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Tomada de Decisao, Solucao de Problemas e Autocontrole
Tomada de Decisao, Solucao de Problemas e Autocontrole
Yara d a m Nico
n/c-sn
A deflnlçAo skmnerlana de autocontrole, tomada de decisAo e solução de problemas é discutida a partir do compromisso
educacional com a formação para o futuro Por mero destes três comportamentos, o indivíduo rnanipula variáveis ambientais
das quais outro comportamento seu é funçAo De acordo com Skinner (1953), estes comportamento» constituem o repertório
especial que prepara os estudantes para o futuro As definições de autocontrole, tomada de decisão e soluçAo de problemas
sAo apresentada» ressaltando as características que permitem agrupar e diferenciar estes comportamentos No autocontrole,
o indivíduo A capa/ de identificar as respostas e conseqüências antes de manipular as variáveis que alteram a probabilidade
de um comportamento especifico Na tomada de decisáo, o indivíduo identifica as respostas possíveis, mas nAo suas
conseqüências. Neste caso, a manipulação de variáveis aumenta o conhecimento acerca das conseqüências envolvidas
nos cursos de açAo alternativos. Jé na soluçAo de problemas, o Indivíduo nêo é capa/ de identificar qual a resposta que
produz um determinado reforçador. Portanto, identifica o reforço, mas nAo a resposta.
Palavras-chave: autocontrole, tomada de decisAo, soluçAo de problemas, B.F. Skinner, oducaçAo
With consldoration to the educational compromise of preparlng individuais to future contingências, the current pnper
dlscusses Skinner'8 defimtions of self-control, decision-maklng and problem solving. Individuais manipulato envlronmental
variables of other behaviors through these three behaviors. According to Skinner (1953), these aro behaviors that constítute
a spocial repertoire that wlll prepare students for the future. The definitions of self-control, decislon-making and problem
solving are presented in such a way that characteristics allowmg them to be grouped and differentiated are highlightod.
Regarding self-control, the individual is able to identify the responses and consequences before he manlpulates the variables
that will change the probability of a specific behavior. Regarding decision-making, the individual identifies the possible
responses but doesn't Identlfy its consequences In this case, the manipulatlon of variables Increases the knowledge of
consequences Involved in the process of taking alternatlve actions. Regarding problem solving, the individual is not ablo to
identify whlch response produces a specific remforcer, yet, that individual Is able to identlfy the relnforcer
Key w o rd t: self-control, decision-making, problem solution, B.F. Skinner, education.
Modificação ambiental R2
Sr
Autocontrole
O conceito de autocontrole, segundo Skinner (1953), considera "a possibilidade
de que o indivíduo possa controlar seu próprio comportamento" (p.228). Por controlar seu
próprio comportamento, entenda-se emitir resposta de manipular as variáveis ambientais
(resposta controladora) das quais uma outra resposta (resposta controlada) é função.
Portanto, a resposta controladora (R1) provê estímulos que alteram a probabilidade da
resposta controlada (R2) e esta, por sua vez, reforça e mantém a resposta controladora.
Vale destacar que um indivíduo pode manipular variáveis ambientais tanto para aumentar
quanto para diminuir a probabilidade da resposta controlada.
'Para uma discussfio pormenorizada das formulações skinneriarms sobra autocontrole e resolução de problemas recomenda-
se, respectivamente, Nico (2001) e Moro? (1991).
Sr
Assim, se alguém estava indeciso até o último instante e fez “minha mãe mandou
escolher este daqui, mas como eu sou teimoso escolho este daqui!", pode ter emitido
uma resposta "de decidir" mas, com certeza, não de "tomar uma decisão".
Como qualquer outro comportamento, também o de tomar uma decisão deve ser
explicado em função das conseqüências por ele produzidas. A manipulação de variáveis,
neste caso, pode ter como conseqüência reforçadora a remoção de uma estimulação
aversiva, no caso a remoção do conflito envolvido na indecisão (vou ver este ou aquele
"primeiros passos"), ou a produção de conseqüências reforçadoras (decidi ver A ou B e,
desta forma, produzir reforços). Este dois tipos de reforçamentos, negativo e positivo,
aumentariam a probabilidade não apenas da resposta final (no próximo congresso voltar a
ver A ou B), como também do comportamento de "tomar decisões” (quando passar por
uma indecisão semelhante, emitir estas respostas de manipulação de variáveis).
Segundo Skinner (1953): "Há situações nas quais manipulamos variáveis para
alterar a probabilidade de uma resposta que não pode ser identificada até que seja emitida"
(p. 245). Este ó, justamente, o caso da solução de problemas.
Assim, no autocontrole o indivíduo conhece, antecipadamente, as respostas e as
conseqüências de uma e outra ação e na tomada de decisão, o indivíduo conhece as
respostas alternativas mas não suas conseqüências. Já na solução de problemas, o
indivíduo não é capaz de identificar qual a resposta que produz um determinado reforçador;
portanto, identifica o reforço mas não a resposta.
Para entender de que modo um indivíduo manipula variáveis na solução de
problemas, é preciso definir, em primeiro lugar, o que é uma situação-problema: aquela
diante da qual um indivíduo não dispõe da resposta que produz reforço. O importante é que
esta resposta faz parte do repertório comportamental do indivíduo e ele apenas não a
emite porque é incapaz de identificá-la.
Suponha que alguém saia daqui e encontre uma pessoa que conhece mas, ao
apresentá-la para um colega, esqueça seu nome. Aqui está uma situação-problema! O
indivíduo: 1) identifica o reforço (apresentar corretamente o conhecido para o amigo); 2) a
resposta que produz o reforço faz parte de seu repertório comportamental (já disse alguma
vez aquele nome, "sabe" dizê-lo) mas, por qualquer razão, 3) não dispõe prontamente da
resposta que produz o reforço (não é capaz de identificar o nome prontamente; não "lembra"
do nome).
Imagine que, diante de tal situação, o indivíduo comece a manipular variáveis de
modo a aumentar a probabilidade da resposta de dizer o nome correto, ou seja, aumentar
a probabilidade da resposta-solução. Para aumentar a probabilidade desta resposta começa,
por exemplo, a perguntar: "qual foi a última vez que nos vimos?"; "quem nos apresentou
mesmo?". As alterações ambientais produzidas por estas perguntas, ou seja, as respostas
da outra pessoa, podem funcionar como estimulações que levam á resposta solução:
lembrar o nome. Se mesmo assim, o nome não for lembrado, o indivíduo pode começar a
emitir uma série de outras manipulações, por exemplo, encobertas: percorrer repetidamente
o alfabeto para ver se lembra com que letra começa o nome, pensar em vários acentos
tônicos, percorrer as nacionalidades "o nome é alemão, italiano, francês, brasileiro...?".
Se o conjunto de todas estas manipulação de variáveis, neste caso, abertas e
encobertas, alterassem a situação-problema, levando ao aparecimento da resposta-solução
(lembrar o nome), diríamos que o problema foi resolvido.
Deste modo, na solução de problemas, a resposta-solução (R2) deve ser sempre
analisada em conjunto com as interações predecessoras que tornaram mais provável sua
emissão. Estas interações envolvem, necessariamente, comportamentos de manipular
variáveis. Na solução de problemas, os comportamentos de manipular variáveis são
denominados comportamentos precorrentes ou preliminares (R1). Vale ressaltar que a
relação entre precorrentes e o aparecimento da solução é, simplesmente, a relação entre
a manipulação de variáveis e a emissão de uma resposta solução.
Sr
Vale destacar que, assim como decidir não é emitir o ato decidido, mas sim um
conjunto de comportamentos que levam à emissão deste ato, solucionar um problema
não é emitira resposta ftnaf (dizer o nome), mas sim emitir um conjunto de comportamentos
precorrentes que aumentem a probabilidade da resposta-solução. Este trabalho teve como
objetivo descrever os comportamentos que compõem o repertório especial por meio do
qual os indivíduos podem estar preparados para o futuro. Tais comportamentos estão
envolvidos num tipo de repertório que ó, usualmente, tido como evidência de autonomia.
Em nossa cultura, os comportamentos de autocontrole, tomada de decisão e solução de
problemas são tidos como exemplos máximos da autonomia e independência do sujeito.
Espera-se ter esclarecido que, para Skinner, o sujeito pode ser independente quando
emite um destes três comportamentos na medida em que ele próprio, e não outra pessoa,
arranja as condições necessárias para a emissão de outra resposta sua. Além disso,
espera-se ter esclarecido que esta independência irá envolver, sempre, uma constante
interação com o ambiente.
R e fe rê n c ia s
Skinner, B.F. (1953). Science and Human Behavior. New York: Macmillan.