aos consumidores não é mais do que
um serviço mínimo.
DOSSIÊ TÉCNICO Nuno Rico
O BANCO RESPONDE
Com dúvidas e pouco rigor
Complementámos o nosso estudo com um teste prático à informação prestada
pelos bancos sobre as contas de serviços mínimos. Além do desconhecimento
revelado pela generalidade dos funcionários bancários sobre este produto, em
casos pontuais, obtivemos respostas incorretas. Deixamos alguns exemplos.
SE É COTITULAR DE UMA CONTA
À ORDEM, NÃO PODE ADERIR
AOS SERVIÇOS MÍNIMOS
Falso É possível ter uma conta de
serviços mínimos e ser cotitular de outra
conta, desde que com uma pessoa
com mais de 65 anos ou com grau de
invalidez permanente igual ou superior
a 60 por cento.
A CONTA DE SERVIÇOS MÍNIMOS
NÃO LHE PERMITIRÁ CONTRATAR
UM CRÉDITO À HABITAÇÃO
Falso Apenas fica impedido de
contratar descoberto bancário ou
Serviços mínimos
acessíveis a todos
● Ao longo dos anos, temos vindo a
reivindicar melhorias nas contas de
serviços mínimos bancários. Neste
momento, são uma boa alternativa
às contas à ordem convencionais,
cujos custos não param de
aumentar. Mas continuam vedadas
a quem tem mais do que uma conta
bancária.
● Exigimos a alteração do regime
que regulamenta os serviços
mínimos, liberalizando o acesso a
este tipo de conta, que deve, ainda
assim, ficar limitada a uma por
cliente. É também importante que
os bancos prestem mais e melhor
informação aos consumidores
sobre este produto.
● Daremos conta das nossas
reivindicações ao Banco
de Portugal e aos grupos
parlamentares.
facilidade de descoberto, ou seja, a
possibilidade de efetuar operações com
saldo negativo (mediante pagamento
de juros). Qualquer outra operação de
crédito (pessoal, hipotecário, etc.) é
possível com este tipo de conta.
AS TRANSFERÊNCIAS ONLINE
SÃO ILIMITADAS
Falso As transferências interbancárias
(entre bancos distintos) sem custos
estão limitadas a 24 por ano, se
efetuadas no homebanking. Apenas as
transferências intrabancárias (dentro da
mesma instituição) são ilimitadas.
novembro/dezembro 2021//D&D 23
D&D//RUÍDO DE VIZINHANÇA

Pouco barulho!
O ruído é responsável por muitos conflitos entre vizinhos. Saiba o que fazer
em situações específicas. A lei existe, mas a sua aplicação prática não é fácil
Texto Rita Santos Ferreira & Filipa Rendo

“J
á tive de sair de casa por
não aguentar o barulho”,
contou-nos Miguel Santos,
economista de profissão.
Em 2009, Miguel e a sua mulher
mudaram-se para um apartamento
no segundo andar de um prédio.
Em 2015, o imóvel por cima do seu foi
ocupado por um casal que tinha três
cães. Desde esse dia, o descanso
de Miguel nunca mais foi o mesmo.
Numa primeira fase, os animais,
que muitas vezes ficavam na varanda,
sujavam a de Miguel. Perante a
situação, o economista expôs o seu
incómodo, através de uma conversa
com os novos inquilinos do prédio.
Estes responderam-lhe que iriam ter
mais cuidado e a situação acabou por
melhorar. Porém, seria apenas o início
de um pesadelo que dura há mais de
cinco anos.

Cão que ladra incomoda... e muito

Quando os vizinhos saíam de casa
para ir trabalhar, os três cães ficavam
durante o dia na varanda a ladrar. Por
vezes, o barulho começava antes das sete
horas da manhã; outras, prolongava-se
até às tantas da madrugada. Miguel
disponibilizou-nos vídeos em que é
bem audível o ladrar constante e agudo,
característico de cães de pequeno porte.
Diz ter noção de que o ladrar dos animais
não é controlável, mas o ato de lhes
abrirem a porta da varanda era voluntário.
Segundo o Regulamento Geral
do Ruído, entende-se por ruído de
vizinhança o barulho feito nas habitações
ou decorrente de atividades nelas
desempenhadas, produzido por alguém,
por intermédio de outrem, por alguma

24 D&D//novembro/dezembro 2021 www.deco.proteste.pt

coisa ou animal à sua responsabilidade
que afete, devido à sua duração,
repetição ou intensidade, a saúde
pública e a tranquilidade da vizinhança.
As autoridades policiais, ou polícia
municipal, podem exigir a quem produz
ruído, entre as 23 e as 7 horas, que tome
medidas adequadas para o fazer cessar
imediatamente, ou podem fixar a quem o
produz entre as 7 e as 23 horas um prazo
para lhe pôr fim. Porém, antes de chamar
as autoridades convém, tal como Miguel
fez, falar previamente com o vizinho
barulhento a fim de o consciencializar
sobre os transtornos que está a causar
a terceiros. Embora a lei fixe, como
vimos, certos períodos do dia, a verdade
é que não existe exatamente um horário
para “fazer barulho”. Quando o ruído é
excessivo e demasiado incomodativo,
é possível chamar as autoridades
competentes. A vida de qualidade em
comunidade e a saúde pública devem ser
respeitadas.
A teoria que não chega à prática
Depois de várias chamadas de atenção,
em que, numa delas, o vizinho reagiu
agressivamente, Miguel viu-se forçado,
em alguma ocasiões, a chamar as
autoridades policiais. Porém, quando os
agentes se dirigiam ao apartamento, os
vizinhos nunca se encontravam em casa
e, como tal, dado que a lei, neste caso,
não permite que as autoridades policiais
façam mais do que exigir que o barulho
termine, as queixas de Miguel nunca
surtiram efeito.
Houve, então, um dia em que decidiu
expor o caso ao Serviço da Proteção
da Natureza e Ambiente (SEPNA),
alegando que os animais passavam o dia
NUMA PRIMEIRA FASE,
OPTE SEMPRE PELO DIÁLOGO
COM O VIZINHO. DEPOIS
DISSO, SE O RUÍDO
CONTINUAR, CHAME AS
AUTORIDADES POLICIAIS
www.deco.proteste.pt
FONTES DE RUÍDO
O que faço nesta situação?
Existem vários casos em que o ruído se torna incomodativo. Saiba como agir.
MÚSICA MUITO ALTA
Este ruído é suscetível de
incomodar os vizinhos.
Se o som alto for contínuo, é
possível solicitar uma perícia
às autoridades policiais.
PASSOS
O ideal será andar de
pantufas ou calçado
silencioso. Os saltos altos
ou sapatos com sola podem
causar transtorno. Porém,
devemos estar cientes de
que os vizinhos produzem
algum barulho. Não pode é
ser excessivo e recorrente.
CÃO A LADRAR
Se o animal ladrar
esporadicamente, em
princípio, não causará
incómodo. Se estiver todo o
dia a ladrar, há motivos para
se queixar.
CHORO DE BEBÉS
Embora possa incomodar, os
vizinhos terão de suportar,
inteiro sozinhos na varanda. A entidade
averiguou a situação e falou com os
vizinhos. O ruído diminuiu, de facto.
Entretanto, em 2019, Miguel e a
esposa foram pais e a situação tornou-se
impraticável, pois o barulho chegava a
perturbar o descanso do bebé. Miguel
comunicou a situação ao condomínio,
mais do que uma vez – apesar de este
não ter responsabilidade sobre o tema
–, e o ruído deixou de ser tão constante.
Contudo, chegou a ser alvo de ofensas
por parte dos vizinhos. Perante todo este
desgaste psicológico, em 2021, Miguel e a
família decidiram pôr a casa à venda.
Este caso espelha bem o facto de
as regras relativas ao ruído existirem,
visto que os pais não têm controlo
sobre essa situação.
CRIANÇAS A BRINCAR
As crianças podem e devem brincar
dentro de casa. Porém, há brincadeiras
que excedem os limites. Por exemplo,
bater com portas ou gritar, andar de
patins ou jogar à bola são atividades
que causam incómodo aos vizinhos.
AR CONDICIONADO
Se o barulho for constante e
incomodativo, o vizinho está obrigado
a cessar de imediato esta fonte de
ruído.
OBRAS NO PRÉDIO
As obras de recuperação,
remodelação ou conservação só
podem ser feitas em dias úteis, entre
as 8 e as 20 horas, e o responsável é
obrigado a fixar, em local acessível, a
duração prevista da obra e o período
no qual se prevê que ocorra mais
ruído. É desejável que o condomínio e
os vizinhos mais afetados pelas obras
sejam avisados. Fora deste horário, só
são permitidas obras urgentes.
mas serem de difícil aplicação prática.
O Presidente da República também já
mostrou preocupação sobre o tema e,
durante o confinamento, propôs que
fossem determinados níveis de ruído
mais reduzidos ou em certos horários.
Porém, a proposta não saiu do papel.
“As pessoas têm o direito a terem
animais, mas eu também tenho o
direito a descansar em minha casa”,
afirmou Miguel.
DOSSIÊ TÉCNICO Sofia Lima
Fazemos mais pelo seu condomínio
Conheça o nosso serviço em
www.condominiodeco.pt
novembro/dezembro 2021//D&D 25
D&D//FINANCIAMENTO AUTOMÓVEL
Quero um
carro novo
Lado a lado, apresentamos todas as diferenças
e semelhanças entre os três modelos de
financiamento: crédito, leasing e renting. Agora, já
não pode dizer que não entende nada do assunto
Texto Ana Santos Gomes
H
á muito mais para perceber do
que simplesmente comparar
uns preços. Essa era a única
tarefa a fazer, se tivesse
na conta bancária todo o montante
necessário para comprar o carro novo.
Mas não tem, certo? Portanto, vamos
evitar que sinta necessidade de tirar
uma pós-graduação em financiamento
automóvel, e simplificamos tudo aquilo
de que necessita de saber antes de se
aventurar ao volante do novo bólide
(quem é amigo, quem é?).
Pedir crédito ao banco é a solução
mais tradicional, o que não significa
que seja a mais vantajosa para todos os
consumidores. Aliás, é bem possível que
26 D&D//novembro/dezembro 2021
o desconhecimento de outras soluções
justifique a constante concentração do
mercado na solução mais convencional.
Mas o leasing e o renting têm vindo a
ganhar adeptos no mercado nacional,
sobretudo entre aqueles que não
fazem questão de ver o seu nome como
proprietário da viatura e procuram
apenas uma solução mais rentável de
mobilidade. Se são opções perfeitas para
todos? Também não. Por isso, compare.
É só ler com atenção a caixa aqui ao lado.
Olhe sempre para a TAEG
Se vai começar a recolher propostas
de financiamento, em crédito ou em
leasing, saiba que deverá receber de
CR
ÉD
ITO
DURAÇÃO
6 a 120 meses.
TIPO DE PAGAMENTO
Prestações mensais.
PROPRIEDADE
DO VEÍCULO
É do próprio consumidor. Mas, em
regra, o crédito é feito “com reserva de
propriedade”, ou seja, fica registado na
conservatória o direito do banco sobre
a viatura. Só quando o crédito é feito
“sem reserva de propriedade” é que
o carro fica registado na conservatória
apenas em nome do proprietário.
VENDA DURANTE
O CONTRATO
Se houver “reserva de propriedade”,
só com autorização do banco e
liquidação do empréstimo pode
ocorrer a venda. Nos restantes casos,
é permitida a qualquer momento.
COMISSÕES
De análise e/ou formalização
e de cancelamento de reserva
de propriedade, se aplicável.
IMPOSTOS
De selo sobre comissões e juros,
e de selo sobre a utilização do crédito
(ISUC).
GARANTIAS
Livrança em branco assinada pelo
cliente, a assumir o compromisso
de pagamento do empréstimo.
SEGUROS EXIGIDOS
De vida e automóvel (só o obrigatório).
SERVIÇOS INCLUÍDOS
Não tem.
AMORTIZAÇÃO
ANTECIPADA
Permitida, mas com penalização em
créditos de taxa fixa: 0,5% do valor
a reembolsar, se faltar mais de um
ano para o fim do contrato; 0,25%,
se faltar menos.
FINAL DO CONTRATO
Alteração do Documento Único
Automóvel, para remover a reserva
de propriedade, se aplicável.
www.deco.proteste.pt
 LE RE
AS NT
IN IN
G G

DURAÇÃO DURAÇÃO
12 a 120 meses. 12 a 60 meses.

TIPO DE PAGAMENTO TIPO DE PAGAMENTO

Rendas mensais. Rendas mensais.

PROPRIEDADE PROPRIEDADE DO VEÍCULO

DO VEÍCULO Locadora.
Locadora.
VENDA DURANTE O CONTRATO
VENDA DURANTE Não aplicável.

O CONTRATO COMISSÕES
Só se liquidar a totalidade do Incluídas nas rendas mensais.
financiamento e adquirir o veículo.

COMISSÕES IMPOSTOS
IVA sobre as rendas.
De análise e/ou formalização
e de transferência de propriedade.
GARANTIAS
Não são exigidas.
IMPOSTOS
IVA sobre as rendas e comissões.
SEGUROS EXIGIDOS
Seguro automóvel com danos próprios (pode estar incluído nas rendas).
GARANTIAS
Livrança em branco assinada pelo
cliente, a assumir o compromisso SERVIÇOS INCLUÍDOS
de pagamento do empréstimo. Opção por um pacote de serviços, como manutenção, reparação,
assistência, etc.
SEGUROS EXIGIDOS AMORTIZAÇÃO ANTECIPADA
Seguro automóvel com danos
próprios. Sujeito a penalização por incumprimento contratual.

SERVIÇOS INCLUÍDOS FINAL DO CONTRATO

Não tem. Possibilidade de comprar o veículo usado, mediante preço a negociar,
ou início de novo contrato para outra viatura.
AMORTIZAÇÃO
ANTECIPADA
Permitida, mas com penalização
em créditos de taxa fixa: 0,5% do
montante a reembolsar, se faltar mais
de um ano para o fim do contrato; PEDIR CRÉDITO AO BANCO
0,25%, se faltar menos.
É A SOLUÇÃO TRADICIONAL,
FINAL DO CONTRATO MAS NEM SEMPRE SE REVELA
Possibilidade comprar o veículo,
mediante pagamento do valor
A MAIS VANTAJOSA
residual: 2 a 30% do preço do carro.

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D&D//FINANCIAMENTO AUTO
RENTING
NA LEASEPLAN
Basta ser titular
do cartão DECO+
para beneficiar
de 5% de desconto
na mensalidade
de renting de viaturas
na LeasePlan.
O contrato está isento
de despesas de
abertura e oferecemos
VANTAGENS PARA SI
a primeira mensalidade
ou 200 euros em
cartão-combustível.
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pt/cartao-deco-mais/
mobilidade/leaseplan
todos os interlocutores uma ficha
de informação normalizada (FIN), com
campos iguais, para mais facilmente
comparar a informação de cada
estabelecimento.
Um dos detalhes a que deve dar
especial atenção é a TAEG, uma das taxas
que lhe indicam no campo dedicado
ao custo do crédito. A taxa anual de
encargos efetiva global é apresentada
em formato de percentagem e, quanto
maior for esse índice, mais caro lhe sairá
o negócio. Isto porque a TAEG expressa o
custo total do financiamento ao longo do
contrato, incluindo eventuais comissões,
juros, impostos e outros encargos.
Saiba ainda que o Banco de Portugal
impõe limites máximos para as TAEG
praticadas neste tipo de contratos.
No quatro trimestre do ano, é de 3,1%
para carro novo a leasing e de 4,7% para
usado. No crédito, é proibido ultrapassar
os 9,3% para veículos novos e 11,8% para
usados.
Elétricos com boas taxas
Se a sua atenção está agora voltada
para os carros elétricos ou híbridos,
adiantamos já que algumas instituições
de crédito oferecem condições especiais
de financiamento para este tipo de
veículos. Em regra, são condições mais
vantajosas, a condizer com os novos
tempos de promoção de uma mobilidade
sustentável.
Regra de ouro para a ronda que se
segue pelo mercado é a escolha criteriosa
dos vendedores. Isto porque muitos
concessionários assumem o papel de
intermediários de crédito, e nem todos
estão autorizados a fazê-lo. O Banco
de Portugal tem vindo a alertar, cada
vez mais, para casos de intermediação
não autorizada. Identifique na ficha
de informação normalizada a instituição
que assume este papel.
E se puder só pagar e conduzir?
Não sendo imprescindível, para si,
ter um carro que fique na família por
muitos anos, o renting pode constituir
uma solução de sonho, já que apenas
tem de pagar a mensalidade do aluguer
operacional da viatura e usufruir dele
nos próximos quatro ou cinco anos.
Pode escolher o pacote de serviços que
quer integrar no contrato, para que o
pagamento da mensalidade represente
não só o acesso à viatura, como também
A MENSALIDADE DE RENTING
ENGLOBA O ALUGUER
DA VIATURA E OS SERVIÇOS
QUE DECIDIR INCLUIR
NO CONTRATO
as revisões na oficina, o seguro ou o
combustível, por exemplo.
Terminado o contrato, pode renová-lo,
renegociar o pacote de serviços e
escolher um novo carro para a próxima
temporada. Assim, tem sempre um carro
muito recente (com menos probabilidade
de avariar, o que é ótimo), mas também
nunca se livra de uma mensalidade.
DOSSIÊ TÉCNICO Margarida Zacarias
Faça a sua simulação em
www.deco.proteste.pt/financiamento-auto
PRÓS E CONTRAS
Não há soluções
perfeitas
CRÉDITO
Ser proprietário do veículo
desde o início do contrato.
Não existe valor residual.
Possibilidade de escolher um veículo
novo ou usado.
TAEG mais elevadas do que
no aluguer em leasing.
LEASING
Isenção de ISUC (imposto de selo).
Taxas de juro mais baixas do que
no crédito automóvel.
A propriedade do carro não é
locatário.
Obrigatoriedade de contratar seguro
automóvel com coberturas de danos
próprios.
RENTING
Acesso regular a carro novo,
no início de cada contrato.
Possibilidade de integrar serviços
no pacote financiado.
Carro não é propriedade
do locatário.
Necessidade de pagar mensalidades
sem fim à vista.
www.deco.proteste.pt

Sim, dá
para poupar
no seguro
Aprenda a otimizar a relação com o seguro
do seu automóvel. Consegue poupar no prémio
anual, evita conflitos indesejados e, em caso
de acidente, livra-se de um pesadelo
Texto Ana Santos Gomes
P
ensar no seguro automóvel
apenas no momento em que
surge o recibo para pagar é o
primeiro erro de quem gostava
de gerir melhor o orçamento doméstico.
Um seguro não é um serviço de
telecomunicações, a que tenha de ficar
fidelizado durante anos. Pode pôr fim ao
contrato quando a anuidade terminar ou,
se tiver optado pelo fracionamento, no
www.deco.proteste.pt
pagamento seguinte. Por isso, é melhor
simular e comparar preços, para não
tomar uma decisão precipitada.
Mas, antes de se atirar de cabeça
para a nova apólice, pense bem nas
coberturas de que vai precisar. Porque,
se estaciona regularmente em garagem,
pode não fazer sentido cobrir atos de
vandalismo ou fenómenos da natureza.
Sempre poupa uns euros. E, se tem mais
D&D//SEGURO AUTOMÓVEL
do que um carro na família, talvez possa
prescindir da cobertura de viatura de
substituição. Mais uns euros poupados.
Aliás, se há mais carros no agregado,
pondere subscrever um pacote de família,
reunindo todos os veículos na mesma
apólice em troca de um desconto.
Prestações podem ajudar
Carro velho não merece um gasto
muito avultado em coberturas de danos
próprios. Se o bólide tem mais de cinco
anos, é provável que o valor sentimental
já supere o comercial. E, em caso de
acidente, ninguém vai querer saber o que
dizem os seus olhos de dono de um carro
desvalorizado. Seja minimalista.
No novo seguro, pode optar pelo
fracionamento mensal ou trimestral, já
que muitas seguradoras disponibilizam
esta forma de pagamento sem grandes
encargos adicionais, desde que adira ao
débito direto. Assim, caso queira mudar
antes do fim da anuidade, basta não
pagar a prestação seguinte, e o seguro é
automaticamente anulado.
O condutor habitual é o papá?
Se tem menos de 23 anos e carta há
menos de dois, não é boa ideia declarar
o nome do paizinho como condutor
habitual, em prol de um prémio mais
baixo. O progenitor até pode ser tomador
do seguro e pagar todas as contas, mas
é o perfil do condutor habitual que dita
a probabilidade de ocorrência de um
sinistro. Nessa altura, descobrindo a falsa
declaração, a seguradora pode aplicar
uma franquia superior ou, no limite,
recusar o pagamento dos danos.
Foi só um risco...
Não, ninguém é obrigado a pôr o carro
na oficina recomendada pela seguradora.
Mas há vantagens em fazê-lo. Por norma,
optar por oficinas convencionadas dá
acesso a benefícios adicionais, como
a oferta de um veículo de cortesia, a
garantia da reparação, a celeridade ou
até a redução da franquia. Mas pense
bem antes de participar um sinistro.
Não compensa fazê-lo por pequenos
danos de que seja responsável.
novembro/dezembro 2021//D&D 29
D&D//SEGURO AUTOMÓVEL

O agravamento que o prémio vai Consulte estabelecimentos multimarca,

POUPE NO sofrer nos anos seguintes pode revelar-se que dão garantias de reparação e, em
SEGURO AUTO bastante superior ao custo de reparar regra, praticam preços mais acessíveis.
A nossa parceria com aquele risco no capô. Em alternativa, tente negociar uma
a OK! teleseguros indemnização superior, para compensar
garante-lhe uma Mas o carro ainda estava bom... a perda do veículo. Por certo dirá que não
redução de 6% no A seguradora declarou perda total, é suficiente para comprar um veículo
prémio do seguro mas o cliente não teve culpa alguma semelhante e nas mesmas condições,
automóvel ou de mota. do acidente e o carro servia tão bem mas nada obriga a seguradora a fazer
Pode escolher entre três
os seus propósitos. Infelizmente, não mais do que isso. Provavelmente, o seu
pacotes de coberturas.
há volta a dar. Nenhuma seguradora automóvel estava apenas no local errado,
O desconto pode
irá repor o estado da viatura, se os à hora errada.
chegar aos 20%, se tiver
VANTAGENS PARA SI

mais veículos e aderir

danos ultrapassarem o valor comercial
ao OK! Família. ou puserem em causa a segurança Participe o acidente no telemóvel
do veículo. Ainda assim, há margem Já que falamos de acidentes, descarregou
para negociar. Solicite orçamentos para o telemóvel a aplicação e-Segurnet?
Saiba mais em junto de outras oficinas. Se encontrar É ideal para quem não tem à mão
www.deco.proteste. quem repare o veículo por um uma declaração amigável em papel.
pt./cartão-deco-mais/ preço inferior à avaliação do perito, A app permite preencher a declaração,
seguros apresente o orçamento à seguradora, juntar fotos e marcar a geolocalização
provando que a reparação é viável. do acidente. A participação pode ser
Não se limite às oficinas das marcas. entregue através da aplicação, acelerando

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Seguradora e produto Coberturas e características Condutor acima dos 40 anos, com carta há mais de 20 anos,
sem sinistros e residente em Lisboa
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(Renault Clio V ZEN Sce 67, 5p), (Honda Civic 1.4 I-Vtec Comfort),
com capital seguro de € 17 970 com capital seguro de € 10 200

QUALIDADE GLOBAL %
Responsabilidade civil

Responsabilidade civil

Responsabilidade civil

Responsabilidade civil
Assitência em viagem

e quebra de vidros

e quebra de vidros
Âmbito territorial

e danos próprios

e danos próprios
Bónus-málus

Exclusões

OK! TELESEGUROS/DECO OK! Auto B D B B 142,72 290,38 145,25 270,52 71

OK!TELESEGUROS OK! Auto B D B D 143,98 303,99 152,80 285,51 67
FIDELIDADE Liber 3G C C B D 164,11 337,39 186,79 404,91 66
LIBERTY Sobre Rodas B B C D 204,09 374,95 208,79 362,03 66
ALLIANZ Auto B C C D 247,55 462,07 193,19 396,31 65
TRANQUILIDADE Auto B B C D 118,63 272,34 129,37 266,92 65
LOGO Auto B D B D 99,72 177,74 143,59 314,54 63
SEGUROS CONTINENTE Auto B D B D 134,89 304,58 150,34 292,48 63
OCIDENTAL Mobis B C B D 295,63 609,90 359,95 693,32 63
MAPFRE Auto B D D D 165,71 328,35 168,36 371,17 63

Resultados completos em www.deco.proteste.pt/seguro-auto A Muito Bom B Bom C Médio D Medíocre E Mau

Boa qualidade Média qualidade

30 D&D//novembro/dezembro 2021 www.deco.proteste.pt

a comunicação com a seguradora. Aliás,
se do acidente resultaram apenas danos A nossa seleção
materiais, pode acionar a convenção
IDS, o acrónimo de indemnização direta A apólice da Tranquilidade é a Escolha Acertada nos quatro cenários simulados,
ao segurado. Significa que a seguradora permitindo a maior poupança. Já a OK! teleseguros, com uma franquia inferior nas
trata do seu carro de imediato, acertando apólices com danos próprios, dá um desconto exclusivo aos nossos subscritores.
contas posteriormente com a companhia
do outro envolvido. SEGURO COM DANOS PRÓPRIOS SEGURO CONTRA TERCEIROS
Mais duas dicas: se o outro envolvido
não tiver seguro, não há IDS que lhe MELHOR MELHOR
valha, mas pode recorrer ao Fundo DO TESTE DO TESTE
de Garantia Automóvel, que existe
precisamente para estas situações.
OK! teleseguros/DECO OK! Auto OK! teleseguros/DECO OK! Auto
Já se o acidente envolver uma viatura
Prémio anual € 290,38 Prémio anual € 142,72
de matrícula estrangeira, contacte o
Gabinete Português de Carta Verde, que
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lhe dará apoio na resolução do processo. ACERTADA ACERTADA

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Não teve acidentes, mas decidiu vender SUBSCRITORES Tranquilidade Auto
€ 63
o carro. Não se esqueça de comunicar à Prémio anual € 118,63 POR ANO
OK! teleseguros/ POUPE
seguradora e enviar um comprovativo da
/DECO OK! Auto € 93
POR ANO
transação. Se faltava algum tempo para Prémio anual € 290,38
MAIS
EM CONTA
terminar a anuidade e esta já estava paga,
POUPE
devolva a carta verde e peça o reembolso Tranquilidade Auto € 111
do prémio restante. No caso de a venda Prémio anual € 272,34 POR ANO Logo Auto
anteceder a compra de um novo carro, Prémio anual € 99,72
nada o obriga a continuar vinculado NÃO-SUBSCRITORES
à mesma seguradora. Pode voltar ao
Tranquilidade Auto POUPE
mercado, fazer novas simulações e
Prémio anual € 272,34
€ 111
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encontrar a melhor proposta.
Foi o que experimentámos fazer
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ano, e outro usado, com cinco anos. EM CONTA

Realizámos um teste prático, a fim de

encontrar as melhores ofertas para um
condutor experiente, com mais de 20
anos de carta, e apresentamos no quadro
as dez melhores. Com o Tranquilidade
Auto, eleito Escolha Acertada, pode
poupar até 111 euros por ano.
Os nossos subscritores podem ainda
aceder ao protocolo que negociámos
com a OK! teleseguros, que é também
Escolha Acertada nos cenários com
coberturas de danos próprios. Apesar de
mais cara, a apólice do nosso protocolo,
com danos próprios, beneficia de uma
franquia mais baixa (250 euros, menos
100 do que na Tranquilidade) e cláusulas
revistas pelos nossos juristas.
Para a realização deste estudo, a
análise da qualidade das apólices foi
Logo Auto
Prémio anual € 177,74
cruzada com o grau de satisfação dos
consumidores, divulgado anualmente
A NOVA APLICAÇÃO nos nossos inquéritos. Apenas são
E-SEGURNET PERMITE elegíveis para Escolha Acertada as
seguradoras com pontuação igual ou
PREENCHER A DECLARAÇÃO superior a 65. Por essa razão, a Logo, que
AMIGÁVEL E PARTICIPAR obteve 63 pontos, recebeu apenas o título
O SINISTRO ATRAVÉS de Mais em Conta. Propõe o preço mais
DO TELEMÓVEL apetecível em todo o mercado do seguro
automóvel.
DOSSIÊ TÉCNICO Sandra Justino

www.deco.proteste.pt novembro/dezembro 2021//D&D 31


Não arrisque,
segure
Quando contrata um empregado doméstico, este é
da sua responsabilidade durante as horas que está
ao seu serviço... e não só. Adira a um seguro, para
que os acidentes não lhe saiam da carteira
Texto Rita Santos Ferreira & Ana Santos Gomes
32 D&D//novembro/dezembro 2021
C
om o regresso ao trabalho
presencial e o desconfinamento
gradual, a necessidade de ter
uma ajuda nas lides domésticas
aumenta. Voltou a chamar aquelas mãos
preciosas que lhe deixam a casa num
brilho. Mas, atenção, contratar uma
pessoa para fazer o serviço doméstico é
ser responsável por ela durante o período
em que está em sua casa, a dirigir-se para
lá ou ao seu serviço. Não arrisque, adira a
um seguro de acidentes de trabalho para
empregados domésticos e evite que as
despesas com eventuais acidentes, que
podem ser avultadas, lhe saiam do bolso.
Mas qualquer acidente?
Imagine que pede à Maria, ou ao
Manuel, para ir fazer algumas compras
ao supermercado, ou para levar os
seus pais ao centro de saúde, e, no
entretanto, ela ou ele tem um acidente.
Será considerado acidente de trabalho,
uma vez que ocorre quando trabalhava
para si. E terá de responsabilizar-se
pelos danos daí decorrentes. O mesmo
acontece no trajeto de casa para o local
de trabalho, ou do local de trabalho para
o de refeição, independentemente de se
deslocar por meio de um veículo próprio,
de um transporte público (incluindo táxi
e TVDE) ou até a pé. Assim, um acidente
de trabalho não acorre só quando o
empregado está em funções em sua casa,
como quando cai do escadote ao limpar
o pó numa prateleira alta, por exemplo.
Mais: é frequente que os empregados
domésticos trabalhem em várias casas,
ou até tenham outra ocupação além
do serviço doméstico, e, desta forma,
um acidente que ocorra na deslocação
de um para outro emprego também é
considerado acidente de trabalho. Nestes
casos, considera-se que o acidente
ocorreu ao serviço do patrão para onde se
dirigia.
E se a culpa for do empregado?
À partida, o trabalhador tem direito a
ser assistido e compensado ao abrigo
das regras relativas aos acidentes de
trabalho independentemente das
circunstâncias, mesmo que tenha
www.deco.proteste.pt
 D&D//SEGURO PARA EMPREGADOS DOMÉSTICOS

contribuído para o acidente. Esta é a sofridos pelo empregado, ainda que

regra. No entanto, há exceções, isto é,
casos em que o empregado pode ser
responsabilizado, nada recebendo da
seguradora. Por exemplo, se o acidente
for causado intencionalmente pelo
empregado; se tiver como causa a
violação injustificada das condições de
segurança, ou negligência grosseira por
parte do trabalhador; ou, ainda, casos
em que o trabalhador não esteja em
condições de exercer qualquer tarefa,
por estar embriagado ou drogado,
por exemplo. Os acidentes ocorridos
por circunstâncias decorrentes de
forças inevitáveis da natureza, como
terramotos ou tempestades, também
não são da responsabilidade do
empregador. A menos que tenha pedido
expressamente que o empregado fosse
apanhar a roupa ao estendal em plena
trovoada e este tenha sido atingida por
um relâmpago, por exemplo.
Já no caso de se provar que o acidente
ocorreu porque o patrão não adotou as
medidas de segurança exigíveis para
o trabalho, este pode ser chamado a
suportar todas as consequências do
acidente, incluindo danos morais
tenha contratado o seguro.
Segure-se e evite mais “quedas”
Como já percebeu, a responsabilidade
de um acidente de trabalho que envolva
o seu empregado doméstico, regra
geral, é sua. Aconselhamos, por isso, a
contratação de um seguro de acidentes de
trabalho para empregados domésticos.
Deixa de ser responsável? Não, mas as
despesas são pagas pelo seguro.
Analisámos as apólices de 11 seguradoras
e recolhemos os prémios para dois
cenários: no primeiro, para pessoas que
contratem os empregados domésticos
por cinco horas semanais, pagando-lhes
seis euros por cada hora, o que equivale
a uma remuneração anual de 1820 euros.
No segundo cenário,fixámos o ordenado
mínimo de 665 euros como salário
mensal, correspondendo, assim, a 9310
euros por ano. Em ambas as situações,
nomeámos uma Escolha Acertada, ou
seja, a seguradora que garante a melhor
relação entre a qualidade e preço do
seguro. Dado que todas as apólices têm
a mesma qualidade, o preço é o critério
decisivo.
SE O EMPREGADO DOMÉSTICO
TIVER UM ACIDENTE
AO DESLOCAR-SE DA CASA
DE UM PATRÃO PARA A DE
OUTRO, A RESPONSABILIDADE
É DAQUELE PARA ONDE SE
DIRIGIA
Para o cenário das cinco horas
semanais, a Mútua dos Pescadores
apresenta a melhor oferta, com uma
prestação anual de 30,88 euros. Há
despesas de hospital bem mais caras
do que o que pagaria por este produto,
que assegura integralmente todas as
despesas de um possível acidente. Sim,
todas as despesas, sem teto de gastos.
Ao optar por esta Escolha Acertada,
poupa 10 euros por ano, face à média das
restantes seguradoras analisadas.
Em relação ao cenário do ordenado
mínimo, a Mapfre é a seguradora que leva
a melhor na corrida ao título de Escolha
Acertada. Por apenas 115,05 euros

CUSTO ANUAL DE UM SEGURO A nossa seleção

DE ACIDENTES DE TRABALHO (€)
ESCOLHA
ACERTADA

Seguradora Cenário 1 Cenário 2 Fixámos dois cenários: um em que o empregado trabalha

Horas semanais: 5 apenas 5 horas semanais; outro em que está em funções
Salário mensal: € 665 a tempo inteiro, ganhando o salário mínimo. Para cada um,
Preço por hora: € 6
apurámos uma Escolha Acertada e calculámos o valor da
AGEAS 35,36 159,40
poupança em relação à média das apólices analisadas.
Allianz 34,98 138,57 O prémio inicial deve ser pago no início do contrato.
Fidelidade 56,92 168,44
Cinco horas semanais, com preço por hora de € 6
Liberty 34,99 144,07 Remuneração anual: € 1820
Lusitania 47,35 141,06
POUPE Mútua dos Pescadores
Mapfre 51,73 115,05 € 10 Prémio Anual € 30,88
ANO

Mútua dos Pescadores 30,88 142,75

Tranquilidade 35 121,77 Salário: € 665

Remuneração anual: € 9310
UNA 40,36 152,45

Victoria 33,93 173,54 POUPE Mapfre

€ 35 Prémio Anual € 115,05
ANO
Zurich 43,10 193,87

www.deco.proteste.pt novembro/dezembro 2021//D&D 33

D&D//SEGURO PARA EMPREGADOS DOMÉSTICOS
SITUAÇÕES DE INCAPACIDADE
A que tem direito?
O acidente pode originar uma redução da capacidade de trabalho do empregado.
Saiba mais no artigo “Acidentes de trabalho: quais os direitos do trabalhador?”,
em www.deco.proteste.pt/dinheiro/emprego.
INCAPACIDADE
PERMANENTE ABSOLUTA
Se for absoluta só para o serviço
doméstico, podendo o trabalhador
exercer outras profissões, recebe
uma pensão vitalícia entre 50% e
70% do que ganhava. Se não puder
exercer qualquer função, a pensão é
de 80% da remuneração que recebia.
Dependendo do grau de dependência,
existem vários subsídios que podem
ser atribuídos (de readaptação da
residência, por exemplo).
INCAPACIDADE
PERMANENTE PARCIAL
Se não impedir que trabalhe, a pessoa
recebe uma pensão vitalícia de 70% da
redução na capacidade de ganho e um
subsídio pela elevada incapacidade.
anuais, tem ao seu dispor um seguro
que cobre qualquer acidente com o seu
empregado doméstico. Por ano, poupa
35 euros, tendo em conta a média das
restantes seguradoras.
Em caso de acidente...
O empregado caiu de um banco?
A primeira coisa que o acidentado deve
fazer, depois de ser socorrido, é avisar
o empregador, caso este não esteja
presente, independentemente do local
onde tenha ocorrido o acidente. Para
isso, tem 48 horas, a menos que não lhe
seja de todo possível entrar em contacto
com o patrão nesse intervalo de tempo.
Pode também acontecer que a lesão ou
doença só se revele algum tempo depois
do acidente, embora seja consequência
deste. Será, então, no momento em que
aparecem os sintomas que se inicia a
contagem do prazo das 48 horas.
Se o trabalhador não comunicar neste
34 D&D//novembro/dezembro 2021
INCAPACIDADE TEMPORÁRIA
A indemnização pode ser, nos primeiros
12 meses, de 70% da retribuição que
recebia, e depois de 75 por cento. Isto
se for absoluta. Caso seja parcial, recebe
uma ajuda diária de 70% da redução
sofrida na capacidade de ganho. Se a
incapacidade durar mais de 30 dias, é
paga a parte proporcional do subsídio
de férias e de Natal.
MORTE
As compensações são dadas aos
familiares (cônjuge, pais e filhos a cargo).
Têm direito a pensões, que, no total, não
podem exceder 80% da retribuição do
acidentado, e ao subsídio por morte. A
percentagem a receber tem em conta
fatores como o facto de o falecido ter
filhos ou ser casado.
prazo, e ficar provado que isso agravou o
seu estado de saúde, corre o risco de não
ser indemnizado pelas incapacidades
provenientes dessa demora.
Depois de saber do sucedido,
o empregador tem 24 horas para
comunicar o acidente à seguradora,
adiantando todas as informações
de que tem conhecimento. Caso
não tenha seguro, e se do acidente
resultar uma incapacidade prolongada
(ou permanente) do trabalhador, o
empregador tem de comunicar o acidente
ao tribunal no prazo de oito dias, ou
imediatamente se o acidente provocar
a morte do empregado.
A participação à seguradora deve ser
feita através de suporte duradouro, como
um email ou uma carta registada, por
exemplo, que permita provar quando
ocorreu a comunicação. Os médicos
que acompanham o trabalhador ao
longo da recuperação serão indicados
pela seguradora. O empregado deve
submeter-se aos tratamentos adequados
e seguir as prescrições médicas que
permitam a cura da lesão, e a recuperação
das suas capacidades. A recusa
injustificada pode originar a perda
do direito a eventuais compensações.
Posto isto, se o acidente tiver originado
uma incapacidade permanente, uma
incapacidade temporária que dure mais
de 12 meses ou dele tenha resultado
a morte do trabalhador, a seguradora
terá obrigação de comunicar o caso
ao tribunal. O objetivo é investigar as
circunstâncias do acidente e avaliar as
consequências, determinando o valor das
compensações a que o trabalhador, ou,
no pior cenário, a sua família, tem direito.
O que cobre o seguro?
Em caso de acidente de trabalho, este
seguro abrange o pagamento das
prestações em dinheiro; das despesas de
natureza médica, cirúrgica, farmacêutica,
hospitalar e outras necessárias para a
recuperação do trabalhador. É válido
mesmo que o trabalhador se desloque ao
estrangeiro com o patrão. A seguradora
deve ser informada sobre qualquer
deslocação da pessoa segura para fora da
União Europeia, ou deslocações dentro
da União Europeia por mais de 15 dias.
Segure-se a esta muleta e proteja a
sua carteira de despesas incalculáveis.
Contrarie o velho ditado que prevê há
séculos que uma desgraça nunca vem só.
Para desgraças já basta o infortúnio de
um possível acidente.
DOSSIÊ TÉCNICO Nuno Carvalho e Sandra Justino
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Simule e pague
menos IMI
em 2022
Se pedir às Finanças uma nova avaliação
da sua casa antes do final de dezembro,
pode poupar no imposto a pagar em maio
do próximo ano. Mas simule primeiro para
ter a certeza de que a poupança é possível
Texto Ana Santos Gomes
S
ó vale a pena avançar com um
pedido às Finanças se tiver a
certeza de que a sua casa está
a pagar imposto a mais. E há,
de facto, muitos imóveis que estão
nessa situação, um pouco por todo o
País, por estarem no património do
mesmo contribuinte há muito tempo.
As Finanças até atualizam os valores
tributários das casas de três em três anos,
de forma automática. Mas essa revisão só
aumenta o valor a pagar, pois não atualiza
os coeficientes utilizados no cálculo,
apenas o valor da última avaliação. Todas
as parcelas ficam inalteradas, mesmo que
uma delas seja a idade do imóvel. Que,
curiosamente, aumenta todos os anos.
Simulação gratuita e imediata
Para ter a certeza de que a sua casa
é uma das que, injustamente, está
a pagar imposto a mais, consulte
www.deco.proteste.pt
gratuitamente o nosso simulador. Em
www.paguemenosimi.pt, digite os dados
que constam da caderneta predial do
imóvel e descubra, de imediato, se é
possível poupar com uma nova avaliação
Preencha o modelo 1 do IMI com a ajuda do nosso
tutorial, em www.youtube.com/decoproteste.
Entregue o documento presencialmente nas Finanças
ou através da internet, no portal das Finanças, em
Cidadãos > Serviços > Imposto Municipal sobre
imóveis > Modelo 1 > Entregar Declaração.
D&D// IMPOSTOS
da casa. Se for o caso, faça o pedido de
nova avaliação, apresentando o modelo 1
do IMI junto das Finanças. Basta que o
faça até ao último dia útil de 2021 para
que o novo cálculo seja adotado já no
próximo ano.
Nem todos podem poupar no IMI
Os pedidos de nova avaliação por
iniciativa do proprietário só podem ser
feitos com intervalos mínimos de três
anos, pelo que está impossibilitado
de o fazer se tiver pedido uma nova
avaliação da casa em 2019 ou 2020. O
mesmo acontece se a casa tiver sido
transacionada recentemente, nos
últimos dois anos, já que a mudança
de proprietário obriga as Finanças
a atualizarem todas as parcelas que
influenciam o cálculo do IMI.
DOSSIÊ TÉCNICO Ernesto Pinto
novembro/dezembro 2021//D&D 35
 13 erros a evitar ao Ligue o “desconfiómetro” e defenda-se das armadilhas que algumas
Seja um consumidor atento e não deixe que o convençam de
Texto Ana Santos Gomes • Ilustr

1 Desconfie dos preços demasiado baratos

Um iPhone topo de gama, novinho em folha, por 59 euros? A Playstation 5 a 100 euros? Naaa.
Ainda não havia internet e já o provérbio “quando a esmola é grande, o santo desconfia”
tinha sido inventado. A verdade é que continua atual no mundo das compras online. Uma
coisa são promoções, saldos ou qualquer outra campanha que anuncie uma febre de preços
loucos. Outra coisa é passar da febre ao delírio e acreditar que o computador é um arco-íris
e do lado de lá está um pote de produtos a preços de sonho. Só vai acontecer no mundo dos
unicórnios, que, por acaso... não existe.

2 Parece que é promoção, mas não é

Se o truque já existia na vida real, quem disse que não seria usado no mundo virtual? Eis
a fórmula mais velha do que a minha tia-avó Maria: tem um produto à venda por 60 euros;
escreve 75 euros com um risco por cima e, com a palavra “promoção” bem destacada,
anuncia o novo preço de... imagine-se... 60 euros. E não é que resulta? (Com a minha mãe,
resultava sempre.) Parece um fantástico desconto de 20%, mas afinal é só uma valente
desonestidade. Que, por sinal, é coisa que também existe com abundância no mundo virtual.
A lei obriga a indicar a percentagem do desconto, a data da campanha e... imagine-se... obriga
a que o desconto seja real. Por via das dúvidas, desconfie. Compare preços entre diferentes
vendedores online. Se calhar até há outros que comercializam o mesmo produto ainda mais
barato, com promoções de verdade. Lá está, comprar por impulso pode dar mau resultado.
Fique atento.

3 Se já não quer, devolva em 14 dias

Por mais que lhe custe ler as próximas palavras, há vantagens...em...ler...os...termos...e...
condições...da...loja...online onde vai fazer a sua compra (parece que já o estou a ouvir
gabar-se de tantas vezes ter comprado e até hoje nunca ter lido os termos e condições de
nenhum vendedor). Também sabemos que esta espécie de “regulamento interno” da loja
só é procurado pelo consumidor quando a compra corre mal e há intenção de reclamar.
Se ainda não sentiu essa necessidade, pode ser bom sinal. Mas temos, pelo menos, algo
para lhe adiantar: o prazo máximo para as lojas aceitarem a devolução de um produto é de 14
dias seguidos. Há vendedores que até concedem prazos mais alargados, de 30 ou até de 90
dias. E nada impede que essa devolução seja feita diretamente na loja, num ponto de recolha
ou através dos correios. Acima de tudo, nunca permita que lhe digam que o site não aceita
devoluções (há exceções em coisas óbvias, como a roupa interior). O direito de livre resolução
está previsto na lei. E aplica-se também a promoções.

36 D&D//novembro/dezembro 2021 www.deco.proteste.pt

 D&D//COMPRAS ONLINE

comprar na internet
lojas usam para manter uma relação próxima com a sua carteira.
que a internet lhe retirou direitos. Bem pelo contrário
ação Paulo Buchinho

4 Um e-mail só para compras? Siiim!

Até pode ser “anita_vaiascompras2021”, se ainda ninguém se o tiver registado primeiro.
Mas é recomendável que tenha um e-mail exclusivo para estas andanças em lojas online, até
porque, uma vez captado o seu endereço de correio eletrónico, é bem provável que passe a
receber correspondência regular sobre a chegada de novos produtos, sobre promoções que
estão quase a acabar, sobre o novo casaco que combina com a chegada do outono, sobre
os portes grátis para as compras de Natal ou sobre tudo aquilo que as lojas se lembram de
comunicar aos clientes via e-mail para os convencerem a lá voltar. Depois ainda há o e-mail
que confirma a encomenda, que diz que ela está a caminho e que diz que já foi entregue.
Além do spam. Ainda quer que esses contactos preencham a mesma caixa dos e-mails que
troca com a diretora de turma do seu filho ou com o centro de saúde?

5 O que foi feito só para si não se troca

Já sabe que pode devolver os produtos até 14 dias seguidos após a entrega, mas isto não
se aplica necessariamente a tudo o que compra via internet. Sem grande surpresa, não
são aceites devoluções de produtos que foram desenhados à sua medida, tal como roupa
ou móveis, por exemplo. E percebe-se que assim seja, pois se a loja fabricou um produto
personalizado para o seu gosto e para as suas medidas, não seria justo que o recebesse de
volta e tivesse de encontrar um cliente com as mesmíssimas medidas ou gosto coincidente.
E lembra-se daquele caderninho que quis oferecer à prima Alice pela dedicação aos
afilhados? Com o nome dela gravado na capa? Também não o pode devolver.

6 Do estrangeiro vem barato e chega caro

Desde 1 de julho, deixou de haver isenção de IVA para as encomendas chegadas de países
não pertencentes ao Espaço Económico Europeu com valor igual ou inferior a 22 euros.
Agora tem de desalfandegar aquela capa para telemóvel com brilhantes que comprou por
uma bagatela. Ainda vale a pena mandar vir coisas da China e arredores? A resposta recupera
aquela velhinha máxima que diz “é só fazer as contas”. Porque antes bastava esperar umas
quatro ou cinco semanas para garantir uma pechincha. Agora, continua a esperar quatro ou
cinco semanas, mas só recebe o aviso de desalfandegamento e uma dor de cabeça. E depois
seguem-se burocracias e contas para pagar, que podem encarecer a encomenda ao ponto de
não compensar ter feito a compra naquele site estrangeiro.

www.deco.proteste.pt novembro/dezembro 2021//D&D 37

D&D//COMPRAS ONLINE

7 Quem vendeu é quem tem de dar a cara.

Ou o reembolso
Pôr a culpa na transportadora, que está a atrasar-se nas entregas, começa a ser uma desculpa
muito esfarrapada para os vendedores de bens à distância e que lembra aqueles irmãos que
põem sempre a culpa no outro quando a mãe pergunta quem partiu a jarra. Ora, o cliente
escolhe o site em que compra, mas não decide que transportadora é contratada por esse
vendedor para entregar a encomenda. Logo, não é justo ficar a rogar-lhe pragas quando
as contas têm de ser ajustadas com quem lhe vendeu, de facto, os produtos. Aliás, cabe ao
vendedor confrontar a transportadora em relação à demora. E se o consumidor cancelar a
encomenda, na sequência desse atraso (por exemplo, por rutura de stock sem data prevista
para entrega), é também o vendedor quem tem de reembolsar o cliente.

8 Continua atrasado? Conte os dias e exija

devolução em dobro
Encomendas atrasadas têm sido uma queixa frequente na nossa plataforma Reclamar
(www.deco.proteste.pt/reclamar), sobretudo desde que a pandemia obrigou os portugueses
a confinarem. À falta de um prazo de entrega declarado, assume-se que há atraso quando o
produto demora mais de 30 dias a chegar ao destino. Nessa altura, não espere sentado, que é
como quem diz, contacte de imediato o vendedor. Se ele não o convencer de que vale a pena
esperar que o bem volte a estar disponível, pode cancelar a encomenda e pedir o reembolso.
Se demorar mais de 30 dias a devolver-lhe o dinheiro, já terá de o fazer em dobro nos 15 dias
úteis seguintes. Em situações de grave prejuízo, até pode pedir uma indemnização.
Mas mantenha-se presente, com contactos regulares.

9 O lugar do burlão é no tribunal

ou na prisão. Queixe-se!
As redes sociais são terreno fértil para burlões, que ali nascem como cogumelos. Desconfie
sempre de quem vende produtos com lindas fotografias, mas não disponibiliza qualquer
contacto além de um e-mail que facilmente é ignorado ou desativado. Troque algumas
mensagens prévias com o vendedor, confirmando que responde. Peça mais fotografias ou
informações. Verifique também se há críticas aos produtos, mas assegure-se de que foram
escritos por pessoas credíveis e não por aquelas que criaram um perfil anteontem só para
dizer o quão maravilhados ficaram com os sapatos castanhos que receberam em casa.
Ainda assim, se algo correr mal, saiba que dispõe de 6 meses para apresentar queixa às
autoridades.

10 Não dê dados bancários a qualquer um

Sites cujo endereço começa por https e que exibem o símbolo de um pequeno cadeado são,
em regra, confiáveis pelas boas práticas com sistemas de encriptação para pagamentos.
Ainda assim, cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém, por isso não
espalhe o número do seu cartão de crédito pelo mundo virtual. Sempre que possível, opte
por pagamentos via multibanco, MB Way, cartões virtuais ou até contra entrega. Ligue o
“desconfiómetro” em alerta vermelho sempre que lhe aparecer um e-mail a pedir dados
bancários sob pena de um qualquer problema ocorrer. Tipicamente, esse é um e-mail de
phishing, e os dados bancários da vítima são utilizados para a fazer perder dinheiro. Por via
das dúvidas, vigie bem de perto todos os movimentos da sua conta e contacte o banco ao
mínimo sinal de alerta.

38 D&D//novembro/dezembro 2021 www.deco.proteste.pt

 11 A garantia não
encolhe na internet
Dois anos. D-O-I-S-A-N-O-S. Perceberam,
senhores que vendem coisas novas na internet?
A garantia de um produto é, no mínimo, de
dois anos, quer seja vendido online, quer seja
comercializado ao balcão de uma loja de porta
e osso. É claro que o vendedor pode sempre
conceder uma garantia de duração superior.
Nada contra. Mas menos de dois anos, para
produtos novos, não vale.
12 Se há código,
aproveite a promoção
Este é o sucessor das letras miudinhas dos
tempos modernos, mas agora em versão bom
da fita. Durante a navegação na loja online,
procure eventuais códigos promocionais, que
podem dar acesso a descontos, campanhas
temporárias ou portes grátis. Se os encontrar
(porque há lojas que os destacam e outras
nem por isso), tome nota das combinações de
dígitos que lhe podem conceder uma redução
no total a pagar. Insira-os no campo específico,
que geralmente surge na altura do pagamento.
Fique também atento a eventuais e-mails ou
newsletters que as lojas enviam, contendo
códigos promocionais.
13 Atrás do marketplace
há sempre um
vendedor. Tão longe?
Sim, o vendedor pode estar na China, apesar
de a Worten e a Fnac, entre outros, estarem
ali ao virar da esquina. Convém perceber
nitidamente a quem está a comprar o produto,
até para evitar esbarrar numa tentativa de
desresponsabilização da plataforma, alegando
que fez apenas de cupido ao apresentar-nos um
ao outro. Na verdade, o consumidor continua
sem conhecer o vendedor, mas faz-lhe compras
com base no prestígio do marketplace. É como
se estivesse a namorar com o João com base na
fotografia do perfil do Miguel. É meio caminho
andado para a desilusão.
Saiba mais sobre compras online em
www.deco.proteste.pt/black-friday
www.deco.proteste.pt
“É IMPERATIVO
RESPONSABILIZAR
AS PLATAFORMAS”
Tito Rodrigues
Foi à sua empresa que paguei
pela aquisição deste produto?
Escolhi o produto na sua
plataforma online, usando as
minhas credenciais de acesso
a essa mesma plataforma e
foi precisamente aí que inseri
os meus dados bancários e
concretizei o pagamento?
Então não aceito que abdique
de toda a responsabilidade
naquilo que correu mal neste
negócio.
Ser marketplace tem de ser
muito mais do que apresentar um
catálogo de produtos que outros
vendedores têm disponíveis e
cobrar as compras efetuadas.
É imperativo que o legislador
reforce a responsabilidade
das plataformas eletrónicas,
protegendo um consumidor que
é, claramente, o elo mais fraco
deste negócio.
Por isso, exigimos que os
marketplaces não só tenham
mais cuidado na identificação
inequívoca de quem está
a vender os produtos na
sua plataforma, dos preços
que pratica e dos eventuais
custos dessa transação, como
tenham obrigatoriamente de
disponibilizar informação clara
sobre direitos de resolução de
contrato, respetivos prazos,
eventuais comissões cobradas,
políticas de privacidade
e tratamento de dados pessoais,
políticas de cancelamento
e canais de resolução de litígios.
É justo. E ganhamos todos.
novembro/dezembro 2021//D&D 39
D&D//REGISTO AUTOMÓVEL
Fica registado!
Se comprou ou vendeu carro, não deixe para amanhã o registo de propriedade
que pode fazer hoje. Nem precisa de sair de casa. Explicamos-lhe como fazer online
J
oão tem motivos para festejar.
Fez um bom negócio com a
venda do carro antigo e agora
está em condições de comprar
um “zero quilómetros”. Mas a alegria
dura pouco. Passados três meses,
recebe uma notificação da PSP para
se apresentar na esquadra. Motivo: a
viatura vendida meses antes tinha estado
envolvida num assalto. Na presença das
autoridades, percebe que, por não ter
atualizado o registo de propriedade do
O REGISTO
ONLINE PASSO
A PASSO
40 D&D//novembro/dezembro 2021
Texto Sílvia Nogal Dias & Filipa Rendo
O COMPRADOR PODE VER
A VIATURA SER-LHE
APREENDIDA, CASO
O REGISTO DE PROPRIEDADE
NÃO ESTEJA ATUALIZADO
1 ACORDO DE COMPRA E VENDA
Quando efetuam a transação,
comprador e vendedor firmam
um contrato escrito (requerimento de
registo automóvel, por exemplo) ou verbal.
automóvel, para efeitos legais, continua
a ser o proprietário. Resta-lhe prestar
todos os esclarecimentos e regularizar
a situação o mais rápido possível.
A história é fictícia, mas é mais comum
do que possa imaginar. A falta de registo
de um automóvel em nome do novo
proprietário pode trazer dissabores ao
antigo dono, obrigando-o a comprovar
que já não tem o veículo em sua posse
(veja a caixa da página 42). Mas não é
o único que pode ver-se a braços com
2 REGISTO ONLINE
A atualização do registo de propriedade pode
ser feita no portal Automóvel Online. O requerente
(normalmente, o comprador) introduz a informação
sobre o veículo e as partes envolvidas.
www.deco.proteste.pt

O registo de propriedade pode ser efetuado no portal Automóvel Online
dificuldades. Há constrangimentos
também para o comprador, cuja viatura
pode ser apreendida pelas autoridades,
por falta de regularização da propriedade.
Estas razões são mais do que
suficientes para que, fechado o
negócio, o registo da propriedade
se torne na prioridade de ambos os
intervenientes. No caso de automóveis
adquiridos em standes, geralmente,
é o próprio estabelecimento a tratar
das formalidades.
Independentemente do tipo de
intervenientes, o prazo estipulado
pela lei para atualizar a propriedade do
veículo é de 60 dias após o acordo, ainda
que este seja verbal.
Tudo o que precisa de saber
A inércia pode levá-lo a adiar esta
obrigação, mas não há motivos
para tal. O processo de transmissão
3 CONFIRMAÇÃO DE DADOS
Quando o contrato de compra e
venda é feito verbalmente, o vendedor
tem de confirmar a veracidade dos dados
introduzidos no site pelo comprador.
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da propriedade tem vindo a ser
simplificado e, na era do digital,
pode fazê-lo no conforto do lar,
através do portal Automóvel Online
(www. automovelonline.mj.pt).
O registo pode ser efetuado por
qualquer uma das partes, ainda que,
normalmente, seja levado a cabo pelo
comprador. No caso dos contratos
verbais, o processo só fica concluído
após confirmação dos dados, no portal,
pelo segundo interveniente.
Para usar este serviço, precisa,
obrigatoriamente, do certificado digital
do cartão de cidadão. Antes de iniciar
o processo na plataforma, confirme
se tem na sua posse um conjunto
de documentos imprescindíveis para
registar o automóvel (ver caixa ao lado).
Caso a viatura em questão tenha
sido adquirida com recurso a um
crédito automóvel e seja objeto de
4 PAGAMENTO
Após a aprovação do vendedor,
o requerente recebe os dados para
pagamento no seu endereço de e-mail
e tem cinco dias para fazê-lo.
Para fazer o registo de propriedade
online, deve dispor do certificado
digital do cartão de cidadão.
A fim de iniciar o processo no portal
Automóvel Online, certifique-se
de ter a aplicação Autenticação.Gov
instalada e atualizada e o leitor
de cartões ligado. Se conectar o
dispositivo apenas depois de clicar
em “Entrar”, o acesso dará erro.
Para fazer uma nova tentativa, deve
encerrar a página de autenticação
e reabri-la.
Registo online
QUEM FAZ?
O comprador ou o vendedor da viatura.
ONDE FAZER?
Em www.automovelonline.mj.pt.
QUANDO?
Até 60 dias após o contrato.
DOCUMENTOS NECESSÁRIOS
> Cartão de cidadão.
> Requerimento de registo automóvel.
(disponível em www.irn.mj.pt/IRN)
ou outro contrato escrito.
> Título de registo de propriedade.
> Livrete ou documento único
automóvel (certificado de matrícula).
QUANTO CUSTA?
O preço é de 55,30 euros, ou 120,30,
se for ultrapassado o prazo de 60 dias.
5 REGISTO CONCLUÍDO
Confirmado o pagamento,
o pedido de registo é analisado
e validado e estará concluído no prazo
de dois dias úteis.
novembro/dezembro 2021//D&D 41
D&D//REGISTO AUTOMÓVEL
COMO CONTESTAR
Recebi uma coima, mas a viatura
já não é minha. O que fazer?
Não adie o registo automóvel. Se não atualizar a propriedade, sujeita-se
a responder por situações que não são da sua responsabilidade.
Não se espante se receber
em casa notificações referentes
a contraordenações de trânsito
ou por falta de pagamento
de portagens.
Para todos os efeitos, continua
registado enquanto proprietário
do automóvel e, como tal, todas
as notificações para pagamento
e subsequentes comunicações
serão enviadas para a sua morada.
reserva de propriedade, comprador
e vendedor devem certificar-se da
sua extinção. Tal informação pode
ser verificada no documento único
automóvel, que inclui, além da indicação
de reserva de propriedade (caso exista),
informações relevantes como a existência
de penhoras sobre a viatura.A extinção
da reserva de propriedade pode ser
formalizada simultaneamente com o
registo, no portal Automóvel Online.
Se a transmissão do veículo não
ocorrer no contexto de uma operação
de compra e venda, poderá ter de
anexar outros documentos ao processo.
Em caso de transmissão na sequência
de morte ou herança, por exemplo, é
necessário apresentar a habilitação de
herdeiros, o documento comprovativo
do cumprimento das obrigações fiscais,
entre outros.
Inseridos todos os dados na
plataforma, e se na base do registo estiver
um acordo verbal, a informação deve ser
validada pelo segundo interveniente.
Tal como o requerente, para aceder
ao registo, precisa do certificado digital
do cartão de cidadão.
O registo tem um custo de 55,30 euros,
ou de 120,30 euros, se for ultrapassado
42 D&D//novembro/dezembro 2021
Nessa situação, terá de provar que
o veículo já não está na sua posse.
Pode fazê-lo através de uma cópia da
fatura e de documentos que permitam
atestar a transação. Junte também
uma exposição escrita, indicando
os motivos pelos quais entende que
não é responsável pelo pagamento
da coima. Envie os documentos
para a morada inscrita na notificação
para efeitos de contestação, dentro
dos prazos indicados.
SE QUISER CONFIRMAR
QUE VIATURAS TEM (OU NÃO)
EM SEU NOME, PODE FAZÊ-LO
NO PORTAL DAS FINANÇAS
o prazo de 60 dias. Em situações normais,
confirmado o pagamento, o processo fica
concluído cerca de dois dias úteis depois.
No que toca ao funcionamento da
plataforma, deixamos uma nota, já
que nos deparámos com dificuldades
no acesso. Antes de iniciar o processo,
certifique-se de que tem a aplicação
Autenticação.Gov instalada e atualizada,
o certificado digital ativo e o leitor
de cartões ligado. Caso contrário,
a tentativa de acesso dará erro.
Se as dificuldades persistirem,
contacte a linha de apoio do serviço,
através do número 21950500
(de segunda a sexta-feira, entre as 9
e as 17 horas) ou do e-mail dua@irn.mj.pt.
Por fim, se não for adepto das novas
tecnologias, pode fazer o registo
presencialmente. Para tal, deve
dirigir-se a uma conservatória do registo
automóvel ou a uma loja do cidadão,
munido dos documentos necessários.
O registo presencial tem um custo
de 65 euros, ou de 130 euros, se for feito
fora do prazo.
Está em meu nome?
Caso queira confirmar que viaturas tem
(ou não) em seu nome, pode fazê-lo no
Portal das Finanças. Uma vez na sua
área pessoal, siga o caminho: Todos os
Serviços > Veículos Atuais > Automóveis.
Na eventualidade de verificar que um
carro que vendeu ainda está em seu
nome, deve contactar o comprador e
expor o problema. Se este se recusar
a avançar com as formalidades, e já
tiverem passado os 60 dias obrigatórios
para tal, pode pedir, unilateralmente,
a atualização da propriedade.
Para o efeito, deve reunir
documentos que comprovem a venda
da viatura, como faturas ou recibos,
e, preferencialmente, documentos
de que constem a matrícula do carro
e a identificação das partes envolvidas
no negócio. Se não for possível
apresentar documentação com
elementos de identificação e outras
informações relativas à transação, deve
indicá-los no requerimento. Ainda que,
nalguns casos, a falta de certos dados
possa ser suprida oficiosamente pela
conservatória, pode dar-se a recusa do
registo. Nesse caso, é possível interpor
um recurso hierárquico.
Feitos todos os esforços, se não
conseguir executar a transferência,
tem ao dispor uma solução drástica:
requerer a apreensão do veículo por
falta de regularização da propriedade,
numa conservatória do registo
automóvel ou num balcão do Instituto
da Mobilidade e dos Transportes da sua
área de residência. O processo envolve
o custo de 10 euros. Decorridos seis
meses do pedido de apreensão, e mais
de um ano da transmissão da viatura,
pode ainda solicitar o cancelamento
da matrícula.
DOSSIÊ TÉCNICO Magda Canas
www.deco.proteste.pt

S
abia que um depósito a prazo a
um ano rende, em média, 0,06
por cento? A propósito, sabe
quanto rende o seu? É provável
que não faça a menor ideia. Como diz o
ditado popular, não é por aí que o gato
vai às filhós. Afinal de contas, a principal
razão para ter, como tantos portugueses,
as poupanças estacionadas num banco,
que oferece taxas muito próximas
do zero, é o conforto de saber que o
dinheiro está ali seguro e não desaparece,
como pode acontecer com alguns
produtos financeiros complicados. Essa
tranquilidade tem, contudo, um preço.
Aceitar taxas de juros abaixo da inflação
(0,7% para este ano, segundo o Banco de
Portugal) significa que, na prática, o seu
dinheiro está a perder valor real.
Há alternativas, acredite
A DECO PROTESTE procurou uma
alternativa aos depósitos, para os
consumidores interessados em
subscrever produtos de curto e médio
prazo, com capital garantido e baixo
risco. Para isso, foram sondados todos
os bancos e seguradoras.
A Lusitania Vida foi a eleita. Apresenta
as melhores condições, com um seguro
de capitalização, disponível a um ou dois
anos, consoante a opção do aforrador.
De nome “Plano Poupança a Render
Lusitania”, pode ser subscrito até
novembro (este prazo pode ser antecipado
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D&D/INVESTIR SEM RISCO
Valorize
o seu dinheiro
Os depósitos a prazo rendem migalhas. Em alternativa,
propomos um seguro de capitalização com capital
garantido e o melhor rendimento do mercado
Texto Myriam Gaspar & Filipa Rendo
se o plafond definido pela seguradora for
atingido antes). RENTABILIDADE ANUAL
DE PRODUTOS SEM RISCO
Três razões para subscrever
A taxa líquida do “Plano Poupança
O plano proporciona, como pode
a Render” supera a dos tradicionais
constatar ao lado, o melhor rendimento produtos de aforro. Corresponde quase
do mercado nos clássicos produtos de ao dobro da do melhor depósito a prazo
poupança, superando a inflação estimada. a um ano.
Embora não esteja abrangido pelo
Fundo de Garantia de Depósitos, tem 1 ANO
o capital garantido e o rendimento é
conhecido no momento da subscrição.
Assim, no vencimento receberá o que
investiu acrescido dos juros. Por último,
0,8%
sendo um seguro de capitalização, tem
a vantagem de poder definir, em caso 0,47% 0,5%
de morte, um beneficiário distinto 0,32%
dos herdeiros legais.
Pode resgatar, na totalidade, o Plano Certifi- Melhor Certif. Tes. Plano
Poupança a Render Lusitania a partir cados depósito Poupança Poupança
do terceiro mês de subscrição. Convém, de Aforro a prazo Valor a Render
porém, deixar terminar o contrato, para
não ser penalizado, dado a rentabilidade
apenas estar garantida se o resgate 2 ANOS
ocorrer em datas anuais (um ano ou dois
anos). Por exemplo, se resgatar antes de
decorrido um ano, só recebe o capital
investido. No plano de dois anos, acresce,
0,8%
ao capital aplicado, um rendimento
0,57%
de 1,11% (0,80% líquidos). 0,5% 0,5%
Não se esqueça: há mais vida além
dos depósitos a prazo! Clique em
www.poupancaarender.pt.
Certifi- Certif. Tes. Melhor Plano
cados de Poupança depósito Poupança
DOSSIÊ TÉCNICO António Ribeiro Aforro Valor a prazo a Render
novembro/dezembro 2021//D&D 43
D&D//CYBERBULLYING
Bofetadas E
digitais
As agressões psicológicas e as ameaças pela internet
não são novidade, mas intensificaram-se no período
em que todos estivemos confinados. O cyberbullying
pode configurar crime e há formas de o punir.
Saiba como precaver-se e como reagir, se for vítima
Texto Ricardo Nabais & Filipa Rendo
m junho deste ano, mal assumiu
a liderança do seu partido,
o Pessoas-Animais-Natureza
(PAN), a deputada Inês Sousa Real
começou a sentir a sua conta no Twitter
em polvorosa. Insultos e ameaças,
incluindo de morte, sucederam-se
em catadupa, ao abrigo do cobarde
e oportunista anonimato garantido
pelas redes.
A deputada decidiu reagir e
denunciou, em setembro, no próprio
Twitter, a situação por que estava a
passar, citando mesmo diretamente as
mensagens ameaçadoras que recebia.
Separou o que é de teor de combate
político dos comentários intimidatórios:
“Aceito e respeito quem tem ideias
diferentes das minhas e do partido que
represento, debatendo-as de forma séria
e respeitadora, mas não aceito nem
tolero de forma alguma que alguém se
sinta no direito de me ameaçar, ofender
ou até procurar coagir”, declarou então,
na sua conta.
Tomou a decisão de encaminhar todas
as mensagens injuriosas – e as ameaças
de morte – ao Ministério Público.
Garantiu, ainda, que não se calaria:
“Estas mensagens são apenas puro ódio
destilado, mas que não podem passar
inconsequentes”.
Perante um festival de ofensas, que,
deliberadamente, não reproduzimos
AS VÍTIMAS PODEM
QUEIXAR-SE ÀS
AUTORIDADES
POLICIAIS E AO
MINISTÉRIO PÚBLICO,
APRESENTANDO
PROVAS
neste artigo, para não lhes dar eco
indevido, o que pode a deputada fazer?
O que fará a justiça? O problema tem
que ver com o detalhe mais importante
desta história: a queixa será contra
pessoas indeterminadas ou, no caso
do Twitter, contra perfis definidos
virtualmente, e que não identificam
os seus detentores.
Se não houvesse o escudo do
anonimato, provavelmente também
não haveria um número tão grande de
“valentões” a ameaçar alguém. Ainda
assim, se o Ministério Público conseguir,
de facto, com a ajuda das unidades
de cibercrime que já existem nas
autoridades policiais, desvendar quem
se esconde por detrás daqueles perfis,
poderá identificá-los. A partir daí, a lei
pode aplicar-se ao conjunto de crimes
associados a estas ameaças.
Crimes por banda larga
Como o insulto público surgiu muito
antes da internet, os crimes que
estas ações prefiguram já existiam
na lei. Os que mais se relacionam
com o cyberbullying são os crimes
de injúrias ou difamação, puníveis,
respetivamente, com multa ou prisão
até três ou seis meses (ou multa até
120 ou 240 dias). Nestes casos, a vítima
deve apresentar queixa.
A conduta de quem comete o crime
também pode implicar a prática de um
crime de ameaça (multa de 120 dias ou
prisão até um ano), crime de dano (multa
ou prisão até três anos) ou crime de
devassa da vida privada, com multa de
240 dias ou prisão até um ano, podendo
atingir dois, se forem utilizados meios
informáticos, o que é o caso, quando se
trata de cyberbullying.
Noutras situações, diferentes do
nosso exemplo, as ameaças podem
até levar a atos violentos. É possível
que esteja ainda em causa o crime
de violação de correspondência ou
de telecomunicações, gravações e
fotografias ilícitas. E, caso ocorra uma
escalada de violência, mas no mundo
real, o crime de furto ou roubo, sequestro,
rapto, coação sexual ou violação podem
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ser também considerados. O mesmo é
aplicável quanto ao crime de homicídio
(prisão até 16 anos), ao crime de coação
(prisão até trêsanos ou multa) ou ao
crime de ofensas à integridade física
grave (prisão de dois a dez anos).
O “bully”, ou agressor, pode não chegar
PRISÃO PODE
CHEGAR A
TRÊS ANOS
POR CRIMES DE
DANO OU DE
INJÚRIAS DIRIGIDAS
ONLINE
E QUANDO AS VÍTIMAS SÃO CRIANÇAS?
A net é uma corda bamba
Grande parte do fenómeno do bullying virtual dá-se entre crianças e jovens,
em contexto escolar. Como reagir perante um ataque?
NUNCA ENCORAJAR A VINGANÇA
É sempre preferível uma reunião
com os responsáveis da escola.
Um incentivo à retaliação só servirá
para gerar uma espiral de violência.
DIZER “NÃO” AO AGRESSOR
A criança que for vítima de
cyberbullying deve ser encorajada
a dizer “não” a quem a ataca,
ou a ignorar o agressor.
ESTIMULAR OUTRAS ATIVIDADES
Por vezes, esquecemo-nos (e os
mais jovens, assíduos nas redes,
ainda mais) de que há vida para
além da net. A autoestima não pode
ser comprometida. A criança deve
ser incentivada a explorar outras
atividades que lhe agradem, tais
como uma modalidade desportiva
a tanto, mas não faltam exemplos de
violência física cometida sobre os outros,
desencadeada por ameças feitas online.
Redes sociais: viveiros de ódio
O cyberbullying tem na internet o seu
habitat natural, e diversos meios podem
ser usados para intimidar a vítima:
mensagens escritas (sms ou correio
eletrónico), de voz ou em vídeo, salas
de chat, etc. Mas são as redes sociais o
seu veículo de excelência, já que muitas
publicações, algumas anónimas, também
têm vindo a assumir uma relevância
bastante significativa.
O nosso exemplo referia-se ao Twitter,
mas esta nem é a rede social mais usada
no nosso país. O Facebook leva a palma,
de longe, tal como acontece no resto
do mundo.
Há que ter em consideração que a
nossa “pegada digital” – afinal, deixamos
os nossos dados para acedermos às
ou a busca de novas amizades.
Se o conseguir fora do ambiente
escolar e da internet, tanto melhor.
DAR ATENÇÃO AO “BULLY”
O comportamento antissocial
do agressor também deve ser
considerado. Cabe aos pais (ou
responsáveis pela criança) a tarefa de
aconselhar ou exigir que apresente
um pedido de desculpa ao colega
agredido. É importante também saber
identificar o que motivou a agressão.
RECONHECER SINAIS DE ALERTA
É difícil para a criança agredida falar
sobre estas coisas. Há que ficar
atento a sinais de alerta, como medo
ou recusa em ir à escola, angústia,
depressão, problemas de autoestima
ou diminuição de apetite.
novembro/dezembro 2021//D&D 45
 D&D ENTREVISTA
Com a pandemia, o fenómeno
do cyberbullying agravou-se?
Quais foram as principais vítimas?
Com a permanência das pessoas em
casa, e sem a possibilidade de agentes
externos intervirem, como, por exemplo
a escola, é natural que o problema
se tenha agravado. Ao contrário do
bullying físico e presencial, que é
facilmente detetável, o bullying através
da internet é muito oculto e silencioso.
Pode ocorrer durante anos, sem que
ninguém se aperceba. Por isso, é muito
importante estar atento, falar sobre
o assunto e evitar as consequências.
As vítimas são jovens ou adultos novos
com fragilidade emocional, perturbação
mental, sobretudo ansiedade e
depressão, pessoas com orientação
sexual diferente da maioria, ou que são
muito fisicamente diferentes da maioria
(por exemplo, gordos ou muito magros).
Que consequências psicológicas
pode ter este fenómeno?
Dependem da intensidade da
provocação e da capacidade de
resiliência da vítima, bem como do
apoio que esta pode ter. São habituais
situações de ansiedade e depressão,
insónias, perturbações do apetite,
46 D&D//novembro/dezembro 2021
Daniel Sampaio
Psiquiatra, professor universitário
jubilado e escritor
isolamento, quebra do rendimento
escolar e profissional. Em certos casos
e em pessoas com antecedentes de
perturbação mental, nomeadamente
depressão, o cyberbullyng pode
precipitar uma tentativa de suicídio.
Que medidas de precaução
aconselha?
Em primeiro lugar, é preciso estar
atento ao problema. Discuti-lo em casa
e na escola. Deve promover-se uma
boa educação, desde os 3 anos de
idade e de acordo com a faixa etária,
sobre a utilização das tecnologias, estar
atento aos sinais de alarme referidos e
verificar se há uma inquietação quando
se utiliza o telemóvel ou o computador.
Vigiar o sono [também]. Na escola,
devem criar-se grupos de alunos que
possam estudar e intervir no problema.
De notar que a intervenção não se
deve centrar só nos agressores e nas
vítimas, mas sobretudo nos estudantes
que sabem o que se passa e nada
fazem: a grande maioria. É possível
criar “comissões antibullying” nas
escolas, constituídas por professores,
alunos e assistentes operacionais,
que promovam a discussão
e a intervenção sobre o tema.
redes – pode ser acompanhada por
outras pessoas, o que é suscetível, claro,
de potenciar a prática de cyberbullying.
Nunca é demais referir que a propagação
de informação mal-intencionada é
praticamente instantânea. Por isso, não
convém aceitar pedidos de amizade
de desconhecidos e devem ser
evitadas publicações desnecessárias.
Defina quem o pode identificar em fotos
ou vídeos nas redes sociais e controle
a identificação dos utilizadores.
As configurações podem variar
consoante as redes sociais: no
Facebook, deve aceder a “Definições”,
dentro de “Definições e privacidade”
e, no menu lateral, escolher a opção
“Perfil e identificação”. No Twitter,
escolha a opção “Marcação de foto”,
que encontra acedendo a “Mais”
e, de seguida, a “Privacidade e segurança”
e “ Público e marcação”. No Instagram,
importa saber que qualquer pessoa,
exceto utilizadores bloqueados, pode
identificar o utilizador em fotos.
Convém rever a permissão, indo a
“Definições” e, se estiver no computador,
no menu lateral, escolhendo “Privacidade
e segurança”. A opção que deve verificar
chama-se “Fotos de ti”. Escolha a opção
“Adicionar manualmente”.
Aprenda a defender-se
Até aqui, falámos de prevenção,
com um ajustamento das definições
do seu perfil em cada rede social.
Mas e se, mesmo assim, sofrer um
ataque repetido? Não deve reagir ou
responder a quem o humilhou: poderá,
assim, contribuir para o aumento
da violência. Guarde todas as provas,
como troca de e-mails ou comentários
em redes sociais, apresente queixa
às autoridades policiais (PSP, GNR ou PJ)
ou ao Ministério Público.
Quando alguém é testemunha deste
comportamento (que não seja a vítima),
jamais deve agir como “aliado” do
agressor, ou seja, não deve partilhar os
conteúdos por ele enviados. Deve até
adotar a conduta oposta: denunciar
o caso às autoridades, dependendo
da natureza do crime, ou expô-lo aos
www.deco.proteste.pt

AJUSTE AS SUAS DEFINIÇÕES
DE PRIVACIDADE SEMPRE
QUE SE REGISTAR NUMA
REDE SOCIAL. SE RECEBER
AMEAÇAS DE ALGUÉM,
BLOQUEIE O AGRESSOR
adultos, se a vítima for uma criança.
Por isso, antes de publicar alguma
informação, o utilizador deve ter a
certeza de que não é demasiado pessoal
ou suscetível de pôr alguém em situação
de vulnerabilidade.
Ative todas as opções de segurança
e privacidade no seu perfil. Não aceite
pedidos de amizade de desconhecidos
e, nas salas de chat, use um nome que
não permita a identificação. Se alguém
for vítima, ou perceber que alguém
recebeu um comentário impróprio, deve
denunciar a situação de imediato no
website. E bloquear logo o agressor.
Consequências trágicas
Não são só os deputados ou as figuras
públicas, como a do nosso exemplo,
as vítimas. Os jovens e as crianças são
alvo apetecível, e as consequências
podem ser nefastas, como explica o
psiquiatra Daniel Sampaio, na entrevista
que publicamos na página anterior:
ansiedade e depressão, insónia,
perda de apetite e, quando existem
antecedentes de perturbação mental,
até suicídio.
Com a pandemia, a situação dos
mais jovens poderá ter-se agravado.
Mas um dos exemplos mais dramáticos
dados a conhecer ao mundo aconteceu
antes da invasão mundial da covid-19.
Amy “Dolly” Everett, adolescente
australiana, pôs fim à vida em 2018,
depois de um longo período em que
esteve sujeita a cyberbullying. Tinha
14 anos. Tinha sido matriculada como
interna numa escola longe de casa, já
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que os pais viviam numa quinta isolada,
no norte do país. Foram os progenitores a
revelar o teor das ameaças e dos insultos
a que foi sujeita, durante os quase dois
anos de internato. Alguns dos e-mails e
mensagens nas redes sociais chegavam a
incentivá-la ao suicídio.
Amy retaliou, e isso isolou-a ainda
mais. Os pais queixaram-se de algum
laxismo em relação à situação por parte
dos responsáveis da escola. Na verdade,
a filha chegou a ser suspensa por duas
vezes, por querer ajustar contas com os
agressores.
Aos 14 anos, Amy pôs fim à vida, sem
aviso prévio, contaram os pais aos média
locais. O caso despertou comoção ao
nível nacional e além-fronteiras. O então
primeiro ministro, Malcolm Turnbull,
reagiu publicamente, e os pais lançaram
uma campanha de sensibilização para o
fenómeno do cyberbullying. E criaram
uma fundação para ajudar adolescentes
de todo o território a denunciarem
e a lidarem com o problema.
A sociedade australiana começou
a mexer-se mais para lutar contra
o fenómeno. Várias petições foram
lançadas desde então para banir apps
de telemóveis que facilitem o anonimato
na troca de mensagens. Antes do caso
de Amy, uma delas, a Formspring,
já havia sido encerrada mediante
ordem judicial, por promover este tipo
de comportamentos.
Violência sem motivo
As agressões dão-se num plano virtual,
mas este universo da internet impõe-se,
cada vez mais, à realidade. Por isso,
as vítimas passam por um sofrimento
bem real: têm sentimentos de culpa
ou vergonha, bem como o receio de a
violência aumentar. Em última análise,
é legitimo ponderar a hipótese de o
cyberbullying tornar-se violência
física. Os sentimentos de frustração
e raiva podem ser experienciados, já
para não mencionar o facto de a vítima
nem sempre conseguir compreender
os motivos do agressor.
E aí chegamos ao busílis da questão:
o que leva alguém a querer agredir
D&D//CYBERBULLYING
os outros, de forma gratuita e anónima?
Que pulsão psicológica será essa?
Precisamos de aprender a
defender-nos sempre que estamos
online. Até porque Portugal é um dos
países europeus cuja população menos
utiliza a internet (27% contra 45% da
média europeia), e está mais exposto
aos problemas que o universo online
pode levantar. A iliteracia virtual pode
ser um problema grave e expor-nos ainda
a mais a ataques...
DOSSIÊ TÉCNICO Pedro Mendes e Sofia Lima
“ACEDA AO PROJETO
NET & SIGA”
Sofia Lima
O cyberbullying pode ter
consequências nefastas,
não só para a vítima, como
também para a sua família.
Não pense que, por não ser
praticado “cara a cara”, não
tem consequências negativas.
Na verdade, trata-se de uma
situação que provoca graves
distúrbios. Como vimos, há
que prestar atenção à pegada
digital e ativar todas as opções
de segurança, quando estamos
online. Pode aceder ao nosso
projeto Net & Siga, em parceria
com a Google, para uma maior
literacia no uso da internet.
É fácil chegar até lá: www.
netesiga.pt. Ainda assim,
o cyberbullying pode ocorrer
quando menos se espera, pelo
que a vítima deve procurar ajuda.
Jamais deve isolar-se. Sempre
que possível, deve recorrer
às autoridades policiais ou ao
Ministério Público.
novembro/dezembro 2021//D&D 47
 SEM
RECURSO veja como os tribunais decidiram num caso como o seu

ANIMAL DE COMPANHIA

Cão é morto e dona recebe indemnização

Em junho de 2019, Ni, o caniche de Rosa,
foi atacado por Gory, um pastor-alemão
que estava a ser passeado, sem trela,
por Teresa. Gory mordeu o pescoço
de Ni, provocando-lhe a morte, que foi
confirmada no hospital veterinário.
Gory era um cão treinado, doado pelo
grupo de intervenção cinotécnico da
GNR. Embora fosse dócil, já tinha causado
alguns incómodos a outros vizinhos.
Teresa assumiu todas as despesas,
nomeadamente com o veterinário,
com a cremação e relativos à aquisição
do novo animal de estimação de Rosa.
O acidente foi comunicado aos agentes
da PSP, que tomaram nota da ocorrência.
Teresa foi notificada para apresentar
o cão à Casa dos Animais de Lisboa
para ser avaliado por um veterinário.
Posteriormente, Gory foi restituído,
cumprindo um período de quarentena,
em sua casa, durante 15 dias. Teresa
teve, ainda, de frequentar um curso
de formação para donos de animais
potencialmente perigosos, e Gory acabou
por ser castrado.
Rosa intentou uma ação, pedindo que
Teresa fosse condenada a pagar-lhe,
no mínimo, 5250 euros, abrangendo a
indemnização por danos não patrimoniais,
acrescida de juros de mora. Proferida
a sentença, Teresa teve de pagar-lhe
mil euros, acrescidos de juros.
Rosa interpôs recurso para o Tribunal
da Relação de Lisboa, que reconheceu o
efetivo direito desta a uma indemnização
por danos não patrimoniais. Já o valor da
indemnização tinha de ter em conta os
danos causados, o grau de culpabilidade
e a situação económica de Teresa e de
Rosa, bem como outras circunstâncias
que fossem relevantes.
Assim, o Tribunal da Relação considerou
que, embora o sofrimento de Ni tenha
sido diminuto, pois ficou inanimado de A NOSSA ESPECIALISTA
imediato, Rosa sofreu tristeza e desgosto COMENTA
pela perda do seu animal de companhia. Sofia Lima
Por outro lado, o grau de culpa de Teresa
era elevado, já que passeava Gory sem Na via pública, ou lugares públicos, os
trela. Assim, o valor da indemnização por cães e gatos devem circular com coleira
danos não patrimoniais foi fixado em dois ou peitoral (no qual deva ser colocado
mil euros. o nome e o contacto do dono). A menos
● Tribunal da Relação de Lisboa, que andem pela trela, os cães são
12/07/2021. obrigados a trazer açaime funcional.

CRIME

Em 2012, José mandou fazer obras em acrescidos de juros. O arguido interpôs

Ameaça de morte dá casa. O ruído provocado foi tanto que
multa de 1200 euros Joana, a vizinha, apresentou queixa na
câmara municipal. José passou a ter uma
atitude hostil para com Joana. Tanto que,
em setembro de 2018, saltou o muro e,
enquanto pontapeava a porta de Joana,
ameaçou-a de morte e injuriou-a.
O caso foi levado a tribunal. José foi
condenado por ameaça agravada e
injúrias, a 200 dias de multa diária de
seis euros (1200 euros), bem como a
1500 euros por danos não-patrimoniais,
recurso para a Relação de Guimarães, por
considerar a pena excessiva. Alegou estar
de baixa médica, recebendo 700 euros
por mês e suportando os encargos de um
empréstimo e da educação da filha menor.
Achava, por isso, que deveria pagar cinco
euros diários, o valor mínimo fixado pelo
Código Penal. O pedido foi recusado, pois,
apesar de estar de baixa, tanto José como
a esposa estavam empregados.
● Tribunal da Relação de Guimarães,
05/07/2021.

48 D&D//novembro/dezembro 2021 www.deco.proteste.pt


EXECUÇÃO
É ainda inquestionável que o tema
relativo aos direitos dos animais tem
vindo a ganhar relevo nos últimos anos,
especialmente com a aprovação do
estatuto jurídico dos animais, que os
reconheceu como seres vivos dotados
de sensibilidade. Este tema tem
também, por isso, merecido o devido
acompanhamento por parte dos
tribunais.
A NOSSA ESPECIALISTA
COMENTA
Sofia Lima
Quando alguém faz uma ameaça a outra
pessoa, está a praticar um crime contra
a vida ou a integridade física daquela.
Este comportamento pode resultar
numa pena de prisão até um ano
ou, em alternativa, a multa até 120 dias,
que até pode ser agravada. Portanto,
existem consequências para o agressor,
que podem ser gravosas.
www.deco.proteste.pt
Herança indivisa pode ser penhorada
Miguel faleceu e deixou uma herança
a Eduardo. Com a herança por dividir,
Eduardo não sabia com que bens
ficava. Tinha apenas conhecimento
do quinhão hereditário, ou seja, da
quota à qual tinha direito.
Eduardo foi alvo de execução num
processo por dívidas, de onde
resultou a penhora de uma parte
específica de um bem por partilhar,
um prédio, em Portimão.
Rui, uma das partes interessada
na execução, considerava que a
penhora deveria ser anulada. Como
a herança ainda não tinha sido
dividida, o tal prédio em Portimão
podia nem sequer ficar para Eduardo.
No seu entender, apenas deveria ser
penhorado o quinhão hereditário de
Eduardo. Levou, por isso, o caso a
tribunal.
O juiz de primeira instância,
pelos mesmos motivos, também
considerou a penhora ilegal,
determinando o levantamento e
cancelamento do registo da mesma.
Inconformado com a decisão, um
outro exequente no mesmo processo
recorreu, alegando que a penhora
era legal.
O Tribunal da Relação constatou
que, tal como se encontrava descrito
no auto de penhora, o que se
encontrava penhorado era o direito
sobre o imóvel. Acontece que o
tal prédio não pertencia apenas a
Eduardo. Os restantes herdeiros
também tinham direito a uma parte
do bem. Assim, o que deveria ter sido
efetivamente objeto de penhora era
o quinhão hereditário de Eduardo, da
qual fazia parte um terço do prédio
em Portimão.
Textos Rita Santos Ferreira e Filipa Rendo
Como não se procedeu assim,
a Relação deu razão ao tribunal
de primeira instância. O recurso
foi julgado improcedente e, em
consequência, confirmou-se a
ilegalidade da penhora.
● Tribunal da Relação do Porto,
01/07/2021.
A NOSSA ESPECIALISTA
COMENTA
Sofia Lima
O ato de aceitação da herança
(indivisa) significa que os herdeiros
assumem uma quota ideal e, só após
a partilha, cada um fica a conhecer
os bens atribuídos. Daqui resulta
que, até à realização da partilha, os
herdeiros têm direito a uma quota
ou fração ideal, e não a uma parte
especifica dos bens.
Conforme resulta da lei, é possível
SE A HERANÇA ESTÁ
POR PARTILHAR,
O DIREITO DE A HERDAR
PODE ESTAR SUJEITO
A PENHORA
penhorar o direito a uma herança
que se encontre por partilhar.
Ou seja, pode penhorar-se o direito
a uma herança, mesmo que não
seja possível penhorar uma parte
específica de um bem que está
indiviso.
novembro/dezembro 2021//D&D 49
 LIVRO DE
RECLAMAÇÕES
AUTOESTRADA
Acidente? Chame sempre a polícia
E se estiver a circular numa autoestrada
e um objeto à solta na via o fizer
despistar-se? Qualquer condutor já terá
deparado com peças de outro automóvel,
partes de carga de veículos pesados,
entre outros. Um leitor alertou para o facto
de, quando não resultam danos corporais
(feridos ou mortos), a concessionária se
limitar a limpar a via e remover o veículo
acidentado, sem chamar as autoridades.
Por isso, o acidentado tem dificuldade
em obter da concessionária o pagamento
das despesas com a reparação do carro.
O que deve ser feito para evitar uma tal
situação?
50 D&D//novembro/dezembro 2021
histórias, dúvidas e testemunhos dos nossos
O NOSSO ESPECIALISTA
COMENTA
Nuno Carvalho
Em casos semelhantes, chame as
autoridades policiais. As concessionárias
são responsáveis pela vigilância das
autoestradas. Caso existam obstáculos
ou animais na via, lençóis de água,
trabalhos mal sinalizados, entre
outras possibilidades, respondem
pelos danos daí decorrentes. Mas terá
de ser feita prova de que existe um
nexo de causalidade entre os danos
AS CONCESSIONÁRIAS
SÃO RESPONSÁVEIS
PELA VIGILÂNCIA
DAS AUTOESTRADAS
e uma fiscalização deficiente por
parte da concessionária, que permitiu
que um animal vagueasse pela via,
por exemplo. Para provar que isso
se verificou, pode ser fundamental
a presença das autoridades policiais.
Se comprovarem, por exemplo, a
existência de um obstáculo na via,
estarão a fornecer um importante
meio de prova a quem tenha sofrido
os danos. Sem um relatório policial,
será mais difícil a realização de prova,
e as concessionárias poderão resistir
à sua obrigação de indemnizar quem
tenha sofrido o acidente.
www.deco.proteste.pt

s leitores
CONDOMÍNIO
Quota em risco, trancas à porta
Uma leitora perguntou, nas nossas
redes sociais, se poderá ficar sem a
casa por não pagar a mensalidade do
condomínio, uma vez que se encontra
numa situação financeira delicada.
É verdade que pode ter de abandonar
a sua residência?
A NOSSA ESPECIALISTA COMENTA
Sónia Covita
O condómino que não tem
condições de proceder ao
pagamento das quotas pode tentar
chegar a um acordo ou suspender
temporariamente essa obrigação,
desde que a administração o
autorize, até recuperar a situação
MAILBOX
Uma leitora que vive
numa casa arrendada teve
um problema: a banheira
danificou-se. A quem cabe
pagar a reparação? Ao
senhorio? À arrendatária?
MAIS INFORMAÇÕES sobre questões
de habitação em www.deco.proteste.
pt/casa-energia
OBRAS DE CONSERVAÇÃO
EM CASA
Há mais de dez anos que vivo
numa casa arrendada. A banheira
rompeu e há necessidade de a
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Envie-nos os seus comentários para
correioleitores@deco.proteste.pt
Textos Ricardo Nabais & Filipa Rendo
financeira. No pior cenário, não fica
sem a casa, mas corre o risco de um
penoso processo judicial pela frente
e de ter bens penhorados, como
salário, carro e a própria habitação.
reparar. Quem tem obrigação
de pagar a obra: eu ou o senhorio?
M. R., via redes sociais
A nossa especialista comenta
Sofia Lima
Sem prejuízo de o contrato de
arrendamento prever algo em
contrário, compete ao senhorio
realizar todas as obras de
conservação, sejam ordinárias
ou extraordinárias.
Mais: tratando-se de obras
urgentes, a leitora pode mandar
fazer as que forem necessárias.
Neste caso, terá direito ao
reembolso das importâncias
despendidas.
DINHEIRO & DIREITOS
DECO PROTESTE, Editores, Lda.
Proprietária, Editora e Redação
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1900-221 Lisboa
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