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A teoria humoral de Hipócrates

outubro 4, 2018
A história da teoria humoral de
Hipócrates data de quase quatro
séculos antes da nossa era. Esta
é considerada uma das
primeiras aproximações do que,
quase 20 séculos depois, se
transformaria em uma nova
ciência: a psicologia.
Hipócrates, conhecido como “o
pai da medicina”, foi a primeira pessoa do Ocidente a sistematizar os
conhecimentos disponíveis sobre a saúde e a doença. Além disso, propôs uma
explicação para estes fenômenos e uma terapia para entendê-los.
“É muito mais importante saber que a pessoa tem uma doença do que saber que
a doença tem a pessoa.” – Hipócrates-
A teoria humoral de Hipócrates foi assimilada e utilizada pela maioria dos
médicos (e similares) até meados do século XIX. Isso nos dá uma ideia da
solidez com a qual este homem da Grécia Antiga organizou seus pensamentos.
De fato, hoje em dia algumas ideias dessa teoria continuam sendo defendidas.

A teoria humoral
A teoria humoral de Hipócrates defende basicamente que o corpo humano se
compõe de quatro substâncias. Tais substâncias recebem o nome de
“humores”. Elas devem manter um perfeito equilíbrio entre si. Quando perdem
esse equilíbrio, surge a doença, tanto do corpo quanto do espírito.
Qualquer deficiência ou doença significava basicamente que o equilíbrio dos
humores essenciais havia se alterado. Portanto, a forma de tratá-la consistia em
encontrar uma maneira de restabelecer o equilíbrio perdido.
De acordo com esta teoria, as substâncias que compõem o corpo humano são:
bile negra, bile amarela, sangue e fleuma. Por sua vez, cada um destes humores
se relacionava com um elemento do universo e com uma qualidade
atmosférica. A relação seria a seguinte:
Bile negra: relacionada com a terra, com propriedades de secura e frio;
Bile amarela: relacionada com o fogo, com propriedades de secura e calor;
Sangue: relacionado com o ar, com qualidades de umidade e calor;
Fleuma: relacionada com a água, com qualidades de umidade e frio.
Os humores e a personalidade
Hipócrates e seus seguidores nunca viram a doença como um assunto
exclusivamente orgânico. Mantiveram uma concepção na qual a mente e o corpo
eram uma só realidade. Consequentemente, o que acontecia com a mente tinha
efeitos no organismo físico e vice-versa.
Os integrantes da Escola Peripatética
ofereceram um novo elemento à teoria
humoral. Destacaram que o predomínio
de um dos humores gerava um
temperamento específico nas
pessoas. Mais
tarde, Galeno complementou estas
discussões. Indicou que o desequilíbrio
dos humores afetava a forma de ser, de
sentir, de pensar e de se comportar.
Foi Galeno que acabou demonstrando a existência de quatro temperamentos, a
partir da teoria humoral. Estes são:
Melancólico. Caracteriza aqueles que têm um predomínio da bile negra em seu
organismo. Têm um temperamento triste, bastante suscetível e ligado às
atividades artísticas.
Colérico. Representa aqueles que têm uma grande quantidade de bile amarela.
Isso dá origem a um temperamento apaixonado, com muita vitalidade e com
tendência de sentir raiva com muita facilidade.
Sanguíneo. Neste caso, predomina o humor do sangue. As características do
temperamento sanguíneo são a segurança em si mesmo, a alegria, o otimismo,
a expressividade e a sociabilidade.
Fleumático. Caracteriza aqueles que têm um predomínio de fleuma em seu
organismo. As pessoas fleumáticas são reflexivas, justas, tranquilas, sem grande
capacidade de compromisso e pouco preguiçosas.

As abordagens hipocráticas no mundo de hoje


Tanto Hipócrates quanto Galeno e todos os seus seguidores arquitetaram e
complementaram a teoria humoral baseando-se na observação, mas sem a
aplicação de nenhum método científico. Por isso, com o surgimento e
consolidação das ciências formais, toda essa teoria caiu em desuso.
Hoje em dia já não possui nenhuma validade objetiva, mas continua sendo
considerada uma referência histórica.
No entanto, ela tem o mérito de ter sido o primeiro esforço sério para classificar
os diferentes tipos de temperamento. Também é muito interessante o fato de
que estas pessoas tenham sido capazes de compreender que as emoções
também têm um referente fisiológico.

De fato, as teorias de
Hipócrates e de Galeno
serviram como inspiração
para os primeiros
psicólogos. De uma forma ou
de outra, estes pensadores
conseguiram um grande
avanço.
Suas classificações se
aproximam dos diferentes
tipos de personalidade definidas por pesquisadores quase 2 mil anos depois de
terem sido estudadas pelos precursores das ciências da saúde.
Dra. Eloíza Quintela
Cirurgiã do Aparelho Digestivo e Transplante Hepático
Cirurgiã Hepato Biliopancreático
Gastroenterologista e Hepatologista
CRM-SP 80854

Fígado: Teoria Humoral ou Teoria dos Quatro Humores

A Teoria Humoral ou Teoria dos Quatro Humores constituiu o principal corpo de


explicação racional da saúde e da doença entre o Século IV a.C. e o Século XVII.
Também conhecida por teoria humoral hipocrática ou galênica, segue as teorias
dominantes na escola de Kos, segundo as quais a vida era mantida pelo
equilíbrio entre quatro humores: Sangue, Fleuma, Bílis Amarela e Bílis Negra,
procedentes, respectivamente, do coração, cérebro, fígado e baço. Cada um
destes humores teria diferentes qualidades: o sangue era quente e húmido, a
fleuma era fria e húmida, a bílis quente e seca e a bílis negra fria e seca. Segundo
o predomínio natural de um destes humores na constituição dos indivíduos,
teríamos os diferentes tipos fisiológicos: o sanguíneo, o fleumático, o bilioso ou
colérico e o melancólico. A doença seria devida a um desequilíbrio entre os
humores, tendo como causa principal as alterações devidas aos alimentos, os
quais, ao serem assimilados pelo organismo, davam origem aos quatro humores.
Entre os alimentos, Hipócrates incluía a água e o ar. A febre seria devida à
reação do corpo para cozer os humores em excesso. O papel da terapêutica
seria ajudar a physis a seguir os seus mecanismos normais, ajudando a expulsar
o humor em excesso ou contrariando as suas qualidades.

DOS QUATRO HUMORES ÀS QUATRO BASES


Desde a antiguidade e em várias civilizações, o número quatro tem um
simbolismo especial: o da plenitude, da totalidade, da abrangência, da
universalidade. Expressa, ao mesmo tempo, o concreto, o visível, o aparente, o
criado, ao contrário do número 3, que espelha o transcendental, o espiritual, o
abstrato, o divino. Nas palavras de Platão: "O ternário é o número das ideias; o
quaternário, o da realização das ideias".
Esta concepção parece radicar-se no inconsciente coletivo, porquanto o mesmo
simbolismo aparece também entre povos indígenas e tribos africanas. Os
filósofos gregos da escola pitagórica tinham imaginado o universo formado por
quatro elementos: terra, ar, fogo e água, dotados de quatro qualidades, opostas
aos pares: quente e frio, seco e úmido. A transposição da estrutura quaternária
universal para o campo da biologia deu origem à concepção dos quatro humores
do corpo humano.
O conceito de humor (khymós, em grego), na escola hipocrática, era de uma
substância existente no organismo, necessária à manutenção da vida e da
saúde. Inicialmente, fala-se em número indeterminado de humores.
Posteriormente, verifica-se a tendência de simplificação, reduzindo-se o número
de humores para quatro, com seu simbolismo totalizador. No livro Das
doenças os humores são o sangue, a fleuma, a bile amarela e a água. Na
evolução dos conceitos, a água, que já figurava como um dos componentes do
universo, é substituída pela bile negra. Admite-se que a crença na existência de
uma bile negra tenha sido fruto da observação clínica nos casos de hematêmese,
melena e hemoglobinúria.
No tratado Da natureza do homem, um dos mais tardios da coleção hipocrática,
atribuída a Polybos, genro de Hipócrates, a bile negra é definitivamente
incorporada como um dos quatro humores essenciais ao organismo.
Segundo a doutrina dos quatro humores, o sangue é armazenado no fígado e
levado ao coração, onde se aquece, sendo considerado quente e úmido; a
fleuma, que compreende todas as secreções mucosas, provém do cérebro e é
fria e úmida por natureza; a bile amarela é secretada pelo fígado e é quente e
seca, enquanto a bile negra é produzida no baço e no estômago e é de natureza
fria e seca.
A doutrina dos quatro humores encaixava-se perfeitamente na concepção
filosófica da estrutura do universo. Estabeleceu-se uma correspondência entre
os quatro humores com os quatro elementos (terra, ar, fogo e água), com as
quatro qualidades (frio, quente, seco e úmido) e com as quatro estações do ano
(inverno, primavera, verão e outono).
O estado de saúde dependeria da exata proporção e da perfeita mistura
dos quatro humores, que poderiam alterar-se por ação de causas externas ou
internas. O excesso ou deficiência de qualquer dos humores, assim como o seu
isolamento ou miscigenação inadequada, causariam as doenças com o seu
cortejo sintomático.
Segundo a concepção hipocrática
da patologia humoral, quando
uma pessoa se encontra enferma,
há uma tendência natural para a
cura; a natureza (Physis) encontra
meios de corrigir a desarmonia
dos humores (discrasia),
restaurando o estado anterior de
harmonia (eucrasia).
Este processo se realiza em três
etapas nas doenças
agudas: apepsia, pepsia (cocção)
e crisis. A crisis tem tendência a
ocorrer em dias certos, o que
levou Hipócrates a estudar os dias
críticos de várias enfermidades.
A recuperação do enfermo
acompanha-se da eliminação do
humor excedente ou alterado. O
médico pode auxiliar as forças
curativas da Natureza, retirando
do corpo o humor em excesso ou defeituoso, a fim de restaurar o equilíbrio. Com
esta finalidade, surgiram os quatro principais métodos terapêuticos: sangria,
purgativos, eméticos e clisteres.

Galeno, no século II DC, com o prestígio de sua autoridade, revitalizou a doutrina


humoral e ressaltou a importância dos quatro temperamentos, conforme o
predomínio de um dos quatro humores: sanguíneo, fleumático, colérico
(de cholé, bile) melancólico (de melános, negro + cholé, bile). Colérico, portanto,
é aquele que tem mais bile amarela, e melancólico, o que tem mais bile negra.
Transfere-se, desse modo, para o comportamentos das pessoas, a noção de
equilíbrio e harmonia dos humores.
As expressões "bom humor", "mau humor", "bem humorado", "mal humorado"
são reminiscências dos conceitos de eucrasia e discrasia. A doutrina da
patologia humoral guiou a prática médica por mais de 2.000 anos e só começou
a perder terreno com a descoberta da estrutura celular dos seres vivos graças
ao desenvolvimento da microscopia. Os órgãos e os tecidos deixaram de ser
considerados como massas consistentes resultantes da solidificação dos
humores e passaram a ser vistos como aglomerados de células individuais,
adaptadas à natureza e função de cada órgão.
Coube a Rudolf Virchow (1821-1902) estabelecer as bases da nova patologia,
fundamentada nas alterações celulares causadas pelas doenças. A milenar
doutrina da patologia humoral foi substituída pela patologia celular, o que
representou um marco na evolução da teoria e da prática da medicina.
Ao mesmo tempo, o estudo da embriologia e do processo de divisão celular levou
à descoberta das estruturas intracelulares, em especial do núcleo, dos
cromossomas, dos genes, e, finalmente, do DNA (ácido desoxirribonucléico),
substância primordial de todas as formas de vida, aquela que encerra o código
genético, define os caracteres hereditários e assegura a continuidade das
espécies. A identificação cristalográfica e química do DNA, que permitiu
identificar a sua estrutura helicoidal pode ser considerada um dos feitos mais
notáveis da pesquisa biológica.
Na complexidade e diversidade das diferentes formas de vida, uma surpresa: o
ressurgimento do número quatro nas quatro bases que integram o DNA: adenina,
timina, guanina e citosina. Todos os seres vivos - animais, plantas, bactérias e
muitos vírus - são o resultado de diferentes sequenciamentos e combinações
dessas quatro bases na dupla hélice do DNA. E as quatro bases, por sua vez,
são formadas de quatro elementos químicos: carbono, oxigênio, hidrogênio e
nitrogênio.
No dizer do Prof. Spyros Marketos, presidente da Fundação Internacional
Hipocrática de Cós, o modelo quaternário da escola hipocrática mostrou-se
compatível com as recentes descobertas da biologia molecular.
Joffre M de Rezende
Prof. Emérito da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás
Membro da Sociedade Brasileira de História da Medicina

E Fígado e o Humor
O conceito de humor (khymós, em grego), na escola hipocrática, era de uma
substância existente no organismo, necessária à manutenção da vida e da
saúde. Inicialmente, fala-se em número indeterminado de humores.
Posteriormente, verifica-se a tendência de simplificação, reduzindo-se o número
de humores para quatro, com seu simbolismo totalizador. No livro Das
doenças os humores são o sangue, a fleuma, a bílis amarela e a água. Na
evolução dos conceitos, a água, que já figurava como um dos componentes do
universo, é substituída pela bílis negra. Admite-se que a crença na existência de
uma bílis negra tenha sido fruto da observação clínica nos casos de
hematêmese, melena e hemoglobinúria. No tratado Da natureza do homem, um
dos mais tardios da coleção hipocrática, atribuída a Polybos, genro de
Hipócrates, a bílis negra é definitivamente incorporada como um dos quatro
humores essenciais ao organismo. Segundo a doutrina dos quatro humores, o
sangue é armazenado no fígado e levado ao coração, onde se aquece, sendo
considerado quente e úmido; a fleuma, que compreende todas as secreções
mucosas, provém do cérebro e é fria e úmida por natureza; a bílis amarela é
secretada pelo fígado e é quente e seca, enquanto a bílis negra é produzida no
baço e no estômago e é de natureza fria e seca.
A doutrina dos quatro humores encaixava-se perfeitamente na concepção
filosófica da estrutura do universo. Estabeleceu-se uma correspondência entre
os quatro humores com os quatro elementos (Terra, Ar, Fogo e Água), com as
quatro qualidades (frio, quente, seco e úmido) e com as quatro estações do ano
(inverno, primavera, verão e outono). O estado de saúde dependeria da exata
proporção e da perfeita mistura dos quatro humores, que poderiam alterar-se por
ação de causas externas ou internas. O excesso ou deficiência de qualquer dos
humores, assim como o seu isolamento ou miscigenação inadequada,
causariam as doenças com o seu cortejo sintomático.
Tabela dos Humores e suas Associações
Do Sangue (Sanguis) sanguine, significando "resistente, confidente, otimista,
vem: alegre, feliz."
bílis, significando "a qualidade ou estado do ser
irascível”; colérico, significando "irritado, irado,
irascível"; bile, significando "inclinação a irritar-se, raiva
Da Bílis Amarela
(baço)"; bilioso (mau humor), significando "pevish,
(Bilis, Kholê) e suas
ruim"; amargo, significando "bitterness, rancor,
associações vem:
insolence"; spleen, significando "malevolência misturada
& mau temperamentado"; e ictérico (invejoso),
significando "inveja, distaste, hostilidade."
Do Fleuma (Phlegma) fleumático, significando "lento, estólido, indiferença,
vem: impassivo."
E da Bílis Negra melancólico, significando "depressivo, tendência à
(Melancholia) vem: depressão os espíritos, irascivel, triste, abatido."

O papel do fígado (Gan) na Medicina Tradicional Chinesa

O fígado desempenha um importante papel na fisiologia tradicional chinesa.


Como é ele que comanda o fluxo suave do qi por todo o corpo, qualquer
desequilíbrio em suas funções geralmente afeta outro órgão.
A estagnação do fluxo do qi do fígado frequentemente desequilibra o fluxo
emocional, produzindo sentimentos de frustração e ira. Contrariamente, essas
mesmas emoções podem levar a uma disfunção no fígado, resultando em um
ciclo interminável de causa e efeito.
Associado com o armazenamento do sangue, o fígado também é o órgão
primário envolvido no ciclo menstrual de uma mulher. Quando o fígado está
desequilibrado, os seguintes sintomas podem ocorrer: problemas emocionais,
dor ou sensação de estufamento nas costelas, vertigem, cefaléia, cólicas,
problemas nos tendões, problemas menstruais, icterícia, visão fraca ou borrada
e desordens digestivas.

As funções do fígado

O fígado armazena o sangue. O fígado é considerado uma área de


armazenamento para o sangue quando este não está sendo usado para
atividade física. Esses períodos de descanso contribuem para os processos
restauradores do corpo. Durante o exercício, o sangue é liberado para nutrir
tendões e músculos.

Essa função também está intimamente associada ao ciclo menstrual, pois o


fígado mantém o suprimento de sangue adequado e regula o período e conforto
da menstruação. Quaisquer disfunções no ciclo menstrual são quase sempre
tratadas regulando-se o sangue do fígado, qi ou yin.

Quando o qi do fígado está estagnado (uma condição muito comum), uma


pessoa apresenta os seguintes sintomas; irritabilidade, sensação de aperto no
peito e, nas mulheres, sintoma de tensão pré-menstrual. Quando o sangue do
fígado está deficiente, sintomas como olhos e pele secos, palidez e falta de
menstruação podem ocorrer.

O fígado garante o fluxo suave do qi. O Nei Jing refere-se ao fígado como um
general no exército, coordenando o movimento das tropas. Quando o fígado
funciona suavemente, a atividade física e emocional por todo o corpo também
ocorre suavemente.

Porém, quando a habilidade do fígado de disseminar o qi suavemente por todo


o corpo é prejudicada devido a estresse ou opções de estilo de vida, o qi do
fígado pode se tornar estagnado ou hiperativo, causando danos em outros
órgãos, como pulmões, estômago e baço. Geralmente, problemas relacionados
ao estresse, como síndrome do intestino irritável ou indigestão, podem ser
tratados com sucesso trabalhando-se a "suavização do qi do fígado".

O fígado controla os tendões. Como vimos anteriormente, o fígado armazena


sangue durante os períodos de descanso e depois libera-o para os músculos e
tendões nos momentos de atividade. Quando o sangue do fígado está deficiente,
rigidez e inflexibilidade dos músculos e tendões podem ocorrer. Se o qi do fígado
está estagnado, os músculos podem sofrer espasmos. Esses espasmos
musculares frequentemente ocorrem quando uma pessoa ingere café forte. O
café, mesmo a variedade descafeinada, é uma das substâncias mais nocivas ao
fluxo suave do qi do fígado.

Muitas pessoas têm rigidez nos músculos dos ombros e músculos do pescoço
após a ingestão desse poderoso estimulante herbáceo. De fato, pode ser
extremamente difícil resolver desequilíbrios do fígado em pessoas que bebem
café regularmente.

O fígado se mostra dentro dos olhos. Ainda que todos os órgãos tenham alguma
conexão com a saúde dos olhos, o fígado está conectado à função adequada os
olhos. Por exemplo, problemas oculares crônicos geralmente podem estar
relacionados a uma deficiência do yin ou sangue do fígado. É bastante comum
obter sucesso com problemas de desordem ocular tratando-se o fígado.

O fígado se mostra nas unhas. Quando o sangue do fígado é abundante, ele se


espalha para as extremidades do corpo, incluindo as unhas dos pés e das mãos.
Por outro lado, quando o sangue do fígado está deficiente, as unhas podem
parecer pálidas, fracas e quebradiças.

AS EMOÇÕES E AS DOENÇAS – A Raiva e o Fígado

A RAIVA

A raiva é uma emoção que tem um amplo espectro. Outras emoções como o
ressentimento, frustração, a indignação, a animosidade, a irritação, a amargura,
o ódio, na realidade, são variações da raiva. Qualquer um desses estados
emocionais pode afetar o fígado, se permanecerem por algum tempo no sistema.
A raiva nem sempre é manifestada expressamente com explosões, irritabilidade
ou gritos. Há indivíduos que podem estar carregando raiva por anos, sem
necessariamente manifestá-la. Nesse caso, instaura-se uma profunda
depressão que drena a energia da pessoa, impedindo-a até mesmo de expressar
a raiva. Esses são os casos daquelas pessoas que andam devagar, falam com
voz suave, mas que estão cheias de raiva por dentro. Familiar? Bem, esse tipo
de depressão, muitas vezes, é causada por um ressentimento, armazenado por
muitos anos, muitas vezes contra um determinado membro da família.
A raiva pode afetar outros órgãos, como o estômago, por exemplo. Isso acontece
invariavelmente quando a pessoa fica com raiva na hora das refeições. Porém,
os intestinos são afetados quando se fica com raiva uma ou duas horas depois
de uma das refeições. Um caso comum é aquele que o indivíduo vai para um
trabalho estressante ou frustrante logo após o almoço. O Qi estagnado do fígado
invade o intestino, causando dores abdominais, distensão e prisão de ventre com
diarreia, alternadamente. Todas as emoções, além de afetarem determinados
órgãos diretamente, afetam o coração indiretamente. No caso da raiva, ela
aumenta o fluxo de sangue no coração. Com o passar do tempo, provoca o
aquecimento do sangue que além de afetar o coração, afeta também a mente.
As pessoas que estão sempre apressadas e as que fazem exercício
excessivamente são particularmente suscetíveis à raiva. A raiva pode em muitos
casos disfarçar emoções como a culpa. Muita gente carrega uma carga enorme
de culpa por anos a fio, mas não consegue ou não está preparado para
reconhecê-la. Acabam usando a raiva para mascarar a culpa. Em países como
a Itália, a Grécia e a Espanha, por exemplo, há famílias inteiras que estão
permanentemente com raiva. A raiva é usada, porém, para mascarar
sentimentos como a culpa, o medo, a fraqueza ou o complexo de inferioridade.
O lado positivo da energia que gera a raiva é força, dinamismo, criatividade e
generosidade. Essa mesma energia que se perde, muitas vezes, em explosões
vulcânicas, pode ser direcionada para fazer um indivíduo conseguir um objetivo
na vida.

O FÍGADO

O fígado é o maior órgão do corpo humano. Pesando cerca de 1,5 quilo se


localiza do lado direito, no quadrante superior da cavidade abdominal, protegido
pelas costelas. Juntamente com o baço e a medula óssea forma um grupo de
órgãos chamados de hematopoiéticos, responsáveis pela hematopoese, que é
a formação e desenvolvimento das células sanguíneas.
É uma verdadeira indústria química, executando mais de 500 funções no corpo
humano.
O bom funcionamento do fígado é tão fundamental para a saúde, no seu sentido
mais amplo, que é considerado por algumas correntes da Medicina Oriental
como o segundo coração.

Algumas das suas importantes funções são as seguintes:

- Integração entre os vários mecanismos energéticos do organismo.


- Emulsificação de gorduras através da secreção da bile
- Armazenamento e liberação de glicose
- Síntese de proteínas do plasma
- Conversão de amônia em ureia
- Desintoxicação de toxinas químicas produzidas pelo organismo.
- Desintoxicação de toxinas químicas externas ao organismo.
- Filtragem mecânica de bactérias.
- Controle do equilíbrio hidro-salínico normal.
- Secreção da bile ou bílis.

Maus hábitos alimentares, o estresse e o comportamento raivoso são os piores


inimigos do fígado. Dentro desse cenário, o açúcar refinado e o álcool são os
piores vilões.

Na maioria das vezes o indivíduo que é impaciente e intolerante sofre do fígado.


À medida que a situação vai se agravando, o fígado vai ficando tenso e,
paralelamente a vida da pessoa vai se tornando insuportável. O fígado vai
perdendo a sua capacidade natural de proteger o organismo das toxinas internas
e externas, e a pessoa entra num processo de intoxicação que muitas vezes se
torna irreversível.

Medidas de prevenção e tratamentos de recuperação desse órgão tão


assoberbado, garantem boa saúde, disposição e vida longa.
Segundo a medicina ayurvédica, a pessoa que não tem um fígado funcionando
bem não prospera na vida. Faz sentido, não faz?
Em geral, as hortaliças de cor verde são boas para o fígado. Dentre essas, as
de cor verde escura são as melhores. O hábito de tirar o sumo de verduras e
legumes crus e, tomar, pelo menos um copo, de preferência pela manhã em
jejum faz muito bem ao “general”. Costumo chamar o fígado de general, porque
ele comanda muitas funções no corpo.

Recentemente, conversando com uma amiga que é acupunturista e naturopata,


ela me disse que o suco feito com a grama do trigo, o verdinho wheat grass tem
o poder de curar cirrose, câncer de fígado e ajudar no tratamento da hepatite C.
Ela ouviu esse comentário em uma das centenas de palestras que assistiu sobre
saúde. Acho que vale a pena acrescentar um pouquinho (não pode ser muito a
princípio!) do sumo do wheat grass ao suco de vegetais.

O wheat grass é vendido em supermercados naturalistas. É preciso uma


máquina especial para retirar o sumo da grama de trigo. Essa maquininha é
manual e se assemelha bastante aos antigos moedores de carne.
Causas principais que prejudicam o fígado

1 - Dormir tarde e despertar tarde

2 - Não urinar pela manhã

3 - Comer demasiado

4 - Saltar o pequeno-almoço (café da manhã)

5 - Consumir muitos medicamentos

6 - Consumir conservantes, colorantes e adoçantes artificiais

7 - Consumir óleos de cozinha não saudáveis. Reduza o mais possível o


consumo de alimentos fritos mesmo quando utilize azeites benéficos. Não
consuma alimentos fritos quando estiver cansado ou doente a menos que seja
muito magro, mas se puder, evite-o.

8 - Consumir alimentos crus ou demasiado cozidos sobrecarregam o fígado.


Os vegetais devem ser comidos crus ou pouco cozidos. Se consumes vegetais
fritos deves fazê-lo de uma só vez, ou seja, não deves guardá-los para consumo
posterior.

Devemos seguir estes conselhos sem que signifique maior gasto. Sé temos que
adoptar um estilo de vida mais saudável e melhorar os nossos hábitos
alimentares. Manter bons hábitos de alimentação e exercício é muito positivo
para que o nosso organismo absorva o que necessita e elimine os químicos no
seu "horário.

O Fígado na Medicina Tradicional Chinesa


O fígado, como todos os outros órgãos, tem uma função yin e outra yang. As
funções yin estão ligadas à fisiologia e à bioquímica e não serão abordadas aqui;
se houver necessidade, existem excelentes tratados para serem consultados. O
conceito de órgão na MTC é bem mais abrangente do que o usado nas escolas
ocidentais. Quando falamos no fígado, do ponto de vista energético, estamos
falando do fígado propriamente, da vesícula biliar, dos olhos, dos ombros, dos
joelhos, dos tendões, das unhas, dos seios, e todo o aparelho reprodutor
feminino, desde ovários, trompas, útero e vagina. Por esse motivo, na MTC se
diz que o fígado é o órgão mais importante para a mulher, assim como o rim é
para o homem.

A energia do fígado é responsável por manter o livre fluxo da energia total do


corpo. Como o movimento do sangue segue o movimento da energia, dizemos
que o fígado direciona a circulação do sangue e regula também o ciclo menstrual.
Mas o papel mais importante, sem dúvida é sobre o equilíbrio emocional, é a
energia do fígado quem vai nos fazer responder a todos os estímulos
emocionais, 24 horas por dia sem parar; daí já se deduz o desgaste intenso ao
qual é submetido este sistema, e pouquíssimas atitudes são tomadas para
auxiliar o fígado nesta tarefa, pelo contrário a nossa cultura parece fazer tudo
para impedir o equilíbrio. Como todas as emoções boas ou más passam pelo
fígado, não devemos reprimi-las a todo o momento. A repressão das emoções
provoca um bloqueio da energia que vai levar à formação de calor no fígado.
Este desequilíbrio energético pode se manifestar de várias formas. Dependendo
da sua localização, podemos ter uma insônia, uma enxaqueca, uma
precordialgia, uma hipertensão, uma gastrite, uma tensão pré-menstrual, e por
aí vai.

Os adoecimentos podem ser de dois tipos, por falta ou por excesso de energia,
ou usando um termo mais técnico, por vazio ou plenitude. Em relação às
emoções que lesam mais especificamente o fígado vamos ter, num quadro de
plenitude, a raiva, mais exatamente a raiva reprimida e, num quadro de vazio, o
pânico, que agora virou síndrome de pânico.

Cabe aqui fazermos uma distinção entre sentimento e emoção. Os sentimentos


geralmente fortalecem os órgãos e servem como mecanismos de defesa para o
nosso organismo. Por exemplo, uma sensação de apreensão é diferente do
medo. A primeira nos coloca num estado de alerta diante de uma certa situação,
sem nos limitar em nada, nos protegendo dos perigos. O medo por sua vez nos
limita e nos paralisa. A mesma coisa em relação a uma certa irritação que nos
leva a reagir quando somos atacados ou nos sentimos lesados, que é diferente
da raiva que tem um grau mais intenso. O importante é entender que todos os
sentimentos atuam bem no organismo, tudo depende da intensidade e por
quanto tempo. Da mesma forma que o sal, o orégano e a pimenta são temperos
usados na alimentação, os sentimentos são o tempero da nossa existência. A
qualidade de nossa vida dependerá da quantidade e da forma com que serão
usados.
Como já foi dito, o fígado rege praticamente todo o sistema reprodutor feminino
e é responsável por alterações no seu funcionamento que vão desde alterações
no ciclo menstrual, os cistos de ovário, miomas uterinos, corrimentos vaginais,
prurido vaginal, alterações da libido, como frigidez e impotência. Em algumas
doenças só a energia do fígado está em desarmonia, e em outras existe também
desequilíbrio de outros órgãos.
O fígado rege as articulações do ombro, joelhos e também os tendões de modo
geral. Assim sendo, as bursites e as dores nos joelhos sem causa aparente, são
sinais de comprometimento da energia do fígado. As tendinites e os estiramentos
frequentes também estão neste grupo.

Os olhos são a manifestação externa do fígado, e suas patologias também vão


nos indicar algumas alterações no fígado, as mais comuns são as conjuntivites,
os olhos vermelhos sem processo inflamatório, os terçóis, os pontos brilhantes
que aparecem no campo visual e outros.

As unhas são outra manifestação externa das condições do fígado, e as suas


deformidades ou a presença de micose vão nos sugerir algum comprometimento
na estrutura yin do fígado, ou desequilíbrio prolongado da energia do fígado.
Para concluir, o fígado comanda o funcionamento do sistema nervoso e é o
responsável pelas alterações funcionais como as várias formas de epilepsia, as
alterações no raciocínio, os desmaios e as perdas de consciência de modo geral,
e as doenças degenerativas como o Parkinson.

Todo órgão está acoplado a uma víscera que, no caso do fígado, é a vesícula
biliar, que em geral tem um papel secundário para o funcionamento do sistema.
Resumidamente, a vesícula atua mantendo o nosso equilíbrio postural. Todos os
quadros de tonturas, vertigens, labirintites estão ligados a ela. Rege a articulação
têmporo-mandibular (ATM). Todas as tensões que ficaram retidas no fígado
podem descarregar nesta região e produzir um quadro de ranger os dentes
(bruxismo), que se manifesta mais frequentemente durante o sono. Ao nível
emocional a vesícula biliar comanda o nosso processo de decisão, e seus
desequilíbrios vão se apresentar na forma de indecisões ou mesmo
desorientações, perda de rumo.

A lágrima é a secreção interna que ajuda a aliviar o fígado. Deste fato vem a
importância de não se reprimir o choro, embora nem sempre seja conveniente
socialmente. Mas, pode acreditar conter o choro faz mal à saúde.
Agora que já temos uma ideia de como é estar com a energia do fígado
desequilibrada, vamos fazer alguma coisa para ajudar. O mais importante é a
harmonia das emoções, isto é, as emoções não devem ser reprimidas. Nós
devemos senti-las e deixá-las fluir, evitando o apego emocional. Depois, evitar
os medicamentos químicos, as bebidas alcoólicas, os temperos picantes, se não
puder evitar, usá-los com moderação. Na alimentação, optar pelas coisas de cor
verde, e usar de preferência verduras cruas.

Extraído do livro Mudança de Hábito Alimentar de Dr. Fábio Miranda Pisani

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