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IV - O CONHECIMENTO E A RACIONALIDADE CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

2. Estatuto do conhecimento científico


2.3. A racionalidade científica e a questão da objetividade

1. Classifique as afirmações que se seguem como verdadeiras ou falsas.


a) Para Karl Popper, ao falsificar teorias dá-se uma aproximação gradual à verdade.
b) A subjetividade no desenvolvimento da ciência é, para Popper, um fator que põe em causa a
cientificidade do conhecimento.
c) Thomas Kuhn é um defensor do método indutivo.
d) Para Kuhn, devemos procurar falsificar as teorias científicas, de modo a fazer progredir o
conhecimento.
e) Para Kuhn, cada teoria constitui um diferente paradigma científico.
f) De acordo com Kuhn, a ciência constitui-se após a emergência paradigmática.
g) Num período de ciência normal podem surgir imensas novas descobertas científicas sem
que o paradigma tenha de ser alterado.
h) Para Kuhn a ciência não evolui de forma cumulativa, mas através de revoluções.
i) Dá-se uma revolução científica sempre que uma teoria científica é posta em causa.
j) Dizer que os paradigmas são incomensuráveis equivale a dizer que estes não podem ser
comparados objetivamente.
k) Para Kuhn, a aplicação das cinco características de uma boa teoria científica não implica,
necessariamente, que a escolha entre teorias seja objetiva.

2. Leia o excerto que se segue e responda às questões.


Ao examinarem-se os registos da investigação científica do passado a partir do ângulo
privilegiado da historiografia contemporânea, o historiador da ciência pode ser tentado a
exclamar que quando os paradigmas mudam, o próprio mundo muda com eles. Levados por
um paradigma novo, os cientistas adotam novos instrumentos e olham para novos lugares.
Ainda mais importante, durante as revoluções, os cientistas veem coisas novas e diferentes,
mesmo olhando com os instrumentos do costume para os lugares para onde antes já olhavam.
T. Kuhn, A Estrutura das Revoluções Científicas, Guerra e Paz, 2009, p. 157.

2.1. Explique o sentido da frase destacada.


2.2. Partindo do texto, explique o que são as revoluções científicas.
2.3. De acordo com Kuhn, uma boa teoria científica deve ter cinco características. Apresente-
as.
2.4. Identifique e caracterize as fases da evolução científica propostas por Kuhn.
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TÓPICOS DE RESPOSTA
1. a) V; b) F; c) F; d) F; e) F; f) V; g) V; h) V; i) F; j) V; k) V
2. 2.1. Quando ocorre uma mudança de paradigma, os cientistas são levados a ver o mundo da
investigação em que estão inseridos de modo diferente, na medida em que não têm outro recurso para
aceder a esse mundo senão o que veem e fazem. Depois de uma revolução, os cientistas reagem a um
mundo diferente, pois os instrumentos usados e a forma de abordar a realidade são diferentes.
2.2. As revoluções científicas são as mudanças de paradigma. Kuhn usa a expressão "revolução" para
designar que a mudança de paradigma está longe de ser pacífica, pois há imensos fatores subjetivos a
interferir na escolha feita pela comunidade científica.
A revolução científica implica uma alteração radical em termos de modelo científico que afeta aquilo
que é considerado conhecimento aceitável como ciência e aquilo que não merece este epíteto. Não se
trata, deste modo, de uma pequena mudança metodológica, mas de uma profunda alteração nos
alicerces da ciência. Para Kuhn, a evolução científica acontece através de revoluções e não
cumulativamente. Neste sentido, quando um paradigma entra em rutura e surge um novo, a
comunidade científica depara-se com uma escolha entre dois modos de vida comunitária incompatíveis.
A opção por um dos paradigmas implica uma revolução, quer no modo de fazer ciência quer em relação
ao que é considerado científico.
2.3. Uma boa teoria científica deve ser: exata (ir ao encontro dos resultados das experiências realizadas
e dos dados recolhidos); consistente (não contradizer outras teorias aceites pela comunidade científica e
não conter incoerências internas); abrangente (poder aplicar-se noutras situações e poder explicar
outros fenómenos que venham a ser observados); simples (dar explicação para fenómenos que, de
outra forma, seriam inexplicáveis) e fecunda (contribuir para que se realizem novas descobertas e
consigam explicar-se novos fenómenos).
2.4. Antes da constituição da ciência, vive-se num período pré-científico, ao que se segue a emergência
do paradigma. O paradigma é adotado e constitui-se a comunidade científica, que investiga e
desenvolve o conhecimento com base no modelo escolhido – período de ciência normal. Após terem
sido detetadas anomalias estruturais significativas, o paradigma entra em rutura – crise paradigmática.
Segue-se o período de ciência extraordinária, a fase que engloba a tomada de consciência do colapso do
paradigma antigo e a emergência de um novo. Após a adoção de um novo paradigma, volta a entrar-se
num período de ciência normal.

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