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Manual de Apoio

UFCD 3554

Animação em instituições de
saúde

Alfena

Fevereiro 2022

FC.EFA.17/R0
O envelhecimento faz parte natural do ciclo de vida, todos os seres vivos iniciam o
seu processo de envelhecimento a partir do momento da conceção.

O envelhecimento é um processo natural que ocorre em todos os seres humanos,


apresentando características específicas.

É desejável que apesar das características e limitações próprias desta fase de via, surja
a oportunidade para viver de forma saudável, autónoma e independente o maior tempo
possível.

A animação tem uma forte importância a este nível pois procura desenvolver atividades
que visem satisfazer gostos, necessidades e vontade dos idosos.

Com o processo de envelhecimento e o declínio progressivo das capacidades, o idoso


vai alterando os seus hábitos e rotinas diárias, substituindo-as por ocupações e
atividades.

Esta diminuição da atividade, ou mesmo inatividades, pode acarretar sérias


consequências, tais como redução da capacidade de concentração, coordenação e
reação, que por sua vez levam ao surgimento de processos de auto desvalorização,
diminuição da autoestima, apatia, desmotivação, solidão, isolamento social e
depressão.

Torna-se por isso urgente compreender o processo de envelhecimento, perceber como


os idosos lidam com ele, de forma a melhorar as nossas práticas e promover um
envelhecimento ativo, com qualidade de vida.

O profissional de geriatria destaca-se, tendo um papel fundamental e importantíssimo


na promoção da qualidade de vida dos idosos.

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Terapia Ocupacional

Um dos objetivos é proporcionar o máximo de autonomia e independência nas


atividades diárias de um sujeito, para tal há necessidade de trabalhar com
reabilitação, mas mais importante e acima de tudo é trabalhar a PREVENÇÃO.

A terapia ocupacional é uma área de saúde voltada para a prevenção e tratamento de


indivíduos portadores de alterações cognitivas, afetivas, percetivas e psicomotoras.
Estas alterações podem ser fruto de alterações genéticas, traumáticas e /ou doenças
adquiridas.

Depende do tipo de atividade, mas de forma geral, podemos considerar os seguintes


objetivos paralelos a quase todas:

- Promover a inovação e novas descobertas;

- Valorizar a formação ao longo da vida;

- Proporcionar uma vida mais harmoniosa, atrativa e dinâmica com a participação e o


envolvimento do idoso;

- Incrementar a ocupação adequada do tempo livre para evitar que o tempo seja
alienante, passivo e despersonalizado;

- Rentabilizar os serviços e recursos comunitários para melhorar a qualidade de vida


dos idosos;

- Valorizar as capacidades, competências, saberes e cultura do idoso, aumentando a


sua autoestima e autoconfiança;

A terapia ocupacional tem como principal tarefa promover a qualidade de vida, uma vez
que a função primordial é auxiliar na recuperação de perdas físicas, mentais e sociais.
Face a estes aspetos podemos considerar que esta atuação é imprescindível nos
idosos, uma vez que estas perdas estão associadas ao envelhecimento.

Perdas físicas

Alguns fatores associados ao envelhecimento são: fragilidade óssea; perda de


elasticidade do tecido conjuntivo; diminuição da força muscular; entre outros. Estes
fatores contribuem para que existam perdas físicas.

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Algumas atividades promovidas pela Terapia Ocupacional promovem a manutenção
das funções corporais ou de forma preventiva através do aumento da força muscular,
resistência, coordenação e outras. Exemplos deste tipo de atividades são: treino de
marcha, ginástica, dança, entre outras.

Outro aspeto importante de realçar é a prevenção de quedas. As quedas são frequentes


e, na maioria das vezes, graves. Em muitas casos levam a situações de dependência
ou até mesmo à morte.

A terapia ocupacional pode, para além de prevenir, auxiliar os idosos recorrendo a


cadeiras de rodas, andarilhos, bengalas, etc. Pode ainda, com articulação com
fisioterapeuta, trabalhar a reabilitação através do aumento da força muscular, por
exemplo, de acordo com exercícios específicos. Assim como na reestruturação do
espaço, quando há necessidade de adaptação do domicílio por exemplo. Existem
também a necessidade de adaptação de meios como garfos, pratos e colheres para
promover a autonomia, ou atuar em casos de disfagia, por exemplo.

Perdas cognitivas

A diminuição da atenção, memória, concentração e outras são comuns no processo de


envelhecimento e limitam muitas vezes as atividades de vida diárias. As atividades
ocupacionais têm aqui um papel muito importante. Normalmente nas instituições estas
incluem um vasto leque de atividades/ateliers cujo principal objetivo é a estimulação das
capacidades cognitivas, como por exemplo, através de jogos de grupo, trabalhos
manuais, canto coral, etc.

Outra questão prende-se com a instabilidade emocional e muitas vezes um quadro


depressivo associado, em que as atividades ocupacionais têm um papel importante para
um aumento do bem-estar emocional e autoestima.

Perdas Sociais

As atividades ocupacionais têm também muita importância neste setor. Associado ao


envelhecimento, para além das próprias perdas, estão associadas outras perdas e/ou
fatores (reforma por exemplo) que levam muitas vezes a instabilidade e causam
afastamento emocional.

As atividades surgem como um apoio para a ocupação dos tempos livres, da promoção
da autonomia, despertar o interesse e participação, muitas vezes perdidos, entre outros
aspetos.

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As atividades, como passeios, para além de apoiarem na superação das perdas sociais,
ainda contribuem para a estimulação cognitiva e motora.

PLANIFICAÇÃO

Na planificação de atividades devemos sempre envolver os utentes e os seus


familiares. Devemos ter sempre em conta os seguintes aspetos:

Respeitar o individuo como ser único e não generalizar;

Não infantilizar;

Respeitar crenças, gostos e interesses;

Respeitar o tempo do outro, cada um de nós tem o seu tempo;

Não os tratar como doentes e incapazes;

Trabalhar as suas perdas e ganhos;

Entre outros aspetos, dependendo do idoso ou do grupo.

No caso de uma instituição, as atividades devem ser as mais heterogéneas possíveis,


de forma a abranger o maior número possível de participantes, assim como atuar
no maior número de áreas de estimulação.

A FINALIDADE DA PLANIFICAÇÃO consiste em permitir que um conjunto de tarefas


seja realizável sem interposição, nem falhas de aspetos importantes, que vai desde
as rotinas de higiene até às atividades de lazer. Permite ao idoso um controlo das
situações, não havendo desadequação de tempos e espaços.

Ao planificarmos atividades poderemos subdividi-las nos seguintes tipos:

As atividades lúdicas/recreativas são


atividades de entretenimento, que
potenciam a aprendizagem, a criatividade e
Ex. Passeios, jogos
Lúdico - contribuem para a estimulação
de grupo, entre
recreativas multissensorial e intelectual do idoso,
outros.
num meio descontraído e prazeroso,
satisfazendo as necessidades físicas e
psicossociais dos mesmos.

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Ex. Participar em
Atividades de promoção de convívio, lazer
Sociais festejos, entre
e de socialização
outras.
Atividades que visam proporcionar ao Ex. Visita a museus,
indivíduo acesso a bens e serviços idas ao teatro e
Culturais
culturais, também com o intuito de cinema, entre outros
promover a participação social.
Atividades com principal atuação ao nível Ex. Alfabetização,
Intelectuais de estimulação cognitiva. Atividades que jogos de
e/ou poderão acompanhar a educação ao longo estimulação
formativas da vida. cognitiva, entre
outros.
Atividades de caracter desportivo que Ex. Caminhadas,
visam essencialmente a promoção de hidroginástica,
Desportivas
autonomia e bem-estar através da prática atividade física,
de exercícios físicos. entre outras.
Espirituais Atividades que visem o bem-estar Ex. Ir à missa, terço,
e/ou espiritual e religioso. yoga, meditação,
religiosas entre outros.

AVALIAÇÃO

A avaliação pré e pós atividades ocupacionais é muito importante para verificar a


eficácia e eficiência das mesmas.

Antes de implementar uma atividade é necessário conhecer o idoso, compreender os


seus gostos e atitudes, assim como se existem limitações físicas e cognitivas. Mesmo
quando existem limitações em que estado se encontram, se existe reversibilidade ou se
são irreversíveis. Esta pré-avaliação pode ser um elemento fulcral para o sucesso da
atividade e o alcance dos seus objetivos. Paralelamente a isto, pode ainda contribuir
para abrir um vasto leque de oportunidades.

A avaliação, tanto a nível de recursos necessários, ou estratégias a adotar deve ser


sempre realizada por uma equipa multidisciplinar. A passagem de informação, por mais
insignificante que pareça, deve ser sempre um marco importante a ter em conta, não só
através dos técnicos, como auxiliares, o próprio utente e pela própria família.

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No final, deverá também haver uma avaliação das atividades para avaliar o impacto, os
ganhos e as perdas associadas. Muitas vezes associada à avaliação existe um suporte
científico através da aplicação de testes e escalas de avaliação, realizado por um
profissional (ex. psicólogo).

A avaliação passa pelo estado biológico, psicológico, social e também pelo ambiente
físico.

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