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Curso de Gestão Ambiental

Disciplina de Ecologia

1º Ano /1o SEMSTRE

Código: ISCED12-CSOLCFE001

TOTAL DE HORAS: 150horas

CRÉDITOS (SNATCA): 6

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - ISCE

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIA E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA-ISCED

i
Direitos de autor (copyright)

Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED),


e contêm reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou
total deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónico, mecânico,
gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto
Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED)).
A não observância do acima estipulado, o infractor é passível a aplicação de processos
judiciais em vigor no País.

Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED)


Coordenação do Programa de Licenciaturas
Rua Dr. Lacerda de Almeida. No 211, Ponta - Gea
Beira - Moçambique
Telefone: 23323501
Cel: +258
Fax: 23323501
E-mail: direcção@isced.ac.mz
Website: www.isced.ac.mz

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Agradecimentos

Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED)  Coordenação do Programa


das Licenciaturas agradecem os autores deste manual agradecem a colaboração dos
seguintes individuos:

Pela coordenação Direcção Académica


Pelo design Direcção de Qualidade e Avaliação do ISCED
Financiamento e Logística Instituto Africano de Promoção e Educação a
Distância (IAPED),
Revisão Final Dr. Celso Cruz

Elaborado Por:
Dr. Inácio Manuel Muthetho – Licenciado Engenharia Agronómica pela UEM.

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Benvindo ao Módulo de Ecologia ....................................Error! Bookmark not defined.
Objectivos do Módulo....................................................................................................... 1
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................. 1
Como está estruturado este módulo ................................................................................ 2
Ícones de actividade ......................................................................................................... 3
Habilidades de estudo ...................................................................................................... 3
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 5
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ................................................................................ 6
Avaliação ........................................................................................................................... 6

TEMA – I: CONCEITOS E ORIGEM DA ECOLOGIA 9


UNIDADE Temática 1.1. Conceitos aplicados em Ecologia. .......................................... 9
UNIDADE Temática 1.2. Origens e o desenvolvimento da ecologia. ........................... 16
UNIDADE Temática 1.3. Princípios metodológicos e abordagens de estudo em
Ecologia. ......................................................................................................................... 25
UNIDADE Temática 1.4. Aplicação da ecologia ........................................................... 32

TEMA – II: ECOSSISTEMA 35


UNIDADE Temática 2.1. Conceitos e classificação dos ecossistemas naturais (Mundiais
e de Moçambique) .......................................................................................................... 36
UNIDADE Temática 2.2. Ecossistemas Artificiais ........................................................ 61
UNIDADE Temática 2.3. Ecossistemas Degradados ..................................................... 64

TEMA – III: PRODUÇÃO E FLUXO DE ENERGIA 70


UNIDADE Temática 3.1. Introdução (Conceitos e generalidades) ................................ 70
UNIDADE Temática 3.2. Estrutura trófica .................................................................... 74
UNIDADE Temática 3.3. Ruptura de cadeia alimentar, Bioacumulação nas cadeias
alimentares e Espécie Chave........................................................................................... 77

TEMA – IV: CICLOS BIOGEOQUÍMICOS. 81


UNIDADE Temática 4.1. Introdução (Generalidades) .................................................. 81
UNIDADE Temática 4.2. Principais Cíclos Biogeoquímicos ........................................ 83
UNIDADE Temática 4.3. Cíclo de Nutrientes e Aplicação Ambiental ......................... 93

TEMA – V: SUCESSÃO ECOLÓGICA 104


UNIDADE Temática 5.1. Conceitos e Generalidades. ................................................. 104
UNIDADE Temática 5.2. Tipos de Sucessão ............................................................... 105
UNIDADE Temática 5.3. Mecanismos da Sucessão e Aplicação Ambiental .............. 106

TEMA – VI: RECURSOS RENOVÁVEIS E NÃO RENOVAVEIS (Conceitos e


Generalidades) 109

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Visão geral

Bem-vindo ao Módulo de Ecologia

Objectivos do Módulo

Ao terminar o estudo deste módulo de Ecologia, o estudante


deverás ser capaz de:

 Propiciar o entendimento sobre a organização da biosfera


ao nível de ecossistemas.

 Capacitar os alunos para compreender aspectos


relacionados à estrutura e dinâmica dos ecossistemas.

 Oferecer bases para a compreensão e interpretação das


consequências da ação humana sobre os ecossistemas.
Objectivos
 Proporcionar embasamento teórico com relação à
aspectos aplicados como manejo e conservação de
ecossistemas.

Quem deveria estudar este módulo

Este Módulo foi concebido para estudantes do 1º ano de todos os


curso de licenciatura em Gestão Ambiental do ISCED. Poderá
ocorrer, contudo, que haja leitores que queiram se actualizar e
consolidar seus conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem-
vindos, não sendo necessário para tal se inscrever. Mas poderá
adquirir o manual.

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Como está estruturado este módulo

Este módulo de Ecologia, para estudantes do 1º ano dos cursos de


licenciatura Gestão Ambiental do ISCED, está estruturado como se
segue:
Páginas introdutórias

 Um índice completo.
 Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo,
resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para
melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta
secção com atenção antes de começar o seu estudo, como
componente de habilidades de estudos.
Conteúdo desta Disciplina / módulo

Este módulo está estruturado em quatro Temas. Cada tema, por


sua vez comporta certo número de unidades temáticas
visualizadas por um sumário. Cada unidade temática se caracteriza
por conter uma introdução, objectivos, conteúdos. No final de
cada unidade temática ou do próprio tema, são incorporados
antes exercícios de auto-avaliação, só depois é que aparecem os
de avaliação. Os exercícios de avaliação têm as seguintes
características: Puros exercícios teóricos, Problemas não
resolvidos e actividades práticas algumas, incluido estudo de
casos.

Outros recursos

A equipa dos académicos e pedagogos do ISCED pensando em si,


num cantinho, mesmo recôndito deste nosso vasto Moçambique e
cheio de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem,
apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu
módulo para você explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na
biblioteca do seu centro de recursos mais material de estudos
relacionado com o seu curso como: livros e/ou módulos, CD, CD-
ROOM, DVD. Para além deste material físico ou electrónico
disponível nas bibliotecas física e virtual, pode ter acesso a
Plataforma digital moodle para alargar mais ainda as
possibilidades dos seus estudos.

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Auto - avaliação e Tarefas de avaliação

Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final


de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos
exercícios de auto-avaliação apresentam duas caracteristicas:
primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo,
exercícios que mostram apenas respostas.
Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação
mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de
dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras.
Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de
campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de
correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame
do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os
exercícios de avaliação é uma grande vantagem.
Comentários e sugestões

Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados


aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza didáctico-
pedagógica, etc. Sobre como deveriam ser ou estar apresentadas.

Ícones de actividade

Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas


margens das folhas. Estes icones servem para identificar
diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar
uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa,
uma mudança de actividade, etc.

Habilidades de estudo

O principal objectivo deste capítulo é o de ensinar aprender a


aprender. Aprender aprende-se.

Durante a formação e desenvolvimento de competências, para


facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará
empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons
resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e
eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando
estudar. Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos
que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos
estudos, procedendo como se segue:

1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de


leitura.

3
2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida).

3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e


assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR).

4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua


aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão.

5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou


as de estudo de caso se existir.

IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo,


respectivamente como, onde e quando estudar, como foi referido
no início deste item, antes de organizar os seus momentos de
estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si:
Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo
melhor à noite/de manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da
semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num
sítio barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em
cada hora, etc.

É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido


estudado durante um determinado período de tempo; Deve
estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao
seguinte quando achar que já domina bem o anterior.

Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler


e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é
juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos os
conteúdos de cada tema, no módulo.

DICA IMPORTANTE: não recomendamos estudar seguidamente por


tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora
intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso
(chama-se descanso à mudança de actividades). Ou seja, que
durante o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos
das actividades obrigatórias.

Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual


obrigatório pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento
da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado
volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo,
criando interferência entre os conhecimentos, perde sequência
lógica, por fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai
em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente
incapaz!

Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma


avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda
sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões

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de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobretudo,
estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área
em que está a se formar.

Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que


matérias deve estudar durante a semana. Face ao tempo livre que
resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo
quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades.

É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será


uma necessidade para o estudo das diversas matérias que
compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar
a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as
partes que está a estudar e pode escrever conclusões, exemplos,
vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a
margem para colocar comentários seus relacionados com o que
está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir
à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura;
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado
não conhece ou não lhe é familiar;

Precisa de apoio?

Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas
como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis
erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, páginas
trocadas ou invertidas, etc). Nestes casos, contacte os seriços de
atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR),
via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta
participando a preocupação.
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes
(Pedagógico e Administrativo) é a de monitorar e garantir a sua
aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da
comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se
torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor,
estudante – CR, etc.
As sessões presenciais/virtuais são um momento em que você,
caro estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com
staff do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do
ISCED indigitada para acompanhar as suas sessões
presenciais/virtuais. Neste período pode apresentar dúvidas, tratar
assuntos de natureza pedagógica e/ou administrativa.
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30%
do tempo de estudos a distância, é de muita importância, na
medida em que permite-lhe situar, em termos do grau de

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aprendizagem com relação aos outros colegas. Desta maneira
ficará a saber se precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas.
Desenvolver hábito de debater assuntos relacionados com os
conteúdos programáticos, constantes nos diferentes temas e
unidade temática, no módulo.

Tarefas (avaliação e auto-avaliação)

O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e


autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues
duas semanas antes das sessões presenciais/virtuais seguintes.
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de
campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da
disciplina/módulo.
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os
mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente.
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa,
contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados,
respeitando os direitos do autor.
O plágio1 é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es). Uma
transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do texto de um
autor, sem o citar é considerada plágio. A honestidade, humildade
científica e o respeito pelos direitos autorais devem caracterizar a
realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED).

Avaliação

Muitos perguntam: Como é possível avaliar estudantes à distância,


estando eles fisicamente separados e muito distantes do
docente/turor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja
uma avaliação mais fiável e consistente.
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com
um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os
conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial
conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A
avaliação do estudante consta detalhada do regulamento da de
avaliação.

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Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e
aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de
frequência para ir aos exames.
Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e
decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no
mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência,
determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira.
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da
cadeira.
Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois)
trabalhos e 1 (um) (exame).
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados
como ferramentas de avaliação formativa.
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as
recomendações, a identificação das referências bibliográficas
utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros.
Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de
Avaliação.

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ISCED Disciplina: Ecologia

TEMA – I: CONCEITOS E ORIGEM DA ECOLOGIA


UNIDADE Temática 1.1. Conceitos aplicados em Ecologia.
UNIDADE Temática 1.2. Origens e Desenvolvimento da Ecologia.
UNIDADE Temática 1.3. Princípios metodológicos e abordagens de
estudo da Ecologia.
UNIDADE Temática 1.4. Aplicação da Ecologia.

UNIDADE Temática 1.1. Conceitos aplicados


em Ecologia.
Definição

O termo ―ECOLOGIA‖ provém das palavras gregas oikos que significa


―casa‖ e logos que siginica estudo, ciência. Olhando para a origem da
palavra, é comum dizer-se que a ecologia é o estudo ―da casa onde
vivem os organismos‖.

O termo ecologia foi utilizado pela primeira vez em 1869 por Ernest
Heackel . Haeckel, considerou a ecologia como sendo o estudo
científico das interacções entre os organismos e o seu ambiente (Begon
et al, 1996).

É comum definir-se a ecologia como sendo a ―ciência que estuda as


relações entre os organismos vivos e o meio ambiente‖ (Odum,1997)ou
o ―estudo das interacções entre os organismos e o seu ambiente‖
(Krohne, 2001).

Tjallingii (1986) define a ecologia como sendo ―o estudo das relações


entre os organismos e entre eles e o meu ambiente‖.

As definções acima apresentadas implicam a compreensão de


organismo e de ambiente. A definição de organismo é dada na
sesecção 3.1.1 e o ambiente de um organismo compreende todos os
factores e fenómenos externos ao organismo e que exercem influências
sobre o mesmo. Os factores e fenómenos do ambiente que podem
influenciar o organismo podem ser físicos ou químicos (factores

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ISCED Disciplina: Ecologia

abióticos) bem como o conjunto de interacções que esse organismo


estabelece com outros organismos (factores bióticos) (Begon et al,
1996).

A resposta à pergunta que a seguir é colocada, ajuda a compreender


definições acima apresentadas. Que factores do anbiente podem exercer
influência sobre um peixe (organismo) no seu habitat?

Os factores abióticos (não vivos) que interagem com o peixe podem ser
as correntes do mar, a salinidade, a temperatura da água e substâncias
químicas diversas que são lançadas ao mar através das diversas
actividades humanas.

O mar está em constante circulação, as diferenças de temperatura entre


os polos e o equador, originam ventos constantes que provocam
correntes superficiais; para além destas, desenvolvem-se correntes mais
profundas geradas pelas diferenças de temperatura e de salinidade da
água. No ambiente marinho, a circulação da água proporciona a
distribuição de alimentos para o peixe. Por exemplo, a circulação
ascendente produzida pela Corrente de Peru gera uma das zonas mais
produtivas do mundo em termos de pescado (Odum, 1997).

Um dos problemas ecológicos das zonas costeiras de Moçambique é a


poluíção marinha que pode ser causada por desastres de navios,
descargas dos esgotos domésticos e industriais. A poluíção marinha
afecta a fauna e aflora marinhas (Honguane, 2007). Foi muito
divulgado o desastre do navio-tanque grego, Katina P, que, ao afundar
na baía de Maputo descarregou milhares de toneladas de
hidrocarbonetos (Rádio Moçambique, 2010).

No mar, o peixe não vive isoladamente, ele compete pelo mesmo


alimento com os outros organismos, e pode ser parasitado por outros
organismos (bactérias ou vermes), ou pode servir de alimento para
outros peixes.

Como pode imaginar, o conjunto de todas as possíveis interacções entre

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ISCED Disciplina: Ecologia

um organismo e o meio ambiente podem ser inúmeras.

Uma outra definição igualmente bem divulgada é dada por Krebs


(1972) que considera a ecologia como sendo ― o estudo científico das
interacções que determinam a distribuição e abundância de
organismos‖. Esta definição tem o mérito de oferecer o objectivo final
da ecologia, que é compreender onde os organismos ocorrem, quantos
são e o que fazem, porém, a definição não inclui a palavra ambiente.
Analisando as duas primeiras definições, percebe-se que elas colocam o
ambiente numa posição central. Por este motivo, Begon et al (1996)
consideram vaga a definição de Krebs.

Domínio da ecologia

O domínio da ecologia ou campo da ecologia compreende os níveis de


organização biológica mais complezas, que partem do organismo até
ao ecossistema e a biosfera (Odum, 1997 & Krohne, 2001). Pertencem
ao domínio da ecologia o indivíduo, a população, a comunidade, o
ecossistema e a biosfera (Tjallingii, 1986; Odum, 1997 & Krohne,
2001).

Os níveis de organização biológica que constituem o domínio da


ecologia são definidos na secção seguinte (2.1).

Ecologia e os níveis de organização biológica

Os biólogos tendem a organizar, ou ―arrumar‖ os seres vivos em


hierarquias em que um nível de organização superior vai incluindo
progressivamente os nívei inferiores. Para visualizar isso, abaixo são
apresentados e definidos os níveis de organização biológica que partem
da célula (nível mais baixo) até a biosfera (nível mais alto). Os níveis
inferiores ao indivíduo ( a célula, os tecidos, os órgãos, os sistemas ou
aparelhos não pertencem à ecologia, mas sim ao campo da Biologia).

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ISCED Disciplina: Ecologia

A célula é unidade básica da vida, é constituída por organelos. Os


organelos são estruturas presentes no interior das células, que
desempenham funções específicas. São formados a partir da união de
vároas moléculas que por sua vez são constituídas por átomos. Existem
vários tipos de células, cada uma com uma função específica como, por
exemplo, as células musculares e as células da pele.

Os tecidos são constituídos por células. Os tecidos são formados pelo


conjunto de celulas e estão presentes apenas em alguns oragnismos
pluricelulares como as palantas e os animais. Dando seguimento ao
exemplo das células acima indicado, as células muscularaes formam
tecido muscular que tem a função de produzir os movimentos
musculares dos braços, das pernas e de outros órgãos.

Diferentes tecidos formam órgãos que funcionam em harmonia para


desempenhar uma determinada função. Por exemplo: a raiz das plantas
é um órgão que é constiyuído por vários tecidos cuja função geral é de
absorver e transportar água e sais minerais para a planta; o coração é
formado por tecido muscular, sangíneo e o tecido nervoso e tem como
função didtribuir o sangue pelo corpo.

Os sistemas são formados por órgãos que trabalham em conjunto para


exercer uma determinada função corporal. Por exemplo: alguns órgãos
que fazem parte do sistema digestivo compreendem a boca, o
estômago, os intestinos, o fígado e o pâncreas.

O organismo (o organismo individual, o indivíduo, a espécie


individual) é constituído por vários sistemas.

Existem organismos unicelulares e organismos pluricelulares. Por


exemplo: a bactéria que provoca a cólera é um organismo unicelular. Já
uma planta, um peixe, uma rã, um mosquito, são organismos
pluricelulares.

A população ―é o conjunto de indivíduos que pertencem à mesma

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ISCED Disciplina: Ecologia

espécie habitando numa certa área e que interactuam e se cruzam


livremente‖ (Tjallingii, 1986).

Uma espécie biológica é o conjunto de indivíduos ou populações que


estão ou têm o potencial de se intercruzarem. As populações da mesma
espécie estõ isoladas em termos reprodutivos de outros grupos, com os
quais, quando se cruzam, não originam indivíduos férteis (Krohne,
2001). Por exemplo, na reserva de Gorongoza são encontradas
populações de leões, de búfalos, de zebras, de girafas, de entre outras.
Estes animais pertencem a espécias diferentes. Na natureza, estas
espécies não se cruzam livremente entre elas, por isso, se diz que estão
isoladas uma das outras, em termos reprodutivos. Se no entanto o
conseguissem, os seus descendentes não seriam férteis, ou seja, os
descendentes resultantes desse cruzamento não produziriam
descendentes iguais.

Vários exemplos de populações e espécieas que constituem recursos


cinegéticos ( com interesse para caça) e são citados em trabalhos
desenvolvidos por GENTINSA/AECI (1995), na província de Cabo
Delgado. As populações dessas espécies encontram-se geralmente
reduzidas e incluem de entre outras, as seguintes:

I. Populações de Hipopótamos (Hippotamus amphibius) que


habitam pontos de água permanente; as populações de
hipopótamos ocorrem em grupos de baixas densidades nos rios
Lúrio (desde Papai até a sua foz), rio Montepuez, rio Messalo e,
rio Rovuma-Lugenda; igualmente, ocorrem alguns efectivos nas
lagoas Lidedes, Nangade, N’guri, Bilibiza e Nhandjemuano;

II. Populações de zebras, cuja área de distribuição compreende


unicamente a zona situada entre a Sede dos Postos
administrativos de Ngapa e Chapa, no norte de Naitoro e
Lugenda. Dentro desses territórios, as populações ocorrem em

13
ISCED Disciplina: Ecologia

grupos pequenos, sendo os indivíduis de pequeno porte;

III. Populações de búfalos (Syncerus caffer), totalizando


possivelmente menos de um milhar de indivíduos, como
consquência da caça furtiva, da alteração do seu habitat e da
mortalidade pela acção de doenças; os búfalos encontram-se
distribuídos em vários pontos, especialmente Lugenda-Rovuma,
a norte de Quissanga e Muidumbe (área de Messalo e lagoa de
N’guri);

IV. As populações de impalas (Aepyceros melampus), espécie


característica das savavas arborizadas; as populações são muito
reduzidas; localizam-se principalmente na região setentrional e
ocidental e nas zonas de confluência dos rios Megaruna e Lúrio;
a população residente de Intutupe (Ancuabe) considera, no
entanto, a impala abundante, sendo utilizada como alimento.

Morin (1999) define a Comunidade como sendo ―a menos fracção da


enorme colecção global de espécies que pode ser encontrada num
determinado local‖ e estipula um mínimo de duas espécies coexistentes
num determinado local, para que seja constituída a comunidade.

A comunidade pode também ser definida como sendo o conjunto de


populações de totas as espécies que vivem numa detrminada área, num
dado período de tempo (Krohne, 2001).

Na natureaza, as plantas e os animais não vivem isoladamente como


entidades. Eles partilham os mesmos ambientes e interagem de várias
maneiras. Dando continuidade aos exemplos de Cabo Delgado, a região
que compreende as zonas lacustres, fluviais e as savanas que se
encontram à beira dos rios, constitui uma das entidades faunísticas
características da província. É uma zona heterogénea abarcando locais
com cursos de água corrente, bancos de areia fluviais, charcos
estacionados, lagos, bosques, savanas, canaviais ou caniçal. Devido a
disponibilidade de água, a região torna-se muito produtiva atarindo
comunidades de fauna bastante diversificada como é o caso dos

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ISCED Disciplina: Ecologia

hipopótamos, os inhacosos, os crocodilos e galápagos que frequentam a


zona (GENTINSA/AECI, 1995). Analisando as definições de
comunidade acima apresentadas, nesta unidade heterogénea podemos
então distinguir as comunidades vegetais, constituídas pelas populações
de árvores, arbustos, gramíneas (capim) o caniço, bem como, as
comunidades animais constituídas pelas populações de todas as
espécies de aniamis que coexistem naquela zona.

A biosfera ou ecosfera inclui todos organismos vivos da Terra que


interagem com o seu ambiente físico, como um todo ( Odum, 1997). A
biosfera compreende três regiões físicas distintas;

 Litosfera – é a camada superficial sólida da Terra, constituída


por rochas e solos ( NASA Education, 2011).

 Hidrosfera – Toda a água da Terra é contida num sistema que é


designado por hidrosfera. Os subssitemas da hidrosfera incluem
os oceanos, os glaciares e outras formas de água congelada,
águas subterrâneas e o vapor de água contido na atmosfera.
Cada subsistema é designado por ―reservatório‖. O maior
reservatório é o oceano e compreende mais ou menos 97% da
água da Terra ( NASA Education, 2011).

 Atmosfera – é a camada gasosa que circunda a superfície da


Terra, envolvendo portanto, a litosfera e a hidrosfera, atinge
uma espessura de 600 km ( NASA Education, 2011).

Prestando atenção para a definição, pode-se dizer que a biosfera abarca


uma grande diversidade biológica (biodiversidade).

O desenvolvimento tecnológico que acompaha o Homem sobre a


natureza tem vindo a provocar fortes alterações sobre as três
componentes da biosfera. Por exemplo, a combustão de
hidrocarbonetos para a obtenção de energia tem sido responsável, em
grande medida, pela alteração da composição química da atmosfera,
poluíndo rios, lagos, e oceanos (hidrosfera) e o transporte marítimo
desse combustíveis, por grandes

15
ISCED Disciplina: Ecologia

petroleiros, tem provocado acidentes que causam a morte de milhões de


seres vivos, reduzindo a biodiversidade.

O reconhecimento e a distinção da biosfera, reveste-se hoje de uma


grande importância prática pelo crescente surgimento de reservas da
biosfera no mundo que têm vindo a ser designadas pela UNESCO (
Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) e
que visam a realizar a gestão e conservação da biodiversidade de uma
região. A selecção dessas reservas é feita a partir de propostas dos
estados membros da UNESCO, seguida de uma avaliação por
especialistas que assessoram o programa Homem e a Biosfera ( MAB).
Anualmente, durante a reunião do Conselho Internacional de
Coordenação do Programa, composto por representantes dos estados,
são designadas novas reservas. Participam neste processo as
comunidades locais, as organizações não governamentais, as
autoridades e peritos em questões ambientais. África do Sul, camarões
e Madagáscar, de entre outros, são alguns exemplos de países africanos
obnde foram declaradas várias reservas da biosfera (UNESCO/MAB,
2010).

UNIDADE Temática 1.2. Origens e o


desenvolvimento da ecologia.
Origem

A ecologia teve um percurso histórico longo e sempre suscitou vários


debates de diversos pensadores que ao longo do tempo foram
aparecendo.

A ciência da ecologia teve, ao longo da história, um desenvolvimento


paulatino, como todas as outras ciências. As obras dos antigos
pensadores e filósofos da cultura grega já continham assuntos de
natureza ecológica, apesar de que ainda não utilizavam a desegnação de

16
ISCED Disciplina: Ecologia

―ecologia‖ para o tipo de material que era produzido.

No século IV a.c., existia o conceito de ―equilibrio perfeito‖ que era um


príncipio básico para compreender a natureza. Este conceito, inseria a
visão de que a natureza está deseignada para beneficiar e preservar cada
espécie e que as espécies permanecem sempre imutáveis. Por isso, a
eclosão das pragas era considerada passageira e muitas vezes atribuída
às pinições de natureza divina (Krebs, 1972).

Antes de Haeckel descobrir, em 1869, a palavra certa para designar os


estudos da ecologia, muitos pensadores da época do renascimento
biológico dos séculos XVIII e XIX, tinham já dado a sua contribiição
para o estudo da ecologia. Um deles foi Leeuwenhoek (1632-1723) que
realizou estudos sobre cadeias alimentares e sobre a regulação da
população (temas centrais da ecologia moderna) (Odum, 1997).

Vários autores convergem no facto de que a ecologia tem as suas


origens na história natural (por exemplo: Krebs, 1972; e Smith, 1991).
A história natural é definida, por Krohne (2001), como sendo ―o estudo
descritivo dos hábitos, do comportamento dos organismos nos
ambientes naturais‖.

Analisando esta definição pode-se dizer que a história da ecologia


acompanha a hostória do desenvolvimento da humanidade, já que desde
a era primitiva, o Homem que dependia da caça, da pesca e outras
formas de busca de alimentos, tinha que ter um conhecimento profundo
sobre a natureza, para poder encontrar os alimentos necessários para a
sua subsistência.

Até meados do século XIX os estudos da natureza eram profundamente


descritivos, de história natural, que por sua vez propiciaram o
levantamento de hipóteses sobre as interacções ecológicas, permitindo
o desenvolvimento da ciência da ecologia. Para além da história
natural, aw actividades exploratórias da natureza, realizadas por vários
geógrafos de plantas botânicos, [rincipalmente nas Américas de Sul e
Latina, também contribuíram para a ecologia. Eles encontraram a

17
ISCED Disciplina: Ecologia

explicação das diferenças e das semelhanças dos diferentes tipos de


vegetação nas semelhanças e diferenças climáticas. O resultado dos
estudos exploratórios realizados foi a publicação de trabalhos
descrevendo os diferentes tipos de vegetação e a sua correlação com as
característucas ambientais. Um dos geógrafos destacados foi Warming
(1841-1924), considerado o fundador da ecologia vegetal, tendo
estudado a vegetação de algumas regiões do Brasil. Por sua vez,
Clements introduziu a dinâmica das comunidades vegetais, sucessão
ecológiaca, que examina por exemplo, a dinâmica da colonização da
vegetação nas zonas dunares (dunas de areia) ( Smith, 1992).

Os primeiros ecologistas estavam mais interessados na vegetação


terrestre, mais tarde surgiram estudos sobre as relações entre
organismos e o ambiente aquático, desenvolvidos por F.A. forel e A.
Thienemann. Forel introduziu o termo limnologia para designar o
estudo da vida em ambientes de água doce e Thienemann utilizou os
termos proutores e consumidores e introduziu os conceitos de níveis
tróficos e ciclos de nutrientes e fluxo de energia nos sistemas
aquáticos. Linderman foi outro ecologista interessado em água doce,
tendo estudado os ciclos de nutrientes e o fluxo de energia nos sistemas
aquáticos; foi quem lançou os estudos da ecologia dos ecossistemas.
Os trabalhos de Linderman ajudaram s desenvolver a investigação
sobre fluxos de energia e o balanço de nutrientes em vários países da
América e Europa (Smiyth, 1992; Shorrocks, 2007).

A partir do século XVII, alguns estudantes de história natural e


ecologia humana desenvolvem novas abordagens científicas. Um deles
Gaunt, considerado pioneiro da demografia. Gaunt trabalhou sobre
censos da população humana na cidade de Londres e pela primeira vez
determinou quantitativamente alguns parâmetros populacionais. Outro
naturalista foi Buffon (1756) apontou a existência de ―forças‖ (algumas
doenças e a ecassez de alimentos) capazes de contrabalançar o
crescimento populacional, ou seja, o princípio básico da regulação
ecológica das populações. Tal como Gaunt e Buffon, os estudos de
Thomas Malthus (1766-1834),

18
ISCED Disciplina: Ecologia

economista britânico, estimularam também o desenvolvimento da


ecologias das populações e, em 1798, Malthus publica um livro sobre a
demografia humana, intitulado Essay on populations que gerou uma
polémica na altura. No livro, Malthus defendeu a teoria segundo a qual
as populações crescem a uma progressão geométrica (2n-1), enquanto os
seus recursos alimentares crescem numa progressão aritmética (2n-1)
(Krebs, 1972).

Em termos simples, segundo a teoria de Malthus,a população aumenta


mais depressa do que o abastecimento de alimentos necessários para o
seu sustento (Odum, 1997) e o controlo do crescimento da população é
exercido pela ocorrência de doenças, fome e outros males (Smith,
1992).

Maltus estimulou os estudos da dinâmica das populações que


analisam como as populações crescem ( por exemplo: as taxas de
natalidade e mortalidade), como se dispersam e como interagem. As
ideias de Malthus não eram novas, outros pensadores e pesquisadores
anteciparam Malthus. Contudo, pela polémica que gerou a sua teoria,
foi Malthus quem mais chamou a atenção da sociedade sobre a questão
do crescimento populacional. Nos finais do século XVIII e inícios do
século XIX, Malthus e Cahrles Darwin (1809-1882), inglês naturalista,
foram os que mais contribuíram para a extinção da visão do ―equilíbrio
perfeito‖ da natureza. Dos estudos realizados por esses pensadores,
emergiram três conceitos básicos novos que levaram ao descrdito a
visão de ―equilíbrio perfeito‖:

I. Muitas espécies extinguiram-se ao longo do tempo;

II. A pressão populacional causa competição

III. A selecção natural e luta pela existência são mecanismos que


podem ser evidenciadas na natureza (Krebs, 1972).

De facto, Darwin utilizou a teoria de Malthus para desenvolver uma


nova teoria da selecção natural e luta pela sobrevivência. A teoria da
selecção natural serviu para melhor

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ISCED Disciplina: Ecologia

explicar a teoria da origem e evolução das espécies, sustentando a idéia


da ―sobrevivência do melhor daptado‖ ao meio ambiente. Darwion
piblicou o livro On the Origin os Species em 1859 que pode ser
traduzido para ― A Origem das espécies‖ (Dajoz, 1983; Smith, 1992).

Gregor Mendel (1822-1884), monge austríaco, desenvolveu a genética


ao estudar a teoria da transmissão de carcteres hereditários. Tanto a
genética mendeliana como a teoria de Darwin formam combinadas para
compreender a questão da evolução ao ambiente, doisn temas centrais
em ecologia ( Smith, 1992).

Ramos da ecologia

Alguns autores como Odum (1997) dividem a ecologia em duas


subdisciplinas principais: o ramo que estuda o indivíduo
(autoecologia)e o ramo que estuda os grupos (sinecologia).

Dajoz (1983) apresenta três subdivisões: a auatoecologia, a sinecologia


e dinâmica das populações.

A autocologia estuda a relação entre um organismo individual, ou s


espécie individual, com o seu ambiente. A autoecologia analisa
essencialmente as questões como os limites de tolerância e as
preferências das espécies face aos diversos factores ecológicos (bióticos
e abióticos) e examina como o meio ambiente pode influenciar a
morfologia, a fisiologia e o comportamento de um organismo ( Dajoz,
1983; Odum, 1997 & Krohne, 2001).

Por exemplo, os conhecimentos das preferências térmicas de uma


espécie permitirão explicar a sua localização nos diversos meios, a sua
distribuição geográfica, abundância e actividade. É o caso dos estudos
que nos permitem conhecer a distribuição do mosquitos e da malária
hoje.

A malária ocorre principalmente nos países tropicais e subtropicais,


concretamente na África subsahariana, no sudoeste Asiático e na
América so Sul. A ecologia da doença está associada à distribuição da

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ISCED Disciplina: Ecologia

água, uma vez que o estágio larval do mosquito desenvolve-se em


corpos de água. Diferentes espécies de mosquito também requerem
requisitos diferentes de temperatura, de luz, de água ( se é corrente o
estagnada), de vegetação e outros factores. O actual aquecimento global
da terra tem vindo a alterar os limites de distribuição do mosquito.
Porque a temperatura subiu, o mosquito consegue hoje sobreviver
também nas zonas de grandes altitudes onde anteriormente não
conseguia sobreviver por serem muito frias (WHO, 2011).

A ecologia das populações lida com a dinâmica das espécies que


constituem as populações e como essas popula,cões interagem com o
meio ambiente (Krohne, 2011). Este ramo enquadra-se na subdivisão
que Dajoz (1983) designa por dinâmica de populações.

É na ecologia das populações onde são realizados estudos, por


exemplo, sobre os factores que são reponsáveis pelo crescimento de
uma população (a natalidade) e os factores que contribuem para o seu
declíneo (a mortalidade).

Outros estudos da ecologia de populações têm ajudado a compreender


porque é que a fragmentação dos habitats pode afectar a viabilidade das
populações e contrinuir para a sua extinção (Newman, 1993).

Por exemplo, em várias regiões de Moçambique, como em Cabo


Delgado, as queimadas contribuem para criar um padrão de paisagem
em que as zonas cultivadas ficam intercaladas com zonas de savana ou
floresta primária ou vegetaçãi secundária (a que se desenvolve depos da
queima) (GENTINSA? AECI, 1995). Formam-se assim fragmentos de
habitats naturais de vários grupos de animais.

Pelo facto de algumas espécies de animais de grande porte como as


impalas, zebras e gazelas de Thomson necessitarem de extensas áreas
de forragem, os fragmentos de habitats tornam-se pequenos para a
busca de alimentos (e de outros recursos) e cirulação para o
acasalamento. A longo prazo, estas limitações podem conduzir à

21
ISCED Disciplina: Ecologia

extinção de algumas espécies (Newman, 1993).

Um caso concreto observa-se em Cabo Delgado. As queimadas


praticadas pelo Homem para vários fins, incluindo a caça, têm vindo a
contribuir para a fragmentação e eliminação de habitats preferidos por
alguns animais tornando-os mais expostos aos seus predadores
(especialmente o Homem), para além de diminuir as suas fontes
alimentares. Através da fragmentação e eliminação de habitats,
aumenta a vulnerabilidade das espécies animais para a sua caça
descontrolada, o que ameaça a sua sobrevivência. As espécies como o
macaco-cão e o leopardo, por exemplo, estõe reconhecidas
internacionalmente como espécies ameaçadas. A caça descontrolada
destes animais pode conduzir à sua extinção e, por isso, está em
conflito com as regras internacionais e nacionais de conservação de
espécies.

Sendo a comunidade o conjunto de populações de todas as espécies que


coexistem numa detrminada área num determinado período de tempo, a
ecologia das comunidades é o estudo das interacções que ocorrem
entre os grupos de espécies que coexistem nessa área, por exemplo, a
predação e a competição de entre outras interacções. Para além de
estudar como as espécies interagem, a ecologia das comunidades
preocupa-se em compreender como as comunidades podem mudar com
o tempo ( Krohne, 2001). Este ramo (ecologia das comunidades)
corresponde à subdivisão sinecologia definida por Dajoz (1983) e por
Odum (1997).

São enquadrados nea ecologias das comunidades, por exemplo, os


estudos do processo de retorno natural da vegetação, depois da queima
de uma floresta, num detrminado local.

Durante o processo de sucessão podemos observar todas as espécies de


plantas (e espécies de outros organismos) que se sucedem ao longo do
tempo, até que a floresta eventualmente se restabeleça. Podem ser
obseravados alguns aspectos de sucessão vegetal um ano depois do
abandono da exploração de uma

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ISCED Disciplina: Ecologia

machamba. Um outro exemplo de sucessão ecológica pode ser


observado olhando para os padrões de vegetação que ocorrem na ilha
da Inhaca (Maputo). Estes compreendem florestas primárias e
secundárias (desenvolvidas depois da queima das florestas primárias).

A ecologia do ecossistema estuda a transferência de energia e o


movimento de materiais entre as componentes do ecossistema, ou seja,
entre a atmosfera, os oceanos, plantas e animais (ciclos
biogeoquímicos), como é o caso do ciclo de carbono (Krohne, 2001).

A ecologia das paisagens é um ramo novo da ecologia que estuda o


problema da heterogeneidade espacial numa detrminada escala
geográfica. Ela examina, por exemplo, os padrões do uso da terra eos
factores que determinam esses padr~oes. De entre outras ciências, a
ecologia das paisagens integra conhecimentos da geologia, ciências do
solo, hidrologia, e da climatologia para compreender os determinantes
dos padrões observados (Metzger, 2001).

Para definir os ramos da ecologia são também comuns critérios


taxonómicos de divisão em que se estuda esoecificamente um
determinado grupo de organismos. Exemplo, a ecologia de plantas, a
ecologia dos insectos, a ecologia microbiana (Odum, 1997).

Embora centrem os seus estudos num organismo específico, estes


estudos dificilmente ignoram outros organismos, pois acabam incluindo
também as interacções do organismo central, que é objecto de estudo,
com outros organismos.

Por exemplo, na obra editada por Crawlwy (1997) sobre ecologia


vegetal, Howe&Westley (1997) desenvolvem tópicos ligados à
coexistência entre as espécies de plantas e os agentes de dispersão das
plantas de entre outros temas abordados. O conjunto das interacções
analisadas por Howe&Westley (19987) denota a coexistência entre
planats e animais (insectos, aves, mamíferos e outros). Alguns animais
como os pássaros e os insectos facilitam a polinização das plantas e a
disseminação de sementes.

23
ISCED Disciplina: Ecologia

Os vários tipos de ambientes podem também constituir critério para


subdivisões (Odum, 1997). Por exemplo, ecologia marinha, ecologia de
ágia doce, ecologia do solo, ecologia terrestre, de entre outras. A
ecologia marinha estuda a relaçao entre organismos e o meio ambiente
marinho.

Na ecologia das águas doces é estudada ―a relação entre os organismos


eo meio aquático de água doce, no contexto do ecossistema principal‖.
Os habitats aquáticos podem ser de água parada (lgos, lagoas, charcos e
pântanos) ou corrente (nascentes e rios). A ecologia terrestre estuda a
relação entre os organismos terrestres e o meio ambiente. O clima e os
solos constituem os dois factores principais que são responsáveis pela
estrutura das comunidades ecossistemas terrestres, para além dos
factores que resultam das interacções entre as populações que
constituem essas comunidades (Odum, 1997).

A ecologia do solo, por sua vez, examina as interacções entre os


organismos do solo e ambiente do solo. Ela procura ―compreender a
dinâmica do solo, enquanto ecossistema, estudando os seus
componentes e as interacções entre outros comonentes‖ (Oliveira,
1976).

Os organismos do solo, especialmente as minhoca, têm impactos


importantes na decomposição da matéria orgânica e na reciclagem de
nutrientes (Decaens et al, 2006). A ecologia do solo responde às
questões: como o solo funciona? Que nutrientes podem ser reciclados
no solo? Que organismos vivem no solo? Que processos ocorrem no
solo e que relações é que esses processos têm com a produtividade da
vegetação que o solo pode sustentra? ( Coleman&Crossley, 1996;
Kilkham, 1994). A ecologia do solo oferece o conhecimento científico
necessário para evotar a sobre-exploração dos solos da qual resulta a
sua degradação.

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ISCED Disciplina: Ecologia

UNIDADE Temática 1.3. Princípios


metodológicos e abordagens de estudo em
Ecologia.
Homolismo e reducionismo

O reduccionismo e homolismo são duas formas de abordagem


complementares na investigação ecológica. Os holistas consideram os
ecossistemas demasiadamente complexos e para eles, para melhor
investigar os ecossistemas, eles devem ser considerados unidades
funcionais. Contrariramnte, o reducionistas, consideram que se formos
capazes de descobrir como funciona parte de um sistema, então
seremos capazes de compreender o funcionamento de todo o sistema(
Smith, 1992; Krohne, 2001)

Krohne (2001) considera que a ciência se desenvolve na base do


reducionismo, uma vez que na base da experimentação, os
investigadores reduzem e controlam diferentes variáveis possíveis e
estudam com detalhe apenas algumas variáveis de cada vez.

Considerando a nossa definição, o interesse da ecologia é de estudar


todo o conjunto de interacções em que um organismo participa.
Imagine todo o conjunto de possíveis interacções entre uma impla e o
meio ambiente num ecossistema do tipo savana em Moçambique. As
possíveis interacções entre a impala e savana são inúmeras e,
compreender como funciona essa rede de interacções no seu conjunto,
seria um dos exemplo dos desafios dos holistas. Portanto, Krohne
(2001) considera a ecologia como sendo uma ciência basicamente
holista, sendo esta uma abordagem que enfatiza a totalidade das
interacções.

Contudo, as duas formas de abordagem(reducionista e holista) são


consideradas complementares e os reconhecimentos que se tem hoje
sobre a natureza foram e continuam sendo conseguidos na base dos

25
ISCED Disciplina: Ecologia

dois métodos de abordagem (Smith, 1992; Krohne, 1991).

Método científico

Lembremo-nos que o método científico estrutura-se basicamente em


cinco etapas:

I. Observação;

II. Definição clara do problema;

III. Formulação de hipóteses ( uma hipótese é uma resposta


provisória ao problema que, sendo testada, pode ser confirmada
ou refutada);

IV. Teste de hipóteses; e

V. Formulação das conclusões finais.

As conclusões finais não significam necessariamente o encerramento


definitivo de um detrminado estudo, embora procurem sistematizar os
resultados obtidos. De facto, as conclusões finais pode suscitar mais
perguntas para posteriores investigações. Além do mais, as conclusões
podem servir de base para elaboraç~ao de políticas, de planos de acção
ou recomendações de diversa natureza que possam orientar os
processos de tomada de descisões.

Para testar hipótes em ecologia pode-se utilizar experiências


laboratóriais em que o investigador pode reduzir e controlar as
variáveis, estudando alguns aspectos com maior detalhe. Porém, a
maior parte dos estudos experimentais em ecologia são realizados em
campo. Estes podem envolver a manipulação de algumas variáveis,
como por exemplo, a remoção ou adição de nutrientes ou de algumas
espécies de animais ou de plantas numa dada área, a construção de
cercados de modo a vedar o acesso a u recurso, a marcação de algumas
espécies de animais de modo a monitorar os seus movimentos e
comportamento, de outos tipos de

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ISCED Disciplina: Ecologia

manipulação. Como pode imaginar, nos estudos de campo muitos


factores ambientais inevitavelmente interferem com o trabalho
experimental que se está a realizar, tornando mais complexa a análise
de dados e a formulação das conclusões (Krohne, 2001).

Para ilustrar estas complicações, Krohne (2001) apresenta o exemplo da


predação de alces (Alces alces) pelos lobos em Isle Royale, Michigan,
Estados Unidos. Os alces, também designados por cervos, são animais
ruminantes, típicos das zonas frias do Hemisfério Norte, América do
Norte e Europa, e que se alimentam de rebentos de folhas de arbustos.
O exemplo pode ser adaptado para nossa situação local. Imagine que se
observa uma reduao da população de impalas numa savana e somos
chamados a investigar a causa dessa redução.

Então poderíamos, por exemplo, colocar a seguinte hipótese: porque o


leão se alimenta de impalas, o declíneo da população de impalas é o
resultado da predaçao dos leões. Numa abordagem reducionista
poderíamos simplificar esta relação de predação leão→impala,
estabelecendo uma única ligação e consideraríamos as restantes
possíveis interelações constantes e exeperimentalmente iríamos
manipular a predação para observarmos os efeitos da mesma predação
sobre a população de impalas. Poderíamos propor uma campanha de
abate de leões e observar os efeitos dessa campanha no aumento sa
população de impalas na savana.

Poré, posteriormente a essa campanha, poderíamos não observar o


efeito desejado. Assim, rejeitaríamos essa hipótese e formularíamos
outra até chegarmos a compreender o sistema todo.

De facto, as interacções entre a impala e oleão podem ser bem mais


complexas. Por isso, ao reduzirmos a população de leões pode dar-se o
caso de estarmos a afectar outrs interações que também podem afectar a
população de impalas. A redução da população de leões pode por
exemplo, exercer efeitos sobre outras presas do leão como as zebras e
gazelas. A população destes animais poderia também aumentar, uma

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ISCED Disciplina: Ecologia

vez que o predador tornar-se-ia pouco frequente.

Contudo, se as gazelas e as zebras competem com as impalas pelo


mesmo alimento (mesmo tipo de capim), a população de impalas, em
relação a qual centramos as nossas atenções e pretendemos aumentar,
pode vir a diminuir por escassez de alimentos.

Então, voltando à nosa manipulação experimental, se ao manipularmos


a população de leões verificarmos uma rdeução no número de impalas
ficaríamos na dúvida se de facto essa redução resulta da manipulação
feita ou se a redução se deve a outras causas, via outras interacções
indirectas. Daqui, pode se concluir que é importante observarmos
outras possíveis interacções entre apopulação de impalas e o meio na
savana em questão, para compreendermos as causas das fluatuações da
população de impalas, ou seja, é necessária também uma abordagem
holística do sistema.

Por isso, Krohne (2001) concluiu que devido a xomplexidade das


interacções entre organismo e o meio, em ecologia é difícil assegurar
que um trabalho experimental não seja prejudicado por outrs
interacções. Portanto, para que a abordagem experimental seja bem
sucedida, é necessário:

a) Que se tenha um conhecimento muito detalhado do sistema


sobre o qual se está a trabalhar ou se pretende investigar;

b) Permitir que as interacções mais prováveis sejam previamente


conhecidas de modo a garantir a realização de desenhos
experimentais válidas e uma boa interpretação de dados.

Vários príncipios fundamentais gerais em ecologia são conseguidos na


base da comparação de estudos similares, realizados em regiões
diferentes. Estes estudos respondem às questões como: será que as
conclusões sobre um detrminado estudo podem ser aplicads noutrs
regiões, em situações similares? Portanto, a investigação ecológica
pode prosseguir na base da interferência ecológica. Na base desses
estudos comparativos, se conseguirmos

28
ISCED Disciplina: Ecologia

chegar a uma conclusão comum, podemos inferir que descobrimos um


princípio mais fundamental. A descoberta de temas comuns em sitemas
muito diferentes permite generalizar os príncipios (Krohne, 2001).

Explicação, descrição, previsão e controlo

A descrição e a explicação são fundamentais em ecologia. Para


compreendermos algo é necessário descrevermos e explicarmos
devidamente o objecto que pretendemos compreender, o conhecimento
constrói-se através da descrição e explicação (Begon et al, 1996).

Independemente das formas de abordagem acima descritas (holismo e


reducionismo), os ecologistas preocupam-se em responder a três
questões básicas: o quê, como e porquê? (Smith, 1992)

A resposta à questão o quê implica descrição. As primeiras


publicaç~oes em ecologia eram de natureza descritiva, tendo
possibilitado a descrição da estrutura das florestas, dos diferentes tipos
de graminais, das zonas húmidas, dos processos de sucessão vegetal, da
estrutura social das plantas e dos animais, da dispersão das populações,
de entre outros ambientes e processos ecológicos. Portanto, a ecologia
descritiva caracteriza o que existe e como o que existe se apresenta: a
estrutura da população, das comunidades e dos ecossistemas. Ela busca
o conhecimento sem testar hipóteses (estudos descritivos) e como deve
ser do seu conhecimento, alguns tipos de pesquisa não requerem a
formulação e nem teste de hipóteses. Os estudos descritivos têm
contribuido para o desenvolvimento da ecologia, abrindo a
oportunidade para formulação de questões ou problemas de pesquisa
que impulsionam o desenvolvimentp da ciência e da ecologia (Smith,
1992).

A ecologia funcional responde às questões: como é que funcionam as


populações, as comunidades e os ecossistemas? Aqui é estudado, por
exemplo, como funciona uma floresta tropical (o fluxo de enercia e
ciclo de nutrientes; como as

29
ISCED Disciplina: Ecologia

populações que constituem as comunidades desses ecossistemas


respondem às mudanças climáticas ou à acção de pertubações diversas
como as queimadas, cheias, ciclones, invasão de pragas, de entre outros
numerosos factores. O estudo da função (ecologia funcional)nenvolve a
experimentação, que pode ser feita no ccampo como no laboratório
(Smith, 1992).

Falámos, na secção anterior, que as experiências no laboratório ou no


campo envolvem algumas formas de manipiulação (desenhos
experimentais) para testar hipóteses e analisámos alguns aspectos
básicos que devem ser observados para a realização de uma
experimentação.

Os cientistas distinguem duas classes de explicações: a explicação


imediata e a explicação final. Com base na explicação imediata passa-
se a conhecer a causa imediata do fenómeno observado. É com base na
explicação imediata que respondemos às questões do tipo ―como?‖; por
exemplo, ―como funciona um detrrminado fenómeno?‖ Estudos
enquadrados na ecologia funcional. A explicação final, por sua vez,
responde às questões do tipo ―porquê?‖ e para o efeito é utilizado o
conceito da evoluç~ao ( Begon et al, 1996; Smith, 1992; Krohne,
2001).

Krohne (2001) apresenta uma abordagem mais abragente ao afirmar


que ―as nossas explicações ecológicas actuais sobre a natureza estão
previstas no conceito de evolução‖

Begon et al (1996) dão exemplo do que hoje se observa sobre a


distribuição e abundância das espécies de aves e que a seguir
apresentamos.

A explicação imediata para esta observação pode ser dada na base de


factores ambientais diversos como a distribuição dos alimentos, os
parasitas e predadores que atacam as aves. Muitas espécies de aves
tornam-se abundantes num dado local numa dada época porque

30
ISCED Disciplina: Ecologia

abundam os insectos ou sementes que servem de alimento para eles.

A abundância de uma espécie de ave acompanha a da disponibilidade


de fonte alimentar. Esta seria uma possível explicação imediata.
Contudo, poderíamos também perguntar como é que a mesma espécie
de ave parece estar ―sujeita‖ a peramnecer sempre nos mesmos lugares
onde ela se encontra? Porque é que um leão ou um leopardo adopta o
mesmo padrão comportamental quando pretende caçar a presa? Estas
questões são explicads com base na evolução. Neste caso concreto,
encontramos a explicação final da presente distribuição e abundância
de uma espécie de ave nas experiências ecológicas dos seus ancestrais
(Begon et al, 1996).

Autores referem ainda que em ecologia existem muitos problemas que


requerem um explicação final e consideram os problemas que exigem
uma explicação final tão importante quanto são as questões
relacionadas com o controlo de pragas ou com a preservação de
espécies raras.

Muitas vezes, os ecologistas tentam fazer previsões do que vai


acontecer a um organismo, uma população ou uma comunidade, um
ecossistema, sob determinadas circunstâncias e com base nessas
previsões tentamos explorar e fazer o controlo dessas populações,
comunidades e ecossistemas. Por exemplo, procura-se minimizar o
efeito da eclosão de uma praga de gafanhotos, fazendo a previsão de
quando é que é mais provável que essa praga ocorra; tentamso proteger
as culturas, fazendo a previsão sobre quando é que as condições sã
favoráveis para o desenvolvimento duma cultura e desfavoráveis para
os inimigos dessa cultura; tentamos proteger uma espécie rara fazendo
uma previsão da política de conservação que nos vai permitir realizar
essa protecção (Begon et al, 1996).

Para facilitar a explicação de fenómenos naturais ou previsões, muitas


vezes os ecologistas desenvolvem modelos. Modelos são abstracções
ou simulações de fenómenos naturais que possibilitam a visualização
mais claar de fenómenos que ocorrem

31
ISCED Disciplina: Ecologia

ou a previsão de novos fenómenos. Modelos podem ser fórmulas


matemáticas, por exemplo, as fórmulas matemáticas existentes sobre
crescimento populacional e que podem ser traduzidos em gráficos
(Smith, 1991).

É através de modelos matemáticos que os ecologistas foram capazes de


esclarecer o crescimento populacional e sobre previs~oes do
aquecimento global do planeta Terra e elucidar sobre as consequências
desse fenómeno que hoje se traduz nos desastres naturais que se
observam.

UNIDADE Temática 1.4. Aplicação da ecologia


Aplicação da ecologia

A ecologia pode ser aplicada na ciência ambiental, a qual envolve os


estudos da acção humana sobre a natureza. O homem exerce
modificações sobre a natureza, sendo uma delas a poluíção. Os estudos
sobre os efeitos do aquecimento global, da poluíção dos rios, dos
derrames de petróleo nos mares e oceanos, são alguns dos exemplos de
estudo de investigação ambiental que aplicam a ecologia. Para além da
ecologia, na ciência ambiental intervêm várias outras ciências como a
Química, a Geologia, a Sociologia e a Economia (Krohne, 2001; Smith,
1992).

As ciências de gestão de recursos aplicam conceitos de ecologia para


gerir de forma sustentável os recursos como populações animais e
populações vegetais, de entre outros recursos. A título de exemplo,
através da ciência da gestão da vida da fauna bravia é realizado o
meneio dos animais selvagens nas reservas naturais e outros
habitats,controlando os mecanismos que possam favorecer o
desenvolvimento e a manutenção dessas populações animais de modo a
providenciarem benefícios recreacionais, culturais ou económicos. A
gestão de animais selvagens implica

32
ISCED Disciplina: Ecologia

também a necessidade de conhecimentos de gestão de áreas de pasto,


de reprodução e refúgio desses animais, de modo a garantir que essas
áreas sejam capazes de sustentar a vida das populações animais
(Yarrow, 2009).

As florestas têm muitas funções. Fornecem a madeira que pode ser


utilizada para o fabrico de vários objectos ou como combustível,
fornecem os frutos, taninos, látex e outros produtos; fornecem animais
que lá civem que podem ser caçados pelo Homem; protegem o solo,
prevenindo a erosão; fornecem o espaço para a recreação e lazer;
alternam a apar^encia da paisagem (Newman, 1993). A gestão de
florestas constitui o conjunto de métodos que permitem explorar e
utilizar de forma sustentável os benefícios directos e indirectos
proporcionados pelas florestas. Similarmente, os conceitos da ecologia
são aplicados na ciência da gestão dos recursos pesqueiros, a qual
regula a actividade pesqueira de um país.

A biologia da conservação é uma área que também aplica a ecologia,


realizando a conservação e a promoção da biodiversidade. Uma grande
pressão é exercida pela população humana para a conversão de áreas
naturais, para acomodar as actividades como a agricultura, pastagens e
exploração florestal. Estas actividades ameaçam e continuarão a
ameaçar durante muito tempo a vida das espécies selvagens. Por isso,
aumentam cada vez mais os desafios dos ecologistas para o
aconselhamento na tomada de decisões sobre que áreas a preservar, que
áreas naturais devem ser sacrificadas e como minimizar os prejuízos da
perda da biodiversidade. A conservação deve ser feita sempre em prol
da conservação da biodiversidade (Newman, 1993).

Na área da agricultura, os conceitos de ecologia são aplicados, por


exemplo, no controlo biológico ou biocontyrolo também conhecido por
luta biológica. O controlo biológico é o conjunto de métodos que visam
reduzir as populações de pragas utilizando inimigos naturais dessas
pragas, implicando a intervenção do Homem. É necessário notar que as
pragas podem ser eliminadas pela acção de organismos que ocorrem

33
ISCED Disciplina: Ecologia

naturalmente e pelos factores ambientais, sem que seja necessária a


intervenção do Homem; este tipo de controlo é designado por controlo
natural (Shelton, 2010). No controlo biológico aplica-se, muitas vezes,
o conceito da predação que é uma interação biológica em que um
organismo (predador) consome outro organismo (presa).

O emprego de predadores constitui o primeiro sucesso na luta


biológica. Existem muitos exemplos deste sucesso sendo um deles, o da
utilização de besouro (coleóptero) cujo nome científico Rodalia
cardinalis e que é vulgarmente conhecido por ―joaninha‖. Este besoro é
originário da Austrália e é actualmente cultivado em várias partes do
mundo para ser utilizado no controlo e desenvolvimento da cochonolha
da laranjeira (Icerya puchasi). A cochonilha foi introduzida
acidentalmente em vários países e contibuiu para a eliminação de
plantações de laranjeiras e de limoeiros, de entre outras plantações
(dajoz, 1983) Note que a cochonilha é um insecto que ataca também a
planta da mandioca.

Para que os inimigos naturais sejam eficazes no controlo biológico é


necessário que as populações do inimigo cresçam rapidamente quando
o hospedeiro está dispnível. O inimigo natural deve reunir alguns
requisitos para que seja efectivo no controlo biológico:

 Ocorrer ao mesmo tempo que ocorre o hospedeiro;

 Ser fectivo na procura do seu hospedeiro; e

 Ser específico

Nenhum inimigo natural consegue reunir todos os atributos no seu


conjunto. Contudo, é necessário que reúna a maior parte deles, para que
seja capaz de controlar a população da praga. As aranhas são
geralmente predadoras, no entanto, elas procuram várias espécies como
alimento, por isso não reúnem o critério desejado (Shelton, 2010).

Podemos indicar também a ciência de restauração ecológica como


sendo uma área científica que parte de princípios e conceitos de

34
ISCED Disciplina: Ecologia

ecologia já estabelecidos. A restauração ecológica é uma actividade


intencional que inicia ou acelera a recuperação de um ecossistema, no
que respeita a sua saúde, integridade e sustentabilidade (Young et al,
2005). A prática da restauração ecológica lida, por exemplo, com
aspectos relacionados com a recuperação de solos, controlo da erosão, o
reflorestamento de áreas degradadas, melhoramento de habitats,
recuperação de zonas contaminadas ou degradads, durante a exploração
mineira e a recuperação de áreas de pastagem (James, 2010).

EXERCÍCIOS DO TEMA I

1. Busque na literatura outra definição de ecologia diferente das


apresentadas neste manual e faça uma análise crítica da mesma,
comparando-a com uma das definições apresentadas neste capítulo?

2. Pesquise na literatura e descreva 4 áreas de aplicação da ecologia que


sejam diferentes das que estão apresentadas neste manual?

3. Indique duas áreas científicas que contribuiram para o para o


desenvolvimento da ecologia?

4. Explique a importancia de ecologia?

5. Quais são os niveis de organização biológica que conheces?

6. Indique os principais ramos de estudo da ecologia?

TEMA – II: ECOSSISTEMA


UNIDADE Temática 2.1. Conceitos e classificação dos ecossistemas
naturais (Mundiais e de Moçambique).
UNIDADE Temática 2.2. Ecossistemas Artificiais.

35
ISCED Disciplina: Ecologia

UNIDADE Temática 3.3. Ecossistemas degradados.

UNIDADE Temática 2.1. Conceitos e


classificação dos ecossistemas naturais
(Mundiais e de Moçambique)
Ecossistema

Um ecossistema é uma sistema ecológico processador de energia que


inclui a comunidade e o seu ambiente fisico. As populações de
organismos do sistema (plantas, animais e outros organismos) são os
objectos através dos quais o sistema funciona. As entradas para dentro
do ecossistema (inputs) são abióticas e bióticas. Os inputs abióticos são
energia e a matéria inorgânica. A energia influencia a temperatura e a
humidade. A matéria inorgânica é constituida pelos nutrientes que
influenciam o crescimento e a reprodução. Os inputs bióticos incluem
outros organismos que entram para o ecossistema bem como as
influências exercidas por outros ecossistemas (Smith, 1992).

Ainda segundo Smith (1992), é muito importante reter que nenhum


ecossistema se encontra isolado de outros ecossistemas. Um
ecossistema é influenciado por outros ecossistemas, como sistemas
abertos, as saidas de um ecossistemas podem ser as entradas de outro
vice versa.

Quando se estuda um ecossistema é preciso estabeler os limites do


ecossistema em estudo, em ecossistema terrestre, aquático, entre outros.
É dificil estabelecer as fronteiras exactas entre os ecossistemas e pode-
se afirmar que não existem limites no que respeita a dimensão de um
ecossistema, sendo que o investigador pode estabelecer as dimensões
de um ecossistema de acordo com o seu interesse de estudo. Assim, os
ecossistemas podem variar desde, por exemplo um vaso contendo solo
e plantas, um jardim, uma machamba até as formas mais amplas como
as florestas e savanas; os ecossistemas podem ser sistemas naturais ou
sistemas criados pela acção humana.

36
ISCED Disciplina: Ecologia

Tipos de Ecossistemas

Os ecossistemas segundo a sua origem podem ser classificados em dois


tipos, ecossistemas naturais e ecossistemas artificiais e podem ser
terrestres ou aquáticos.

Ecossistemas Naturais

São aqueles que existem na natureza, resultantes de factores geológicos


e biológicos sem nenhuma intervenção do homem.

Tipos de Ecossistemas naturais

Biomas

Segundo O’ Hare(1988), biomas são definidos como sendo


ecossistemas globais, caracterizados em função da vegetação
predominate. Assim definidos, os biomas, mostram uma relação estreita
entre: ( i) o solo e o clima ( factores abióticos) e ( ii) a vegetação e os
organismos adaptados a ela ( factores bióticos).

Vários ecologistas classificam os biomas de várias maneiras, por


exemplo Whittaker (1975, Apud Morin, 1999) designou 36 biomas
diferentes. Neste capítulo, apresenta-se uma classificação simplificada,
com base em alguns autores como UCMP (2007), Krohne (2001) e
O’Hare (1988). Assim, podemos destinguir no nosso planeta os
seguintes biomas naturais principais: a tundra a floresta de folhagem
decidua ou caduca, os graminais, os desertos, os biomas de água doce e
os biomas marinhos.

Tundra

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ISCED Disciplina: Ecologia

Segundo UCMP (2007) e Krohne ( 2001), o termo tundra provém da


palavra finlandesa, tunturi que significa " planície sem árvores". A
tundura ocorre a partir do limite norte da linha de árvores, na região sul
da massa de gelo do oceano Árctico, estendendo-se até as zonas
montanhosas da América do Norte, Europa e Sibéria,. Compreende
enormes planícies sem árvores, cercadas de lagos e charcos.

A tundura é o bioma que ocorre em regiões de clima mais frio, com


temperaturas que chegam a atingir 40o C negativos durante o inverno
escuro que dura cerca de seis meses; a precipitação annual total é
escassa ( 150 a 250 mm), chegando a ser inferior do que a da maioria
dos desertos quentes.

O solo superficial, até mais ou menos 5 centímetros descongela durante


o verão, mas o sbsolo é permanantemente congelado ( permafrost); o
permafrost pode atingir uma profundidade de 400 a 600 metros
(Krohne, 2001; UCMP, 2007).

Devido ás caracteristicas do solo, a vegetação é geralmente rasteira de


crescimento lento, algumas espécies que mal se desenvolvem na
tundura, crescem melhor naslatitudes mais baixas. A vegetação varia
conforme as características de região. Em algumas regiões abundam
arbustos anões, musgos e líquenes (Krohne, 2001). As plantas da
tundura reproduzem-se vegetativamente, por meio de rizomas, bolbos,
ou tubérculos que são órgãos que resistem ao frio, que podem
permanecer no estado latent durante o inverno e produzir rebento no
verão, as plantas da tundura estão também adaptadas á seca, uma vez
que a água se encontra congelada e a chuva é escassa (Krohne, 2001;
UCMP, 2007).

A fauna adaptada á tundura é contituída por roedores e outros animais


escavadores( vivem por baixo da neve); de entre outros ani,ais,
encontram-se também as renas, as lebre-árcticas, as raposas, os esquilos
as dononhas e várias espécies de aves ( UCMP 2007).

38
ISCED Disciplina: Ecologia

Florestas de coníferas

As florestas de coníferas ocorre no hemisfério norte, entre a tundura ( a


norte) e a floresta decidua ( a sul). Encontra-se distribuída pela América
do Norte , Europa e a Ásia. O bioma compreende a taiga, a floresta
boreal, as florestas de coníferas das zonas montanhosas e as florestas de
coníferas das regiões conteiras.

As coníferas constituem um grupo de plantas a que pertencem, por


exemplo, os pinheiros e são assim designadas pelo facto de
apresentarem frutos de forma de cones ( pinhas). As florestas de
coníferas constituem uma vegetação sempre verde ( conservam-se
verdes durante todo ano). As folhas são geralmente pequenas e finas,
modificadas n forma de agulhas ( redução da área foliar) e cobertas por
uma cutícula de cera, que as permite resistir ao frio e á seca fisiológica;
as conífera chegam a suportar temperaturas negativas extremas,
inferiors a -30o C.

Várias espécies de coníferas possuem seiva oleosa, chamada resina, que


não é agradável para muitos insectos que evitam consumer estas
plantas. A resina atrasa a decomposição das folhas, quando came no
chão florestal, por isso, o chão florestal, neste bioma, apresenta uma
boa espessura de manta morta. A resina das coníferas são inflamáveis,
daí resulta a alta susceptibilidade deste bioma ao fogo.

A precipitação media anula na floresta de coníferas varia de 300 a 900


mm e algumas florestas recebem até2,000mm( a quantidade de
precipitação depende da localização da floresta).nas florestas borealis
os invernos são longos, frios secos, enquanto os verões são curtos e
moderadamene quentes. Nas latitudes mais baixas , a precipitação é
bem distribuída ao longo do ano.

A taiga ocorre imediatamente a sul do círculo polar árctico. É u tipo de


floresta de coníferas mis dispersas, que estabelece a transição entre a
tundra e a floresta boreal. Tal como a tundra, o solo de algumas regiões
ocupadas pela taiga congeladas durante o inverno, ficando

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ISCED Disciplina: Ecologia

descongeladas no verão.

A floresta boreal é um tipo de floresta de coníferas luxiriosa, mais


fechada e de crescimento mais vigoroso, que ocorre mais a sul. Nas
zonas montanhosas as espécies de coníferas tornaam-se mais dispersas
e nas zonas costeriras da América do Norte, a florestade coníferas
assemelha-se á floresta boreal, sendo mais vigorosa e fechada.

Devido ao alto poder de inlfamação da vegetação e as temperaturas


altas de verão, o fogo exerce um factor importante na estrutura da
floresta de coníferas, sendo os relâmpagos a principal causa da
frequência do fogo. Algumas espécies de pinheiros são bem adaptadas
ao fogo, os seus cones abrem quando são atingidos pelo fogo( Krohne
2001).

Ocorrem várias centenas de espécies de coníferas, algumas das quais


com importância económica, sendo aplicada por exemplo na contrução,
fabric de mobiliário e do papel.

De entre as espécies com grande valor económico encontram-se os


pinheiros.

Na floresta de coníferas ocorrem naturalmente, várias espécies de


cogumelos comestíveis, frutas silvestres, flores e espécies de plantas
com valor medicinal. Para além de oferecer a madeira, a floresta de
coníferas é explorada para fins de lazer e ecoturismo, principalmente na
primavera e verão quando várias espécies de aves migram para a
floresta boreal.

A fauna da floresta de coníferas é diversificada, devido à variedade de


recursos vegetai (casca, rebentos das árvores, flores. Frutos e
sementes). De entre outros, ocorrem lebres, lobos, alces e raposas que
conseguem permanecer activos no inverno devido à pelagem espessa e
quente. Durante o inverno, alguns mamíferos tornam-se inactivos como
defesa contra frio e os animais escavadores refugiam-se debaixo do
solo para conservaren o calor corporal.

40
ISCED Disciplina: Ecologia

Floresta temperada decídua

A floresta decidua está distribuída pela Europa (noroeste, centro e leste)


a Ásia ( China, Coreia e Japão). O Canadá e o nordeste dos Estados
Unidos da América, em regiões expostas às masas de frio, que são
responsáveis pela ocorrência de quarto estações do ano. As
temperaturas media mensais variam de -30o C a 30o C, sendo a media
annual de 10o C. os verões são quentes e húmidos e os invernos frios. A
precipitação annual é de 750 a 1500 mm de chuva, bem distribuída ao
longo do ano (UCMP, 2007).

Os solos da floresta decidua são geralmente castanhos, com uma boa


espessura de matéria orgânica, ricos em minhocas e outros
decompositores; são solos geralmente férteis, obtendo-¬ase boms
rendimentos agrícolas a partir deles. Os solos suprotam várias espécies
de árvores, arbustos e ervas de folha larga, como o ulmeiro, a faia, a
bétula e o castanheiro (O’Hare, 1988).

Contrariamente às coníferas , a vegetação apresenta folhas largas, que


não possuem protecção especial contra a perda da humidade por
transpiração. Como resposta á redução da luz e temperature que ocorre
durante o outono e o inverno, as plantas deixam cair as suas folhas. A
queda das folhas pela vegetação constitui uma adaptação que previne
contra a perda de água durante o inverno. Esta é a principal carcterística
da vegetação e que confere o nome à floresta ( floresta temperada de
folhagem de cídua ou floresta de folhagem caduca). O grande mamífero
típico deste bioma é o urso negro. Ocorrem também as raposas e os
esquilos (O’Hare, 1988).

Floresta tropical húmida

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ISCED Disciplina: Ecologia

A floresta tropical húmida é encontrada perto do equador , entre o


Trópico de Câncer e o Trópico de Capricónio, onde a precipitação
media anual é superior a 2000 milímetros. A chuva é bem distribuída
ao longo do ano e as temperaturas medias anuais são mais ou menos
constants ao longo do ano, podendo entre 20o C a 25o C (UCMP, 2007).
As áreas de dintribuição das floresta tropival húmida incluema Bacia do
Amazónia na Américado Sul, África occidental ( Zaire e Guiné-
Bissau); alguns fragmentos são encontrados na Índia, Indonésia e na
Zona Norte da Austrália (O’Hare, 1988).

A vegetação é muito densa, ocorrendo uma grande diversidade de


espécies. Uma das características importantes da vegetação é a de
apresentar uma maior predominância de plantas epífitas,
comparativamente a outros biomas. É também encontrada uma grande
diversidade de plantas parasitas e plantas trepadeiras (UCMP, 2007,
Krohne, 2001).

A vegetação apresenta pelo menos três estratos de vegetação e a


competiçäo pela luz é intesa, dada a alta densidade de espécies. Existe
um estrato de árvores de muito altas gigantes que emerge por cima do
estrato de que forma uma copa fechada ou abóbada ( estrato de
árvores emergentes). Este estrato superior compreende uma grande
diversidade de espécie de árvores muito altas que podem atingir mais
de 60 metros.

Num hectare de floresta podem ser encontradas mais de 100 espécie de


árvores fazendo parte do estrato superior (UCMP, 2007, Krohne, 2001).

O estrato imtermédio, é portanto, constituído por trepadeiras (lianas),


árvores menores, fetos e palmeiras. O interior de uma floresta tropical
húmida torna-se escuro, tem pouca luz, devido á sombre produzida
pelas árvores do estrato intermédio e superio( UCMP, 2007, Krohne,
2001).

Como forma de maximizar a captação da luz solar, grande parte das

42
ISCED Disciplina: Ecologia

plantas deste estrato possuem folhas largas.

O estrato inferior compreende árvores de dimensões pequenas, porém a


existência deste estrato, depende do grau de disponibilidade da luz. Em
florestas muto fechadas, este estrato pode não existir, por falta da luz (
Krohne, 2001).

O chão da floresta é coberto por uma camada de lixo florestal, sempre


húmida devido ás chuvas ntensas, que é composta por folhas mortas e
outros restos de vegetais e animais Krohne, 2001). Poucas plantas estão
presentes no chão florestal, devido á falta de luz.

No entanto, as condições de temperature e humidade e as condições


criadas pelo lixo florestal permitem o desenvolvimento de vários
organismos decompositores como as minhocas bactérias e fungos ( o
lixo florestal funciona como se fosse uma pilha de adubo( Krohne,
2001).

A floresta tropical devido a grande diversidade de recursos e nichos


que oferece, compeende a maior diversidade de espéciaes do mundo.
Por exemplo, uma grande diversidade de aves que ocupa os estratos
superiors encontra uma alta diversidade de recursos alimantares, como
insectos, frutos, sementes, nectar das flores, rebentos de plantas; varias
espécies de animais estão adaptados a viver sobre as árvores; o chão da
floresta é ocupado por animais roedores que se alimentam de frutos e
sementes que came dos estratos superiors; o chão florestal constitui um
ambiente propício para ocorrência de animais como sapos e rãs e por
isso, as cobras contituem o principal grupo de predadores da floresta(
O’Hare, 1988).

Graminais

Os graminais são zonas que apresentam um Sistema contínuo ou menos


plano e coberto predominantemente por gramíneas (O’ Hare, 1988;
UCMP, 2007).

43
ISCED Disciplina: Ecologia

As gramíneas são plantas herbáceas com folhas, caules aéreos e caules


subterrâneos( rizoma) capazes de resistirá seca e aos incêndios. Durante
a estação seca, os rizomas ficam dormentes; os rizomas rebentam,
formando novas folhas e caules, quando inicia a estação chuvosa. Os
incêndiso tabém interrompem a dormência dos rizomas.

Graminais das Regiões Temperadas

Os graminais temperados compreendem as pradarias dos Grandes


Planaltos da América do Norte, as estepes da Eurásia Central, as
pampas da América do Sul e os celds da África do Sul. Dependente da
latitude, a temperature media annual fica distribuída entre 20o C a 30o C
(as temperaturas de verão podem ser superiores a 38o C) e a
precipitação annual varia entre 500 e 900 mm. as estações do ano estão
bem demarcadas, no verão ocorre a máxima precipitação ( O’Hare,
1988; UCMP,2007).

Nas zonas mais produticvas, as gramíneas podem atingir 1 metro de


altura; o crescimento rápido da vegetação durante a primavera e o verão
resulta em altos niveis de adição da material orgânica no solo,
proveniente principalmente das raizesç nas zonas menos produtivas as
gramineas apresentam cerca de 50cm de altura. Aptodutividade
depende da precipitação e dos solos de cada região( O’ Hare, 1988).

Savanas

Os graminais das regiões tropicais são geralmente designados por


savanas. As savanas ocorrem entre o Trópico de Câncer e o Trópico de
Capricórnio( O’ Hare, 1988).

As savanas estão distribuídas pela África, Austrália, América do Sul e


Índia ( UCMP 2007); e constituem um dos biomas mais vasto do
mundo, e cobrindo cerca de 20% da superfície da terra

44
ISCED Disciplina: Ecologia

(Shorrocks,2007).

A distribuição da precitação ao longo do ano é sazonal; a chuva cai na


época chuvosa e esta é seuida de um longo período seco ( o period das
chuvas altera com o período seco). A precipitação determna uma maior
ou menor predominância da vegetação lenhosa principalmente as
árvores e gramíneas. As savanas são geralmente caracterizadas pela
coexistênia de árvores e gramíneas, apresentam padrões variados de
dispersão de espécies de árvores ( Shorrocks, 2007;Smith, 1992, UCMP
2007).

Em Moçambique, Angola, Tanzânia, Zaire, Zimbabwe, Zâmbia,


Malawi, Angola ocorre a savana do tipo Miombo, cobrindo uma área
de 3 milhões de km2. O termo miombo provém do nome da árvores
Muuyombo ( Brachystegia boehmii), que é dominante em toda neste
tipo de savana. As árvores podem atingir 15 a 20 metros de altura, com
um estrato basal de arbustos e de gramíneas (Shorrocks,2007).

A precipitação varia de 1500mm a 2000mm por ano e a maior parte da


chuva cai na época das chuvas ( Novembro a Março/Abril) e ocorre
uma longa estação seca. A temperatura media é de 27oC a 30o C (
Shorrocks, 2007;Smith, 1992, UCMP 2007).

O clima o pastoreio exercem forte influência na estrutura da vegetação;


as queimadas que podem ser naturais ou praticadas pelo Homem são
frequentes na savana.

A frequência das queimadas diminui a densidade da vegetação e


mantém as árvores dispersas permitindo a coexistência dos dois
principais estratos da vegetação ( as gramíneas e as árvores). Por isso,
quando as queimadas são bem praticadas, ajudam a manter a estrutura
da savana. O longo período seco favorece uma maior ocorrência do
fogo ( Shorrocks, 2007;Smith, 1992, UCMP 2007).

Os solos são em geral pobres em nutrientes (Smith 1992; Shorrocks,

45
ISCED Disciplina: Ecologia

2007). A pobreza dos solos ( que determina uma comunidade vegetal


de fraco valor nutritivo) e a prolongada seca fazem com que a savana
de miombo supore uma baixa densidade de grandes mamíferos. O que
mais valoriza a importância do miombo para as espécies de maíferos é
a sua extensão ( Shorrocks, 2007).

Várias espécies de animais são endémicas á região do miombo, como é


o caso do antelope roano e do chacal de estria lateral. No entanto, a
maioria das espécies de grandes mamíferos que ocorrem noutros tipos
de savana ocorrem na savana de miombo, nomeadamente o elefante,
rinoceronte, o buffalo. Estes animais compensam a pobreza nutricional
da forragem consumindo grandes de alimento. Os carnívoros
associados ao miombo incluem a chita, o leão, o leopard e as hienas,
dentre outros ( Shorrocks, 2007).

Desertos

Os desertos ocorrem entre as latitudes 15o Norte e 35o C Sul do


equador. São exemplos Sahara ( na Àfrica), os desertos de Mojave,
Sonora, Chihuahua, da Grande Bacia ( na Amèrica); o deserto do
Negev ( no Mèdio Oriente) e o deserto de Gobi ( na Àsia) ( Krohne,
2001).

Os desertos ocorrem em regiões onde a evaporação é superior á


precipitação. São tipicamente secos e quentes, exibindo uma grande
variabilidade da temperature e uma marcante impresibilidade da
precipitação ( Krohne, 2001). As temperaturas medias do deserto são de
20oC a 25oC, sendo as extremas de 44oC a 49oC ( durante o dia ) e cerca
de 18oC negativos (durante a noite ). A temperatura muda
drasticamente, sendo demasiadamente alta durante o dia e
extremamente baixa durante a noite, porque o ar contém muito pouca
humidade; a humidade absorve o calor e a falta de humidade reduz a
possibilidade de aquecimento ( UCM,2007 ).

46
ISCED Disciplina: Ecologia

A precipitação total anual é inferior a 300 mm. No deserto, de Atacama


no Chile, por exemplo nunca chove enquanto algumas áreas do deserto
de Kalahari na África ocorrem nevoeiros; a distribuição da chuva
varia, mesmo dentro da mesma região – no deserto de Sonora , no
Arizona, pode chover numa parte do deserto e não chover noutras áreas
que ditam apenas 1 km ( Krohne, 2001 ).

Os substratos onde ocorrem os desertos são demasiadamente variáveis,


dependendo da região onde o deserto ocorre. Alguns são pouco
profundos, outros são constituídos de areias brancas, profundas e
antigas, outros são de origem vulcânica. Alguns desertos, o Grande
Lago Salgadona América do Norte, são salgados e derivam da seca de
lagos. O chão de alguns desertos é constituído por pedras, designados
por ―pavimentos do deserto‖ que por vezes ficam cobertos de materiais
brilhantes constituído de argilas e óxidos de ferro e manganésio (
Krohne, 2001 ).

As plantas que vivem no deserto possuem mecanismos de adaptação


que os permite sobreviver em ambientes de escassez de água. Ocorrem
plantas suculantes como os cactos, pequenas ervas e arbustos. Os cactos
são capazes de conservar água nos seus ramos e caules e as suas folhas
são transformadas em pequenos espinhos ( UCM, 2007 ).

Outras adaptações incluem o desenvolvimento de um número reduzido


de folhas pequenas. Algumas plantas desenvolvem um sistema de
raízes muito profundo que os permite extrair água em profundidade.
Várias plantas são efémeras, ou seja têm um ciclo de vida muito curto,
crescem e florescem e produzem sementes no curto período de chuvas
( algumas semanas ) ( Krohne, 2001).

Para evitar o calor, alguns animais são escavadores e possuem hábitos


nocturnos. Por falta de água, vários animais bebem pouca água e obtém
água a partir dos alimentos que consomem ( leia os exemplos de
adaptações de animais e plantas às condições de temperatura e escassez
de água apresentados da unidade II, capítulo II, páginas 29 e 32 )

47
ISCED Disciplina: Ecologia

Biomas de água doce

A Água doce é definida como tendo uma concentração de sal baixa,


normalmente inferior a 1%. As plantas e os animais de água doce estão
adaptadas ao baixo reor de sal e não são capazes de sobreviver em
ambientes muito salgados ( nos oceanos, por exemplo ) ( UCM, 2007 ).

Os sistemas de água doce podem ser classificados em dois grandes


grupos: sitema de águas paradas ou sistemas lênticos e sistemas de
águas correntes ou sistema lóticos (Odum, 1993 ).

Estes sistemas podem ser agrupados em três tipos principais de regióes:


(i) lagoas e lagos; (ii) fontes, rios e riachos (iii) terras húmidas, que
constituem a transição entre os sistemas aquáticos e os sistemas
terrestres ( Odum, 1993; UCM, 2007 ).

Terras Húmidas

As terras húmidas formam um conjunto de ecossistemas que


constituem a transição entre os sistemas aquáticos e os sistemas
aquáticos e os sistemas terrestres. Alguns destes sistemas podem ficar
permanentemente húmidos e assim tornam-se importantes para um
conjunto de organismos que utilizam esses ecossistemas como zonas de
reprodução, de forragem ou de esconderijo ( Krohne,2001).

As terras húmidas suportam diversas espécies de plantas aquáticas.


Comportam também várias espécies de anfíbios, répteis e aves, pelo
que possuem alto valor económico.

As terras húmidas podem ser classificadas de acordo comas suas


condições de drenagem da água do solo e outras características
físicas(Krohne,2001). Por exemplo, os pântanos são bacias planas onde
a água flui lentamente saturando o solo. Uma das diferênças entre os
pântanos e outros tipos de terras húmidas é que os pântanos são

48
ISCED Disciplina: Ecologia

dominados por plantas lenhosas.

Bioma marinhos

Os sistemas marinhos incluem os oceanos, os corais e as zonas


estuarinas; os oceanos compreendem cerca de ¾ da superfície terrestre,
constituindo um habitat potencialmente mais vasto [ara as comunidades
vagetias e animais. Nos biomas marinhos, as algas e as ervas marinhas
são as principais comunidade produtoras. Os oceanos fornecem a maior
parte do vapir de água para a precipitação na terra. A importância dos
oceanos para o ciclo do carbon foi referida no capítulo I desta unidade.

Oceanos

Os oceanos estão ligados entre si num vasto oceano global e foram


geograficamente divididos em quarto corpos de água: Oceano Pacífico,
Atlântico e Árctico. Os oceanos cobrem mais de 70% da superfície do
Globo ( Odum,1993).

O sal ( cloreto de sódio) é o principal compost químico da água do mar,


para além do cloro e do sódio, o magnésio, o potássio, o cálcio e o
enxofre que fazem parte da composição da água do mar. A água do mar
é alcalina, devido a elevada presença de iões de carga positive ou
catiões ( Odum,1993).

Distinguem-se nos oceanos diferentes zonas ou regiões. Das costa para


o mar profundo, distinguee-se a plataforma continental que começa
na linha da costa e desce com um declive suave até ao talude
continental ( onde o declive é muito mais pronunciado); a plataforma
continental atinge a bacia oceânica(Odum,1993).

A região do mar está situada para além da plataforma continental e é


designada por região oceânica ou bacia oceânica; é formada por
planícies abissais e cordilheiras ou fossas oceânicas ( Odum, 1993;

49
ISCED Disciplina: Ecologia

Krohne,2001). A região do declive e da elevação continental é a zona


batipelágica que pode ser active geologicamente, com movimentos das
placas do substrato, actividades vulcânicas e contém trincheiras e
desfiladeiros. A região abissal é a área das profundidades oceânicas
2000 a 5000 metros de profundidade( zona hadal) (Odum,1993).

Em profundidade, as zonas podem ser ecologicamente classificadas em


termos da penetração da luz, sendo a parte superficial onde a luz
penetra facilmente, a zona eufótuca ou fótica- é a zona do corpo de
água que recebe a luz e onde ocorre a fotossíntese ( região produtora); a
zona afótica— a zona que compreende coluna de água que não recebe
luz. A zona eufótica é a mais profunda, onde as águas da região
oceânica são claras ( pode ter 100 a 200 metros de profundidade),
sendo pouco profunda na costa onde ocorre maior turvação ( cerca de 3
metros de profundidade) (Odum,1993).

A zona pelágica é a zona que compreende a coluna de água onde os


animais não estão fixos, ou não dependem de um substrato ( o bentos);
a zona palágica compreende a plataforma continental e a zona
oceânica (Odum,1993).

As temperaturas da águas dos oceanos variam bastante e diminuem


com a profundidade (Odum,1993; Krohne, 2001). Nas zonas tropicais a
temperature media pode atingir os 30o C, enquanto uqe nas regiões
polares a temperature das águas do mar podem estar abaixo das
temperaturas de congelamento das água, porem as águas permanecem
no estado líquido devido ao seu teor de sa ( Krohne, 2001).

Em geral , os organismos que habitam os oceanos estão adaptados ás


correntes de água e á pressão exercida pela água. As correntes podem
ser geradas tanto pelas mudanças de temperature, como pela salinidade
e tanto a temperature como a salinidade influenciam a densidade da
água. As correnytes são importantes para a circulação de nutrientes do
fundo dos oceanos para zonas mais superficiais. A alta produtividade
dos oceanos que se reflecte na alta riqueza do pescado é o resultado da
ocorrência das correntes marinhas frias

50
ISCED Disciplina: Ecologia

ascendentes que trazem á superfíe os nutrientes das camadas mais


profundas (Odum,1993; Krohne, 2001).

Para além de outros organismos, os nutrientes são utilizados pelo


plâncton marinho inclui o fitoplâncton (produtores) e o zooplâncton (
os consumidores). O plâncton contitui uma grande diversidade de
organismos microscópicos que não possuem movimento próprio, são
flutuantes, movidos pelas correntes.

A grande diversidade de organismos marinhos depende do plâncton.


Muitos animais pelágicos ( do alto mar) como as baleias, alimentam-se
de plâncton (Odum,1993; Krohne, 2001).

Ligadas á ocorrência das correntes, várias espécies marinhas de


interesse commercial encontram-se na plataforma continental ou
próximo da mesma e incluem o bacalhau, as anchovas, a sardinha da
África do Sul, o atum (Odum 1993).

Por sua vez, as zonas mais profundas do oceano, apresentam uma


grande diversidade de fauna, apesar de ocorrer pouca luz. A
bioluminescência é uma das principais características adaptativas dos
organismos desta zona, dede os microscópicos até aos maiores. A
natureza oferece variados exemplos muito interessantes de estratégias
de utilização da bioluminescência para garantir a sobrevivência das
espécies portadoras dessa característica (Krohne, 2001).

As zonas entre mares das costas arenosas não exibem uma


estratificação acentuada, como acontece nas costas rochosas. Nas costas
arenosas, as ondas do mar movimentam constantemente as areias, a
lama e os organismos adapltados a estas coircunstâncias incluem os
vermes ( exemplo, os poliquetos), os bivalves ( por exemplo, as
amêjoas) e algumas espécies de caranguejos. Várias espécies de aves
visitam as zonbas arenosas entre mares( Krohne, 2001).

Recifes de coral

51
ISCED Disciplina: Ecologia

Recifes de corais são importantes ecossistemas costeiros que ocorrem


em águas pouco profundas das zonas tro[icais e subtropicais, cujas
temperaturas das águas não descem até abaixo de 18oC.

Os recifes podem desenvolver-se em substrates rochosos presentes nas


ilhas e continents; alguns recifes de corais formam autênticas barreiras
ao longo das linhas consteira dos continents, por exemplo, a Grande
Barreira de Corais da Austrália; outros corais formam ilhas ( os atóis),
onde os sedimentos se acumulam e acbam emergindo na superfície dos
oceanos(Krohne, 2001;UCM,2007).

Os recifes de corais constituem os habitais mais produtivos dos


oceanos. Um dos factores que tornam os coprais mais produtivos do
que a água oceânica circunvizinha é a sua associação mutualista com
algumas espécies de algas fotossintéticas. Os corais obtêm os seus
nutrientes directamente a partir das algas com as quais vive mem
associação e que realizam a fotossíntese. Os pólipos de corais também
alimantam-se do plâncton. A fauna nos recifes de corais inclui várias
espécies de peixes, ouriços-do- mar, estrelas-do-mar, polvos, de entre
outros animais ( Krohne, 2001).

Outro factor que responde pela alta produtividade dos corais é a sua
proximidade com o interior, a terra do continente, o qual providencia
nutrientes para o system a. o sistema de corais é similar ao da floresta
tropical, onde ocorre também uma eficiência na reciclagem de
nutrientes, de tal modo que ocorrem poucas perdas na sua utilização ao
longo das cadeias alimentares estabelecidas no sistema ( Krohne,
2001).

Vários mariscos, esponjas e algas podem ser encontrados nos recifes de


corais. Muitos animais utilizam o coral como fonte de alimento, como o
peixe papagaio. Outros pequenos peixes, os pepinos do mar, grandes
carnivores como as moreias, barracudas e pequenos tubarões encontram
seus alimentos nos recifes.

52
ISCED Disciplina: Ecologia

Estuários

Estuários são áreas ecológicas importantes onde os cusos de água doce


dos rios misturam-se com água dos oceanos, criando ecossistemas
muito especiais. A camada de água doce que desemboca dos sistemas
dos rios, por ser enos densa, tende a localizar-se por cima da água
salgada( mais densa) e as variações de salinidade constituem o factor
ecológico determinate da vida nos estuários ( Odum,1993).

Ocorrem enormes amplitudes de variação do teor de sal das águas


estuarinas em função da evaporação da água superficial e das correntes
de água ( doce e salgada) que entram ou saem do sistema. Em geral, a
evaporação tende a aumentar a salinidade e água muito salgada pode
entrar para o interior dos rios, especialmente nas zonas tropicais, onde
ocorrem elevadas taxas de evaporação; as entradas de água doce
tendem a diluir a água salgada (Odum, 1993;Krohne,2001).

O substrato dos estuários está em constant dinâmica. Um factor que é


responsável pela dinâmica das zonas estuarinas é a entrada da água
doce flutuante para o ame e a saida de água salgada sbjacente em
direcção ao rio. Os dois fluxos cobtrários, provocam contracorrentes.
Estas contracorrentes funcionam como espécies de " malha" de recolha
de nutrientes, impedindo o transporte e a perda de nutrientes e de
partículas de materias dos sistemas de água doce para dentro do mar.
quando as correntes de água dos rios são lentas, o material importado
pelos rios é depositado na foz, na forma de um delta. A acção dos
oceanos actua ao contrário, tende a empurrar os mateiais para dentro
dos rios ( Krohne,2001).

Mangais

Os pântanos de mangais são ecossistemas típicos das zonas estuarinas


das regiões tropicais e subtropicais e que possuem uma enorme
importância ecológica e económica.

53
ISCED Disciplina: Ecologia

Os mangais protegem a zona consteira, amortecendo o impacto das


ondas do mar. as raízes das plantas do mangal servem para moderar a
força das correntes de água do mar, o que faz com que os sedimentos
precipitem no fundo e formen um substrato mais ou menos estável. A
medida que o substrato vai ficando estável, outras espécies de árvores
vão se fixando. A dinâmica estuarine faz com que os mangais
funcionem como filtros, colctando vários materiais e poluentes que cao
contrário entrariam directamente para o mar (Krohne,2001).

Os pântanos de mangais functional como viveiros para o


desenvolvimento de vários animais marinhos, alguns deles de elevada
importância económica. O camarão desova e passa as primeiras fases
do seu desenvolvimento nos mangais e migra para o oceano aberto na
fase adulta. (Krohne,2001).

Segundo Macne& Kalk (1969), na Ilha de Inhaca em Moçambique,


ocorrem espécies de mangal da família Rhizophoraceae, representados
por três géneros que se distribuem de uma forma zoneada, do mar para
a terra; Rhizophora, Bruguiera e Ceriops. Avicenna maina é pioneira e
alastra-se até a terra firme. As plantas do mangal apresentam vários
mecanismos de adaptação á água e á altos níveis de alinidade. Para
evitar o apodrecimento em água, as suas sementes germinam antes de
cairem para o substrato, formando uma espécie de ―estaca pontiaguda‖
que permite uma eficaz fixação sobre o substrato lodoso, quando a
semente se desprende da árvore e cai. Para respirar , as plantas do
amgal possuem várias formas de raízes que emerge da superfície da
água.

Rhizophora, tem raízes na forma de estacas; as raizes de Bruguiera


formam curvaturas que lembram joelhos; Avicena possui raízes que
aparecem á superfície na forma de agulhas ( os pneumatóforos).

Principais ecossistemas de Moçambique

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ISCED Disciplina: Ecologia

A classificação mais simples da vegetação de Moçambique encontra-se


no atlas geográfico de Moçambique (MEC, 1979), que ilustra com o
respectivo mapa a sua distribuição pelo teritório.

Esta classificação apresenta cinco grupos principais da vegetação


natural, e dentro destas as suas respectivas subdivisões.

Florestas

Florestas Sempreverdes de Montanha

Encontram-se desde os 1200 a 1600 m.s.n.m. com precipitações de


1700 a 2000 mm por ano. Nas seguintes regiões: Gurué, Milange,
Chimanimani, Vumba, Gorongonza e outras zonas altas.

Espécies predominantes: Khaya anthoteca, Erythrophleum suaveolens,


Albizia spp e Macaranga spp, entre outras.

Floresta Semi-decídua húmida de baixa altitude

Encontra-se na região sublitoral, na parte norte sul do delta do


Zambeze: em Nicuadala, Namacura e Maganja da Costa ao Norte e em
Cheringoma, Inhaminga e Marromeu ao Sul.

Espécies predominantes: Pteleopsis myrtifolia, Erythrophleum


suavelens, Brachyategia spiciformis, Julbernardia globiflora, e Hirtella
zanguebarica.

Esta é uma das formações vegetais mais ricas e mais diversificadas de


espécies arbóreas de Moçambique.

Florestas Semi-decídua e decídua seca

Ocorre em várias regiões do país:

55
ISCED Disciplina: Ecologia

Ao sul de Maputo, na reserva de Liquati com predominância de Afzelia


quanzensis, Sideroxlon inerme, Balanites maughamii, Dialium
schlechteri, entre outras.

Na região sublitoral, desde a cidade de Maputo até Quissico


(Inhambane) com as mesmas espécies predominantes no sul de Maputo.

Ao sul do rio Save entre Massingue e Vilanculos, com a predominância


de Adansonia digitata, Cordyla africana entre outras.

Outras várias regiões ao norte do país, entre o Rio Rovuma e Macomia,


e na região costeira da província de Sofala, Zambézia e Nampula.

Floresta aberta de Miombo

Miombo é o termo usado na Africa Austral para designar as formações


florestais compostas à base de espécies dos géneros Brachystegia e
Julbernardia e Isoberlinia.

O miombo é a formação vegetal mais comum na Africa Central e


Austral especificamente no Zimbabwe, Zambia, Malawi, Tanzania e
Moçambique (Camphel 1996). Ocorre sob diversas formas em quase
todo o norte de Moçambique (Cabo Delgado, Niassa, Nampula e
Zambézia), no norte da província de Tete, no oeste da província de
Manica e na faixa costeira (sublitoral) desde o norte do Save descendo
para o sul até o rio Limpopo.

Nas regiões de média altitude, ocorre o miombo semidecíduo devido a


alta pluviosidade enquanto que em sitios mais baixos ocorre o miombo
decíduo seco.

Savanas arbóreas (em zonas de baixa precipitação)

Savana de Mopane

56
ISCED Disciplina: Ecologia

Mopane deriva do nome científico da espécie dominante,


Colophospermum mopane. Ocorre largamente no vale do Limpopo, em
toda a região Noroeste da província de Gaza desde o Chókwè até
ligeiramente ao norte do rio Save. Outra região é o centro da província
de Tete-no vale do Zambeze. Encontra-se associado a espécies como
Acacia exuvialis, Combretum apiculatum, C. imberbe e Commiphora
Sp.

Savana de Imbondeiros

Ocorre na província de Tete ao Sul do Zambeze com a Adansonia


digitata como espécie predominante.

Savana de Acacia e de folha larga

Ocorre preticamente em todo o sul do rio Limpopo com predominância


de espécies dos gêneros Acacia, Albizia, Combretum, Strychnos, entre
outros.

Savanas herbáceas e arbóreas

Pradaria de aluvião de terras salgadas

Em todas as bacias dos rios principais de Moçambique e com maior


enfase no Delta do Zambeze. A composição específica varia de uma
região para a outra e da distância ao curso de água.

É comum encontrar espécies herbáceas dos géneros Cyperus, Juncus e


Thypha misturadas com algumas árvores dispersas do genero Acácia e
Palmeiras como Phoenix reclinata, Borassus aethiopum, entre outras.

57
ISCED Disciplina: Ecologia

Pastagens de montanha e planalto

Principalmente no planalto de Angonia e nas partes mais altas do


planalto do Chimoio. As espécies predominantes são capins do genero
Panicum, Paspalum, Hyparrhenia, entre outros. Encontram-se árvores
espalhadas, geralmente do género Uapaca, Parinari, Lonchocarpus,
entre outras.

Vegetação Litoral

Mangal

Vegetação típica das zonas costeiras lamacentas e na foz das rios.


Espécies dominantes são: Rhizophora mucronata, Bruguiera
gymnorrhiza, Avicennia marina, Lumnitzera racemosa. Os principais
mangais de Moçambique localizam-se em Nampula (129000 ha),
Sofala (107000 ha) e Zambézia (105000 ha).

Brenha Costeira

Em quase toda a costa de Moçambique povoando as dunas de areia. As


espécies predominantes são Mimusops caffra, Acacia spp.

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ISCED Disciplina: Ecologia

Figura 1: Mapa de distribuição das principais formações vegetais em


Moçambique (Sitoe, 2003).

59
ISCED Disciplina: Ecologia

Figura 2: Vista parcial de algumas formações vegetais importantes de


Moçambique. a) Floresta Densa Humida em Chimanimani, Manica; b)
Floresta aberta de Miombo em Baruè, Manica; c) Pradaria de Aluvião
no vale do Limpopo, Xai-Xai, Gaza; d) Mangal na foz do rio
Zongoene, Gaza (Sitoe, 2003).

60
ISCED Disciplina: Ecologia

UNIDADE Temática 2.2. Ecossistemas


Artificiais
Ecossistemas Artificiais

Os ecossistemas artificiais resultam da acção do homem sobre os


ecossistemas naturais, criando uma alteração parcial ou completa nos
ecossistemas naturais para dar lugar actividades a actividades do seu
interesse.

Principais tipos de ecossistemas artificiais

Ecossistemas agrícolas

São aqueles que resultam da interferência do homem sobre os


ecossistemas naturais para dar lugar a produção agrícola. Estes
ecossistemas podem ser de curto prazo, em sistemas de produção de
subsistencia com pousio permanente, dando lugar a processos
sucessionais e restauração da vegetação natural ou de longo prazo em
sistemas de produção industrial, em grande escala com intenso uso da
terra e agro-químicos.

Figura 3: Campo de produção de algodão (Tete) (Sitoe, 2003).

Ecossistemas urbanos

61
ISCED Disciplina: Ecologia

São lugares que um dia eram ecossistemas naturais, que devido a


actividades de urbanização foram transformados em edifícios e casas. O
crescimento urbano no mundo assim como em Moçambique é uma das
causas do desaparecimento de ambientes naturais em benefício do
cimento.

Figura 4: Imagem da cidade de Maputo, Moçambique


(www.google.co.mz).

Ecossistemas Piscícolas

São ecossistemas que são criados pelo homem, são um lugar onde se
criam artificialmente peixes utilizados para exportação e importação de
peixes em quantidades massivas para o benefício humano.

Figura 5: Parque piscícola (Brasil) (www.google.co.br)

62
ISCED Disciplina: Ecologia

Aplicação ambiental- a destruição de ecossistemas

Os biomas mundias representam os principais tipos de habitats


existentes no planeta e albergam as plantas e os animais da terra. Várias
facetas de transformação de ecossistemas e os seus efeitos sobre a
ecologia global, foram analisados nos capítulos anteriore. Nesta secção
são considerados apenas alguns exemplos para ilustra em que medida a
transformação e destruição de habitats ocorre no planeta, rompendo
com o equilíbrio global.

As florestas possuem uma capacidade tampão global e a sua destruição


pode provocar mudanças climáticas globais. As florestas têm sido
reduzidas ou eliminadas, para alimentar as crescents necessidades de
lenha, construção, desenvolvimento da agricultura e pecuária e outras
comodidades.

A taxa de redução da floresta tropical humida está na ordem de 17


milhões de hectares por ano. As áreas são queimadas e convertidas em
parcelas para a prática da agricultura.

O agravante é que as áreas convertidas não conseguem recuperar de


modeo a atingirem o estado inicial de equilibrio. Por outro lado, a
destruição de florestas é responsável pela extinção de 17000 especies
de organismos por ano ( Krohne, 2001).

Por sua vez, os ecossistemas aquáticos ( de água doce e marinho)


fornecem a água para a irrigação e para beber e recursos importanytes
para a vida da humanidade, para alem de exercer um enorme efeito
sobre o clima. A sobrepesca e a poluição tornam estes ecossistemas em
risco de sustentar a vida dos organismos desses ecossistemas.

Arturton et al.(2006) referem que a degradação dos ambientes


consteiros e marinhos da África intensificou nos últimos 50 anos
contribuindo para isso vários factores entre os quais o crescimento
populacional, a sobrepesca, a pobreza e a pressões de impostos pelas

63
ISCED Disciplina: Ecologia

necessidades de desenvolvimento. Por exemplo, cerca de 1/5 dos


mangais do mundo ocorrem na África sub- Sahariana e 70% destes
mangais estão distribuídos em 19 países da África Ocidental, com uma
área total de 20144Km2. Nesta região, pelo menos 25% da área do
mangal foi perdida ( UNEP-WCMC,2007;apud Diop et al.,2010).

Estes exemplos reforçam as necessidades de protecção, restauração de


habitats para que a humanidade continue a beneficiar, a longo prazo,
dos recursos e dos serviços que os ecossistemas providenciam local ou
globalmente.

UNIDADE Temática 2.3. Ecossistemas


Degradados
Ecossistemas degradados

A preocupação com a reparação de danos provocados pelo homem aos


ecossistemas não é recente. Plantações florestais têm sido estabelecidas
no mundo desde a séculos com diferentes objetivos. Entretanto,
somente nos anos 90, com o desenvolvimento da ecologia da
restauração como ciência, o termo restauração ecológica passou a ser
mais claramente definido, com objetivos mais amplos, passando a ser o
mais utilizado no mundo nos últimos anos (Engel & Parrotta 2003).

Causas da degradação dos Ecossistemas

Queimadas

As queimadas são um factor muito importante na degradação de


ecossistemas. Exiestem várias fontes de queimadas na vegetação: os
relampagos, a lava dos vulcões, os fogos provocados pelo homem (para
a caça e agricultura).

64
ISCED Disciplina: Ecologia

Na situação de Moçambique as principais causas das queimadas são as


actividades humanas. Nas regiões norte e centro de Moçambique as
florestas são queimadas pelo menos uma vez por ano (Sitoe, 2003).
Sendo assim é lógico concluir que a vegetação destas zonas está sujeita
a destruição anual e deve se restaurar anualmente.

As queimadas são quase sempre resultado de actividades humanas para


(a) agricultura: o camponês antes de entrar na machamba com a enxada
a capinar primeiro passa fogo sobre o capim que está na machamba,
estes fogos muitas vezes são descontrolados queimando grandes áreas
florestais; (b) caça: para afogentar os animais de uma área para cairem
nas armadilhas dos caçadores; ou depois de apanhar os animais o
processo de conservação comumente usado é a secagem; esta exige o
estabelecimento de uma fogueira, a qual é feita dentro da própria
floresta; depois do trabalho feito, o fogo pode-se alastrar e ficar
descontrolado; (c) pastagem: no período seco, nas zonas onde se pratica
actividade pecuária há deficiência de pastos frescos para os animais
porque o capim está seco; o método que se usa é queimar largas áreas
(muitas vezes descontroladamente); a queimada vai eliminar a parte
aérea das ervas deixando a parte redicular; esta , por sua vez vai criar
condições para a rebrotação de novas folhas proporcionando uma boa
pastagem para os animais.

Factores bióticos

Na natureza nenhum indivíduo vive separado dos outros seres vivos, há


sempre outros indivíduos à sua volta, estes podem ser da mesma
espécie ou de espécie diferente. Como cada indivíduo tem seus
requerimentos em termos de nutrientes e condições de vida que pode
coincidir com as dos outros é fácil concluir que um indivíduo será
sempre influenciado pelos seus vizinhos duma forma directa ou
indirecta. A capacidade competitiva entre indivíduos de difetentes
espécies que leva à não ocorrência de outros é o exemplo mais comum
de influência de factores bióticos.

65
ISCED Disciplina: Ecologia

Porém alargando o termo para outros elementos que não só as plantas,


observa-se que os animais, dependemda vegetação como sua principal
fonte de alimentação. Este processo de alimentação representa uma
influência na vegetação. Como exemplo deste caso tem se indicado, a
desertificação verificada nas regiões semi-aridas com maior detalhe nas
regiões subtropicais resultante de processos de sobre-pastoreio.

Factores antrópicos

As acções humanas podem ser analizadas duma maneira geral dentro de


outros factores mas é comum apresentar-se este factor devido as
características particulares que este apresenta: o homem é o animal que
maior influência tem dado sobre os ecossistemas naturais em geral e à
vegetação em particular.

Se recuarmos uns anos atrás e verificarmos quantas áreas naturais havia


no século XIX em todo planeta e observarmos quanto existe hoje,
vamos concluir que houve uma diminuição drástica principalmente
devida às actividades humanas. Uma parte já foi indicada nos pontos
anteriores sobre queimadas mas outras actividades como agricultura,
construção de cidades, aldeias, estradas, emissão de de gases de
resíduos tóxicos, entre outras são resultado da actividade humana que
resulta da destruição das massas naturais de florestas e outros campos
naturais. Não é preciso ir longe nem recuar muito tempo para dar
exemplo do fenómeno de influência humana nos ecossistemas: Em
Moçambique, à volta de grandes cidades já não se encontra nenhuma
floresta como resultado de corte para fornecimento de combustível
lenhoso às populações urbanas e suburbanas. Duma forma geral toda a
actividade agrícola silvícola, mineira, petrolífera, etc. é uma influência
humana na degradação de ecossistemas.

Restauração de ecossistemas degradados

66
ISCED Disciplina: Ecologia

Consideram-se degradadas áreas que apresentam ―sintomas‖ como:


mineração, processos erosivos, ausência ou diminuição da cobertura
vegetal, deposição de lixo, superfície espelhada...entre outros (SMA
2004). Em 2004 a ―Society for Ecological Restoration‖ - SER publicou
―Os Princípios da SER na Ecologia de Restauração‖ esse guia define a
restauração ecológica como uma atividade intencional que inicia ou
acelera a recuperação de um ecossistema no que diz respeito a sua
saúde, integridade e sustentabilidade. Ecossistemas que requerem
restauração têm sido degradados, danificados, transformados ou
inteiramente destruídos como resultado direto e indireto das atividades
humanas. Adicionalmente, descreve vários passos a serem tomados
para o desenvolvimento e o manejo de projetos de restauração
ecológica.

Dentre as várias atividades a serem realizadas estão: identificar o local


e o tipo de ecossistema a ser restaurado; identificar o agente causador
da degradação; e identificar se há necessidade de intervenções diretas
para a restauração.

Dentro desses princípios foram desenvolvidos vários modelos para a


restauração de áreas degradadas, dentre eles:

Condução da Regeneração Natural: Restauração através da sucessão


secundária, sendo necessário apenas o abandono da área a ser
restaurada para que esta, naturalmente, se desenvolva através da
regeneração natural (Engel e Parrotta, 2003). No entanto, para que isso
ocorra, há a necessidade de superar barreiras para a regeneração
natural, como a ausência ou a baixa disponibilidade de propágulos
(sementes) para a colonização do local, a falha no recrutamento de
plântulas e jovens (predação de sementes e plântulas e/ou ausência de
um microclima favorável), falta de simbiontes (micorrizas e
rizobactérias) e polinizadores e dispersores. Atualmente o método é
um dos indicados para restauração florestal em áreas de preservação
permanente pelo Conselho Nacional do

67
ISCED Disciplina: Ecologia

Meio Ambiente (Ver: http://www.mma.gov.br/port/conama/).

Plantio por sementes: Esta técnica supera uma das barreiras à


regeneração natural, pois os propágulos seriam diretamente lançados no
local a ser restaurado. Mas o sucesso no emprego desta técnica depende
de haver condições mínimas para que ocorra o recrutamento das
plântulas e dos juvenis e da manutenção das interações para a
funcionabilidade do ecossistema. No Mato Grosso algumas iniciativas
demonstram que o método da semeadura direta, ainda que com
desempenho não satisfatório para algumas espécies, mostrou-se viável,
o que o recomenda como alternativa econômica de restauração florestal
(Ver: www. socioambiental.org).

Plantio de mudas: Apesar de ser uma forma mais onerosa de


restauração de áreas degradadas, por aumentar as chances de sucesso
do desenvolvimento das plântulas e diminuir a perda das sementes, o
plantio de mudas de espécies nativas de rápido crescimento apresenta
alta eficácia na restauração e com o passar do tempo proporciona o
desenvolvimento de espécies vegetais de outros níveis de sucessão e a
atração de animais frugívoros dispersores de sementes. Pelo alto índice
de sucesso dessa técnica, com a utilização de espécies de rápido
desenvolvimento, cerca de um a dois anos após o plantio têm-se áreas
onde espécies arbóreas venceram a competição com espécies invasoras
herbáceas e gramíneas, através do sombreamento (Cavalheiro et al.,
2002).

É possível baixar os custos das atividades de restauração com o plantio


de mudas em ―ilhas‖. O plantio de mudas pode ser feito conforme
sugerido por Kageyama e Gandara (2000), as ilhas de alta diversidade
são formações de pequenos núcleos onde são colocadas plantas de
distintas formas de vida (ervas,

68
ISCED Disciplina: Ecologia

arbustos, lianas e árvores). Com a utilização de uma alta diversidade e


densidades de espécies arbóreas, essas ilhas serviriam como
―trampolins‖ para restaurar a conectividade entre os fragmentos e
auxiliar o processo de restauração de florestas nativas (Kageyama, et
al., 2003). Ou ainda, com o plantio de árvores isoladas ou em grupos –
de espécies que atraem a fauna, servindo como dispersores de sementes
(SMA 2004).

EXERCÍCIOS DO TEMA II
1. O que entende por ecossistema?
2. Quais são os principais ecossistemas mundiais?
3. Quais são as principais formações vegetais de Mocambique?
4. Dê 3 exemplos de ecossistemas artificiais?
5. Indique as causas de degradação dos ecossistemas?
6. Quais são as principais razões da degradação de ecossistemas em
Moçambique?
7. Que medidas podem ser tomadas para a recuperação de ecossistemas
degradados?

69
ISCED Disciplina: Ecologia

TEMA – III: PRODUÇÃO E FLUXO DE


ENERGIA
UNIDADE Temática 3.1. Introdução (Conceitos e Generalidades).
UNIDADE Temática 3.2. Estrutura trófica.
UNIDADE Temática 3.3. Ruptura de cadeias alimentares,
Bioacumulação nas cadeias alimentares e Espécie chave.

UNIDADE Temática 3.1. Introdução


(Conceitos e generalidades)
Produção e fluxo de energia

A energia é a capacidade de realizar trabalho, condição inerente à


material. A ernergia manifesta-0se de diversas formas, sendo as mais
importantes: a energia química, a mecânica, a radiante e a calorífica.
Um dos princípios que se baseiam os fenómenos da natureza (físicos,
químicos e biológicos) é o princípio da coservação da energia que
anuncia: a energia não pode ser criada, nem destruída nas reacções
químicas comuns, mas apenas modificada em suas formas.

Lembrando os conceitos da unidade I, estudar ecossistemas implica


analisar o conjunto das interacções entre os organismos vivos (as

70
ISCED Disciplina: Ecologia

comunidades biológicas – os animais, as plantas, ou seja o componente


biótico) e o ambiente físico e químico (os solos, aluz, a temoeratura, a
humidade, o clima em geral – componente abiótico).

Segundo O’Hare (1988), na prática os ecossistemas distinguem-se um


dos outros na base dos componentes que podem ser visualizados,
podendo ser utilizada a vegetação, por exemplo, as florestas, os
graminais, arbustosdesértico ou na base dos habiitats (por exemplo,
lagos, charcos ou pântanos). A estrutura e funcionamento dos principais
ecossistemas globais são descritos na capítulo III.

Ainda segundo O’Hare (1988) os ecossistemas podem ser definidos ou


identificados com base na sua estrutura que é o conjunto de tudo o que
constitui o componente biótico e abiótico e da sua função que é o
conjunto de processos e de interacções que têm lugar no ecossistema;
os processos integram o ecossistema de modo que ele constitua uma
unidde integrada. Os processos básicos que fazem funcionar os
ecossistemas são ambos conduzidos pela energia solar. São eles o fluxo
de energia e o movimento de materiais, desigando por ciclo de
nutrientes (O’Hare, 1988).

Segundo Nobel (1991, apud Newman 1993), a radiação emitida pelo


sol (radiação solar) encontra-se dentro das chamadas radiações de
comprimento de onda curto, cujo comprimento de onda varia entre
0,2 a 3μm e quando atinge o topo da atmosfera terrestre, ela pode ter
vários percursos:

i. uma parte da radiação é devolvida – refelectida pelas nuvens


(vapor de água);
ii. outra parte da energia é absorvida por alguns gases presentes na
atmosfera, principalmente o ozono, o dióxido de carbono e o
vapor de água; e
iii. uma fracção atinge a superfície da Terra.

A energia solar que atinge a superfície da terra pode também ter vários
caminhos:

71
ISCED Disciplina: Ecologia

i. Pode eventualmente atingir as plantas;


ii. Pode ser também reflectida pela superfície das plantas;
iii. Pode ser absorvida e utilizada para para o fabrico de glicose
(hidrato de carbono), no processo desigando po fotossínte.

Portanto, a energia entra para os ecossistemas através da radiação solar


que atinge a suoerfície da Terra. É necessário notar também que apenas
cerca de 50% da energia no comprimento de onda curta e que atinge a
terra é activa em termos fotossintéticos, ou seja, está dentro dos
comprimentos de onda de 0,4 a 0,7μm.

A glicose é o produto básico da fotossíntese e entra na composição dos


principais compostos org^anicos e mais complexos da planta como é o
caso da celulose ( Killham, 1994).

A taxa de conversão da energia em moléculas orgânicas que é realizada


duarante a fotossíntese é designada por produção primária e essa taxa
é medida em unidades de energia por unidade de área por unidade de
tempo (Krohne, 2001).

A produção é designada primária, quando é feita por organismos


fotossintéticos (Newman, 1993). As plantas e outros organismos
fotossintéticos fazem parte do conjunto dos organismos produtores
primários; nos ecossistemas aquáticos (rios e oceanos)os produtores
primários fazem parte do fitoplâcton, organismos microscópicos, de
entre os quais se encontram algas, que constituem a base das cadeias
alimentares nesses sistemas. Deste modo, quando a energia é captada
pelos produtores primários, ela é convertida noutras formas de energia,
através de sistemas metabólicos diversos em que os carbohidratos são
decompostos e a energia neles contida é utilizada, porexemplo, para
sintetizar outros compostos orgânicos necessários para a vida das
plantas. Os vários processos vitais incluem, de entre outros, o
crescimento, a floração, frutificação e produção de sementes. A energia
pode também ser conservada pelas plantas em órgãos de reserva como

72
ISCED Disciplina: Ecologia

nas raízes e tubérculos (é o caso da mandioca e da batata doce).


Portanto, energia total captada e acumulada é transformada em
biomassa viva da planta e a biomassa viva vai mudando à medida
que a planta se vai desenvolvendo e quando a planta é consumida pelos
heteretróficos (Krohne, 2001). Isto significa que ao realizarem os eus
processos vitais, as plantas perdem parte da energia acumulada. Essa
perda pode ser realizada na forma de calor, uma vez que podem ser
formadas substâncias memos energéticas.

A produção primária líquida é aprodução da matéria orgânica da


plabta ou de compostos orgânicos da planta, excluindo aquela que é
degradada, ou seja, a que é utilizda pelos produtores primários para a
manutenção doss eus processos vitais. A produtividade primária
líquida é a taxa com que a produção primária líquida é realizada.
Portanto, a produção primária líquida representa o que é
potencialmente disponível para o consumo pelos organismos
heteretróficos. Por isso, nos ecossistemas, a produção primária líquida
durante uma no raramente é igual a que está presente na forma da
biomassa viva no fim desse ano (Newman, 1993).

Quando morrem as plantas, os compostosorgânicos contidos na


biomassa vegetal são decompostos pelos organismos decompositores.
Durante o processo de degradação, a energia contida nesses compostos
vai sendo transformad em substâncias masi simples, menos energéticos,
sendo os produtos finais desse processo, o dióxido de carbono e água.
Assi, pode-se compreender que o movimento da energia é
unidireccinonal. A energia entra para o ecossistema, é captada pela
vegatação, é convertida em carbohidratos e, por fim, é dissipada na
forma de calor. É por isso que se fala de fluxo de energia, portanto nos
ecossistemas, não circula, flui.

Os produtores primários (palantas e outros organismos fotossintéticos)


não utilizam apenas os carbohidratos que produzem durante a
fotossíntese. O seu desenvolvimento e sobrevivência dependem
também dos nutrientes prsentes no solo ou nos meios aquáticos.

73
ISCED Disciplina: Ecologia

Quando os herbívoros se alimentam, incorporam os nutrientes contidos


nos na biomassa vegatal e, quando os carnívoros se alimentam, os
nutrientes contidos nos herbívoros passam para abiomassa dos
carnívoros. Tantos os herbívoros como os carnívoros são heteretróficos,
uma vez que dependem dos comopostos orgânicos de outros
organismos para obterem a energia necessária para a sua vida.

UNIDADE Temática 3.2. Estrutura trófica


Estrutura trófica

Um ecossistema pode ser descrito com base nas cadeias alimentares


estabelecidas nesse ecossistema. Por exemplo, numa savana, a
produção primária é realizda pelo capim, algumas árvores eoutras
palntas que lá ocorrem; o capim pode ser consumido pelas zebras que
por sua vez podem ser consumidas pelo leão.

O movimento (fluxo) da energia contida nos alimentos e que se


estabelece dos produtores paar os animais e para os decompositores,
pode ser representada na forma de cadeia alimentar ou cadeia trófica.
As cadeias alimentares, podem ser representadas graficamente de várias
maneiras. Uma delas é a de representar as interacções do tipo
―quem?com quem?‖, ou seja as ligações entre as populações
consumidoras e as populações consumidas por meio de setas que
indicam o fluxo de energia que se estabelece nessas interacções, por
exemplo:

Capim → zebra → leão

74
ISCED Disciplina: Ecologia

Assim, no exemplo acima indicado, o capim capta a energia solar para


fabricar os seus alimentos (produtor primário). Quando a zebra come o
capim, parte da energia do capim passa para azebra. Esta é um
consumidor primário. O leão quando consome a zebra é um
consumidor secundário, o que significa que parte da energia acumulada
pela zebra passa para o leão.

Em resumo, o capim (produtor primário) ocupa o primeiro nel trófico, a


zebra (consumidor primário) é dos egundo nível e o leão (consumidor
secundário) ocupa o terceiro nível trófico. Neste percurso, produz-se
uma corrente unidireccional de transferência de energia.

Portanto, o caminho que a energia percorre a partir dos produtores


aos consumidores, é designado por cadeia alimentar; a estrutura
trófica. A cadeia alimentar é caracterizada pelos intervenientes dessa
cadeia.

Nível trófico é a posição que ocupa um organismo na cdeia alimentar.


A posição é avaliada através do número de etapas de transferência de
energia para atingir tal nível, por outras palavras, cada etapa de
transferência de energia na cadeia alimentar ou trófica é designada
por nível trófico ( O’Hare, 1988; Krohne, 2001).

Alguns consumidores encontram-se no topo das cadeias alimentres,


ou seja, não constituem presa para nenhum outro predador, por isso são
designados predadores do topo (Krohne, 2001). O leão, o leopardo, as
baleias assassinas e as aves de rapina, são exemplos de predadores do
topo.

O comprimento de uma cadeia alimentar, ou seja, o número de


níveis tróficos numa cadeia alimentar´é determinado pelo número
médio de ligações que se estabelecem entre o produtor e o carnívoro do
topo. Em geral, nenhuma comunidade seja ela aquática, terrestre ou
detritívora exibe mais do que seis níveis tróficos e, a maior parte possui
três ou quatro níveis (Krohne, 2001).

75
ISCED Disciplina: Ecologia

Na natureaza as interacções baseadas na alimentação não são simples,


uma vez que várias espécies podem ocupra vários níveis tróficos e
assim se estabelecem redes alimentares e de transferência de energia
extremamente complexas. Por isso, fala-se també de redes
alimentares. Uma rede alimentar ou teia alimentar é representada
por todas as espécies que intervêm na transferência de energia de
cada nível trófico (Krohne, 2001). Um exemplo de teia alimentar pode
ser visualizado partindo de uma parcela de terra de produção de milho
(machamba de milho). As plantas de milho podem ser consumidas
pelos gafanhotos; os ratos podem roer a maçroca do milho. Os
gafanhotos podem ser condumidos por pássaros. Tanto os ratos como
os pássaros podem servir de alimento para s cobras e também para as
aves de rapina (águias e mochos). O homem, alimenta-se de milho e
pode também comer o pássaros; na mesma teia, o Homem pode servir
de presa para um leão. Esta teia pode crescer e tornar-se masi
complicada, à mediada que se estabelecem as conexões na base do
alimento.

Uma outra maneira de reoresentar graficamente a estrutura trófica de


um ecossistema é através de pirâmides ecológicas m designadas por
pirâmides Eltonianas pelo facto de ter sido Elton (1990-1991) quem as
concebeu pela primeira vez. Segundo este modelo, todas as espécies
que pertencem a um determinado nível trófico são colocadas no mesmo
grupo. As pirâmides ecológicas podem representar o número
(pirâmides de números), a biomassa (pirâmides de biomassa) ou de
conteúdo de energia (pirâmides de energia) de cada nível trófico
(Krohne, 2001)

A forma piramidal, deve-se à perda de energia na forma de calor, por


isso, o número de indivíduos, a biomassa e a energia de um
determinado nível trófico de uma cadeia trófica são em geral, sempre
menores do que no nível precedente (anterior) e amaior do que no nível
seguinte. Em geral, na transferência de matéria de um nível para o
outro, somente 10% da energia é transferida, sendo a restante perdida

76
ISCED Disciplina: Ecologia

Em alguns casos, as pirâmides ficam distorcidas. Por exemplo, quando


numa cultura de milho ocorrem pragas de gafanhotos, o número de

produtores pode ser inferior ao número de consumidores que neste caso


são os gafanhotos que devoram as folhas de milho.

Consumidoressecundarios-Leoes
Consumidoresprimarios-Gado caprino
Produtores-Capim

Figura 6: Representação da cadeia trofica por meio de piramede

UNIDADE Temática 3.3. Ruptura de cadeia


alimentar, Bioacumulação nas cadeias
alimentares e Espécie Chave
Ruptura de cadeia de alimentos

Quando uma espécie é removida de uma cadeia, a sua ausência pode


provocar efeitos em cadeia para outras espécies, que aquelas que estão
nos níveis tróficos superiores, como aquelas que estão nos níveis
tróficos inferiores. Existe um variado número de exemplos de
rompimento de cadeias alimentares que resultam da actividade humana
.

Um exemplo hipotético pode ser colocado a partir da cadeia alimentar


indicada na seccção anterior, em que a cultura de milho é consumida
por uma praga de gafanhotos. Que consequências produziria a
eliminação completa de gafanhotos?

É muito provável que os gafanhotos sirvam de alimento a pássaros.

77
ISCED Disciplina: Ecologia

Estes por sua vez servem de alimento para as serpentes e estas às


águias. Algumas espécies generalistas poderão mudar o tipo de
alimento, quando outro tipo de alimento é escasso. No entanto, se uma
das espécies da cadeia alimentar for especialista, ou seja, depender
exclusivamente de uma espécie como fonte de alimeto, a espécie
especialista poderá ser eliminada, por falta de alimento.

Supõe-se que em algumas regiões do sul Moçambique exista uma


correlação entre a redução de mochos(animais predadores), resultante
da sua eliminação desenferada por razões culturais, e o aumento da
população de ratos e de pássaros que por sua vez, acaba afectando a
produção de algumas culturas.

Umexemplo, de natureza diferente, é apresentado por Hunter (2008).


Esta autora descreve como as indústrias de produção de salmão podem
afectar os ecossistemas pela ruptura de cadeias alimentares. O salmão é
produzido em aquacultura e é uma espécie muito apreciada em várias
partes do mundo, sendo de alto valor económico nos mercados
internacionais. Refere-se que algumas espécies de peixes (como as
anchovas) são muito utilizadas para o fabrico de rações para produzir
outros peixes, incluindo o salmão. Esta sobrexploração de peixe, tem
colocado em risco a sobrevivência de outras espécies de animais
marinhos, como é o caso do bacalhau e das focas.

Bioacumulação

Por via da alimentação, algumas substâncias poluentes e não


degradáveis ou que degradam lentamente podem ser incorporadas e
acumular no interior dos tecidos de um organismo. Este fenómeno é
designado por bioacumulação (Krohne, 2001).

No percurso de uma cadeia alimentar, as substâncias tóxicas


acumuladas nos tecidos de um organismo podem depois passar para o
outro organismo e deste, sucessivamente passarem a ficar acumuladas

78
ISCED Disciplina: Ecologia

nas espéciaes quw fazem parte dos níveis tróficos seguintes.

Quanto mais alto for o nível trófico, maior é a quantidade de químicos


acumulados pelo ser vivo, uma vez que, ao longo da sua vida, o mesmo
vai concentrando substâncias que foram concentradas pelos organismos
que estão nos níveis tróficos inferiores. Verifica-se que nos animais
predadores os valores de concentração de substâncias tóxicas são mais
elevados que nos animais de que os mesmos predadores se alimentam.

A poluição dos oceanos por substâncias químicas tóxicas, como por


exemplo as dioxinas, os bifenis, policlorados e o DDT, geralmente
conhecidas por poluentes orgânicos persistentes (POP’s) afectam várias
espécies marinhas incluindo os peixes, e as espécies que consomem o
peixe, como os ursos e o próprio Homem. Casos concretos estão a
acontecer com as populações que vivem no Ártico e que se alimentam
fundamentelmente de animais gordurosos como as focas, para além dos
peixes.

Quando os POP’s acumulam-se nos tecidos de um amulher, podem


passar da mãe para os filhos atravás da amamentação, prejudicando a
saúde da criança.

Conceito de espécie chave

Algumas espécies são numericamente mais abundantes do que outras,


outras são mais frequentes do que outras, independentemente do seu
número. No entando, algumas espécies exercem maior impacto que as
outras no seio de uma determinada comunidade e, esse impacto não
pode ser explicada apenas pelas suas abundância numérica mas sim
pelo seu papel e impacto nessa comunidade.

Espécies chave são espécies que garantem o equilíbrio na estrutura e na


composição das espécies da comunidade. A extinção de uma espécie
chave pode desencadear efeitos diversos noutras espécies e na estrutura
das comunidades (Newman, 1993).

79
ISCED Disciplina: Ecologia

Por exemplo, vários estudos sobre o efeito dos herbívoros na


abundância de espécies de plantas mostram que a exclusão de
herbívoros em algumas comunidades pode promover o
desenvolvimento de algumas espécies vegetais superiormente
competitivas e prejudicar outras espécies. Newman (1993), cita o
exemplo de coelhos que foram introduzidos e naturalizados na
Inglaterra no século XI ou XII. Durante muito tempo os coelhos
transformaram a vegetação natural, reduzindo a diversidade de algumas
espécies de plantas em alguns habitats.

Em 1950, uma doença quase dizimou a população de coelhos; uma das


consequências da redução drástica da população de coelhos observou-
se no melhoramento da vegetação. Algumas áreas que tinham pouca
vegetação, devido a acção herbívora dos coelhos, passaram a ficar
colonizadas por arbustros e árvores e transformaram-se em autênticas
florestas que até hoje se observam em algumas regiões da Inglatera.

O elefante é uma espécie chave nas comunidades vegetais africanas. A


acção do elefante combinada com a acção do fogo jogam um papel
impotante no funcionamento e na formação da estrutura das savanas
africanas. A passagem do elefante pelas áreas de floresta, permite abrir
corredores para os animais de menor porte que, doutra forma, teriam
dificuldades de atravessar as densas florestas e de ter o acesso às áreas
de forragem. O elefante e o fogo podem transformar as savanas
arborizadas em savanas abertas (Shorrocks, 2007).

EXERCÍCIOS DO TEMAIII

1. Definine cadeia alimentar?

2. Oque entende por espécie chave?

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ISCED Disciplina: Ecologia

3. Quais são níveis da cadeia trófica?

4. Indique os diferentes tipos de piramedes ecológicas que conhece?

5. Explique o que entende por bioacumulação?

6. Quais são as consequências de ruptura da cadeia alimentar?

TEMA – IV: CICLOS


BIOGEOQUÍMICOS.
UNIDADE Temática 4.1. Introduão (Generalidades).
UNIDADE Temática 4.2. Principais cíclos biogeoquímicos.
UNIDADE Temática 4.3. Cíclo de Nutrientes e Aplicação Ambiental.

UNIDADE Temática 4.1. Introdução


(Generalidades)
Cíclos biogequímicos

Os organismos sintetizam compostos orgânicos e concentram

81
ISCED Disciplina: Ecologia

elementos químicos diversos na sua biomassa. No decurso das vidas, os


seres vivos (animais, plantas e outros) libertam para o meio ambiente
produtos de excreção de natureza dibversa e, os nutrientes nos corpos
dos organismos podem ser reciclados através dos processos de
decomposição, nos quais intervêm uma grande diversidade de
organismos decompositores. O nutrientes tornam-se assim, novamente
disponíveis para os organismos. Os decompositores promovem a
continuidade da utilização de nutrientesn pelas cadeias alimentares e
assim se estabelecem os nutrientes nos ecossistemas. Por isso,
contrariamente ao que acontece com a energia, num ecossistema,
geralmente os nutrientes movimentam-se de forma cíclica. Na biosfera,
os nutrientes nunca se perdem, embora os nutrientes possam estar
relativamente inacessíveis, quando permanecem depositados em alguns
depósitos durante longos períodos de tempo (Krohne, 2001).

Os ciclos globais são designados ciclos biogeequímicos, uma vez que


envolvem a circulação de elementos químicos na biosfera entre
compartimentos geológicos, a hidrosfera, a atmosfera e os
compartimentos biológicos (a biomassa dpos organismos).

A análise dos ciclos biogeoquímicos permite reconhecer que


globalmente não existem fronteiras na circulação dos elementos
químicos, ou seja, os materiais produzidos localmente produzem efeitos
muito longe da origem de produção desses materiais.

Os ciclos biogeoquímicos podem ser estudados para quase todos os


elementos químicos, no entanto, quatro elementos químicos são
considerados cruciais para avida dos organismos. São eles o carbono, o
nitrogénio, o fosfóro e o enxofre. Estes elementos também designados
por ―elementos biológicos‖, forma a base da constituição dos tecidos
vivos (Killham, 1994; Krohne, 2001).

82
ISCED Disciplina: Ecologia

UNIDADE Temática 4.2. Principais Cíclos


Biogeoquímicos
Cíclo do carbono

A seguir ao hidrógenio, o hélio e o oxigénio, o carbono (C) é o quarto


elemento mais abundante no universo e é a base da constituição da
vida. O carbono é o elemento que compõe a estrutura de todos os
compostos orgânicos. Compostos orgânicos diversos como os
carbohidratos, os lípidos (gorduras), as proteínas, os hidrocarbonetos
(combustíveis fósseis) e o DNA (Ácido Desoxiribonucléico –
responsável pela transmissão de caracteres hereditários de pais para
filhos), contêm átomos de carbono na sua constituição.

Os principais reservatórios de carbono são os ecossistemas aquáticos,


especialmente os oceanso, os quais detêm a maior quantidade de
carbono. Um outro grande reservatório de carbono é a atmosfera, onde
o carbono está presente na forma de dióxido de carbono (CO2),
constituindo cerca de 700 gigatoneladas (Newman, 1993). A
quantidade de carbono ana atmosfera é muito inferior as reservas
contidas nas rochas e nos combustíveis fósseis (veja os dados sobre as
dimensões dos principais reservatórios de carbono na Tabela 1).

Gigatoneladas (Gton) =
109ton

Carbono Atmosférico 700

83
ISCED Disciplina: Ecologia

Nos oceanos

 Carbono nas plantas 2

 Carbono em animais e organismos <1


terrestres
40.000
 Carbono inorgânico dissolvido
2.000

 Matéria orgânica dissolvida

 Carbono contido nos combustíveis 10.000

NaTerra

 Carbono contido nas plantas 600

 Carbono contido nos animais e <1


microrganismos terrestres
1.000
 Carbono contido na matéria orgânica
75.000.000

 Carbono nas rochas e nos


sedimentos marinhos

Fonte: Newman (1993)

Para facilitar a esplicação do ciclo global do carbono ou o ciclo


biogeoquímico do carbono, é utilizado o método de Riebeeck (2011),
em que o autor subdivide o ciclo do carbono em duas partes: O ciclo
rápido (ou ciclo biológico) e o ciclo lento (ou ciclo geológico). Este,
opera numa escala de tempo mais longo, 100-200 milhões de anos
(tempo geológico) e o ciclo biológico opera numa escala de tempo mais
curto (dias a milhares de anos). Note, no entanto, que na natureza, o
ciclo opera como um todo.

O ciclo Rápido

84
ISCED Disciplina: Ecologia

O ciclo biológico do carbono é movido através de dois processos, dois


fluxos ou movimentos básicos:

i. a captação ou fluxação do dióxido de carbono durante o


processo da fotossíntese (que é um processo de conservação da
energia solar na forma de carbohidratos); e

ii. a libertação do carbono durante o processo respiratório, no qual


a energia é perdida na forma de calor e dióxido de carbono.

Como fizémos referência no capítulo I, o carbono atmosférico entra


entra para os ecossistemas (terrestres e aquáticos) durante o processo da
fotossíntese em que o carbono presente na atmosfera é absorvido,
levando à formação de compostos de carbono orgânico (dióxido de
carbono e água formam açucares e oxigénio).

CO2 + H2O → (CH2O) + O2

As plantas degradam os açucares para obterem energia necessária para


a sua vida; os compostos d carbono contidos na biomassa dos
produtores primários passam para os consumidores, ao longo das
cadeiais alimentares e, durante o processo da decomposição dos
organismos mortos os compostos de carbono complexos são
transformados em moléculas mais simples, sendo finalmente o carbono
libertado na forma de dióxido de carbono, energia e água (CH2O) + O2
→ CO2 + H2O + energia. Portanto, os produtores, tanto na terra como
na água, movem o carbono dos reservatórios abióticos (atmosfera e a
água) para compartimentos bióticos dos ecossistemas, onde o carbono é
depois transferido ao longo das cadeias alimentares. O processo da
respiração devolve o carbono para a atmosfera. O carbono é conservado
na biomassa dos organismos no decurso das suas bidas e quando os
organismos os organismos morrem, o carbono acumulado é devolvido
para a atmosfera na forma de dióxido de carbono através da actividade
dos decompositadores, parte do carbono da biomassa dos organismos
fica residente fica residente na matéria orgânica do solo ou húmus.

85
ISCED Disciplina: Ecologia

O ciclo lento

Os compartimentos que participam no ciclo geológico do carbono


compreendem as rochas e os mineirais, os oceanos e atmosfera. O
carbono entra para os oceanos por simples difusão do dióxido de
carbono atmosférico. O dióxido de carbono dissolvido na água dos
oceanos é utilizado durante o processo da fotossíntese pelo fitoplâcton,
sendo assim transferido para os organismos ao longo das cadeiais
alimentares.

Os organismos marinhos mortos sedimentam e são convertidos em


compostos de carbono mais simples; grandes quantidades efezes dos
organismos marinhos também sedimentam nos oceanos. Deste modo,
grandes quantidades de garndes quantidades de acrbono depositam no
fundo dos oceanos. O maior reservatório de carbono é representado
pelos sedimentos marinhos e pelas rochas na forma de bicarbonatos e
combustíveis fosséis (veja as dimensões na Tabela 1). Estes sedimentos
vão-se acumulando ao longo de milhares de anos, formando as rochas
sedimentares como, por exemplo, as rochas calcárias.

Com os kovimentos das placas tectónicas e as erupções vulcânicas, as


rochas calcárias que estão presentes no fundo dos oceanos vão surgindo
na superfície da terra. O carbono contido nas rochas e nos sedimentos é
libertado para atmosfera quando ocorrem erupções vulcânicas.

Do mesmo modo que o dióxido de carbono reage com a água dos


oceanos, ele também reage com o vapor de água presente na atmosfera
formando o ácido carbónico. Este, pode atingir a superfície da crosta na
forma de precipitação (chuvas, por exemplo).

O ácido carbónico que cai sobre a superfície terrestre, vai reagindo


lentamente com os compostos e elementos contidos nas rochas, por
exemplo com o cálcio e magnésio, formando carbonatos de cálcio e de
magnésio, respectivamente. O processo químico de transformação de
rochas é desigando por meteorização e

86
ISCED Disciplina: Ecologia

pode levar à formação de solos. Pela acção das chuvas, os carbonatos


presentes nas rochas e nos solos podem ser escoados paar os oceanos
onde ficam disponíveis para os organismos marinhos.

A fotossíntese e arespiração também jogam um papel importante no


ciclo geológico do carbono. A presença da vegetação terrestre conduz,
a longo prazo, ao processo de absorção do carbono atmosférico. Nos
oceanos, parte do carbono absorvido pelo fitoplâcton é utilizado para o
fabrico de conchas de carbonato de calcário (CaCO3) dos organismos
marinhos. As conchas sedimentam paar os fundos dos oceanos quando
os organismos morrem. Assim, a matéria orgânica fabricada durante a
fotossíntese acumula lentamente duarante milhões de anos e forma
sedimentos rochosos e os depósitos de combustíveis fósseis. Portanto, o
fluxo de carbono para os oceanos representa uma forma de remoção e
de conservação do carbono em sedimentos geológicos, sendo essas
reservas de carbono enormes.

O balanço entre ameteorização, os movimentos das placas tectónicas e


o vulcanismo, determinam a concentração do carbono numa escala de
milhões de centenas de anos. Antes do aparecimento da vida, a
concentração já foi cem vezes superior aos níveis actuais, daí que as
temperaturas do planeta eram elevadíssimas, impossibilitando a vida.
Porém, há 20.000 anos, a voncentração do carbono na atmosfera era
metade dos níveis exibidos actualmente (o balanço do carbono e
analisado na secção 2.3.1)

87
ISCED Disciplina: Ecologia

Cíclo do nitrogénio

O nitrogénio entra na composição de todos os organismos vivos,


fazendo parte de compostos orgânicos como aminoácidos, proteínas e
ácidos nucléicos; é um recurso nutricional crucial nos ecossistemas,
uamvez que limita a produtividade primária dos mesmos. O nitrogénio
limita a produção primária tanto nos sistemas terrestres como nos
sistemas aquáticos; no mar tanto o nitrogénio como o fósfóro estão
muito diluídos, de tal maneira que a produção de biomassa é limitada
(Killham, 1994; Begon et al, 1990).

O maior reservatório do nitrogénio é a atmosfera (o oxigénio constitui


78% doa ar atmosférico). O nitrogénio entra para os ecossistemas
através do processo desiganado por fixação do nitrogénio. A fixação do
nitrogénio pode ser biológica e não biológica. Na fixação biológica do
nitrogénio intervêm os organismos fixadores do nitrogénio, alguns dos
quais (bactéria s e cianobactérias) vivem livremente no solo ou na água.
Alguns fixadores vivem em simbiose com algumas plantas,
especialmente as leguminosas, por exemplo as bactérias do género
Rhizobium. No precesso da fixação biológica, o nitrogénio atmosférico
(N2) é convertido em nitrogénio orgânico, formando-se os aminoácidos
e por via de outros processos bioquímicos os aminoácidos vão
constituir as proteínas dos organismos (lembre-se das relações
mutualistas entre as bactérias e as leguminosas, referidas na Unidade II,
capítulo I, secção 1.3).

A fixação não biológica do nitrogénio pode ocorrer através da acção da


energia produzida pelos relâmpagos, em as moléculas d nitrogénio (N2)
separam-se e segue-se uma oxidação do nitrogénio, formando-se o
monóxido de nitrogénio (NO2). Na atmosfera, este composto reage com
as gotículas de água, formando-se o ácido nítrico que cai na superfície
da terra na forma de precipitação (Begon et al., 1996; Krohne, 2001).

Quando os organismos são decompostos, o nitrogénio que entra na


composição dos organismos é convertido para amónia (NH3), através
do processo desigano por

88
ISCED Disciplina: Ecologia

amonificação; uma das causas do mu cheiro característico dos animais


em putrefacção resulta da volatização da amónia que se forma durante a
composição das proteínas; portanto parte do nitrogénio perde-se
durante este processo. A amónia é convertida em nitritos (nitritação) e
estes são transformados em nitratos (nitritaçõ). O conjunto da nitritação
e nitratação é designado por nitritificação. Estas trasnsformações são
mediadas biologicamente, participando em cada etapa diversas espécies
de organismos que incluem bactérias, fungos, plantas e animais
(Killman, 1994; Krohne,2001).

Tanto os nitratos como os nitritos formados entram na solução do solo e


podem ser depois absorvidos por várias espécies de organismos,
incluindo as planats, através das raízes e esta é uma das formas por via
da qual os produtores podem obter o nitrogénio que é necessário para a
sua subsistência (para além da fixação biológica).

Apesar de que a vegetação pode absorver os nitritos ou nitratos


provenientes da decomposição da manta morta, o nitrogénio é sempre
escasso nos ecossistemas devido à enorme demanda pelos organismos;
existe uma alta taxa de imobilização do nitrogénio na biomassa dos
organismos; outro factor que reduz o teor do nitrogénio do solo é alta
facilidade com que os nitratos presentes na solução do solo são
transportado paar fora dos ecossistemas (Killman, 1994).

Os recifes de corais estão de entre os ecossistemas mais produtivos do


planeta Terra e esta produçao deve-se à taxa de fixação do nitrogénio
que é mais elevada de todos os ecossistemas marinhos (Krohne, 2001).
O nitrogénio orgânico pode perder-se para a atmosfera através de um
processo natural desigando por desnitrificação, se ndo a bactéria
Pseudomonas denitrificans responsável por este processo. Contudo,
durante as queima de florestas o nitrognénio, presente na vegetação e
no solo, é perdido em grandes quantidades para a atmosfera.

89
ISCED Disciplina: Ecologia

Figura 7: Representacao esquemática do ciclo de nitrogenio

Cíclo do fósforo

Nos organismos, o fósforo entra na composição do ATP (Adenosina


Trifosfato) que é um composto altamente energético e que constitui a
forma de conservação e transporte de energia dentro das células dos
organismos vivos (Krohne, 2001).

O fósforo entra para os sistemas ecológicos a partir do momento en que


o elemento se encontra no solo na forma disponível. A disponibilidade
do fósforo no solodepende da transformação (meteorização) das rochas
que contêm fosfatos. A forma de fósforo disponível para os
organismos, tanto nos sistemas terrestres como marinhos é o ião fosfato
(PO4-3) (Krohne, 2001).

O fósforo dissolvido na água dos solos entra para a biomassa dos


produtores primários e deste, ao longo das cadeias tróficas, passa para

90
ISCED Disciplina: Ecologia

os consumidores. Através do processo da decomposição dos compostos


org6anicos contendo fósforo, o fósforo volta a tornar-se disponível para
os produtores primários e outros organismos.

Quando morrem os organismos marinhos, grandes quantidades de


partículas de fósforo precipitam paar o fundo e misturam-se com os
sedimentos, podendo ficar enterrados. Assim enterrado nos sedimentos,
o fósforo pode permanecer não disponível para os organismos vivos,
duarante longos períodos de tempo, até que eventualmente possa ser
trazido à superfície por meio de actividades geológicas que elevam os
sedimentos à superfície da Terra. A meteorização das rochas torna o
fósforo novamente disponível paar os organismos e o fósforo recicla
(Krohne,2001).

Figura 8: Representacao esquematica do ciclo do fosforo

91
ISCED Disciplina: Ecologia

Cíclo do enxofre

Do mesmo do como o carbono, o nitrognio e o fósforo, o enxofre é


essencial para a vida dos organismos e ele entyra na composição de
alguns aminoácidos como a cisteína e a metionina, que são essenciais
para asíntese de proteínas (Killman,1994). Contrariamente aos vegetais,
os animais, incluíndo o homem,não conseguem sintetizar directamente
a partir de enxofre atmosférico, os aminoácidos contendo enxofre. Elês
obtêm esses aminoácidos consumindo vegetais.

A seguir é apresentado um resuno do ciclo do enxofre segundo Krohne


(2001).

As reservas de enxofre encontram-se na atmosfera e nas rochas. Parte


do enxofre presente na atmosfera na forma de H2S é proveniente de
reupções vulcânicas, mas, como é referido nos paragráfos a seguir,
também alguns processos biológicos conduzem à formação de H2S.
Uma outra forma de enxofre presente na atmosfera é dióxido de
enxofre (SO2). As plantas podem absorver directamente o enxofre
presente na atmosfera, porém o processo não é mediado por bactérias,
como acontece com o nitrogénio; o enxofre na forma de dióxido de
enxofre (SO2), entra através do poros das folhas não sendo, portanto,
necessária a participação de bactérias simbióticas.Tal como o fósforo,
os produtores primários obtêm o enxofre a partir do solo, onde ele está
presente à custa do processo à custa do processo da meteorização das
rochas contendo enxofre. O enxofre dissolvido na água do solo é
absorvido pelas plantas na forma do ião sulfato (SO4-2). O enxofre
presente na biomassa dos produtores primários passa ao longo das
cadeia tróficas para os consumidores e através dos processos de
decomposição de organismos mortos, o enxofre volta a tornar-se
disponível na forma de SO4-2 para os produtores primários e outros
organismos.

Nos sistemas aquáticos os iões sulfato podem formar sedimentos no

92
ISCED Disciplina: Ecologia

fundo, no lodo, onde o teor de oxigénio é reduzido (condições


anaeróbicas ou de anaerobiose). Nesses sistemas, em condições
anaeróbias, algumas bactérias (dos géneros Dissulvovibrio e
Dissulfomonas) utilizam o ião sulfato como fonte de oxigénio e como
resultado, forma-se o sulfureto de hidrogénio (H2S) e outras formas
reduzidas de enxofre. É o sulforeto de hidrogénio que é responsável
pelo cheiro típico, natural, dos chrcos e das zonas lodosas. Através da
acção de algumas bactérias especializadas, o sulfureto de enxofre de
hidrogénio pode ser convertido novamente para ião (SO4-2), a forma
que pode ser novamente absorvida e assimilada pelos produtores
primários e o ciclo continua.

UNIDADE Temática 4.3. Cíclo de Nutrientes e


Aplicação Ambiental
Cíclo de nutrientes

Os ecossistemas podem ser estudados numa escala geográfica pequena


(local) ou numa escala geográfica global. Numa escala geográfica
pequena distinguem-se as principais fontes ou entradas de nutrientes
e as saídas de nutrientes. Em geral as principais entrdas de nutrientes
para os ecossistemas são provenientes fundamentalmente de quatro
compartimentos:

I. A biomassa viva é a quantidade de matéria viva presente


numecossistema, num dado momento. É referido como sendo o
peso seco de tecidos por unidade de área (ton/ha ou kg/m2)
(O’Hare, 1988). É por exemplo, a biomassa da vegetação de
uma floresta, dos animais de uma savana, ou das culturas de
uma parcela de produção agrícola. Nos sistemas terrestres, a
biomassa compreende os organismos (plantas, animais e outros)
presentes na superfície do solo bem como os que estão no
subsolo.

93
ISCED Disciplina: Ecologia

II. A matéria orgânica morta é constituída por animais, plantas e


outros organismos em decomposição. Nos sistemas terrestres
encontra-se por exemplo o lixo floresatl ou a manta florestal,
constituída por folhas, ramos, frutos e animais em
decomposição e também o húmus que representa difersntes
fases de decomposição da matéria orgânica no solo (Killman,
1994). Nos sistemas aquáticos, parte da matéria orgânica morta
precipita para o dundo, nos sedimenros, e outra parte da matéria
orgânica morta dissolve no meio aquático.

III. O Solo é uma fonte importante de nutrientes nos ecossistemas


terrestres. O solo é derivado de rochas e tanto os solos como as
rochas estão em constante alteração, como resulatdo do clima e
das alterações induzidas pelos próprios organismos, incluindo o
Homem.

IV. A atmosfera – poeiras depositadas pela acção dos ventos e


gases na superfície do solo e subsolo.

94
ISCED Disciplina: Ecologia

Figura 9: Modelo conceitual do ciclo de nutrientes

No que se refere às saídas dos nutrientes paar fora dos ecossistemas,


os nutrientes podem ser transportados pela água, quando estão nela
dissolvidos, podendo infiltrar em profundidade no interior do solo,
atingindo a àgua subterrânea. Os nutrientes podem também ser
escoados pelo fluxo da água das chuvas, até aos rios e os oceanos. A
erosão é uma fonte de perda de nutrientes. Portanto, quando são
analisados os movimentos dos nutrientes nos ecossistemas numa
escalapequena, pode-se dizer que alguns nutrientes podem ser
completamente perdidos dos ecossistemas; como resultado, os
nutrientes podem simplesmente fluir e não ser observada a sua
reciclagem. Pode também ocorrer a interferência entre diferentes
nutrientes provenientes de outros ecossistemas (Krohne, 2001). Neste
caso, o conjunto das saídas é superior às entradas de nutrientes para o
ecossistema (entrdas - saídas = perdas). Em contarpartida, quando as
entradas são iguais às saídas o balanço está em equilíbrio (entradas =
saídas); quando as entradas são superiores às saídas, os nutrientes
acumulam-se na biomassa viva, isto acontece por exemolo, durante a
sucessão ecológica, à medida que se vai formando uma floresta clímax
(entras – saídas = acumulação) (Begon et al., 1996).

A pertir de dois exemplos analisa-se, nesta secção, como operam os


ecossiatemas numa escala geográfica pequena. Os padrões são
específicos para cada local. O primeiro exemplo é dado a aprtir da
análise de estudos realizados por vários autores na ilha de moçambique,
localizada na costa de Moçambique, onde podemos verificar como o
percurso de nutrientes de um ecossistema de dimensão realtivamente
pequena, neste caso a de uma machamba, pode ser estudado.

Segundo Macnae & Kalk (1959), a população da ilha deMoçabique foi


estiamda como sendo de 2000 habitantes em 1950, tendo aumentado
para 5.21 habiatntes em 2007 (INE, 2007).

Na ilha de Inhaca, a terra potencialmente propícia para agricultura é


escassa e os solos da ilha são

95
ISCED Disciplina: Ecologia

predominantemente arenosos, pobres em matéria orgânica e vulneráveis


à erosão (Koning & Balkwill, 1995).

A conservação das florestas é necessária para aprotecção da Ilha contra


aerosão, no entanto, a população pratica agricultura de corte e queima,
pondo em risco a estabilidade da ilha e contribuindo mais para o
declíneo dos nutrientes do solo. Por exemplo, os estudos realizados por
José e Lagerlof em 1992-1994, revelam que a queima da biomassa
florestal resulta em perdas do nitrogénio (em 16%) e do enxofre (em
10%) e vários nutrientes como o magnésio, o cálcio, potássio e o
fósforo que resultam da queima da vegetação, são adicionados ao solo.

Por outro lado, sabe-se que a adição da matéria orgânica, de lixos


vegetais e estrumes org^anicos no solo é essencial para a
sustentabilidade dos sistemas agrícolas nas regiões tropicais; a matéria
org^anica liberta nutrientes lentamente, protege o o solo contra a erosão
e forma a matéria orgânica estabilizada ou húmus; o húmus, por sua
vez, regula a libertação de nutrientes, minimiza a perda de nutrientes
por lixiviação e melhora a estrutura do solo (Weischet & Caeviedes,
1993; Palm et al., 2001; Tejada et al., 2008). No entanto, na ilha de
inhaca, os resíduos orgânicos produzidos durantes a preparação da terra
para a gricultura ou depois da colheita das culturas são queimados. Isto
contribui para que depois de 2-3 anos de exploração agrícola ocorra um
declíneo acentuado da matéria orgânica dos solo e dos nutrientes do
solo, perde-se fertilidade.

Os estudos realizados por v’arios investigadores revelam que na ilha de


Inhaca, a fertilidade so solo depois de queimar, não recupera, mesmo
passados 20 anos de pousio. A matéria orgânica mineralizada (liberta
nutrientes) rapidamente, os nutrientes tendem a ser facilmente perdidos
pelas acção da água das chuvas – o facto de os solos serem arenosos,
facilita a infiltração e perda de nutrientes (Campbell et al., 1998;
Munisse, 1991; Serra-King & Halton, 1994; Serra-King, 1995).

Contudo, a gestão dos solos pode ser determinante para recuperação


dos nutrientes dos solos, como revelam

96
ISCED Disciplina: Ecologia

os estudos realizados em 1992-1994 por José & Lagerlof. Estes estudos


dão aindicação de que a adição de resíduos orgânicos como restos de
milho e folhas de leguminosas pode ser uma alternativa pra adevolução
de alguns nutrientes paar o solo, embora seja necessária a avaliação
dessa prática a longo prazo e o estudo da sua viabilidade em termos
económicos.

A floresta tropical húmida oferece o segundo exemplo interessante para


analisar como um ciclo de nutriente oprea numa escala geogáfica local.

O conjunto de condições da floresta tropical húmida (temperatura e


humidade) é favorável ao processo de decompsição, a qual decorre
muito rapidamente devolvendo o nutriente para o solo (krohne, 2001).

No ecossistema da floresta trpocal húmida, os nutrientes tendem a


perder-se devido aos elevados níveis de precipitação. Contudo, a
vegetação da floresta possui estratégias que permitem uma imediata
absorção de nutrientes. Por isso, o ciclo de nutrientes na floresta
tropical húmida é demasiadamente fechado, evitando perdas.

Assim, observa-se que na floresta trpical ocorre um grande


contraste entre os solos pobres (cujos nutrientes tendem a ser
transportados pelas águas das chuvas que são intensas) e a elevada
produtividade da floresta tropical (Weischet & Caviedes, 1993).

É este contraste que tem movido a acção humana negativa sobre as


florestas tropicais – a vegetação luxuriosa tem induzido o
desbravamento acelerado das florestas tropicais, com o intuito de
transformá-las em áreas de produção agrícola (veja descrição da
floresta tropical no capítulo III).

Vários mecanismos adapativos sincronizados controlam o fluxo de


nutrientes na floresta tropical húmida, resultando numa eficiente
reciclagem de nutrientes e maximização da utilização dos mesmos.
Como resultado, as perdas para fora do sistema são inimizadas.

Por exemplo, as raízes de akgumas espécies de plantas que se estende à

97
ISCED Disciplina: Ecologia

superfície penetram e extraem os nutrientes directamente dos materiais


em decomposição na manta morta da floresta (este caminho pode ser
também visualizado no ecossistema florestal da ilha de Inhaca); outras
espécies, como é o caso ads plantas epífitas, intersectam os nutrientes
dissolvidos na água das chuvas que escorre pelos troncos das árvores.
Os nutrientes que escorrem são provenientes dos estratos superiores
donde caem vários materiais em decomposição como os frutos, folhas e
sementes, para além dos produtos de excrecção dos animais que vivem
nas árvores. Outro exemplo é a ocorrência de associações mutualistas
entre fungos e as raízes das plantas e as que ocorrem dentro da cadeia
dos decompositores, de tal forma que tudo que é decomposto
localmente é imediatamente absorvido (Weischet & Caviedes, 1993).

Como resultado, na floresta tropical húmida, a maior parte dos


nutrientes dos solo estão fixados na biomassa da vegetação. Quando a
floresta é queimada ocorre uma ruptura dos mecanismos conservadores
de nutrientes e os utrientes são rapidamente mineralizados, arrastados
pela água das chuvas e perdem-se do sistema. Daí que quando se
derruba a floresta tropical húmida para praticar a agricultura, não são
obtidos os rendimentos que seriam de esperar (Weischet & Caviedes,
1993; Krohne, 2001).

Armazenamento e fluxo de nutruentes

O armazenamento e fluxo de nutrientes é muito importante na medida


em que ajuda a explicar a localização de e a mobilidade dos nutrientes
dentro de um ecossistema. O movimento de nutrientes entre partes de
de um sistema é muito mais importante do que a sua localização num
determinado período de tempo. A reciclagem intra-sistema ocorre
quando a planta absorve e assimila os nutrientes, a queda de partes
vegetais e a sua posterior decomposição biológica. A rapidez com que
os nutrientes passam duma fase para a outra é muito variável: tanto
pode levar apenas uns minutos assim como pode pode durar séculos ou
milénios. Por exemplo, no processo de

98
ISCED Disciplina: Ecologia

fotorespiração a planta capta o carbono da atmosfera e em poucos


minutos torna a colocá-lo na atmosfera (disponível para ser utilizado
por esta ou outras plantas); um elemento incorporado na estrutura de
uma folha de uma planta anual poderá retornar à disponibilidade
anualmente; por outro lado, um elemento incorporado na estrutura
lenhosa de uma árvore longeva pode durar muitos séculos a ser
reincorporado na fase mineral.

A localização e circulação de nutrientes num sistema varia de uma


região para outra de acordo com as condições climáticas da

Figura 10: Circulação de nutrients, a) intrassistemas e b) intersistemas.

A circulação dos elementos dá-se por duas vias essenciais: a) aqueles


que apresentam uma grande fase gasosa estão incluidas no ciclo gasoso
que é de ambito regionale inter-sistemas; b) aqueles que carecem duma
fase gasosa e perfazem o seu ciclo nos sedimentos. Estes últimos são
normalmente basicamente de circulação intra-sistema e o seu cíclo é
muito mais lento que os gasosos; a sua circulação entre sistemas é
insignificante e pode realizar-se por meio de animais ou de errupções
que removem a terra e trazem a superfície os elementos que se haviam
sedimentado. Um desequíbrio (dentro de um sistema) nos elementos de

99
ISCED Disciplina: Ecologia

cíclo gasoso é facilmente compensado por outros sistemas próximos,


enquanto que o desequilíbrio de um elemento de cíclo sedimentar pode
ser fatal para o sistema, pois a sua mobilização desde outros sistemas,
ou o seu retorno dentro do mesmo sistema é muito lento e casual.
Alguns elementos como o enxofre, podem apresentar-se nos cíclos
gasoso e no sedimento, porém este deve ser incluido dentro da fase em
que se apresenta disponível para as plantas.

Aplicação ambiental- a interferência humana sobre os ciclos

Aa descrição de ciclos biogeoquímicos apresentada na secção 2.1,


representa o movimento natural dos elementos, sem considerar o
impacto do Homem na alteração desses movimentos. Contudo, o
Homem interfere no movimento natural dos elementos químicos,
aumentando as entradas desses elementos nos sistemas naturais e
interferindo nas taxas de transferência entre os reservatórios naturais
desses elementos. Essa secção analisa como o Homem pode interferir
na alteração do equilibrio dos ciclos biogeoquímicos.

Desbalanço de carbono e aquecimento global

Um dos produtos resultantes da queima de florestas e de combustíveis


fósseis é o dióxido de carbono. O fogo é um dos resultados de uma
reacção violenta entre os compostos de carbono e oxigénio. Os
combustíveis fósseis são queimados para suportar diversas
necessidades da vida e do desenvolvimento humano, por exemplo, os
meios de transporte, a produção de alimentos, o aquecimento e a
produção de energia electrica.

A nível global, a taxa de transferência do carbono como resultado da

100
ISCED Disciplina: Ecologia

queima de combustíveis fósseis é da ordem de 5 Gton de carbono por


ano. A remoção e queima de florestas contribui com uma transferência
do carbono da biomassa viva para atmosfera da ordem de 1 gton de
carbono por ano globalmente. Portanto, no total, 6 Gton de carbono por
ano são emitidos para atmosfera como resultado da actividade humana.
Parte do dióxido de carbono emitido é absorvida pelos diferentes
reservatório, principalmente os oceanos. Porém, são excedentes 3 Gton
por ano. Portantanto, a taxa de aumento do carbono é de 3 Gton por ano
(Newman, 1993).

Os dados apresentados por Newman (1993) são muito importantes para


analisar o nível de desbalanço do carbono, apeasr de terem sido
disponibilizados há 21 anos. Hoje, a humanidade continua a adicionar
quantidades enormes de dióxido de carbono na atmosfera e dados mais
recentes indicam que a concentração do carbon tende a aumentar (
Riebeek 2011).

O dióxido de carbon é um dos gases que contribui para o efeito de


estufa. O aumento da concentração dos gases de estufa altera a
temperature da terra, tornando- a mais quente.

Umas das consequências do aquecimento verifica-se no comportamento


das chuvas. Com o aquecimento, tanto a água dos oceanos como a
água contida nos solos evapora com uma intensidade; como resultado,
grandes quantidades de vapour de água vão para a atmosfera,
provocando grandes quantidades de precipitação em algumas
regiões e a seca dos solos noutras regiões.

Em algumas regiões, grandes quantidades de chuva came de uma só


vez, provocando cheias e catástrofes. Portanto, o aquecimento global
provoca grandes contrasres: não causa apenas maiores quantidades de
chuva, mas também grandes secas.

Segundo a Convenção das Nações Unidades para as Mudanças


Climáticas ( UNCCD 2011), as regiões áridos e semi-áridas são áreas
susceptíveis á cheias,á seca e á desertificação e são especialmemte

101
ISCED Disciplina: Ecologia

vulneráveis ás adversidades das mudanças climáticas.

Eutrofização

A eutrofização pode ser resultante de uma tendência natural, mas


também pode ser causada pela actividade humana quando ela afecta o
ciclo do nitrogénio e do fósforo. A adição de fertilizantes nos sistemas
agrícolas, contribui para o aumento do nitrogénio e do fósforo nos
cursos de água ( frequentemente nos rios e lagos), principalmente
através dos processos de escoamento e/ou infiltração da água das
chuvas para os sistemas aquáticos; o fósforo é geralmente adicionado
quando os despejos domésticos são drenados nos sistemas aquáticos.
Geralmente, os despejos domésticos são ricos em fósforo (
Newman,1993;Begon et al., 1996).

Os produtores respondem positivamente ao eriquecimento (


eutrofização) de rios e lagos, pelo fósforo e nitrogénio, aumentando a
produção primária, o que se traduz num maior crescimento e produção
da biomassa do fitoplâncton nos sistemas aquáticos. O crescimento
rápido e explosive dos produtores provoca váriso efeitos ecológicos em
cascata dentro dos sistemas aquáticos (Begon et al., 1996). Por
exemplo, as algas formam uma espécie de ―tapete‖ superficial,
reduzindo a penetração da luz nas camadas inferiors. Como resultado,
grandes quantidades de algas morrem e a demanda de oxigénio para a
decomposição aumenta, provocando a redução do teor de oxigénio no
sistema; consequentemente, ocorre a morte de organismos e a redução
da biodiversidade ( Begon et al., 1996)

Como fizemos referncia na secção 2.1.2, nos ecossistemas terrestres


naturais, a produção primaria e tambem limitada pelo nitrogenio, por
isso as comunidades vegetais naturais estão adaptadas a viver nestas
condiçãoes. Analisando o ciclo do nitrogénio, pode-se facilmente
deduzir que os ecossistemas terrestres naturais podem também ser
enriquecidos pelo nitogénio resultante da actividade antropogénica.

102
ISCED Disciplina: Ecologia

Esta adição pode ser conseguida através da precipitação ou pelo


escoamento da água das chuvas que eventualmete tenham passado por
terreno contend quantidades de fertilizantes azotados. A eutrofização
dos ecossistemas terrestres é um problema menos conhecido do que a
eutrofização dos ecossistemas aquáticos. Contudo, ele tem provocado
profundas alterações de algumas comunidades vegetais , especialmente
nos países europeus(Begon et al., 1996).

chuvas ácidas

Alguns produtos da combustão de carvões, petróleo e gasolinsa (


combustíveis fósseis) compreendem o dióxido de nitrogénio ( NO2 ) e o
dióxido de enxofre ( SO2 ). Estes compostos são emitidos para
atmosfera onde, em combinação com o vapor de água atmosférico
formam respectivamente, o ácido nítrico e o ácido sulfúrico que
precipitam, dando origem ás chamadas chuvas ácidas (Begon et al.,
1996; Krohne,2001). Outra forma de nitrogénio que contribui para as
chuvas ácidas é a ammonia ( NH3) formada durante o processo da
amonificação. Grandes quantidades de amónia são emitidas para a
atmosfera, por exemplo, quando os estrumes são aplicados para
fertilizar os solos.

As chuvas ácidas são susceptíveis de danificar os ecossistemas


aquáticos. Muitas espécies de peixes morrem quando aumenta a acidez
da água. A acidez pode favorecer a solubilizaçªao de alguns elementos
quimicos tóxicos ( como por exemplo, o alumínio) tornando-os mais

103
ISCED Disciplina: Ecologia

concentrados na água; a acidez pode conduzir á diminuiçªao da


concentração de alguns elementos quimicos necessaries, como e o cas
do fosforo que em ambientes acidos, combina com o ferro, formando
complexos insoluveis e por isso, torna’se pouco disponivel para os
organismos(Begon et al., 1996; Krohne,2001).

EXERCÍCIOS DO TEMA IV

1. Explique o que entende por cíclos biogeoquímicos?

2. Quais são os principais cíclos que conheces?

3. Descreve o cíclo do nitrogénio?

4. Descreve o cíclo do enxofre?

5. O que entende por cíclo de nutrientes?

6. Qual é a importância do conhecimento dos cíclos?

TEMA – V: SUCESSÃO
ECOLÓGICA
UNIDADE Temática 5.1. Conceitos e Generalidades.
UNIDADE Temática 5.2. Tipos de Sucessão.
UNIDADE Temática 5.3. Mecanismos da sucessão e Aplicação
Ambiental.

UNIDADE Temática 5.1. Conceitos e


Generalidades.
Sucessão ecológica

Sucessão Ecológica é o processo de mudança contínua (colonização e


extinção), ao longo do tempo, na composição das espécies de uma
comunidade, a qual se verifica depois de uma perturbação natural ou de

104
ISCED Disciplina: Ecologia

origem antropogénica e que envolve três mecanismos: a facilitação, a


tolerância e a inibição (Krohne, 2001).

Grande parte dos tesxtos que discutem as sucessões falam de mudanças


que ocorrem num padrão de tempo de 1-500 anos. Caso não se
verifiquem mudanças significativas na composição das espécies
durante este período, a comunidade é dita madura ou Climax.

Deve-se notar, porém que estas comunidades climax não são estáticas,
elas mudam mas não tem efeito cumulativo. Além disso, as pequenas
mudanças no número de plantas ou mesmo na composição das
espécies, resulta de algumas flutuações a largo prazo. Este é o estado de
equilíbrio dinâmico, similar ao balaço quimico numa solução.

Figura 11: Representação Esquemática dos diferentes estágios da


sucessão ecológica

UNIDADE Temática 5.2. Tipos de Sucessão


Sucessão Primária

105
ISCED Disciplina: Ecologia

Ocorre nos sítios onde a vegetação nunca se estabeleceu antes, sobre as


dunas de areia, rochas ou sobre outro tipo de substratos. O
desmatamento, o fogo, o vento, as cheias, as erupções vulcânicas e
outros factores podem interromper o processo da sucessão ecológica,
passando a ocorrer a sucessão secundária.

Sucessão Secundária

É o processo de colonização de uma área que desprovida de vegetação


mas cujo o solo mantém um banco de sementes viáveis e matéria
orgânica que facilita o estabelecimento da vegetação.

UNIDADE Temática 5.3. Mecanismos da


Sucessão e Aplicação Ambiental
Mecanismos da Sucessão Ecológica

As espécies que colonizam os primeiros estágios da sucessão primária


são designadas por espécies pioneiras. Durante o processo de
colonização, as espécies pioneiras propiciam o melhoramento das
condições do substrato para o estabelecimento de espécies que se vão
desenvolver nos estágios subsequentes, ou seja, facilitam a colonização
por outras espécies. Este mecanismo é designado por facilitação. Por
exemplo as raizes asseguram as areias, a cobertura vegetal reduz a
temperatura no substrato e aumenta o teor de humidade (Krome, 2001).

O mecanismo da tolerância envolve a substituição de espécies que se


estabeleceram nos primeiros estágios de colonização por espécies mais
tolerantes às condições criadas pelas espécies pioneiras. As espécies
que se vão estabelecendo tendem a inibir a colonização de outras
espécies prolongando assim o tempo da sucessão ecológica. Este

106
ISCED Disciplina: Ecologia

mecanimo é designado por inibição (Krome, 2001).

O último estágio do desenvolvimento em que a comunidade atinge o


estágio de maturação é designado por climax. Contudo, existe o debate
entre ecologistas se um equilíbrio completo chega a ser atingido ou não
na natureza. Vários autores consideram que mesmo no estágio de
maturidade, as comunidades observam um equilíbrio dinâmico, ou seja,
uma constante mudança (Carpenter et. Al. 2001).

Aplicação Ambiental do Conceito de Sucessão Ecológica

Compreender os mecanismos que governam a sucessão ecológica


permite predizer e acelerar os mecanismos de mudança das
comunidades através da realização de planos de restauração de habitats
perturbados tanto pela acção humana, por exemplo fogo, como por
factores naturais. Na ilha de Inhaca (Moçambique), por exemplo, a
população pratica agricultura de corte e queima, sendo que em algumas
áreas a vegetação foi profundamente alterada. A ilha é susceptítivel à
erosão e o grau de transformação das florestas primárias em áreas
abertas levou a declaração de zonas de protecção (reservas) em 1976, a
qual abarcou algumas áreas que já tinham sido transformadas em áreas
agrícolas e algumas zonas marinhas (Kalk, 1995).

Nas áreas protegidas, foi possivel a recuperação natural da vegetação


por via da sucessão secundária, podendo ser observadas formações de
vegetação secundária de diferentes idades de recuperação. A vegetação
secundária pode ser observada nas

107
ISCED Disciplina: Ecologia

dunas da zona leste da ilha e que estão dentro da área protegida.

O mosaico de vegetação estabelecido na ilha, permite observar e


estudar o efeito da sucessão ecológica, sendo até possível estimar as
idades de alguns mosaicos de vegetação. Os solos da ilha são pobres
por inerência, são arenosos e com um teor de matéria orgânica muito
fraco. Por isso, o processo de corte e queima torna os solos ainda mais
pobres, o que torna difícil o sustento da vegetação e por sua vez, torna o
solo susceptível à erosão.

EXERCÍCIOS DO TEMA V

1. O que é sucessão ecológica?

2. Indique os tipos de sucessões que conheces?

3. Quando os agricultores deixam as machambas em poseio para a


recuperação da fertilidade do solo, que tipo de sucessão ecológica estão
a promover?

4. Que aplicação ambiental tem o conhecimento das sucessões


ecológicas?

5. Quando é que se considera uma comunidade madura ou climax?

6. Faça a distinção entre uma sucessão primária e uma sucessão


secundária?

108
ISCED Disciplina: Ecologia

TEMA – VI: RECURSOS


RENOVÁVEIS E NÃO
RENOVAVEIS (Conceitos e
Generalidades)

RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS E NÃO RENOVÁVEIS

Recursos Naturais

Qualquer recurso que o homem usa que é extraído do ambiente para a


sobrevivência ou progresso é considerado um recurso natural. Recursos
são encontrados em todos os lugares, mas diferentes regiões do mundo
são ricas em diferentes variedades. Os recursos naturais em geral são
separados em duas categorias: renováveis e não-renováveis.

Recursos renováveis

Um recurso renovável é algo que está continuamente disponível, ou que


pode ser restabelecido facilmente. Por outro lado recursos naturais
podem ser renovados com a mesma velocidade, ou ainda mais rápido,
do que são consumidos. A água, solo, animais, florestas e produtos
agrícolas são exemplos de recursos renováveis. Enquanto estes recursos
podem ser substituídos — as colheitas são colhidas e plantadas todo
ano, por exemplo —, é importante monitorar o uso deles e evitar o
consumo excessivo, especialmente no

109
ISCED Disciplina: Ecologia

caso das florestas, que levam décadas para se renovarem.

Energia renovável

A energia renovável inclui os recursos continuamente renováveis, como


a luz solar, vento, água e energia geotérmica, todos sendo
restabelecidos naturalmente. Esses recursos são aproveitados por
dispositivos como painéis solares e turbinas eólicas, e são convertidos
em mais fontes de energia utilizável. As energias renováveis são
consideradas mais limpas e ambientalmente benéficas do que as fontes
tradicionais. Em alguns países, essa energia conta como a maior parte
das fontes de energia. Por exemplo, toda a eletricidade da Islândia é
produzida com energia hidráulica e geotérmica. Muitos países, tanto
desenvolvidos quanto em desenvolvimento, estão optando por essas
energias renováveis.

Recursos não-renováveis

Os recursos não-renováveis são aqueles que podem acabar, ou que não


podem ser restabelecidos com a mesma velocidade com que são
consumidos. A maioria dos recursos não-renováveis é extraída das
camadas profundas da Terra e leva várias eras geológicas para se
desenvolver. Os principais exemplos incluem o petróleo, urânio, gás
natural e carvão. Esses recursos abastecem a maior parte da energia do
planeta em termos de produção humana. Os recursos não-renováveis
também incluem os minerais, como cobre, diamante e alumínio.
Embora eles sejam finitos, alguns produtos criados a partir deles podem
ser reciclados e reutilizados.

110
ISCED Disciplina: Ecologia

Factores ambientais

O recolhimento e utilização dos recursos naturais afecta o bem-estar do


ambiente de várias maneiras. É importante para o ser humano praticar a
sustentabilidade de recursos renováveis para não perturbar a produção
natural desses materiais no planeta. Infelizmente, as práticas não-
sustentáveis são comuns. O desmatamento, que são as atividades de
exploração de madeira que acabam com grandes áreas de florestas,
contribui para a poluição e põe em perigo os habitats de animais, assim
como a existência de muitas florestas. Também existe uma controvérsia
envolvendo o uso excessivo de recursos não-renováveis. Quando os
combustíveis fósseis são queimados, liberam quantidades prejudiciais
de gases de efeito estufa para a atmosfera. Até mesmo a extração de
recursos não-renováveis pode causar graves impactos negativos no
meio ambiente, como por exemplo a mineração a céu aberto, que deixa
grandes crateras na superfície da Terra, destruindo os habitats de
ecossistemas inteiros.

EXERCÍCIOS DO TEMA VI

1. O que entende por recurso natural?

2. Distingue recurso natural renovável de recurso natural não


renovável?

3. Dê 3 exemplos de recursos naturais renováveis?

111
ISCED Disciplina: Ecologia

4. Indique as consequências da exploração de recursos naturais para o


ambiente?

112
ISCED Disciplina: Ecologia

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ISCED Disciplina: Ecologia

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