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O DESENVOLVIMENTO DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS NA

INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA POR MEIO DO ENSINO-


APRENDIZAGEM DA MODALIDADE FUTSAL

SILVA, Ramon Julio


RU:1786343
DOMINGUES, Daphyne

RESUMO

O presente artigo objetivou identificar a maneira como a prática do futsal contribui para
o desenvolvimento das Inteligências Múltiplas (IM) na infância e adolescência. Além
de explorar os diferentes tipos de inteligência e suas ligações com o esporte e
descrever a importância e os benefícios que envolvem a modalidade, colocou em
pauta a reflexão de como poderíamos explorar de maneira mais assertiva o esporte
futsal, como ferramenta de amplo desenvolvimento na infância e adolescência,
através do ensino-aprendizagem de seus elementos. Diante das características
pesquisadas da modalidade abordamos de que maneira a teoria das Inteligências
Múltiplas poderia nortear nossa busca por uma intervenção cada vez mais qualificada,
sendo que através da pesquisa bibliográfica que neste artigo foi realizada, o futsal
mostrou-se uma importante ferramenta geradora de estímulos às Inteligências
Múltiplas, e ao amplo desenvolvimento do indivíduo, mediante uma intervenção
profissional qualificada.

Palavras-chave: Inteligências Múltiplas. Futsal. Aprendizagem. Desenvolvimento.

1. INTRODUÇÃO
Este estudo pretende mostrar como o professor da iniciação e formação
esportiva tem a responsabilidade, e a oportunidade de desenvolver vários conteúdos,
através de abordagens estruturadas, promovendo práticas pedagógicas que
complementam a educação. As atividades que fazem uso da linguagem corporal como
elemento de aprendizagem podem vir a ser um recurso essencial para proporcionar
novas experiências, como o desenvolvimento e aprendizado de capacidades de
acordo com a Teoria das Inteligências Múltiplas (IM) de Gardner. (GARDNER et al.,
2009; BALBINO, 2001).
Com um enfoque nas múltiplas capacidades e habilidades que os indivíduos
possuem, e de sua competência em resolver problemas perante os estímulos que o
ambiente dos jogos proporciona, este artigo traz a reflexão de como temos estimulado
nossos alunos nas escolinhas de futsal e nos ambientes de prática esportiva dentro
das escolas, revelando críticas à especialização precoce e propondo uma maior
potencialização do esporte no âmbito da educação.
Dentro do contexto de educação, no qual se insere o pressuposto do
desenvolvimento das oito inteligências e a ideia testada e já bastante difundida
mundialmente de considera-las como aspectos relevantes e norteadores nos
processos de ensino-aprendizagem de crianças e adolescentes conforme nos aponta
Gardner et al. (2009) a prática de esportes orientados por profissionais devidamente
qualificados, se mostra uma ferramenta de grande importância para o
desenvolvimento das mesmas, através da pedagogia do esporte e seu ideal de
desenvolvimento global dos indivíduos em idade escolar (GARGANTA, 1998).
O alto grau de imprevisibilidade, os elementos e suas possibilidades permitem
aos praticantes do futsal, resoluções de situações problema a todo instante, onde é
gerada grande riqueza de estímulos propícios ao desenvolvimento dos diferentes tipos
de inteligência. (BALBINO, 2001).
Introduzindo-nos ao conceito da teoria das Inteligências Múltiplas, Gardner
(1994) descreve que cada pessoa teria todos os potenciais de inteligência, e
acrescenta que alguns são mais desenvolvidos que outros no decorrer das nossas
vidas por vários fatores, especialmente pelos estímulos recebidos.
Neste Artigo, destacaremos o Futsal como ferramenta Pedagógica, a ser
utilizada desde a infância, que para Garganta (1998) deve objetivar o bom
desenvolvimento do ser humano de forma global, preparando-o para o futuro.

2. INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
A teoria das (IM) foi criada em 1983 por Howard Gardner, pesquisador e
psicólogo do desenvolvimento humano, ao trabalhar com indivíduos com lesões
cerebrais, questões de desenvolvimento humano e cognição nos centros de pesquisa
de Boston Veterans Administration Medical Center e na Escola de Pós Graduação em
Educação de Harvard, se perguntou o que se sabia sobre a natureza e o potencial
humano? O que já se havia determinado na época sobre cognição humana a partir
das ciências biológicas, psicológicas e sociais (GARDNER et al., 2009)?
Gardner et al. (1994, 2009) relata que foram realizados estudos em genética,
neurociência, psicologia, educação, antropologia entre outras disciplinas e
subdisciplinas, chegou-se a uma definição sobre inteligência, onde a considera um
potencial biopsicológico de processar informações de determinadas maneiras para
resolver problemas ou criar produtos por, pelo menos, uma cultura ou comunidade.
A partir daí, Gardner (1994) passa a contestar entendimentos culturais sobre a
inteligência como o fator hereditariedade, onde a pessoa nasce mais ou menos
inteligente, os estudos da psicometria da inteligência e os testes de Quociente
Inteligente (QI) onde ao se medir a “inteligência” do indivíduo poderia
consequentemente separá-los entre mais ou menos inteligentes.
Corroborando com essa ideia Antunes (2010, p.11) descreve a inteligência
como “capacidade cerebral pela qual conseguimos penetrar na compreensão das
coisas escolhendo o melhor caminho”, e ainda nos traz a origem da palavra
inteligência que vem da junção de duas palavras latinas: inter = entre e eligere =
escolher, nos dando uma boa noção do que de fato significa.
A ciência do cérebro evolui a cada ano que passa, e Balbino (2001) falando
sobre a teoria das (IM) de Gardner, relembra que o cérebro e seu complexo
funcionamento, em muitos aspectos é um mundo a ser descoberto, e continua sendo
ainda hoje, e Gardner (1994) destaca sua grande capacidade de adaptação,
combinação dos neurônios, sua capacidade de reter memória e sua adaptabilidade
de determinadas áreas a novas funções quando lesadas.
O criador da teoria, Gardner et al. (1994, 2009) contrapunha a clássica visão
sobre inteligência, onde somente eram valorizadas como tal, as habilidades lógico-
matemática e verbal-linguística, deixando de lado tantas outras possíveis a serem
utilizadas para a resolução de problemas. Com base nos seus estudos, ele cria então
alguns critérios, para que se pudesse considerar ou não um conjunto de determinadas
habilidades como inteligência de fato, que seriam: Isolamento potencial por dano
cerebral; Existência de pessoas com perfil de inteligência inusitados que sem
nenhuma lesão cerebral apresentem desempenho excepcional em determinada
habilidade e desempenho medíocre em outras áreas, prodígios e outros indivíduos
excepcionais; Operação central ou conjunto de operações identificáveis; Trajetória de
desenvolvimento característica, culminando em desempenho especializado; História
e plausibilidade evolutivas; Apoio de tarefas psicológicas experimentais; Apoio de
dados psicométricos; Suscetibilidade à codificação em um sistema simbólico.

2.1 AS OITO INTELIGÊNCIAS


Fica em aberto então a possibilidade da existência de outras inteligências,
desde que se enquadrem nos critérios pré-estabelecidos por Gardner et al. (1994,
2009) onde foram descobertas e fundamentadas, oito inteligências, descritas na
sequência:
A inteligência corporal cinestésica descrita por Gardner (1994) revela o
potencial do ser humano em sua utilização do corpo de forma a explorar as suas
potencialidades.
É a habilidade de manusear ferramentas com a destreza das habilidades
motoras finas que vão de um cirurgião a um artesão, a capacidade de expressar
emoções através da dança ou do teatro e principalmente na sua utilização no esporte,
em especial utilizando as habilidades motoras globais, seja no atletismo, natação, nos
jogos como futsal, vôlei, basquete ou qualquer outra atividade física.
Para Antunes (2009) muitas pessoas teriam uma melhor aprendizagem e
retenção de informação após passarem por experiências físicas, se utilizando de
processos cinestésicos, aprendendo a tarefa ao executá-las e por meio de
experiências multissensoriais. São através de nossas experiências sensório-motoras
que experimentamos a vida e com esta inteligência que adquirimos conhecimento.
A inteligência verbal linguística de Gardner (1994) se realiza na utilização da
língua para gerar comunicação e expressão, seja através da fala ou da escrita.
Essencial no processo ensino-aprendizagem e na construção dos relacionamentos.
Indivíduos com esta inteligência bem desenvolvida podem, por exemplo, se
destacar em tarefas que exijam as capacidades de ler, escrever, ouvir, convencer,
influenciar, estimular, agradar, transmitir informações, entre outros.
A inteligência lógico-matemática é a habilidade de reconhecer e de chegar a
conclusões baseadas em dados numéricos e na razão lógica das situações. Antunes
(2009) destaca desta inteligência os componentes de cálculo matemático, raciocínio
lógico, resolução de problemas, raciocínio dedutivo e indutivo e discernimento de
padrões.
A inteligência musical é relacionada ao ritmo, e toda a expressão de sons e
linguagens musicais e anda muito paralelamente a inteligência verbal linguística,
especialmente em composições musicais e em suas interpretações através do canto.
Indivíduos com essa competência bem desenvolvida possuem uma sensibilidade
maior para identificar e manifestar melodias, frequências e timbres (GARDNER,1994;
ANTUNES, 2009).
A inteligência espacial representa o potencial de reconhecimento e
manipulação dos padrões do espaço tanto de áreas confinadas quanto abertas, de
formas e leituras de mapas e sua localização geográfica, de imaginar deslocamentos
e perceber formas e objetos (DA SILVA ALMEIDA et al., 2017).
A inteligência naturalista para Gardner (1994) aborda o relacionamento do
indivíduo com o mundo vivo, a sensibilidade com a natureza e a distinção das
espécies. Essa inteligência pode ser encontrada, por exemplo, em biólogos,
jardineiros e pessoas que trabalham no campo.
As inteligências intrapessoal e interpessoal possuem essencial importância
dentro da sociedade, enquanto uma olha para dentro, percebendo suas emoções,
sentimentos, organizando sua forma de pensar e planejando o modo como agir, a
outra olha para o outro, muitas vezes se colocando em seu lugar com empatia,
percebendo as alterações emocionais, sentimentais e motivacionais dos indivíduos a
sua volta. Estas inteligências tratam do entendimento e da sensibilidade ao
autoconhecimento assim como o conhecimento de seu semelhante (DA SILVA
ALMEIDA et al., 2017).
Dentro do contexto de educação, no qual se insere o pressuposto do
desenvolvimento das oito inteligências e a ideia testada e já bastante difundida
mundialmente de considera-las como aspectos relevantes e norteadores nos
processos de ensino-aprendizagem de crianças e adolescentes conforme nos aponta
Gardner et al.(2009) a prática de esportes orientados por profissionais devidamente
qualificados, se mostra uma ferramenta de grande importância para o
desenvolvimento das mesmas, através da pedagogia do esporte e seu ideal de
desenvolvimento global dos indivíduos em idade escolar (GARGANTA, 1998).

2.2 FUTSAL
O futsal é um dos esportes mais praticados no Brasil, se somados ao Futebol
(modalidade da qual é oriunda) somam-se mais de 40 milhões de praticantes segundo
(SEBRAE, 2014). É perceptível que futsal e futebol se misturam no imaginário das
pessoas, especialmente nos das crianças, com a tradição de “jogar bola” sofrendo
influência do grande apelo midiático que estes esportes oferecem somados ao seu
amplo contexto histórico e cultural, principalmente em nosso país.
Conforme relatam Raschka e Costa (2011) assim como outros esportes que
antigamente surgiram somente como atividades lúdicas de lazer, o futebol e
posteriormente também o futsal acompanharam a tendência das sociedades
modernas industriais e se tornaram atividades profissionais, não só para atletas e
técnicos, mas para toda uma gama de profissionais envolvidos no processo. Para
Pinto e Santana (2005) a forte relação afetiva destas modalidades com a sociedade
gera uma grande demanda da prática, principalmente das crianças, em clubes,
escolinhas esportivas e dentro do próprio contexto escolar. Ao analisarmos futsal e
futebol, considerando a crescente urbanização das cidades, neste sentido da prática
o futsal sai na frente pela sua maior facilidade em termos de adequação de espaço e
estrutura quando se comparado ao futebol, assim como no número reduzido de
jogadores e sua dinâmica organizacional mais acessível. O jogo futsal assim como
toda atividade física promove a saúde de quem a pratica, quanto aos benefícios
relacionados diretamente a esta modalidade, podemos destacar o aumento da
capacidade cardiorrespiratória, da força/resistência muscular, da flexibilidade e a
diminuição da gordura corporal (RASCHKA e COSTA, 2011).
O futsal, assim como o esporte em geral, tem como suas principais dimensões
sociais de aplicação o lazer, a performance e a educação (DE ALMEIDA MORENO,
2007). Em nossa pesquisa iremos abordar mais especificamente o futsal como
ferramenta educativa, e para isso adentraremos em seus aspectos mais relevantes a
este cenário.
A prática do jogo futsal consiste em duas equipes com cinco jogadores cada,
sendo que quatro são jogadores de linha e um, o goleiro. O objetivo do jogo de forma
geral está em marcar gols na baliza adversária ao passo que se tenta impedir seus
oponentes de marcar gols na sua própria (RASCHKA e COSTA, 2011).
O jogo acontece em uma quadra retangular com dimensões que oficialmente
tem 20 metros de largura e comprimento de 40 metros que resultam em 800 m² como
regulamenta a Confederação Brasileira de futsal, a CBFS (2021) porém esse
tamanho pode variar um pouco, principalmente quando se trata de quadras que não
são utilizadas para jogos e competições oficiais.
O futsal se enquadra no conceito de jogos esportivos coletivos (JEC) do qual
fazem parte esportes como o voleibol, o basquete e o handebol como nos diz Balbino
(2001) e Teodorescu (1984), se destacam pela atividade cooperativa dentro de uma
mesma equipe que de forma conjunta, busca um objetivo em comum no campo de
jogo.
Além da cooperação, o futsal também tem como aspecto muito importante a
oposição de seus adversários, ao mesmo tempo em que acontece a cooperação de
seus companheiros de equipe, as tantas variáveis, são o que tornam este esporte tão
imprevisível, dinâmico e apaixonante (GRECO E SILVA, 2009).
Greco e Silva (2009) ainda apontam que este confronto acontece em um
mesmo espaço comum, caracterizando-o como esporte de invasão, onde
defensivamente os objetivos são baseados em proteger o alvo, impedir a progressão
adversária e recuperar a posse de bola. Enquanto os objetivos ofensivos são
conservar a posse de bola, progredir em direção ao alvo e finalizar em gol.
No ponto de vista estratégico-tático do jogo para Silva (2018) a organização de
uma equipe busca constantemente a desorganização da outra, com o intuito de
alcançar os objetivos aqui já citados. Tal complexidade envolve todos os elementos
do jogo, como tempo, espaço, companheiros, adversários, bola, balizas. Pensando
nestas interações, podemos perceber uma alta demanda cognitiva de exigência.
Neste sentido, Santana (2006) retrata que enquanto se tem a bola, o seu
portador busca escolher a melhor opção de jogo dentre as muitas possíveis, sejam as
mais simples ou até mesmo as mais inimagináveis, pois o futsal permite uma grande
liberdade de ações a serem realizadas, possibilitando um processo de ensino-
aprendizagem extremamente rico em estímulos à criatividade do praticante.
Esta imensa variável de interações e possíveis ações a serem realizadas,
dependem de algo para norteá-las, e Silva (2018) aponta que a organização de jogo
se busca dentro de regras estabelecidas, e que elas podem ser explícitas, implícitas,
flexíveis ou rígidas e são elas que permitem a ordem em meio a desordem. Podemos
perceber que as regras, tanto as do próprio jogo formal, quanto outras possivelmente
criadas em jogos adaptados, podem inclusive ser extremamente úteis para o
desenvolvimento disciplinar dos alunos.
Para subsidiar toda essa demanda tática e estratégica do jogo, o futsal exige e
desenvolve em seus praticantes, nos momentos de posse de bola ou não, tanto na
fase ofensiva quanto na defensiva, grande coordenação motora, e como argumenta
Scaglia (1996), na iniciação o esporte é um meio de aquisição e ampliação do
vocabulário motor das crianças. Podemos destacar entre as habilidades
desenvolvidas, as locomotoras, como saltar e correr em todas as direções,
estabilizadoras para se equilibrar principalmente nos confrontos de disputa de bola e
em especial as manipulativas, em todo o contato com bola, sejam dos goleiros ou dos
jogadores de linha.
São nas habilidades manipulativas que se encontram os domínios técnicos do
jogo, que podem ser referidos como fundamentos, Scaglia (1996) ressalta que são
nos fundamentos técnicos básicos que se constrói uma base sólida para alicerçar os
aprendizados posteriores do jogo. São considerados como fundamentos básicos do
futsal, o passe, o domínio de bola, a condução, o drible, o chute, o cabeceio e o
desarme.
O mesmo autor destaca também como fundamentos técnicos derivados, ou
seja, que pedem um bom domínio dos fundamentos básicos para sua execução, o
cruzamento, o lançamento, as tabelinhas, as cobranças de falta, de pênalti, lateral e
escanteio.
Scaglia (1996) considera ainda como fundamento, desta vez como fundamento
específico, as posições táticas dos jogadores, que no futsal são: goleiro, fixo, alas e
pivô. Cada posição traz consigo determinadas funções e características próprias, que
através de Carvalho Filho (2017) podemos exemplificar:
O goleiro é a posição que mais se difere das demais, tem como principal função
defender sua baliza além de iniciar a saída de bola, e como características próprias a
agilidade, tempo de reação, deslocamento lateral, força explosiva, liderança e
equilíbrio emocional. Ele é o único jogador que pode tocar os braços na bola, dentro
da sua área, tanto para defender quanto para arremessar com as mãos, quando
recebe um passe de um deus companheiros, só pode utilizar os pés, e somente
poderá receber novo passe após sua equipe ultrapassar a linha de meio da quadra ou
em uma nova posse de bola da equipe.
O fixo é o jogador mais defensivo da equipe, deve ser bom na marcação,
impedir a finalização dos adversários, ter bom desarme e sentido de cobertura, além
de ter bom passe e visão de jogo.
Os alas costumam ser os jogadores mais velozes da equipe, são os principais
responsáveis pela construção ofensiva da equipe, e devem ter muita qualidade nos
fundamentos de drible e finalização, além de boa recuperação e sentido de cobertura.
O pivô é o principal responsável pelas finalizações e pelas distribuições para
finalizações dos outros jogadores, ele precisa ter boa recepção e saber jogar de costas
para o gol, saber proteger a bola e girar para os dois lados para finalizar. Ele pode ser
um pivô forte de referência ou um pivô de velocidade.
Estas características apesar de serem as mais marcantes e procuradas para
cada posição, podem variar muito entre as equipes e cada jogador e para Carvalho
Filho (2017) cabe aos treinadores desenvolverem a melhor forma de jogar
coletivamente com as características individuais de cada jogador.

2.3 MÉTODOS DE TREINAMENTO


Para modelarem suas equipes, e aprimorarem o desenvolvimento técnico,
tático, físico e psicológico de seus jogadores, Greco e Silva (2009) nos mostram que
tanto os treinadores de equipes de alto rendimento quanto os professores da iniciação
lançam mão de métodos que são aplicados com diferentes objetivos, e de diferentes
formas conforme as fases de desenvolvimento e nível de especialização, nos quais
estão inseridos.
Carvalho Filho (2017) destaca que atualmente são dois os métodos de ensino
que direcionam os treinamentos do futsal, o analítico-sintético e o global-funcional.
Estes métodos são antagônicos, porém também podem ser utilizados de forma
complementar um ao outro, aproveitando o que cada princípio tem a oferecer de
melhor, formando um método misto.
No método analítico-sintético Carvalho Filho (2017) explica que todo o processo
é pautado nos movimentos técnicos como passe, domínio e chute visando através da
repetição à aprendizagem e o aperfeiçoamento do gesto motor do aluno.
Para Coutinho e Silva (2009) este método prioriza o ensino fragmentado,
dividindo o jogo em partes, ensinando cada elemento do jogo separadamente, para
depois sintetizar todos estes elementos, até chegar ao jogo formal.
Garganta (1998) alertou que esta forma mais tradicional de treinamento, de
certa forma mecanizam muito os jogadores, que ao privilegiarem as ações motoras
relegavam o desenvolvimento do jogo. Podemos refletir que de certa forma como o
próprio autor também observa, este método também é de grande valia, porém ao ser
realizado, especialmente na iniciação, Carvalho Filho (2017) identifica que deve ser
introduzido aos treinamentos de forma lúdica, em meio a brincadeiras e desafios.
Quanto ao modelo global-funcional Carvalho Filho (2017) aponta que este
modelo aborda mais aspectos do jogo, sendo efetivado através de mini jogos, jogos
recreativos e jogos adaptados, onde se podem inserir novas regras à medida que os
alunos vão se desenvolvendo progressivamente durante uma mesma atividade, Greco
e Silva (2009) traz a ideia de que desta forma o treinamento ganha em motivação
facilitando o processo de ensino-aprendizagem, uma vez que atende ao desejo dos
alunos do jogar.
Para Andrade (2017) o método global, que é a forma que mais se aproxima do
jogo real, onde se pode modelar as atividades para melhor atender todos os alunos,
privilegia o desenvolvimento cognitivo do jogador, dentro de um processo onde ele
identifica a situação, (percepção e antecipação) resgata na memória possíveis
soluções, utiliza a criatividade para melhor adequar a situação ao seu acervo de
respostas e enfim temos a tomada de decisão que desencadeia a ação motora
escolhida.
Todo este processo se passa em segundos ou ainda em uma fração de
segundo, e o mesmo autor completa que o futsal é um esporte extremamente
dinâmico, e que devemos como professores/treinadores estimular a decisão dos
jogadores/ alunos para que melhor se desenvolva a sua inteligência através das
experiências de situações que iremos lhes proporcionar.

2.4 ESPECIALIZAÇÃO PRECOCE


Para muitos autores como Scaglia (1996), Balbino (2001), Greco e Silva (2009)
e De Oliveira e Paes (2004) um fator do qual se deve combater na iniciação do futsal
e nos jogos esportivos coletivos, é especialização precoce, que acontece quando os
professores buscam muito mais as vitórias nos jogos e o desempenho de seus alunos
do que a prática pautada na educação e no desenvolvimento da criança de forma
global.
Os mesmos autores criticam os métodos de treino e cargas muitas vezes
copiadas de jogadores adultos e profissionais onde o objetivo é pautado no alto
desempenho, onde toda estrutura física, psicológica, motora e cognitiva já estão mais
preparadas para esta demanda, diferentemente das crianças que são expostas
precocemente a estas experiências, que podem ser prejudiciais ao ponto de resultar
no abandono da prática, por exemplo.
Eles ainda destacam também a importância de serem respeitadas as fases de
maturação, estágios de crescimento e desenvolvimento, trabalhando de forma
adequada cada faixa etária, estimulando os processos físicos e cognitivos pertinentes
as suas respectivas individualidades.
Podemos refletir ainda sobre a forma como muitos pais e professores cobram
demasiadamente os pequenos “atletas” e como se portam negativamente, sobretudo
em competições, transformando experiências que deveriam ser positivas e
agregadoras ao desenvolvimento das crianças, em possíveis situações traumáticas.
Balbino (2001) aponta que a primeira função da atividade física, e do esporte
de modo geral, na infância é fazê-las gostar da prática e levar um hábito saudável
para toda a vida. Podemos perceber que professores que visam primeiramente
conquistas e colocam a prática do esporte com um fim nele mesmo, caminham na
direção contrária a esta lógica.
A indagação que surge é como poderíamos explorar de maneira mais assertiva
o esporte futsal, como ferramenta de amplo desenvolvimento na infância e
adolescência, através do ensino-aprendizagem de seus elementos? Diante das
características pesquisadas da modalidade iremos abordar no próximo capítulo do
presente trabalho, como a teoria das (IM) pode nortear nossa busca por uma
intervenção cada vez mais qualificada.

2.5 A POTENCIALIZAÇÃO DA FERRAMENTA FUTSAL


Segundo Paes (2006) independentemente da motivação do praticante, o
esporte será sempre por natureza, educacional. Esta ideia apesar de logicamente ser
verdade, pois aquele que pratica de certa forma aprende algo, é um pensamento que
intriga, pois o que ele aprende? E talvez até, restrinja a ferramenta àquilo que nós
queremos que ela seja.
Para Montagner (1993, p.57) “O esporte não é educativo à priori. É preciso
torna-lo um meio de educação”, este pensamento nos revela a responsabilidade que
os profissionais de educação física carregam em especial os professores da iniciação
e formação de crianças e jovens, onde se tem a oportunidade de oferecer a prática
não só como um fim nela mesmo, o que certamente também já permite benefícios
inegáveis, mas de se aprofundar e de fato promover alicerces para o crescimento e
desenvolvimento destes indivíduos de uma forma muito mais ampla.
Tanto professores, quanto instituições, para Scaglia (1996) devem se
preocupar em realizar uma prática pedagógica em que priorize o desenvolvimento
global de seus alunos, e não a formação de atletas, falando diretamente das
escolinhas esportivas, o autor revela que as mesmas, através de suas metodologias
devem contemplar os aspectos sociais, intelectuais, motores, educacionais e
esportivos, além de compreender os alunos como ser total, humano e ensinar mais
do que um esporte, mas permeá-lo plantando habilidades, conhecimentos e valores
que o indivíduo possa transferir para a sua vida.
Para Gardner et al. (1994,2009) cada indivíduo possui potencial para todos os
tipos de inteligência, e o que realmente determina o desenvolvimento de determinadas
características mais do que outras, são as experiências em que ele vive assim como
o ambiente em que se está inserido e suas relações.
O futsal como (JEC) de invasão e de habilidades abertas, para Hebert e Dos
Santos (2010) proporciona um ambiente extremamente rico em experiências para o
desenvolvimento do processo cognitivo dos praticantes. Neste sentido vemos se abrir
amplas possibilidades de intervenção no sentido de se potencializar o jogo em seu
processo educacional.
Já Balbino (2001), destaca que a iniciação e a formação esportiva são
essencialmente educativas e propõe a busca por uma metodologia de ensino-
aprendizagem que contemple os aspectos do desenvolvimento das (IM), onde os
alunos possam ser estimulados de forma a se manifestar e desenvolver estas
inteligências, se utilizando de um “desenvolvimento de características internas na
resolução de problemas de diferentes estruturas, criando consistentes metáforas para
a Vida” (BALBINO, 2001 p.7).
A qualidade dos estímulos propostos pelo professor é de fundamental
importância para que seja efetivo, através de jogos, exercícios, dinâmicas e
competições, observando essencialmente o fator motivação para melhor aceitação e
assimilação das atividades (BALBINO, 2001).
No mesmo sentido Altenhofen e Salvini (2019) incentivam o bom planejamento
e a atuação do professor como intermediador do conteúdo, aplicando métodos,
estratégias e utilizando instrumentos do jogo para alcançar o objetivo de proporcionar
estímulos as 8 inteligências.
[...] é de nossa competência provocar não somente a manifestação dessas
inteligências, como de provocar seu desenvolvimento, por meio de estímulos
adequados em ambientes educativos, no nosso caso o ambiente de iniciação
e formação esportiva. (BALBINO, 2001 p.7)

Estudos realizados na área comprovam a efetividade da utilização de jogos,


bem como esportes e exercícios físicos estruturados dentro da esfera da Educação
Física para o desenvolvimento cognitivo dos alunos. Moreno et al. (2007) analisaram
a ligação entre os esportes coletivos e individuais com as (IM), através de uma
intervenção com um grupo de alunos entre 10 e 12 anos. Foram observados e
identificados os tipos de inteligências menos desenvolvidas pelos alunos e através de
jogos com objetivos voltados para essas determinadas inteligências foi possível a
coleta de dados que revelaram uma evolução significativa das inteligências
abordadas.
Altenhofen e Salvini (2019) em pesquisa de campo com alunos de 10 a 11
anos, onde foram observados criteriosamente elementos como: tipo e tempo de
duração de cada atividade, objetivos da aula, materiais utilizados além das interações
e comportamentos entre os alunos e com o professor, entre outros elementos.
A conclusão e os resultados alcançados pelas autoras mostraram, não somente
que é possível estimular as 8 inteligências através do esporte, mas ainda quais os
tipos de inteligência que mais estavam sendo priorizados nas aulas observadas, assim
como as que estavam sendo menos estimuladas.
Na Turquia, Ermis et al. (2013) realizaram uma pesquisa na universidade,
buscando o efeito da prática de esportes nas (IM), e foi descoberto que praticar
esportes regularmente tem um efeito positivo direto na inteligência verbal, interpessoal
e corporal cinestésica, e concluíram que os alunos praticantes regulares de atividades
físicas possuíam estas inteligências mais desenvolvidas diante dos que não eram
praticantes.
Em outra pesquisa de campo, Cengiz e Pulur (2008) avaliaram o efeito do
treinamento de futebol nas (IM) de alunos de 8 a 10 anos e após 12 semanas de
treinamentos, descobriram um avanço positivo no desenvolvimento das inteligências
corporal cinestésica e musical (apud MURAT, 2015, p.04). O mesmo autor ainda
indica que outras pesquisas já realizadas neste mesmo sentido mostram a influência
do treinamento de outros esportes no desenvolvimento das (IM), em especial das
Inteligências interpessoal e intrapessoal, além logicamente da Inteligência corporal
cinestésica.
Murat (2015) apresenta ainda um estudo onde mostra um impacto significativo
na participação esportiva de meninas no high school sobre o desenvolvimento das
(IM), sobretudo na inteligência verbal / linguística, corporal / cinestésica e interpessoal
das alunas.
É senso comum que uma parcela extremamente pequena dos jovens que
sonham em ser jogadores, chegam de fato a se tornarem atletas profissionais. Se a
meta for alcançar somente a eles, pode-se dizer que estaríamos então, no mínimo
desperdiçando uma grande oportunidade de impactar de forma mais significativa a
maioria esmagadora dos alunos. Neste sentido devemos explorar todas as
possibilidades que o esporte nos permite desenvolver para impactar a vida de cada
indivíduo através de um desenvolvimento integral.

2.6 EXPLORANDO AS OITO INTELIGÊNCIAS NA PRÁTICA


A Inteligência mais diretamente relacionada ao esporte, e mais especificamente
ao futsal, para Villis, et al. (2004) é sem dúvida a corporal cinestésica. Quando
exploramos no futsal este potencial dos alunos, desenvolvemos as capacidades
físicas de agilidade, equilíbrio, potência, velocidade, resistência, força, flexibilidade e
especialmente a coordenação motora, incluindo toda a parte cognitiva e neuro motora
que envolve o movimento.
Esta capacidade de resolver problemas utilizando o corpo, criando movimentos
para alcançar seus objetivos, manipulando a bola, além de ser fortemente
desenvolvida dentro do futsal, é ponto fundamental quando se pensa nesta
abordagem, pois promove a interação com as demais inteligências através dos
desafios propostos no ambiente de treinamento (BALBINO, 2001).
O ensino-aprendizagem do futsal tem esse potencial de através da inteligência
corporal cinestésica, conectar todas as outras inteligências, Balbino (2001) e Antunes
(2009) propõem de maneira exemplificada algumas situações, conceitos e maneiras
de interações onde se possam explorar o estímulo a determinados tipos de
Inteligências. A fim de nortear uma pedagogia do esporte no futsal que busque
desenvolver as (IM) das crianças e adolescentes, iremos aborda-las na sequência.
Ao explorar a Inteligência lógica matemática Balbino (2001) orienta a
demonstração de desenhos táticos a partir de formas geométricas, com movimentos
e ações ofensivas para superar estratégias defensivas específicas e vice-versa.
Juntamente com a demonstração de como determinadas ações táticas e/ou técnicas
tem a probabilidade de gerar consequências lógicas no jogo, e para um melhor
entendimento recomenda a apresentação de gráficos.
Antunes (2009) apresenta a ideia de Formulação, que no futsal podem ser
utilizados na comunicação de jogadas combinadas, e ainda a produção de reflexões
acerca das medidas e padrões físicos além de suas exceções, assim como as
avaliações físicas registradas dentro da modalidade e desafios associados ao jogo,
como o de calcular a velocidade dos jogadores e da bola.
Balbino (2001) propõe o desenvolvimento de exercícios que utilizem cálculos
matemáticos simples e rápidos para definição da ação desejada, e/ou a ser
respondido de forma verbal, ao professor, para liberar a ação seguinte. E a
oportunização aos alunos da coleta de dados estatísticos simples dos próprios jogos
e a interpretação desses dados, possivelmente através de médias e porcentagens.
Para a inteligência Espacial Balbino (2001) cita atividades que objetivem o
fechamento de espaços através das movimentações dos alunos para impedir linhas
de passe, e/ou a movimentação em busca de encontrar esses espaços, estimulando
o entendimento das movimentações e suas consequências, além de exercícios em
que os participantes possam executar movimentos de olhos vendados, através da
orientação dos colegas, criando percepção espacial.
Antunes (2009) ainda explora a criação de painéis com recursos visuais, que
permita a possibilidade de um espaço para resumos visuais das atividades
desenvolvidas, bem como objetivos a serem alcançados pelo grupo e seu
desenvolvimento onde possam ser realizadas constantes reavaliações.
Balbino (2001) projeta como positiva a diversidade visual através das cores e
objetos dando significados e objetivos diferentes conforme a necessidade das
atividades, produzindo circuitos com a participação dos alunos que indicarão, dentro
do espaço da quadra, a disposição de cada exercício na atividade e/ou realizar
analogia com uma cidade e seu tráfego.
No desenvolvimento a inteligência verbal-linguística pode-se destacar para
Matias e Greco (2010) o estímulo ao conhecimento tático declarativo, solicitando aos
alunos a explicação do que fazer, e porque fazer em determinadas situações de jogo.
Esta inteligência responsável pela comunicação é ativada através da fala, audição,
escrita, leitura e outros possíveis códigos e quaisquer atividades que interajam com o
grupo, neste sentido, e que promovam debates e discussões podem ser utilizadas
com este intuito.
Balbino (2001) indica ainda o relato de histórias e experiências esportivas, a
realização de dinâmicas, relatórios e diários a serem desenvolvidos pelos alunos,
descrevendo as atividades executadas, assim como a reflexão do que pode ser
melhorado. Antunes (2009) aponta a realização de entrevistas preparadas e
realizadas pelos alunos, a atletas, ex-atletas e profissionais da área médica também
podem ser muito proveitosas, além do incentivo à leitura pertinente a área esportiva.
A inteligência musical para Balbino (2001) pode ser muito bem utilizada de
forma a identificar e despertar diferentes intensidades físicas, ritmos e emoções para
diferentes exercícios, incentivando aos alunos esta percepção e identificação,
podendo-se pré-definir padrões de movimentos e práticas pré-estabelecidas na
associação a músicas diferentes. Uma boa forma de interação com o grupo também
se dá com a possibilidade de participação dos mesmos na escolha das músicas.
A inteligência Intrapessoal é habilidade fundamental a ser trabalhada, Costa
(2012) aponta como fatores importantes serem utilizados no processo de ensino-
aprendizagem a realização de atividades que possibilitem a discussão e reflexão do
que se vivenciou e como se sentiu, ouvir ideias e observações dos colegas além de
escrever diários pessoais.
Antunes (2009) e Balbino (2001) apontam a valorização do indivíduo e seu
empenho, estimulando a identificação de qualidades e gerando autoestima,
ressignificando os insucessos como parte do processo da formação, criando uma
atmosfera afetiva e protetora, promovendo envolvimento contínuo do indivíduo com
líderes que ajudem seus colegas no processo e nutrindo a percepção de identidade.
Balbino (2001) propõe ainda o estabelecimento de objetivos de curto prazo,
desafiadores, estimulantes e motivadores em direção aos de longo prazo, promover
reflexões sobre as emoções no esporte e como elas influenciam o ambiente,
estimulando comportamentos compatíveis com um bom desenvolvimento, como
curiosidade e formação intelectual, estabelecimento de objetivos e resolução de
problemas.
A inteligência Interpessoal estimulada no futsal, para Balbino (2001) deve ser
explorada de forma positiva, na iniciação e formação esportiva, onde os indivíduos
sintam que fazem parte de um todo maior, com grupos onde seja desenvolvida a
capacidade de enxergar o outro e perceber suas distinções nos aspectos de estado
de ânimo, suas motivações, intenções, perspectivas diferentes e temperamentos, que
possam buscar a compreensão de onde começa e onde termina os deveres e os
direitos de cada indivíduo quanto cidadão.
Deve-se abordar temas como a hierarquia, a compreensão como o outro,
sentido de comunidade, cooperação e confrontos. A partir de estratégias que levam
os alunos a vivenciarem estes estímulos, através de atividades como o
compartilhamento de reflexões acerca das atividades, tarefas em equipe, divisão de
grupos estabelecendo, alternadamente, líderes para tarefas, e a reflexão de como
uma atitude pode afetar o ambiente em que se atua (ANTUNES, 2010; BALBINO,
2001).
Com o intuito da estimulação a inteligência naturalista, o professor pode lançar
mão de tarefas que instiguem a curiosidade a respeito dos elementos do ambiente,
desde a origem dos materiais utilizados e suas relações com o local em que estão
inseridos até o próprio organismo dos indivíduos e seu funcionamento e respostas
mediante as práticas das atividades esportivas, organizando aulas que abordem
temas sobre saúde em linguagem acessível conforme a faixa etária dos grupos
(ANTUNES, 2010; BALBINO, 2001).
Outras possibilidades indicadas por Balbino (2001) são as de realizar
comparações e metáforas relacionando o desempenho motor dos alunos com os de
animais, assim como o crescimento e desenvolvimento de cada um ao de plantas e
seus cuidados necessários, neste caso pode-se até introduzir ao ambiente de
treinamento uma planta onde os alunos ficariam responsáveis.
O professor também pode incluir em seus planos de aula, jogos e treinamentos
que explorem as relações do corpo com o ambiente, organizando jogos e atividades
em diferentes espaços e ambientes, explorando sensações e sentidos fazendo
comparações com o ambiente de prática original.
Os níveis de dificuldade dos exemplos citados para cada inteligência, sempre
devem ser trabalhados observando as especificidades etárias e os estágios de
desenvolvimento cognitivo dos grupos de alunos. Os autores também sugerem
constantes avaliações das aplicações, que gerem atualizações e novas ideias que
possam ser exploradas adicionando e/ou substituindo as já constituídas (ANTUNES,
2010; BALBINO, 2001).
Gardner et al. (2009) aponta que as inteligências se ligam umas às outras e
ressalta que na mesma estrutura de atividade, é possível provocar e estimular várias
inteligências ao mesmo tempo, enriquecendo ainda mais o processo de ensino-
aprendizagem a ser explorado.

3. METODOLOGIA
A metodologia aplicada no presente estudo foi uma pesquisa bibliográfica
buscando referências nos âmbitos do futsal, das (IM), da aprendizagem e do
desenvolvimento. Sendo coletados dados em artigos, teses, dissertações e outras
publicações, utilizando ferramentas de pesquisa como o Google acadêmico, Scientific
Eletronic Library Online (SciELO), Minha Biblioteca Integrada (Uninter) e palavras-
chave como: esporte, futsal, inteligências múltiplas, cognição, aprendizagem e
desenvolvimento. Foi adotado como critério a abordagem qualitativa na busca por
trabalhos atuais e relevantes de autores prioritariamente reconhecidos que
agregassem valor ao presente artigo (FONTENELLE, 2017).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os estudos aqui apresentados sintetizam a máxima importância da evolução
do processo educacional, e o esporte, em especial a modalidade futsal diante de toda
a riqueza afetiva e cultural do “jogar bola”, se revela como importante ferramenta e
forte aliado neste objetivo de desenvolvimento da criança e do adolescente.
Como a própria pesquisa apontou a atuação do profissional de educação física,
como agente pedagógico transformador que estimula todos os aspectos de
desenvolvimento dos seus alunos, pode sim proporcionar o desenvolvimento de todas
as inteligências através desta ferramenta tão poderosa, que é o futsal.
As (IM) como conceito educacional, tem se espalhado pelo mundo, e seu
desenvolvimento mostrado resultados positivos, novos estudos precisam, de fato,
serem realizados, afim de melhor aferir os impactos do ensino – aprendizagem do
futsal ao desenvolvimento de cada inteligência e assim serem criados instrumentos
que possam melhor direcionar o professor.
Acredito intimamente, que a ação pedagógica transcende ao método, e que a
profissão professor, exija flexibilidade além do preparo técnico, pois quando
trabalhamos com crianças e jovens, lidamos com o desenvolvimento, e esse parece
não acontecer de forma segmentada no indivíduo, mais de forma global.
Existem inúmeras maneiras de se aprender, e essas devem ser
disponibilizadas da melhor forma aos alunos, para proporcionar o melhor e mais amplo
desenvolvimento possível, produzindo autoestima, valores e estimulando habilidades.
Com isso, há a necessidade de grande preparo profissional, para utilizar as
ferramentas necessárias para que cada criança e cada jovem descubram e busquem
seus próprios caminhos, essa deve ser a missão de cada professor.

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