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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA - CCET


INSTITUTO DE QUÍMICA - IQ
FÍSICO QUÍMICA EXPERIMENTAL – QUI0632
Docente: Davi Serradella Vieira

Criometria e Ebulioscopia

Carlos Ranieri Costa Batista


Samir Pegado Gomes

NATAL/RN
2021
Sumário

1.0 Introdução 3

2.0 Objetivo 5

3.0 Materiais 5

4.0 Procedimento experimental 6


4.1 Parte A: Crioscopia 6
4.2 Parte B: Ebulioscopia 6

5.0 Resultados e discussões 7


5.1 Crioscopia 7
5.2 Ebulioscopia 9

6.0 Referências 12
1.0 Introdução

Ao observar o ponto de fusão e de ebulição da água tem-se valores em torno de 0 °C


e 100 °C, respectivamente, porém ao adicionar soluto a essa substância esses valores de
temperatura vão sendo modificados, distanciando-se cada vez mais a medida que se adiciona
mais soluto a solução, cujo solvente é a água. Esse comportamento é comum para qualquer
sistema independente do solvente e para solutos não voláteis, sendo denominado de
propriedades coligativas que depende exclusivamente do número de partículas e não da
natureza das partículas.
A criometria é a propriedade coligativa que está relacionada ao abaixamento da
temperatura de fusão da solução à medida que vai sendo adicionado o soluto, já a
ebulioscopia está relacionada ao aumento da temperatura de ebulição da solução ao adicionar
soluto. Esses efeitos são explicados em função do potencial químico que diminui à medida
que o soluto vai sendo adicionado ao solvente, sendo que o potencial passa de μ*1, quando o
líquido está puro, para μ*1 + RTlnx1, quando se trata da solução (lnx1 é negativo, pois x1 é
menos que 1).

Equação 1: μ1 = μ*1 + RTlnx1

A Figura 1, apresentada logo a seguir, mostra a redução do potencial químico do


solvente. Nesta imagem pode-se notar que o equilíbrio líquido-vapor ocorrerá em
temperaturas maiores, ou seja, o ponto de ebulição do solvente se eleva, e que o equilíbrio
sólido-líquido ocorrerá em temperaturas menores, em que o ponto de congelamento do
solvente fica menor.
Pela Figura 1 percebe-se que o abaixamento do potencial químico tem efeito maior
sobre o ponto de congelamento do que sobre o ponto de ebulição quando se analisa os
ângulos de interseção das retas.

Figura 1: Potencial químico de um solvente na presença de um soluto em dependência da


temperatura.

Fonte: Atkins, 2012.


Quando o solvente está passando do estado líquido para o sólido, o que é chamado de
solidificação ou fusão, as moléculas do solvente vão formando estruturas organizadas de
moléculas no estado sólido, porém quando se adiciona soluto ao solvente, o soluto interage
com as moléculas do solvente impedindo essa organização de congelamento, assim, para que
o processo de fusão seja efetuado é necessário que o sistema perca uma maior quantidade de
energia, fazendo com que a solução congele numa temperatura maior do que a do seu
solvente puro. Esse abaixamento é proporcional à concentração das partículas dissolvidas e
dado pela equação 2:

Equação 2: ∆Tc = Kc . m

∆Tc- Abaixamento da temperatura de congelamento


Kc- Constante crioscópica específica do solvente
m- Molalidade da solução

Se conhecida a constante crioscópica do solvente, o abaixamento crioscópico pode ser


usado para medir a massa molar do soluto. Quando analisamos a ebulioscopia, percebe-se
que esse efeito acontece devido às interações, entre o soluto e o solvente, acabar diminuindo
a pressão de favor do solvente, isso porque as moléculas do solvente estão mais presas ao
sistema por estarem interagindo com o soluto, assim a pressão de vapor diminui, como as
substâncias passam para o estado gasoso quando a pressão de vapor se iguala a pressão
externa, com a diminuição da pressão da solução o líquido irá se evaporar em uma maior
temperatura, que será necessária para então obter pressões devidamente iguais. Essa elevação
é proporcional à concentração das partículas dissolvidas e dado pela equação 3:

Equação 3: ∆Te = Ke . m

∆Te- Aumento da temperatura de ebulição


Ke- Constante ebulioscópica específica do solvente
m- Molalidade da solução

2.0 Objetivo

Determinar a massa molecular de um soluto não volátil, previamente conhecido-


glicose- através do abaixamento da temperatura de fusão e elevação do ponto de ebulição de
uma mistura e comparar os dois métodos.
3.0 Materiais

● Cronômetro
● 3 Termômetros
● 1 béquer de 1000 mL para banho de gelo com sal
● 2 béquer de 250 mL
● 1 tubo de ensaio de diâmetro largo
● glicose
● água destilada
● 1 pipeta volumétrica de 20 mL
● gelo picado grosseiramente
● 2 vidros de relógio
● Chapa aquecedora

4.0 Procedimento experimental

4.1 Parte A: Crioscopia

• Foi pipetado 20 mL de água destilada (solvente puro) e transferido para o tubo de ensaio,
estando este dentro do banho de gelo com sal;
• Para controle da variação de temperatura foi colocado o termômetro no interior do tubo de
ensaio, juntamente com o solvente puro;
• Sob agitação lenta, foram feitas leituras de temperatura a cada 30 segundos, até o momento
do congelamento (estabilização da temperatura);
• Então foi retirado o tubo de ensaio que contém o solvente puro do banho de gelo com sal e
colocado em um copo de béquer contendo água à temperatura ambiente;
• Depois foi adicionado 2 g de glicose e colocado o tubo no banho com gelo, efetuando
leituras de temperatura a cada 30 segundos, sob agitação lenta, até o momento do
congelamento;
• Novamente foi retirado o tubo do banho de gelo com sal e colocado no béquer com água à
temperatura ambiente, adicionando mais 2 g de glicose e repetindo o procedimento anterior.

Nesse procedimento o banho de água, sal e gelo foi feito com todo cuidado, pois ele deve ser
bem feito para o sucesso do experimento.

4.2 Parte B: Ebulioscopia

• Foi pipetado 20 mL de água destilada (solvente puro) e transferido para um béquer e o


colocado sobre uma chapa aquecedora a 100-110 °C;
• Para controle da variação de temperatura, foi colocado o termômetro no interior do béquer,
juntamente com o solvente puro;
• Sob agitação lenta, foram feitas leituras de temperatura a cada 30 segundos, até o momento
do início da ebulição do líquido (quando a água estivesse fervendo). A água deve estar a 100
°C para o início da ebulição;
• Foi adicionado 2 g de glicose no béquer contendo o solvente e o colocado sobre uma chapa
aquecedora inicialmente a 100-120 °C, efetuando leituras de temperatura a cada 30 segundos
sob agitação lenta. Aumentando a temperatura gradativamente (5°C por vez) e continuando a
fazer a leitura da temperatura a cada intervalo de tempo até o momento do início da ebulição
(fervura da solução);
• Novamente foi retirado o béquer com a solução e colocada à temperatura ambiente, em
seguida, adicionado mais 2 g de glicose e repetindo o procedimento anterior.

Para o procedimento houve um rigoroso controle correto da temperatura (aumento gradativo)


a fim de alcançar o sucesso do experimento.

5.0 Resultados e discussões

5.1 Crioscopia

Na Tabela 1, que se encontra a seguir, está expresso as temperaturas da solução pura,


solução 1 e solução 2 medidas em intervalos de trinta segundos. Na segunda coluna, no
tempo de 120 segundos percebe-se que houve a estabilização da temperatura em 0°C, assim,
sendo essa temperatura de fusão da solução, ou seja, da passagem do estado líquido para o
gasoso, que nada mais é do que a temperatura de congelamento do solvente.
Já na solução 1, contendo 2g glicose dissolvida em água, foi observado que a partir
dos 90 segundos a temperatura se estabilizou em -1ºC assim chegando ao ponto de
congelamento, ponto de fusão, que é menor do que o ponto de congelamento do solvente
puro. Aumentada a massa do soluto para 4g de glicose, percebeu-se que a temperatura se
estabilizou em -2ºC no intervalo de tempo de 240 segundos, assim, sendo esse o valor da
temperatura de congelamento da água para essa massa de soluto.

Para cada intervalo de tempo de 30 segundos foi anotado a temperatura das três
soluções e esta relação se encontra na Tabela 1 abaixo.
Tabela 1: Temperatura obtida da parte A: Crioscopia
Solução 1 Solução 2
Solução Pura M Soluto adicionada: 2,0278 g M Soluto adicionada: 2,0057 g
M Soluto total: 2,0278 g M Soluto total: 4,0335 g
Tempo (s) Temperatura (Cº) Tempo (s) Temperatura (Cº) Tempo (s) Temperatura (Cº)
0s 25º C 0s 25º C 0s 25 º C
30 s 12º C 30 s 5º C 30 s 13º C
60 s 6º C 60 s 1º C 60 s 10º C
90 s 2º C 90 s -1º C 90 s 7º C
120 s 0º C* 120 s -1º C 120 s 2º C
150 s 0º C 150 s -1º C 150 s -1º C
180 s 0º C 180 s -1º C * 180 s -1º C
210 s 0º C 210 s -1º C 210 s -2º C*
240 s 0º C 240 s -1º C 240 s -2º C
Fonte: Arquivo pessoal.

A seguir se encontra uma sequência de gráficos (Gráfico 1, Gráfico 2 e Gráfico 3), os


quais mostram a temperatura de congelamento das três soluções trabalhadas nesse
experimento.
O gráfico 1 representa as temperaturas para cada tempo observado, e por fim
mostrando a temperatura de congelamento para o solvente puro que é de 0 °c. Percebe-se
nesse gráfico também que com o passar do tempo a temperatura vai diminuindo, o que é
representado pela decaimento da curva.

Fonte: Arquivo pessoal.


No gráfico 2 a seguir é apresentado as temperaturas para os intervalos observados, em
que há um decaimento da temperatura com o passar do tempo e isso é representado pelo
decaimento da curva. Nele, podemos perceber que o ponto de congelamento da solução 1 que
contém 2 gramas de glicose é de -1°C.
Fonte: Arquivo pessoal.

Na gráfico 3 abaixo tem-se a mesma representação mas agora para a solução que
contém 4 gramas de glicose dissolvida em água. Neste gráfico podemos perceber que a curva
decresce e se estabiliza em -2ºC, o ponto de congelamento da solução contendo 4 gramas de
soluto.

Fonte: Arquivo pessoal.

Por fim, no gráfico 4 que se encontra a seguir, são representadas as três curvas que
relacionam a temperatura de congelamento com o tempo para as três soluções. Nele, está
expresso a estabilização da temperatura para os três casos, ou seja, a temperatura de
congelamento.
Fonte: Arquivo pessoal.

5.2 Ebulioscopia

Na tabela 2 que se encontra a seguir tem-se as temperaturas definidas para cada


intervalo de tempo observado. Com o passar do tempo a temperatura vai aumentando até se
estabilizar, quando isso acontece tem-se definido a temperatura de ebulição do líquido. Tabela
2 mostra a estabilização da temperatura para a solução pura, solução 1 e solução 2, assim,
mostrando essa propriedade coligativas presente no solvente quando se adiciona massa de
soluto.
Nessa tabela, podemos perceber que no tempo de 240 segundos houve o processo de
ebulição do solvente puro, assim sendo definido como sua temperatura de ebulição em 95 º C.
No tempo de 300 segundos houve a ebulição da solução 1 na temperatura de 97,5 º C e no
tempo de 360 segundos houve a ebulição da solução 2 na temperatura de 98 º C.
Tabela 2: Temperatura obtida da parte B: Ebulioscopia

Solução 1 Solução 2
Solução Pura M Soluto adicionada: 2,0105 g M Soluto adicionada: 2,0052 g
M Soluto total: 2,0105 g M Soluto total: 4,0157 g
Tempo (s) Temperatura (Cº) Tempo (s) Temperatura (Cº) T empo (s) Temperatura (Cº)
0s 25º C 0s 25º C 0s 25º C
30 s 30º C 30 s 32º C 30 s 30º C
60 s 46º C 60 s 39º C 60 s 42º C
90 s 55º C 90 s 51º C 90 s 60º C
120 s 67º C 120 s 63º C 120 s 71º C
150 s 77º C 150 s 75º C 150 s 87º C
180 s 84º C 180 s 84º C 180 s 95º C
210 s 92º C 210 s 90º C 210 s 97º C
240 s 95º C* 240 s 95º C 240 s 97,5º C
270 s 96º C 270 s 96º C 270 s 98º C
300 s 97º C 300 s 97,5º C* 300 s 98º C
330 s 97º C 330 s 98º C 330 s 98º C
360 s 98º C 360 s 98º C 360 s 98º C*
390 s 98º C 390 s 98º C 390 s 98,5º C
420 s 99º C 420 s 98,5º C 420 s 98,5º C
Fonte: Arquivo pessoal.

No gráfico 5 que se encontra a seguir é mostrado a curva que relaciona o tempo e


temperatura, nota-se que a curva parte de um valor baixo para um valor alto, ou seja, é
crescente, mostrando a elevação da temperatura ao longo do tempo, até atingir o ponto de
ebulição da solução pura que é de 95 º C
Fonte: Arquivo pessoal.

No gráfico 6 é mostrado a curva relacionando o de tempo em função da temperatura,


nota-se que a curva parte de um valor baixo para um valor alto, ou seja, é crescente,
mostrando a elevação da temperatura ao longo do tempo, até atingir o ponto de ebulição da
solução 1 que é de 97,5 º C

Fonte: Arquivo pessoal.

No gráfico 7 é mostrado a curva relacionando o de tempo em função da temperatura,


nota-se que a curva parte de um valor baixo para um valor alto, ou seja, é crescente,
mostrando a elevação da temperatura ao longo do tempo, até atingir o ponto de ebulição da
solução 2 que é de 98 º C
Fonte: Arquivo pessoal.

No gráfico 8 a seguir, há a representação de todas as curvas que exemplificam a


propriedade coligativa da ebulioscopia para a solução pura, solução 1 e solução 2. Nele
podemos comparar os pontos de ebulição para os sistemas estudados.

Fonte: Arquivo pessoal.


5.3 Cálculos envolvidos:
● Cálculo do abaixamento de temperatura de fusão:
ΔTc = Tc - T’c
Tc: Ponto de congelamento do solvente puro em K;
T’c: Ponto de início de congelamento do solvente na solução em K.

ΔTc = 273,15K - 271,15K = 2K

● Cálculo da elevação da temperatura de ebulição:


ΔTe = T’e - Te
T’e: Ponto de ebulição do solvente em solução em K;
Te: Ponto de ebulição do solvente puro em K.

ΔTe = 368,15K - 371,15K = 3K

● Cálculo da massa molar através dos dados obtidos pela técnica crioscópica:
ΔTc = KcW
Kc: Constante crioscópica do solvente;
W: Molalidade da solução.

W = ΔTc/Kc = 2K/1,86K kg mol-1 = 1,075268817 kg mol-1

● Para a massa do solvente (água):


D = m/V
m = D*V = 0,9970479 g cm-³ * 20 cm-³ = 19,94 g de solvente
W = m(soluto)/MM(soluto)*m(solvente)
MM(soluto) = m(soluto)/W*m(solvente)
MM(soluto) = 4,0335 g/1,075268817 kg mol -¹ * 19,94 g
MM(soluto) = 0,1881 kg mol-¹ = 188,1 g mol-¹

● Cálculo da massa molar através dos dados obtidos pela técnica de ebulioscopia:
ΔTe = KeW
Ke: Constante ebulioscópica do solvente;
W: Molalidade da solução.

W = ΔTe/Ke = 3K/0,51K kg mol-¹ = 5,882352941 kg mol-¹

Para a massa do solvente (água):


D = m/V
m = D*V = 0,9970479 g cm-³ * 20 cm-³
m = 19,94 g de solvente
W = m(soluto)/MM(soluto)*m(solvente)
MM(soluto) = m(soluto)/W*m(solvente)
MM(soluto) = 4,0157 g/5,882352941 kg mol -¹ * 19,94 g
MM(soluto) = 0,0342 kg mol -¹ = 34,2 g mol-1

● Cálculo do erro percentual para o caso da crioscopia:


Erro% = (188,1 - 180)/180 * 100
Erro% = 4,5%

● Cálculo do erro percentual para o caso da ebulioscopia:


Erro% = (34,2 - 180)/180 * 100
Erro% = 81%

Questões
● De acordo com a parte experimental descrita acima, quais variações de
temperatura você espera obter adicionando 2g de glicose à água e depois mais 2
g de glicose?

Uma vez que as adições são de massas em valores iguais, era esperado que as
alterações de temperatura fossem constantes, isto é, fossem alterados em valores
iguais. Mas não foi isso que foi observado. As variações de temperatura se deram de
forma desordenada.

● Na determinação da massa molar de um soluto, seria mais adequado utilizarmos


a técnica de crioscopia ou ebulioscopia? Justifique.

A técnica de crioscopia se mostrou bem mais eficaz, pois o erro foi de apenas 4,5%
enquanto a ebulioscopia apresentou um erro de mais de 80%.

● De acordo com os seus resultados experimentais, qual a massa molar da glicose


nos dois casos?

De acordo com os cálculos dos dados do experimento da crioscopia, a massa molar da


glicose foi de 188,1 g mol-¹. Enquanto a massa molar pelos cálculos feitos a partir dos
dados do experimento da ebulioscopia foi de 34,2 g mol-¹.

6.0 Referências

[01]. ISBN 978-85- 216-1600-9. ATKINS, P.; DE PAULA, J. Atkins, física-química. Rio de
Janeiro: LTC, 2008 .
[02]. Apostila de Físico Química Experimental, Instituto de Química/UFRN, 2021.

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