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E-BOOK - MÓDULO 1 - DomÍnio Da Modalidade Escrita
E-BOOK - MÓDULO 1 - DomÍnio Da Modalidade Escrita
Supervisão Editorial
Editor José Otávio Nogueira Guimarães
Editora Assistente Mariana Carvalho
Projeto gráfico e diagramação Bruno Freitas de Paiva
Eduardo Giovani Guimarães
Revisão Fábio Marques Rezende
Luísa Fialho Bourjaile
Conferência Samara Oliveira
Organizadoras
Lucília Helena do Carmo Garcez
TEXTOS DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVOS
Subsídios para qualificação de avaliadores
T355
Textos dissertativo-argumentativos : subsídios para qualificação de avaliadores / Lucília Helena
do Carmo Garcez, Vilma Reche Corrêa, organizadoras. – Brasília : Cebraspe, 2016.
PDF
ISBN 978-85-5656-005-6
1. Língua Portuguesa. 2. Qualificação Profissional. 3. Pessoal. I. Treinamento. II. Avaliação.
CDU 806.90:331.86
DOMÍNIO DA MODALIDADE
ESCRITA FORMAL DA
LÍNGUA PORTUGUESA
1. A variação linguística
A variabilidade é tão intrínseca à realidade linguística que não há outro meio de con-
ceituar uma língua que não seja como um conjunto de variedades. A língua (qualquer
língua) existe exclusivamente no conjunto das variedades que a constituem.
* Carlos Alberto Faraco é professor da Universidade Federal do Paraná e pós-doutor em Linguística pela University of California.
Pelo fato de sua vida social e cultural ser assim diversificada, o falante vai constituindo
um repertório linguístico igualmente diversificado, ou seja, todos os falantes dominam
sempre muitas variedades da língua. Daí dizer-se que todo falante é um poliglota em
sua própria língua.
Um dado que não podemos perder de vista é que o falante, à medida que vai cons-
truindo seu heterogêneo perfil sociolinguístico, vai também desenvolvendo a capa-
cidade de fazer uso adequado das variedades que domina. Nesse sentido, o falante
vai adquirindo a capacidade de selecionar a variedade que melhor se ajusta a cada
evento interacional, atendendo assim as expectativas sociais.
O falante, obviamente, não precisa sempre se ajustar às expectativas sociais. Ele pode
romper com elas para alcançar os mais diferentes efeitos de sentido: humor, ironia, crítica,
etc. Pensemos, por exemplo, no conferencista que, de repente, usa, em meio à sua fala
formal, um termo da gíria para produzir humor e, com isso, dar um momento de descanso
a seus ouvintes. Ou pensemos ainda no impacto sociocultural que foi a decisão dos poetas
modernistas de usar variedades linguísticas coloquiais na escrita de poesia, rompendo,
portanto, com a tradição que só admitia os chamados estilos elevados no texto poético.
Nesse sentido, a língua é, ao mesmo tempo, espaço de restrição (as suas estruturas
e as suas condições de uso limitam nossas possibilidades expressivas) e espaço de
liberdade (a língua nos põe à disposição um conjunto de opções léxico-estruturais
e de variedades sociais que podemos aproveitar expressivamente na construção e
individualização do nosso dizer).
1. Ver, entre outros trabalhos, “Um modelo para a análise sociolinguística do português brasileiro”, publicado no livro Nós cheguemu
na escola, e agora? – Sociolinguística e educação. São Paulo: Parábola, 2005, p. 39-52.
No meio desses dois polos há — em decorrência das mudanças por que passou e con-
tinua passando nossa sociedade — um leque de variedades que manifestam diferentes
graus de contato entre os dois extremos.
O Brasil foi, até meados do século XX, um país eminentemente rural, com a maio-
ria da sua população morando no campo. Em poucas décadas, esse perfil mudou
radicalmente. O país passou por um rápido e amplo processo de urbanização, de tal
modo que o século XX terminou com aproximadamente 80% da população brasileira
vivendo no espaço urbano.
Da mesma forma, o Brasil foi, até meados do século XX, um país com elevados contin-
gentes populacionais sem acesso à leitura e à escrita. Embora os índices de analfabe-
tismo tenham sido reduzidos nos últimos quarenta anos, ainda hoje aproximadamente
10% da população adulta são analfabetos. E, considerando que nossos índices de
escolaridade continuam baixos (basta lembrar que apenas 23% da população adulta
atual concluíram a educação básica, ou seja, têm o ensino médio completo), os níveis
de letramento da população são, em geral, muito reduzidos. Calcula-se que apenas
25% dos adultos podem ser considerados plenamente letrados.
Essa realidade sociocultural tem também seus efeitos sobre a variabilidade do portu-
guês falado no Brasil. Há variedades linguísticas típicas dos grupos sociais afetados
pelo analfabetismo (dominam apenas a oralidade) e, no outro extremo, variedades
Podemos também entender por que os falantes do português culto estigmatizam tão
fortemente os falantes do português popular do Brasil: a variação linguística, numa
sociedade historicamente dividida como a nossa, é tomada como o mais pesado fator
de discriminação positiva (“nós”) e negativa (“eles”) dos grupos sociais.
Por fim, temos de considerar que, em qualquer ponto em que os falantes estejam
desses dois contínuos, dependendo da situação interacional, eles monitoram, em
graus variados, sua expressão linguística. Há, portanto, um contínuo da monitoração
(ou seja, de graus de atenção à forma da expressão) que atravessa os outros dois.
3. A língua escrita
É importante destacar que esse modelo dos três contínuos serve não só para a iden-
tificação e descrição das variedades da fala, mas também das variedades da escrita.
Tal como a fala, a escrita não é homogênea nem uniforme: admite variação princi-
palmente no contínuo da monitoração. Claro, o espectro de variação na escrita é bem
menor do que na fala. E há uma razão histórica para isso. Até muito recentemente
na história da Humanidade, as práticas de leitura e escrita eram restritas a reduzidos
grupos sociais. Com isso, consolidaram-se na escrita as variedades típicas desses
grupos e fixaram-se modelos que limitam bastante a variabilidade na escrita.
Para outros textos, as expectativas sociais podem ser menos rígidas. Se tomarmos
como exemplo um jornal diário, vamos observar que os textos são escritos no por-
tuguês brasileiro standard, mas em variados estilos ou modalidades. Os editoriais e
os artigos de opinião sobre temas de economia e política tendem a ser escritos num
estilo ou modalidade mais formal do que um artigo de opinião na seção esportiva ou
um comentário de gastronomia ou turismo.
Por outro lado, muitos dos textos publicitários estão escritos no português brasileiro
standard, mas num estilo ou modalidade muito próxima da fala urbana coloquial.
O mesmo se pode dizer de uma carta familiar ou de um e-mail entre amigos.
4. Instrumentos normativos
Esses instrumentos, embora, claro, úteis para quem escreve, não são necessariamen-
te perfeitos. Nenhuma das gramáticas normativas tradicionais, por exemplo, está
baseada em estudos sistemáticos da modalidade formal escrita da língua. Assim,
costumam estipular aleatoriamente padrões estruturais nem sempre condizentes
com o uso efetivo. Chegam a inventar regras (como boa parte das famigeradas re-
gras de colocação de pronomes; ou a não menos famigerada diferença entre este e
esse, que não sobrevive a uma leitura comezinha dos textos do Padre Vieira, para
ficarmos num só exemplo); ou a tomar uma das possibilidades estruturais como a
Quem escreve regularmente não tem como fugir dessa situação, que não é má em
si (apenas revela que os autores dos instrumentos normativos têm olhares parciais
sobre a língua, além da falta frequente de estudos sistemáticos sobre seu uso efetivo).
No entanto, no momento de resolver uma dúvida ou de avaliar um texto, precisamos
enfrentar essas contradições, adotando sempre, nesses casos, um parâmetro flexível,
que pode ser assim resumido: o uso formal corrente deve prevalecer sobre o julga-
mento dos instrumentos normativos; e, se o mesmo fenômeno recebe julgamentos
divergentes, os dois registros são próprios da modalidade formal escrita da língua.
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), criado em 1998 com o objetivo de avaliar
o desempenho do estudante ao fim da escolaridade básica, é hoje utilizado como cri-
tério de seleção para diversas universidades, seja complementando seja substituindo
o vestibular. Além disso, é utilizado como critério de seleção para os estudantes que
pretendem concorrer a uma bolsa no Programa Universidade para Todos (ProUni),
bem como para estudantes que pretendem obter a certificação de conclusão do ensino
médio. Para tanto, podem participar do exame alunos concluintes do ensino médio
e indivíduos com, no mínimo, dezoito anos de idade. Esse critério de participação
abarca, portanto, um público bastante variado no que se refere à escolaridade. Os
participantes podem estar concluindo o ensino médio no ano de realização do exame,
podem ter interrompido os estudos e visarem à obtenção do diploma da educação
básica ou podem, ainda, almejar entrar em mais um curso de graduação.
A diversidade que se observa com relação aos anos de escolarização dos participantes
do Enem caracteriza não somente o exame, mas também o nosso país. E, nesse contex-
to de diferenças sociais, econômicas, geográficas e etárias, o português brasileiro não
constitui um todo homogêneo. Ao contrário, existem numerosas variações, as quais
se devem, primeiramente, às diferenças entre a língua escrita e a falada, bem como
entre os registros formal e informal. Não há, portanto, um único modo de exprimir o
pensamento. Para expressar uma mesma realidade, existem diversas variantes, isto
é, formas linguísticas diferentes que veiculam o mesmo sentido.
* Alzira Neves Sandoval é professora da educação básica da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal e doutora em Lin-
guística pela Universidade de Brasília.
Simone Silveira de Alcântara é professora do Colégio Militar de Brasília e doutora em Literatura Brasileira pela Universidade
de Brasília.
Stefania Caetano Martins de Rezende Zandomênico é professora da educação básica da Secretaria de Estado de Educação do Distrito
Federal e doutoranda em Linguística na Universidade de Brasília.
Na prática, todos nós, professores de língua portuguesa, de uma forma geral, devemos
saber que o objetivo do ensino da língua é ampliar a competência do estudante para o
exercício cada vez mais fluente da fala e da escrita, incluindo-se nessa prática a escuta e a
leitura. As aulas de português são, portanto, aulas de falar, ouvir, ler e escrever textos em
uma complexidade gradativa, com atividades que promovam, entre outras habilidades,
a compreensão das relações sintáticas, semânticas e pragmáticas que caracterizam
textos orais e escritos estruturados de forma clara e coerente. Nesse contexto, dada
a importância da aprendizagem dessas habilidades, uma das competências avaliadas
na redação do Enem é o domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa.
Avaliar textos em seus diferentes aspectos não constitui tarefa das mais simples.
Diferentes formações acadêmicas e até mesmo preferências pessoais fazem com que
haja diversas concepções e julgamentos por parte do professor de língua portuguesa
acerca de língua, de texto, de níveis de formalidade, de adequação vocabular, de
conhecimento linguístico mínimo necessário, entre outros elementos. Há, ainda,
Texto
Texto é um todo significativo e articulado, verbal ou não verbal. O texto verbal pode
assumir diferentes feições, conforme a abordagem temática, a estrutura composicional,
os traços estilísticos do autor – conjunto que constitui o conceito de gênero textual.
Para tanto, pode-se partir do texto literário bem como dos múltiplos textos que circulam
socialmente (BRASIL, 2002, p. 60-61).
Assim, para que se promova o aprendizado efetivo da gramática em sala da aula, Pilati
(2014) defende que três princípios devem ser seguidos: i) levar em consideração o
conhecimento prévio do aluno; ii) promover a aprendizagem ativa e iii) fazer com
que o aluno compreenda os processos envolvidos no âmbito do assunto estudado.
O professor, segundo a pesquisadora, deve levar seus alunos a: i) aprender a identi-
ficar padrões; ii) desenvolver compreensão profunda do assunto; iii) saber quando,
como e onde usar o conhecimento – conhecimento circunstanciado; iv) possuir
acesso fluente ao conhecimento; v) ter conhecimento do conteúdo pedagógico; e
vi) aprender com metacognição e para toda a vida.
Referências
ANTUNES, I. Aula de português: encontro & interação. São Paulo: Parábola Editorial,
2003.
Leitura de apoio
1. Registro
O termo “registro” é usado para se fazer referência aos níveis de formalidade na língua
falada e na língua escrita. Segundo Preti (1994, p. 50), as variações determinadas
pelo uso da língua pelo falante, em situações diferentes, são denominadas registros
ou níveis de fala (ou, ainda, níveis de linguagem).
* Alzira Neves Sandoval é professora da educação básica da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal e doutora em Lin-
guística pela Universidade de Brasília (UnB).
Simone Silveira de Alcântara é professora do Colégio Militar de Brasília e doutora em Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília.
Stefania Caetano Martins de Rezende Zandomênico é professora da educação básica da Secretaria de Estado de Educação do Distrito
Federal e doutoranda em Linguística pela Universidade de Brasília.
Boa tarde, chefe. Infelizmente, acabei de sofrer Que droga, mãe! Bateram no meu carro! Tô
um acidente de trânsito e devo me atrasar, pois bem, não se preocupe. Me mande o número
estou aguardando a polícia, para os trâmites da seguradora. Depois te ligo.
formais, e a seguradora, para o recolhimento
do veículo.
Para Preti (1994, p. 38), as variações quanto ao uso da linguagem pelo mesmo falante,
em função das variações de situação, podem ser de duas espécies: registro formal e
registro coloquial. O registro formal é empregado em situações de formalidade, com
predomínio de linguagem culta, comportamento mais refletido e vocabulário selecio-
nado; já o registro coloquial é usado em situações familiares e em diálogos informais
nos quais ocorre maior intimidade entre os falantes, com predomínio de estruturas e
vocabulário da linguagem popular, gírias e expressões obscenas ou de natureza afetiva.
O autor menciona ainda outras subdivisões dos níveis de linguagem, como o nível
coloquial tenso e distenso. No Dicionário de Linguística e Fonética, Crystal (2000,
p. 224) cita também abordagens que distinguem cinco níveis diferentes de registro no
uso da língua: frio, formal, consultativo, casual e íntimo.
Ainda de acordo com Preti, os limites entre o registro formal e o coloquial são in-
definidos, por isso é praticamente impossível determinar as fronteiras entre essas
gradações, seja na língua oral, seja na língua escrita.
Camacho (1988 apud PRETI, 1994) afirma que a variedade estilística é o resultado
da adaptação da forma linguística específica do ato verbal às circunstâncias em que
se produz e que, em vista disso, “tantas são as variedades quantas são as situações
momentâneas em que se realiza a atividade verbal. Nesse sentido, cada ato linguístico
representa um estilo específico”, do que decorre o fato de não poder se obter uma
tipologia de estilos.
Como, todavia, o estilo varia de acordo com o grau de reflexão do sujeito falante às
formas linguísticas, podem-se estabelecer os dois limites extremos na escala, abstrain-
do-se os graus intermediários: obtém-se um estilo em que há grau mínimo de reflexão
às formas de expressão empregadas e outro em que há um grau máximo de reflexão.
No primeiro, incluem-se os atos verbais imediatos, decorrentes do intercâmbio lin-
guístico cotidiano, que se convenciona por estilo informal; no segundo, incluem-se
os atos verbais em que as informações contidas não são de expressão diária, mas
resultado de grande elaboração intelectual, e o conteúdo é rico e complexo – estilo
formal (CAMACHO, 1988 apud PRETI, 1994, p. 40).
Nesse sentido, o aluno deve conhecer a norma padrão da língua, a fim de que possa
usá-la quando necessário, adequando-a às variadas situações comunicativas em que
ela é exigida. Não se trata de supervalorização de uma modalidade da língua sobre
outra, ou seja, da língua padrão sobre o conhecimento linguístico próprio dos estu-
dantes, mas da adoção de uma norma que permita a avaliação justa e isonômica dos
textos produzidos. Além disso, um usuário competente da língua não deve conhecer
somente o registro formal, mas deve saber adequar os registros ou níveis de linguagem
às diferentes situações comunicativas que vivencia.
(1) Se adultos já ficam facinados imagine uma criança, a propaganda as vezes tende ser abusivas
com preços fora do normal.
(2) “Publicidade infantil”, eis um tema bem interessante. Estes dias estava conversando com um
amigo sobre isso.
(3) Como utilizá essas propaganda sem prejudicá as nossa crianças e o adolescente de forma bem
família e dento da lei.
(4) Comerciais de TV induzem as crianças a solicitarem de seus pais a compra de quase tudo que
elas vem passando ali, sendo brinquedos então, quanto mais novos e modernos melhor.
(5) revista Super Interessante fez uma matéria mostrando o quanto as pessoas estão consumindo
A
produtos muitas vezes voluvéis que além de prejudicar gradativamente o meio-ambiente, estão
conturbando a mente e formação das crianças devido as massivas formas de publicidade infantil.
(6) A partir do momento que a criança nasce, tem já existência de direitos, como todos seres humano.
(7) Quem sabe daqui uns dias o Brasil tome o exemplo do Canada e da Noruega para acabá com
esse tipo de publicidade.
(8) prepara a criança para o futuro pra ela se descontágia das divulgações do mundo.
(9) Entretanto os nossos brasileirinhos precisam viver suas vidas sem muita pressão, para que em um
futuro próximo, ele esteja com todo gás para vencer os desafios da vida.
(10) Porém vai da cabeça dos pais saber o que é bom ou não para seus filhos... Mais na minha opinião
não acho que é abuso ou exploração usar crianças em comerciais de TV.
Convém ressaltar que o professor deve respeitar o conhecimento linguístico dos alunos
e seu modo de se expressar, mesmo que pareçam inadequados diante de determinadas
situações, e retrabalhar os discursos a fim de adaptá-los às respectivas situações. Nesse
sentido, atividades de retextualização são muito apropriadas (BRASIL, 2002, p. 76).
Referências
Leitura de apoio
BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Nova Fron-
teira, 2009.
* Alzira Neves Sandoval é professora da educação básica da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal e doutora em Lin-
guística pela Universidade de Brasília.
Simone Silveira de Alcântara é professora do Colégio Militar de Brasília e doutora em Literatura Brasileira pela Universidade
de Brasília.
Stefania Caetano Martins de Rezende Zandomênico é professora da educação básica da Secretaria de Estado de Educação do Distrito
Federal e doutoranda em Linguística pela Universidade de Brasília.
2. Desvios gramaticais
(1) Vale lembrar, que existe uma corrida de empresários para fazer propagandas ainda mais
persuazivas e com mensagens ocultas que estimulam a criança a buscar incansavelmente o
produto no qual se oferece.
(2) No Brasil a publicidade infantil está em questão pelo fato de não existir leis que proíba a utilização
de crianças em comerciais.
(3) Quando não damos a atenção necessária, estamos expondo eles em muitas situações perigosas.
(4) Se adultos já ficam facinados imagine uma criança, a propaganda as vezes tende ser abusivas,
com preços fora do normal.
(5) Indenpende de como sejam as propagandas relacionadas as crianças, são seus valores, formação
e caráter de cada uma que as definem.
(1) As crianças desta década, não se comparam com as de dez décadas atrás, onde bebês levavam
trêze dias para abrir os olin-/-hos e por quarenta dias eram obrigados a confinar dentro de casa.
tomavam chá, e não causava nem um mal.
(2) Há pais incentivando os filhos ao mundo do crime, mães a prostituição, e outros criando cidadões
corretos, honestos e verdadeiros.
(3) Em muitos países a “Publicidade Infantil” é proibida parcialmente. Existem muitos fatores que
contribuem para que essa atitude fosse tomada.
(4) Muitas vezes os produtos oferecidos, não estão diretamente ligados as crianças, e sim no impacto
que causariam aos seus expectadores ou consumidores.
Em (1), o pronome “onde” foi indevidamente empregado, uma vez que não faz refe-
rência a um lugar. Ainda nesse exemplo, há problemas de construção em razão do uso
de vírgula, separando sujeito de predicado, do emprego de “a confinar” em lugar de
“a ficar confinados” e da ausência de expressão que funcione como sujeito do verbo
Todos os desvios apresentados nos quadros 2 e 3 são desvios gramaticais e, tal como se
dá relativamente aos desvios de convenção da escrita, a ocorrência simultânea de dois
ou mais dos desvios apresentados seria suficiente para impedir a atribuição de nota
máxima na Competência I em uma redação do Enem. Passemos, agora, à definição e
à avaliação dos desvios de convenção da escrita e dos desvios gramaticais na redação
do Enem.
Quando houver, no texto analisado, mais de um desvio gramatical e/ou mais de um desvio
de convenção da escrita, ele não poderá receber a nota máxima na Competência I. Em
outras palavras, uma redação ainda é enquadrada no nível 5 se nela houver: i) apenas
um desvio de convenção da escrita; ou ii) apenas um desvio gramatical; ou iii) um
desvio de convenção da escrita e um desvio gramatical. A ocorrência simultânea dessas
duas formas de impropriedade, portanto, desde que limitada a uma única ocorrência
de cada, não constitui razão bastante para que se subtraia nota do participante.
2. É importante destacar que um desvio gramatical é considerado como tal apenas quando há respaldo na literatura para tanto. Situa-
ções não pacificadas entre os estudiosos ou em transição na língua, tais como a regência de certos verbos, não acarretam subtração
de nota na redação do participante.
3. A proposta de atividade apresentada aqui é uma adaptação do que sugerimos em Pilati et al. (no prelo).
Considerações finais
Para atingir esse objetivo, consideramos que atividades de revisão textual e de rees-
crita são fundamentais para que o aluno seja capaz de reconhecer padrões, colocar
o senso crítico em prática e aprender a identificar desvios de norma. Por essa razão,
sugerimos, ao final, um roteiro de atividade de revisão textual e de reescrita e reforça-
mos a importância de que atividades como a proposta façam parte da rotina habitual
de trabalho do professor de língua portuguesa. Acreditamos que, assim, poderemos
contribuir para o desenvolvimento da competência linguística dos alunos, mais es-
pecificamente no que se refere ao domínio da modalidade escrita formal da língua.
Referência
Leitura de apoio
ALMEIDA, N. M. de. Gramática metódica da língua portuguesa. 46. ed. São Paulo:
Saraiva, 2009.
BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Nova Fron-
teira, 2009.
CHOMSKY, N. Knowledge of language: its nature, origin and use. New York: Praeger,
1986.