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Resumo
Este trabalho fala das desigualdades e ética nos países da SADC. Em termos gerais
ninguém quer que as desigualdades existam apesar delas serem o câncro de qualquer
sociedade. A equidade social onde estão os direitos básicos (saúde, água, renda, alimento,
educação, igualdade do género, equidade, energia, emprego, voz ativa e resiliência) é o
que todo o mundo deveria ter como direitos básicos. Outros limites planetários,
nomeadamente, uso da água doce, mudança climática, mudança no uso da terra, perda da
biodiversidade, destruição da camada de ozono, concentração de aerosol atmosférico,
poluição química, acidificação dos oceanos, ciclos de nitrogénio e fósforo são também
importantes, aliás são a base da existência dos refugiados ambientais, outras forma de
desigualdade. Pelas várias situações descritas é fácil perceber que com o não
cumprimento das diretivas que a própria SADC emana, aliado a ratificação e não
cumprimento dos ODS, dá garantia de não se poder eliminar as desigualdades sociais
existentes. Assim deve haver participação das populações, colaboração, existência de
comunidades autocríticas, processo sistemático de aprendizagem – orientado a praxis,
indução da teoria sobre a prática, registar, coletar, analisar próprios juizos, relações e
impressões sobre o que está a ocorrer, ser um processo político (trocas que afetem as
pessoas) e análises críticas das situações.
1. Introdução
Este trabalho discute desigualdades sociais e ética nos países da SADC. A SADC
(Southern Africa Development Community) que em português se designa por
Comunidade de Desenvolvimento da África Austral é constituída por quinze países
1
Doutorando em Sustentabilidade Social e Desenvolvimento (DSSD) na UAb de Lisboa. Dezembro 2018
africanos, nomeadamente, África do Sul, Angola, Botswana, República Democrática do
Congo, Lesotho, Madagáscar, Malawi, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Swazilândia,
Tanzânia, Zâmbia, Zimbabwe e Seycheles. A Southern Africa Development Community
[SADC] (2012) define como suas principais metas: (1) promoção do crescimento e
desenvolvimento económico, alivio a pobreza, aumento da qualidade de vida do povo, e
promoção do auxílio aos mais desfavorecidos; (2) desenvolvimento de valores políticos,
sistemas e instituições comuns; (3) promoção da paz e da segurança; (4) promoção do
desenvolvimento sustentável por meio da interdependência coletiva dos estados membros
e da autoconfiança; (5) alcance da complementaridade entre as estratégias e programas
nacionais e regionais; (6) promoção e maximização da utilização efetiva de recursos da
região; (7) alcance da utilização sustentável dos recursos naturais e a proteção do meio
ambiente; e (8) reforço e consolidação das afinidades culturais, históricas e sociais de
longa data da região.
É de fácil entendimento que as oito metas que a SADC (2012) define aparentemente tem
o seu epílogo na eliminação das desigualdades sociais a nível da região. Se vislumbrarmos
as realidades no terreno, a situação não parece ir ao de encontro das metas mas sim o
oposto dessas boas intenções, como pode-se vêr pelo índice de desenvolvimento humano
(IDH) que é apresentado na figura seguinte.
0.750–0.799
0.700–0.749
0.650–0.699
0.600–0.649
0.550–0.599
0.500–0.549
0.450–0.499
0.400–0.449
0.350–0.399
0.300–0.349
Sem informação
1|Página
A figura 1, indica que 9 (60%) dos países da SADC possuem um IDH baixo que não
chega a 0.54, querendo isso dizer que em termos de aspectos relacionados a saúde,
educação e renda, para os povos desses países, ainda há longo caminho a percorrer,
acabando por ser um dos espelhos das desigualdades nesses mesmos países. A tabela
seguinte IDHPA (2019) apresenta o ranking de IDH para os países da SADC no contexto
africano
2|Página
2. Desigualdades sociais e ética nos países da SADC
Dicio (2019) define desigualdade social como sendo “Fenómeno social que diferencia os
indivíduos, colocando alguns em condições mais vantajosas que outros; materializa-se no
espaço social, podendo ser intelectual, económico ou se apresentar sob outras formas
(género, raça etc.), desde que haja distinção entre grupos, sendo uns favorecidos e outros
prejudicados”, que também pode ser percebida como a falta de equilíbrio entre duas
partes.
A desigualdade não significa diversidade (no sentido de que nem todos são iguais), mas
que representa a ideia de falta de equilíbrio entre duas ou mais partes envolvidas. Em
geral o termo em si é colocado como sendo a relacionado com questões sociais e de acesso
ao mesmo padrão de vida, fenómenos que tem a ver com a sociedade e que representam
o estabelecimento de hierarquias sociais, diferenças e distinções entre diversas classes ou
grupos sociais.
2
Seminário de Aprofundamento Teórico I
3|Página
problema, porque deve-se ter em conta das diferenças muito grandes entre riqueza e
prosperidade, entre riqueza e bem estar. Nem toda a riqueza exprime prosperidade ou em
real bem estar para as pessoas. Isto quer dizer que, também são tocados aspetos
importantes, por parte dos entrevistados, acerca da desigualdade.
Outras formas de desigualdades são devidas a xenofobia que graçou a África do Sul, as
guerras na República Democrática do Congo, alguns conflitos religiosos ou armados no
norte de Moçambique e a constante instabilidade política que graça Madgáscar, causando
outras formas de desigualdade no acesso aos recursos, vide figura 8 em anexo, levando a
existência de refugiados políticos e ambientais. Pacífico & Gaudêncio (2014, p.135)
alicerçam-se também nessa afirmativa quando dizem que atualmente a maior parte dos
refugiados é devida a problemas étnicos, religiosos que culminam com a desigualdade,
problemas de saúde, violência e insegurança. Gostaria aqui destacar a não aceitação de
diversidade de ideias. Por exemplo, em moçambique são assassinadas pessoas,
intelectuais, jornalistas ou mesmo políticos só por terem ideias diferentes. Falo de pessoas
que não são políticos ou que não fazem política. Falo de meros opinadores.
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diferenciação económica. Tal diferenciação reflete um conjunto de relações sociais, um
padrão de relacionamento social que se estabelece entre diferentes segmentos sociais.”.
O IDHPA (2019) tende a expandir não só a realidade sob ponto de vista económico, mas
também reparando em outras questões do bem estar dos cidadãos, nomeadamente: Saúde,
educação e renda.
A adoção da economia de mercado por parte de todos países da SADC veio aumentar
mais o nível dessas desigualdades.
Partidos que lutaram para libertar os povos da SADC transformaram-se no centro para
acesso a todas formas de recursos negando as suas gentes e populações o acesso aos
mesmos recursos, criando-se desigualdades que a cada minuto parecem estar a avolumar.
Podemos mesmo olhar o sentido democrático das eleições que acontecem e sempre com
3
Caso do Brasil,
4
Caso da África do Sul
5|Página
o reconhecimento da comunidade internacional, apesar de certas coisas caricatas como a
existência de mais votos numa urna do que o número de votantes, a não chegada de
material de votação a locais de votação onde a oposição tem maioria entre outras formas
que perpetuam e perpetuarão o modelo de desigualdades existentes dentro e na periferia
da SADC.
Quer dizer que as transições realizadas a nível da SADC pós independências e pós
apartheid estão todas embuídas numa autêntica malícia de parto, daí que Coelho (2011)
afirme que “em termos políticos, tais transições envolvem a substituição dos antigos
regimes autoritários, caracterizados pelo colonialismo, pelo apartheid ou por sistemas de
partido único, por uma nova ordem democrática dirigida por governos eleitos” e “em
termos económicos, elas dizem respeito ao surgimento de novas economias liberais de
mercado. E, finalmente, de um ponto de vista da defesa e segurança, referem-se às
profundas mudanças relacionadas com a substituição da anterior confrontação militar por
uma cultura de cooperação e segurança comum” (idem).
A relação entre os estados da SADC é de uma cumplicidade política vinda dos entreapoios
das guerras para a independência, causando monoculturas5 agrárias, rendimento
produtivo baixo6, dificuldades de acesso a terra, falta de habitação, qualidade de ensino
bastante fraco, entre outras formas patentes na atual conjuntura da SADC, roçando a uma
imaginável desigualdade entre a nova classe oligarca, as periferias, dentro das cidades e
a relação campo-cidade bastante frágil.
5
Por imposição de outros grupos de interesses
6
Alicerçado em cumplicidade política em todas empresas e dos sindicatos
6|Página
2. Desigualdade social – diferenças entre o status social de diferentes grupos
populacionais e desequilíbrios no funcionamento dos sistemas de educação,
saúde, justiça e proteção social;
3. Desigualdade cultural – discriminações com base em género, etnia e raça,
religião, deficiências e outras identidades de grupo.
4. Desigualdade política – a capacidade diferenciada que indivíduos e grupos têm
de influenciar os processos políticos de tomada de decisões, de se beneficiar
dessas decisões e de participar da ação política.
5. Desigualdade espacial – disparidades espaciais e regionais entre centros e
periferias, áreas urbanas e rurais, e regiões com recursos mais ou menos
diversificado;
6. Desigualdade ambiental – irregularidade no acesso a recursos naturais e aos
benefícios de sua exploração; exposição à poluição e a riscos; e diferenças quanto
à capacidade de ação para se adaptar a tais ameaças;
7. Desigualdade com base no conhecimento – diferenças quanto ao acesso e à
contribuição para diferentes fontes e espécies de conhecimento, bem como as
consequências dessas disparidades.
A seguir estão algumas imagens que mostram alguma conjuntura quanto ao nível de bem
estar das pessoas nesta região.
Figura 2: Situação de pobreza em alguns bairros de algumas capitais dos países da SADC
Fonte: Autor.
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Figura 3: Situação de pobreza em alguns bairros de algumas capitais dos países da SADC.
Fonte: Autor.
As figuras 2, 3 e 4, mostram uma parte das desigualdades que são vividas a nível da
SADC. O que é de preocupante que essas figuras apresentam?
A resposta é simples. (i) degradação do património colonial herdado; (ii) falta ou fraca intervenção
dos orgãos públicos e dos governos em acções concretas para alívio das desigualdades; (iii) não
existência de espaços a nível local para facilitar ações de intervenção. O mais grave é a falta de
equidade no acesso aos recursos, a falta de investimento e uma autêntica distância entre o agora
até as metas que a região precisa alcançar no cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS). Não se honra o bem comum. Assim remete a pensar que a questão dos bens
comuns e da sua utilização responsável, sustentável e equitativa, é central ao Desenvolvimento
Sustentável, e por isso amplamente abordada no Relatório de Brundtland, Our Common Future,
elaborado pela World Commission on Environment and Development, a quem é atribuída a
definição mais holística de Desenvolvimento Sustentável (BRUNDTLAND, 1987).
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Uma das coisas que as figuras 2, 3 e 4 mostram é a falta de energia para a iluminação
principalmente em bairros de lata, zonas rurais e em algumas escolas nas periferias das
cidades e nas zonas rurais, o que é corroborado pelas figuras 5 e 6 em anexo, que mostram
outras formas de desigualdade a nível da SADC para se ter acesso a energia. Se o ODS 7
(Energias Renováveis e Acessíveis), aconselha recorrer as energias renováveis e
acessíveis para eliminar a desigualdade de acesso as energias e sabendo que as energias
renováveis são aquelas “que possuem um ciclo de renovação em escala de tempo humana,
ou seja, estão sempre disponíveis para utilização e não se esgotam, sendo a principal delas
a energia solar proveniente da luz do sol, além das fontes eólica, biomassa, hídrica,
maremotriz e geotérmica” (BlueSol, 2018), os dados da figura 5 em anexo, mostram que
seria a melhor forma a ser implementada pelo estado em zonas de baixa renda, rurais e
sem acesso as outras formas de energia que o país usa, sobretudo para a iluminação ou
para a conservação de material hospitalar. Na figura 5 vê-se que para Moçambique o
acesso a todo e qualquer tipo de energia é ainda baixo comparativamente ao universo
populacional que é de 28861863 habitantes (http://www.ine.gov.mz/) e que desse número
somente 5% dos habitantes usa outras formas de combustíveis modernos (renováveis).
Para países como Portugal, Queirós et al. (2009) afirmam que espera ter mais de 59% da
sua energia proveniente de fontes eólica e hídrica e com melhores metas a cumprir até
2020, pois além de serem recursos muito abundantes, no país, são dos que têm maiores
avanços tecnológicos. Voltando a SADC, as figuras 6 e 7 em anexo, mostram que os
países dessa região em geral produzem mais energia eléctrica a partir de fonte hídrica do
que qualquer outro tipo de energia e para o caso específico de Moçambique constitui uma
exclusividade (REN21, 2018) e (ALER, 2017). Acrescentar ainda sobre Moçambique que
24,8% da população utiliza eletricidade de fonte hídrica, 13,2% de gasóleo, 39,7% bateria
e 14,2% lenha. Destes 94,3% vivem nas zonas urbanas e 5,7% nas zonas rurais (idem).
Para Nunes (2013) se repararmos “no centro da teoria sociológica de Pierre Bourdieu
existe a inquietação sobre como certas formas da desigualdade social persistem sem uma
tenaz resistência. Os modos de dominação atuais cumulativamente diferem dos existentes
no nascente capitalismo industrial, constituindo a economia política do poder simbólico,
proposta por Bourdieu, uma poderosa ferramenta de desocultação dos processos
sustentadores das desigualdades sociais contemporâneas”. Bourdieu citado em Nunes
(2013) sugere “complementarmente para o domínio do cultural o que Marx houvera
proposto para o domínio do económico: entender as estruturas fundamentais e as
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dinâmicas do poder centrais das relações sociais (culturais). É, nesse sentido, que propõe
os conceitos de modos de reprodução, capital cultural, habitus e de violência simbólica,
também eles relevantes para o estudo das relações entre as desigualdades sociais e a ação
coletiva”
Durante o texto assumo que os países mais desenvolvimdos tem mais liberdade do que os
menos desenvolvidos, isto quer dizer que, quando o desenvolvimento é alto há mais
liberdade e vice versa. Essa minha primeira declaração leva a aquilo que muitos dizem
que nos países africanos e alguns latino americanos o desenvolvimento é fraco e por
consequência menos liberdade. Não excluo aqui Moçambique onde vivo que apesar de
eleições democráticas mas poucas vezes livres e justas este conceito também se discuta.
As imagens 1 e 4 da figura 8 que trago a coação mostram isso mesmo. Se dentro da SADC
repararmos para Moçambique, vemos dados procupantes como, um país onde perto de
30% dos alunos anualmente ficam sem vagas passando ao abandono, a taxa de
desemprego ronda nos 27%, o poder de compra decresce anualmente porque a inflação
sempre supera os aumentos reais nos salários, as desigualdades sociais são elevadas entre
as diferentes formas como elas podem ser vistas a seguir. É claro que esta existência de
desigualdades também se associa ao desenvolvimento com o IDH como é nos mostrado
no vídeo Geografia Desenvolvimento e desigualdades de SAM I, tópico 4. O IDH de
Moçambique é de 0,418. Em 2018 “apresentou 0.390 valores no Índice de Pobreza
Multidimensional, 0.574 pontos no Índice de Desigualdade do Gênero e 0.879 no Índice
de Desenvolvimento do Género. Com a pontuação obtida, Moçambique é o pior colocado
no IDH entre os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP),
encontrando-se três lugares abaixo da Guiné-Bissau, o segundo pior da comunidade, no
lugar 178 do quadro. O país também é o pior no contexto da Comunidade de
Desenvolvimento da África Austral (SADC), encontrando-se, em termos regionais, atrás
da RDCongo, o segundo pior colocado na África Austral, com 0.435. A nível global, a
Noruega ocupa o primeiro lugar do índice e a República Centro-Africana o último” (Sapo,
2018).
Daí que, se repararmos no objectivo 10 (Reduzir as Desigualdades) dos ODS, por exemplo, a
AIP(2014) Moçambique criou o NDP com o objetivo de introduzir uma estratégia de longo prazo
para um combate definitivo à pobreza e para reduzir as desigualdades sociais até 2030 e que tem
como principal foco (i) a melhoria do bem estar da população, (ii) a redução dos custos associados
10 | P á g i n a
à realização de negócios, (iii) o aumento das exportações e (iv) a criação de mais emprego, com
o objetivo último de tornar o crescimento económico inclusivo. Entretanto Faria (2011) entende
que a relação entre as reformas de descentralização administrativa em Moçambique,
particularmente os conselhos locais e o OIIL que ajudarão na redução dessa pobreza e
desigualdades. Esta análise parte do pressuposto de que o fraco grau de institucionalização do
estado a nível local leva à viciação das reformas, o que diminui a possibilidade do seu impacto na
melhoria das condições de vida a nível local (idem).
No caso da SADC Coelho (2011) entende que “apesar da vontade da maioria dos países
da região em levar até ao fim tais transformações, e da evidência dos passos concretos
que estão a ser dados nesse sentido, as transições são fenómenos complexos e não seguem
itinerários pré-determinados. Pelo contrário, manifestam sempre avanços e recuos, uma
vez que o que as faz mover são actores sociais concretos com interesses diversos, ou
mesmo contraditórios, num contexto regional em que nem sempre é clara a distinção entre
aquilo que se consideram interesses nacionais e o que é o interesse regional comum.
Muitas vezes este último é encarado até como estabelecendo uma relação de conflito com
os interesses nacionais.
11 | P á g i n a
Bielschowsky & Torres (2018, p.235) afirmam que “Apesar dos avanços, persistem altos
niveis de desigualdade, que conspiram contra o desenvolvimento e são uma poderosa
barreira para a erradicação da pobreza, a ampliação da cidadania e o exercicio dos
direitos, assim como para a governabilidade democrática”. Assim sendo, só reduzindo
essas desigualdades “é que se pode avançar no desenvolvimento sustentável” (idem), o
que pode-nos levar como pretexto a tocar também no objectivo 13 (Ação Climática) dos
ODS, que Fernandes (2015) olha dizendo que é necessário atuar simultaneamente ao nível da
mitigação, reduzir as emissões de gases com efeitos estufa (GEE) e ao nível da adaptação e
minimizar a vulnerabilidade em relação aos efeitos negativos das alterações climáticas. É do
conhecimento geral e está plenamente demonstrado que as alterações climáticas constituem um
problema à escala global, pelo que as decisões relativas quer à mitigação quer à adaptação
envolvem ações e opções a todos os níveis da tomada de decisão, do local ao internacional,
envolvendo todos governos nacionais.
Cumprir com o ODS 13 ajuda com que não existam ou se diminua o constante aumento de
refugiados ambientais por falta de alimentos devido a secas extremas, cheias e falta de alimentos.
Sem nada se fazer podemos cair no círculo vicioso da desigualdade, representado pela
figura seguinte:
O aumento demográfico, é uma das razões que podem perpetuar este circulo sobretudo
quando falamos de famílias de baixa renda como são os casos dos países da SADC.
Assim a criação de hábitos que levem ao cumprimento dos ODS ajuda também na
eliminação completa das desigualdades, aliás, um dos pilares da criação e existência dos
ODS é mesmo para a eliminação de desigualdades sociais.
12 | P á g i n a
Lelé (2013) e Viriato Soromenho-Marques (2012) refletem sobre isso chegando mesmo
a admitir que há problemas graves na relação desenvolvimento sustentável e os hábitos
que devem ser criados para esse desenvolvimento. Não é somente o abandono dos EUA
ao protocolo de quioto e outras convenções sobre as alterações climáticas, como também
a péssima imagem vinda de áfrica devido a degradação dos ecossistemas, motivado pela
constante descoberta de recursos, o constante conflito de terra entre as populações e as
multinacionais, pela ocupação de espaços. Veja-se agora os conflitos infindáveis que
estão a ocorrer na áfrica do sul entre a maioria negra e os agricultores brancos. Veja-se
os vários conflitos que ocorrem na província de Tete – Moçambique para a extração do
carvão de Moatize onde se elimina a vida selvagem de vários kilómetros de terra e a vida
das populações. Os conflitos existentes na Bacia do Rio Rovuma – Moçambique com as
companhias petrolíferas após descobertas de jazigos de gás; Os conflitos em
Nhamanumbir – Moçambique devido a extração de pedras preciosas, etc etc. São
conflitos que estão sendo criados entre a natureza e o homem, entre o homem e as
multinacionais, agravando o nível de pobreza, a nomadez da população, a exclusão social,
a falta de infraestruturas, em suma a degradação da responsabilidade social com culpa
explícita para os estados.
Como é que se pode acabar ou diminuir desigualdes se retiramos o cidadão das suas zonas
de origem para o substituirmos por uma pessoa ou empresa que vai passar a explorar
recursos do local onde o cidadão residia? Se formos a ver para os casos de zonas de
petróleo em Cabinda (em Angola), das minas de Ouro (na África do Sul), das minas de
cobre (na Zãmbia), de diamantes no (Zimbabwe), das regiões de carvão e gás natural (em
Moçambique) há sempre essa substituição dos camponeses das suas terras por
multinacionais que precisam dos recursos, com os governos a esquecer os seus
concidadãos que passam para o abandono e agora sem terra para cultivo que era a única
fonte de sustento familiar. Assim voltamos aos problemas de desigualdade que em vez da
sua minimização, tendem a piorar.
13 | P á g i n a
(2016) e o cumprimento excrupuloso dos ODS. Tenha-se em conta que os ODS em última
instância englobam os objetivos e metas previstos em ISSC (2016) e em SADC (2012).
Uma das formas de se poder eliminar desigualdades a nível da SADC é partir para a
realização de ações concretas, investigando o problema das sociedades, comunidades e
populações dessa região. A investigação ação para este caso é importante para todos
atores sociais.
14 | P á g i n a
Reforço da colaboração para uma resposta melhorada do HIV e TB em
Moçambique, através de uma parceria efectiva entre o Governo e a Sociedade
Civil – vide http://www.fdc.org.mz/wp-content/uploads/2018/01/Fundo-Global-
Actualizado.pdf
Programa de Empoderamento da Rapariga – vide http://www.fdc.org.mz/wp-
content/uploads/2017/03/Programa-da-Rapariga.pdf
etc, etc.
São ações dessas que podem melhorar o ambiente e eliminação das desigualdades sociais
a nível da SADC.
Evidentemente, quando se fala que o produto deve retornar a sua origem, não se pretende
dizer que ele deve ser devolvido exatamente ao ponto em que foi fabricado, mas sim
voltar para a Empresa que o produziu. A Empresa, por sua vez, dará o destino que lhe for
mais conveniente, pode ser recuperá-lo, reciclá-lo, vendê-lo para outra empresa ou, até
mesmo, jogá-lo no lixo (Shibao et al., 2010).
A logística reversa é um trabalho em parceria como uma das formas de ações de solução
das desigualdades, só que desta vez para situações de consumo. A parceria é uma estrutura
em rede e é uma estratégia de trabalho colaborativo (Carmo et al., 2015), que de certa
forma é um dos maiores pilares para a intervenção social, porque a parceria de acordo
15 | P á g i n a
com Carmo (2014b) citado em Carmo et al. (2015) “é um trabalho de um conjunto de
pessoas, grupos, equipas e organizações dotado de heterogeneidade e identidade” (idem),
Ela, segundo Carmo et al. (2015), deve partir de uma população alvo, delinear plano de
ação, objetivos gerais e específicos, estratégias e atividades, conceber um plano de
monitoria e avaliação, atendendo aos quatro tipo de exigências:
Controlo do narcisismo individual e organizacional
Estilo democrático de orientação
Conjunto de regras que dêem coesão à rede
Maturidade emocional dos protagonistas
Com as 4 exigências criadas aí a intervenção social pode ser “planeada, implementada e
avaliada com qualidade quer porque se criam condições para responder de forma
articulada às necessidades reais da população-cliente quer porque será possível fazê-lo de
forma participada, estreitando laços interpessoais e aumentando o capital social” (Carmo,
2014b) citado em Carmo et al. (2015).
A parceria não deve esquecer as competências das pessoas. Se atendermos que melhor é
primeiro as competências das pessoas que vão integrar a parceria, o que chamamos de
cidadania, então uma parceria é também um exercício de educação para a cidadania e
fonte para a eliminação de desigualdades
4. Considerações Finais
Pelas várias situações descritas é fácil perceber que com o não cumprimento das diretivas
que a própria SADC emana, aliado a ratificação e não cumprimento dos ODS, então não
será possível eliminar as desigualdades sociais.
16 | P á g i n a
A nível do consumo, a aplicação da logística reversa será umas das formas de garantir
maior refluxo do produto para todos, permitindo que aqueles com poucas posses o
readquiram tanto como permitindo a reciclagem como forma de garantir uma ação
climática que leva ao cumprimento dos ODS.
Para terminar dizer que, é necessário ter em conta a “escala estruturante das organizações e
redes integrantes na SADC (escala meso), daí que o trabalho colaborativo em rede passa
aqui a ter um papel fundamental, mas extremamente exigente” (Carmo, 2019), porque obriga
a se ter “um nível elevado de responsabilidade social dos indivíduos e das organizações,
particularmente se a rede for suficientemente apertada assumindo a forma de parceria”
(Idem).
Referências Bibliográficas
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os países da CPLP. Maputo: Lusofonia Económica.
BlueSol Energia Solar [BlueSol](2018). Fontes de Energias Renováveis: O que Você Deveria
Saber [Mas Ainda Não Sabe]. Recuperado de https://blog.bluesol.com.br/fontes-de-energia-
renovaveis/ em 01 de Dezembro de 2018.
17 | P á g i n a
De Souza, S. F. & da Fonseca, S. U. L. (2009). Logística Reversa: Oportunidades para
Redução de Custos em Decorrência da Evolução do Fator Ecológico. v.3, n.1, 2009.
São Paulo: Revista Terceiro Setor.
18 | P á g i n a
Nunes, N. (2013). Desigualdades sociais e ação coletiva nas sociedades
contemporâneas: a fecundidade teórica de Pierre Bourdieu e de Nicos Mouzelis. Lisboa:
Instituto Universitário de Lisboa.
Queirós, A. F. R. R., Jesus, E. F. M., Rua, F. B. S. P., Martins, J. D. A., Costa, S. P. L. & Ribeiro,
T. M. J. A. (2009). Energias Renováveis e Desenvolvimento Sustentável. Novas tendências na
produção de energia a partir de fontes renováveis. Porto: FEUP.
Renewable Energy Policy Network for the 21st Century [REN21](2018). Energias Renováveis
2016. Relatório da Situação Mundial. Recuperado de http://www.ren21.net/wp-
content/uploads/2016/11/REN21_GSR2016_KeyFindings_port_02.pdf em 30 de Novembro de
2018.
Anexos
20 | P á g i n a
Firgura 6: Tipo de energia consumida para cada um dos países da SADC em 2015
Fonte: http://www.ren21.net/wp-content/uploads/2015/10/REN21_webfile.pdf
21 | P á g i n a
Figura 8: Outras formas de desigualdades patentes na SADC. Fotos tiradas em
Moçambique, Zimbabwe e Malawi.
Fonte: Autor
22 | P á g i n a