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AUXILIAR FINANCEIRO

1 Sumário

CONCEITOS ECONÔMICO-FINANCEIROS .................................................................................................... 2


PRAZOS MÉDIOS ............................................................................................................................................. 3
PRAZO MÉDIO DE ESTOQUE (PME) .............................................................................................................. 3
PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTO DE VENDAS (PMRV) ............................................................................ 4
PRAZO MÉDIO DE PAGAMENTO DE FORNECEDORES (PMP)................................................................... 4
BALANÇO PATRIMONIAL ................................................................................................................................ 7
BALANÇO PATRIMONIAL RECLASSIFICADO ............................................................................................... 9
NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO (NCG) ............................................................................................. 10
CÁLCULO DA NCG A PARTIR DOS DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS ................................................. 17
CAPITAL DE GIRO (CDG) .............................................................................................................................. 20
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................... 23
CONCEITOS ECONÔMICO-FINANCEIROS

CICLO OPERACIONAL E CICLO FINANCEIRO


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Os conceitos de Ciclo Operacional e Ciclo Financeiro incorporam a influência do tempo nas operações
de uma empresa.
O Ciclo Operacional abrange o prazo decorrido entre as compras de matérias-primas (ou mercadorias
para revenda) e o recebimento das vendas dos produtos ou mercadorias.
O Ciclo Financeiro, por sua vez, compreende o período transcorrido entre o pagamento dos
fornecedores e o recebimento dos clientes pelas vendas efetuadas, ou seja, o prazo decorrido entre as saídas
de caixa (pagamentos a fornecedores) e as entradas de caixa (recebimentos de clientes). Durante este
período, a empresa investe recursos nas operações, basicamente em estoques e concessão de crédito aos
seus clientes. Parte destes recursos é financiada pelos fornecedores, que concedem prazo para pagamento
das compras de mercadorias ou matérias- primas.
Pode-se concluir que a liquidez da empresa será tanto maior quanto melhor for sua eficiência em
completar o ciclo operacional no menor tempo possível. A relação entre os ciclos operacional e financeiro é
demonstrada a seguir.

O Ciclo Financeiro (CF) pode ser calculado a partir do Ciclo Operacional (CO), deduzido do Prazo
Médio de Pagamento (PMP).

CF = CO - PMP

O Ciclo Financeiro (CF), em número de dias, pode ser calculado pela soma dos prazos médios de
estoques (PME) e recebimento (PMR), deduzidos dos prazos médios de pagamento de fornecedores (PMP)
e de impostos (PMROF).
CF = PME + PMR – PMP

PRAZOS MÉDIOS
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Para compreendermos melhor o conceito de prazo médio, imaginemos uma fila única em uma
agência bancária em uma determinada tarde. Nesse exemplo, suponhamos que entraram 160 pessoas nessa
agência e que a fila média era formada por 10 pessoas.
Se dividirmos o número de pessoas que entrou na agência (fluxo) pelo número médio de pessoas na
fila (estoque), teremos o número de vezes que a fila girou.
Assim, 160 / 10 = 16 (a fila girou 16 vezes nesse período). O Prazo Médio de permanência na fila foi
de:
Prazo Médio = 4 horas (de 12:00 às 16:00 h) / 16 (número de vezes que a fila girou)
Ou: 240 min / 16 = 15 minutos
Transpondo esse exemplo para as operações de uma empresa, podemos calcular os seguintes
indicadores de prazos médios:

PRAZO MÉDIO DE ESTOQUE (PME)


O Prazo Médio de Estoques (PME) pode ser calculado pela relação entre valor dos estoques e o
custo das mercadorias vendidas (CMV).
Este prazo indica quantos dias, em média, os produtos da companhia ficam armazenados até o
4 momento da venda.

PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTO DE VENDAS (PMRV)

O Prazo Médio de Recebimento (PMRV) é obtido pela divisão dos valores a receber de clientes e o
valor das vendas brutas.

Este prazo corresponde ao número de dias decorridos entre as vendas e o seu recebimento. O
volume de Duplicatas a Receber é função do total de vendas e do prazo concedido aos clientes.
Quanto maior o prazo concedido pela empresa aos seus clientes, maior será o volume de duplicatas
a receber. Para compreendermos esse mecanismo, suponhamos uma empresa que vende diariamente R$
20 com prazo de 30 dias para pagamento pelos seus clientes. Assim, teremos:

Dias 1 2 3 4 ... 29 30 31 32 ... 360


Vendas a Prazo 20 20 20 20 ... 20 20 20 20 ... 20
Recebimentos 0 0 0 0 ... 0 0 (20) (20) ... (20)
Duplicatas a Receber 20 40 60 80 ... 580 600 600 600 ... 600

No primeiro dia, ocorre a venda de R$ 20 pelo prazo de 30 dias, não ocorrendo recebimento. No
segundo dia, ela permanece sem receber pelas vendas, acumulando um saldo de R$ 40 em Duplicatas a
Receber.
Esse processo ocorre diariamente, com acúmulo de Duplicatas a Receber até atingir o saldo de R$
600 no 30º. dia, momento em que o saldo se estabiliza, pois, a partir do 31º. dia, há uma geração de R$ 20
de duplicatas a receber, compensada pela redução dos mesmos R$ 20 em função do recebimento das vendas
de 30 dias passados.
Supondo-se vendas constantes ao longo do ano e prazo médio de recebimento também constante,
teremos um volume de R$ 600 investidos em duplicatas a receber.
Caso a empresa decida ampliar o prazo de pagamento para seus clientes para, por exemplo, 40 dias,
seu saldo de duplicatas a receber se elevará até atingir o volume de R$ 800, no 40º. dia, mantendo-se neste
patamar daí por diante.
PRAZO MÉDIO DE PAGAMENTO DE FORNECEDORES (PMP)
O Prazo Médio de Pagamento (PMP) é medido pela relação entre as contas de fornecedores e o
valor das compras realizadas no período.
Este indicador fornece o tempo médio entre o recebimento das mercadorias para revenda, ou das
matérias-primas para serem transformadas, e o seu respectivo pagamento. O volume de Duplicatas a Pagar
5 é função do total de compras e do prazo concedido pelos fornecedores.
Quanto maior o prazo concedido à empresa pelos seus fornecedores, maior será o volume de
Duplicatas a Pagar. Para compreendermos esse mecanismo, suponhamos uma empresa que compra
diariamente R$ 10 com prazo de 30 dias para pagamento aos seus fornecedores. Assim, teremos:

Dias 1 2 3 4 ... 29 30 31 32 ... 360


Compras a Prazo 10 10 10 10 ... 10 10 10 10 ... 10
Pagamentos 0 0 0 0 ... 0 0 (10) (10) ... (10)
Duplicatas a Pagar 10 20 30 40 ... 290 300 300 300 ... 300

No primeiro dia, ocorre a compra de R$ 10 pelo prazo de 30 dias, não ocorrendo pagamento. No
segundo dia, ela efetua novas aquisições e permanece sem pagar pelas compras, acumulando um saldo de
R$ 20 em Duplicatas a Pagar. Esse processo ocorre diariamente, com acúmulo de Duplicatas a Pagar até
atingir o saldo de R$ 300 no 30º. dia, momento em que o saldo se estabiliza, pois, a partir do 31º. dia, há
compras diárias de R$ 10, compensadas pela redução dos mesmos R$ 10 em função do pagamento das
compras de 30 dias anteriores. Supondo-se compras constantes ao longo do ano e prazo médio de
pagamento também constante, teremos um volume de R$ 300 originados de duplicatas a pagar.
Caso a empresa consiga ampliar o prazo de pagamento junto a seus fornecedores para, por exemplo,
40 dias, seu saldo de duplicatas a pagar se elevará até atingir o volume de R$ 400, no 40º. dia, mantendo-se
neste patamar daí por diante.
Obs: O valor das compras, quando não conhecido, pode ser estimado de acordo com os seguintes
critérios:
▪ Para uma empresa comercial:

→ CMV = Estoque Inicial + Compras – Estoque Final.


→ Logo: Compras = CMV – Estoque Inicial + Estoque Final
▪ Para uma empresa industrial:

→ CPV = Estoque Inicial + Custos de Produção – Estoque Final.


Logo: Compras = CPV – Estoque Inicial + Estoque Final
→ Se Custos de Produção = Custos Fixos (depreciação, manutenção, energia, etc.) +
Custos Variáveis (consumo de matéria-prima, embalagens, etc.), podemos considerar:

Compras = Custos Variáveis


PRAZO MÉDIO DE RECOLHIMENTO DE OBRIGAÇÕES FISCAIS (PMROF)

O Prazo Médio de Recolhimento de Obrigações Fiscais (PMROF) é medido pela relação entre as
contas de Impostos a Recolher (Balanço) e o valor dos Impostos sobre Vendas (DRE).

Este indicador fornece o tempo médio entre as Vendas e o recolhimento dos Impostos incidentes
sobre as mesmas. O volume de Impostos sobre Vendas é função direta do total de Vendas, da alíquota
incidente sobre as vendas e do prazo concedido pelo governo para recolhimento destes impostos.
Quanto maior o prazo concedido pelo governo à empresa, maior será o volume de Impostos a
Recolher. Para compreendermos esse mecanismo, suponhamos uma empresa que vende diariamente R$ 20
com prazo de 30 dias para recolhimento dos impostos. Supondo alíquota de 15% de Impostos sobre o valor
das Vendas, teremos:

Dias 1 2 3 4 ... 29 30 31 32 ... 360


Vendas 20 20 20 20 ... 20 20 20 20 ... 20
Impostos sobre Vendas (15%) 3 3 3 3 ... 3 3 3 3 ... 3
Pagamento de Impostos 0 0 0 0 ... 0 0 (3) (3) ... (3)
Impostos a Recolher 3 6 9 12 ... 87 90 90 90 ... 90

No primeiro dia, ocorrem vendas no valor de R$ 20, gerando R$ 3 de Impostos a Pagar (R$ 20 x
15%), que somente serão recolhidos em 30 dias. No segundo dia, ela efetua novas vendas (R$ 20), gerando
Impostos a Recolher de R$ 3, que somente serão pagos após 30 dias, acumulando um saldo de R$ 6 em
Impostos a Recolher. Esse processo se repete diariamente, com acúmulo de Impostos a Recolher até atingir
o saldo de R$ 90 no 30º.dia, momento em que o saldo se estabiliza, pois, a partir do 31º. dia, continuarão
ocorrendo vendas diárias de R$ 20, gerando Impostos a Recolher de R$ 3 compensados pela redução dos
mesmos R$ 3 devido ao pagamento dos impostos relativos às vendas de 30 dias atrás. Supondo-se vendas
constantes ao longo do ano, alíquota e prazo médio de recolhimento de impostos também constantes,
teremos um volume constante de Impostos a Recolher, no valor de R$ 90, a partir do 30º. dia.
Caso o governo decida ampliar o prazo para as empresas recolherem estes impostos, de 30 para,
por exemplo, 40 dias, o saldo de Impostos a Recolher se elevará até atingir o volume de R$ 120, no 40º. dia,
mantendo-se neste patamar daí por diante.
Obs: A alíquota dos Impostos sobre Vendas, quando não conhecida, pode ser estimada a partir da
Demonstração do Resultado do Exercício, pela relação entre Impostos sobre Vendas e Vendas Brutas,
conforme abaixo:
𝐼𝑚𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑠𝑜𝑏𝑟𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠
𝐴𝑙𝑖𝑞𝑢𝑜𝑡𝑎 𝑑𝑒 𝐼𝑚𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜𝑠 =
𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 𝐵𝑟𝑢𝑡𝑎𝑠
ANÁLISE FINANCEIRA DINÂMICA OU O “MODELO FLEURIET”

A primeira e mais importante idéia inerente a este modelo refere-se ao entendimento do Balanço
Patrimonial como uma balança de dois pratos, em que um dos pratos representa as aplicações (Ativo) e o
outro, as fontes de recursos (Passivo).
O modelo dinâmico parte da constatação de que os Ativos representam Aplicações de Recursos,
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enquanto os Passivos representam Fontes de Recursos. Ou seja, a empresa obtém recursos junto a seus
fornecedores, empregados, empréstimos junto a bancos, capital de sócios, etc (Passivos) e aplica estes
recursos em estoques, contas a receber de clientes e ativos imobilizados, ou seja, em Ativos.
Como, para todas e quaisquer aplicações, são necessárias origens de mesmo valor, tem-se que
somente se aplicarão recursos (Ativos) se forem obtidas fontes (Passivos) de igual valor. Portanto, assim
como os Ativos representam as aplicações de recursos e os passivos designam as fontes de recursos, temos
que Aplicações = Fontes, ou, na estrutura do Balanço Patrimonial: Ativos = Passivos.
Além disso, a lógica do modelo consiste na idéia de que aplicações em Ativos Circulantes deverão
ser financiadas por Passivos Circulantes e, por sua vez, Ativos Não Circulantes deverão ser financiados por
Passivos Não Circulantes.

BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Passivo Circulante
Disponibilidades (caixa, bancos, Duplicatas descontadas Empréstimos e
aplicações financeiras) financiamentos
(parcelas de curto prazo) Fornecedores
Contas a receber de clientes Estoques Contas a pagar
Despesas antecipadas Outros créditos Salários e encargos a pagar Impostos a
recolher

Ativo Não Circulante Passivo Não Circulante


Aplicações de Recursos

Realizável a Longo Prazo Créditos e Exigível a Longo Prazo Títulos a pagar


Fontes de Recursos

títulos a receber Empréstimos e financiamentos (parcelas de


Empréstimos a receber de pessoas longo prazo)
ligadas
Investimentos Imobilizado Intangível Patrimônio Líquido Capital Social
Reservas de Capital Reserva de Lucros
O Modelo Fleuriet

O Modelo Dinâmico de análise financeira ou Modelo Fleuriet diz respeito a uma metodologia de
estudo da posição de equilíbrio de uma empresa baseada na distinção de seus ativos e passivos circulantes
em itens operacionais e financeiros.
A análise pelo Modelo Fleuriet inicia-se com a reclassificação das contas do Balanço. As contas do
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grupo circulante (ativos e passivos) são reclassificadas, conforme sua natureza, em cíclicas (operacionais) e
financeiras (não operacionais), tendo-se, a partir daí, o Ativo Circulante reclassificado em: Ativo Circulante
Financeiro (ACF) e Ativo Circulante Cíclico (ACC). Por sua vez, o Passivo Circulante é reclassificado em
Passivo Circulante Financeiro (PCF) e Passivo Circulante Cíclico (PCC).
O Ativo Circulante Financeiro (ACF) é constituído por elementos essencialmente financeiros, como
caixa, bancos, aplicações financeiras e em títulos de curto prazo.
Por outro lado, o Passivo Circulante Financeiro (PCF) é composto por empréstimos e
financiamentos bancários, duplicatas descontadas e dividendos, entre outros.
Já o Ativo Circulante Cíclico ou Operacional (ACC) é composto pelas contas relacionadas às
atividades operacionais da empresa, como estoques e duplicatas a receber, sendo influenciados pelo volume
de negócios ou por características das fases do ciclo operacional, como prazos de estocagem ou política de
prazos de recebimento de vendas.
Por sua vez, o Passivo Circulante Cíclico ou Operacional (PCC) é formado pelas obrigações de
curto prazo da empresa, diretamente identificáveis com seu ciclo operacional (fornecedores, salários e
encargos, contas a pagar e impostos a recolher).
Já as contas de longo prazo permanecem classificadas como Ativo Não Circulante (ANC),
englobando o Realizável de Longo Prazo, Imobilizado, Investimentos e Intangível.
Da mesma forma, as contas de longo prazo do Passivo, que inclui o Exigível a Longo Prazo e o
Patrimônio Líquido, permanecem tratados como um único grupo, denominado Passivo Não Circulante
(PNC).
Esta nova classificação pode ser visualizada no Balanço Patrimonial, reclassificado, a seguir:
BALANÇO PATRIMONIAL RECLASSIFICADO

ATIVO PASSIVO

Ativo Circulante Financeiro (ACF) Passivo Circulante Financeiro (PCF)


9 . Disponibilidades . Duplicatas Descontadas
. Caixa . Empréstimos de curto prazo
. Bancos . Financiamentos de curto prazo
. Aplicações financeiras . Dividendos a pagar
. Provisão para Imposto de Renda
Ativo Circulante Cíclico (ACC) Passivo Circulante Cíclico (PCC)
. Contas a receber de clientes . Fornecedores
. Estoques . Contas a pagar
. Despesas Antecipadas . Salários e encargos a pagar
. Outros créditos (operacionais) . Impostos a recolher
Ativo Não Circulante (ANC) Passivo Não Circulante (PNC)

. Realizável a Longo Prazo . Exigível a Longo Prazo


. Títulos a receber de longo prazo . Títulos a pagar
Aplicações de Recursos

. Créditos a receber de pessoas ligadas . Empréstimos de longo prazo

Fontes de Recursos
. Financiamentos de longo prazo

. Patrimônio Líquido
. Investimentos . Capital Social
. Imobilizado . Reservas de Capital
. Intangível . Reserva de Lucros

Esta reformulação é estabelecida seguindo as premissas de Fleuriet: as contas cíclicas ou


operacionais são as contas relacionadas à atividade operacional da empresa, enquanto que as contas
financeiras não estão ligadas à sua atividade operacional.
Portanto, a proposta dessa reclassificação é relacionar as diversas contas, não apenas pela sua
afinidade temporal (curto e longo prazo), mas também pela sua relação no desenvolvimento das atividades
operacionais.
Dessa segmentação surgem os conceitos de Necessidade de Capital de Giro (NCG), Capital de Giro
(CDG) e Saldo de Tesouraria (T), que veremos a seguir.
NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO (NCG)
As operações de uma empresa envolvem as atividades relacionadas ao seu ciclo operacional, quais
sejam: compra, produção, estocagem e venda. Para tanto, a empresa aplica recursos em estoques (de
matérias-primas, produtos em elaboração e produtos acabados), financiamento a clientes (através de prazos
concedidos aos clientes para efetuar o pagamento), entre outros.

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Aplicações de recursos
Em outras palavras, uma empresa industrial estará constantemente adquirindo matérias-primas,
processando e mantendo estoques (de matérias-primas, produtos em elaboração e produtos acabados), bem
como financiando continuamente seus clientes. No caso de empresas comerciais, ela estará
permanentemente adquirindo mercadorias para revenda e, tal qual uma firma industrial, financiando
continuamente seus clientes, ao proporcionar-lhes prazos para pagamento.

Estoques
No caso dos estoques, uma empresa comercial mantém um determinado volume de mercadorias
para revenda. À medida que estes produtos são vendidos, a empresa adquire novas mercadorias para repor
seu estoque. Ocorre, portanto, um ciclo, em que mercadorias são retiradas do estoque para venda e, em
seguida, novos produtos são adquiridos para recomposição do estoque.
Consideremos, por exemplo, uma situação em que a empresa tenha um saldo inicial de estoques de
$ 3.000,00 (valor de aquisição) e que as vendas diárias sejam de $ 200,00. Supondo que a empresa revenda
suas mercadorias com margem de 100% (desconsiderando a influência dos impostos), isso significa que
todos os dias a empresa retira, para venda, $ 100,00 em mercadorias de seus estoques, conforme
demonstrado abaixo:
Seja:
Preço de Venda: $ 200,00 Margem = 100% = 1
Logo:
Margem = Preço de Venda – Preço de Compra
Preço de Compra

Preço de Compra x Margem = Preço de Venda – Preço de Compra Preço de Compra x Margem +
Preço de Compra = Preço de Venda Preço de Compra x (Margem + 1) = Preço de Venda
Preço de Compra = Preço de Venda
Margem + 1
Substituindo os valores na equação anterior, temos:
Preço de Compra = $ 200,00 = $ 200,00 = $ 100,00
100% +1 1+1
Logo, para um valor de estoque inicial de $ 3.000,00 e uma venda diária de
$ 200,00, ao custo de $ 100,00 (preço de compra dos estoques), temos:
Dias 0 1 2 3 ... 29 30 ... 360
Estoque inicial 3.000 3.000 3.000 ... 3.000 3.000 ... 3.000
(-) Baixa nos Estoques (100) (100) (100) ... (100) (100) ... (100)
pelas Vendas
(+) Compras de 100 100 100 100 100 100
Estoques
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(=) Estoque final 3.000 3.000 3.000 3.000 ... 3.000 3.000 ... 3.000

No primeiro dia, ocorre a venda de R$ 200,00, com retirada de $ 100,00 dos estoques. No mesmo
dia, a empresa adquire mais $ 100,00 para repor seus estoques, permanecendo com o saldo de estoques no
valor de $ 3.000,00.
Esse processo se repete diariamente, de forma que a empresa manterá diariamente estoques no
valor constante de $ 3.000,00. Ou seja, a qualquer momento em que levantarmos o Balanço Patrimonial da
empresa, teremos $ 3.000,00 aplicados em Estoques.
Acompanhando esse raciocínio, percebemos que o valor investido pela empresa em seus estoques
tende a manter-se constante ao longo do tempo, o que significa que a manutenção de estoques representa
uma aplicação permanente de recursos realizada pela empresa. Neste caso, a empresa estará aplicando,
permanentemente, $ 3.000,00 em estoques de mercadorias para revenda.

Duplicatas a Receber de Clientes

O mesmo acontece com as duplicatas a receber de clientes. A cada venda a prazo realizada pela
empresa, ela emite uma duplicata que deverá ser paga por seu cliente em um determinado prazo.
Seguindo o exemplo anterior e, supondo que as vendas mantenham-se constantes todos os dias e
que a empresa conceda prazo de 30 dias para todos os seus clientes, teremos:

Vendas Diárias = $ 200,00


Prazo de Recebimento das Vendas = 30 dias Logo:
Dias 1 2 3 4 .. 29 30 31 32 .. 360
. .
Vendas a 20 20 20 20 .. 200 200 200 200 .. 200
Prazo 0 0 0 0 . .
Recebimentos 0 0 0 0 .. 0 0 (200) (200) .. (200)
. .
Duplicatas a 20 40 60 80 .. 5.80 6.00 6.00 6.00 .. 6.00
Receber 0 0 0 0 . 0 0 0 0 . 0
Verifica-se que, a partir do 30º. dia, a empresa manterá diariamente saldo de Contas a Receber de
Clientes (Duplicatas a Receber) no valor constante de $ 6.000,00. Ou seja, a qualquer momento (a partir do
30º. dia) em que levantarmos o Balanço Patrimonial da empresa, teremos $ 6.000,00 aplicados em Duplicatas
a Receber.
Portanto, semelhante ao que ocorre com os Estoques, verificamos que o valor investido pela empresa
em seus Clientes (Duplicatas a Receber) representa uma aplicação permanente de recursos realizada pela
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empresa. Neste exemplo, esta aplicação é de $ 6.000,00.
Somando-se os valores permanentemente aplicados pela empresa em Estoques (no exemplo, $
3.000,00) aos valores permanentemente aplicados em Contas a Receber de Clientes (no exemplo, $
6.000,00), podemos concluir que a empresa estará aplicando recursos em ativos cíclicos, de forma
permanente, no valor de $ 9.000,00 (no exemplo, $ 3.000,00 + $ 6.000,00).
Podemos, assim, concluir que, embora sejam cíclicos, ou seja, se renovem continuamente,
acompanhando o ritmo de suas operações, a empresa estará sempre aplicando recursos, de forma
permanente, em ativos cíclicos, como Estoques e Contas a Receber de Clientes, gerando uma necessidade
permanente de recursos, que deverá ser financiada por alguma fonte de recursos.

Fontes de recursos

Por outro lado, para financiar estas aplicações permanentes em Estoques e Contas a Receber de
Clientes, a empresa buscará fontes de recursos (também de forma permanente) junto aos seus fornecedores,
empregados e governo, obtendo crédito junto a estes, por meio de prazos para pagamento de compras de
matérias-primas ou mercadorias (fornecedores), salários (empregados) e impostos (governo).

Fornecedores

Da mesma forma que a empresa concede prazo aos seus clientes para pagamento das vendas
realizadas, ela negociará, junto aos seus fornecedores, um prazo para pagamento das matérias-primas ou
mercadorias adquiridas destes.
Assim, a cada compra realizada, o fornecedor emitirá uma duplicata que deverá ser paga pela
empresa em determinado prazo.
Seguindo a mesma lógica do exemplo anterior e, supondo que a empresa realize compras diárias de
matérias-primas ou mercadorias para revenda no valor de $ 100,00 e, que a mesma consiga prazo de
pagamento de 40 dias, teremos:
Compras Diárias = $ 100,00
Prazo de Pagamento das Compras = 40 dias
Logo:
Dias 1 2 3 4 ... 39 40 41 42 ... 360
Compras a 100 100 100 100 ... 100 100 100 100 ... 100
Prazo
Pagamentos 0 0 0 0 ... 0 0 (100) (100) ... (100)
Duplicatas a 100 200 300 400 ... 3.900 4.000 4.000 4.000 ... 4.000
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Pagar

Verifica-se que a empresa manterá diariamente saldo de Contas a Pagar a Fornecedores no valor
constante de $ 4.000,00. Ou seja, a qualquer momento em que levantarmos o Balanço Patrimonial da
empresa (a partir do 40º. dia), teremos $ 4.000,00 de recursos originados de (financiados por) Fornecedores.
Portanto, semelhante ao que ocorre com os valores de Contas a Receber de Clientes, verificamos
que o valor financiado à empresa por seus Fornecedores (ou Duplicatas a Pagar) representa uma fonte
permanente de recursos obtida pela empresa. Neste exemplo, esta fonte de recursos é de $ 4.000,00.

Empregados (Salários e Encargos)

Da mesma forma que a empresa obtém prazo para pagamento de suas compras de mercadorias ou
matérias-primas junto aos seus fornecedores, ela também paga o trabalho de seus empregados
(fornecedores de mão-de-obra) após um determinado prazo, que, normalmente, é de 30 dias.
Assim, seus empregados trabalham durante todo o mês e somente recebem o pagamento no mês
seguinte. Como a frequência do pagamento dos empregados (bem como dos encargos sociais – INSS, FGTS,
etc) ocorre a cada 30 dias, pode- se dizer que a empresa obtém, dos empregados, um prazo de 30 dias para
pagamento do fornecimento de mão-de-obra. Em outras palavras, assim como os fornecedores de matérias-
primas ou mercadorias, os empregados financiam a empresa por um prazo médio de 30 dias, conforme se
pode averiguar pelo quadro a seguir.
Supondo que o total de salários e encargos mensais pagos pela empresa seja da ordem de $ 1.200,00
e que o pagamento ocorre a cada 30 dias, teremos:

Mão-de-obra diária = $ 40,00 (ou seja, $ 1.200,00 / 30 dias) Prazo de Pagamento de Salários (e
encargos) = 30 dias
Logo:
Dias 1 2 3 4 ... 29 30 31 32 ... 360

Mão-de-obra 40 40 40 40 ... 40 40 40 40 ... 40


diária
Pagamento de 0 0 0 0 ... 0 0 (1.200) 0 ... 0
Salários

14 Salários a Pagar 40 80 120 160 ... 1.160 1.200 40 80 ... 1.200

Portanto, a cada ciclo de 30 dias, a empresa estará sendo financiada por seus empregados no valor
de $ 1.200,00. Em outras palavras, os empregados representam uma fonte permanente de recursos obtida
pela empresa. Neste exemplo, esta fonte permanente de recursos é de $ 1.200,00.

Governo (Impostos)

Da mesma forma que a empresa obtém prazo para pagamento junto aos seus fornecedores e
empregados, ela também paga os impostos após um determinado prazo, que, em média, é de 30 dias após
as vendas.
Assim, a cada dia, a empresa efetua vendas que geram impostos que serão pagos após 30 dias (por
exemplo). Considerando que os impostos incidentes são da ordem de 15% sobre o valor das vendas e,
adotando o mesmo valor utilizado no exemplo atual, ou seja, vendas diárias de $ 200,00, temos um valor
diário de Impostos a Pagar de $ 30,00 (15% de $ 200,00), conforme detalhado abaixo:

Dias 1 2 3 ... 29 30 31 32 ... 360


Vendas 200 200 200 ... 200 200 200 200 ... 200
Impostos a Pagar 30 60 90 ... 870 900 30 60 ... 900
Impostos recolhidos 0 0 0 ... 0 0 (900) 0 ... 0
Impostos a Recolher 30 60 90 ... 870 900 30 60 ... 900

Portanto, a cada ciclo de 30 dias, a empresa estará sendo financiada pelo governo no valor de $
900,00. Em outras palavras, os impostos representam uma fonte permanente de recursos obtida pela
empresa. Neste exemplo, esta fonte permanente de recursos é de $ 900,00.

Necessidade de Capital de Giro (NCG) = Aplicações (-) Fontes de recursos

Somando-se os valores permanentemente aplicados pela empresa em Estoques (no exemplo, $


3.000) aos valores permanentemente aplicados em Contas a Receber de Clientes (no exemplo, $ 6.000,00),
podemos concluir que a empresa estará sempre aplicando recursos em ativos circulantes cíclicos
(operacionais), de forma permanente (no exemplo, $ 3.000,00 + $ 6.000,00 = $ 9.000,00).
Por outro lado, a empresa estará obtendo fontes permanentes de recursos junto aos seus
Fornecedores (no exemplo, $ 4.000), Empregados ($ 1.200) e Governo ($ 900), oriundos de seus passivos
circulantes cíclicos (operacionais), também de forma permanente (no exemplo, $ 4.000,00 + $ 1.200,00 + $
900,00 = $ 6.100,00).
Assim, embora sejam cíclicos, ou seja, se renovem continuamente, acompanhando o ritmo de suas
operações, a empresa estará sempre aplicando recursos, de forma permanente, em ativos cíclicos, como
estoques e contas a receber de clientes, gerando uma necessidade permanente de recursos, que deverá ser
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financiada pelos recursos oriundos de suas fontes cíclicas (fornecedores, salários e impostos).
Portanto, em suas operações, a empresa aplica, de forma permanente, recursos em Estoques e
Contas a Receber de Clientes. Por outro lado, ela financia suas operações, também de forma permanente,
junto aos seus Fornecedores, Empregados e Governo.
Contudo, como ocorreu no exemplo acima, dificilmente os valores aplicados em ativos cíclicos
(estoques e contas a receber de clientes) coincidirão exatamente com os valores obtidos junto às fontes
cíclicas (fornecedores, salários a pagar, impostos, contas a pagar), resultando em um saldo a favor das
aplicações ou das fontes cíclicas de curto prazo.
O resultado desta operação, qual seja, a diferença entre os recursos investidos em Ativos Circulantes
Cíclicos (ACC) e os obtidos nos Passivos Circulantes Cíclicos (PCC) é o que representa a Necessidade de
Capital de Giro de uma empresa (NCG).
Portanto, a Necessidade de Capital de Giro (NCG) de uma empresa é calculada pela diferença entre
o total dos Ativos Circulantes Cíclicos e dos Passivos Circulantes Cíclicos:

NCG = ACC (-) PCC


Necessidade de Capital de Giro (NCG) Positiva

Quando a Necessidade de Capital de Giro (NCG) for positiva, significa que o total de ativos circulantes
cíclicos apresenta valor superior ao dos passivos circulantes cíclicos (ACC > PCC), ou seja, a empresa está
aplicando recursos em ativos operacionais de curto prazo (estoques, clientes, etc.) em valor superior àquele
obtido junto às suas fontes de recursos operacionais de curto prazo (fornecedores, salários a pagar, contas
a pagar, impostos a recolher, etc).
Exemplo:
Contas a Receber: 25.000
Fornecedores: 30.000
Estoques: 40.000
Impostos a Pagar: 5.000

NCG = ACC - PCC


NCG = (25.000 + 40.000) – (30.000 + 5.000) = 30.000

Neste caso, a empresa está aplicando $ 65.000 em Ativos Circulantes Cíclicos (ACC) e obtendo
apenas $ 35.000 de fontes oriundas do Passivo Circulante Cíclico (PCC). Esta diferença ($ 30.000) representa
a Necessidade de Capital de Giro (NCG), que a empresa deverá financiar com recursos de outras fontes.
Neste caso, a NCG é positiva ($ 30.000) e representa uma aplicação de recursos que deverá ser
financiada com recursos financeiros de curto prazo (empréstimos e financiamentos de curto prazo – PCF) ou
com recursos das fontes não cíclicas do passivo (PNC), ou seja, o Exigível a Longo Prazo e/ou o Patrimônio
Líquido.

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ACC > PCC NCG Positiva NCG como aplicação de recursos

Necessidade de Capital de Giro (NCG) Negativa

Ao contrário, quando a Necessidade de Capital de Giro (NCG) for negativa, significa que a empresa
tem mais financiamentos do que investimentos operacionais, ou seja, o total de passivos circulantes cíclicos
apresenta valor superior à soma dos ativos circulantes cíclicos (PCC > ACC), evidenciando sobra de recursos
para aplicação no mercado financeiro (aplicações financeiras de curto prazo) ou em ativos de longo prazo
(Ativo Não Circulante). Neste caso, A NCG constitui-se em fonte de recursos para a empresa.
Exemplo:
Contas a Receber: 15.000
Fornecedores: 50.000
Estoques: 30.000
Impostos a Pagar: 10.000

NCG = ACC - PCC


NCG = (15.000 + 30.000) – (50.000 + 10.000) = -15.000

Neste caso, a empresa está aplicando $ 45.000 em Ativos Circulantes Cíclicos (ACC) e obtendo $
60.000 de fontes oriundas de Passivos Circulantes Cíclicos (PCC). Ou seja, a empresa tem fontes de recursos
($ 60.000) em valor superior às aplicações de recursos ($ 45.000), resultando, portanto, em uma Necessidade
de Capital de Giro (NCG) negativa (- $ 15.000), ou seja, há sobra de recursos oriundos das operações que
poderão ser utilizadas pela empresa para financiar aplicações de curto prazo no mercado financeiro ou
aplicações de longo prazo (ativos não circulantes).

PCC > ACC NCG Negativa NCG como fonte de recursos

Necessidade de Capital de Giro (NCG) Nula


Quando a NCG for igual a zero, o total de aplicações em ativos cíclicos encontra-se plenamente
financiado por passivos circulantes cíclicos e, neste caso, a empresa não possuirá necessidade de
financiamento para o giro.

Exemplo:
Contas a Receber: 25.000
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Fornecedores: 40.000
Estoques: 25.000
Impostos a Pagar: 10.000

NCG = ACC - PCC


NCG = (25.000 + 25.000) – (40.000 + 10.000) = 0

Neste caso, a Necessidade de Capital de Giro é nula, ou seja, há um equilíbrio entre as aplicações
operacionais de curto prazo (ACC) e as fontes operacionais de curto prazo (PCC):

ACC = PCC NCG Nula NCG não representa nem


aplicação nem fonte de recursos

CÁLCULO DA NCG A PARTIR DOS DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS

A Necessidade de Capital de Giro (NCG) pode ser obtida a partir das informações encontradas no
Balanço Patrimonial e na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).
Para calcularmos a Necessidade de Capital de Giro (NCG), faremos uso dos indicadores de prazos
médios dos ativos circulantes cíclicos (estoques e contas a receber de clientes) e dos passivos circulantes
cíclicos (fornecedores, contas a pagar e obrigações fiscais). Os prazos médios podem ser calculados da
seguinte forma:

Prazo Médio de Estoques:


Prazo Médio de Recebimento de Vendas:

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Prazo Médio de Pagamento de Fornecedores:

Prazo Médio de Recolhimento de Obrigações Fiscais:

Prazo Médio de Pagamento de Despesas Operacionais:

A partir dessas informações, podemos extrair as seguintes relações:


NCG = ACC - PCC

NCG = Estoques + Duplic. Rec. - Fornec. - Contas a Pagar - Impostos


De onde se extrai que a Necessidade de Capital de Giro (NCG) é influenciada pelos seguintes
fatores:

19 ▪ Política de Estoques: quanto maior o volume de estoques mantidos pela empresa,


maior será sua Necessidade de Capital de Giro;

▪ Prazos concedidos aos clientes: a NCG será tanto maior quanto maiores forem os
prazos concedidos aos clientes;

▪ Volume de Vendas: quando a NCG é positiva, ela aumenta em função do aumento das
vendas, reduzindo em condições de queda nas vendas. Quando a NCG é negativa, a situação se inverte,
ocorrendo redução da NCG em situações de aumento das vendas, tornando-se ainda mais negativa.

▪ Prazos recebidos de fornecedores: a NCG será tanto maior quanto menores forem os
prazos de pagamento concedidos pelos fornecedores;

▪ Prazos de pagamento de impostos: a NCG será tanto maior quanto menores forem os
prazos de pagamento de impostos.

Conclusão

A NCG depende basicamente da natureza e do nível de atividades dos negócios da empresa, sendo
sensível às modificações na economia. A natureza dos negócios determina seu ciclo financeiro, enquanto o
nível de atividade é função das vendas.

A Necessidade de Capital de Giro, quando positiva, representa aplicação de recursos, cabendo à


empresa obter fontes para financiá-la. Por outro lado, a NCG, se negativa, representa fonte de recursos que
a empresa poderá aplicar em ativos circulantes financeiros (ACF) ou permanentes (ANC).

Em resumo, tem-se:

NCG (+) NCG (-)


Aplicação de Recursos Fonte de Recursos

Fatores que aumentam a NCG:


- Aumento dos Ativos Circulantes Cíclicos (ACC), como elevação dos níveis de estoques,
aumento das vendas a prazo ou dos prazos concedidos aos clientes, adiantamentos concedidos a
fornecedores, antecipação de despesas, dentre outros;

- Redução dos Passivos Circulantes Cíclicos (PCC), como redução dos prazos concedidos
pelos fornecedores, diminuição dos prazos de pagamento de salários, encargos e de recolhimento de
impostos, dentre outros;
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- A combinação dos fatores listados acima.

Fatores que reduzem a NCG:

- Redução dos Ativos Circulantes Cíclicos (ACC), como diminuição dos níveis de estoques,
redução das vendas a prazo ou dos prazos concedidos aos clientes, adiantamentos recebidos de clientes,
etc.;

- Aumento dos Passivos Circulantes Cíclicos (PCC), como aumento dos prazos concedidos
pelos fornecedores, aumento dos prazos de pagamento de salários, encargos e de recolhimento de impostos,
etc.;

- A combinação dos fatores listados acima.

Fatores que não afetam a NCG:

- Quaisquer modificações ocorridas em itens relacionados aos ativos e passivos não


circulantes, como, por exemplo, aquisição de ativos imobilizados com recursos de financiamentos de longo
prazo.

CAPITAL DE GIRO (CDG)

O Capital de Giro (CDG) representa uma fonte permanente de recursos de longo prazo que a empresa
utiliza para financiar sua Necessidade de Capital de Giro (NCG). Além de permanente, é a principal fonte de
financiamento da NCG.
O CDG é calculado pela diferença entre passivos não circulantes (PNC) e ativos não circulantes
(ANC).

CDG = PNC – ANC


O motivo pelo qual se calcula o Capital de Giro (CDG) pela diferença entre as fontes de longo prazo
(passivos não circulantes) e as aplicações de longo prazo (ativos não circulantes) deve-se ao objetivo de
demonstrar que o CDG representa uma fonte de recursos para a empresa.
O Capital de Giro é, por essência, uma fonte permanente de recursos constituída com a finalidade de
financiar as necessidades de capital de giro da empresa. O CDG se apresenta razoavelmente estável ao
longo do tempo em função da natureza permanente (não cíclica) dos ativos e passivos de longo prazo.

Capital de Giro (CDG) Positivo


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O Capital de Giro positivo significa que os passivos não circulantes (PNC) têm valor superior ao dos
ativos não circulantes (ANC), sendo que este saldo positivo é utilizado pela empresa pra financiar suas
necessidades operacionais de curto prazo (NCG).
Exemplo:
Realizável a Longo Prazo: 40.000
Exigível de Longo Prazo: 170.000
Ativo Imobilizado: 560.000
Patrimônio Líquido: 500.000

CDG = PNC - ANC


CDG = (170.000 + 500.000) – (40.000 + 560.000) = 70.000

Neste exemplo, a empresa dispõe de fontes de recursos de longo prazo (PNC) no valor de $ 670.000
e aplicações de longo prazo (ANC) no valor de $ 500.000. Assim, as fontes de longo prazo (PNC) financiam
completamente as aplicações de longo prazo (ANC) e ainda sobram recursos ($ 70.000) para financiar a
Necessidade de Capital de Giro (NCG) da empresa.

Capital de Giro (CDG) Negativo

PNC > ANC CDG Positivo


Ao contrário, se os ativos não circulantes (ANC) apresentarem valores superiores aos dos passivos
não circulantes (PNC), o Capital de Giro será negativo e, junto com a NCG, terá de ser financiado com
recursos financeiros de curto prazo (Passivo Circulante Financeiro), como será visto em tópico adiante.

Exemplo:
Realizável a Longo Prazo: 80.000
Exigível de Longo Prazo: 120.000
Ativo Imobilizado: 700.000
Patrimônio Líquido: 600.000

CDG = PNC - ANC


CDG = (120.000 + 600.000) - (80.000 + 700.000) = - 60.000

Neste exemplo, a empresa dispõe de fontes de recursos de longo prazo (PNC) no valor de $ 720.000
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e aplicações de longo prazo (ANC) no valor de $ 780.000. Assim, as fontes de longo prazo (PNC) não são
suficientes para financiar as aplicações de longo prazo (ANC), resultando em um Capital de Giro negativo (-
$ 60.000), que deverá ser financiado com recursos de curto prazo (PCC ou PCF).

PNC < ANC CDG Negativo


Capital de Giro (CDG) Nulo

O Capital de Giro será nulo caso os ativos e passivos não circulantes apresentem valores idênticos.

Exemplo:
Realizável a Longo Prazo: 50.000
Exigível de Longo Prazo: 150.000
Ativo Imobilizado: 450.000
Patrimônio Líquido: 350.000

CDG = PNC – ANC

CDG = (150.000 + 350.000) – (50.000 + 450.000) = 0

Neste exemplo, a empresa dispõe de fontes de recursos de longo prazo (PNC) no valor de $ 500.000
e aplicações de longo prazo (ANC) também no valor de $500.000. Assim, as fontes de longo prazo (PNC) são
suficiente apenas para financiar as aplicações de longo prazo (ANC), não sobrando recursos para financiar a
Necessidade de Capital de Giro (NCG) da empresa.

Em resumo, tem-se:

CDG (-) CDG (+)


PNC = ANC CDG Nulo
Aplicação de Recursos Fonte de Recursos

23 Fatores que aumentam o CDG:

- Aumento dos Passivos Não Circulantes (PNC), como aumento de capital, incorporação de
lucros, obtenção de financiamentos de longo prazo, dentre outros;

- Redução dos Ativos Não Circulantes (ANC), como venda de bens do ativo permanente
(investimentos e imobilizado), depreciação, dentre outros;

- A combinação dos fatores listados acima.

Fatores que reduzem o CDG:

- Redução dos Passivos Não Circulantes (PNC), como transferência de passivos de longo para
curto prazo, incorporação de prejuízos, distribuição de lucros, etc.;

- Aumento dos Ativos Não Circulantes (ANC), como aquisição de bens para o ativo imobilizado
com recursos de curto prazo, aquisição de participação em outras empresas (Investimento Permanente), etc.;
- A combinação dos fatores listados acima.

Fatores que não afetam o CDG:

- Quaisquer modificações ocorridas em itens relacionados aos ativos e passivos circulantes


(tanto cíclicos quanto financeiros), como, por exemplo, alterações nos volumes de estoques, modificações
nos prazos concedidos aos clientes, empréstimos de curto prazo, etc.

REFERÊNCIAS

BREALEY, Richard A., MYERS, Stewart C. Princípios de Finanças Empresariais. Editora McGraw-Hill de
Portugal, Capítulo 31.
BRIGHAN, Eugene F., WESTON, J. Fred. Managerial Finance. The Dryden Press, Capítulo 7.
GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. Editora Harbra, Capítulo 10.
ROSS, Stephen A., WESTERFIELD, Randolph W., JORDAN, Bradford. Fundamentals of Corporate Finance.
Richard D. Irwin Inc., 1993, Capítulo 18.
VAN HORNE, James C. Financial Management and Policy. Editora Prentice Hall. Capítulo 14.

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