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Fichamento (Pacto ABC) p.25 até p.

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Contextualização

Durante a década de 1950 ascensão de governos nacionalistas na América do Sul


provocou um temor dentro do Departamento de Estado dos Estados Unidos.
Governantes como Perón e Vargas, inauguravam uma nova forma de liderança política
no continente.

Os Estados Unidos viam com aversão os movimentos populistas latino americanos, que
por conta dos seus conteúdos nacionalistas, passaram a ser associados frequentemente
como movimentos de inspiração comunista.

Curiosamente a influência estadunidense no período de 1945/1946 que buscava impedir


a continuidade de Vargas e a vitória de Perón obtiveram resultados opostos.

Vargas caiu e Perón conseguiu aumentar apoio interno devido ao sentimento anti-
imperialista que emergiu com essa intervenção.

“Não resta dúvida que assegurar uma transição democrática sem traumas no Brasil,
onde qualquer uma das forças políticas em concorrência manteriam o alinhamento, fez
com que a derrota na Argentina não passasse de um contratempo”.

No período Dutra de 1946 até 1950 o Brasil corresponde a uma fase de extrema
inoperância do Poder Executivo, caracterizando-se pela retomada das antigas rixas
regionais e pelos choques das forças partidárias recém-criadas. No campo externo o país
se pautava por um alinhamento incondicional aos Estados Unidos.

O caso argentino era completamente oposto ao brasileiro, no âmbito interno graças ao


bônus financeiro gerado pelo pós-guerra, que reduzia a necessidade de mudanças
internas, dentro da sociedade argentina também devemos salientar o caráter do
nacionalismo peronista que conseguiu apaziguar as desavenças no campo da política.

Essa estabilidade interna proporcionou ao governo argentino de galgar uma política


externa independente, do jogo bipolar que havia se estabelecida no decorrer do pós-
guerra. Uma política externa extremamente original, que foi apelidada de “Terceira
posição”.

Enquanto a Argentina era a favor de práticas de complementação econômica que


estabelecessem sistemas comerciais de preferência com países limítrofes ou da mesma
região, independentemente do consentimento de organismos multilaterais. A posição do
Brasil nesse debate era de total alinhamento com os EUA na defesa obstinada do
multilateralismo e na preservação do livre do comércio.

O Brasil procurava acompanhar com fidelidade a cartilha ideológica dos Estados


Unidos. Já a Argentina tratou de maximizar uma posição equidistante dos dois polos de
poder internacional.

O tema específico do colonialismo no continente americano (Desde a criação da OEA


em 1948 a Argentina solicitava a inclusão deste tema na agenda de debates deste
organismo) O Brasil seguindo as orientações dos EUA era contra essa discussão dentro
do fórum interamericano.

A expansão da política externa peronista no continente foi um estímulo para que o


Brasil desse maior prioridade às suas relações com a América latina.

Desde a campanha eleitoral de 1950 especulava-se uma suposta articulação política


mais estreita entre Vargas e Perón. Pós eleição Vargas envia como emissário João
Goulart, que posteriormente já como Ministro do Trabalho seria apontado como
articulador do trabalhismo brasileiro e o justicialismo argentino, assim criando uma
expectativa positiva de uma possível adesão brasileira no esforço de unificação latino-
americana.

Essas formulações tinha um caráter global a “terceira posição” foi uma posição bastante
inovadora para época com traços semelhantes ao Movimento dos Não-Alinhados, a
ideia de uma unificação latino-americana como uma unidade econômica, cujo o eixo
principal seria uma aliança entre a Argentina, Brasil e Chile.

A principal diferença entre a política externa de Varga e Perón, era que o governo
Vargas nunca abriria mão de uma velha fórmula de fazer sua política que era a
“equidistância e ambiguidade”. O objetivo da política externa do Governo Vargas era
recuperar o poder de negociação do Brasil junto aos Estados Unidos. A atitude pendular
de Vargas em seus entendimentos com Perón, se reproduzia na maneira como ele
escolheu seus atores responsáveis pela condução deste relacionamento.

João Neves da Fontoura (MRE) PSD conservador ligado a UDN


Batista Lusardo (Embaixador em Buenos Aires) – ligado Vargas desde a revolução de
1930.

João Goulart (Ministro do Trabalho – 1953) trabalhista ligado ao PTB.

Essa heterogeneidade na construção de seu gabinete se deu graças ao personalismo de


Vargas, que possibilitou a construção de uma maioria no parlamento para aprovar
alguns dos seus projetos.

A diplomacia peronista tinha uma visão errônea dos objetivos de Vargas, devido as
expectativas pessoais que Perón havia criado a respeito da política externa de Vargas,
acreditando que o projeto de alinhamento aos Estados Unidos era de responsabilidade
de setores da política interna brasileira do que do próprio Vargas. Vale ressaltar as
habilidades políticas de Vargas de se dissociar de circunstâncias que poderiam colocar
em xeque sua estratégia pendular de aproximação com os EUA em xeque.

Por isso em 1952 quando as negociações para o Acordo Militar Brasil – Estados Unidos
e as concessões brasileiras aos estadunidenses eram atribuídas às pressões internas
sofridas por Vargas. Esse período também marcado um sentimento de anti-argentinismo
no país. Alimentados em grande parte pelo avanço argentino com o objetivo
integracionista e na tentativa de criar um bloco regional.

O grau de politização das relações Brasil-Argentina nesse período terminou por


prejudicar negociações de questões específicas da agenda de entendimento entre os dois
países. Uma no âmbito multilateral e outro no bilateral, um fato incontestável foi que os
primeiros resultados tanto no nível regional quanto no bilateral para alcançar bases de
um Pacto ABC foram completamente frustrantes.

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