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Equivalência de capitais

A equivalência entre dois ou mais capitais efetua-se através da resolução de uma equação, a
chamada equação de valor (ou equação de equivalência) que representa todos os capitais
envolvidos na operação financeira, devidamente reportados a um momento comum (a data
focal), de acordo com um dos regimes estudados (regime de juro simples ou regime de juro
composto) e, no caso de ser necessário atualizar capitais, segundo o desconto por dentro
(desconto comercial) ou desconto por fora (desconto financeiro).

Data focal – momento para o qual é efetuada a equivalência de capitais.

Numa equação de valor estão sempre presentes as três variáveis fundamentais do cálculo
financeiro: o capital, o tempo e a taxa. Como equação que é, a incógnita pode ser qualquer
uma destas variáveis. Pode até ser mais do que um capital, mais do que um prazo ou mais do
que uma taxa – basta que entre eles exista alguma relação conhecida.

Por exemplo, pode pretender-se conhecer o valor de dois capitais, sendo que um deles é o
dobro do outro.

O quê?

Entre que capital ou capitais, por um lado (1º membro da equação) e que capital ou capitais
(2º membro da equação) se pretende estabelecer a equivalência?

Quando?

Para que data se pretende estabelecer a equivalência (isto é, qual é a data focal da operação
de equivalência)?

Como?

De que forma se pretende estabelecer a equivalência? Através do regime de juro simples ou


do regime de juro composto? No caso da equivalência envolver atualizações de capitais, esta é
feita segundo o desconto por dentro ou desconto por fora?

Dois conjuntos de capitais dizem-se equivalentes num determinado momento, quando forem
iguais as somas dos valores atuais referidos a esse momento, dos capitais que compõem cada
um desses conjuntos.

A expressão da equivalência depende do regime de capitalização considerado e designa-se por


equação de valor.

Equação de valor em regime de juro simples


Considere-se os seguintes conjuntos de capitais A e B:

Conjunto A – formado pelos capitais 𝐶 , 𝐶 … . 𝐶 vencíveis, respetivamente, nos momentos


𝑡 ,𝑡 ,….,𝑡 .

𝐶 𝐶 𝐶 𝐶


0 𝑡 𝑡 𝑡 𝑡
Conjunto B – formado pelos capitais 𝐶′ , 𝐶′ … . 𝐶′ vencíveis, respetivamente, nos momentos
𝑡′ , 𝑡′ , … . , 𝑡′ .

𝐶′ 𝐶′ 𝐶′ 𝐶′


0 𝑡′ 𝑡′ 𝑡′ 𝑡′

Vamos admitir que ambos os conjuntos vencem juros a uma mesma taxa 𝑖, cujo período
coincide com a unidade de tempo em que se exprimem os vencimentos dos capitais.

Estes dois conjuntos dizem-se equivalentes no momento 0, quando as somas dos valores
atuais, referidos a este momento, dos capitais que compõem cada conjunto forem iguais.

Desconto por fora (desconto comercial)

Recorde-se que neste tipo de desconto, o valor atual de um capital 𝐶 era determinado da
seguinte forma:

𝐶 = 𝐶 − 𝐷 = 𝐶 − 𝐶 × 𝑖 × 𝑡 = 𝐶𝑡(1 − 𝑖𝑡)

Para vários capitais

∑ 𝐶 − 𝑖 ∑𝐶 𝑡 = ∑ 𝐶′ − 𝑖 ∑𝐶′ 𝑡′

Desconto por dentro (desconto financeiro)

Neste tipo de desconto, o valor atual de um capital 𝐶 era determinado da seguinte forma:

𝐶
𝐶 =
(1 + 𝑖𝑡)
Neste caso, os dois conjuntos de capitais são equivalentes se verificarem a seguinte igualdade:

𝐶 𝐶′
=
(1 + 𝑖𝑡) (1 + 𝑖𝑡′)

Equação de valor em regime de juro composto

No regime de juro composto, o valor atual de um capital 𝐶 determinava-se da seguinte forma:

𝐶
𝐶 =
(1 + 𝑖)

Adotemos a partir de agora, a seguinte notação:

1
= (1 + 𝑖) − 𝑡 = 𝑣
(1 + 𝑖)𝑡

Estamos agora em condições de estabelecer a equivalência para os dois conjuntos de

capitais através da igualdade:

𝐶 .𝑣 + 𝐶 . 𝑣 +. . . +𝐶 . 𝑣 = 𝐶′ . 𝑣 + 𝐶′ . 𝑣 +. . . +𝐶′ . 𝑣

que é equivalente a

𝐶 .𝑣 = 𝐶′ . 𝑣

Capital único
Podemos definir capital único (ou capital comum) no momento t, como o valor do capital
vencível no momento t que substitui um conjunto de capitais 𝐶 , 𝐶 … . 𝐶 , vencíveis nos
momentos 𝑡 , 𝑡 , … . , 𝑡 para uma dada taxa de juro i.

Resumidamente, o capital único é o capital que substitui um conjunto de capitais.


Neste caso, são conhecidos:

- os valores e as datas de vencimento dos capitais a substituir;

- a data de vencimento do capital único;

- a taxa a que será efetuada a equivalência;

- a data focal da operação de equivalência.

Desconto por fora

∑𝐶 − 𝑖 ∑𝐶 𝑡
𝐶 =
1 − 𝑖𝑡

Desconto por dentro

𝐶
𝐶 = (1 + 𝑖𝑡)
1 − 𝑖𝑡

Cálculo em regime de juro composto

∑𝐶 𝑣
𝐶 =
𝑣

Vencimento médio
Regime de Juro Simples – Desconto por Fora

∑𝐶 𝑡
⇔𝑡=
∑𝐶

Regime de Juro Simples – Desconto por dentro

∑𝐶 1
⇔𝑡=⎛ − 1⎞ ×
𝐶 𝑖

⎝ 1 + 𝑖𝑡 ⎠
Regime de Juro Composto

𝑙𝑜𝑔 ∑ 𝐶 . 𝑣 − 𝑙𝑜𝑔 ∑ 𝐶
⇔𝑡=
log 𝑣

Taxa média
Regime de Juro Simples

∑𝐶 𝑡 𝑖
⇔𝒊=
∑𝐶 𝑡

Regime de Juro Composto

Para que 𝑖 seja a taxa média, é necessário que o rendimento produzido pelos capitais aplicados
a taxas diferentes seja igual ao produzido pelos mesmos capitais, durante os mesmos prazos e
à taxa 𝑖, o que significa que os valores atualizados terão que ser iguais.

Assim,

𝐶′ 𝐶′
=
(1 + 𝑖 ) (1 + 𝑖 )

Como o fator (1 + 𝑖 ) depende do valor da taxa média 𝑖, que é a nossa incógnita, o seu
cálculo em regime de juro composto poderá ser feito por tentativas ou por simulação.
Exercícios
44. Verifique se são equivalentes dois capitais, para uma taxa de juro anual de 8%, sendo: a-
6.000€ com vencimento a 4 anos; b- 5.143,83€ com vencimento a 2 anos.

1) RJS e desconto por fora (não)

2) RJC (sim)

45. À data atual o Sr. Afonso pretende pagar uma divida que iria pagar por 3 vezes.

A primeira de 5.000€ daqui a 6 meses, a segunda de 6.000€ daqui a 12 meses e a terceira de


7.000€ daqui a 18 meses. Indique para uma taxa de juro semestral de 3%, quanto iria pagar o
Sr. Afonso utilizando:

1) RJS e desconto por fora (16.860€)

2) RJC (16.915,94€)

46. Considerando a taxa de 4,5% ao ano, verifique se os seguintes capitais são equivalentes
na data de hoje:

- um capital de 20 000 € vencível daqui a 3 anos

- um capital de 19 138,75 € vencível daqui a 2 anos

a) considerando o regime de juro simples e o desconto por fora. (Não)

b) considerando o regime de juro simples e o desconto por dentro. (Não)

c) considerando o regime de juro composto. (Sim)

47. Considerem-se os capitais de 15, 20 e 15 mil € vencíveis, respetivamente em 05/01/n,


05/04/n e 05/07/n. Sabendo que estes capitais vencem juros à taxa trimestral de 1,5%,
pretende-se saber em 05/07/n-1 o vencimento médio em regime de juro simples e utilizando
o desconto por fora e em regime de juro composto. (R:3 trimestres.)

48. Suponhamos que em 31/10/n foram aplicados os seguintes capitais, em regime de juro
simples:

Capital A= 70 mil euros durante 1 ano à taxa anual de 3,5%

Capital B = 75 mil euros durante 2 anos à taxa anual de 4%

Capital C = 90 mil euros durante 3 anos à taxa anual de 4,5%

Determine a taxa anual média. (4,20%)


49. Determine, em regime de juro simples, a taxa quadrimestral equivalente à taxa anual de
8%. (2,67%)

50. Determine em regime de juro composto, a taxa quadrimestral equivalente à taxa


trimestral de 6%. (8,08%)

51. Y é devedora de 4 importâncias com os valores de 300, 450, 600 e 900€, vencíveis de 6
em 6 meses, vencendo-se a primeira em 31/10/2009. No entanto em 31/12/2008, Y propôs
ao seu credor a substituição das referidas importâncias por duas quantias iguais a primeira a
vencer-se em 30/06/2009 e a segunda a vencer-se em 30/06/2010. Considerando uma taxa
semestral de 5%, determine o valor de cada uma das quantias admitindo:

A) RJS- Desconto por fora (R.:1025€)

B) RJC (R.:1041€)

52. Um capital aplicado durante 3 anos em RJS à taxa semestral de 10% transformou-se num
valor acumulado de 1.200€.

Determine qual a taxa anual de rendimento se tivesse sido aplicado em RJC (16,96%)

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